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Trabalho sobre Teoria Simplificada da Posse - Rudolf von Jhering

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TEORIA SIMPLIFICADA DA POSSE 
RUDOLF VON JEHRING 
 
 
 
ALUNA: ROSANGELA FORBECI AVALLONE 
TURMA: 459 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
2 
ÍNDICE 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3 
I – A POSSE COMO OBJETO DE UM DIREITO .................................................................................... 4 
II – A POSSE COMO CONDIÇÃO PARA O SURGIMENTO DE UM DIREITO ................................................ 6 
III – A POSSE COMO SUSTENTÁCULO DE UM DIREITO ....................................................................... 7 
IV – RELAÇÕES POSSESSÓRIAS NÃO PROTEGIDAS ......................................................................... 8 
V – A RAZÃO LEGISLATIVA DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA ............................................................... 10 
VI – A POSSE É UM DIREITO ........................................................................................................ 12 
VII – POSIÇÃO DA POSSE NO SISTEMA JURÍDICO ........................................................................... 14 
VIII – ORIGEM E EXTINÇÃO DA POSSE (EXISTÊNCIA CONCRETA), CONDIÇÃO DA VONTADE ................. 15 
IX – A APROPRIAÇÃO CORPÓREA DAS COISAS .............................................................................. 16 
X – A POSSE DOS DIREITOS ........................................................................................................ 18 
XI – TRANSFORMAÇÃO DA POSSE NO DESENVOLVIMENTO DO DIREITO ROMANO ............................. 20 
XII – A LITERATURA ................................................................................................................... 21 
CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 22 
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................ 24 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
3 
INTRODUÇÃO 
Em primeiro lugar, é preciso situar a discussão havida entre as duas teorias a cerca 
da natureza da posse: a de Savigny e a de Jhering. Quanto à natureza jurídica da posse, se 
enquadra como fato ou direito (pessoal ou real). 
Os autores que consideram a posse como um fato, pensam-na como uma situação 
fática, localizando o evento do inicio da posse, com o ato de tomar ou assumir a posse. 
Para os doutrinadores que consideram a posse como um direito, assim o fazem na 
medida que esta, é tutela pelo direito e atos simples não o são. 
Há ainda quem defenda que a posse seja um fato e um direito simultaneamente. 
Quanto ao fato de ser a posse um direito real, fundamentam os doutrinadores na 
relação direta havia entre o possuidor a coisa e estar disciplinado no livro dos direitos reais. 
Contudo, para Sílvio Rodrigues, a posse é um direito pessoal, fundamentando que o rol dos 
direitos reais elencados no art. 1225, CC, é taxativo e que a posse não se encontra ali 
enunciada. Defende ainda que a posse de bens imóveis pode ocorrer antes da transcrição. 
Há ainda, as teorias justificadoras da posse, que, segundo seu fundamento, dividem-
se em relativas e absolutas. Relativas são aquelas em que os interditos possessórios não 
têm seus pontos fundamentais na própria posse. A teoria absoluta alicerça-se na posse, 
chegando a justificar nela os interditos possessórios. 
Em teorias possessórias, fala-se em elementos constitutivos, podendo mencionar-se 
duas teorias que alcançaram destaque: a objetiva e a subjetiva. A Teoria Subjetiva, de 
Savigny foi muito adotada até o surgimento da Teoria Objetiva de Jhering. São teorias que, 
fundadas nos elementos constitutivos – elemento subjetivo e elemento objetivo –, tentam 
mostrar a posse mais a fundo, além de demonstrar sua realidade. O elemento subjetivo 
funda-se na vontade que tem a pessoa em possuir a coisa, já o elemento objetivo deve ser 
entendido como a relação com a coisa, independente de contato físico com ela. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
4 
I – A POSSE COMO OBJETO DE UM DIREITO 
Importância substancial deve ser dada à equivalência que a linguagem comum dá a 
propriedade e a posse, o jurista deve sempre estar atento, pois há uma diferença sim nos 
termos, vejamos, o possuidor de uma coisa móvel é sempre o seu proprietário? Nem 
sempre, qualquer leito sente esta diferença, exemplo pode ser dado no caso de a coisa ser 
subtraída: seu proprietário perde a posse da coisa, mas continua sendo seu proprietário. 
Logo será instalado um conflito entre o não proprietário que possui e o proprietário que não 
possui. 
