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APOSTILA+CONTRATOS

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DIREITO CIVIL III - CONTRATOS
1. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
NOÇÃO DE CONTRATO:
Para falar de contrato é forçoso relembrar a teoria dos Fatos, Atos e Negócios Jurídicos.
FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO
Corresponde a todo acontecimento NATURAL ou HUMANO capaz de CONSTITUIR, MODIFICAR, CONSERVAR ou EXTINGUIR DIREITOS e OBRIGAÇÕES na órbita jurídica.
FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO
Correspondem a todos os acontecimentos produzidos EXCLUSIVAMENTE pela força da NATUREZA, que produzem consequências jurídicas.
ATOS HUMANOS
Se dividem em:
-
ilícitos – aqueles praticados em desacordo com o ordenamento jurídico. Embora repercutam na esfera do direito, produzem efeitos jurídicos involuntários (independem da vontade do agente), mas impostos por este ordenamento. 
-
lícitos – compreendem os Atos Jurídicos em sentido amplo - são atos praticados de acordo com a vontade do agente com a finalidade de alcançar os efeitos conferidos por lei;
ATOS JURÍDICOS EM SENTIDO AMPLO
Correspondem aos acontecimentos praticados por ato de vontade, que produzem consequências jurídicas previstas em lei.
Ato jurídico Lícito divide-se em:
ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (art. 185 CC)
Corresponde à exteriorização da vontade, ou seja, da ação humana, voluntária e lícita, praticada com a intenção de obter um resultado jurídico, ou seja, formando, modificando, conservando ou extinguindo direitos – Não possui conteúdo negocial.
A simples prática desencadeia o resultado pretendido.
NEGÓCIO JURÍDICO
O negócio jurídico consiste em toda manifestação de vontade, de conteúdo negocial, capaz de produzir efeitos jurídicos (criar, modificar, conservar ou extinguir direitos ou relações jurídicas).
Contrato 
O contrato é considerado como a categoria mais importante dos negócios jurídicos, podendo ser traduzido como um acordo de vontades, estabelecido entre dois ou mais sujeitos com interesses contrapostos ou paralelos, tendo como finalidade constituir, regular, manter, modificar ou extinguir direitos.
Assim, o contrato é um negócio jurídico, através do qual as partes declarantes, segundo a autonomia de suas próprias vontades, disciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, obedecendo aos princípios da função social e da boa-fé objetiva.
OBS: Assim, podemos dizer que todo contrato é um negócio jurídico, porém, nem todo negócio jurídico é um contrato.
Existem negócios jurídicos que não são contratos como no caso do Testamento (negócio jurídico unilateral – não depende do acordo de vontades para ter eficácia, apenas a aceitação posterior à morte do testador) e o negócio jurídico sob a anuência de terceiro (separação, divórcio) – estes dependem da autorização ou confirmação de terceiros (MP e Juiz de direito). 
CONTRATO E OBRIGAÇÃO
Do contrato deriva uma série de obrigações, assumidas voluntariamente pelas partes contratantes, que deverão ser rigorosamente cumpridas nos moldes avençados, sob pena do inadimplente ser compelido a cumpri-la (quando possível) ou compensá-la, respondendo civilmente pelos prejuízos causados. 
Portanto, obrigação e contrato são vocábulos que não devem ser confundidos, pois nem toda obrigação deriva de contrato, posto que este não é a única a fonte da obrigação, que pode se originar da lei (origem imediata na lei), da prática de atos ilícitos (origem imediata no comportamento humano e mediata na lei) ou da prática de negócio jurídico (origem imediata na vontade humana e mediata na lei). 
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE
Requisito de existência e validade não só dos negócios jurídicos como dos contratos, ela poderá se dar:
Expressamente;
Tacitamente;
Ficta ou presumidamente (silêncio) – EXCEÇÃO – somente permitidas quando causas jurídicas anteriores autorizem tal conclusão ou quando prevista em lei.
OBJETOS DO CONTRATO
Objeto imediato – operação – o negócio jurídico em si (compra e venda, locação, etc.) 
Objeto mediato – o bem da vida a que se pretende. Este bem deve ser passível de valoração econômica, pois não se é permitido dispor de direitos extrapatrimoniais.
OBS: A obrigação tem como objeto imediato a prestação e mediato o bem da vida.
