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FIBRO EDEMA GELÓIDE (FEG) Profa. Renata Cappellazzo DEFINIÇÃO Existe uma inadequação no conceito de FEG Há muito tempo vem sendo denominado como celulite Celulite: inflamação da célula É um termo incorreto, sendo que são corretos os termos: Fibro edema gelóide (FEG) Lipodistrofia ginóide (LDG) Paniculite adiposa Paniculose, etc. DEFINIÇÃO A denominação fibro edema gelóide tem-se demonstrado como conceito mais adequado para descrever tal alteração Fisiopatologicamente, várias hipóteses tem sido propostas para explicar tal disfunção, entretanto, até o momento nenhuma foi aceita como definitiva Sem dúvida, trata-se de uma desordem localizada que afeta o tecido dérmico e subcutâneo, com alterações vasculares e lipodistrofia com resposta esclerosante, que resulta no inestético aspecto macroscópico DEFINIÇÃO O FEG trata-se de um tecido mal-oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem elasticidade, resultante de um mau funcionamento do sistema circulatório e das consecutivas transformações do tecido conjuntivo As alterações teciduais podem ser divididas em 04 fases histológicas Primeira Fase Um acúmulo patológico de lipídeos se desenvolve nos adipócitos causando hipertrofia adipocitária e empurrando o núcleo para a periferia Ocorre um atraso na drenagem do líquido intercelular O tecido fica inundado, congesto Ocorre compressão dos vasos sangüíneos, com conseqüente dilatação e distensão da parede vascular, aumentando assim a permeabilidade vascular com conseqüente extravasamento de líquido seroso para o tecido conjuntivo, gerando um maior aumento da pressão e congestão Segunda Fase O líquido que extravasa para o tecido conjuntivo é rico em resíduos celulares, que atuam como corpo estranho Estes resíduos provocam reações químicas, tentativas de defesa contra tais elementos estranhos Ocorre o espessamento dos septos interlobulares, proliferação de fibras colágenas O tecido torna-se espesso e adquire uma consistência gelatinosa, cada vez mais densa à medida que o tempo passa Terceira Fase Origina-se um verdadeiro tecido fibroso, muito denso, que envolve e comprime todos os elementos do tecido conjuntivo, artérias, veias e nervos, formando uma barreira contra as trocas vitais Tal organização fibrosa passa a ser a causa do FEG Quarta Fase Nota-se um espessamento do tecido conjuntivo interadipocitário O tecido fibroso torna-se cada vez mais cerrado, endurece continuamente e, com o tempo torna-se esclerosado, ou seja, torna-se um tecido muito duro, firme, aprisionando os produtos nutritivos, residuais, a água e os lipídeos Com o endurecimento tecidual ocorre uma irritação contínua nas terminações nervosas, resultando em dores à palpação ETIOPATOGENIA De maneira geral pode-se delinear uma etiologia para o fibro edema gelóide, enumerando e subdividindo os fatores que provavelmente desencadeiam o processo em 03 classes: Fatores Predisponentes Fatores Determinantes Fatores Condicionantes FATORES PREDISPONENTES Podem predispor ao FEG Genéticos Idade Sexo Desequilíbrio hormonal FATORES DETERMINANTES São fatores que tornam o indivíduo um acesso fácil para desenvolver o FEG Stress, fumo sedentarismo Desequilíbrios glandulares Perturbações metabólicas do organismo de um modo geral (diabetes) Maus hábitos alimentares FATORES CONDICIONANTES A partir dos fatores citados, criam-se perturbações hemodinâmicas locais, que podem: Aumentar a pressão capilar Dificultar a reabsorção linfática Favorecer a transudação linfática nos espaços intersticiais SEXO A mulher possui um número 2 vezes maior de adipócitos O corpo feminino tem tendência ao acúmulo de gordura nos glúteos e coxas (áreas “ginóides”) O corpo masculino tem tendência