A posse é o poder de fato, e a propriedade o poder de direito sobre a cosia, ambas 
podem estar juntas em uma relação, mas podem estar separadas. Essas hipóteses podem 
ocorrer de duas formas: o proprietário transferir a pose para outrem e manter a sua 
propriedade, ou a sua posse ser lhe arrebatada contra a sua vontade. Então a distinção que 
se dá no primeiro caso é de posse justa e no segundo de posse injusta. 
A posse traz consigo o direito de possuir, sua importância prática aplica-se na 
utilização econômica da propriedade que tem por condição a posse. Esta utilização 
econômica consiste, segundo a natureza das coisas, no uti (usar), frui (fruir), consummere 
(consumir). Pode fazer isso por dinheiro ou gratuitamente, o único requisito é ter a posse, 
sem ela não se pode consumi-la, nem usá-la, nem perceber seus frutos. 
A posse, como tal, não tem nenhum valor econômico, e não o adquire senão porque 
torna possível a utilização econômica da coisa. Seu valor consiste unicamente em seu um 
meio para obtenção de um fim. Daí resulta a compreensão que tirar a posse é paralisar a 
propriedade, por isso a necessidade de proteção possessória. 
No Direito Romano, a posse do proprietário tem uma forma muito mais ampla, os 
romanos davam ao proprietário o direito de recuperar a sua posse se outro a tivessem tirado. 
Esse direito era o reivindicatio. Para que essa ação do proprietário tenha validade não há 
necessidade do réu possuir em suas mãos a coisa no momento da demanda, mas que se 
supunha a existência da posse na pessoa do réu. Outra ação no Direito Romano era a actio 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
5 
publiciana destinada ao bonae fidei possessor (possuidor de boa-fé). Ocorria nos casos em 
que o possuidor não era o proprietário, ma tinha motivos suficientes para julgar-se tal, pois 
além de possuir a coisa de boa-fé, adquirindo-a de modo regular e próprio, para garantir-lhe 
a propriedade contra terceiros. 
Como sempre temos relacionado a posse com a propriedade, podemos assim resumi-
la: 
a) a posse é indispensável ao proprietário para utilização econômica de sua 
propriedade; 
b) resulta disso que a noção de propriedade acarreta necessariamente o direito do 
proprietário à posse; 
c) esse direito não poderia existir se o proprietário não estivesse protegido contra a 
posse injusta; 
d) a proteção do direito possessório do proprietário deve-se ampliar ainda contra 
terceiros possuidores, sendo uma questão aberta para o legislador. 
Esse direito de reclamar a restituição da posse contra possuidores, estendeu-se, mais 
tarde, a outras pessoas distintas do proprietário. São elas: aquelas pessoas a quem o 
proprietário concedeu o direito de utilizar a coisa (direito de superfície e enfiteuse); aquelas 
para quem o proprietário garantiu o pagamento de seus créditos (hipoteca). A essas pessoas 
é dado o atributo de jus in re (direito sobre a coisa). 
Em todas essas ações se reproduz a idéia do direito à restituição da coisa achada em 
mãos de outrem, a volta da posse ao possuidorlegal. 
A posse é o conteúdo ou o objeto de um direito. Ela é o conteúdo do jus possidendi. 
A posse, portanto, é a condição do nascimento de certos direitos e concede por si 
mesma a proteção possessória (jus possessionis em oposição ao jus possidendi). Logo, a 
posse é a base do direito. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
6 
II – A POSSE COMO CONDIÇÃO PARA O SURGIMENTO DE UM DIREITO 
O proprietário conserva sua propriedade mesmo depois de ter perdido a posse. Uma 
vez que posse e propriedade não confundem, poderá a propriedade nascer sem posse, da 
mesma forma, era de se esperar, que uma simples convenção sem entrega da posse fosse o 
bastante para transferir a propriedade. 
Desde o Direito Romano exige-se o ato da tradição para esse fim. A propriedade não 
aparece sem posse senão na aquisição a titulo de herança ou legado. A posse, entre vivos, é 
indispensável para se chegar à propriedade. A aquisição da propriedade das coisas sem 
dono tem também por condição a apropriação da posse. Em todos esses casos, a posse tem 
importância somente como um ponto de transição momentânea para a propriedade. 
Se considerarmos que há outro modo de aquisição da propriedade em que ela passa 
de um estado de transição para uma situação duradoura, temos a situação figurada na 
usucapião. 
