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Psicodiagnostico AV1

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Psicodiagnóstico AV1
Definição de diagnóstico
· “Em medicina, diagnosticar sempre foi reconhecer a natureza de um transtorno ou enfermidade através de seus sintomas, sinais, origem, evolução ou outras características diferenciadoras”.
· Em Psicologia Clínica, o diagnóstico é um processo anterior à psicoterapia, tendo como objetivo investigar os recursos e dificuldades do indivíduo e indicar a intervenção apropriada.
· Intervenções terapêuticas não fazem parte desse processo.
· Como qualquer outro procedimento científico, diagnosticas é fundamentalmente, descobrir (um fenômeno ou processo patológico).
· O diagnóstico deve utilizar uma linguagem especifica, dita científica, de maneira que um transtorno ou enfermidade possa ser vista como tal em diferentes lugares e situações.
· Precisa possuir características transculturais e não pode depender de ideologias ou ser vinculado a classes sociais ou categorias profissionais.
· Na ausência de diagnóstico, ficam os pacientes sem atendimento e/ou, a intervenção terapêutica pode ficar comprometida e elevam-se as possibilidades de cronificação do transtorno.
· O diagnóstico não pode estar atrelado às convicções religiosas ou sociais, apesar de reconhecermos a importância dessas variáveis sobre o comportamento humano.
· O que é passível de diagnóstico é o distúrbio que impede a convivência do indivíduo dentro de estruturas sociais ou religiosas.
· A análise de transtornos mentais implica em que os diagnósticos sejam analíticos-descritivos, resulta de um somatório de “pré-diagnósticos”, os quais, superpostos ou somados, desembocam no diagnóstico final.
· O diagnóstico começa a ser elaborado a partir de uma “hipótese”, que pode conduzir a um “diagnostico provisório” e que poderá ou não dar origem a um “diagnóstico definitivo”, indubitável e resistente aos diagnósticos diferenciais.
· O diagnóstico deverá determinar as intervenções terapêuticas e permitir a compreensão psicológica do problema avaliado.
Psicodiagnóstico
· Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais.
· É um processo que visa identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com um foco na existência ou não de psicopatologia.
· O psicodiagnóstico é um estudo profundo da personalidade do ponto de vista clínico.
· Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso. (CUNHA, 2007).
Psicodiagnóstico x Avaliação Psicológica
· Psicodiagnóstico – o conceito de avaliação psicológica é muito amplo, englobando em si o psicodiagnóstico. Este seria uma avaliação psicológica de finalidade clínica, e não abarcaria todos os modelos possíveis de avaliação psicológica.
· Avaliação psicológica – avaliação psicológica envolve a integração de informações oriundas de fontes diversas, bem como testes psicológicos, entrevistas, observações, análise de documentos.
· Avaliação psicológica - é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas.
· Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação).
Uso de testes
· A testagem psicológica não deve ser sinônimo de avaliação psicológica, mas uma etapa do processo.
· Teste psicológico é um instrumento que avalia (mede ou faz uma estimativa) de construtos que não podem ser observados diretamente e uma Avaliação Psicológica não seria realizada apenas com testes, mas envolveria outras técnicas a partir da demanda do caso.
Fontes fundamentais de informação
A. Testes psicológicos aprovados pelo CFP para uso profissional da psicóloga e do psicólogo e/ou;
B. Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou;
C. Protocolos ou registros de observação de comportamentos obtidos individualmente ou por meio de processo grupal e/ou técnicas de grupo.
Fontes complementares de informação
A. Técnicas e instrumentos não psicológicos que possuam respaldo da literatura cientifica da área e que respeitem o Código de Ética e as garantias da legislação da profissão;
B. Documentos técnicos, tais como protocolos ou relatórios de equipes multiprofissionais.
Satepsi e ética
· Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1° e na alínea f do Art. 2° do Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo, a utilização de testes psicológicos com parecer desfavorável ou que constem na lista de Testes Psicológicos não avaliados no site do SATEPSI, salvo para os casos de pesquisa na forma da legislação vigente e de ensino com objetivo formativo e histórico na Psicologia.
· Os estudos de validade, precisão e normas dos testes psicológicos terão prazo máximo de 15 (quinze) anos, a contar da data da aprovação do teste psicológico pela Plenária do CFP.
Avaliação Psicológica Compulsória
· Por avaliação psicológica compulsória, entende-se uma avaliação de caráter obrigatório, quando o indivíduo deve realiza-la por alguma exigência legal, em cumprimento a alguma exigência normativa.
· Dentre os exemplos mais comuns existentes no Brasil e que se aplicam a esta avaliação estão a realizada para obtenção ou renovação da Carteira Nacional de Habilitação para motoristas do Detran, a avaliação psicológica no contexto de concursos públicos, a avaliação para manuseio de arma de fogo, dentre outras.
05/03/2021
Não teve slides.
12/03/2021
Psicologia Clínica: As diferentes abordagens do Psicodiagnóstico
Psicodiagnóstico clínico
· “O psicodiagnóstico é uma tarefa do psicólogo clínico e a única que lhe é privativa. É, pois, de fundamental importância que consiga exercê-la bem”. (CUNHA, 1995).
· “Embora possa ser praticado com vários objetivos, a relação mais evidente do psicodiagnóstico é com a psicoterapia”. (Balieiro Júnior, 2005).
· De acordo com Balieiro Júnior (2005), durante o século XX, o prestígio do psicodiagnóstico e a prática concreta das estratégias de avaliação psicodiagnóstica refletiram o debate teórico, que vem marcando o campo da saúde mental desde seus primórdios.
· O prestígio da atividade psicodiagnóstica e sua consequente relação com a atividade psicoterapêutica também tem variado ao longo do tempo, em um leque que abrange desde posições em que o psicodiagnóstico é considerado como a primeira e indispensável etapa da psicoterapia até posições que o consideram “inútil”, “desumanizante” ou “autoritário”. (Balieiro Júnior, 2005).
· A prática do psicodiagnóstico, assim como as técnicas nela envolvidas, tem variado ao longo do tempo, ora privilegiando instrumentos de medida, como testes e escalas, ora privilegiando o papel do investigador, como nas entrevistas clínicas.
Psicodiagnóstico e Psicoterapia
· Psicodiagnóstico
· Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica feita com propósitos clínicos; portanto, não abarca todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais.
· Em outras palavras, o psicodiagnóstico é um tipo de avaliação psicológica estreitamente vinculado à prática clínica em saúde mental.
· Conhecimentos teóricos necessários: teorias de personalidade, psicopatologia, técnicas de avaliação.
· Refere-se a um estado, a um momento da vida do indivíduo.
· Pode propor hipóteses diagnósticas.
· Psicoterapia· É um serviço profissional prestado por uma pessoa ocupando o papel de terapeuta a uma (ou mais de uma) pessoa ocupando o papel de cliente, ou seja, uma prática social reconhecida e regulamentada, o que configura uma dimensão pública com particularidades e determinações específicas oriundas das condições sócio, histórico e políticas em que essa prestação de serviço ocorre.
· Surgimento de um grande número de “escolas” psicoterápicas que se alternam em visibilidade e prestígio.
· De maneira geral, o século XX assistiu a um acirrado debate entre as chamadas “três forças”, psicanálise, behaviorismo e humanismo.
Modelos e Abordagens
· Positivismo (ponto de vista objetivo)
· Primeiro modelo que influenciou e configurou a formatação do processo psicodiagnóstico.
· Investe-se na possibilidade de se chegar ao conhecimento objetivo de um fenômeno, utilizando metodologia baseada em observação imparcial e experimentação.
· Modelo médico.
· Transposição do modelo médico para o modelo psicológico - investigação de uma patologia ou dos aspectos patológicos do sujeito.
· Psicopatologia: síndromes psiquiátricas.
· Postura de distanciamento do examinador.
· Visando eficiência e objetividade > maior distância possível do paciente.
· Uso de medidas.