ao acúmulo de gordura no abdome IDADE É um dos fatores de predileção para o desenvolvimento e evolução da obesidade e FEG Na mulher, qualquer aumento de tecido adiposo, com a idade, tende a depositar-se nas zonas de preferência dos estrogênios, sobretudo nos braços, quadris, glúteos e coxas IDENTIFICAÇÃO DO FEG Aspectos clínicos e epidemiológicos A incidência é maior na raça branca quando comparado com a raça negra e amarela As 04 evidências clínicas encontradas na palpação do FEG são conhecidas como “Tétrade de Ricoux”: Aumento da espessura do tecido celular subcutâneo Maior consistência tecidual Maior sensibilidade à dor Diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos Os sinais patológicos do FEG são facilmente verificáveis por testes simples e seguros Em certos estágios não é necessário teste algum, basta olhar Inspeção Deve ser feita com a paciente em posição ortostática A posição de decúbito não é adequada (ação da gravidade) Palpação Dois testes devem ser realizados para confirmar o diagnóstico de FEG: “TESTE DE CASCA DE LARANJA” Pressiona-se o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos, e a pele se parecerá com uma casca de laranja, com aparência rugosa “TESTE DE PREENSÃO” ou “PINCH TEST” Após a preensão da pele juntamente com a tela subcutânea entre os dedos, promove-se um movimento de tração. Se a sensação dolorosa for mais incômoda do que o normal, este também é um sinal de FEG, onde já se encontra alteração de sensibilidade http://www.fisiohoje.hpg.ig.com.br/imagem/imageFFT.jpg Na palpação das regiões atingidas, podemos notar, rolando entre os dedos, numerosos nódulos muito duros, que são os nódulos do infiltrado tecidual Além disso, encontra-se um aumento local de sensibilidade dolorosa, aumento do volume e da consistência do tecido celular subcutâneo, além da deformação da pele e dos tecidos pelas aderências LOCALIZAÇÕES PREFERENCIAIS O FEG pode atingir qualquer parte do corpo, exceto as palmas das mãos, planta dos pés e couro cabeludo São atingidas com maior freqüência: Porção superior das coxas Porção interna dos joelhos Região abdominal Região glútea Porção superior dos braços ESTÁGIOS DO FEG Segundo Ulrich, as lesões teciduais surgem em 03 estágios, subdivididos segundo a gravidade de cada um: FEG grau 1 (brando) FEG grau 2 (moderado) FEG grau 3 (grave) FEG GRAU I (Brando) Somente é percebido pela compressão do tecido entre os dedos ou pela contração muscular voluntária Nesta fase, o FEG ainda não é visível somente à inspeção, e não há alteração da sensibilidade à dor FEG GRAU II (Moderado) As depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos, sujeitas, portanto, a ficarem ainda mais aparentes mediante a compressão dos mesmos Pode haver alteração da sensibilidade à dor FEG GRAU III (Grave) O acometimento tecidual pode ser observado quando o indivíduo estiver em qualquer posição, ortostática ou em decúbito A pele fica enrugada e flácida A aparência, por apresentar-se cheia de relevos, assemelha-se a um “saco de nozes” A sensibilidade à dor está aumentada As fibras do conjuntivo estão quase totalmente danificadas O FEG bando é sempre curável, o moderado é freqüentemente curável e o grave é considerado incurável, ainda que passível de melhora Os estágios do FEG não são totalmente delimitados, podendo ocorrer uma sobreposição de graus em uma mesma área de uma mesma paciente TRATAMENTO O tratamento do FEG envolve diversos profissionais, sendo que existe uma gama de tratamentos e recursos que, quando perfeitamente integrados, proporcionam bons resultados É um distúrbio de etiologia multifatorial; sendo assim, os melhores resultados são obtidos com procedimentos variados e complementares entre si, sendo aindamuito