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07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 1/59 Fundamentos dos contratos Prof. Gilberto Fachetti Silvestre Descrição Abordagem conceitual e prática dos planos de análise e dos princípios dos contratos. Propósito Essa é uma das principais matérias das quais resultam demandas discutidas em ações judiciais, sendo, portanto, um assunto de grande viés prático e operabilidade para o exercício das profissões jurídicas que o aluno irá exercer no futuro. Preparação Tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará consultá-lo para compreender a disciplina jurídica. Objetivos Módulo 1 Evolução histórica, fontes, ato, fato e negócio jurídico e conceito Reconhecer os conceitos básicos da matéria contratual. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 2/59 Módulo 2 Elementos e validade dos contratos Analisar os principais elementos e requisitos de validade do contrato. Módulo 3 Princípios e teoria da imprevisão Identificar os princípios contratuais e as consequências da teoria da imprevisão. O contrato é um instrumento importante para o desenvolvimento social e econômico, pois a partir dele ocorre a circulação e a produção de bens e serviços (riquezas), base do sistema capitalista. As consequências sociais e jurídicas dos contratos servem de campo fértil para o desenvolvimento profissional do aluno que está sendo formado. Apresentaremos um panorama geral do contrato, abordando como constituí-lo de forma válida e mostrando quando ele está de acordo com a legislação. Por fim, veremos o regime jurídico dos princípios contratuais, de modo a resumir e sistematizar as principais regras sobre a matéria. Introdução 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 3/59 1 - Evolução histórica, fontes, ato, fato e negócio jurídico e conceito Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer os conceitos básicos da matéria contratual. Conceito de contrato No vídeo a seguir, o especialista Gilberto Fachetti Silvestre, Doutor em Direito Civil, apresenta uma definição contemporânea de contrato. Vamos assistir! 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 4/59 Fontes dos contratos O contrato, para o Direito, é um negócio jurídico bilateral, um ato não lesivo, ato jurídico em sentido estrito, que, por sua vez, é um fato jurídico. Fato jurídico é o evento (dependente ou não da vontade humana) que recebeu qualificação de norma jurídica, caracterizando-se pela possibilidade de produzir efeitos jurídicos. Esses efeitos jurídicos têm a ver com o surgimento, modificação ou extinção de relações jurídicas. Veja o esquema de classificação dos fatos jurídicos: Imagem 1: Classificação do fato jurídico. São os eventos que decorrem de fenômenos naturais e que produzem efeitos jurídicos. Tais fatos não podem ser controlados pela vontade humana e ocorrem por força da natureza. São considerados: Lesivos: se tais fatos naturais ocasionam prejuízos (ex.: incêndio, tempestade, furacão, que destroem propriedades e ensejam o pagamento de seguro). Não lesivos: se tais fatos não causam prejuízo (ex.: o nascimento de um filho, que cria o vínculo de filiação; a morte, que abre a sucessão legítima e testamentária). São aqueles acontecimentos sobre os quais o ser humano tem controle e consciência sobre sua realização. Por isso, são chamados de atos de vontade, pois resultam da vontade da pessoa Fato jurídico stricto sensu (ou fato jurídico em sentido estrito) Ato jurídico lato sensu (ou em sentido amplo) 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 5/59 envolvida. Desse modo, toda vez que se desejar dizer que algum acontecimento foi produzido pela ação humana, deve-se chamar tal fenômeno de “ato”. Ou seja, “ato” designa aquilo que é realizado pela vontade humana. São chamados de: Lesivos: se desse ato decorrem danos. Suas subcategorias são: Ato ilícito (ex.: arts. 186 e 187 do Código Civil); Ato lícito ou benéfico (ex.: art. 188 do Código Civil). Não lesivos: se não há danos, pois o objetivo é produzir efeitos jurídicos normais.Suas subcategorias são: Ato jurídico stricto sensu (ex.: art. 185 do Código Civil); Negócio jurídico (ex.: arts. 104 a 184 do Código Civil). É quando alguém pratica um determinado ato sem intenção de obter os resultados que acabam surgindo daquele ato. O indivíduo assume determinada conduta dirigida a algum objetivo. Porém, na realização do ato, acaba por praticar outro acontecimento que não havia planejado inicialmente. Por isso, é um ato sem vontade, pois o resultado obtido não era o planejado. Quanto ao negócio jurídico, trata-se de um tipo de ato jurídico lato sensu que corresponde a uma manifestação de vontade de uma ou mais pessoas. Assim, o negócio jurídico é um ato voluntário, o que significa dizer que ele é produzido por acordo de vontade de uma ou mais pessoas. A constituição de um negócio jurídico pode ocorrer a partir da manifestação de uma pessoa ou de mais interessados. Por isso, os negócios jurídicos podem ser assim classificados: Unilaterais São aqueles negócios que passam a existir pela manifestação de vontade de uma pessoa. Ou seja, basta um sujeito manifestar sua vontade para que exista negócio jurídico com outra pessoa. Ato-fato 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 6/59 Bilaterais Nesses atos deve ocorrer um acordo de vontades entre as pessoas envolvidas. Não basta que um sujeito queira constituir o negócio; é preciso que a outra pessoa aceite celebrá-lo. Plurilaterais Nesse tipo de negócio serão necessárias as manifestações de vontade de mais de duas partes para a celebração e existência do ato. O negócio jurídico é um acordo de vontades (negócios bilaterais) ou uma vontade dirigida a produzir efeitos (negócios unilaterais). Assim como nos atos jurídicos stricto sensu, o negócio jurídico depende da vontade de querer ou não constituir o vínculo. A diferença está em como os efeitos são produzidos. Vejamos: Ato jurídico stricto sensu As partes envolvidas se submetem a efeitos já previstos e determinados na lei (eficácia ex legge). Negócio jurídico As partes têm ampla liberdade para determinar quais serão os efeitos, como eles podem ser produzidos e quais condutas devem ser assumidas pelas partes. Enfim, a eficácia é concebida e criada pelas partes e justamente por isso os negócios têm eficácia ex voluntate: os efeitos jurídicos produzidos por esse acordo de vontades ou pela simples manifestação de vontade são elaborados pelas pessoas envolvidas no ato (partes ou negociantes), tendo a lei papel limitante dessa autonomia e, às vezes, supletivo. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 7/59 Todo negócio é produzido pela liberdade das pessoas (autonomia negocial) de criar obrigações para seu âmbito civil. Assim, o negócio jurídico, portanto, é concebido como aquela situação em que pessoas se vinculam e criam obrigações para atender a interesses geralmente patrimoniais, promovendo a circulação de riquezas (bens e serviços). O contrato é um negócio jurídico e, portanto, um ato voluntário caracterizado como um acordo de vontades entre dois ou mais polos de interesse – as partes –, no qual ocorre uma transação econômica. O negócio jurídico, tal qual concebido pela Pandectística, comporta algumas espécies. Uma delas – talvez a mais importante ou pelo menos a socialmente predominante – é o contrato. O contrato é um acordo de vontade que promove a circulação de riquezas entre pessoas. Atenção! Não é obrigatório que se trate de uma circulaçãorecíproca entre os sujeitos contratantes (sinalagmaticidade), pois há contrato em que apenas uma parte pode ter que prestar o crédito (gratuidade- unilateralidade). Então, o que distingue o contrato de outras modalidades de negócio se em todas elas a circulação de riquezas aparece como a característica comum? O fato de que a circulação somente ocorrerá se houver consenso recíproco entre os contratantes, isto é, se uma proposta (manifestação de vontade) foi aceita pela outra parte. Quer dizer, o contrato é o “encontro” de duas manifestações de vontade dos polos de um negócio. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 8/59 Diferentemente de outras figuras negociais, como o testamento, o legado, o codicilo, a promessa de recompensa. Nelas, basta que uma das partes manifeste sua vontade para que o negócio se constitua, independentemente da vontade do outro sujeito, que irá adquirir seus direitos. Caso nada desejar, o adquirente dos direitos deverá renunciá-los. Resumindo As figuras negociais citadas, como o testamento, o legado, o codicilo, a promessa de recompensa, são chamadas de negócios unilaterais, pois basta a vontade de um sujeito para serem formadas; e os contratos são os típicos negócios bilaterais, já que dependem de duas vontades consonantes (proposta + aceitação). Conceito de contrato e sua evolução Individualmente, o contrato é um modo de satisfação de um interesse privado; coletivamente, é o instrumento de desenvolvimento socioeconômico da sociedade. Nesta última perspectiva, o contrato é a base do desenvolvimento econômico porque promove a circulação de riquezas (bens e serviços). Na perspectiva social, o contrato é a forma mais comum de relação entre as pessoas; é a base da relação de trabalho e, como forma de aquisição da propriedade, permite às pessoas o mínimo patrimonial e a satisfação de seus interesses legítimos. Estes são os elementos fundamentais que caracterizam o contrato e, consequentemente, ajudam em sua definição. Acordo de vontades T d t t t t ( t ) it d t i d b 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 9/59 Todo contrato representa um consenso entre pessoas (partes) a respeito determinado bem da vida de valor patrimonial. O contrato não é o papel assinado pelas partes. Autonomia das pessoas O contrato tem como causa eficiente a autonomia privada dos sujeitos, que é o poder que o direito dá às pessoas para constituir relações jurídicas. Fonte do direito Como toda relação jurídica é um complexo de direitos e deveres (situações jurídicas), tem-se que o contrato é fonte do direito, ou seja, é ato jurígeno. Lei entre as partes Como cria direitos e deveres, ou seja, vínculo jurídico, o contrato assume caráter obrigatório, constituindo verdadeira lei para as pessoas que dele participam. Essa obrigatoriedade dá ao contrato juridicidade, isto é, exigibilidade jurídica. Relação obrigacional (obrigação) Em todo contrato, dado seu caráter patrimonial, haverá pelo menos uma prestação (obrigacional), isto é, o contrato é um acordo no qual as partes assumem o compromisso de dar, fazer ou não fazer algo. Instrumento de desenvolvimento econômico O t t é f j ídi d l ã t t d b d 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 10/59 No que diz respeito a todo contrato ser uma relação obrigacional (obrigação), suas prestações, ou seja, o compromisso de dar, fazer ou não fazer algo, podem ser recíprocas ou não, classificando-se o contrato em: Aquele em que somente uma das partes tem que dar, fazer ou não fazer algo em favor de outra parte, que apenas se beneficia, não tendo que nada prestar ao outro. Geralmente, o contrato unilateral também é gratuito, ou seja, apenas a parte que recebe a prestação em seu favor tem benefícios patrimoniais. Por isso, os contratos unilaterais e gratuitos são chamados de negócio benéfico. Exemplo: doação pura, comodato, mútuo O contrato é umas formas jurídicas de relação entre as pessoas, estando na base da sociedade (contrato social) e da legítima aquisição de propriedade. Promove a circulação de bens e riquezas. Esses elementos tornam o contrato o instrumento fundamental do capitalismo. Desenvolvimento social Um país economicamente desenvolvido apresenta as melhores condições para promover o desenvolvimento social (embora, claro, essa correspondência teórica nem sempre se verifique na realidade). Espaço de liberdade O contrato serve à satisfação dos interesses particulares, sendo livre a fixação do seu conteúdo para atender a tais interesses. Contudo, tal liberdade se exerce com responsabilidade e de acordo com as proibições de ordem pública fixadas em lei. Unilateral 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 11/59 Aquele em que ambas as partes assumem prestações uma para com a outra. Geralmente, a bilateralidade também representa uma onerosidade (contratos onerosos), pois há transmissão de valores patrimoniais entre as partes. A bilateralidade contratual é caracterizada pela existência de um sinalágma, ou seja, uma contraprestação para uma prestação (sinalagmaticidade). Por esse motivo, os contratos bilaterais também são chamados de contratos sinalagmáticos. Aplicam-se ao contrato as regras da parte geral das Obrigações (arts. 233 a 420) para os casos de lacuna no regime jurídico próprio dos contratos (arts. 421 a 853). Quanto ao regime jurídico dos contratos no Código Civil, as normas que se aplicam aos contratos são as seguintes: Normas gerais (regras e princípios) para todos os contratos Artigos 421 a 480 Normas especí�cas de cada tipo contratual Artigos 481 a 853 Normas gerais das obrigações para caso de lacunas no regime jurídico próprio dos contratos Artigos 233 a 420 Normas (regras e princípios) do negócio jurídico Artigos 104 a 184 Atualmente, o contrato deixou de ser visto apenas como um instrumento de satisfação de interesses econômicos das partes para ser visto em uma perspectiva maior: um instrumento de desenvolvimento econômico e social. Bilateral 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 12/59 Além do interesse particular, privado, reconhece-se sobre o contrato um interesse social, público, para que o negócio traga benefícios não só para as partes mas, também, para a sociedade No âmbito dos contratos, o Estado também passou a regulamentar a atividade negocial por meio da promulgação de leis que limitam a liberdade contratual, a submissão do contrato ao interesse público e a criação de agências fiscalizadoras e reguladoras. Fala-se, assim, em dirigismo contratual. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. MÓDULO 1 Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa que se apresenta como um elemento fundamental do contrato: A Acordo de vontades. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 13/59 B Ato da natureza. C Sem força de lei entre as partes. D Inexistência de um sinalagma no contrato bilateral. E Função apenas de instrumento de desenvolvimento entre as partes. Parabéns! A alternativa A está correta. Se assim podemos definir, o acordo de vontades é o elemento precípuo de todo e qualquer contrato, eis que representa o consenso (intuito comum) de um determinado bem da vida. Questão 2 Marque a alternativa que indica a diferença entre negócio jurídico e ato jurídico stricto sensu. A Nos negócios jurídicos, os efeitos são criados de antemão pelo legislador, enquanto nos atos jurídicos stricto sensu eles dependemexclusivamente da vontade dos reclamantes. B Nos atos jurídicos stricto sensu, não há necessidade de ser perquirida a capacidade do agente, enquanto nos negócios jurídicos a sua falta é causa de anulação do negócio. C Os negócios jurídicos são sempre bilaterais e seus efeitos são invariáveis, enquanto os atos stricto sensu são sempre unilaterais e seus efeitos são variáveis. D Os negócios jurídicos têm seus efeitos determinados pelas partes, desde que dentro dos limites legais, enquanto nos atos jurídicos stricto sensu os efeitos são ex lege. E Não há uma diferença essencial entre eles, podendo alguns atos stricto sensu serem considerados negócios 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 14/59 2 - Elementos e validade dos contratos Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de analisar os principais elementos e requisitos de validade do contrato. Planos de análise do contrato O especialista Gilberto Fachetti Silvestre, Doutor em Direito Civil, faz uma explicação geral dos planos do contrato, apontando a sua importância para a formação do negócio. considerados negócios. Parabéns! A alternativa D está correta. A eficácia ex lege é característica do ato jurídico em sentido estrito, enquanto os efeitos do negócio jurídico provêm da vontade das partes (ex voluntate). 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 15/59 Planos de análise do contrato A análise dos requisitos essenciais de todo contrato ocorre em três planos progressivos: Existência Validade Eficácia Verificada a existência do contrato no universo jurídico, passa-se à análise da validade desse ato, isto é, se ele se encontra de acordo com o ordenamento jurídico, não violando normas jurídicas. Sendo o contrato existente e de acordo com a lei, pode, então, produzir seus efeitos, ou seja, implementar sua eficácia, que compreende, basicamente, a aquisição, modificação, transferência e extinção de direitos subjetivos. A verificação do atendimento a cada plano é objetiva, dependendo da presença dos seguintes elementos pré-determinados: Existência El d i ê i 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 16/59 Todo contrato deverá ou poderá ser constituído de três categorias de elementos: São os elementos que todos os contratos devem ter, sob pena de não existirem. São, portanto, os elementos de existência, verificados na análise do plano da existência. Elementos de existência 1. Agentes; 2. Manifestação de vontade; 3. Forma; 4. Objeto. Validade Requisitos de validade 1. Capacidade; 2. Liberdade; 3. Adequação; 4. Idoneidade. E�cácia Fatores de e�cácia 1. Eficácia imediata; 2. Eficácia de trato sucessivo; 3. Presença de elementos acidentais. Elementos essenciais ou essentialia negotii 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 17/59 Categoria que cuida de elementos próprios de cada tipo contratual, que o caracteriza e o diferencia de outros contratos. Por exemplo, o preço na compra e venda e o aluguel na locação. A ausência desses elementos não torna o contrato inexistente, mas faz com que ele seja desvirtuado. São elementos apostos no contrato por vontade própria das partes e que irão interferir na eficácia, seja liberando ou bloqueando a produção dos efeitos jurídicos. Trata-se da condição, termo e encargo ou modo (arts. 121 a 137 do Código Civil). Uma das principais características desses elementos é que eles não são obrigatórios, mas, quando acordados entre as partes, tornam-se vinculantes e obrigatórios. Plano da existência Neste plano, é verificada a presença de elementos constituidores do contrato, sem os quais ele não existirá na esfera jurídica, isto é, será mero fato social sem qualquer relevância para o Direito e, portanto, sem exigibilidade jurídica. A ausência de qualquer desses elementos torna o ato inexistente ou um não-ato, o qual independe de