NOVA CONCEPÇAO DOS CONTRATOS. Concepção social. Intervencionismo estatal. Limitação de liberdade de contratar. 
O conceito de contrato, desenvolvido a partir da Revolução Francesa, retratando o liberalismo econômico gerado pela Revolução Industrial e pela queda do regime aristocrático, tinha como base o ideal de liberdade e igualdade entre os homens. 
Os homens eram vistos como pessoas capazes de cuidar de seus próprios interesses financeiros, escolhendo seu parceiro contratual, definindo o conteúdo do contrato e o momento oportuno de contratar. Esta autonomia individual encontrou no contrato o seu instrumento de atuação.
Contudo, a liberdade plena de se contratar correspondia à responsabilidade, também plena, dos contratantes pelos compromissos assumidos contratualmente. Uma vez firmado o contrato, este se transformava em “lei” entre as partes – Princípio da Obrigatoriedade e da Força Vinculante dos Contratos, conforme a Teoria Clássica.
Sob estes prismas, não há como conceber que um contrato livremente convencionado pelas partes, através da manifestação autônoma e soberana de ambas as partes, pudesse ser revogado ou modificado por deliberação unilateral, não se admitindo, revisões ou modificações, sequer pelo Estado, através do Poder Judiciário. Partindo-se da ideia de igualdade e liberdade dos contratantes, não se poderia cogitar de injustiça nas cláusulas convencionadas.
Neste momento, sob a ótica do liberalismo presente no séc. XIX, a liberdade contratual definida no Princípio da Autonomia da Vontade apenas via limites na ordem pública e nos bons costumes. Não era função do Estado, intervir nos contratos, mesmo que dele decorresse manifesta injustiça para uma das partes. Cabia à justiça intervir apenas para forçar o seu cumprimento ou para negar seus efeitos quando infringia normas de ordem pública.
Enzo Roppo, citado por Humberto Theodoro Jr.
, explica que: 
“Para o Estado liberal, o problema da justiça comutativa das obrigações contratuais diz respeito às partes e não à ordem jurídica. Consagra-se, assim, a preeminência do valor segurança sobre o da justiça contratual.”
Tais fundamentos foram perdendo espaço face às desigualdades e o real desequilíbrio imposto pela parte economicamente mais forte, derrubando os princípios basilares da igualdade formal e real e impondo limites à liberdade contratual garantida pelo princípio da autonomia da vontade. 
O Estado liberal foi substituído pelo Estado Social, no séc. XX, onde o Estado passou ao seu encargo a função de garantir os direitos sociais e econômicos, ao invés de se preocupar somente com a organização da política social, meramente declarando os direitos fundamentais do homem.
Esta nova concepção permitiu ao Estado intervir nos contratos como fator de limitação da vontade individual, disciplinando objetivos que ultrapassam a vontade dos contratantes. 
Passou-se a reconhecer o desequilíbrio contratual em oposição ao princípio da igualdade formal e real, seja este desiquilíbrio moral, econômico, técnico ou de discernimento. Desta forma, o Estado passou a assumir de forma expressa a necessidade de editar leis visando a defesa das partes consideradas vulneráveis, devolvendo o equilíbrio às relações jurídicas contratuais, conferindo caráter material ao princípio da isonomia.
Inicia-se uma nova teoria contratual, onde se inserem novos paradigmas. Os princípios clássicos do direito contratual – autonomia da vontade, força vinculante (pacta sunt servanda) e relatividade das convenções - precisaram ser revistos, ganhando novos contornos, pois o modelo liberal não mais correspondia à realidade atual.
O contrato deixa de ser a expressão da liberdade individual, sendo a vontade fonte geradora de obrigações, passando a ser visto através de uma concepção social , onde a liberdade contratual encontra-se limitada pelo princípio da boa-fé objetiva, pelo equilíbrio econômico e pela função socialdo contrato. 
Cumpre ressaltar que, no Brasil, tai mudanças ganharam relevo com o advento da Constituição Federal em 1988, que tem por fundamento, expresso em seu art. 1º, incisos III e IV, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais da livre iniciativa, extraindo de seu texto os fundamentos para a nova teoria contratual, onde se destaca o princípio da boa-fé objetiva.
Desse modo, o CC, promulgado em 2002, após a CF/88, absorveu as diretrizes constitucionais de solidariedade social, consagrando especial atenção aos Princípios da Função Social, determinando que o contrato atenda à sua função social.