· Objetivo dos testes: fornecer informações aos médicos como subsídios para determinar os diagnósticos psicopatológicos.
· Ênfase nos aspectos psicopatológicos > limitava o estudo e conhecimento sobre sujeito.
· Mudança no enfoque de detectar distúrbios e classificação psicopatológica, para estabelecer diferenças individuais e orientações especificas.
· Testes > campo de atuação exclusivo do psicólogo, garantindo identidade profissional
· Detectar características genéricas do comportamento: identificá-las e classificá-las.
· Modelo psicométrico (Não foi especificado nessa aula)
· Modelo comportamental – behaviorista.
· Não utilizam o termo “psicodiagnóstico”, mas “levantamento de repertório” ou “análises de comportamento”.
· Postura positivista = o homem pode ser estudado como qualquer outro fenômeno da natureza.
· Todo comportamento é aprendido e controlado por contingências ambientais.
· Identificação de reforços.
· Mudanças do ambiente.
· Necessidade de um objeto de estudo observável e mensurável = comportamento observável, único objeto de estudo da Psicologia.
· Comportamento humano é aprendido, pode ser modificado.
· Ponto de vista subjetivo
· Todo conhecimento é estabelecido pelo sujeito que conhece.
· Presença de intencionalidade: o fenômeno determina e é determinado pelo mundo.
· O homem não pode ser estudado como mero objeto - mundo, não passa de um objeto intencional para o sujeito que o pensa.
· Métodos das ciências naturais não podem ser transpostos para as ciências humanas.
· Abordagens humanistas.
· Baseiam-se na perspectiva filosófica de autorresponsabilidade no desenvolvimento de técnicas de tratamento.
· Os diferentes tipos de terapia que se enquadram nessa categoria têm uma lógica similar: “temos controle do próprio comportamento, podemos fazer escolhas sobre o tipo de vida que desejamos viver e depende de nós resolvermos as dificuldades que encontramos na vida diária”.
· Os terapeutas que usam técnicas humanistas procuram ajudar as pessoas a se compreender e encontrar formas de se aproximar do ideal que elas desejam para si mesmas. 
· Evitar posições reducionistas ao lidar com o homem.
· Manter visão global do homem e compreender seu mundo e seu significado.
· Insurgiram-se contra o diagnóstico psicológico > contra o aspecto classificatório > contra o uso do indivíduo através de testes.
· Procuram restituir ao ser humano sua liberdade e condições de desenvolvimento.
· Consideram que através do relacionamento com o cliente durante a psicoterapia ou aconselhamento alcançam uma compreensão.
· Procedimentos diagnósticos são considerados artificiais.
· Os psicólogos humanistas questionam a abordagem objetiva, por julgarem que ela não é adequada a toda faixa de fenômenos humanos.
· Essa posição expressa uma atitude de confiança na capacidade do organismo de fazer escolhas sábias, que o conduzam ao desenvolvimento e o funcionamento pleno.
· Rogers adota então um ponto de vista centrado no cliente, e desenvolve sua teoria da psicoterapia e das relações humanas em geral, em torno do conceito de tendência atualizando e das condições facilitadoras do desenvolvimento humano.
· No âmbito do psicodiagnóstico, os processos de tipo compreensivo buscam uma compreensão mais global do cliente, incluindo sua dinâmica intrapsíquica, intrafamiliar e sociocultural.
· O psicólogo que trabalha com o modelo compreensivo de psicodiagnóstico procura compreender, junto com o cliente, o significado de sua experiência, identificar os fatores que estão impedindo seu desenvolvimento e encontrar os meios de lidar melhor com suas limitações. Não se dedica as causas dos problemas, nem se fixam na identificação de uma patologia.
· Nesse modelo, busca-se uma nova forma de relação com o cliente; não mais o distanciamento exigido para uma “análise objetiva” dos “dados”, como no modelo psicométrico, mas uma aproximação autentica com o cliente.
· As técnicas são consideradas como instrumentos auxiliares para alcançar a compreensão, que é o objetivo do processo. É preciso manejar bem esses instrumentos, mas eles não dispensam nem substituem a relação.
· As teorias humanistas assumem visão holística.
· Supõem que as pessoas são organismos integrados que não podem ser estudados por partes componentes 
· Deve-se examinar como uma pessoa pensa, age e sente, examinar a maneira pelo qual ela vive cotidianamente.
· Os psicólogos dessa área dependem das observações clínicas para atenderem o sujeito.
· Rogers e o Psicodiagnóstico
· A pergunta que Rogers se faz e: “Deve a psicoterapia ser precedida de um diagnóstico psicológico completo do cliente e desenvolvida a partir dele? ” (Rogers, 1951, p.252)
· Sua resposta é: “O diagnóstico psicológico, da maneira como usualmente é compreendido, é desnecessário para a psicoterapia e pode, na verdade, ser prejudicial ao processo terapêutico”.
· Em seu livro Terapia Centrada no Cliente, Rogers rejeitou o uso do diagnóstico tradicional, conforme o modelo médico que visa a identificar no cliente uma patologia específica a partir de sintomas. Ora, se, para Rogers, o objetivo da psicoterapia é a pessoa, não o problema ou qualquer classificação, seja de normalidade ou de patologia, então o diagnóstico é desnecessário.
· “Entro na relação, não como um cientista, não como um médico que procura diligentemente o diagnóstico e a cura, mas como uma pessoa que se insere numa relação pessoal. Enquanto eu olhar para o cliente como um objeto, ele tenderá a tornar-se apenas um objeto”. (Rogers)
· Fundamenta-se a posição de Rogers, contrária ao uso de diagnóstico, segundo o modelo médico ou o psicométrico, como pré-requisito à psicoterapia. Ambos classificam as pessoas a partir de uma referência externa contrariando o princípio de tomar como critério o campo de experiências do cliente (e não do terapeuta).
· Em Psicoterapia e Relações Humanas, Rogers criticou o diagnóstico tradicional. Pautado no paradigma da dicotomia de normal e patológico, propondo uma nova concepção de diagnóstico “num sentido profundamente significativo e real, a própria terapia é um processo de diagnóstico que se desenvolve na experiência do cliente, não no pensamento do clínico. ” (Rogers, 1965).
· Abordagens psicanalíticas ou psicodinâmicas.
· As abordagens psicodinâmicas estão baseadas na ideia de que a personalidade é motiva por forças e conflitos internos sobre os quais as pessoas têm pouca consciência e não possuem o controle.
· De acordo com a teoria de Freud, a experiência consciente é apenas uma pequena parte de nossa constituição e experiência psicológica.
· Freud argumentou que grande parte de nosso comportamento e motivada pelo inconsciente, uma porção da personalidade que contém memórias, conhecimentos, crenças, sentimentos, desejos, impulsos e instintos dos quais o indivíduo não está consciente.· A psicanálise indica que toda a relação do sujeito com o mundo é mediada pela realidade psíquica. Essa tem no inconsciente sua fonte primária de reconhecimento da realidade psíquica (entendida como a internalização mental da realidade factual).
· No psicodiagnóstico, a Psicanálise:
· Acentuou o valor das entrevistas como instrumento de trabalho.
· Estudo da personalidade através da utilização de observações técnicas projetivas.
· Desenvolveu maior consideração da relação do psicólogo e cliente.
· Psicanálise e psicodiagnóstico:
· Freud (1912/1976) afirmou que uma análise, além da operação terapêutica, é um empreendimento científico; portanto, pesquisa e tratamento caminham juntos.
· O diagnóstico do psicanalista envolve a observação de como esta trajetória estereotipada manifesta-se na relação transferencial, ou seja, observa a posição do sujeito frente ao outro, na relação transferencial, a partir da qual estrutura-se a dinâmica e conflitos do sujeito. Esta posição remete à estrutura subjetiva.
· A partir da escuta do discurso dos aspectos considerados importantes pelo sujeito o diagnóstico começa a ser construído.