Contudo, não é bastante aqui a simples posse como tal, é preciso que concorram 
certas condições, as mesmas a que se refere a proteção jurídica da boa-fé contra terceiros. 
A prescrição revela novamente a estreita correlação que existe entre a posse a 
propriedade. A posse novamente surge como caminho que leva à propriedade, contudo mais 
demorado, por faltarem as condições que concorrem. 
Na teoria da posse, a doutrina não trata dos casos em que a posse aparece como 
condição de aquisição da propriedade. Esta fica a cargo da teoria da propriedade. Aqui a 
posse aparece como tão-somente uma das múltiplas condições de que depende o 
nascimento do direito. No Direito Romano a posse recebeu o aspecto e valor de uma 
instituição jurídica independente. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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III – A POSSE COMO SUSTENTÁCULO DE UM DIREITO 
A idéia fundamental da teoria da posse é o direito que tem o possuidor de preservar 
sua relação possessória até que se encontre alguém que o abale. 
O possuidor é protegido contra todo ataque que esbulhe ou perturbe a sua relação 
possessória. 
No Direito Romano, o interdito possessório conhecido como interdictum, era uma 
ordem emanada do pretor à instância de uma parte e dirigida a outra. Em todas essas ordens 
pretoriais não se ocupava de investigar se as condições eram justas ou não. Esse juízo de 
valor era feito posteriormente caso a ordem não fosse cumprida. 
A questão da prova de quem tinha o direito à posse é uma questão particular do 
Direito Romano. Na teoria possessória romana existe uma qualificação especial para que a 
posse participe da proteção jurídica, e que, em sua conseqüência, distinga duas espécies de 
posse: a posse juridicamente protegida (posse jurídica civil) e a posse juridicamente 
desprovida de proteção (detenção-posse). 
A posse viciosa ocupava o lugar intermediário entre essas duas posses. Expressava a 
relação do possuidor justo para com o injusto. O primeiro tinha que fazer justiça com suas 
próprias mãos, da mesma forma que com relação ao detentor da posse. A idéia fundamental 
do interdito intentado era de que o verdadeiro possuidor tinha o direito de fazer justiça por si 
mesmo e que a autoridade lhe daria proteção caso houvesse oposição. Com isso dava-se à 
força e à justiça privada uma autorização oficial para servir-se dela. 
Esta proteção possessória relaciona-se com esta antiga idéia romana, em que nem 
mesmo ao possuidor natural, ao detentor, é proibido usar da violência para manter-se na 
posse, única exceção admitida era, no caso do detentor, contra aquele de quem se tinha a 
posse. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
8 
IV – RELAÇÕES POSSESSÓRIAS NÃO PROTEGIDAS 
As coisas sobre as quais um direito de propriedade não é possível, não podem ser 
objeto de posse no sentido jurídico, sendo preciso aplicar-se a mesma regra aos que não 
podem ser proprietários. Onde a propriedade não é possível, objetiva ou subjetivamente, a 
posse também não o é. 
Em certos casos em que o proprietário tenha abandonado, por meio de contrato, a 
coisa a outrem, com a reserva de ser-lhe devolvida posteriormente com ou sem condições 
(posse derivada), o Direito Romano concede a posse a certos detentores temporários 
(enfiteuta ou colono hereditário) e nega-se a outros (colono e ao arrendatário ordinários). 
A relação possessória destituída de todo direito garante a posse a quem se apoderou 
da coisa com violência em detrimento daquele que a obteve de um modo justo. Caso que se 
configura na relação possessória com terceiro com que se obrigou por contrato a deixar-lhe a 
coisa durante o termo do arrendamento ou aluguel. Se reclama-la antes da expiração do 
arrendamento, deve restituí-la, de outro modo se faz réu de um esbulho. Cabe ação de 
reparação por danos pelo não cumprimento contratual, mas deve restituir a coisa sem 
oposição. O arrendador tem contra ele o direito de fazer-se justiça e, se for o caso, proceder 
contra ele com o interdito possessório. Os romanos explicam isso afirmando que o colono 
não tem posse própria, simplesmente o exercício da posse de um outro. Para que haja 
posse é preciso que na pessoa do possuidor exista a mesma vontade que na do proprietário 
(animus domini). Essa vontade existe no proprietário real, mas também no putativo e naquele 
que apoderou-se da coisa alheia, mas ela não existe naquele cuja posse se deriva do 
proprietário e reconhece a propriedade de outrem. 