Por fim, resta salientar que os princípios clássicos dos contratos não foram banidos, porém, devem ser analisados sob a perspectiva constitucional, delineados pelos valores da solidariedade social e proteção da dignidade da pessoa humana, limitados pelas normas de ordem pública e atendendo aos princípios da função social e da boa-fé objetiva.
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO – art. 421 CC
Ao lado dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana a ser observado em todas as relações jurídicas (públicas e privadas), e da solidariedade social como objetivo a ser alcançado, consagrou-se em nosso ordenamento constitucional a função social, possibilitando ao Estado intervir nas relações de direito privado, limitando a liberdade contratual. 
Entende-se que determinada coisa obedece à função social quando serve de instrumento à satisfação dos interesses da sociedade.
A função social do contrato consiste em um princípio de conteúdo jurídico indeterminado na medida que se reconhece como necessidade principal a imposição de limites à liberdade de contratar em prol do bem comum. 
O art. 5º da LINDB prescreve que ao aplicar a lei o juiz deverá atender os fins sociais a que ela se destina.
	“Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
Nesse sentido, por mais que um contrato se revista de todos os requisitos de validade previstos nos arts.104 do CC, mas viole o interesse coletivo como a livre concorrência, o meio ambiente, etc. não terá respeitado à sua função social, devendo ser rechaçado pelo Poder Judiciário.
Logo, para atingir a função social, o contrato deverá:
Respeitar a dignidade da pessoa humana;
Admitir a relativização do princípio da igualdade das partes contratantes (possível somente nos contratos paritários);
Consagrar a boa-fé objetiva;
Respeitar o meio ambiente;
Respeitar o valor social do trabalho.
Por fim, cabe lembrar que mesmo que o contrato tenha sido celebrado sob a égide do Código Civil de 1916, estará ele sujeito aos novos preceitos estabelecidos pelo Código Civil de 2002, conforme disciplina o art. 2.035 do CC. 
	“Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.” (grifei)
Obs: Em regra vale o princípio da autonomia da vontade, respeitadas a função social do contrato e as limitações do princípio da supremacia da ordem pública que, em nome da ordem pública e do interesse social, permite ao Estado interferir nas manifestações de vontade. 
Princípios fundamentais 
Princípio da autonomia da vontade: Prerrogativa conferida aos sujeitos garantindo-lhes liberdade na estipulação do que lhes convenha, desde que se submetam ao disposto em lei e que seus fins alcancem a função social (art. 425 CC).
O princípio da autonomia da vontade pode ser desdobrado em três ângulos principais: a liberdade de contratar ou não contratar, a liberdade de contratar aquilo que entender (escolher o conteúdo do contrato), a liberdade de contratar com quem pretender, desde que não seja proibido, e atenda à função social.
Em se tratando de negócio jurídico, podemos dizer que a vontade é requisito de existência e de validade do negócio jurídico. 
Relembrando: para que o negócio jurídico seja considerado existente é necessário que os sujeitos manifestem as suas vontades, logo, basta que haja vontade e que esta seja manifestada de forma expressa, tácita ou ficta (quando permitidas por causas jurídicas anteriores que a autorizem ou quando prevista em lei). 
Pode-se dizer que enquanto a vontade não for exteriorizada, ou seja, enquanto a vontade permanecer aprisionada no inconsciente da parte, não existirá negócio jurídico, logo, não existirá contrato. 
Assim, para que o negócio jurídico exista é necessário que haja a exteriorização da vontade.
Superada a existência, insta salientar que para que o negócio jurídico tenha validade é preciso que esta vontade seja livre e isenta de vícios. 
Então, para que haja contrato deve haver a manifestação da vontade e esta vontade deverá ser hábil, se livre e isenta de vícios. 
A ausência de vontade livre e isenta de vícios nos contratos o torna passível de anulação por vício do consentimento (ex. coação).
 Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, essa vontade de contratar encontra sua liberdade limitada pelas normas de ordem pública, que não poderão ser contrariadas, pois cogentes, e pelo princípio da função social dos contratos, previsto no art. 421 CC.
O contrato não poderá ofender ao ordenamento jurídico, tampouco poderá ferir direitos alheios, por essa razão a autonomia da vontade encontra seus limites, não constituindo mais um princípio absoluto nos contratos.
