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Processo Civil (Resumo)

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PROCESSO CIVIL
Prof. Marco Aurélio Peixoto
1º Módulo
- Princípios do Direito Processual Civil.
- Processo de Conhecimento, Execução e Cautelar (conceito e diferenças).
- Jurisdição e Ação.
- Procedimento Comum (Ordinário e Sumário).
- Procedimentos Especiais.
1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
		Em qualquer aglomeração social, por mais antiga e arcaica que o seja, haverá sempre a presença de normas jurídicas regulando as relações entre os seus membros.
		O Direito existe como instrumento de composição, como meio de se dirimir os conflitos surgidos em seio social. É, dessa forma, composto de uma série de normas, possuindo ainda uma série de conceituações, por se tratar de um termo multívoco.
		Uma das mais céleres divisões do Direito é a que o distingue em Direito Material e Direito Processual. O Direito Material é o que podemos chamar de o próprio conteúdo do direito, é o que define as condutas, os compartamentos sociais, o que é certo fazer, o que não se deve fazer, enfim, define e distingue o lícito e o ilícito, seja em que ramo do conhecimento for. São ramos do Direito Material o Direito Civil, o Direito Comercial, o Direito Administrativo, o Direito Constitucional, o Direito Tributário, o Direito do Trabalho, o Direito Penal, dentre outros.
		Já o Direito Processual é aquele que se ocupa não do conteúdo propriamente dito, mas das formas e dos meios que possuem os indivíduos de deduzir as suas pretensões de Direito Material perante o Poder Judiciário. São ramos do Direito Processual o Direito Processual Civil, o Direito Processual do Trabalho e o Direito Processual Penal.
		Podemos conceituar o Processo Civil como o ramo do Direito que se ocupa da regulação do exercício da jurisdição civil. Não se acha mais atrelado ao direito material civil, como um simples acessório, mas possui autonomia própria, quer no campo didático, quer no campo científico.
		Assim, ao passo em que o Direito Material trata de disciplinar as relações intersubjetivas, o Direito Processual Civil se ocupada regulamentar os meios pelos quais os conflitos são levados, processados e julgados perante o Poder Judiciário.
		Como ramo autônomo do Direito, o Processo Civil é informado por princípios que fixam suas bases e seus conceitos. E esses princípios são diversos daqueles relacionados ao Direito Material, pois normalmente estes são de ordem privada.
		Dentre os mais relevantes princípios informadores do Processo Civil, podemos enumerar como exemplos o devido processo legal, o dispositivo, o impulso oficial, o contraditório, a recorribilidade, o duplo grau de jurisdição, a boa-fé, a lealdade processual, a oralidade, a publicidade, a motivação e a economia processual.
	1.1. Devido Processo Legal
		
		Este princípio é postulado fundamental de todo e qualquer sistema processual. Está consagrado em nosso ordenamento na própria Constituição Federal (art. 5º, inciso LIV), que diz que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
		Conforme este princípio, qualquer conseqüência processual que as partes envolvidas em um processo venham a sofrer deve decorrer de decisão judicial, que tenha sido tomada em um processo com trâmite fixado em disposições legais. Desse modo, tanto o procedimento, como o resultado processual devem ter previsão em lei.
	1.2. Contraditório
		O contraditório se caracteriza pela necessidade de que seja ouvida a parte diante da qual será proferida decisão, de forma a proporcionar o mais amplo direito de defesa e de manifestação na marcha processual. Está consagrado no art. 5º, inciso LV, também da Constituição Federal.
		Segundo dito princípio, faz-se necessário dar ao réu a possibilidade de saber da existência da ação, bem como dar a todas as partes ciência dos atos subseqüentes.
	1.3. Dispositivo
		Esse princípio significa que cabe à parte que se entende titular do direito a ser protegido colocar em funcionamento a máquina estatal. É também chamado de princípio da inércia da jurisdição, consagrado no art. 2º do CPC, o qual diz que nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer.
		Assim, até que seja provocado, o Poder Judiciário permanece inerte, não podendo o magistrado agir de ofício para iniciar uma relação processual. Vale destacar como exceção a esse princípio o procedimento de abertura de inventário, que pode ser feito pelo magistrado, se os legitimados não o fizerem.
	1.4. Impulso Oficial
		Por outro lado, uma vez provocado o Poder Judiciário, isto é, uma vez iniciada a relação processual, o magistrado passa a ser o principal ator, o principal condutor da marcha processual, a ele cabendo a determinação de todos os atos processuais a serem praticados, a fim de que se chegue à solução final da lide.
	1.5. Recorribilidade e Duplo Grau de Jurisdição
		A recorribilidade se caracteriza por ser a garantia das partes de recorrerem dos atos judiciais, de cunho decisório, que prejudiquem os seus interesses, desde que nas formas previstas na lei processual civil.
		
		Por seu turno, o duplo grau de jurisdição é um complemento à idéia da recorribilidade, caracterizando-se não apenas pelo direito ao recurso, mas pela garantia de entregar a revisão da decisão a um outro órgão do próprio Poder Judiciário, em grau superior.
	1.6. Boa-fé e lealdade processual
		Não apenas o magistrado, mas também as partes, como seus procuradores e quaisquer outros sujeitos, direta ou indiretamente envolvidos em um processo, devem se portar com a máxima boa-fé e lealdade processual. O simples fato de existirem interesses muitas vezes antagônicos em jogo não deve servir para justificar a utilização de artifícios ardilosos contra a parte contrária.
	1.7. Oralidade
		Referido princípio tem por escopo proporcionar às partes a possibilidade de sustentar, de forma verbal, as suas alegações, como ocorre nas audiências e nas sessões de julgamento de tribunais.
Apresenta estreita relação com a questão da identidade física do juiz (art. 132 do CPC – o juiz que concluir a audiência julgará a lide, a não ser que esteja convocado, licenciado, afastado, promovido ou aposentado) e com a concentração dos atos processuais (todos os atos processuais devem se realizar o mais próximo possível dos outros, inclusive as audiências).
	1.8. Publicidade e Motivação
		A publicidade é princípio fundamental e essencial à regularidade processual. A publicidade, em nosso ordenamento, está consagrada no próprio art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, que afirma que todos os julgamentos do Poder Judiciário devem ser públicos, regra esta que é repetida pelo nosso CPC, em seu art. 155.
		Já a motivação também pode ser considerado princípio necessário à regularidade do processo. Toda manifestação judicial, que tiver caráter decisório, deve necessariamente ser motivada, sob pena de nulidade. Tal garantia também está prevista no art. 93, inciso IX, de nossa Carta Magna.
	1.9. Economia Processual
		Todo o desenrolar da marcha processual, sob a condução do magistrado, deve ser norteada sempre com vistas a tornar o processo mais célere, mais rápido. Exemplo disso é a possibilidade de haver o julgamento antecipado da lide, quando não houver necessidade de colheita de prova em audiência, o indeferimento da produção de provas inúteis, a instrumentalidade dos atos processuais e a fungibilidade recursal.
2. JURISDIÇÃO E AÇÃO
	2.1. Jurisdição
		A jurisdição é uma das funções do Estado, segundo a qual este se substitui aos titulares dos interesses intersubjetivos conflitantes, a fim de que, de forma imparcial, faça a aplicação das normas jurídicas ao caso concreto, solucionando a lide.
		Entre nós, a jurisdição pode ser de duas espécies: contenciosa ou voluntária.
		A contenciosa é a jurisdição na própria expressão da palavra, sendo por assim dizer a função que o Estado tem na busca da composição dos conflitos. Condição necessária, por óbvio, é a existência de um conflito.
		Já a jurisdição voluntária se caracteriza,ao menos em tese, pela inexistência de conflitos entre os envolvidos. O Poder Judiciário realiza apenas uma gestão sobre interesses privados. São procedimentos mais raros, mas temos como exemplos a separação consensual, a nomeação de tutores, dentre outros.
		Caracteriza-se a jurisdição por ser atividade secundária, instrumental, declarativa ou executiva, desinteressada e provocada.
		É considerada secundária porque, por meio dela, o Estado realiza uma atividade que em verdade os próprios sujeitos, em sua esfera privada, e de forma pacífica e espontânea, deveriam ter resolvido.
		É instrumental porque representa um instrumento possuído pelo Estado e pelo ordenamento, a fim de impor a obediência de seus cidadãos.
		É declarativa ou executiva porque o Estado cumpre a sua função, quer declarando a norma ou princípio a ser aplicado, quer aplicando uma determinada sanção.
	
		Além disso, é desinteressada, porque o conteúdo de vontade presente na jurisdição não se dirige ao órgão jurisdicional, mas sim aos sujeitos envolvidos naquele conflito determinado.
		Por fim, a jurisdição é provocada, porque, como já dissemos, o Estado Juiz somente exerce a sua função jurisdicional quando e se provocado pelo interessado.
		Alguns princípios específicos orientam o exercício da jurisdição. São eles: o juiz natural, a improrrogabilidade e a indeclinabilidade.
		O princípio do juiz natural significa que somente exerce a jurisdição aquele órgão a quem a Constituição atribuiu tal poder.
		O princípio da improrrogabilidade denota que os limites da jurisdição são os delineados pela Constituição Federal, de sorte que não podem ser alterados pela vontade do magistrado ou do legislador ordinário.
		Já o princípio da indeclinabilidade, ou da proibição do non liquet, caracteriza-se pela obrigação de o órgão investido no poder jurisdicional julgar a lide, não se tratando de uma mera faculdade.
		No que diz respeito aos limites da jurisdição, há os limites internacionais e os limites internos. Quanto aos internacionais, quem dita esses limites é o próprio Estado, de forma que cada Estado tem o poder jurisdicional nos limites de seu território. E quanto aos internos, em princípio, toda e qualquer direito pode ser apreciado jurisdicionalmente, mas tal regra sofre exceções, como por exemplo a impossibilidade de cobrança de dívidas oriundas de jogo.
	2.2. Ação
		O direito de ação é o poder jurídico que a parte dispõe, frente ao Poder Judiciário, de obter a tutela de seus direitos ou interesses, ou mesmo para obter a definição das situações jurídicas controvertidas.
	
