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Alunas: Bianca Letícia dos Santos Vasconcelos Victória Perman Fernandes Claudia de Lemos compreende a interação dialógica entre a criança e o sujeito mais experiente como condição necessária para a sua constituição como sujeito falante, e busca analisar essa interação para explicar o processo de aquisição da linguagem. De acordo com a autora, o sujeito constitui-se na e pela língua, subjetiva-se inserido na língua, é atravessado por ela. Segunda de Lemos, a partir do contato primário com a mãe que interpreta o choro como demanda do bebê, abre-se, assim, o caminho para o processo de aquisição da linguagem. O que sustenta a imagem do bebê é a interpretação materna deste, a inserção deste bebê na fala das mesmas. O adulto\mãe e criança estão envolvidos e os significantes infantis, os gritos, são postos em circulação, interpretados e ressignificados pelo adulto\mãe. Portanto: “Pensar o sujeito como efeito da linguagem equivale, pois, literalmente, a subverter uma concepção de sujeito enquanto posicionado face à linguagem como objeto de conhecimento a ser aprendido ou construído” (DE LEMOS, Cláudia) A autora considera três posições como etapas concorrentes, momentos no caminhar, para a aquisição de linguagem; o da especularidade, no qual a mãe especula a fala da criança, o da complementaridade, em que a mãe complementa o que a criança diz, e o da reciprocidade, no qual cria-se um diálogo entre a mãe e a criança, quando a criança passa de interpretada para intérprete, de ator para autor de seu dizer. Nesse sentido, o grito da criança, a sua demanda, localiza-se na etapa da especularidade, onde a mãe especula a fala da criança, que dentro dessa situação é retratada como o grito, ressignificando o mesmo, no qual ela se conecta e passa a compreender a demanda da criança, inserindo-a no mundo dos significados e significantes. Dentro desse contexto, é sabido que, pela fala do outro é que a criança comparece, que ela se atribui um lugar de falante; onde ela é capturada pelo funcionamento da língua na qual é significada por um outro, como falante, antes mesmo de o ser, e é dentro dessa fala e interpretação que o outro faz de sua demanda que inicia-se o processo de subjetivação do ser e aquisição da linguagem. Assim como cita a autora: “Em outras palavras, a considerar a criança, enquanto corpo pulsional, como capturada pelo funcionamento da língua na qual é significada, por um outro, como falante, antes mesmo de o ser. Nesse sentido, pode-se dizer que essa captura tem o efeito de colocá-la em uma estrutura em que comparece o outro como instância de interpretação e o Outro como depósito e rede de significantes.” ( DE LEMOS, Cláudia. 2001) A partir disso, tem-se o conceito definido por Saussure que “É a língua que faz a unidade da linguagem”. É dentro dessa língua materna, dessa relação mãe-bebê, conceituando mãe como aquela primeira pessoa que cuida do bebê, que, como já citado, a criança subjetiva-se, inicia o processo de aquisição da linguagem em uma relação que ao ser interpretado pelo adulto é inserido no mundo dos sentidos que está completamente dominado pela linguagem. Portanto pode-se concluir que tudo é importante para o processo de aquisição da linguagem, todo o diálogo e interação, todas as posições do estágio de desenvolvimento citados, cujos pólos são a língua, o outro e a própria criança, se envolvem e englobam o processo subjetivação de uma sujeito atravessado pela língua; tudo isso começa a partir da língua e está completamente envolto de linguagem, ou seja, nada escapa da linguagem e tudo isso só é possível por causa dela, por isso Saussure fala que a “língua é a unidade básica da palavra”.
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