Como limite de ordem prática situam-se os contratos necessários ou obrigatórios onde a lei impõe a obrigatoriedade de contatar, como no caso do seguro obrigatório. 
Outro caso de limitação da autonomia de contatar é o do prestador de serviço público que não poderá se recusar de contratar com pessoas por eles indesejadas.
Como veremos adiante, nos contratos de locação não residencial o proprietário será compelido pela justiça a manter o contrato de locação contra a sua vontade. 
Outro ponto que merece destaque diz respeito a
o surgimento de contratos em massa cujas cláusulas já se encontram predispostas, como no contrato por adesão, cujo surgimento fez muitos pensarem na “morte” dos contratos, pois tal prática estaria aniquilando a autonomia da vontade de contratar.
É bem verdade que nos contratos predispostos apenas o predisponente elabora as cláusulas contratuais, contudo, não há o que se falar sobre a inexistência da vontade de contratar, pois o aderente não deixa de manifestar a sua vontade de contratar, mesmo que tal manifestação se reduza ao aceite - adesão.
Assim, mesmo nos contratos de adesão ou por adesão, a rigor, manteve-se a autonomia da vontade, visto que o aderente manifesta a sua liberdade de escolha ao que contratar nos casos de cartéis, monopólios e oligopólios e, na ausência destes, terá o aderente, além da autonomia de contratar o que desejar, poderá escolher com quem deseja contratar e a como irá contratar. 
Quanto às limitações de ordem jurídica, podemos citar como exemplo o contrato entre particulares de mútuo oneroso, regulamentado por lei para combater a usura, onde, por mais que se observe vantagens para as partes, a livre pactuação dos juros encontra-se vedada por lei em nome da ordem pública. 
No sentido de buscar um equilíbrio entre as partes e proteger a parte mais fraca, o Poder Público criou normas cogentes para manter estabilizada a ordem pública e o interesse social, fixando princípios e regras gerais a serem aplicados aos contratos, denominadas cláusulas contratuais gerais, com a finalidade de delimitar a autonomia da vontade das partes contratantes, para manter o equilíbrio da relação contratual, a igualdade real e a proteção de terceiros, proibindo cláusulas abusivas.Contudo, fora as exceções acima apontadas, a autonomia da vontade ainda pode ser considerada como princípio cardeal dos contratos, encontrando seus limites apenas na lei e na função social.
	Portanto, razões de justiça e equidade vieram a determinar a intervenção do Estado sobre as relações contratuais, em um movimento que ficou conhecido como dirigismo contratual. Trata-se da inserção, no ordenamento jurídico, de uma série de normas cogentes, a delimitar os assuntos sobre os quais se pode contratar, em que limites se pode dispor de determinados direitos, e que cláusulas serão consideradas intrinsecamente abusivas e, por conseguinte, nulas.
Segundo identifica Eros Roberto Grau:
“A mudança de perspectiva sobre a compreensão da autonomia da vontade é, portanto, profunda: deixa-se de considerar o indivíduo como senhor absoluto da sua vontade, para compreendê-lo como sujeito autorizado pelo ordenamento a praticar determinados atos, nos exatos limites da autorização concedida.”
O mesmo diagnóstico dessa fase de transição é realizado por Gustavo Tepedino ao afirmar:
“Com o Estado intervencionista delineado pela Constituição de 1988 teremos, então, a presença do Poder Público interferindo nas relações contratuais, definindo limites, diminuindo os riscos do insucesso e protegendo camadas da população que, mercê daquela igualdade aparente e formal, ficavam à margem de todo o processo de desenvolvimento econômico, em situação de ostensiva desvantagem”.
Todavia, a flexibilização da autonomia da vontade a preceitos contidos na legislação não representa uma completa anulação desse princípio nas relações contratuais. Muito ao reverso, a autonomia da vontade, e, mais especificamente, a liberdade contratual, permanecem como princípio, e sua derivação respectivamente, a reger os vínculos contratuais, agora atrelada à função social do contrato, consoante o disposto no art. 421:
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Uma constatação de que a autonomia da vontade ainda desempenha papel de destaque na formação dos contratos pode ser encontrado no art. 425 do Código Civil, o qual determina que as partes poderão elaborar contratos atípicos, ou seja, contratos que não seguem os modelos de contrato tipificados na legislação:
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
b) Princípio da igualdade formal e real – equilíbrio da relação contratual: pressupõe a existência de igualdade das partes, ou seja, que em todo contrato as partes se encontram em equilíbrio, em paridade.