		Exercem tal direito não apenas o autor, mas também o réu, quando se opõe à pretensão autoral, pugnando do magistrado uma decisão contrária.
		O direito de ação não se encontra subordinado ao direito de natureza material da parte, de forma que não se pode imaginar que somente o possui aquele que seja o vitorioso na causa. Mesmo aquele que é perdedor em uma demanda judicial exerceu plenamente o seu direito de ação. Diferentemente do direito substancial, que pode ser de natureza privada, o direito de ação é sempre de natureza pública.
		Costuma-se distinguir, doutrinariamente, a ação de causa. Ação seria, como já dissemos, a faculdade da parte de provocar o Judiciário à obtenção de sua pretensão, ao passo em que a causa representa a própria lide ou discussão travada pelas partes.
		Compõem o conceito de causa as partes, o objeto e a causa de pedir.
		São partes não apenas o autor e o réu, mas em uma visão mais abrangente, também os litisconsortes, substitutos processuais, terceiros intervenientes e assistentes.
		O objeto é o próprio pedido formulado pelo autor, é o conteúdo que pretende ver satisfeito através da prestação jurisdicional.
		Já a causa de pedir representa os motivos, os fundamentos fáticos e jurídicos que motivaram o autor a ingressar, perante o Poder Judiciário, com aquela lide.
		Para que exista uma ação, isto é, para que a parte possa deduzir a sua pretensão de direito material perante o Poder Judiciário, fazem-se necessários algumas condições, são as chamadas condições da ação, que são a legitimidade das partes, a possibilidade jurídica do pedido e o interesse de agir.
		A falta de uma dessas condições leva à carência da ação (extinção do processo sem julgamento do mérito), e a verificação da presença das mesmas deve ser feita preliminarmente, em fase de admissibilidade, sem que possa o magistrado ingressar no exame do mérito antes de superá-las.
		A legitimidade das partes deve ser aferida tanto no pólo ativo, como no pólo passivo da demanda. É legítimo o autor quando for o possível titular do direito pretendido e discutido em juízo, enquanto que é legítimo o réu quando é a pessoa indicada a suportar os ônus da sentença, caso seja julgada procedente a ação.
		A possibilidade jurídica do pedido é a exigência de que deve existir, pelo menos abstratamente, no ordenamento jurídico, um tipo de providência com a pedida por meio da ação. O pedido é considerado juridicamente impossível quando não encontra guarida no direito positivo.
		Por fim, o interesse de agir é a necessidade da utilização do processo como remédio apto à aplicação do direito objetivo no caso concreto. Não convém, pois, acionar o Poder Judiciário sem que dessa atividade se possa extrair algum resultado útil.
3. PROCESSO DE CONHECIMENTO, EXECUÇÃO E CAUTELAR – CONCEITO E DIFERENÇAS
		Há, basicamente, três tipos de processos disciplinados pelo Código de Processo Civil: o processo de conhecimento, o processo de execução e o processo cautelar.
		O processo de conhecimento é aquele no qual a parte realiza afirmação de direito, demonstrando a pretensão de vê-lo reconhecido pelo Judiciário.
		A afirmação desse direito pode se dar através de um provimento declaratório (ao eliminar um estado de incerteza jurídica e atual), constitutivo (criação, modificação ou extinção de situação ou relação jurídica), condenatório (decisão reparatória ou restitutiva) ou mesmo mandamental (no caso dos remédios constitucionais, no despejo e nas possessórias).
		Em sede de processo de conhecimento, têm as partes a oportunidade de uma ampla produção de provas, a fim de instruir as suas alegações. Nele, o magistrado realiza ampla cognição, podendo analisar todos os fatos e fundamentos alegados pelas partes, para ao final formar o seu convencimento.
		Já o processo de execução tem por finalidade fazer atuar concretamente o provimento de mérito proferido em processo de conhecimento anterior (títulos executivos judiciais). Há também a possibilidade de servirem de meio para a efetivação de comandos existentes em documentos firmados entre as partes, aos quais a lei confere força executiva (são os títulos executivos extrajudiciais, de que são exemplos a cédula de crédito, o cheque, a nota promissória, etc.).
		Finalmente, no processo cautelar, o objetivo é a proteção do resultado útil de outro processo, seja cognitivo ou executivo. Sua finalidade é, portanto, a de proteger contra o risco de ineficácia o resultado do processo, seja de um provimento já em curso (incidental) ou futuro (preparatório). Tem como pressupostos o fumus boni iuris e o periculum in mora.
4. PROCEDIMENTO COMUM (ORDINÁRIO E SUMÁRIO)
		Antes de mais nada, faz-se válido distinguir os conceitos de processo e procedimento.
		O processo é um conjunto de atos concatenados que buscam alcançar um fim, que é exatamente a solução do conflito de interesses. Por outro lado, o procedimento representa a forma pela qual se desenvolve o processo, sendo muitas vezes chamado de rito.
		A importância da distinção reside no fato de que a Constituição Federal definiu diferentes campos de competência, quer em matéria processual, quer em matéria procedimental. Assim, em âmbito processual, a competência exclusiva para legislar é da União Federal, ao passo em que em matéria procedimental, a competência é concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal.
		No nosso processo de conhecimento, há duasformas de procedimento: o procedimento comum, que engloba os procedimentos ordinário e sumário, e os procedimentos especiais, que abarca a jurisdição contenciosa e a voluntária.
		O procedimento comum é o aplicado para as causas nas quais a lei processual não prevê um tipo especial, de modo que onde não houver previsão de procedimento especial, aplicar-se-á, residualmente, o comum.
	4.1. Procedimento Ordinário
		Basicamente, este é o rito a ser seguido no procedimento comum ordinário:
		a) inicialmente, há a propositura da petição inicial, nos termos do art. 282 do CPC;
		b) uma vez admitida pelo magistrado a inicial, determina-se a citação do Réu, o qual pode responder ou não à ação, dentro de um prazo de 15 dias. Há três tipos de defesa que ele pode se utilizar: contestação; exceção (incompetência relativa, impedimento e suspeição), que se processa em autos apartados e o processo ficará suspenso até o julgamento desse incidente; e por fim, reconvenção, que corre nos mesmos autos, sendo o reconvindo chamado a contestar em 15 dias, julgando na mesma sentença a ação e a reconvenção (o processo não pára);
		c) verifica-se, então, se houve a revelia, ou passa-se às providências preliminares. Caso o réu não tenha ofertado sua contestação, ocorrerão os efeitos da revelia (art. 319), com exceção das hipóteses do art. 320. Por outro lado, havendo a contestação, o juiz examina as questões preliminares e determina as providências contidas nos arts. 326/327 (réplica);
		d) passadas as providências preliminares, ou se não se tiver necessitado delas, o magistrado profere o que se chama de julgamento conforme o estado do processo. Tal decisão pode ser de extinção (art. 329), de julgamento antecipado da lide (art. 330) ou de saneamento do processo, quando se necessitar de provas orais ou perícias, por exemplo (art. 331);
		e) mesmo antes da produção das provas, há uma audiência preliminar (art. 331, caput), para se buscar a transação entre as partes;
	
		f) não havendo a transação, far-se-á uma audiência de instrução e julgamento, buscando novamente a conciliação (447), coleta de provas orais (452), debates orais (454);
		g) finalmente, na mesma audiência, ou no prazo de dez dias, o magistrado profere a sua sentença meritória (art. 456).
	4.2. Procedimento Sumário
		Buscou-se, com o procedimento sumário, uma maior celeridade processual, pois, ao menos em tese, praticamente tudo, com exceção da inicial, deve se realizar no máximo em duas audiências, uma de conciliação e resposta e outra de instrução de julgamento.
		O rito é observado em algumas circunstâncias previstas no art. 275 do CPC:
	