· O diagnóstico com caráter de processualidade, proposto pela psicanálise, de uma estrutura em movimento, determinada pelas marcas históricas que, inscritas na psique, vão permitindo a construção de uma outra cena, na qual o passado, presente e futuro não correspondem a ima linearidade, mas formam uma mesma realidade, a realidade do desejo.
· O realismo do inconsciente são as estruturas que com ele interatuam, como ego e superego.
· Diagnosticar, neste sentido que estamos trabalhando, significa provocar o inconsciente, convocá-lo a se manifestar. Significa também que existe um outro para escutar, e esse outro será o suporte da transferência.
· O diagnóstico diferencial só se coloca em psicanálise como função de orientação e condução do tratamento.
· O diagnóstico lida com o reconhecimento da estrutura psíquica, e a partir dessa com o significado dos sintomas como elementos de desadaptação do sujeito (três estruturas clinicas: neurose, psicose e perversão).
· Fazer um diagnóstico em psicanálise pode-se colaborar a desconstruir as rotulações psicopatológicas, e assim adentrar na gênese da formação dos processos e na dinâmica dos mecanismos de funcionamento psíquico.
Psicodiagnóstico, Psicanálise e Testes projetivos
· Os métodos projetivos afirmam a possibilidade de dizermos algo sobre alguém, por meio de sua produção, de suas visões diante de estímulos ambíguos.
· As experiências prévias influem nas percepções, e produzem entrelaçamentos que se materializam nas fantasias criadas frente a estímulos ambíguos
· Tais criações acabam constituindo uma amostra válida e confiável do modo de ser da pessoa, de sua personalidade.
· Considerações importantes
· Nenhuma teoria é suficiente para responder a todas as questões psicológicas.
· Procura de integração entre as diversas conquistas realizadas.
· Todas as correntes concordam que para se compreender o homem é necessário organizar conhecimentos que digam respeito a:
· Sua vida biológica (maturação, desenvolvimento, organização neurológica).
· Sua vida intrapsíquica (estrutura e dinâmica da personalidade).
· Sua vida social (relacionamentos, papéis familiares, amigos).
Psicodiagnóstico clássico/tradicional
· Resultou de uma série de modificações ao longo da história da Psicologia, iniciadas com a adoção, pelo psicólogo, do modelo médico, visando localizar nos protocolos dos testes, sinais de patologias específicas, até a incorporação do referencial psicanalítico em sua realização.
· É um processo psicológico voltado para o esclarecimento da demanda que mobilizou o paciente a buscar ajuda psicológica, com o objetivo de propor o encaminhamento mais adequado.
· Parte-se do pressuposto de que essa modalidade de prática psicológica visa esclarecer a demanda no momento de chegada ao serviço de psicologia para, em seguida, fazer o encaminhamento correto. Está de acordo com a etimologia da palavra, que vem do “grego diagnõstikós e significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de”.
· É uma compreensão globalizada (aspectos psíquicos, fisiológicos, sociais e cognitivos) do que se passa com uma pessoa (incluindo a dinâmica familiar, assim como de outros contextos significativos e particulares da vida desta pessoa) a fim de proporcionar-lhe o encaminhamento que melhor atenda suas necessidades.
· Segundo Cunha (2000), é uma avaliação psicológica feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais.
· “É um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos, em nível individual ou não, seja para atender problemas à luz de pressupostos teóricos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados, na base do qual são propostas soluções, se for o caso”. (Cunha 2000)
Objetivo
· Elaborar uma descrição e compreensão da personalidade do paciente, para formular recomendações terapêuticas adequadas (terapia breve e prolongada, individual, de casal ou tratamento medicamentoso paralelo).
· Além disso, o processo psicodiagnóstico pode ter vários outros objetivos que, por sua vez, irão depender dos motivos alegados ou reais que norteiam o elenco de hipóteses inicialmente formuladas, e delimitam o escopo da avaliação.
· Não é baseado apenas na aplicação de testes, e sim na interpretação cuidadosa dos resultados somados a análise da situação pregressa do sujeito e o contexto atual em que ele vive.
Variações e especificidades no processo psicodiagnóstico
· Psicodiagnóstico Compreensivo
· Designa uma série de situações que inclui, entre outros aspectos:
· O de encontrar um sentido para o conjunto das informações disponíveis.
· Tomar aquilo que é relevante e significativo na personalidade, entrar empaticamente em contato emocional.
· Conhecer os motivos profundos da vida emocional de alguém.
· Este processo inclui partes de outros modelos já mencionados 
· Tem como objetivo:
· A compreensão psicológica globalizada do paciente.
· O conhecimento amplo da personalidade do paciente com ênfase no julgamento clínico.
· Ter como base a anamnese e exploração clínica da personalidade.
· Considerar a importância da comunicação direta e indireta do paciente e relações paciente-psicólogo.
· Exige do psicólogo:
· Experiência clínica.
· Sólida formação profissional e humanista.
· As grandes linhas de composição do diagnostico abrangem:
· Dinâmicas intrapsíquicas, intrafamiliares e sócio culturais.
· Conjunto de forças em interação, que resultam em desajustamentos individuais.
· Psicodiagnóstico interventivo
· Também denominado como Avaliação Terapêutica, foi sistematizado na década de 1990.
· Tem como principal característica, a realização de intervenções (assinalamentos, interpretações, holding) durantes as entrevistas e aplicações de técnicas projetivas.
· Pode ser considerado como uma possibilidade de comunicação privilegiada entre paciente e terapeuta (o terapeuta no papel do objeto subjetivo).
· Setting humano: Torna possível um tipo de comunicação em que o paciente pode surpreender-se com ideias e sentimentos que não estavam antes integrados a personalidade total.
· Para Barbieri (2009), o psicodiagnóstico interventivo é “um procedimento clinico que consiste em efetuar intervenções já no momento de realização de entrevistas e aplicação de testes, oferecendo ao paciente, devoluções durante todo o processo avaliativo e não somente ao seu final”	(p.02).
· Nessa perspectiva de psicodiagnóstico, os testes configuram-se como instrumentos que facilitam o contato do psicólogo com o paciente e auxiliam nas intervenções durante o processo psicodiagnóstico como consequência daquilo que o paciente apresenta, de forma a provocar mudanças (Paulo, 2009).
· Campos de aplicação 
· Equipamentos de saúde mental.
· Instituições.
· Contexto hospitalar.
· Clínica particular.
· Pesquisa.
· Os pacientes chegam com necessidades (querem desabafar, buscam alivio).· Necessitam de um interlocutor que o compreenda naquele momento.
· Os primeiros encontros com os pacientes já têm função de uma intervenção/continência.
· Contato inicial com o paciente como possibilidade de um encontro inter-humano.
· Possível o acolhimento e a sustentação necessária à retomada de seu amadurecimento pessoal, num ambiente humano suficientemente bom, e promotor da valorização de viver.
· Acolhimento do paciente que está sofrendo através de intervenções precoces, levando o terapeuta a uma postura mais ativa.
· Psicólogo acredita que todo contato seu com um paciente pode ser um momento significativo para ambos > adotarem postura mais ativa.
Como intervir
· O psicólogo partilha suas impressões sobre o paciente, leva-o a participar do processo e a abandonar a postura passiva de “sujeito” a ser conhecido.
· O psicólogo manterá sua escuta voltada para as possibilidades de intervenção.
· Compartilhar com o paciente a maneira que ele se apresenta, impressão que causa ao psicólogo e as reflexões que possibilita.
· Como estabelecer relações com o mundo.
· Congrega ao mesmo tempo investigação e intervenção, incluindo o uso de assinalamentos e interpretações desde a primeira entrevista e durante a aplicação de técnicas projetivas.
· Fundamental oferecer ao paciente a oportunidade de constituir o profissional como objeto subjetivo, capaz de proporcionar a experiência emocional necessária para a retomada do seu desenvolvimento.