Há de se ressaltar que apenas nos contratos paritários haverá efetivo equilíbrio contratual.
Muito embora os contratos por adesão apresentem um efetivo desequilíbrio entre as partes, pois suas cláusulas são impostas aos contratantes que não tem a possibilidade de discutir o seu conteúdo, aceitando os seus termos muitas vezes por necessidade, a lei apresenta mecanismos que buscam coibir os abusos e reequilibrar as partes contratantes impondo regras de ordem pública e interesse social, incluindo-se a função social como princípio norteador dos contratos.
Desta forma, cabe ao julgador reequilibrar as partes contratantes revendo o conteúdo da avença, a fim de que a parte em situação inferior ou vulnerável, possa obter retribuição proporcional à obrigação que contraiu.
c)
Supremacia da ordem pública: significando que a autonomia da vontade é relativa, pois se encontra sujeita ao que dispõe a lei e aos princípios da moral, dos bons costumes e da ordem pública; Este princípio permite ao Estado intervir nas relações contratuais impondo limites à atuação particular.
d) Consensualismo: decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, ou seja, do acordo de vontades convergentes ou paralelas, estando presente mesmo nos contratos por adesão, como submissão às cláusulas pré-estabelecidas.
e)
Princípio da relatividade dos contratos: funda-se na idéia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes contratantes, ou seja, não afeta terceiros; 
f) Princípio da força vinculante ou obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda): representa a força vinculante das convenções. Assim, o contrato que obedece aos requisitos legais, vincula as partes, obrigando-as ao seu cumprimento. 
Tal princípio tem por fundamentos: a necessidade de segurança dos negócios jurídicos e da ordem pública e a intangibilidade ou imutabilidade dos contrato; 
O princípio da obrigatoriedade dos contratos somente encontra limites na força maior ou caso fortuito que determinam a extinção da avença.
OBS: Além do caso fortuito ou de força maior, poderá uma das partes alegar a exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) ou cumprido parcialmente (exceptio non rite adimpleti contractus) – art. 476 CC, como justificativa do não cumprimento de sua parte na avença.
Outra exceção a este princípio encontra-se disposta no art. 49 do CDC que permite a desistência da contratação do fornecimento de produto ou serviço que tenha chegado ao consumidor através de técnica de venda.
g) Princípio da revisão dos contratos (atende ao princípio da equivalência material entre as partes) – arts. 317 c/c 478 e seguintes do CC -(cláusula rebus sic stantibus e teoria da imprevisão): consiste basicamente em presumir nos contratos de trato sucessivo ou de execução diferida a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, que tornem excessivamente oneroso para uma das partes o seu adimplemento e que isto resulte em extrema vantagem para a outra parte contratante, poderá esta requerer ao juiz que a isente da obrigação, parcial ou totalmente. 
O CDC também prevê a revisão dos contratos quando o consumidor se deparar com condição superveniente de onerosidade excessiva - art. 6º, inciso V do CDC sem exigir que tal condição provoque extrema vantagem para a outra parte contratante e seja extraordinária ou imprevisível, basta que seja inesperado e não atribuível ao consumidor.
h) Princípio da boa fé objetiva – arts. 113 e 422 CC: exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
O princípio da boa-fé objetiva abrange os deveres correlatos aos negócios jurídicos como a lealdade, a informação, a veracidade, a transparência de agir, a segurança, a mútua cooperação, etc.
Cabe lembrar que a boa-fé objetiva deve estar presente não só no ato de celebração e conclusão do contrato, como deve preceder a celebração e permanecer após a sua conclusão, como se verifica, por exemplo, no dever do fornecedor de produto ou serviço de prestar assistência técnica ao consumidor.
O inciso IV do art. 5º CDC prevê que são nulas as cláusulas ofensivas à boa-fé.
Ver arts. 413 CC e 51, IV do CDC. 
Classificação dos contratos:
I) CONTRATOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:
1) Quanto à natureza da obrigação: 
Classificação que leva em consideração a natureza da obrigação como parâmetro, ou seja, em função da prestação pactuada
	OBS: NÃO CONFUNDIR CONTRATO BILATERAL COM NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL.