Com relação à posse, a vontade desempenha o papel de um representante que quer 
ter a coisa, não para si, mas para o proprietário. A idéia de representação em matéria 
possessória não é exata senão quando se recebe a coisa exclusivamente no interesse 
daquele que deu para guardá-la, para entregá-la, enfim na posse por procurador. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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O simples detentor tem, contudo, o direito de manter-se por si na posse contra 
perturbação ou esbulho, podendo contar com várias ações, embora não possessórias 
propriamente ditas. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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V – A RAZÃO LEGISLATIVA DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA 
Savigny considerava a razão para o Estado garantir a posse ao possuidor injusto 
como garantia da paz e da ordem pública. Segundo o Direito Romano, o possuidor natural e 
as pessoas incapazes de possuir deveriam ter igualmente um direito a ser protegidos, por ser 
da mesma forma, procurada a defesa da paz e ordem pública esta garantia, quer seja na 
própria pessoa ou na pessoa do possuidor jurídico. Da mesma forma, a posse se protege em 
atenção à vontade da pessoa. 
Isto explica a razão da proteção possessória, dada no Direito Romano, com o intuito 
de dar proteção à propriedade. Em vez de da prova de propriedade que o proprietário deva 
apresentar, é suficiente como prova a posse. 
A posse representa a propriedade em seu estado normal. A posse é a exterioridade, a 
visibilidade da propriedade. O possuidor é o proprietário presuntivo. 
Muitas vezes a prova da propriedade se mostra impossível, como no caso dos bens 
móveis. 
A proteção possessória aparece como um complemento indispensável da 
propriedade. O direito de propriedade sem a ação possessória seria a coisa mais imperfeita 
do mundo. 
No direito atual, a organização da propriedade não se baseia tanto no direito da 
propriedade e na ação reivindicatória como na segurança da posse. Desta forma,a proteção 
possessória é uma facilidade para proteger a propriedade. Onde a propriedade é impossível, 
a posse também o é. Assim, a posse é a exteriorização da propriedade que o direito deve 
proteger. 
Onde não se pode conceber juridicamente a propriedade, não pode haver questões 
acerca da presunção da propriedade que constitui a base da proteção possessória. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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Se para ser protegido como possuidor basta demonstra sua posse, essa proteção 
aproveita tanto ao proprietário como ao não proprietário. A proteção possessória 
estabelecida para o proprietário, beneficia também o possuidor. 
A propriedade e a posse nada têm de comum e por isso não podem de forma alguma 
ser confundidas. Dessa maneira, o direito não pode objetar ao autor que é proprietário ou 
que tem um direito obrigacional sobre a coisa. 
No possessório apenas se discute a questão da posse. No petitório a questão de 
direito. A concessão da proteção possessória estende-se também àqueles que não têm 
direito, como conseqüência indesejada, porém inevitável. 
A proteção possessória não foi introduzida para o proprietário, mas para o possuidor. 
A proteção possessória do Direito Romano não pode ser entendida senão do ponto de 
vista da propriedade. O desenvolvimento histórico da proteção possessória assim como a 
organização dogmática da teoria possessória por parte dos juristas romanos basta para 
demonstrar a existência dessa relação legislativa entre a propriedade e a posse. 
Dessa forma, podemos concluir que: 
1º) a posse constitui condição de fato da utilização econômica da propriedade; 
2º) o direito de possuir é um elemento indispensável da propriedade; 
3º) a posse é a guarda avançada da propriedade; 
4º) a proteção possessória apresenta-se como uma posição defensiva do proprietário, 
com a qual pode ele repelir com mais facilidade os ataques dirigidos contra a sua esfera 
jurídica; 
5º) nega-se onde quem que seja que a propriedade seja juridicamente excluída. 
Em tudo aparece a relação da posse com propriedade. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
12 
VI – A POSSE É UM DIREITO 
A questão a saber é se posse é um direito ou um fato. Para a maioria ela é um direito. 
A posse nasce puramente do fato, sem pressupor um direito. A posse é um direito de 
uma espécie particular, por sua natureza diferente dos demais. 
Para se aplicar a uma relação jurídica uma distinção teórica de caráter geral, é 
necessário determiná-la com precisão. Nas doutrinas mais antigas, essa distinção não foi 
feita e, no máximo, via-se expressão: “o direito como meio-termo de equivalentes”. 