		I- nas causas cujo valor não exceda a 60 vezes o valor do salário mínimo;
		II- nas causas, qualquer que seja o valor:
de arrendamento rural e de parceria agrícola;
de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;
de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;
demais casos previstos em lei.
Não se observa, ademais, este rito, quando se cuidar de ações relativas ao estado, com divórcio, separação, ou à capacidade das pessoas (tutela, curatela, interdição).
O autor já na inicial indica o rol de testemunhas e formula quesitos, se requerer perícia, indicando assistente técnico.
Admitindo a inicial, o juiz marca audiência de conciliação, no prazo de trinta dias, devendo o réu ser citado até dez dias antes. Se não comparecer à audiência, ocorre a revelia.
Se obtida a conciliação, reduz-se a termo. Não obtida a conciliação, o réu deve oferecer, na audiência mesmo, a sua contestação, escrita ou oral, acompanhada dos documentos, rol de testemunhas e quesitos da perícia, se requerer. Pode também formular pedido a seu favor na contestação, pois não se comporta reconvenção nesse rito.
Havendo assim necessidade de prova oral, marca-se a audiência de instrução e julgamento, para prazo não excedente de trinta dias. Feita a instrução e os debates orais, o magistrado profere sentença na própria audiência ou em dez dias.
Registre-se, por fim, que segundo o art. 280 do CPC, não se admitem, no procedimento sumário, a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.
5. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
		Os procedimentos especiais podem ser tanto de jurisdição voluntária como de jurisdição contenciosa.
		Os de jurisdição voluntária compreendem apenas a administração de interesses privados não litigiosos, enquanto que os procedimentos de jurisdição contenciosa se referem à solução de litígios com um rito propriamente especial previsto pelo CPC.
		Estão inseridos no CPC no Livro IV, estando os de jurisdição contenciosa no Título I e os de jurisdição voluntária no Título II.
		São exemplos de procedimentos especiais de jurisdição contenciosa: ação de consignação em pagamento, ação de depósito, ação de anulação e substituição de títulos ao portador, ação de prestação de contas, ações possessórias e ação de usucapião de terras particulares.
		Por outro lado, são exemplos de procedimentos especiais de jurisdição voluntária a separação consensual e os testamentos, dentre outros.
2º Módulo
Partes e Procuradores
Litisconsórcio e Assistência
Intervenção de Terceiros
Formação, Suspensão e Extinção do Processo
Sentença
Coisa Julgada
1. PARTES E PROCURADORES
		Em caráter processual, parte é aquele que postula (o autor), em face do postulado (o réu). Atente-se que o juiz não é parte na relação processual, mas sim sujeito, o principal condutor da marcha processual.
		O Ministério Público pode ser parte, mas pode também atuar como fiscal da lei, hipótese em que será interveniente. O substituto processual, os litisconsortes e os terceiros intervenientes também passam a ser partes. Por seu turno, os auxiliares da justiça, como o escrivão, o oficial de justiça, o contador e o perito, apesar de serem sujeitos processuais, não são partes.
	1.1. Capacidade
		Há alguns tipos de capacidade a se considerar, quando se está a estudar as partes envolvidas em uma relação processual, como a capacidade de direito, relacionada com a capacidade de ser parte, e a capacidade de exercício, ligada à capacidade processual, além da postulatória.
		A capacidade de direito é possuída por todo aquele que tiver aptidão para adquirir direito e contrair obrigações. Assim, o menor, o interditado e o louco têm capacidade de direito.
Quem possui a capacidade de direito, tem a capacidade de ser parte, significando a aptidão para ser autor, réu ou interveniente em ação judicial, sendo um pressuposto pré-processual.
		A capacidade de exercício, por outro lado, é aquela possuída pela pessoa, física ou jurídica, que tenha aptidão para a prática de atos da vida civil. Há pessoas que têm a sua capacidade de exercício limitada, devendo ser assistidos por pais ou representantes. Outras não têm essa capacidade, como os menores, e devem ser representados, por pais, tutores ou curadores.
		Dessa forma, quem possui a capacidade de exercício, possui capacidade processual, que também é pressuposto de validade de um processo. Sendo assim, os absoluta e os relativamente incapazes podem ser partes, mas não podem praticar atos processuais.
		A capacidade postulatória é definida como a aptidão para atuar em juízo. Somente o advogado regularmente inscrito na OAB é que possui tal capacidade, da mesma forma ocorrendo com os representantes do Ministério Público. Há, no entanto, algumas exceções, legalmente previstas, como no caso do ajuizamento de reclamações em Juizados Especiais, de até 20 salários mínimos, a reclamação na Justiça do Trabalho e a impetração do habeas corpus.
	1.2. Legitimaçãoe Substituição Processual
		A legitimação ordinária ocorre quando há a coincidência entre o titular do direito material e a legitimidade para estar em juízo.
		De outra sorte, a legitimação extraordinária se dá quando aquele que é o titular do direito material não possui a legitimidade processual, sendo representada por outrem.
		A substituição processual é, por assim dizer, uma espécie do gênero legitimação extraordinária, ocorrendo quando alguém, autorizado por lei, atua judicialmente como parte, em nome próprio, na defesa de direito alheio. O nosso ordenamento admite apenas a substituição processual legal, mas não admite a voluntária. O que exerce o direito de ação é denominado substituto, enquanto que o titular do direito material é chamado substituído. São exemplos o condômino ou o compossuidor para reivindicar o domínio ou a defesa da posse.
No que diz respeito ao cidadão propondo ação popular e ao Ministério Público propondo ação civil pública, apesar de existir uma corrente doutrinária entendendo que representam legitimação ordinária, a jurisprudência dominante do STJ é no sentido que é substituição processual.
2. LITISCONSÓRCIO E ASSISTÊNCIA
	2.1. Litisconsórcio
		O litisconsórcio é caracterizado pela presença de duas ou mais pessoas, podendo ser tanto no pólo ativo, como no pólo passivo, no início da relação processual (inicial), ou mesmo em seu curso (incidental).
		O art. 46 do CPC enumera hipóteses em que pode haver o litisconsórcio: quando houver comunhão de direitos e obrigações; quando os direitos ou obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; quando entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; ou quando ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
		Pode ainda o litisconsórcio ser necessário, que é aquele que não pode ser dispensado, nem por acordo dos litigantes (ex: ações de usucapião e de insolvência civil), ou facultativo, que se estabelece por vontade das partes.
		
		No que diz respeito à decisão em processos nos quais há litisconsórcio, classifica-se o litisconsórcio como unitário, quando a decisão tem que ser uniforme para todas as partes (ação de anulação de casamento, por exemplo), ou simples, nos quais a decisão pode ser diferente para as partes em litisconsórcio.
		Quando há litisconsórcio necessário, o magistrado deve mandar o autor promover a citação de todos os litisconsortes, sob pena de extinguir o processo sem julgamento do mérito.
		Os litisconsortes, na relação processual, são considerados litigantes distintos, de forma que, regra geral, os atos de um não prejudicam nem beneficiam os outros. No caso dos recursos, entretanto, o recurso de um aproveita a todos.
	2.2. Assistência
		Quando existir uma lide entre duas ou mais pessoas, e houver um terceiro que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma
das partes, pode esse terceiro ingressar na lide, na qualidade de assistente.
		O assistente não é parte da relação processual, diferentemente do litisconsorte. É apenas um terceiro que busca ajudar um pólo a ser vitorioso no processo. Atua como auxiliar da parte principal.
		A assistência pode ocorrer em quaisquer dos procedimentos admitidos pelo nosso ordenamento processual, bem como em qualquer grau de jurisdição.
		Uma vez formulado o pedido de assistência, e instadas as partes a se manifestarem, se não houver impugnação em cinco dias, há o deferimento. No entanto, havendo impugnação, o juiz suspende o feito, e a impugnação se processa em apenso, autoriza a produção de provas e decide o incidente em cinco dias.
		A assistência não impede que a parte principal assistida reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou mesmo transija sobre os direitos controvertidos.
		Destaque-se, por fim, que segundo o art. 54 do CPC, considera-se litisconsorte da parte principal o assistente toda vez que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. É o que se chama de assistente litisconsorcial.
3. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
		A intervenção de terceiros ocorre quando alguém ingressa como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre duas partes. Há as seguintes modalidades previstas em nosso CPC: oposição, nomeação à autoria, denunciação à lide e chamamento ao processo.
		Ressalte-se que a doutrina e a jurisprudência majoritária, regra geral, não aceitam a intervenção de terceiros em processos de execução, mas tão somente em cognitivos ou cautelares.
	3.1. Oposição
		A oposição é a ação de terceiro que visa a excluir tanto o autor como o réu da lide, buscando defender algo que é seu e está sendo discutido por outrem junto ao Poder Judiciário. É faculdade desse terceiro, pois em verdade nenhum efeito processual poderia vir a sofrer com a sentença.
		Mas poderia sim sofrer prejuízo de fato, que lhe exigiria posteriormente ingressar com outra ação para obter a reparação pelo prejuízo sofrido. Quem julga tal incidente é próprio juiz da causa principal.
	3.2. Nomeação à autoria
		A nomeação à autoria consiste no incidente pelo qual o mero detentor indica aquele que é o verdadeiro proprietário ou possuidor da coisa em litígio, a fim de transferir a posição de réu.
		Pode ser utilizado também nas ações indenizatórias, quando o causador do dano aduz que praticou o ato por ordem ou em cumprimento de instruções de outrem.
		