O Negócio Jurídico pode ser unilateral (quando se aperfeiçoa através da manifestação da vontade de uma das partes – testamento) ou bilateral (se aperfeiçoa com a conjunção de vontades das duas partes - contrato).
Quanto se trata de contrato unilateral ou bilateral, leva-se em consideração o acordo de vontades, se esta criará ou não obrigações recíprocas. 
a)
bilaterais, plurilaterais ou sinalagmáticos: são aqueles que prevêem direitos e obrigações para ambas as partes, ou seja, obrigações recíprocas de direitos e deveres criando uma dependência recíproca entre as prestações (por isso denominados como contratos sinalagmáticos ou de prestações correlatas);
Ex: contrato decompra e venda.
b)
unilaterais: são aqueles que mantém as posições de credor e devedor estáticas, ou seja, prevê que uma das partes terá direitos e a outra terá deveres. 
Aqui, apenas uma das partes se obriga e apenas a outra parte aufere vantagens.
Ex. contrato de depósito.
	PARTE DA DOUTRINA PREVÊ A EXISTÊNCIA DE UMA CATEGORIA INTERMEDIÁRIA:
Contrato bilateral imperfeito – contrato de depósito – em um primeiro momento se apresenta unilateral, contudo, no curso da execução se mostra bilateral, visto que, em virtude de circunstância superveniente, o depositante poderá ser obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa (arts. 643 CC).
A melhor doutrina repele a existência desta categoria intermediária. Orlando Gomes entende que tal situação acidental não descaracteriza a unilateralidade do contrato, uma vez que na sua conclusão irá gerar obrigações para uma parte apenas. 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
-
Apenas nos contratos bilaterais pode-se adotar a exceção do contrato não cumprido (exception non adimpleti contractus) – art. 476 CC. 
	Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Apenas nos contratos bilaterais se aplica a teoria da condição resolutiva tácita: prevê a justa causa para a resolução do contrato quando uma das partes deixa, culposamente, de cumprir a sua prestação na avença, por força da interdependência das obrigações. 
Apenas nos contratos bilaterais comutativos é aplicável a teoria dos vícios redibitórios - vícios ou defeitos ocultos da coisa passíveis de torná-la imprópria para o uso que se destina ou que lhe diminua o valor (art.441 CC).
	Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
c)
gratuitos ou benéficos: são aqueles contratos onde apenas uma das partes irá auferir benefício e a outra apenas arcará com sacrifício patrimonial.
Ex: doação pura (sem encargo e comodato)
d)
onerosos: considera-se oneroso o contrato onde ambas as partes terão benefícios e sacrifícios correspondentes, ou seja benefício de uma das partes deverá corresponder ao sacrifício patrimonial da outra. 
Ex. compra e venda.
OBSERVAÇÕES:
Nos contratos gratuitos, cabe a interpretação restritiva, protegendo o contratante onerado (art. 114 CC);
	Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
No campo da responsabilidade civil por descumprimento da obrigação, o contratante beneficiado responderá por simples culpa enquanto a parte onerada apenas responderá se tiver agido com dolo. Já nos contratos onerosos ambas as partes responderão por culpa, salvo quando a responsabilidade for objetiva, ou seja, independente de culpa (art. 392 CC).
	Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
A evicção apenas se aplica aos contratos onerosos (art. 447 CC). 
	Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
EXERCÍCIO
	 (37º Exame de Ordem - 2ª fase)
Marta, microempresária, utilizou os serviços de uma oficina mecânica para reparar o veículo de sua confeitaria, o qual havia parado de funcionar durante uma entrega de bolos. Entre os fatos que a levaram a escolher aquela oficina, estava a oferta de um veículo da própria oficina para transportar os bolos até seu destino. No curso da viagem, o condutor do veículo oferecido pela oficina, por não ter observado a distância de segurança, colidiu-o contra a traseira de veículo que seguia à sua frente. Marta, então, requereu do dono da oficina a indenização correspondente à destruição dos bolos, cujo valor final apurado correspondeu a R$ 1.500,00. O dono da oficina, contudo, negou-se a indenizar os danos, ao argumento de que, em transporte gratuito, o transportador só responderia em caso de dolo ou culpa grave, situação que não se configurara, dada a culpa leve do motorista. Em face dessa negativa, Marta procurou escritório de advocacia para obter informações a respeito de seus direitos à reparação de danos.
Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Marta, discuta o argumento utilizado pelo dono da oficina para eximir-se da responsabilidade e indique, se for o caso, a via judicial adequada e o juízo competente para o encaminhamento do pedido de reparação de danos.
Os contratos Onerosos se dividem em;
i) Comutativos: quando houver efetiva equivalência entre a prestação e a contraprestação, sendo esta de conhecimento prévio dos contratantes;
Ex: compra e venda.
ii) Aleatórios (arts. 458/461 CC): são aqueles que expõem os contratantes à situação de ganho ou perda, não há certeza sobre a equivalência das prestações.
Ex: jogo, aposta, contrato de seguro, etc;
OBS: CONTRATO DE COMPRA E VENDA ALEATÓRIA:
e)
Paritários: são aqueles em que as partes se encontram em paridade de negociação, ou seja, as partes encontram-se em igualdade de condições na negociação das cláusulas contratuais (fase de puntuação).
f)
Por adesão: é aquele que se encontra predeterminado por um dos contratantes (proponente), caracterizando-se pela impossibilidade de negociação por parte do oblato.
CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE ADESÃO:
I)
Uniformidade: caracterizada pela identidade do conteúdo contratual, visando atingir o maior número possível de contratantes;
II)
Predeterminação unilateral: o contrato de adesão caracteriza-se não pela uniformidade, mas pela sua forma de constituição, ou seja, pela fixação de cláusulas predeterminadas pela parte proponente, sem possibilidade de discussão de seu conteúdo;
III)
Rigidez: característica marcante deste tipo de contrato, a rigidez impossibilita a discussão das cláusulas, pois de outra forma estaríamos frente ao contrato paritário;
IV)
Posição de vantagem de uma das partes (superioridade material ou econômica): pode-se dizer que a superioridade de uma das partes permite a predeterminação de cláusulas, é o que acontece com o detentor de monopólio de exploração de determinado produto ou serviço que poderá impor a sua vontade pois de outro modo o oblato não teria o produto ou serviço pretendido. 
	OS CONTRATOS DE ADESÃO DIFERENCIAM-SE DOS CONTRATOS-TIPOS, FORMULÁRIOS, EM SÉRIE OU EM MASSA:
PARIDADE ENTRE AS PARTES;
POSSIBILIDADE DE NEGOCIAÇÃO DO CONTEÚDO DAS CLÁUSULAS PREDETERMINADAS.
DIFERENTE DOS CONTRATOS OBRIGATÓRIOS:
NÃO SE ADMITE A POSSIBILIDADE DE NÃO CONTRATAR;
O OBLATO APENAS TERÁ AUTONOMIA NA ESCOLHA DO CONTRATANTE.
2) Quanto à forma:
Leva-se em consideração a forma em que se opera (escrito, verbal) e a maneira pela qual ele é considerado finalizado.
a) 
Não-solenes: são aqueles que apresentam liberdade de forma, constituem a regra em nosso ordenamento jurídico (princípio da liberdade de forma), não terá cabimento quando a lei exigir forma rígida. 
b)
Solenes ou formais (ad solemnitatem): são aqueles que devem se apresentar sob a forma prescrita em lei para que tenham validade – constituem exceção em nosso ordenamento; ex: compra e venda de imóveis cujo valor exceda o valor legal (art. 108 CC)
	Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Paralelamente aos contratos ad solemnitatem encontram-se os contratos ad probationem, que são aqueles que devem apresentar a forma escrita para efeitos de prova do negócio jurídico, mesmo quando a forma não seja essencial à sua validade, como nos casos onde não seja admitida apenas a prova testemunhal.
Ex: contrato de fiança. 
	Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamentetestemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados.
c)
Consensuais: são aqueles que se aperfeiçoam com a simples proposta e aceitação, ou seja, se concretizam com a simples declaração de vontade. Logo, só tem cabimento quando a lei não exigir forma especial.
ex: compra e venda de coisa móvel, locação, transporte, etc.
d)
Reais: aqueles que exigem a entrega efetiva da coisa para que sejam considerados existentes, ou seja, o contrato não se forma enquanto a coisa não for entregue. 
ex. mútuo, comodato, depósito, penhor; 
3) Quanto à disciplina legal:
Leva em conta a denominação específica do contrato celebrado.
a)
Contratos Nominados ou Típicos: são aqueles que encontram nomenclatura e regulamentação prevista em lei. 
b)
Contratos Inominados ou Atípicos: são aqueles que não possuem nomenclatura e regulamentação legal própria, são fruto da criatividade humana. 