· O psicodiagnóstico interventivo rompe com o conceito de diagnóstico enquanto coleta de dados para que o psicólogo formule uma compreensão sobre o cliente, implicando os clientes no processo de compreensão sobre si mesmos e utilizando os encontros clínicos de maneira a já intervir na dinâmica apresentada, contribuindo para o esclarecimento e para a superação do sofrimento que motivou a busca por ajuda.
· Existem maneiras diversas de realizar o psicodiagnóstico interventivo, baseadas em diferentes referenciais teóricos e/ou utilizando vários tipos de instrumento, não se podendo falar em uniformidade de procedimentos.
· Os modelos mais difundidos de realização destas modalidades de diagnóstico no Brasil são os de orientação Psicanalítica e o Fenomenológico existencial.
· Psicanalítico
· Enraizado nas consultas terapêuticas de Winnicott (1971/1984) e também descendentes diretos do Psicodiagnóstico compreensivo definido por Trinca (1984) como aquele que visa abarcar e integrar o conjunto de informações disponíveis sobre o paciente de modo a encontrar um sentido para eles.
· Fenomenológico existencial
· Inspirado nas propostas de Fisher (1979), foi adaptado por Ancona-Lopez et. Al. (1995) para a realidade dos contextos institucionais brasileiros, especialmente as clínicas-escola de Psicologia.
19/03
Psicodiagnóstico interventivo (Referencial Psicanalítico)
· Concebido no contexto do referencial psicanalítico de compreensão da personalidade.
· Tem como instrumentos centrais as técnicas projetivas e a entrevista clínica.
· E descendente do Psicodiagnóstico Compreensivo (W. Trinca, 1984) que abrange as dinâmicas intrapsíquicas, intrafamiliares e socioculturais como forças de interação, formando uma teia que pode resultar em sofrimento e desajuste.
· Não se organiza em termos de passos a serem seguidos, mas de eixos estruturantes que compartilha com o Psicodiagnóstico Compreensivo.
· A adoção desses eixos permite a compreensão da pessoa em sua singularidade.
· Estudos padronizados de testes psicológicos usados nesse contexto são bastante restritos e até mesmos inexistentes.
· A realização da entrevista devolutiva não tem apenas o intuito de informar o paciente, como acontece no trabalho tradicional, mas de oferecer a ele uma experiência transformadora por meio do vínculo com o psicólogo, que coloque em marcha seus processos de desenvolvimento.
Psicodiagnóstico interventivo (Referencial Fenomenológico existencial)
· Eixos norteadores deste processo.
· Prática colaborativa.
· Prática compartilhada.
· Prática descritiva.
· Fisher (USA) e Ancona-Lopez, M. (Brasil) – precursoras na introdução do Psicodiagnóstico interventivo – processo ativo e cooperativo.
· Nesta modalidade de Psicodiagnóstico, os encontros são marcados por intervenções com propostas devolutivas ao longo do processo, centradas no mundo interno do cliente.
· A proposta do Psicodiagnóstico como prática colaborativa, consiste no processo no qual o psicólogo não se põe no lugar de quem “detém o saber”. Este dialoga com os clientes no sentido de construírem juntos possíveis modos de compreensão acerca do que está acontecendo (inclusive quando o cliente é uma criança).
· Pode-se dizer que caracteriza-se como um Psicodiagnóstico como prática compartilhada > tanto em relação as experiências do cliente quanto as impressões do psicólogo sobre elas.
· O registro das experiências que as pessoas vão tendo ao longo da vida e às quais atribuem sentido constituem seu campo fenomenal.
· O psicólogo busca compreender o campo fenomenal e evita que as explicações teóricas se anteponham ao sentido dado pelo cliente.
· O psicólogo deve com o cliente, desconstruir a situação apresentada e buscar seu significado principal.
· É preciso que haja um envolvimento existencial e deixar-se enredar pela trama de sentidos do cliente ao mesmo tempo em que consiga uma distância suficiente para refletir sobre a situação. 
· Como prática descritiva > Evita classificações.
· É um modelo descritivo na medida em que faz um recorte na vida da pessoa, em dado momento e em determinado espaço, focalizando seu modo de estar no mundo, com os significados nele implícitos.
· Papel do cliente:
· Tem papel ativo e participa da construção de uma compreensão do que acontece com ele.
· Papel do Psicólogo:
· Solicita e valoriza a colaboração do cliente na intenção de que o esforço conjunto possa produzir novo entendimento para as questões por ele trazidas.
· Tanto as experiências do cliente como as impressões do psicólogo sobre elas são compartilhadas.
· O atendimento nesta modalidade:
· Pode ser individual ou mais frequentemente em grupo nas instituições.
· Para a entrevista inicial, os pais são convocados. As apresentações habituais são feitas e eles falam sobre como vieram ao atendimento e o que esperam.
· Depois é apresentada a forma de trabalho do psicólogo, compartilhando com eles que o Psicodiagnóstico é um processo que visa a compreensão daquilo que ocorre com a criança e com os pais.
· É enfatizado que os pais são parte ativa do atendimento e que tanto as informações por eles fornecidas como seu modo de entendimento da criança são essenciais para a efetivação do processo.
· E explicado sobre as visitas domiciliares e escolares que são realizadas nesse processo. O dia, horário, e a questão do sigilo.
· Certifica-se de que houve compreensão do processo explicado pelo psicólogo e se há concordância com o processo.
· No atendimento de crianças, o segundo encontro destina-se a anamnese que pode ser feita de duas formas: Os pais podem levar o questionário para casa para o responderem ou são entrevistados durante o atendimento.
· A ideia embutida nesse procedimento é apresentar novas formas de ver a situação, novas possibilidades de pensar o fenômeno em questão.
· Se a anamnese for concluída em um único encontro é dito aos pais que tragam a criança no próximo atendimento.
Psicodiagnóstico Psicanalítico x Psicodiagnóstico Fenomenológico existencial
· Apesar de exibirem vários pontos em comum, esses dois modelos apresentam importantes diferenças de natureza epistemológica, teórica e metodológica, que se corporificam em seu manejo prático.
· Psicodiagnóstico Psicanalítico
· É fundamental oferecer ao paciente a oportunidade de constituir o profissional como objeto subjetivo (através da neutralidade do profissional), capaz de proporcional a experiência emocional necessária para a retomada do seu desenvolvimento.
· A concepção do profissional com o aquele que oferece ajuda é essencial, e sua opinião, nesse sentido, não pode ser compreendida como um simplesponto de vista dentre vários possíveis.
· A atividade do paciente de abordar o material das técnicas projetivas e de constituí-lo de maneira pessoal é concebida como potencialmente capaz de colocar em marcha a retomada do desenvolvimento.
· O significado do sintoma é de origem inconsciente.
· A capacidade intelectual do paciente não é relevante (à exceção de casos de acentuada deficiência cognitiva) já que é possível obter bons resultados sem a ocorrência do insight. (Winnicott, 1953/1993).
· Psicodiagnóstico Fenomenológico existencial
· A relação profissional-paciente é concebida de modo simétrico.
· O processo de metabolização psíquica que ocorre no paciente ao longo do processo é compreendido como consequência direta da intervenção ativa (verbal) do profissional
· O significado do sintoma é de origem consciente.
· Há valorização da capacidade intelectual do paciente.
26/03
Caracterização do Psicodiagnóstico
· O Psicodiagnóstico é um processo cientifico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output). (CUNHA, 2007).
· O Psicodiagnóstico pode ser considerado como um processo cientifico, porque deve partir de um levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou refutadas através de passos predeterminados e com objetivos precisos.
· O Psicodiagnóstico é um processo limitado no tempo, baseado num contrato de trabalho entre o paciente ou o responsável e o psicólogo, tão logo os dados iniciais permitam estabelecer um plano de avaliação e, portanto, uma estimativa do tempo necessário (número aproximado de sessões do exame).
· O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los
· Pressupõe-se, naturalmente, que o psicólogo saiba que instrumentos são eficazes quanto a requisitos metodológicos.