Os direitos são os interesses juridicamente protegidos. Ou ainda “legalmente 
protegidos”, uma vez que a lei é única fonte do direito no sentido objetivo. O interesse em 
abstrato será decisivo para o legislador no estabelecimento de todos os tipo jurídicos sem 
exceção. O direito é, sob o ponto de vista concreto, absolutamente independente da questão 
do interesse. 
Em alguns casos concretos, esta idéia não corresponde, como as chamadas pelo 
autor de obrigações interessadas, como, por exemplo, o mandato. Nestes casos é preciso a 
posse de um interesse concreto para dar ao juiz uma medida de avaliação. Há ainda os 
casos citados em lei em que a falta de interesse opõe-se ao exercício de certas faculdades. 
Partindo-se, pois, da definição que os direitos são os interesses juridicamente 
protegidos, chega-se a ao reconhecimento do caráter de direito à posse. A posse constitui a 
condição da utilização econômica da coisa. 
A esse elemento substancial de toda noção jurídica, o direito acrescenta na posse a 
proteção jurídica e, com ele, todas as condições jurídicas de um direito. Se a posse não 
fosse protegida, não constituiria senão uma relação de fato sobre a coisa, mas, na medida 
em que é protegida, reveste o caráter de relação jurídica, o que vale tanto como um direito. 
Um fato não é um direito. Porém, quando a lei concede a um fato conseqüências 
jurídicas que favoreça a uma determinada pessoa, que coloca na situação de assegurá-la 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
13 
por meio de uma ação, provoca a produção do conjunto das condições legais que chamamos 
direito. 
Assim, aplicando-se o conceito à posse: “ao fato do nascimento da posse a lei liga a 
conseqüência jurídica de que o possuidor pode exigir de terceiros o respeito para a situação 
possessória”. 
Em qualquer fato que engendrem conseqüências que a lei garante ao interessado, por 
meio de uma ação própria, exclusivamente destinada a esse fim, classificamos esse fato 
como geradores de um direito. 
Na posse, a manutenção da revelação do fato é condição do direito à proteção. O 
possuidor não tem um direito senão enquanto ou quando possui. No direito de posse, o fato 
é condição permanente. 
Todo interesse que a lei protege deve receber do jurista o nome de direito, 
considerando-se como instituição jurídica o conjunto dos princípios que a ele se referem. 
Dessa forma, a posse, como relação da pessoa com a coisa, é um direito e, como parte do 
sistema jurídico, é uma instituição do direito. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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VII – POSIÇÃO DA POSSE NO SISTEMA JURÍDICO 
A posse aparece como uma relação imediata da pessoa com a coisa, logo pertence 
ao direito das coisas. 
A propriedade é o centro de todo direito das coisas. 
A proteção possessória e a propriedade putativa são como instituições paralelas ao 
direito de propriedade. Com elas relacionam-se os direitos reais sobre a coisa alheia, isto é, 
os direitos revestidos da proteção absoluta. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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VIII – ORIGEM E EXTINÇÃO DA POSSE (EXISTÊNCIA CONCRETA), CONDIÇÃO DA 
VONTADE 
A simples proximidade espacial da pessoa com a coisa não cria a posse; é preciso 
para isso a vontade (animus), que estabelece um laço entre elas. A aquisição da posse não 
pode ser procurada senão mediante um ato especial da vontade da pessoa dirigida para 
esse fim – a to de apreensão. Para aqueles incapazes de vontade (etária ou mentalmente) é 
necessário o ato do tutor. 
Essa vontade deve tentar possuir a coisa como própria – animus domini. A falta desta 
vontade é o que caracteriza a mera detenção. 
A diferença está, não na natureza particular da vontade de possuir, a qual não tende 
nunca à apreensão da coisa, mas na disposição legal que, conforme a relação, faz nascer, 
ora a posse, ora a detenção ou apreensão. A simples declaração da vontade não é suficiente 
para adquirir-se a posse, é preciso também a manifestação real da vontade. 
A vontade pode preceder à apropriação corpórea da coisa. Não é preciso o ato de 
apreensão pelo possuidor mesmo, porque a relação de fato existe e a vontade do possuidor 
manifestou-se de antemão. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
16 
IX – A APROPRIAÇÃO CORPÓREA DAS COISAS 
Dá-se o no nome de corpus à relação exterior da pessoa com a coisa estabelecida 
pela apreensão. É o poder físico do fato sobre a coisa, segundo os romanistas. Mas a posse 
não é o poder físico, mas a exterioridade da propriedade. Onde não é possível a 
propriedade, também não o é a posse. 