		Tal incidente não é faculdade, mas sim um verdadeiro dever, vez que a sua inobservância acarreta a responsabilidade por perdas e danos, penalidade que pode ocorrer também se pessoa diversa for indicada.
		Se o nomeado reconhece a qualidade atribuída, contra ele passa a correr o processo. No entanto, se negar tal qualidade, ou se o autor o recusar, o processo continua contra o nomeante.
	3.3. Denunciação à lide
		A denunciação à lide caracteriza-se pelo chamamento do terceiro (denunciado), que mantém um vínculo jurídico com a parte (denunciante), a fim de que venha a responder pela garantia do negócio jurídico, caso o denunciante seja o vencido. Pode ser utilizado tal incidente tanto pelo autor como pelo réu.
		O CPC prevê hipóteses em que é obrigatória a denunciação à lide, no art. 70, que são: a garantia da evicção; a posse indireta; e o direito regressivo de indenização.
		Uma vez ordenada a citação do denunciado, o processo principal fica suspenso. Na sentença, o magistrado julga tanto a relação entre o denunciante e a parte contrária, como a própria relação entre o denunciante e o denunciado.
	3.4. Chamamento ao Processo
		Este incidente ocorre quando o devedor demandado chama a integrar a lide os coobrigados pela dívida, a fim de que sejam também responsabilizados pelo resultado do processo.
		Trata-se de uma faculdade e não um dever do devedor demandado. Deve esse chamamento ser procedido no prazo da resposta do réu.
		A sentença que julgar a ação procedente, condenando os devedores, vale como título executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para que exija do devedor principal ou de cada um dos co-devedores, na proporção que lhes tocar, consoante o disposto no art. 80 do CPC.
4. FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO
	4.1. Formação
		Como é sabido, o processo civil se inicia pela iniciativa da parte interessada, vez que pelo princípio da inércia da jurisdição, o juiz não pode dar início ao processo sem que seja provocado. Uma vez provocado, aí sim, o processo se desenvolve pelo impulso oficial do magistrado.
		A ação é considerada proposta desde que seja despachada a petição inicial, ou que seja simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara.
		Quanto ao réu, no entanto, a propositura da ação somente produz efeitos depois de validamente citado.
		Uma vez citado o réu, é proibido ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento da parte adversária. Veda-se também a modificação das partes, salvo o permitido em lei.
	4.2. Suspensão do Processo
		O processo é suspenso, conforme o disposto no CPC:pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, do representante legal ou de seu procurador (ressalte-se que deve se comunicar ao juiz o evento);
por convenção das partes, que nunca pode exceder seis meses;
quando for oposta exceção de incompetência do juiz, câmara ou tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do magistrado;
quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa, da declaração da existência ou inexistência de relação jurídica; não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato ou de produzida certa prova requisitada a outro juízo; ou tiver pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;
por motivo de força maior, como uma greve dos serventuários, por exemplo;
nos demais casos regulados, como por exemplo nas férias forenses.
Ressalte-se que, mesmo durante o prazo em que o feito estiver suspenso, o juiz pode determinar a prática de atos urgentes, a fim de evitar danos irreparáveis que tornassem ineficaz a prestação jurisdicional final.
	4.3. Extinção do Processo
		O processo se extingue, como é sabido, através da sentença, que pode ou não ingressar no mérito.
Sem julgamento do mérito, o processo se extingue:
quando o juiz indefere a inicial (art. 295);
quando ficar parado por mais de um ano, por negligência das partes;
quando o autor, ao não promover os atos e diligências que lhe competem, abandonar a causa por mais de 30 dias;
quando estiverem ausentes os pressupostos de constituição e de desenvolvimento do processo (como p. ex., capacidade das partes, representação por advogado, forma adequada, etc.);
quando for acolhida a alegação de perempção, litispendência ou coisa julgada;
quando estiver ausente uma ou mais das condições da ação(legitimidade, possibilidade jurídica e interesse);
por convenção de arbitragem;
quando houver desistência;
quando a ação for intransmissível por disposição legal (como no caso da ação de divórcio);
quando ocorrer confusão entre autor e réu;
demais casos previstos no CPC, p. ex., quando o juiz ordena e o autor deixa de promover a citação dos litisconsortes necessários.
Quando se tratar de processo parado mais de um ano, ou abandono do autor por mais de 30 dias, o juiz ordena o arquivamento se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 horas.
Em se tratando de ausência dos pressupostos de constituição e desenvolvimento, perempção, litispendência e coisa julgada e ausência das condições da ação, o juiz pode conhecer a qualquer tempo e grau, enquanto não proferida sentença de mérito. O réu que não alegar na primeira oportunidade responde, entretanto, pelo retardamento.
Quanto à desistência, uma vez decorrido o prazo para resposta, a parte autora não pode mais desistir do pedido, sem o consentimento do réu.
Com exceção do acolhimento de perempção, litispendência ou coisa julgada, nada obsta que nas outras hipóteses o autor ingresse novamente com a ação, pois não houve coisa julgada material.
Com julgamento do mérito, o processo se extingue:
quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido;
quando o réu reconhece a procedência do pedido;
quando há transação;
quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
5. SENTENÇA
		A sentença, nos termos do art. 162, §1º, do CPC, é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.
	5.1. Terminativa e Definitiva
		Denomina-se terminativa a sentença que não adentra o mérito. De outra sorte, é chamada definitiva a sentença que enfrenta o mérito, o conteúdo do direito material em discussão na lide.
	5.2. Condenatória, Constitutiva e Declaratória
		A sentença que ingressa no mérito da questão e dá procedência ao pleito autoral, pode ser condenatória, constitutiva ou declaratória. Quando se pronunciar pela improcedência, será apenas declaratória.
		A sentença é dita condenatória quando o magistrado confere à parte vencedora um título executivo, de forma a possibilitar que, caso a parte vencida não cumpra espontaneamente o disposto na decisão, possa se utilizar do processo executivo.
		Na sentença declaratória, há apenas a declaração da certeza da existência ou da inexistência de uma relação jurídica, ou da autenticidade ou falsidade de um documento. Neste caso, se o vencedor almejar fazer valer o crédito ou o direito então declarado, terá que propor outra ação, para que esta possua um conteúdo condenatório.
		Por fim, diz-se constitutiva a decisão que, sem se limitar à mera declaração do direito da parte e sem prescrever uma condenação, na verdade cria, modifica ou extingue um estado ou propriamente uma relação jurídica.
		
	5.3. Ultra petita, Extra petita e Citra petita
		Apesar de muitas vezes utilizados como termos sinônimos, há distinções a se considerar.
		A sentença é considerada ultra petita quando decide além do pedido. Neste caso, o magistrado decide o pedido, mas ultrapassa o mesmo, vai além, dando ao autor mais do que ele próprio pleiteou (art. 460 CPC).
		Quando dizemos que uma sentença é extra petita, é porque houve uma decisão de matéria estranha ao pedido, ou mesmo porque admitiu contra o autor matéria não alegada pelo réu.
		Finalmente, a sentença é dita citra petita quando deixa de examinar todas as questões levantadas pelas partes envolvidas.
		Seja ultra, extra ou citra petita, a sentença será considerada nula, a não ser que o Tribunal, já em grau de recurso, possa suprir o vício.
	5.4. Líquida e Ilíquida
		A decisão final será líquida quando houver determinado o valor ou individuado o objeto da condenação.
		Por outro lado, a sentença será considerada ilíquida quando o juiz não tiver determinado o valor ou não houver individuado o objeto da condenação. Nesse caso, far-se-á necessário, previamente à execução, proceder-se à fase que chamamos de liquidação.
	5.5. Conteúdo da Sentença
		Toda sentença tem que ter, necessariamente, alguns requisitos essenciais, que lhe são exigidos pelo CPC. São eles o relatório, os fundamentos e o dispositivo.
		No relatório, devem estar contidos os nomes das partes, o resumo do pedido autoral e da resposta do réu, bem como das principais ocorrências na marcha processual.
			
		Na parte dos fundamentos, o magistrado desenvolve a sua análise das questões fáticas e jurídicas, a fim de aplicar o direito ao caso concreto.
		Por fim, na parte dispositiva, o juiz decide a lide que lhe fora submetida.
		A sentença deve ser clara e precisa. Deve assim ser inteligível e insuscetível de interpretações ambíguas e equívocas, isto é, certa e induvidosa.
	5.6. Efeitos da Publicação
		Quando publicada a sentença de mérito, o Juiz exaure a sua função jurisdicional, de modo que somente pode alterar a decisão em duas hipóteses:
			