· A questão é: O quanto certos instrumentos podem ser eficientes, se aplicados com um propósito especifico, para fornecer respostas a determinadas perguntas ou testar certas hipóteses.
· Selecionada e administrada uma bateria de testes, obtêm-se dados que devem ser inter-relacionados com as informações da história clínica, da história pessoal ou com outras, a partir do elenco das hipóteses iniciais, para permitir uma seleção e uma integração, norteada pelos objetivos do psicodiagnóstico, que determinam o nível de inferência que deve ter alcançado.
Objetivos do Psicodiagnóstico
· O processo Psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos, dependendo das perguntas ou hipóteses inicialmente formuladas.
· Mais comumente, envolve vários objetivos, que norteiam e delimitam o elenco de hipóteses.
· As perguntas mais elementares que podem ser formuladas em relação a uma capacidade, um traço, um estado emocional seriam:
· Quanto? Qual?
· O objetivo seria o de classificação simples.
· Um caso comum de exame como este objetivo seria o de avaliação de nível intelectual. O examinando é submetido a testes, adequados à idade e nível de escolaridade. São levantados escores, consultadas tabelas e os resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente.
· Dificilmente, porém, um exame psicológico se restringe a esse objetivo, uma vez que os resultados dos testes, os escores dos subtestes e as respostas intratestes praticamente nunca são regulares e as diferenças encontradas são suscetíveis de interpretação.
· Pode-se, então, identificar forças e fraquezas, dizer como é o desempenho do paciente do ponto de vista intelectual. Neste caso o objetivo é de descrição.
· Se o exame visasse, por exemplo, as funções cognitivas, não restritas apenas à inteligência, um exemplo comum de psicodiagnóstico, com o objetivo de descrição, seria a Avaliação Neuropsicológica.
· Também seria descritivo o Exame do Estado Mental do paciente ou Exame das Funções do Ego, frequentemente realizados sem a administração de testes, pelo que não são competência exclusiva do psicólogo.
· O Exame do Estado Mental do paciente, é um tipo de recurso diagnóstico que envolve a exploração da presença de sinais e sintomas, eventualmente utilizando provas muito simples, não padronizadas, para uma estimativa sumaria de algumas funções como atenção e memória.
· É considerado um exame subjetivo de rotina em clinicas psiquiátricas, muitas vezes complementando um exame objetivo.
· Frequentemente dados resultantes desse exame, da História Clinica e da História Pessoal permitem atender ao objetivo de classificação nosológica
· Além de facilitar a comunicação entre profissionais, contribui para o levantamento de dados epidemiológicos
· Esta avaliação com tal objetivo é realizada, comumente, pelo psiquiatra, e também pelo psicólogo, quando o paciente não é testável.
· Quando está sob responsabilidade do psicólogo, sempre que possível, além desses recursos ele lança mão de outros instrumentos psicológicos, como testes e técnicas, para poder testar cientificamente suas hipóteses.
· Outro objetivo praticamente associado a esse é o de diagnostico diferencial
· Neste contexto, investigamos as irregularidades e inconsistências do quadro sintomático e/ou dos resultados dos testes para diferencias categorias nosológicas, níveis de funcionamento, etc.
· Para trabalhar com tal objetivo, o psicólogo, além de experiência e de sensibilidade clínica, deve ter conhecimentos avançados de psicopatologia e técnicas avançadas de diagnósticos.
· O objetivo de avaliação compreensiva considera o caso numa perspectiva mais global, determinando o nível de funcionamento da personalidade, examinando funções do ego, em especial quanto a insight, para indicação terapêutica ou, ainda para estimativa de progressos ou resultados de tratamento.
· Não chega necessariamente à classificação nosológica, embora possa ocorrer subsidiariamente, uma vez que o exame pode revelar alterações psicopatológicas.
· O objetivo compreensivo envolve algum tipo de classificação, já que a determinação do nível de funcionamento é especialmente importante para a indicação terapêutica, definindo limites da responsabilidade profissional.
· Assim, um paciente em surto poderia requerer hospitalização e prescrição farmacológica sob os cuidados de um psiquiatra.
· Um paciente que enfrenta uma crise vital pode se beneficiar com uma terapia breve com um psicoterapeuta.
· O Objetivo de entendimento dinâmico, em sentido lato, pode ser considerado como uma forma de avaliação compreensiva, já que enfoca a personalidade de maneira global, mas pressupõe um nível mais elevado de eficiência clínica.
· Através do exame, se procura entender a problemática de um sujeito com uma dimensão mais profunda, na perspectiva histórica do desenvolvimento, investigando fatores dinâmicos, identificando conflitos e chegando a uma compreensão do caso com base num referencial teórico.
· Um exame deste tipo requer entrevistas muito bem conduzidas, cujos dados nem sempre são consubstanciados pelos passos específicos de um psicodiagnóstico, portanto, não sendo um recurso privado do psicólogo clinico.
· Frequentemente, se combina com os objetivos de classificação nosológica e de diagnóstico diferencial.
· Porém, quando é um objetivo do psicodiagnóstico, leva não só a uma abordagem diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como a uma integração dos dados com base em pressupostos psicodinâmicos.
· Um psicodiagnóstico também pode ter como objetivo a prevenção.
· Tal exame visa a identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, bem como da capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, conflitivas ou ansiogênicas.
· Em sentido lato, pode ser realizado por outros profissionais de saúde pública.
· Muitas vezes, é levado a efeito utilizando recursos de triagem, procurando atingir o maior número de casos no menor espaçode tempo, portanto, não pressupondo maior profundidade no levantamento de certos indícios de possível patologia, apenas para dar fundamentação ao desenvolvimento de programas preventivos, com grupos maiores.
· Outro objetivo é o de prognóstico, que depende fundamentalmente da classificação nosológica e, neste sentido, não é privativo do psicólogo.
· Em muitos casos, todavia, este pode dar contribuição importante na medida em que, através do psicodiagnóstico, pode avaliar condições que, de alguma forma possam ter influência no curso do transtorno.
· Por último, existe o objetivo de perícia forense.
· O exame procura resolver questões relacionadas à “insanidade”, competência para o exercício de funções de cidadão, avaliação de incapacidade ou comprometimento psicopatológico que etiologicamente possam se associar com infrações da lei, etc.
· Geralmente, é colocada uma série de quesitos que o psicólogo deve responder para instruir um determinado processo.
· Suas respostas devem ser claras, precisas e objetivas.
· Portanto, deve haver um grau satisfatório de certeza quanto aos dados dos testes, o que é bastante complexo, porque “os dados descrevem o que uma pessoa pode ou não fazer no contexto da testagem, mas o psicólogo deve ainda inferir o que ele acredita que ela poderia ou não fazer na vida cotidiana.
· As respostas fornecem subsídios para instruir decisões de caráter vital para o indivíduo.
· Consequentemente, a necessidade de chegar a inferências que tenham tais implicações pode se tornar até certo ponto ansiogênica para o psicólogo.
Responsabilidade no psicodiagnóstico
· O diagnóstico psicológico pode ser realizado:
A. Pelo psicólogo, pelo psiquiatra (e eventualmente, pelo neurologista ou psicanalista), com vários objetivos (exceto o de classificação simples), desde que seja utilizado o modelo médico apenas, no exame de funções, identificação de patologias, sem uso de testes e técnicas privativas do psicólogo clínico.
B. Pelo psicólogo clínico exclusivamente, para a consecução de qualquer ou vários dos objetivos, quando é utilizado o modelo psicológico (psicodiagnóstico), incluindo técnicas e testes privativos desse profissional.
C. Por equipe multiprofissional (psicólogo, psiquiatra, neurologista, orientador educacional, assistente social ou outro), para a consecução dos objetivos citados e, eventualmente, de outros, desde que cada profissional utilize o seu modelo próprio, em avaliação mais complexa e inclusiva, em que é necessário integrar dados muito interdependentes (de natureza psicológica, médica, social, etc.).