Para a categoria de coisas semoventes, não há poder físico sobre a coisa; a 
segurança do possuidor não se funda em achar-se na situação de excluir a ação das 
pessoas estranhas, mas em que a lei proíbe essa ação. Ou seja, apóia-se não em um 
obstáculo físico, mas em um obstáculo jurídico. 
Da mesma forma alguns bens imóveis também se acham livre de impedimentos 
físicos para ação de terceiros. A posse se protege com o direito nãopara dar ao possuidor a 
satisfação de ter poder físico sobre a coisa, mas para tornar possível o seu uso econômico 
em relação às suas necessidades. 
Para certas coisas, o ponto de vista do poder físico é perfeitamente exato: são 
aquelas que para serem garantidas devem ser guardadas, sob sua proteção. Essas coisas 
são as que se podem guardar e defender. 
Em resumo, existem duas formas de relação possessória entre a pessoa e a coisa: 
1ª) sobre coisas que se podem guardar e defender – relação de poder físico sobre a 
coisa; 
2ª) sobre as coisas livres ou abertas – não há relação de poder. 
A noção de posse oferece a terceiros a possibilidade de reconhecerem se há 
realmente posse. Isto é, a questão da posse é julgada conforme a destinação econômica. 
A posse reconhece-se exteriormente; os terceiros podem saber se a relação 
possessória é normal ou anormal. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
17 
Se dá interesse jurídico à posse perturbada ou ameaçada e ao possuidor a 
possibilidade de defender seu direito. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
18 
X – A POSSE DOS DIREITOS 
No Direito Romano, havia ainda os interditos quase-possessórios e diziam respeito às 
servidões rurais de águas e de caminhos para superfícies. 
O caráter de ação possessória comparado com a ação petitória era observado tanto 
com relação à restrição do litígio em questão de posse como em relação à falta de sua 
decisão sobre a questão de direito. 
A relação da posse com o direito reside no fato de que o que se protege na posse não 
é o estado de fato como tal, mas um estado de fato que pode ter por base um direito e, por 
conseguinte, pode ser considerado como o exercício ou a exterioridade de um direito. 
Onde não há propriedade não pode haver posse, corresponde dizer onde não há 
direito não pode haver pose de direito, ou, em linhas processuais, onde não há petitório não 
pode haver possessório. 
Para a proteção possessória a possibilidade do direito e a exterioridade de seu 
exercício são suficientes para reivindicar a proteção do Estado. Para a quase-posse o que 
implica é uma pretensão de direito. 
A posse dos direitos é de grande importância para a teoria possessória. A noção de 
posse deve compreender a posse das coisas e a dos direitos. A posse dos direitos transpõe 
a exterioridade do direito. 
A posse das coisas é a exterioridade da propriedade; a dos direitos é a exterioridade 
dos direitos sobre a coisa alheia. 
O ponto de vista da exterioridade do direito cria um laço entre o fato e o direito 
apresentando-se como um elemento proporcionado pela noção do direito mesmo. O 
exercício do direito e a proteção que a lei concede a esse estado de coisa acham a sua 
justificação na circunstancia de que na maioria dos casos coincidem com o direito. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
19 
Se o estado de puro fato fosse protegido como tal, deveria sê-lo também onde ele não 
pudesse ser considerado como o exercício de um direito. 
Em resumo, o Direito Romano protege na posse a exterioridade do direito; criou esta 
proteção em favor daquele que tem o direito, mas para procurá-la tinha de permitir que 
participasse dela também aquele que não tivesse direito. Para aquele que não tem direito, a 
proteção possessória é somente provisória; para o outro, conta o qual ninguém pode ir pelo 
caminho do direito para esbulhá-lo da posse, a proteção é definitiva. 
A teoria possessória até então, desconhecia esse fim legislativo da proteção 
possessória, e em sua construção da teoria da posse tomo por ponto de partida, não aquele 
que tem o direito, mas o que não tem. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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XI – TRANSFORMAÇÃO DA POSSE NO DESENVOLVIMENTO DO DIREITO ROMANO 
A posse das coisas no Direito Romano supunha, em primeiro lugar, uma perturbação 
ou uma ameaça na posse de uma coisa imóvel e tendia à manutenção do estado existente 
das coisas. Em segundo lugar, supunha um esbulho injusto de quaisquer coisas, móveis ou 
imóveis, e a condenação do réu a restituí-los. 