		a) para corrigir, de ofício ou a requerimento, inexatidões materiais ou para retificar erros de cálculo;
		b) através de embargos de declaração, para sanar obscuridade, contradição ou omissão no julgado.
6. COISA JULGADA
		A coisa julgada é uma conseqüência da decisão judicial, representada pela imutabilidade do julgado e de seus efeitos.
	6.1. Formal e Material
		A coisa julgada formal decorre tanto do transcurso do prazo recursal, como pelo esgotamento desta via.
		Já a coisa julgada material é caracterizada pela eficácia da decisão, que é tornada imutável e indiscutível, não mais sujeita a qualquer espécie de recurso, nem mesmo o extraordinário ou especial.
		A coisa julgada material pressupõe a existência da coisa julgada formal. Mas a grande diferença mesmo é que quando ocorre a coisa julgada material aquela matéria deixa de ser suscetível de discussão, em qualquer grau do Poder Judiciário, tornando-se imutável
		Algumas decisões não produzem coisa julgada material, como é o caso das sentenças terminativas, vez que essas, por não adentrarem ao mérito, possibilitam que, uma vez sanado o defeito que fez com que esta fosse proferida, o autor possa intentar umanova ação, para ver o conteúdo de direito material analisado.
	6.2. Limites Objetivos
		O CPC houve por sujeitar apenas a parte dispositiva aos limites da coisa julgada material. Os limites objetivos estão presentes no art. 469 do diploma.
		Dessa forma, não fazem coisa julgada:
os motivos, mesmo que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva;
a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
a apreciação da questão prejudicial, decidida internamente no processo (ressalte-se que se essa questão prejudicial for requerida expressamente, por meio de uma declaratória incidental, o quadro se altera, fazendo coisa julgada – art. 470 do CPC).
6.3. Limites Subjetivos
A limitação subjetiva da coisa julgada está disciplinada no art. 472 do CPC.
Desse modo, a sentença somente faz coisa julgada às partes entre as quais é proferida, de forma a não prejudicar e nem beneficiar terceiros.
Apenas no caso de ações relativas ao estado das pessoas, caso tenham sido citados em litisconsórcio necessário todos os interessados, a sentença faz coisa julgada em relação a terceiros. Ressalte-se também que nas ações coletivas, produz também efeitos erga omnes.
3º Módulo
Atos Processuais
Prazos Processuais
Nulidades
I- Atos e Prazos Processuais
1. O que é Direito Processual?
		O Direito se constitui em um conjunto de regras, normas e dispositivos, havendo diferentes critérios pelos quais se podem agrupar tais regras, as quais dão origem às mais diversas classificações do Direito.
		Uma dos mais importantes critérios de se classificar o Direito é dividindo-o em dois grandes grupos: o Direito Material e o Direito Processual.
		Assim, em regra, as normas que criam, regem e extinguem relações jurídicas, definindo aquilo que é lícito e pode ser feito e o que é ilícito e não pode ser feito, constituem o direito material.
		Já no Direito Processual, cuida-se da forma como se fará a veiculação da pretensão, com vistas à solução da lide, possuindo conteúdo ligado ao que acontece em Juízo, ou seja, quando o litígio chega ao Poder Judiciário sob a forma de lide.
		Em última análise, o processo civil existe em função do direito civil e da necessidade de se contar com instrumental capaz de servir de conduto para as pretensões de direito material diante do aparelho jurisdicional.
2. Conceito de Atos Processuais
		Em uma visão estrutural, o processo representa um conjunto seqüencial de atos, tendentes à efetiva tutela jurisdicional. E esses atos processuais seguem uma lógica, possuindo começo, meio e fim.
	
		Pode-se dizer que o ato processual é uma modalidade de ato jurídico, mas que é praticado e busca gerar efeitos dentro do processo. Diante disso, todo e qualquer ato que for praticado fora do processo, mesmo que seja a ele ligado, somente adquire relevância e gera efeitos se trazido aos autos.
		Conceitua-se, dessa forma, o ato processual como toda manifestação de vontade humana que tem por fim criar, modificar, conservar ou extinguir a relação jurídica processual.
		Praticam atos processuais não apenas os ocupantes dos pólos ativo e passivo da relação jurídica, mas sim quaisquer dos sujeitos processuais, uma vez que todos os integrantes do processo agem criando, modificando, conservando ou mesmo extinguindo-o.
3. A Classificação dos Atos Processuais trazida pelo CPC
		O Código de Processo Civil adotou a classificação subjetiva para os atos processuais, dividindo-os em: atos das partes (em sentido amplo, abrangendo também atos de terceiros intervenientes, que nem sempre são partes) e atos dos agentes da Jurisdição, que compreendem os atos do Juiz e os atos do Escrivão ou Chefe de Secretaria.
		Tal divisão não pode ser considerada exaustiva, pois dentro do conceito de agentes da jurisdição deve-se entender também os auxiliares da justiça, como o oficial de justiça, o contador, o distribuidor e o perito.
4. Da Forma dos Atos Processuais
		Deve-se entender por forma não apenas o aspecto exterior do ato, mas todo o conjunto das solenidades necessárias à validade do ato processual, ou seja, aquilo que deve estar contido no ato, para que o mesmo surta os efeitos desejados.
		Neste sentido, é de se depreender que o modo, o lugar e o tempo em que são praticados os atos processuais integram o conceito de forma, bem como os próprios requisitos processuais, por serem elementos formadores do ato.
		No Direito Romano, a forma era considerada mais importante que o próprio conteúdo do ato, sendo bastante rígidas as regras, com os envolvidos na relação obrigados a repetir modelos precisos, sob o risco de perderem a demanda, caso não fosse observada a forma correta.
		
		Nos tempos atuais, tal visão é ultrapassada. A finalidade do processo é a solução da lide, e não o culto à forma. O objetivo das formas é o de dar segurança à relação jurídica, e somente nessa medida devem ser preservadas.
		Assim, prega-se o princípio da instrumentalidade das formas, o qual representa um intermediário entre o rigor absoluto e a liberdade total. Expressa-se no art. 154 do CPC, ao prescrever que os atos e termos não dependem de forma determinada, senão quando a lei exigir, reputando válidos os que preencherem a finalidade essencial.
		Dá-se, desse modo, valor ao conteúdo do ato, e não simplesmente ao seu envoltório, à sua forma. A forma será exigível quando a sua ausência implicar o não alcance da finalidade do ato. Necessário se faz, portanto, verificar se, inobservada a forma prescrita, a finalidade foi atingida, sem causar prejuízo às partes ou a terceiros.
5. A Publicidade dos Atos Processuais
		Regra geral, os atos processuais são públicos, uma vez que a própria Constituição Federal veda, em seu art. 93, julgamentos secretos. E essa publicidade para os atos vem também prescrita no art. 155 do CPC.
		A publicidade enquanto princípio destina-se a dar acesso aos atos do processo, como meio de proporcionar transparência à atividade jurisdicional. Há atos inclusive, que somente são válidos se revestidos da máxima publicidade, como ocorre com as praças e os leilões, por exemplo.
		
		Apesar disso, nem todos os atos processuais são totalmente publicizados, pois há processos que correm em segredo de justiça. Em verdade, não é um segredo, mas sim uma forma de resguardar, preservar a intimidade dos litigantes, nas hipóteses em que a publicidade poderia ocasionar grande transtorno ou comoção social. Nesses casos, as partes e seus advogados terão, logicamente, pleno acesso aos autos, podendo inclusive obter certidões.
		O art. 155 do CPC elenca as hipóteses, consideradas taxativas, de processos que correm em segredo de justiça. São elas: a) quando exigir o interesse público; b) quando disserem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão em divórcio, alimentos e guarda de menores.
6. O uso do vernáculo
		Há um princípio absoluto quando se cuida da forma dos atos processuais, que é exatamente o que obriga o uso do vernáculo, não se admitindo o uso de idioma estrangeiro.
		Tal disposição está contida no art. 156 do CPC. No entanto, se for necessário juntar aos autos documento redigido em outro idioma, tal somente será admitido caso acompanhado de tradução, feita por profissional juramentado.
		Quanto às expressões latinas, comumente utilizadas por advogados, promotores e juízes, são admitidas, não se incluindo em tal vedação, uma vez que são termos já incorporados ao vocabulário jurídico pátrio.
7. Dos Atos das Partes
		Os atos das partes, no contexto utilizado pelo art. 158 do CPC, não denotam apenas os atos do autor e do réu, mas também os atos de terceiros intervenientes e do Ministério Público, exceto quando atua como fiscal da lei (custos legis).
		O princípio dispositivo indica que a propositura da demanda depende de iniciativa do interessado, não podendo a jurisdição agir de ofício. Por outro lado, o impulso processual é oficial, cumprindo ao juiz dar-lhe seguimento.
		Assim, são atos processuais das partes aqueles que não são praticadospor agentes da jurisdição, através dos quais se visa a uma conseqüência favorável ao encaminhamento do processo ou à solução da lide.
		A doutrina processualista costuma dividir os atos das partes em dois grandes grupos, quais sejam, os atos de obtenção e os atos dispositivos.
Os atos de obtenção visam a obter a satisfação do pedido, buscando alcançar um resultado favorável com a atividade jurisdicional.
Já os atos dispositivos correspondem àqueles em que se busca a produção de efeitos processuais, dependendo de um provimento jurisdicional homologatório, isto é, são negócios jurídicos praticados dentro do processo.
		Os atos de obtenção se subdividem em atos postulatórios, de evento físico e instrutórios.
Os atos postulatórios são praticados quando existe um conteúdo de manifestação de vontade dirigida ao juiz, requerendo ao magistrado uma providência certa.
Nos atos de evento físico, não há pedido expresso, mas o próprio ato tende à satisfação da pretensão. São exemplos: o pagamento de custas, a caução, o depósito prévio.
E os atos instrutórios visam à comprovação dos fatos alegados, podendo ser praticados pelas partes, como no depoimento pessoal, ou por terceiros, como na ouvida testemunhal ou na perícia.
Por sua vez, os atos dispositivos também se subdividem, desta vez em atos submissivos, atos de desistência e negócios jurídicos processuais.
Os atos submissivos representam o sucumbimento de uma parte ao postulado pela outra, como ocorre no reconhecimento da procedência do pedido, ou na renúncia ao direito em que se funda a ação. Podem ser também omissivos, como ocorre na revelia.
Os atos de desistência ocorrem quando a parte deixa de cumprir com seu ônus processual, de forma omissiva (quando por exemplo deixa de arrolar testemunhas) ou comissiva (quando expressa o desejo de não recorrer, p. exemplo).
Por fim, os negócios jurídicos processuais são atos bilaterais de vontade, praticados em conjunto, visando à concordância sobre um ponto que convencionaram não mais controvertir, como ocorre, por exemplo, na conciliação e na suspensão convencional do processo.
8. Dos Atos do Juiz
		O Juiz é o representante estatal na condução da marcha processual, cabendo-lhe a função precípua de solucionar a lide que lhe for proposta. Com certeza, é o Juiz quem mais pratica atos processuais, pois a ele compete o impulso oficial do processo, até que se chegue, definitivamente, ao pronunciamento definitivo.
		O art. 162 do CPC enumerou os atos do Juiz como sendo a sentença, a decisão interlocutória e os despachos. Todavia, costuma a doutrina criticar essa redação, por não ser esse elenco exaustivo, havendo outros atos praticados pelo Juiz que não estão em tal rol, como por exemplo a audiência, que é um ato complexo; a inspeção judicial; ou mesmo a prestação de informações, em agravo de instrumento ou em mandado de segurança.
		A sentença é o ato pelo qual o Juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.
		Em verdade, quando alguém propõe uma demanda ao Judiciário, pretende ver o mérito julgado. Assim, a sentença que não alcança o mérito é um acidente, o qual não é desejado pelas partes nem pelo Estado.
		Classificam-se as sentenças em: a) terminativas ou processuais, quando proferidas nos casos elencados pelo art. 267 do CPC, nos quais o juiz não analisa o mérito; b) definitivas ou de mérito, quando se julga o mérito ou se homologa manifestação de vontade das partes, resolvendo a lide.
		A decisão interlocutória é o pronunciamento do Juiz, de caráter decisório, no curso do processo, resolvendo questões incidentais, que não têm o efeito de encerrar o processo. Resolvem, por assim dizer, um impasse momentâneo, o qual necessita da decisão judicial para que o processo possa prosseguir.
		São exemplos de decisões interlocutórias: a concessão de medida liminar, a concessão de tutela antecipada, o julgamento de exceções e o julgamento da impugnação ao valor da causa.
Por apresentarem cunho decisório, devem ser fundamentados, sob pena de nulidade. O recurso cabível contra tais decisões, por excelência, era o agravo de instrumento, mas passou a ser o agravo retido, com a Lei n.º 11.187/2005, cabendo o de instrumento apenas nas hipóteses de causar lesão grave ou de difícil reparação, bem como quando a apelação não é recebida ou quanto aos efeitos em que a apelação é recebida.
Já os despachos praticados pelo Juiz não envolvem o direito que se discute, nem tampouco os interesses das partes. Pertinem ao regular andamento da marcha processual, como por exemplo, o despacho da inicial, mandando citar o réu.
Deve-se distinguir os despachos das decisões interlocutórias, até pelo fato de que os despachos não são passíveis de recursos. Verifica-se se diante do assunto apresentado o Juiz poderia ou não agir de outra forma, pois se uma opção traz carga lesiva à outra parte, provavelmente este ato se trate de uma decisão interlocutória.
Destaque-se ainda os atos meramente ordinatórios, previstos no §4º do art. 162, os quais, depois da Reforma de 1994, com o fito de proporcionar maior agilidade, passaram a ser de iniciativa do servidor, apenas passíveis de revisão pelo Juiz. São exemplos: a intimação das testemunhas arroladas, a entrega dos autos ao perito, a juntada e a vista obrigatória.
9. Dos Atos do Escrivão ou Chefe de Secretaria
		É de se entender a expressão escrivão, pelo disposto no CPC, como todos aqueles integrantes da Secretaria, sob a chefia do servidor que recebe esta denominação.
		Os arts. 166 a 171 do CPC prescrevem as regras burocráticas que o escrivão deve seguir para a autuação, que é o encapeamento das petições e documentos apresentados pelo autor, na inicial), assim como a seqüência lógica dos atos procedimentais, como a numeração e a rubrica das folhas, a data e a assinatura do escrivão nas certidões e termos de juntada, vista e conclusão, dentre outras.
		Classificam-se, segundo a doutrina, os atos do escrivão ou chefe de secretaria, em:
		a) atos de documentação: são os atos pelos quais o escrivão transfere para um suporte as declarações emitidas pelos sujeitos processuais, reproduzindo as idéias dele emitidas. Exemplo: o termo de audiência.
	