Operacionalização do psicodiagnóstico
· Em termos de operacionalização, devem ser considerados os comportamentos específicos do psicólogo e os passos para a realização do diagnóstico com um modelo psicológico de natureza clínica.
· Os comportamentos específicos do psicólogo podem ser assim relacionados, embora possam variar na sua especificidade e na sua seriação, conforme os objetivos do psicodiagnóstico:
A. Determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas iniciais.
B. Levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc. sobre o sujeito e pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes complementares.
C. Colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando reconhecer denominadores comuns na situação atual, do ponto de vista psicopatológico e dinâmico.
D. Realizar o exame de estado mental do paciente (exame subjetivo), eventualmente complementado por outras fontes (exame objetivo).
E. Levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do exame.
F. Estabelecer um plano de avaliação.
G. Estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável.
H. Administrar testes e outros instrumentos psicológicos.
I. Levantar dados quantitativos e qualitativos.
J. Selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os objetivos do exame, conforme o nível de inferência previsto, com os dados da história e características das circunstancias atuais de via do examinando.
K. Comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes), propondo soluções, se for o caso, em benefício do examinando.
L. Encerrar o processo.
· Passos do diagnóstico: (Modelo psicológico de natureza clínica). (CUNHA, 2007)
A. Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição de hipóteses iniciais.
B. Seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico
C. Levantamento de dados quantitativos e qualitativos.
D. Formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e objetivos do exame.
E. Comunicação de resultados e encerramento do processo.
O processo Psicodiagnóstico
· Conhecimentos teóricos necessários.
· Teorias da personalidade.
· Psicopatologia.
· Técnicas de avaliação.
Plano de avaliação
· É estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais em que se define:
· Quais os instrumentos necessários como e quando utilizá-los para a obtenção de dados que devem ser inter-relacionados.
· A interelação dos dados deve desdobrar-se sob as informações da história clínica, pessoal ou com outras.
· O propósito deve concentrar-se sob selecionar e integrar essas informações baseadas nas hipóteses e objetivos do Psicodiagnóstico.
· Tendo em vista a comunicação dos resultados a quem de direito caiba e, ofereçam subsídios para a tomada de decisões e encaminhamentos.
Momentos do processo Psicodiagnóstico
· Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente.
· Aplicação de testes e técnicas projetivas.
· Encerramento do processo: devolução oral ao paciente (e/ou seus pais).
· Informe escrito para o remetente.
Etapas do processo Psicodiagnóstico (ARZENO, 1995)
· Primeiro passo: Ocorre desde o momento em que o consultante faz a solicitação da consulta até o encontro com o profissional.
· Segundo passo: Ocorre na ou nas primeiras entrevistas nas quais tenta-se esclarecer o motivo latente e o motivo manifesto da consulta, as ansiedades e defesas que a pessoa que consulta mostra (e seus pais ou o resto da família), a fantasia de doença, cura e análise que cada um traz e a construção da história do indivíduo e da família em questão.
· Terceiro passo: Momento de refletir sobre o material colhido anteriormente e sobre nossas hipóteses iniciais para planejar os passos a serem seguidos e os instrumentos diagnósticos a serem utilizados: hora do jogo individual com crianças, entrevistas familiares diagnósticas, testes verbais, gráficos e lúdicos.
· Em alguns casos é imprescindível incluir entrevistas com outros membros mais implicados na patologia do grupo familiar.
· Quarto passo: Consiste na realização da estratégia diagnóstica planejada.
· Muitas vezes age-se de acordo com este plano. Mas, em outras, são necessárias modificações durante o percurso.
· Por isso, insistimos em que não pode haver um modelo rígido de psicodiagnóstico que possa ser usado em todos os casos, sendo que a melhor orientação para cada caso virá da experiência clínica e nível de análise pessoal do profissional.
· Quinto momento: É aquele dedicado ao estudo do material colhido para obter um quadro o mais claro possível sobre o caso em questão.
· É um trabalho árduo que frequentemente desperta resistências, mesmo em profissionais de boa formação e que trabalham com seriedade.
· É necessário buscar recorrências e convergências dentro do material, encontrar o significado de pontos obscuros ou produções estranhas, correlacionar os diferentes instrumentos utilizados, entre si e com a história do indivíduo e da família.
· Se forma aplicados testes, eles devem ser tabulados corretamente e deve-se interpretar estes resultados para integrá-los ao restante do material.
· Sexto momento: A entrevista de devolução de informação, somente uma ou várias.
· Geralmente é feita de forma separada: uma com o indivíduo que foi trazido como protagonista principal da consulta e outra com os pais e o restante da família.
· Se a consulta foi iniciada como familiar,a devolução e nossas conclusões também serão feitas a toda a família.
· Esta última entrevista está impregnada pela ansiedade do paciente, da sua família, por que não dizê-lo, muitas vezes também pela nossa, especialmente nos casos mais complexos.
· O profissional irá gradualmente aventando suas conclusões e observando as reações que estas produzem nele ou nos entrevistados.
· A dinâmica usada deve favorecer o surgimento de novos materiais que serão de grande utilidade para validar ou não as conclusões diagnósticas.
· Sétimo momento: Elaborar um informe psicológico quando solicitado.
09/04
Não tivemos slides, apenas entrevistas
17/04
Questões básicas em diagnóstico:
Normal x Patológico
· O conceito de saúde e de normalidade é uma questão de grande controvérsia, sendo fundamental o questionamento permanente e aprofundado sobre o que seriam o normal e o patológico.
· Definir alguém como normal ou anormal psicopatologicamente tem sido associado àquilo que é “desejável” ou “indesejável”, ou àquilo que é “bom” ou “ruim”.
· Obviamente, quando são casos extremos como psicoses graves ou deficiência intelectual profunda, o delineamento das fronteiras entre o normal e o patológico não é tão problemático.
· Entretanto, há muitos casos menos intensos e delimitados, além daqueles limítrofes e complexos em sua definição, nos quais a delimitação entre comportamentos, estados mentais e formas de sentir normais ou patológicas é bastante difícil e problemática.
· Nessa perspectiva, não se pode estudar o conceito de saúde e doença mental.
· Além disso, essas definições são diferentes a depender da área de saúde mental, como por exemplo:
· Psiquiatria legal e forense: 
· Esses conceitos possuem implicações legais, criminalistas e éticas, com capacidade de definir o futuro social, institucional e legal de alguém.
· Epidemiologia psiquiátrica:
· Esse campo possui a definição de normalidade como um problema e um objeto de pesquisa e trabalho. Assim, ela visa aprofundar esse debate conceitual.
· Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria:
· Nessa área o fenômeno, supostamente patológico, é estudado com embasamento no contexto sociocultural em que se manifestou.
· Planejamento em saúde mental e políticas de saúde:
· Nesse ambiente, há de se estabelecer os critérios de normalidade para que as demandas assistenciais sejam atendidas e verificadas.
· Prática clínica:
· Vale evidenciar a capacidade de discriminar, no momento de avaliação e planejamento clinico, se o fenômeno é patológico ou normal.
· Orientação e capacitação profissional:
· Necessário para definir a capacidade e adequação de um indivíduo a exercer dada profissão, utilizar máquinas, portar armas, dirigir veículos entre outros.
Conceito de normalidade
· Normal: é em sentido global, um comportamento próprio da maioria das pessoas pertencentes a uma determinada esfera sociocultural. Existem várias definições sobre o que é “normal”.
· Anormal: É aquilo que num determinado comportamento se desvia da “norma” do correspondente grupo a que o indivíduo pertence.
· São: Um caso especial do normal, mas em geral excede o âmbito da norma. Para a OMS “são” é sinônimo de bem-estar.
Critérios de normalidade
· Há vários critérios de normalidade e anormalidade em medicina, psicologia e psicopatologia.
· A adoção de um ou outro depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional. (Canguilhem, 1978).
Definição de normalidade
· Normalidade é um estado padrão, normal, que é considerado correto, justo, sob algum ponto de vista. É o oposto da anormalidade.