importante a orientação da paciente para uma manutenção e/ou complementação doméstica O principal fator na obtenção de um bom resultado terapêutico é o correto diagnóstico aliado à escolha do melhor recurso para a terapia em questão TRATAMENTO TRATAMENTO CIRÚRGICO Lipoaspiração superficial, com rompimento de bandas fibrosas e liberação da gordura projetada Subcisão (subcision) Desloca-se as fibras de alto teor fibrótico Inicia-se com a anestesia tópica com vasoconstritor, em seguida um estilete especial do tipo agulha é inserido na pele, sendo movimentado em “leque” no plano desejado, seccionando os septos fibrosos até que os mesmos deslizem livremente pelo tecido ESTILETE ESPECIAL PARA EXECUÇÃO DA TÉCNICA DE SUBCISÃO CIRURGIA DE SUBCISÃO Sequelas da subcisão: Fibroses nodulares (coincidentes com os pontos de incisão) Depressões teciduais Discromias Cicatrizes hipertróficas ou queloideanas Infecções Abcessos REABILITAÇÃO PÓS-CIRÚRGICA Drenagem linfática nos MMII, abdome, região lombar e glútea (melhora a cicatrização e previne o edema) Gelo nas primeiras 24h US após 24h, na freqüência de 3 MHz, com intensidade média de 0,4 a 0,6 W/cm2 no modo contínuo ou pulsado a 50% (atenua os hematomas, diminuindo o risco de fibrose) Massagem de fricção e/ou amassamento circular, desde que não promova novas petéquias ou hematomas Laser após 24h, com densidade de energia de 8 J/cm2 de forma pontual (estimulação do processo de cicatrização) TERAPIA NUTRICIONAL Dieta alimentar hipocalórica, orientada por profissional competente TERAPIA MEDICAMENTOSA Mesoterapia ou intradermoterapia Utiliza a derme como receptora e difusora de pequenas quantidades de medicamentos Consiste em efetuar múltiplas injeções intradérmicas de uma mistura de diferentes substâncias farmacológicas É uma mistura composta de enzimas, vasodilatadores e substâncias que auxiliam no metabolismo do tecido conjuntivo O composto é injetado com aplicador tipo pistola, o qual porta uma agulha, geralmente de 4mm ATIVOS FARMACOLÓGICOS Atuam no tecido conjuntivo ou na microcirculação, podendo ser utilizados por via tópica, sistêmica ou transdérmica Dentre os princípios atuantes na microcirculação temos os extratos vegetais de hera e a castanha da índia, ricos em saponinas, além de ginkgo biloba e rutina Atuação sobre o tecido adiposo metilxantinas (teobromina, teofilina, aminofilina, cafeína, etc. Com ação sobre o tecido conjuntivo destacam-se o silício (regula o metabolismo) e a Centella asiática (regula a estruturação das formas fibrilares conectivas) ENZIMAS DE DIFUSÃO Consiste na difusão de substâncias medicamentosas no organismo Como o FEG é caracterizado por uma hiperpolimerização de mucopolissacarídeos da substância fundamental amorfa, as enzimas utilizadas no seu tratamento são mucopolissacaridases e hialuronidades com ação despolimerizante As enzimas podem ser encontradas na forma de comprimidos, supositórios, injetáveis e cremes São administradas pelo fisioterapeuta de 02 formas: Corrente contínua (ionização) Ultra som (fonoforese) TERAPIA FÍSICA A atividade física é de extrema importância no tratamento de estados lipodistróficos O sedentarismo contribui para o agravamento do FEG, pois: Diminui a massa muscular e aumenta a massa gordurosa Aumenta a flacidez músculo-tendínea Diminui o mecanismo de bombeamento muscular dos MMII, dificultando o retorno venoso e linfático O tecido afetado pelo FEG é mal-oxigenado e mal nutrido, pelo fato da circulação sangüínea e linfática ser deficiente FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL Correntes excitomotoras Eletrolipoforese Endermologia Vacuoterapia Ultrassom Drenagem linfática manual Radiofrequência
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