Essa idéia está presente em várias legislações em que o interesse na questão da 
posse é um elemento fundamental. 
A posse dos direitos alcançou no desenvolvimento do direito moderno uma extensão 
bem extraordinária. A idéia básica é a de que todo individuo que se acha no gozo pacifico de 
um direito qualquer, ao qual corresponde um exercício prolongado, e de qualquer espécie 
que seja o direito, monopólio, privilégio, direito patrimonial ou da família, constante em um 
estado de fato, em atos daquele que tem direito, ou em prestações do obrigado, tais como o 
pagamento de rendas, prestações, etc, deve ser protegido provisoriamente nesse gozo 
quando lhe seja disputado, até que a não-existência do direito se justifique judicialmente. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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XII – A LITERATURA 
O Tratado da Posse de Savigny abriu novos horizontes, influindo não somente na 
teoria da posse, como também no desenvolvimento de toda a ciência romanista. Do ponto de 
vista da história do assunto, tem o mérito de haver excita e favorecido poderosamente a 
investigação científica no terreno da teoria possessória. 
A obra de Burns, O Direito da Posse na Idade Média e em Nossos Tempos, é a obra 
cientifica mais preciosa de nossos tempos acerca da posse. Ela resolveu o problema que se 
havia imposto, isto é, o desenvolvimento histórico da posse no mundo moderno, fazendo-o 
de tal modo que nada mais ficou por decidir-se. 
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CONCLUSÃO 
No Direito Romano as formalidades eram essenciais. Primeiro se constata um conflito 
e depois arranjavam uma solução. Também os tipos de posse se dividiam consoante a sua 
natureza: a) Domínio – reivindicati; b) Possessio rei (posse com sentimento de domínio) - 
animu domini; c) Quasi possessio (posse sem sentimento de domínio) - animo sibe hebendi; 
d) Possessio naturalis ou nuda detentio (não há posse, mas sim autorização do dono) - 
animu detinendi. 
Às situações de possessio rei e de quasi possessio correspondia o novo processo de 
interdicta. Estes dois conceitos bifurcavam numa situação de possessio simplesmente. E tal 
correspondia a um animus possidendi. 
Mais tarde, dois conceitos-base apareceram: 
1) Possessio civilis que se desdobra em: o Possessio rei (corpus + animus possidendi 
- processo de interdicta); o Quasi possessio (corpus + animus possidendi - processo de 
interdicta); 
2) Possessio naturalis (corpus + animus detinendi) ou nuda detentio. 
A possessio civilis é para nós posse formal. A possessio naturalis é para nós posse 
precária ou detenção. E o domínio é a posse causal. As interdicta são um meio de defesa 
mais fraco do que a reivindicatio e menos exigente e, dado que eram medidas de caráter 
administrativo, que impunham ou proibiam condutas, eram muitas vezes usados mesmo 
pelos proprietários, para proteger as situações de posse. 
Para Savigny, a fim de se caracterizar a posse, é necessário que o possuidor tenha o 
“corpus” e “animus”, sendo que se tiver somente o “corpu” não será considerado possuidor e 
sim, detentor, não tendo, com isto, proteção possessória. 
 Teoria Simplificada da Posse – Rudolf von Jhering 
 
 
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Savigny era um romanista convicto. Foi beber no Direito Romano puro, pré-
justinianeu. Pesquisou estas distinções, já previstas naquela altura. Jhering foi beber no 
Direito Germânico – filosofia diferente, que levou à construção de conceitos diferentes. 
Para Jhering o elemento essencial é o corpus (elemento material que se traduz nopoder físico da pessoa sobre a coisa), não sendo necessário o animus possidendi, bastando 
o animus detinendi (animus: é o elemento intelectual que representa a vontade de ter a coisa 
como sua). Foi às fontes germânicas, pois para estes era o domínio e outras situações 
indiferenciadas de direito sobre as coisas, que eram todas posses possibilitando assim 
diversos conteúdos e intensidades, desde que essa pessoa demonstre vontade de continuar 
a reter a coisa, sempre que exista o corpus voluntariamente assumido, a posse será tutelada 
juridicamente, a não ser que a lei diga o contrário. 
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BIBLIOGRAFIA 
JHERING, Rudolf von. Teoria Simplificada da Posse. Tradução: Ricardo Rodrigues 
Gama. 1ª ed. Campinas: Russel Editores, 2005.

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