· Muitas vezes se dá por conta de uma maioria em comum, sendo anormal aquele que contraria esta maioria.
· Paulo Dalgalarrondo (2008), apresenta alguns dos pontos de tensão implicados no conceito de normalidade saúde x doença mental.
1. Normalidade como ausência de doença:
· O primeiro critério que geralmente se utiliza é o de saúde como ausência de sintomas, de sinais ou de doenças.
· Segundo expressiva formulação de René Leriche (1936): a saúde é a vida no silencio dos órgãos.
· Normal, do ponto de vista psicopatológico, seria, então, aquele indivíduo que simplesmente não é portador de um transtorno mental definido.
· Tal critério é bastante falho e precário, pois, além de redundante, baseia-se em uma definição negativa, ou seja, define-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta. (Almeida Filho; Jucá, 2002).
2. Normalidade ideal:
· A normalidade aqui é tomada como uma certa utopia. Estabelece-se arbitrariamente uma norma ideal, o que é supostamente sadio, mais evoluído
· Tal norma, é de fato, socialmente constituída e referendada.
· Depende, portanto, de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários, e, as vezes dogmáticos e doutrinários.
· Exemplos de tais conceitos de normalidade são aqueles com base na adaptação do indivíduo às normas morais e políticas de determinada sociedade (como o pseudo diagnóstico de dissidentes políticos como doentes mentais na antiga União Soviética).
3. Normalidade estatística:
· A normalidade estatística identifica norma e frequência.
· Trata-se de um conceito de normalidade que se aplica especialmente a fenômenos quantitativos, com determinada distribuição estatística na população geral como (peso, altura, tensão arterial, horas de sono, quantidade de sintomas ansiosos, etc.).
· O normal passa ser aquilo que se observa com mais frequência. Os indivíduos que se situam estatisticamente fora (ou no extremo) de uma curva de distribuição normal passam, por exemplo, a ser considerados anormais ou doentes.
· É um critério muitas vezes falho em saúde geral e mental, pois nem tudo o que é frequente é necessariamente saudável, e nem tudo que é raro ou infrequente é patológico.
· Tomem-se como exemplo fenômenos como as cáries dentárias, a presbiopia, os sintomas ansiosos e depressivos leves, o uso pesado de álcool, fenômenos estes que podem ser muito frequentes, mas que evidentemente não podem, a priori, ser considerados normais ou saudáveis.
4. Normalidade como bem-estar:
· A OMS definiu, em 1946, a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente como ausência de doença.
· É um conceito criticável por ser muito vasto e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir objetivamente. Além, disso esse completo bem-estar físico, mental e social é tão utópico que poucas pessoas se encaixariam na categoria saudáveis.
5. Normalidade funcional:
· Tal conceito baseia-se em aspectos funcionais e não necessariamente quantitativos.
· O fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, produz sofrimento para o próprio indivíduo ou para seu grupo social.
6. Normalidade como processo:
· Neste caso, mais que uma visão estática, consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias e certos períodos etários.
· Esse conceito e particularmente útil em psiquiatria infantil, de adolescentes e geriátrica.
7. Normalidade subjetiva:
· Aqui é dada maior ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação a seu estado de saúde, às suas vivências subjetivas.
· O ponto falho desse critério é que muitas pessoas que se sentem bem, muito saudáveis e felizes, como no caso de sujeitos em fase maníaca, apresentam, de fato, um transtorno mental grave.
8. Normalidade como liberdade:
· Alguns autores de orientação fenomenológica e existencial propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade existencial.
· Dessa forma, a saúde mental se vincularias às possibilidades de transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e o próprio destino.
· A doença mental é constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais.
· Dentro desse espirito, o psiquiatra gaúcho Cyro Martins (1981) afirmava que a saúde mental poderia ser vista, até certo ponto, como a possibilidade de dispor de senso de realidade, senso de humor, e deum sentido poético perante a vida, atributos estes que permitiriam ao indivíduo relativizar os sofrimentos e as limitações inerentes à condição humana e, assim, desfrutar do resquício de liberdade e prazer que a existência oferece.
9. Normalidade operacional
· Trata-se de um critério assumidamente arbitrário, com finalidades pragmáticas explicitas.
· Define-se, a priori, o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar operacionalmente com esses conceitos, aceitando as consequências de tal definição prévia.
Conceito de Saúde Mental
· Saúde e saúde mental tem conceitos complexos e historicamente influenciados por contextos sócio-políticos e pela evolução de práticas em saúde.
· Os dois últimos séculos têm visto a ascensão de um discurso hegemônico que define esses termos como específicos do campo da Medicina.
· Segundo a OMS, a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.
· Essa definição, de 1946, foi inovadora e ambiciosa, pois, em vez de oferecer um conceito inapropriado de saúde, expandiu a noção incluindo aspectos físicos, mentais e sociais.
· Apesar das intenções positivas pressupostas nessa definição, ela tem recebido intensa crítica ao longo de seus 75 anos de existência.
· Isso deve especialmente ao fato de que é um proposto um significado irreal, em que as limitações humanas e ambientais fariam a condição de “completo bem-estar” impossível de ser atingida.
· Decorrentes das críticas ao conceito da OMS e somadas aos vários eventos políticos e econômico, surgiram as discussões sobre um novo paradigma, a saúde como produção social.
· Essa nova visão constitui-se da combinação das abordagens da medicina preventiva e da saúde integrativa, da expansão do conceito de educação em saúde e da rejeição da abordagem higienista.
· Seguindo propostas de reforma do sistema de saúde brasileiro, o conceito de saúde foi formalmente revisitado e influenciado por experiências internacionais envolvendo políticas de saúde, como discutido principalmente na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986.
· Naquela ocasião foi sugerido que a saúde incluísse fatores como dieta, educação, trabalho, situação de moradia, renda e acesso a serviços de saúde.
· Como resultado, o conceito brasileiro de saúde começou a ser entendido de forma mais complexa, considerando os princípios de universalidade, integralidade e equidade no cuidado à saúde. Esses princípios, contudo, coexistem com abordagens claramente ligadas a antiga visão.
· O termo “bem-estar”, presente na definição da OMS, é um comportamento tanto de conceito de saúde, quanto de saúde mental, é entendido como um constructo da natureza subjetiva, fortemente influenciado pela cultura.
· A OMS define saúde mental como “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade”.
· Definições de saúde mental são objetos de diversos saberes, porém, prevalece um discurso psiquiátrico que a entende como oposta à loucura, denotando que pessoas com diagnósticos de transtornos mentais não podem ter nenhum grau de saúde mental, bem-estar ou qualidade de vida, como se suas crises ou sintomas fossem contínuos.
· Nos anos 1960, o psiquiatra italiano Franco Basaglia propôs uma reformulação no conceito de loucura, mudando o foco da doença e expandindo-o com questões de cidadania e inclusão social.
· Tal ideia ganhou adeptos e acendeu um movimento que influenciou o conceito de saúde mental e resultou na Reforma Psiquiátrica Brasileira.
· O SUS adota um conceito ampliado de saúde e inclui em suas prioridades o cuidado à saúde mental.
Conceito de transtorno mental
· Os transtornos mentais são um campo de investigação interdisciplinar que envolve áreas como a psicologia, a filosofia, a psiquiatria, a neurologia, entre outros.
· Os transtornos mentais podem ser ocasionados por fatores biológicos (sejam estes genéticos, neurológicos, etc.) ambientais ou psicológicos. Por isso, requerem uma atenção multidisciplinar que permita melhorar a qualidade de vida da pessoa. 
· As classificações diagnósticas mais utilizadas como referências no serviço de saúde e na pesquisa hoje em dia são o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais – DSM 5, e a Classificação Internacional de Doenças – CID 11.
· O DSM-5 (2013), define os transtornos mentais como síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos com importância clínica, que ocorrem num individuo, e que costuma estar associada a um mal-estar ou uma incapacidade.