declaração judicial para deixar de ser cumprido. O plano da existência tem a ver com o ser do contrato, ou seja, se o pacto é um contrato. Veremos a seguir os elementos de existência. Agentes Refere-se aos sujeitos que podem ser partes de uma relação jurídica. Para tanto, faz-se necessário que o agente seja um ente que tenha recebido a personalidade civil. Quer dizer: os agentes de um contrato sempre Elementos naturais ou naturalia negotii Elementos acidentais ou acidentalia negotii 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 18/59 serão pessoas (naturais ou jurídicas), pois somente essas pessoas podem assumir direitos e deveres na ordem social, situação inerente a todo contrato. Atenção! Excepcionalmente, em situações específicas determinadas por lei, o agente poderá ser um ente despersonalizado, como o espólio, que continua as obrigações do de cujus (tanto ativa, quanto passivamente), a massa falida, que segue as relações creditícias e debitórias da empresa. Manifestação de vontade Sendo o contrato um ato voluntário, para que exista e seja produzido, é necessário que o agente tenha vontade para celebrá-lo. Contudo, não basta ter vontade, sendo necessário manifestá-la para que seja conhecida pelo receptor e possa, assim, vincular seu emissor. Para que um contrato exista, é imprescindível que a vontade seja conhecida e, para tanto, deverá ser manifestada. Forma É a maneira como se dá a manifestação de vontade para que seja conhecida pelo seu receptor. A forma tem a ver, assim, com o processo de comunicação entre os contratantes, envolvendo uma mensagem emitida pelo emissor (proponente) e compreendida pelo receptor (aceitante). A forma é o veículo pelo qual se dá o processo de emissão da mensagem, compreendendo as formas socialmente convencionadas de comunicação, quais sejam: Verbal É quando se assume uma comunicação falada, oral, ou por linguagem de sinais (libras), não necessariamente na presença física, porque poderá ser por telefone ou outro meio de semelhante. Escrita Dá-se pela produção de um documento chamado escritura ou instrumento. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 19/59 Tal documento poderá ser produzido pelas próprias partes e por elas assinadas, com ou sem reconhecimento de firma em cartório: trata-se do instrumento particular. Objeto É o bem da vida para o qual se voltam as manifestações de vontade dos agentes. Então, ele é o centro de interesse dos contratantes. O objeto não é, necessariamente, a coisa (bem corpóreo) frequente na maioria dos negócios. Todo contrato, sendo fonte das obrigações, é caracterizado pela presença de prestações (dar, fazer e não fazer), as quais terão por objeto um bem ou um comportamento. O objeto poderá ser compreendido de duas maneiras: É a prestação, aquilo que se pretende realizar no âmbito do vínculo para atender aos interesses dos contratantes. É o objeto da prestação, que, no caso das obrigações de dar, será uma coisa e, no caso de obrigações de fazer e não fazer, será um comportamento (ativo ou omissivo). Plano da validade São os atributos dos elementos de existência. Ausentes os requisitos, o contrato é considerado inválido (nulo ou anulável), contrariando a ordem jurídica e não produzindo efeitos legítimos. Nesse caso, o ato inválido necessita de declaração judicial para que o agente se exonere de cumprir a prestação ilegítima. Aqui, está no plano do dever-ser do contrato. Objeto direto ou imediato Objeto indireto ou mediato 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 20/59 Vejamos a seguir os requisitos de validade. Capacidade Refere-se à capacidadede fato, isto é, à possibilidade de a pessoa exercer seus direitos e criar para si obrigações (neste caso, o exercício de sua autonomia privada). Dessa maneira, o ato não pode ser praticado pelo absolutamente incapaz ou não pode ser praticado pelo relativamente incapaz sozinho. Atenção! Isso não significa dizer que o incapaz não possa ser agente de um contrato. Poderá sê-lo por meio da representação, quando o representante negocia pelo incapaz, ou pela assistência, em que o assistente negocia com o incapaz. Há ainda que se atender, quanto ao agente, o requisito da legitimidade, que consiste no atendimento de certos requisitos específicos do ato para que ele tenha validade. Por exemplo: a outorga uxória ou marital, no caso de alienações; a autorização dos demais descendentes, em caso de venda de ascendente para descendente; a titularidade da propriedade, para alienação, sob pena de configurar venda a non domino. Liberdade Sendo o contrato produto da autonomia privada, a vontade manifestada deve ser formulada livremente pelo sujeito. Significa que não pode haver engano, engodo, malícia, pressão, violência, fraude. Adequação A forma assumida deve ser permitida pela lei (ou seja, não defesa pela ordem jurídica) ou, então, ser a exigida pela lei, já que em algumas situações específicas a lei determinará que certos contratos tenham uma forma por ela estabelecida. Exemplo 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 21/59 Compra e venda de imóvel de valor superior a 30 salários-mínimos, que deve ser feito por escritura pública. Idoneidade Refere-se a qualidades do objeto, quais sejam, licitude, possibilidade e determinabilidade. Fala-se, então, em: Objeto lícito Trata-se da coisa ou da conduta que sejam permitidas pela lei, isto é, não são proibidos, como ocorre, por exemplo, com drogas, produtos proibidos pela ANVISA, falsificação de marcas, produtos contrabandeados, encomendar a morte de alguém. Objeto possível Refere-se a condições reais de se realizar determinado objetivo de um contrato. Objeto determinado ou determinável Toda vez que se faz um contrato é preciso especificar qual a coisa ou conduta daquele acordo de vontades. Ou se pré-determina o objeto nas negociações das condições do acordo ou deixa-se para o futuro especificar de qual se trata. Neste caso, fala-se em objeto determinável. Contudo, determinável deve ter pré-estabelecidas a espécie, a qualidade e a quantidade do objeto. No que diz respeito ao objeto possível, existem dois tipos de possibilidades: Compreende a aceitação jurídica da prática daquela prestação. Por exemplo, não é possível juridicamente a comercialização de órgãos e tecidos. Possibilidade jurídica 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 22/59 Trata-se de condições do agente de realizar no mundo dos fatos determinada conduta. Não é fisicamente possível que o ser humano voe batendo os próprios braços, que fique sem praticar atos reflexos (piscar, por exemplo), que atravesse a nado um oceano, que dome um elefante adulto, que venda lotes no céu. Sobre a impossibilidade física do objeto, existem duas impossibilidades: Impossibilidade absoluta Trata-se de tudo aquilo que todas as pessoas não podem praticar, ou seja, a impossibilidade atinge a todos. Impossibilidade relativa Aquela que atinge apenas a pessoa de uma das partes. Há, ainda, a impossibilidade inicial, aquela que se verifica na conclusão do contrato. Se essa impossibilidade inicial for relativa, o contrato não será invalidado, de acordo com o art. 106. Da mesma forma, se houver condição interferindo na eficácia do contrato (evento futuro e incerto) e a impossibilidade relativa cessar antes do implemento de tal condição, também não se fala em invalidade do contrato. Elementos de existência, validade e e�cácia Os elementos de existência e validade se associam, nos termos do art. 104, para conferir eficácia ao negócio: Elemento de existência Requisito de validade Base legal Negócio eficaz Agente Capacidade e legitimidade Art. 104, I Agente capaz e legítimo Possibilidade física 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 23/59 Elemento de existência Requisito de validade Base legal Negócio eficaz Manifestação de vontade Liberdade Arts. 138 a 167 c/c art. 171, II Manifestação de vontade livre Forma Adequação Art. 104, III Forma adequada: 1. Permitida pela lei (não defesa); ou 2. Exigida pela lei. Objeto Idoneidade Art. 104, II Objeto idôneo: 1. Lícito; 2. Possível; 3. Determinado ou determinável. Tabela 4: Base legal dos planos do contrato. Elaborado por Gilberto Fachetti Silvestre. Contrato inválido O contrato inválido é aquele que contraria as regras do plano da validade, ou seja, as disposições legais, não sendo recebido pelo ordenamento jurídico. A invalidade é caracterizada pela lesão à lei e os interesses juridicamente protegidos. Com relação à invalidade do contrato, há: Nulidade Dá-se quando o contrato fere com gravidade a ordem jurídica e o interesse social. Anulabilidade Ocorre se o ato ferir com menor gravidade a norma jurídica e prejudicar interesses particulares. Ambas têm a mesma consequência: a invalidade do contrato. Entretanto, distinguem-se quanto a quem pode alegar, quando se pode alegar e como podem ser declaradas: 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 24/59 Característica Nulidade Anulabilidade Interesse ofendido Interesse coletivo, de toda a sociedade. Por isso, sua declaração produz efeitos erga omnes. Interesse particular, ou seja, do prejudicado. Os efeitos da invalidação atingem apenas os que alegaram a anulabilidade. Convalescência Nunca convalesce, ou seja, nunca deixará de existir a nulidade. Justamente por isso o contrato é nulo, de pleno direito, independentemente da vontade das pessoas envolvidas ou do momento histórico em que é alegado. Pode convalescer, ou seja, se tornar válido, em razão de dois fatores: 1) A vontade das pessoas envolvidas, que aceitam confirmar o ato mesmo anulável; 2) O decurso do tempo (dois ou quatro anos). Nesses casos, o ato é anulável, ou seja, se ninguém pleitear poderá se tornar válido; é potencialmente passível de ser anulado. Legitimidade para alegar em juízo Ministério Público ou qualquer indivíduo que tenha sido prejudicado ou tenha interesse na invalidação. Somente a parte prejudicada. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 25/59 Característica Nulidade Anulabilidade Decretação de ofício pelo juiz Pode ser declarada ex officio. Não pode ser declarada oficiosamente, dependendo de manifestação e pedido da parte. Provimento judicial Ação declaratória Ação constitutiva Prazo para propositura da ação Como nunca convalesce, a qualquer momento poderia ser arguida. Porém, entende-se que se a nulidade do ato prejudicar a segurança dos atos, o prazo para se pleitear a invalidação é de 10 anos (prazo geral de prescrição), mesmo que nunca convalesça. O prazo decadencial é de dois ou quatro anos. Tabela 5: Diferenças entre as invalidades. Elaborado por Gilberto Fachetti Silvestre. Quanto à relação entre o ato inexistente e o ato inválido, a existência do contrato é um pressuposto anterior a sua validade, pois se verifica a partir de atributos que os elementos essenciais do contrato devem ter. Vejamos: Característica Contrato inexistente ou “não-ato” Contrato inválido Definição Ausência de qualquer dos elementos de existência do contrato (agentes; manifestação de vontade; forma; e objeto). Ausência de qualquer dos requisitos de validade do contrato, que são atributos dos elementos de existência(capacidade e legitimidade; liberdade; adequação; e idoneidade). Execução Não precisa ser cumprido, pois nada existe. Deve ser cumprido até a decretação judicial de invalidade em ação anulatória ou ação declaratória de nulidade. Efeitos Não produz efeitos. Produz efeitos até a decretação judicial de invalidade, podendo ser revertidos. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 26/59 Característica Contrato inexistente ou “não-ato” Contrato inválido Conteúdo da sentença, em caso de propositura de ação Declaratório: apenas prolata que o contrato não existe. Apresenta os três conteúdos: 1) Declaratório: declara ser inválido; 2) Constitutivo: desvincula os negociantes, ou seja, desfaz o vínculo entre eles (provimento constitutivo negativo ou desconstitutivo); e 3) Condenatório: determina que as partes retornem ao estado patrimonial e pessoal anterior à celebração do negócio. Tabela 6: Diferenças entre contrato inexistente e contrato inválido. Elaborado por Gilberto Fachetti Silvestre. As hipóteses de nulidade do contrato estão previstas no art. 166 do Código Civil e em outras normas especiais do Código ou da legislação especial. Quanto ao art. 166, deve-se observar, preliminarmente, o seguinte: 1. O caput diz que nos casos das hipóteses o negócio é nulo, o que significa que a invalidade é ipso jure, isto é, de pleno direito, sendo tal situação irreversível. Lembre-se, o contrato é um negócio jurídico; 2. As invalidades verificam-se no momento da formação do contrato, quer dizer, na sua conclusão, de modo que a incidência das hipóteses posteriormente à celebração do ato não invalida o contrato. Isto é: a invalidade verifica-se no momento da manifestação da vontade. As hipóteses gerais de nulidade do art. 166 são as seguintes: Contrato celebrado por pessoa absolutamente incapaz Quando pelo menos uma das partes é menor de 16 anos (art. 3º). Contudo, o fato de alguém ser absolutamente incapaz não o impede de configurar como parte de um negócio, desde que o ato seja realizado por meio do seu representante (pais, tutor ou curador), o que tornará o negócio plenamente válido. Ilicitude, impossibilidade e indeterminabilidade do objeto do contrato: O bj t d t t é b d id l lt if t õ d t d d 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 27/59 O objeto do contrato é o bem da vida para o qual se voltam as manifestações de vontade dos agentes. O motivo determinante, comum a ambas as partes, é ilícito Motivo é a causa ou razão que leva as partes a celebrar um contrato. É determinando quando sem aquele motivo o contrato não se realizaria. Para tornar nulo o contrato, o motivo deve ser ilícito, quer dizer, a causa não é aceita pelo ordenamento jurídico. Além disso, tal motivo ilícito precisa ser comum às duas partes. O contrato não reveste a forma prescrita em lei Ser preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a validade do contrato O contrato tem por objetivo fraudar lei imperativa Quando o contrato é produzido como um meio ardil para driblar deveres impostos pela lei. A lei taxativamente declara o contrato nulo ou proíbe-lhe a prática, sem cominar sanção A nulidade será a sanção nas hipóteses em que a lei trata o contrato como nulo ou lhe proíbe e não estabelece outras sanções específicas. É uma hipótese abstrata. Exemplo: cobrança indevida. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 28/59 Saiba mais Além dessas hipóteses de nulidade existe, ainda, uma oitava, qual seja, a simulação (art. 167), que é um vício do negócio caracterizado por uma mentira, uma falsa declaração de vontade que tem o objetivo de celebrar um falso negócio. Já a anulabilidade do contrato tem como hipóteses gerais de anulabilidade: A incapacidade relativa da parte (hipóteses do art. 4º) Os vícios do negócio jurídico (arts. 138 a 165) Há, ainda, outra hipótese geral: quando a lei exige a autorização de terceiro para a prática do contrato. A referida autorização é um fator de legitimidade para a parte contratual. Exemplo: outorga marital ou uxória (art. 1.647 c/c art. 1.649); autorização dos demais descendentes em caso de venda de ascendente para descendente (art. 496). Plano da e�cácia O plano de eficácia refere-se aos fatores que possibilitam que um contrato produza direitos e deveres entre as partes. Tais efeitos são jurídicos porque o contrato cumpriu os requisitos dos planos da existência e da validade. Neste plano, analisa-se a capacidade do contrato de produzir efeitos, ou seja, como o contrato alcança seus objetivos. Nesse sentido, fala-se em contratos instantâneos (execução imediata) e contratos de longo prazo (sucessivos e de execução diferida). Veremos a seguir. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 29/59 Contratos instantâneos ou de execução imediata: São aqueles cuja execução (isto é, o cumprimento da prestação) ocorre instantaneamente ao momento da celebração do contrato. Tão logo o contrato é concluído (celebrado), ele já é cumprido pelas partes. Um exemplo é a compra e venda à vista Contratos de longo prazo ou de trato sucessivo São aqueles que terão uma fase de execução estendida, prolongada para bem após a celebração. Ou seja, o contrato é executado ao longo do tempo, após sua finalização. Podem ser dias, semanas, meses ou até anos. Exemplo Podemos citar o financiamento de um carro (alienação fiduciária), a “venda no crediário” e a prestação de serviço periódico. Esses contratos de longo prazo podem ser de dois tipos, dependendo da forma como a prestação será cumprida no futuro: Quando a prestação é cumprida integralmente, de uma só vez, no futuro (isto é, após a celebração do contrato). No momento adequado, a prestação será paga totalmente, porém, esse momento adequado é posterior à conclusão do contrato. Quando a prestação é cumprida no futuro parceladamente ao longo do tempo, em partes. Costuma- se falar em “pagar as prestações” ou “pagar as parcelas”. Há outras circunstâncias que podem interferir na eficácia do contrato: os elementos acidentais. Em todo contrato é possível convencionar elementos que não são de sua natureza e nem essenciais. São, por isso, facultativos, isto é, derivam da vontade das partes, mas quando postos no negócio se tornam obrigatórios. Trata-se dos elementos acidentais ou acidentalia negotii, compostos de três categorias: Contratos de execução diferida Contratos de execução sucessiva ou continuada 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 30/59 Condição Termo Encargo ou modo Os elementos acidentais interferem na eficácia do contrato de duas maneiras: 1. Bloqueiam a produção de efeitos: o contrato inicia sua eficácia após ser concluído entre as partes; porém, advindo o elemento acidental convencionado, seus efeitos param de ser produzidos; 2. Liberam a produção de efeitos: o contrato é concluído entre as partes, mas a produção de efeitos fica suspensa até que ocorra o elemento acidental, quando, então, a eficácia terá início. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. MÓDULO 2 Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 31/59 Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A compra e venda de cocaína é um contrato A inexistente, inválido e ineficaz. B existente, válido e ineficaz. C inexistente, inválido e eficaz. D existente, inválido e ineficaz. E existente, válido e eficaz. Parabéns! A alternativa D está correta. A) Existe, pois estão presentesos elementos de existência; B) O contrato é inválido porque o objeto é ilícito; C) Aquilo que é inválido não pode ser eficaz; D) Correta, pois a ilicitude do objeto interfere na validade do negócio; E) Errada, pois o objeto é ilícito. Questão 2 Pedro, 15 anos, decide vender por conta própria um carro que está registrado em seu nome. Esse contrato é A resolúvel B nulo C anulável 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 32/59 3 - Princípios e teoria da imprevisão Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de identi�car os princípios contratuais e as consequências da teoria da imprevisão. Princípios do contrato No vídeo a seguir, o especialista Gilberto Fachetti Silvestre (doutor em Direito Civil) apresentará uma D inexistente E diferido Parabéns! A alternativa B está correta. O contrato celebrado com menor de 16 anos é nulo, ou seja, inválido (inciso I do art. 166 do Código Civil). 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 33/59 definição geral dos princípios contratuais, lançando conceitos comuns para que o aluno possa entender as consequências sobre as obrigações contratuais. Princípios do contrato Além das regras que fixam direitos e deveres, ônus, encargos e direitos potestativos para as partes, o contrato também possui princípios que servem à sua compreensão e à interpretação das cláusulas. Tais princípios podem ser divididos em duas categorias: Princípios fundamentais ou clássicos Princípios contemporâneos Princípios fundamentais ou “clássicos” São os princípios essenciais do contrato, que estão na sua base histórica e conceitual, bem como na sua caracterização. Os princípios sociais são muito valorizados, mas não se pode esquecer de que o contrato é um acordo de vontade, surgido dos legítimos interesses das pessoas envolvidas e que faz lei entre essas pessoas para garantir e respeitar as legítimas expectativas criadas a partir do compromisso recíproco. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 34/59 Os princípios fundamentais podem ser descritos como: Liberdade contratual; Consensualismo (solus consensus obligat); Relatividade (res inter alios acta); Obrigatoriedade (pacta sunt servanda). Veremos melhor cada um a seguir. Liberdade contratual É a liberdade das pessoas de contratar e dar conteúdo ao contrato. O contrato surge da vontade das pessoas, não existindo contratação obrigatória. A autonomia privada, como consectária da autonomia da vontade, é o poder que as pessoas têm de constituir relações jurídicas. Quando de caráter patrimonial, essas relações voluntárias decorrem da autonomia negocial e da autonomia contratual, que são repercussões da autonomia privada. A autonomia privada é mais ampla do que a liberdade contratual, que se limita ao poder de autorregulamentação dos interesses concretos e contrapostos das partes, mediante acordos vinculativos. A autonomia contratual manifesta-se por meio de cinco liberdades deliberativas: Celebração Consiste em celebrar ou não o contrato, isto é, a liberdade de contratar ou não. Escolha do sujeito Refere-se à possibilidade de escolher com quem contratar. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 35/59 Tipo contratual As partes escolhem as figuras contratuais já existentes ou elaboram uma nova modalidade (art. 425) de modo a melhor atender aos seus interesses. Estipulação Refere-se à fixação do conteúdo do contrato, ou seja, de como contratar. Objeto Escolha do objeto do contrato, ou seja, sobre o que contratar. Solus consensus obligat É o consensualismo. Significa que o contrato tem origem no consenso entre as pessoas, independentemente da forma escrita ou qualquer outra formalidade e solenidade (arts. 107 e 108). O simples acordo e celebração do contrato são suficientes para criar a obrigação. O artigo dispõe que, para o aperfeiçoamento do negócio, ou seja, a possibilidade de produzir seus efeitos por ser existente e válido, depende apenas do consenso entre os contratantes, independentemente de qualquer forma (verbal ou escrita) que possa assumir. Assim, a forma de um contrato, em regra, é livre, exceto quando a lei exigir expressamente em situações específicas. Nesses casos, haverá a incidência do princípio da formalidade, que consiste na obrigatoriedade de forma. Exemplo Para a compra e venda de imóveis de grande valor, exige-se a escritura pública. Por outro lado, o art. 108 traz uma hipótese de exceção ao consensualismo e serve de exemplo para o princípio da formalidade. Em determinadas situações específicas, a lei irá exigir que o contrato assuma uma 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 36/59 forma. Assim, não basta o consenso; será preciso que este esteja formalizado em um documento. É o que ocorre com a alienação de bens imóveis de valor superior a 30 salários-mínimos. Toda vez que se pretender realizar algum ato de disposição de um direito real (aqueles enumerados no art. 1.225), especialmente a propriedade de bem imóvel, deverá a forma ser por escritura pública. Res inter alios acta É o princípio da relatividade. O contrato produz efeitos para as partes que o celebraram. Quer dizer que as partes não podem interferir na esfera jurídica de terceiros, ou seja, de quem não participou das negociações. Pacta sunt servanda É a obrigatoriedade do contrato, sua imperatividade, sua força de lei, sua exigibilidade. Não pode o contrato, unilateralmente, ser modificado (imutabilidade) e menos ainda revogado (irrevogabilidade). O não cumprimento do contrato implica na responsabilidade do sujeito inadimplente, que é a chamada responsabilidade civil contratual (arts. 389 a 420 e arts. 946 e 947). Princípios sociais ou “contemporâneos” São aqueles que decorrem da ascensão da fraternidade/solidariedade, produto do pós-Segunda Guerra Mundial, impondo uma relação cooperativa dentro e fora do contrato. São os seguintes: Função social Dá ao contrato um enfoque ultra subjetivo, limitando o exercício da liberdade contratual das partes à ordem pública. Significa que a satisfação dos interesses particulares das partes não pode significar um prejuízo à sociedade. Tem previsão no art. 421. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 37/59 Função social do contrato A função social do contrato (arts. 421 e 421-A do Código Civil) é uma condicionante do exercício da liberdade de contratar (ou autonomia contratual), que consiste no poder de contratar (escolha do tipo contratual), de com quem contratar (escolha da parte), de como contratar (estabelecimento das cláusulas e condições do contrato) e de sobre o que contratar (objeto). Boa-fé objetiva É a imposição de deveres de conduta entre as partes para o correto cumprimento da prestação, criando um padrão cooperativo de desenvolvimento do contrato. Tem previsão no art. 422. Equilíbrio contratual É uma forma de garantir a comutatividade entre as partes toda vez que houver desequilíbrio entre as prestações posterior à formação do vínculo. Proporciona “justiça contratual” para que uma parte não enriqueça às custas do empobrecimento da outra. De forma bem simples, pode-se dizer que esse princípio exige que o contrato seja “bom para ambas as partes”. Exemplo de sua previsão é a revisão do contrato prevista dos arts. 479 e 317. Favor negotti ou conservação Aplicado desde a Roma Antiga, é o princípio que determina a conservação ou a manutenção dos contratos inválidos sempre que for possível sanar o defeito. Justifica, por exemplo, a aplicação da teoria do adimplemento substancial (art. 187 c/c art. 475). 07/02/2022 22:58 Fundamentos doscontratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 38/59 Assim, o contrato submete-se a duas ordens de interesses: Particular Interesse individual das partes, de ordem econômico-patrimonial, com a finalidade de lucro e de aquisição de propriedade. Social É o interesse que a sociedade (os “terceiros”) tem sobre o contrato entre dois sujeitos. O interesse social pode ser expresso de três modos: Aspecto econômico O contrato é um instrumento de desenvolvimento da economia de um país. A circulação de bens e serviços gera riquezas para uma nação. Por isso, o interesse primário da sociedade é o adimplemento do contrato. Aspecto social O contrato também permite o desenvolvimento social de um país. A riqueza que ele gera permite desenvolver políticas sociais para a melhoria das condições de vida. Aspecto ético A contratação deve se realizar de modo lícito. Os direitos inerentes à liberdade não podem ser exercidos de modo abusivo. Quer a sociedade coibir o abuso de direito, a prática de atos ilícitos por meio de um contrato. O contrato continua produzindo efeitos entre as partes, representando manifestação dos interesses privados. Contudo, a funcionalização reconhece os efeitos indiretos que um contrato provoca no meio social para terceiros. A Lei nº 13.874/2019 (Declaração de Direitos de Liberdade Econômica) reformulou a redação original do art. 421 do Código Civil e acresceu o art. 421-A ao Código. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 39/59 Antes da Lei nº 13.874/2019, a função social do contrato era vista em dupla perspectiva: como causa ou razão do contrato e como limite da liberdade de contratar. Como o Judiciário aplicava indiscriminadamente a perspectiva da causa, o que promovia arbitrariedades e insegurança, a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica alterou o art. 421 para que a função social não seja mais considerada uma causa do contrato, mas apenas um conjunto de deveres limitadores do exercício da liberdade contratual. A função social como razão da liberdade de contratar supunha que as partes, quando celebram o contrato, devem fazê-lo de acordo com aquele interesse social. A função social como razão do contrato signi�ca que o interesse social é um motivo que legitima o vínculo entre os sujeitos. Resumindo A razão de ser do contrato é a promoção do desenvolvimento socioeconômico. Tem a ver, portanto, com os aspectos econômico e social decorrentes do interesse social. Permanece o entendimento de que a função social é o limite da liberdade de contratar. Quando se fala em limite, inevitavelmente, haverá a fixação de deveres. Porém, esses deveres não são apenas para as partes, mas também para terceiros. Toda pessoa – em especial, as partes, mas todos em âmbito social – deve proporcionar condições para que um contrato alcance seus objetivos; afinal, do contrário, não realizará seus propósitos econômicos e sociais. A função social como fator que cria uma relação entre as partes e a sociedade faz com que surjam deveres para as partes e para os terceiros. Tem a ver, então, com o aspecto ético do interesse social: Deveres para as partes 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 40/59 O principal dever é o adimplemento, para fazer com que o contrato atinja seus fins. Além disso, o contrato não pode ser celebrado com fins ilícitos e abusivos, como a simulação, por exemplo. Um contrato não pode prejudicar terceiros. Quando os contratantes prejudicam intencionalmente alguém com seu vínculo, aquele que sofreu o dano é chamado de terceiro ofendido. Também as partes devem respeitar a função social. Ninguém pode, no exercício de sua liberdade, prejudicar a eficiência do vínculo contratual entre duas partes. Assim, ninguém pode, com uma proposta de outro contrato, estimular ou patrocinar o inadimplemento entre as partes. Aquele que promove o inadimplemento é chamado de terceiro ofensor. Fala-se, aqui, em tutela externa do crédito. Saiba mais Também em decorrência do grupo de deveres para terceiros, houve para o Brasil a importação do tortius interference, ou teoria do terceiro cúmplice do inadimplemento (ou teoria do terceiro ofensor), que considera ato ilícito (arts. 186 e 187) quando algum terceiro patrocina o descumprimento contratual entre duas partes, pois descumpre um dever imposto pelo art. 421 (dever legal). Sendo assim, o terceiro que interfere ilegitimamente no vínculo contratual deve indenizar os prejuízos que causou à parte. Boa-fé objetiva Primeiramente, o art. 422 coloca a boa-fé ao lado da probidade. Embora guarde semelhança com os deveres éticos da boa-fé, a probidade com esta não se confunde. A probidade é o dever de honestidade que deve haver entre as partes para que uma não enriqueça em detrimento do patrimônio da outra. Em segundo lugar, não se deve confundir a boa-fé subjetiva e a boa-fé objetiva. Apesar da nomenclatura semelhante, não se trata de espécies ou tipos de boa-fé, mas situações distintas que recebem o mesmo nome. A diferença entre ambas é a seguinte: Deveres para os terceiros 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 41/59 A boa-fé objetiva a imposição de um padrão de conduta entre os contratantes. Esse conceito pode ser analisado da seguinte maneira: “Imposição” Agir com boa-fé não é uma opção das partes, que pode, portanto, ser afastada pela vontade das partes na celebração do contrato. É a lei, por meio do art. 422, que estabelece com obrigatoriedade que as partes ajam de acordo com a boa-fé. Boa-fé subjetiva É um estado psicológico do sujeito, uma ignorância da realidade. A pessoa crê que age corretamente, de acordo com a lei, porém sua conduta não é legítima. O oposto da boa-fé subjetiva é a má-fé, ou seja, a malícia, quando a pessoa conhece a irregularidade da sua conduta e mesmo assim a realiza. A boa-fé subjetiva produz efeitos no Direito de Família (art. 1.561) e no Direito das Coisas, em especial na posse (arts. 1.214, 1.216, 1.217, 1.218, 1.219, 1.220 e 1.242). No âmbito dos contratos, a boa-fé subjetiva não produz qualquer efeito, sendo irrelevante para fins de responsabilidade, havendo a exceção do art. 443 (vício redibitório). Boa-fé objetiva Padrão de conduta imposto pela eticidade aos contratantes para preservação da confiança e correto cumprimento das prestações. Não se trata de um estado do sujeito, mas de um conjunto de deveres a serem seguidos pelos contratantes. Independentemente da intenção, a parte que não se adequa a esse padrão responde pelos danos ocasionadas à outra, falando-se em responsabilidade civil pré-contratual, contratual e pós-contratual. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 42/59 Por isso, a boa-fé é uma cláusula obrigatória de todo contrato, ou seja, “uma cláusula contratual não escrita”, implícita no contrato porque independe de vontade das partes. “Padrão” A boa-fé é o arquétipo comportamental dos contratantes. É uma cláusula irrevogável. Estabelece o modo como as partes devem proceder durante o processo de negociações preliminares e como devem cumprir as prestações. A boa-fé é a ética dos contratos. “Conduta” O comportamento ético exigido pela boa-fé é a atitude cooperativa entre as partes. Os contratantes devem cooperar entre si para que ambos alcancem seus objetivos, isto é, para que ambos realizem seus interesses particulares. Como conduta, a boa-fé impõe uma série de deveres anexos à prestação principal. São deveres éticos: informação, verdade, colaboração, coerência, confiança, isto é, todos os deveres necessários ao cumprimento correto e saudável do contrato. “Entre os contratantes” A proteção da boa-fé é a tutela interna do crédito. A boa-fé impõe devereséticos às partes (a relação com a sociedade é a função social). A boa-fé objetiva apresenta três funções fundamentais: Interpretativa Artigo 113 A boa-fé é um referencial de compreensão do sentido, do alcance e dos objetivos das cláusulas contratuais. P f ã j i d i t t t t ti d ité i éti t b l id 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 43/59 A função integrativa da boa-fé cria um conjunto de deveres que determinam como a prestação pode ser cumprida de forma correta, ou seja, de acordo com o padrão cooperativo exigido pela eticidade. Assim, um contrato tem duas ordens de cláusulas e deveres: Deveres principais Aqueles inerentes à prestação ajustada entre as partes. Seu descumprimento caracteriza o inadimplemento absoluto ou relativo. Deveres anexos Aqueles deveres decorrentes da cláusula da boa-fé e que se referem ao cumprimento da prestação. O descumprimento dos deveres anexos também configura inadimplemento, cujo nome é violação positiva Por essa função, o juiz deve interpretar o contrato a partir dos critérios éticos estabelecidos pela boa-fé, fazendo com que a relação entre as partes seja desenvolvida de modo cooperativo. Limitativa Artigo 187 A boa-fé aparece como um critério de caracterização do exercício abusivo do direito. Por exemplo, se o direito é exercido de modo a satisfazer um interesse legítimo do seu titular. Integrativa Artigo 422 Refere-se à criação de deveres anexos ou acessórios para o correto cumprimento da prestação. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 44/59 do contrato. É “positiva” porque a prestação é cumprida; é “violação” porque a prestação é cumprida de maneira prejudicial a uma das partes. Saiba mais A violação positiva do contrato efetivamente se apresenta como uma terceira modalidade de descumprimento obrigacional, considerada a cláusula geral de boa-fé inserta no art. 422 do Código Civil, conferindo às relações jurídicas contratuais o obrigatório adimplemento obrigacional consoante os ditames do princípio da eticidade (SILVESTRE; PEREIRA, 2014, p. 227-250). Nesse tertium genus do inadimplemento obrigacional, devem ser respeitados os deveres anexos, decorrentes da boa-fé objetiva, coexistentes na relação obrigacional junto aos deveres de prestação. Há duas modalidades de violação positiva do contrato: No cumprimento imperfeito, também denominado de mau cumprimento, há efetivamente a execução da prestação principal. Contudo, ela será adimplida de maneira deficiente, inexata, em decorrência da infração de um dever anexo derivado da boa-fé. Tal modalidade, frise-se, merece especial atenção quanto à não incidência das regras dos vícios ocultos e vícios do produto existentes em relação de consumo, cujos regramentos possuem disposição própria, respectivamente, no próprio Código Civil – vícios redibitórios – e no Código de Defesa do Consumidor (SILVESTRE; PEREIRA, 2014, p. 227-250). Ocorre efetivamente a perfeita prestação da obrigação principal; porém, revela-se infringido um dever de conduta, proveniente da boa-fé objetiva. Em ambos os casos, o resultado decorrente de sua caracterização culmina em danos típicos, também chamados de sucessivos ou acompanhantes, pois dizem respeito a danos diferentes daqueles que se configurariam em caso de mora ou impossibilidade da prestação principal. Aí reside a questão fulcral para diferenciar a violação positiva do contrato dos regimes da mora e da Cumprimento imperfeito Quebra de deveres laterais 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 45/59 impossibilidade, haja vista que os danos típicos possuem fato gerador divergente, já que decorrentes da lesão a um dever acessório, oriundo da boa-fé objetiva. Por isso, não há de se falar em englobamento da violação positiva do contrato pelo regime da mora, o que o faz notadamente do termo “forma” a que se refere o art. 394 do CC (SILVESTRE; PEREIRA, 2014, p. 227-250). A boa-fé incide em todos os momentos do processo de contratação: Vejamos acerca dessas fases: Fase pré-contratual As negociações preliminares são o processo no qual as partes estipulam as futuras condições do contrato, ou seja, as cláusulas a serem cumpridas. Fase contratual Execução é a fase na qual as prestações são cumpridas, caracterizando o adimplemento. Podem ocorrer, porém, situações excepcionais que também extinguem o contrato, mas sem o pagamento (resolução, resilição, incumprimento involuntário, nulidade, cláusula de arrependimento, onerosidade excessiva). Fase pós-contratual Não há contrato, mas há um vínculo especial entre as partes, caracterizado pela repercussão post pactum finitum do contrato. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 46/59 Outra repercussão da boa-fé objetiva na esfera contratual é a proibição de comportamento contraditório, baseada no nemo potest venire contra factum proprium. A proteção da confiança também depende da coerência do contratante. A parte não pode agir de maneira contrária às legítimas expectativas que criou no outro contratante. Exemplo O devedor tem a obrigação de pagar no dia 1º de cada mês, mas o credor tolerou durante meses que o pagamento fosse feito no dia 10, sem cobrança da multa moratória. Não pode esse credor, de repente, exigir o pagamento no dia 1º e o pagamento da multa, pois a ausência de oposição durante o tempo de cumprimento extemporâneo criou no devedor a expectativa – legítima – de que o credor aceitou a alteração da data de vencimento. É a chamada proibição de comportamento contraditório, que em resumo significa o seguinte: a parte tem um determinado direito, mas não se comporta de acordo com esse direito, o que cria na outra parte a expectativa de que o novo comportamento caracteriza o contrato. Por causa dessa expectativa, não pode a parte que alterou sua atitude desejar retornar a exercer o direito tal e qual anteriormente estava estipulado, pois isso feriria a confiança que o outro contratante desenvolveu a partir do comportamento reiterado daquela outra parte. Essa proteção da confiança pela proibição de comportamento contraditório é expressa pela máxima romana Nemo potest venire contra factum proprium (ninguém pode agir contra seus próprios atos), que assim pode ser analisada: Nemo potest... Proibição imposta à parte de agir de forma contrária ao seu comportamento reiterado. ...factum proprium Comportamento reiterado assumido pela parte, que age de forma diferente daquela que foi prevista no momento da conclusão do contrato. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 47/59 A parte age de outra maneira, criando no outro contratante a expectativa de que o novo modo de agir é correto. ...venire contra... Tentativa da parte que reiteradamente se comportou de modo diverso do previamente fixado na formação do contrato de retomar esta forma de agir. A proibição de comportamento contraditório traz consigo alguns consectários: Supressio É a supressão do direito fixado nas negociações preliminares, que consta desde o termo a quo do contrato. A parte tem um direito, e a tolerância a um comportamento diverso implicará renúncia tácita a esse direito. Surrectio É o surgimento do direito para a parte que cria legítimas expectativas na conduta reiterada. A renúncia tácita caracterizada pela supressio implica surgimento do novo direito contratual que preserva a confiança. Tu quoque É a proibição de uma parte inadimplente exigir do outro contratante que adimpla sua prestação. É uma forma de dar significado à boa-fé na sua função limitativa e evitar o abuso de direito contratual de uma das partes (art. 187). Outra consequência da boa-fé objetiva é o chamadodever de mitigar as próprias perdas (duty to mitigate the loss), que recai sobre o credor. Também o credor deve cooperar com o devedor, ainda que haja inadimplemento. Admite-se como repercussão da boa-fé objetiva o dever do credor de mitigar suas perdas em caso de inadimplemento ou ato ilícito (duty to mitigate the loss). Tendo em vista que nas relações jurídicas civis (até mesmo as originadas de ato ilícito) há o dever de cooperação imposto pela eticidade, deve o credor evitar ao máximo o 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 48/59 aumento ou o incremento da extensão do dano por ele sentido. Defende-se a mitigação dos prazos prescricionais dos arts. 205 e 206, de modo que a pretensão deve ser exercida na primeira oportunidade após o ato ilícito ou inadimplemento. Não poderia o credor exercer sua pretensão dentro do prazo legal se o pode fazer antes. O Superior Tribunal de Justiça, inclusive, já decidiu nesse sentido no Recurso Especial nº 758.518-PR. Contudo, essa tese é questionável. Primeiro, porque o prazo é uma garantia legal que gera no credor uma legítima expectativa. E segundo porque a diligência se exige do devedor, que tem opções no ordenamento jurídico para evitar a extensão do dano (consignação em pagamento, por exemplo). Equilíbrio contratual É uma forma de garantir a comutatividade entre as partes toda vez que houver desequilíbrio entre as prestações posterior à formação do vínculo. Proporciona “justiça contratual” para que uma parte não enriqueça às custas do empobrecimento da outra. De forma bem simples, pode-se dizer que esse princípio exige que o contrato seja “bom para ambas as partes”. Exemplo de sua previsão é a revisão do contrato prevista dos arts. 479 e 317. Conservação do negócio jurídico ou favor negotii Aplicado desde a Roma Antiga, é o princípio que determina a conservação ou a manutenção dos contratos inválidos sempre que for possível sanar o defeito. Justifica, por exemplo, a aplicação da teoria do adimplemento substancial (art. 187 c/c art. 475). O princípio da conservação ou manutenção dos atos jurídicos determina que se deve preservar, dentro das possibilidades, em caso de invalidade, a manifestação de vontade das partes para o alcance dos �ns práticos pretendidos. Importa a �nalidade prática, e não o meio jurídico para tal. Esse princípio implica derrogação da antiga máxima quod nullum est, nullum producit effectum. O postulado 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 49/59 da conservação (favor negotii) é um princípio superior dos sistemas jurídicos das famílias de Direito ocidentais (romano-germânica e Common Law). A análise da conservação deve, também, partir da tríade axiológica básica do Código de 2002. Assim, a conservação é manifestação da eticidade, pois diz respeito à boa fé, ou seja, à fidelidade das partes que se propõem um vínculo obrigacional; de igual forma, enquanto efetivação de um princípio superior, ganha caráter operativo (operabilidade), além de, por outro lado, operacionalizar o contrato quando permite outra qualificação jurídica que possibilita a validade de outro negócio. Por fim, também é faceta da socialidade porque seu enfoque é ultra subjetivo, pois ela decorre, verdadeiramente, de uma fundamentação objetiva, baseada na ordem jurídica, cujo propósito é a conservação do contrato pela importância que a relação jurídica entre particulares tem para toda a sociedade enquanto manifestação de seu poder autorregulatório (autonomia privada), que é uma fonte de Direito. A conservação encontra regras específicas que a institucionalizam: art. 170 (conversão do contrato nulo); art. 172 (confirmação ou ratificação do contrato anulável); art. 184 (redução da nulidade parcial); art. 157, § 2º (redução da onerosidade do contrato lesivo); arts. 317 e 479 (revisão judicial do contrato por onerosidade excessiva). Onerosidade excessiva do contrato e teoria da imprevisão Dois grupos de circunstâncias podem causar a onerosidade excessiva, que prejudica o cumprimento da obrigação: São circunstâncias supervenientes que alteram a base subjetiva do acordo, referindo a situações pessoais do devedor. A prestação se torna onerosa, por exemplo, porque o devedor perdeu o Fatores pessoais 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 50/59 emprego, está com problemas de saúde, houve morte na família. Tais fatores não ensejam a revisão/resolução do contrato por falta de previsão legal. São aqueles não previstos ou de difícil ocorrência, que alteram a base objetiva do acordo, criando dificuldades para o devedor cumprir sua parte no negócio. Esses fatores sim, por causa da previsão legal, ensejam a revisão do contrato. Os fatores de onerosidade são caracterizados por: Imprevisibilidade São aquelas situações cuja ocorrência não pode ser aventada no passado por alguém, geralmente, dotado de conhecimento técnico para realizar previsões precisas. Extraordinariedade São aqueles cuja ocorrência é estranha. Não é normal que ocorra; não é típico; vai além do que comumente ocorre. Saiba mais Nessas hipóteses, pode ser aplicada a teoria da imprevisão. Ela está prevista nos arts. 317, 478 e 479, a partir das possibilidades de revisão e resolução contratual por onerosidade superveniente das prestações nos contratos de trato sucessivo. Quando houver onerosidade excessiva da prestação, que se caracteriza pela desproporção do valor nominal originalmente fixado no título e o valor do momento da execução, a parte poderá propor ação revisional para que o juiz ajuste (corrija) o referido valor da prestação, para garantir o equilíbrio obrigacional. Fatores extraordinários ou imprevisíveis 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 51/59 O objetivo é que a correção feita pelo juiz assegure o valor real da prestação, sem que a prestação se torne impossível de ser executada porque se tornou muito onerosa. Atenção! A revisão somente poderá ocorrer se a onerosidade for causada por um fator imprevisível, que consiste em fato que ninguém ou nenhum especialista previu a ocorrência e que interfere na ordem econômica. São exemplos: guerras, efeitos de uma crise econômica, pandemia, catástrofes, crise política. Observe que tais fatos atingem a coletividade ou a um grupo de pessoas de modo geral; não são situações pessoais do devedor, como doença, perda de emprego ou morte de alguém. Esses fatores não ensejam a revisão da prestação pela teoria da imprevisão. Pode-se enumerar os seguintes requisitos para aplicação da teoria da imprevisão, a serem apurados pelo juiz: O contrato a ser revisado deve ser comutativo e de execução continuada, isto é, não poderá ser aleatório, já que neste uma das partes assume riscos, dentre eles a onerosidade, e cujas prestações sejam cumpridas ao longo do tempo (ou seja, não são executados imediatamente após a conclusão). Como a teoria da imprevisão tem por base uma modificação superveniente das condições originariamente estabelecidas, nada mais lógico que os contratos cujo adimplemento é imediato não se incluam em seu âmbito de aplicação, exatamente em razão da impossibilidade de serem acometidos posteriormente por circunstâncias que abalem sua base objetiva originária. Alteração substancial da base objetiva do contrato, isto é, uma modificação das condições econômicas que existiram no momento da conclusão do contrato. A b bj ti d ó i j ídi t t l i bi t ô i 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 52/59 Pela teoria da imprevisão, o contrato será revisto com base na cláusula rebus sic stantibus. Ela é a cláusula contratual não escrita que determina a aplicação da teoria da imprevisãoaos contratos quando houver A base objetiva do negócio jurídico, portanto, relaciona-se ao ambiente econômico em que se celebrou o pacto, de maneira que, caso sobrevenha circunstância imprevista e extraordinária que macule aquela condição originária, gerando sua alteração radical e, ainda, onerosidade excessiva para uma das partes com extrema vantagem para outra, o pacto deixa de ser exigível tal qual o foi o originariamente entabulado. Imprevisão da possibilidade de modificação da base objetiva do contrato, ou seja, que não tenha sido especulada a ocorrência de algum fato posterior à formação do contrato que levasse à alteração substancial de suas condições originárias. Toma como base a capacidade das partes de, na oportunidade da assinatura do contrato, prever aqueles acontecimentos supervenientes. Extraordinariedade do fato modificador da base objetiva do contrato, o que significa que tal acontecimento não ocorra com normalidade e recorrência e atinja não apenas a parte prejudicada, mas sim toda a sociedade ou um grupo social. Onerosidade excessiva da prestação de uma das partes, tendo como contrapartida uma vantagem extrema para a parte adversa, quer dizer, haverá um enriquecimento de um contratante em detrimento do empobrecimento da outra parte, quebrando o equilíbrio entre os sujeitos. A excessiva onerosidade deve ser compreendida como uma diferença substancial no valor do objeto da prestação entre o momento da celebração do contrato e o de sua efetiva execução, não se confundindo com meras dificuldades ou agravamento da obrigação. 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 53/59 alteração fundamental das circunstâncias. Pode ser compreendida como uma modalidade de mitigação da intangibilidade dos contratos (pacta sunt servanda), decorrente de uma alteração superveniente imprevisível pelas partes, responsável pela majoração das obrigações originariamente acordadas em patamar a assolar o status econômico de ao menos um dos centros de interesse da relação jurídica. Quanto às questões processuais, para a procedência do pedido de resolução ou revisão, o autor da ação (pagador da prestação onerosa) deve estar solvente com suas obrigações, ou seja, não pode estar inadimplente. Por isso, tão logo se dê a onerosidade, o devedor terá que propor a ação de resolução/revisão; a sentença que julga procedente o pedido de revisão ou resolução produz efeitos ex tunc até a data da citação, ou seja, não desconstitui os efeitos produzidos antes da citação do réu. O autor pode, nesse caso, se propor a consignar em juízo o valor que considera devido ou pedir autorização judicial para suspender o pagamento. É permitido que o beneficiário da prestação onerosa (réu) se proponha a reduzir o valor a que faz jus como forma de proporcionar o equilíbrio contratual. Trata-se de um acordo previsto no art. 479. Consequentemente, não é obrigado o autor a aceitá-lo, mas o juiz poderá considerar a proposta do réu para julgar improcedente o pedido de resolução. O juiz não poderá obrigar o autor a aceitar a proposta e, assim, promover a revisão, pois sua decisão será ultra petita. Quanto aos contratos unilaterais e gratuitos, o art. 480 permite a revisão por onerosidade excessiva em caso de contrato unilateral e gratuito (apenas uma das partes assume prestações perante a outra, que enriquece). Observe que o artigo não prevê a possibilidade de resolução, mas apenas de revisão (redução da prestação). 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 54/59 A teoria da imprevisão e a possibilidade de revisão de uma obrigação contratual também estão previstas no art. 317: Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. (ART. 317 DO CÓDIGO CIVIL) Apesar da mesma fundamentação, existem diferenças entre o art. 317 e o art. 478. O art. 317, embora fundamentado na teoria da imprevisão, guarda uma relação distante da resolução/revisão do contrato prevista nos arts. 478 e 479. Veja as diferenças entre os arts. 317 e 478: Elemento Revisão pelo art. 317 Resolução ou revisão dos arts. 478 e 479 Objeto da revisão Apenas se revisa o valor da prestação. Embora a onerosidade tome por referência o valor da prestação, a revisão atinge a todo o vínculo contratual, e não apenas a prestação. Resolução Não prevista. É a regra (art. 478), admitindo-se, excepcionalmente e por vontade dos contratantes, a revisão (art. 479). 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 55/59 Elemento Revisão pelo art. 317 Resolução ou revisão dos arts. 478 e 479 Causa da onerosidade Fatores imprevisíveis. Fatores extraordinários e imprevisíveis. Fundamento É um direito do devedor previsto na lei. É um direito dos contratantes decorrente da cláusula rebus sic stantibus, uma cláusula resolutiva não escrita que dá à parte o direito à resolução do contrato e, se for da vontade dos contratantes, sua revisão. Tabela 12: Diferenças entre art. 317 e art. 478. Elaborado por Gilberto Fachetti Silvestre. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. MÓDULO 3 Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 56/59 O princípio contratual cuja função é estabelecer um padrão ético de conduta para as partes, e segundo o qual as partes possuem o dever de agir com base em valores éticos e morais da sociedade, é a A boa-fé objetiva B boa-fé subjetiva C obrigatoriedade D conservação E relatividade Parabéns! A alternativa A está correta. A) O princípio da boa-fé objetiva impõe às partes de uma relação contratual a adoção de postura que guarde conformidade com os padrões sociais de ética, correção e transparência, a respeitar a legítima expectativa depositada nessa relação; B) Não é princípio; C, D e E) Não impõem deveres éticos e comportamento. Questão 2 Leia o trecho a seguir, que explica determinado princípio contratual: “[...] pode ser enfocado sob dois aspectos: um individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer seus interesses próprios, e outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato. Nesta medida, [...] somente estará cumprida quando a sua finalidade – distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social.” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. 3 – Contratos e Atos Unilaterais. 17. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2020, p. 26). O princípio definido no texto é A o pacta sunt servanda 07/02/2022 22:58 Fundamentos dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02497/index.html#imprimir 57/59 Considerações �nais Neste conteúdo, demonstramos como devem ser constituídos e quais as consequências da correta constituição dos contratos. A abordagem realizada foi destinada a apresentar não somente aspectos teóricos, mas também, e principalmente, os aspectos práticos. É preciso ter em mente que os contratos são uma das principais matérias discutidas em ações judiciais. Podcast Agora, o especialista Gilberto Fachetti Silvestre (doutor em Direito Civil) relembra tópicos importantes B o equilíbrio contratual C a equidade contratual D a oponibilidade contratual E a função social do contrato Parabéns! A alternativa E está correta. A função social do contrato é vital para a criação e manutenção dos contratos, seja para as partes envolvidas (contratantes)
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