		b) atos de comunicação: são os atos destinados a dar ciência de outros atos praticados. Exemplo: quando o juiz determina que seja intimada uma outra parte, o escrivão deve expedir um mandado de intimação, a ser cumprido pelo oficial de justiça;
		c) atos de logística: são atos que significam verdadeira assessoria ao juiz, visando à tutela jurisdicional. Exemplos: o fornecimento de certidões processuais, o recebimento de valores ou depósitos, a guarda de objetos que interessam ao processo, etc.
10. Do Tempo
		Os atos processuais devem ser praticados, em regra, nos dias úteis, das 6:00 às 20:00 horas, devendo ser respeitado o horário de funcionamento do Fórum, no que se refere aos atos que dependem de protocolo.
		No entanto, caso um ato tenha se iniciado antes das vinte horas, pode ser concluído após esse horário, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.
		Durante as férias, e nos feriados forenses, não se praticam atos processuais, com a exceção de: a) produção antecipada de provas; b) a fim de evitar o perecimento do direito, a citação, o arresto, a penhora, o seqüestro, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, embargos de terceiro, nunciação de obra nova e outros análogos, consoante a previsão do art. 173 do CPC.
		Processam-se, durante as férias, não se suspendendo em virtude delas, os processos ou procedimentos de alimentos provisionais, dação ou remoção de tutores ou curadores; os processos sumários do art. 275 do CPC, bem como outras causas que a lei federal determinar.
11. Do Lugar
		Ordinariamente, os atos processuais são praticados na sede do Juízo. No entanto, três ordens de razão justificam a prática do ato em outro local. São eles:
		a) deferência em razão do cargo (art. 411 do CPC),como por exemplo, no caso do Presidente e Vice da República, Ministros de Estado e de Tribunais Superiores;
		b) interesse da justiça (art. 442 do CPC), quando o juiz entender necessário ou a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades, ou quando determinar a reconstituição do fato;
		