· Baseado na OMS – ONU, entendem-se como Transtornos Mentais e Comportamentais as condições caracterizadas por alterações mórbidas do modo de pensar e/ou do humor (emoções), e/ou por alterações mórbidas do comportamento associadas a angustia expressiva e/ou deterioração do funcionamento psíquico global.
· Os transtornos mentais e comportamentais não constituem apenas variações dentro da escala do “normal”, sendo antes fenômenos claramente anormais ou patológicos.
· Transtornos mentais e de comportamento considerados pela Classificação Internacional das Doenças da OMS da ONU (CID.11) obedecem a descrições clinicas e normas de diagnóstico e compõem uma lista bastante completa.
· O DSM-5 assinala que nem comportamentos considerados fora da norma social predominante (p. ex., político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade são transtornos mentais, a menos que sejam sintomas de uma disfunção no indivíduo como descrito antes.
· Transtorno é transformação, é alteração, é adquirir nova forma ou feição, é deterioração.
Anormalidade psíquica
· Os estados de anormalidade psíquica representam alterações quantitativas e/ou qualitativas de uma ou várias das funções psíquicas.
· Cabe lembrar que a patologia não cria funções novas, apenas amplia, atenua ou distorce funções somáticas ou psíquicas existentes.
23/04
Feriado de São Jorge, não haverá aula
30/04
A entrevista inicial / primeiro contato
Entrevista Psicológica
· É um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o propósito previamente fixado, no qual uma delas (o entrevistador), procura saber o que acontece com a outra (o entrevistado), procurando agir conforme esse conhecimento. (Cunha, 1993).
· Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis.
· Bleger (1960) define a entrevista psicológica como sendo um campo de trabalho no qual se investiga a conduta e a personalidade de seres humanos (p.21).
· Ribeiro (1988) caracteriza a entrevista psicológica como sendo “uma forma especial de conversão, um método sistemático para entrar na vida do outro, na sua intimidade. ”
· Gil (1999) compreende a entrevista psicológica como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação.
· A entrevista psicológica pode também ser um processo grupal, isto é, com um ou mais entrevistadores e/ou entrevistados.
· No entanto, esse instrumento é sempre em função de sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador.
Tipos de entrevistas
· Com base nos critérios que objetivaram a entrevista, pode-se classificar a entrevista quanto os seguintes objetivos:
· Diagnóstica
· Psicoterápica
· De encaminhamento
· De seleção
· De desligamento
· De pesquisa
A entrevista Inicial
· É a primeira entrevista de um processo Psicodiagnóstico.
· Recomenda-se começar com uma técnica diretiva no primeiro momento da entrevista, seguida pela entrevista livre e/ou semidirigida.
· No final da entrevista, frequentemente, precisamos adotar uma postura diretiva novamente para preencher as lacunas e encerrar a entrevista.
· Esta primeira entrevista tempor finalidade conhecer a dinâmica do paciente e as dificuldades que possa estar enfrentando.
· Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador, facilita que o entrevistado revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, logo, com menos distorções.
· Detalhes que necessitam ser observados durante o curso desta Entrevista:
· O modo de chegada do paciente à consulta (demanda espontânea, encaminhado por alguém, etc.)
· O tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o Examinador.
· As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular, a maneira pela qual, ele formulou o problema em questão.
· A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado constroem, mutuamente, suas transferências e contratransferências, assim como apresentam-se as resistências ativadas bem antes de ocorrer o encontro propriamente dito.
· No final dessa entrevista, devem ficar estabelecidos os seguintes pontos:
· Horário
· Duração das sessões.
· Honorários.
· Formas de pagamento.
· Condições para administrar instrumentos de testagem.
· Condições para a consulta de terceiros (caso necessário).
Objetivos e Requisitos da Primeira Entrevista
· “A primeira entrevista é o primeiro passo do processo psicodiagnóstico e deve reunir certos requisitos para cobrir seus objetivos, tais como: no começo ser muito livre, não direcionada, de forma que possibilite a investigação do papel que cada um dos pais desempenha, entre eles e conosco; o papel que cada um parece desempenhar com o filho, a fantasia que cada um traz sobre o filho, a fantasia de doença e cura que cada um tem, a distância entre o motivo manifesto e o latente da consulta, o grau de colaboração ou de resistência com o profissional, etc.” (Arzeno, 1995, p. 30)
A Entrevista com o paciente
Cap. 9 Paulo Dalgalarrondo, 2019
Psicologia e Semiologia dos Transtornos mentais 
· Afirmava que O DOMÍNIO DA TÉCNICA de realizar entrevistas é o que qualifica especificamente o profissional habilidoso.
· “Perito no campo das relações interpessoais”, ou seja, um expert em REALIZAR ENTREVISTAS que sejam realmente úteis, pelas informações que fornecem e pelos efeitos terapêuticos que exercem sobre pacientes
· Assim... a TÉCNICA e a HABILIDADE em realizar entrevistas são atributos fundamentais e insubstituíveis do profissional de saúde em geral e de SAÚDE MENTAL em particular.
· Habilidade
· Aprendida (passiveis de serem desenvolvidas).
· Intuitiva (“patrimônio de personalidade”).
· De início, pode-se afirmar que: A HABILIDADE DO ENTREVISTADOR: se revela pelas perguntas que formula, por aquelas que evita formular e pela decisão e quando e como falar ou apenas calar.
· Também é atributo essencial do entrevistador a capacidade de estabelecer uma relação ao mesmo tempo empática e tecnicamente útil do ponto de vista humano.
· É fundamental que o profissional possa estar em condições de acolher o paciente em seu sofrimento, de ouvi-lo realmente, escutando-o em suas dificuldades e idiossincrasias.
· Além de paciência e respeito, o profissional necessita de equilíbrio e habilidade para estabelecer limites aos pacientes invasivos ou agressivos, e, assim, proteger-se e assegurar o contexto da entrevista.
· Outras vezes, o paciente e a situação “exigem” que o entrevistador seja mais ativo, mais participante, falando mais, fazendo muitas perguntas, intervindo mais frequentemente.
· Às vezes, uma entrevista bem-conduzida, é aquela na qual o profissional fala muito pouco e ouve, pacientemente, o enfermo.
Minhas anotações
· Diagnóstico = identificar o que está acontecendo.
· Prognóstico = previsão do que fazer com base nas informações colhidas no diagnóstico.
· Terapêutica = é a ação/encaminhamento que deverá ser realizada (o) após Diagnóstico e Prognóstico.
· Para o psicodiagnóstico faz-se necessário o uso de testes psicológicos, por isso um neuro ou psiquiatra não poderão realizar um psicodiagnóstico, apenas um psicólogo (a).
· Nem todo procedimento em que se use um teste diagnostico será um psicodiagnóstico (ele pode ser utilizado para se adquirir por exemplo uma informação do paciente).
· Nem toda avaliação psicológica é um psicodiagnóstico
· O psicodiagnóstico tem várias etapas, e são elas que o configuram.
· Os testes nem sempre servem apenas para avaliação, eles podem ajudar na comunicação e no vinculo do terapeuta/cliente.
· Após o descrédito dos testes psicológicos no pós-guerra devido ao crescimento da neurociência os testes novamente entraram em evidencia.
· Freud chamava a Neurastenia a patologia hoje conhecida como Fibromialgia.
· O psicodiagnóstico é um elemento do diagnostico psicológico
· Personalidade = é o que a pessoa é na relação com os outros
· O enquadre é a verbalização do que será feito nos encontros, ou seja, situamos o paciente do que irá acontecer. O ideal é que o enquadre seja feito no final do 1° encontro, porém, o terapeuta tem que ser flexível, haverá situações em que dependendo do 1° encontro o enquadre poderá ser feito no 2°.
· 3 perguntas fundamentais sem as quais não podemos encerrar a primeira entrevista
· O que está acontecendo?
· Quem é essa pessoa (o cliente)?
· Em que contexto ela se encontra agora (naquele momento)?

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