		c) obstáculo argüido pelo interessado e acolhido pelo Juiz (art. 410, III, c/c o art. 336, parágrafo único, do CPC), como quando uma testemunha estiver adoentada e for imprescindível a sua ouvida.
12. Dos Prazos Processuais: conceituação
		Os atos processuais, como visto, são aqueles realizados no curso do processo. Dessa forma, a realização dos mesmos se prende a limites temporais, sempre fixados no texto da lei processual.
		Cada ato deve ter assim um prazo máximo, dentro do qual deve necessariamente ser realizado. Prazo é, por assim dizer, o espaço de tempo para o ato processual ser praticado.
		Já o termo é o momento processual fixado no tempo, a fim de designar: a) o instante da prática do ato; b) o momento inicial (dies a quo) ou o momento final (dies ad quem).
13. Classificação dos Prazos
		Os prazos processuais se dividem em comuns ou particulares; próprios e impróprios; legais e judiciais; dilatórios e peremptórios.
		Prazo comum é o que corre simultaneamente contra ambas as partes (ex: prazo para apelar de sentença concessiva em parte do pedido inicial). No curso do prazo comum, os autos não podem sair do cartório, exceto em conjunto ou sob acordo prévio das partes.
		Prazo particular, por sua vez, é aquele que corre somente contra uma das partes. Ocorre que se a parte for plúrima (mais de um réu, por exemplo), o prazo que era particular passa a ser comum.
		Prazo próprio é o que, uma vez inobservado, acarreta conseqüências processuais ao interessado, aplicando-se às partes. Já o prazo impróprio é o que não acarreta conseqüências processuais, podendo apenas corresponder conseqüências administrativas ou disciplinares. Corre este último contra o juiz e seus auxiliares.
		Prazos legais são aqueles definidos em lei, e a respeito dos quais nem as partes e nem o juiz, em princípio, têm disponibilidade. Já os prazos judiciais são os fixados pelo próprio Juiz, supletivamente, nos casos em que a lei não prevê.
		Prazos dilatórios são aqueles que podem ser alterados pela vontade das partes e também pelo Juiz. Já os prazos peremptórios são inalteráveis, seja pelas partes ou pelo Juiz, como o prazo de contestação.
14. Contagem dos Prazos
		Em regra, os prazos são contados em dias, havendo, no entanto, contagem de prazo que se faz em horas, minutos ou até meses e ano. Exemplo de prazo contado em horas é na execução, quando o executado tem 24 horas para oferecer bens à penhora; exemplo de prazo contado em minutos é o dos debates orais na audiência de instrução e julgamento.
		Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo-se o dia do começo e incluindo o do vencimento. O prazo nunca começa nem termina em dia feriado, nem pode terminar em dia que tenha o fechamento do fórum, ou que o expediente termine antes do horário normal.
		Os prazos que corram por motivo de citação ou intimação começam a correr da juntada aos autos do mandado cumprido, ou do último mandado cumprido em caso de vários terem sido emitidos.
		Caso a citação ou intimação se dê por edital, o prazo começa a correr da data em que se finda a dilação assinada pelo Juiz.
		Se a intimação se der pela imprensa oficial, o que é regra, o prazo começa então a correr da data da publicação.
		Os prazos legais ou judiciais são contínuos e não se interrompem com os feriados, embora não se iniciem nem se encerrem em dia não útil. Todavia, a superveniência de férias suspenderá o curso do prazo, recomeçando a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.
		Válido ressaltar que a Fazenda Pública (entendo-se neste conceito a União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e fundações públicas) e o Ministério Público gozam de especial privilégio de ter seus prazos contados em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
Havendo litisconsortes com diferentes procuradores, contam-se em dobro os prazos.
15. Das penalidades pelo descumprimento dos prazos
		Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declaração judicial, o direito de praticar o ato. A isso dá-se o nome de preclusão temporal, que consiste exatamente na perda da faculdade ou direito pelo seu não exercício no momento oportuno.
		Mesmo tendo perdido o prazo, possível é que a parte prove ao Juiz que tal perda se deu por justa causa, conseguindo com isso ver tal prazo restituído a seu favor. Para ser assim justa causa, o evento deve ser imprevisto; alheio à vontade da parte que reclama novo prazo; e impedir a prática do ato pessoalmente ou por mandatário.
		Deve-se destacar ainda a existência de outros dois tipos de preclusão, quais sejam, a consumativa e a lógica. A consumativa ocorre quando o ato que se deveria praticar o é, no prazo legal, não podendo ser repetido. Já a lógica não depende diretamente do fator tempo, sendo produto da prática de outro ato, incompatível com aquele que se deveria realizar no prazo respectivo.
16. Comunicação dos Atos Processuais
		A relação processual é estabelecida entre o Juiz, o autor e o réu. Às partes são atribuídas diversas situações de sujeição, ora no seu próprio interesse (ônus), ora no interesse alheio (deveres), cujo cumprimento muitas vezes só se torna possível a partir de uma comunicação do estágio em que o processo se encontra.
		Como poderia o réu ofertar a sua contestação, se não tivesse o conhecimento do processo? Como seria possível que o autor sucumbente apresentasse recurso se não fosse intimado da sentença? Desse modo, esses são claros exemplos de situações que demandam a comunicação dos atos processuais.
		Compete ao órgão jurisdicional, em razão do princípio do impulso oficial, a função de comunicar os atos processuais, seja às partes ou a outro juízo, ou ainda a terceiro, solicitando ou ordenando condutas, ou mesmo dando apenas ciência do estágio da relação processual.
17. Das Cartas
		Ao cuidar da comunicação dos atos processuais, o Código de Processo Civil trata, inicialmente, da comunicação dos atos entre órgãos jurisdicionais.
		Tal tipo de comunicação fundamenta-se na regra da cooperação entre os membros do Poder Judiciário. Assim, se o Juiz da causa não pode executar certo ato, porque lhe falece competência para tal, ou porque é mais conveniente que outro o faça, deve o mesmo solicitar que o ato seja realizado pelo órgão jurisdicional que lhe pareça apto.
		Caso o Juiz deprecante, isto é, o que requer a prática do ato, seja superior, hierarquicamente, ao deprecado, não haverá então uma solicitação, mas sim uma ordem.
		Se, por outro lado, a autoridade deprecada for vinculada a outro Estado Soberano, não será nem solicitação nem ordem, mas sim uma súplica, vez que não há hierarquia ou coordenação entre soberanias diferentes.
		Desse modo, o CPC elenca os três tipos de carta existentes em nosso ordenamento:
		a) Carta de Ordem: corresponde ao comando expedido por autoridade judiciária superior hierarquicamente, a fim de que o ato processual seja praticado por juiz a ele subordinado (ex.: carta expedida por desembargador federal do TRF para juiz federal de 1ª instância);
		b) Carta Precatória: trata-se de uma solicitação de uma autoridade judiciária a outra, de igual hierarquia, pleiteando uma providência a ser adotada. (ex.: carta precatória expedida por Juiz da Comarca do Recife para um Juiz da Comarca de Garanhuns, solicitando a citação de devedor lá residente);
		c) Carta Rogatória: é, como dito, uma súplica, feita por uma autoridade judiciária brasileira a outra autoridade de país diverso. O país requerido não está obrigado a atender à solicitação da autoridade judiciária brasileira. Se, por outro lado, o destinatário da carta for autoridade judiciária brasileira, cabe aoSuperior Tribunal de Justiça (STJ) conceder a ordem de execução, possibilitando o seu cumprimento por juiz federal. Ressalte-se que tal previsão, de concessão do exequatur pelo STJ é recente, introduzida entre nós pela Emenda Constitucional n. 45 (Reforma do Judiciário).
		Os requisitos que as cartas devem conter estão prescritos no art. 202 do CPC. No entanto, admite-se que, em casos urgentes, as cartas de ordem e as precatórias sejam expedidas sem esses requisitos, inclusive por telefone, radiograma ou telegrama.
		O Juiz deprecado deve devolver a carta precatória, recusando-a, quando não estiver revestida dos requisitos legais; quando carecer de competência material ou hierárquica; ou quando houver dúvida da autenticidade da mesma.
	
		Sendo então cumprida a carta, deve ser devolvida, no prazo de 10 dias, ao Juízo de origem (deprecante), pagas as custas pela parte que requereu o ato, ou pelo autor, caso determinado de ofício.
18. Citação
		A citação é o ato de comunicação processual pelo que se chama a Juízo o Réu ou o interessado a fim de que venha se defender.
		Com a citação, a relação processual se estabiliza, em caráter angular. Não havendo a mesma, viola-se o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, prejudicando toda o processo, que será desde então nulo.
		Quanto ao destinatário, a citação pode ser classificada em pessoal e não pessoal. A pessoal se dá quando dirigida ao próprio réu ou representante legal, sendo a regra geral. Já a citação não pessoal se dá quando o chamamento do réu ou interessado se faz na pessoa do seu procurador legalmente autorizado. É a exceção, ocorrendo, por exemplo, na reconvenção.
		Quanto à forma, a citação pode ser por via postal, por oficial de justiça ou por edital.
		É postal quando efetuada pelo correio, através de carta com aviso de recebimento (A.R.). Hoje, tal citação é a regra geral, não sendo, entretanto admitida quando se tratar: de ações de estado; quando o réu for pessoa incapaz; quando o réu for pessoa de direito público; nos processos de execução; quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; quando o autor requerer de outra forma.
		A citação por oficial de justiça é feita quando ocorre alguma das hipóteses referidas no parágrafo anterior, em que não se pode utilizar a citação postal, ou quando esta restar frustrada. Possui, assim, um caráter nitidamente subsidiário.
		Merece destaque, na citação que é levada a efeito pelo oficial de justiça, a citação com hora certa, que pressupõe três tentativas infrutíferas de encontrar o réu no domicílio ou residência e a suspeita de estar ele se ocultando.
		Por fim, a citação por edital se dá quando é desconhecido ou incerto o réu; quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; ou nos casos expressamente previstos em lei, como no art. 654. É a citação por edital, em verdade, um artifício jurídico, uma espécie de citação ficta, para que se atenda o quanto possível ao princípio do contraditório.
		No que diz respeito aos efeitos da citação, há os efeitos processuais e os materiais.
Como efeitos processuais, temos que: a) a citação completa a relação processual; b) torna prevento o juízo, isto é, o juiz que primeiro citou passa a ser competente para as ações conexas ou continentes; c) induz a litispendência, vedando a repetição de demanda ajuizada e ainda em curso; d) torna inadmissível a mudança das partes, salvo hipóteses expressamente previstas em lei (art. 264).
Por sua vez, como efeitos materiais, temos que a citação válida: a) faz a coisa litigiosa, vinculando-a ao processo, de modo que se alienada, não alterará a legitimidade das partes e pode ser objeto de apreensão; b) constitui em mora o devedor, fluindo a partir de então os juros de mora; c) interrompe a prescrição.
19. Intimação
		A intimação é essencialmente idêntica à citação, diferenciando-se entretanto pelo fato de que esta se destina exclusivamente ao chamamento do réu para se defender.
		Assim, as intimações são todos os demais atos de comunicação processual pelos quais se dá ciência a alguém, seja parte ou terceiro, dos atos e termos do processo, a fim de que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
		Por exemplo, quando o juiz profere uma decisão interlocutória ou até uma sentença, devem as partes tomar ciência do teor da decisão, de modo que serão intimadas.
		Nas capitais dos Estados e Territórios, no Distrito Federal e nas cidades que disponham de órgão local de publicação oficial, onde correm a maioria dos processos, a forma mais comum de intimação é por meio de publicação no Diário Oficial.
		No entanto, o CPC ainda regula três outras formas de intimação possíveis, que são a intimação pelo correio, a intimação direta na Secretaria e a intimação por via de oficial de justiça.
		Não havendo órgão da imprensa oficial na localidade da demanda, a regra é que se faça a intimação diretamente ao advogado, na sede do Juízo, ou pelo correio.
		Frustando-se também estas formas, deve-se recorrer à modalidade da intimação por oficial de justiça.
		Por fim, destaque-se que as intimações do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Fazenda Pública de uma forma geral, inclusive órgãos jurídicos das autarquias e fundações públicas, devem sempre ser feitas pessoalmente, por oficial de justiça, na pessoa de seus Representantes Legais.
20. Outros Atos Processuais: Distribuição e Registro
		O art. 251 do CPC preceitua que todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um Juiz ou mais de um escrivão.
		A distribuição será alternada onde houver mais de um Juiz ou escrivão, obedecendo à rigorosa igualdade.
		Merece ressalva a questão da distribuição por dependência, que não obedece a sorteio. Ocorre quando: a) uma causa se relacionar, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; b) tendo havido desistência, o pedido for reiterado, mesmo que em litisconsórcio com outros autores.
		A petição a ser distribuída deve estar acompanhada do instrumento de procuração, salvo quando a parte postular em causa própria, a procuração já estiver nos autos, ou nos termos do art. 37 do CPC, para praticar atos urgentes.
II – NULIDADES
		Uma vez pertencentes os atos processuais ao gênero dos atos jurídicos, aplicam-se-lhes as exigências comuns de validade de todo e qualquer destes atos, como a capacidade do agente, o objeto lícito e a forma prescrita ou não defesa em lei.
		As partes, além dos requisitos de capacidade jurídica (maioridade, assistência ou representação), tem ainda de satisfazer às exigências do jus postulandi, que salvo algumas exceções, somente cabe aos advogados regularmente habilitados e inscritos na OAB.
		Quanto ao objeto lícito, há disposições expressas no sentido de repressão a atos praticados contrariamente à dignidade da justiça e de sentenças que obstem aos objetivos ilícitos das partes, quando elas pretenderem se servir do processo para a prática de atos simulados ou vedados.
		No mais, quanto à forma, é o requisito que mais tem ligação com a questão das nulidades processuais, vez que o processo se serve da forma para alcançar os seus objetivos.
		Há, basicamente, três espécies de vícios em nosso ordenamento: os atos inexistentes, os atos absolutamente nulos e os atos relativamente nulos.
		Ato inexistente é o que não reúne os mínimos requisitos de fato para a sua existência, não apresentando nem mesmo a aparência exterior. O ato inexistente jamais se poderá convalidar e nem precisa ser invalidado. Exemplos: sentença proferida por quem não é juiz, ou ato praticado, em nome da parte, por advogado que não tem procuração.
		O ato absolutamente nulo é aquele que se mostra gravemente afetado por um defeito localizado em seus requisitos essenciais, de modo que, ao comprometer a regular execução da função jurisdicional, afigura-se insanável. Deve ser invalidado pelo próprio juiz, independente de provocação. Exemplo: citação, com inobservância das formalidadeslegais.
		O ato relativamente nulo ocorre quando, embora viciado na formação, mostra-se capaz de produzir efeitos processuais, se a parte prejudicada não requerer a invalidação. O defeito é mais leve, de sorte que é ratificável, sendo o silêncio suficiente para convalidá-lo. É a regra geral no CPC.
		Na sistemática do CPC, as nulidades somente podem ser decretadas pelo juiz, de ofício (se for absoluta), ou a requerimento da parte interessada, mas nunca por aquela que foi a causadora.
Mesmo no caso das absolutas, o CPC prevê que fica vedada essa decretação de ofício pelo juiz, caso não haja prejuízo para a parte ou haja a possibilidade de julgamento de mérito em favor da parte a quem aproveita a decretação da nulidade (art. 249,§§1º e 2º).
A nulidade relativa deve ser argüida pela parte na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão. Sendo absoluta, não prevalece a preclusão, podendo ser feita em qualquer momento processual.
Ao decretar a nulidade, deve o juiz declarar quais atos são atingidos, ordenando as providências tendentes a repetir ou retificar os atos sanáveis. Se anula todo o processo, é sentença. Se anula determinado ato apenas, é decisão interlocutória.
4º Módulo
Mandado de Segurança
Ação Popular
Ação Civil Pública
Habeas Data
Mandado de Injunção
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS NO PROCESSO CIVIL
1. MANDADO DE SEGURANÇA
1.1. Conceito e Pressupostos
		O mandado de segurança é o remédio constitucional destinado à proteção de direito, individual ou coletivo, que seja líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, que tenha sofrido lesão ou ameaça de lesão, por ato de autoridade.
		É consagrado como direito fundamental, na Constituição Federal, em seu art. 5º, incisos LXIX e LXX, bem como está disciplinado pela Lei n.º 1533/51.
	1.2. Espécies
		Dito remédio constitucional pode ser tanto de ordem repressiva (no intuito de coibir uma ilegalidade já cometida), como também preventivo (visando a proteger o impetrante de ameaça de ato ilegal. Necessário, acima de tudo, no caso do preventivo, que se demonstre um ato concreto, que esteja a pôr em risco o direito de quem o impetra.
		Pode ainda o mandado de segurança ser individual ou coletivo. É individual quando o direito protegido é o do próprio impetrante, individualmente considerado. Será coletivo quando utilizado para a proteção do direito de todos os membros de um ente coletivo.
		
		Sendo assim, no que diz respeito ao MS coletivo, são partes legítimas à interposição: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical e entidade de classe ou associação, desde que legalmente constituída há pelo menos um ano. Entende-se que, no caso de organização sindical, entidade de classe ou associação, a defesa deve ser de um direito do interesse de seus membros. No caso dos partidos políticos, não há esse entendimento restritivo, podendo ultrapassar as fronteiras de seus filiados.
	1.3. Legitimidade Ativa
		No que atine à legitimidade ativa, possuem-na não apenas as pessoas físicas ou jurídicas, mas também os entes despersonalizados, mas que são dotados de capacidade processual, como também as universalidades reconhecidas em lei, como o espólio e a massa falida.
	1.4. O caráter processual do MS
		Inserido na ótica processual, o Mandado de Segurança se afigura como uma ação civil, de rito sumário especial.
		
		Seja qual for a natureza ou a origem do ato atacado, o mandado de segurança sempre será processado e julgado como ação civil, no juízo competente.
	1.5. Ato Coator, Autoridade Coatora e Direito Líquido e Certo
		O ato coator representa a manifestação ou a omissão, por parte do Poder Público, ou oriunda de seus delegados, no exercício de suas funções.
		Entende-se, assim, como autoridade coatora, aquele que estiver investido da competência e do poder decisório, no que disser respeito ao ato praticado.
		Considera-se, então, autoridade coatora, a pessoa que ordena ou omite a prática do ato atacado. Não se deve confundir, no entanto, um simples executor com a autoridade responsável, pois esta e não aquele será o coator.
		Atente-se que o impetrado é sempre a autoridade coatora, e não a pessoa jurídica ou o órgão ao qual pertence a pessoa. Pode, entretanto, o ente, ingressar no feito, mas tão somente como assistente da autoridade coatora.
		Destaque-se que a jurisprudência tem admitido o MS contra agentes de estabelecimentos particulares de ensino, sindicatos, agentes financeiros e serviços sociais autônomos.
		Por direito líquido e certo, requisito essencial à interposição do Mandado de Segurança, entendemos aquele que se apresenta claro em sua existência, bem delimitado em sua extensão e apto a ser exercido quando da impetração.
	1.6. Objetivo e Prazo
		Quando se interpõe um Mandado de Segurança, tem-se por objetivo a correção do ato ou da omissão de autoridade, que tenha sido ilegal e ofendido direito líquido e certo, seja ele individual ou coletivo, do seu impetrante.
		O prazo para a sua interposição é de 120 dias, contados da data em que o interessado teve conhecimento oficial do ato a ser atacado. Tal prazo é de natureza decadencial, não se suspendendo nem se interrompendo. Destaque-se a questão dos atos de trato sucessivo, quando o prazo decadencial se renova mês a mês.
	1.7. Cabimento e descabimento
		Regra geral, é cabível o mandado de segurança contra ato de qualquer autoridade, desde que preenchidos os requisitos antes expostos.
		No entanto, a lei excepciona os casos em que não é cabível a utilização desse remédio constitucional. São eles:
contra ato que comporte recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução;
contra decisão ou despacho judicial que comporte recurso processual eficaz, ou possa ser corrigido por correição;
contra ato disciplinar, a não ser que esse ato seja praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de formalidade essencial.
Ademais, não é admitido o mandado de segurança contra atos meramente normativos (lei em tese), contra a coisa julgada (pois essa somente se ataca com ação rescisória) e contra atos internos de órgãos colegiados.	
		
	1.8. Competência
		A competência para o julgamento do mandado de segurança é definida de acordo com a categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional. Em relação a algumas autoridades, é a própria Constituição que prescreve a competência, e em outras, remete às leis de organização judiciária.
		Onde houver Vara da Fazenda Pública, nela será o processamento dos mandados de segurança, ressalvada a competência dos Tribunais, nas hipóteses previstas constitucionalmente.
	1.9. Requisitos da Petição Inicial, Notificação e Prestação de Informações
		A petição inicial, em sede de mandado de segurança, deve atender às exigências normais constantes do art. 282, do CPC. Além disso, deve conter cópias não apenas do texto, mas de todos os documentos, a fim de que sejam encaminhados ao impetrado.
	
		A comunicação feita ao impetrado (autoridade coatora), em se tratando de mandado de segurança, não é chamada de citação, mas sim de notificação, no qual se fixa o prazo de 10 dias, para que sejam prestadas as informações. A prestação de informações representa a peça de defesa do MS, pois neste não existe contestação. Nas informações, podem ser levantadas matérias fáticas ou jurídicas, para a defesa do impetrado.
	1.10. O pedido liminar e seus pressupostos
		Tratando-se de mandado de segurança, a medida liminar é provimento cautelar admitido pela Lei n.º 1.533/51.
		Seus pressupostos são:
		
relevância dos fundamentos da impetração (fumus boni iuris);
possibilidade de resultar ineficaz a ordem judicial, se concedida apenas ao final (periculum in mora).
A liminar, uma vez concedida, pode ser a qualquer tempo revogada, quando o magistrado entendê-la como desnecessária.
Há farta jurisprudência e legislação limitando a concessão das liminares em mandados de segurança, de que são exemplos:

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