A legislação prevê o contrato inominado para ratificar a garantia da liberdade das partes para livremente celebrar contratos não previstos em seu texto; 
c)
Contratos Mistos: são aqueles formados pela fusão ou combinação de dois ou mais contratos típicos 
Ex. alienação fiduciária que trata da conjugação do contrato de venda com o contrato de depósito; 
4) Quanto à pessoa do contratante:
- Quanto à pessoa do contratante podemos apontar a importância dos sujeitos do contrato para a celebração e produção dos efeitos pretendidos, classificando-se em:
a)
Contratos Pessoais: são conhecidos como personalíssimos(intuitu personae) – Leva em consideração as características particulares do contratante, as quais tem influência decisiva para a celebração do contrato. 
As peculiaridades do sujeito contratado constituem a razão determinante da contratação.
Ex: contratos onde se pactue que a obrigação de fazer é infungível.
b)
Contratos Impessoais: são aqueles onde o interesse se dirige meramente ao resultado pretendido, não valoriza habilidades pessoais, poderá ser cumprido por qualquer pessoa.
OBS: Importância na distinção:
Podemos destacar a importância na distinção dos contratos pessoais e impessoais pelas seguintes consequências: 
-
TRANSMISSIBILIDADE: como já visto na matéria relativa ao direito das obrigações, o contrato intuitu personae são intransmissíveis, ou seja, somente poderão ser executados pela pessoa contratada, não podendo a obrigação assumida ser cedida ou transmitida para que outrem a execute.
-
ANULAÇÃO: os contratos intuitu personae poderão ser anulados caso haja erro essencial sobre a pessoa contratada (art. 139, II do CC);
-
PERDAS E DANOS: como o contrato intuitu personae não admite a prestação por terceiros, o seu descumprimento culposo somente poderá gerar o pagamento de indenização por perdas e danos ou, sendo possível ou havendo interesse do credor, poderá este buscar meios coercitivos através de astreintes. 
- Ainda quanto à importância da pessoa, podemos apontar a relevância da classificação quanto ao número de sujeitos atingidos na relação contratual, onde apresentam-se os:
c)
Contratos Individuais: opera-se entre pessoas determinadas, consideradas individualmente, mesmo que as partes se apresentem em número elevado.
d)
Contratos Coletivos: são aqueles celebrados entre grupos não individualizados, reunidos por uma relação jurídica ou de fato, como as convenções coletivas das categorias profissionais.
Também chamados de contratos normativos, os contratos coletivos apresentam cláusulas com força normativa abstrata, ou seja, possuem situação análoga aos preceitos legais, estabelecendo regras que deverão ser observadas na celebração e na execução dos contratos individuais subordinados.
e)
Autocontrato: não se trata de contrato consigo mesmo. O autocontrato se caracteriza pelo negócio jurídico onde uma das partes se encontra representada por outra pessoa que detém poderes para celebrar o contrato e que o estipula consigo mesmo, em vez de pactuá-lo com terceiros.
Há de se ressaltar que tal avença sempre encontrou severas resistências, apresentando o Novo Código Civil dispositivo prevendo o autocontrato, em seu art. 117, que somente será permitido se autorizado expressamente por lei ou o representado.
	Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.
5) Quanto ao tempo da execução, os contratos podem ser:
a)
Instantâneos: são aqueles cujos efeitos se produzem de uma só vez, em um só ato. 
Ex: compra e venda de bens móveis – o contrato se consuma com a tradição (entrega) da coisa.
Os contratos Instantâneos podem ser:
i) 
De execução imediata, ou seja, logo após a celebração. 
ii)
De execução diferida, ou seja, em ato posterior, a termo. 
OBS: Apenas nos contratos de execução diferida aplica-se a teoria da imprevisão, pois a execução depende de circunstâncias futuras.
b)
Contratos de duração: também chamados de contrato de trato sucessivo, execução continuada ou débito permanente: são aqueles cuja execução depende da prática de atos sucessivos ou reiterados, como no caso de compra e venda a prazo, o contrato de trabalho, etc. 
O Contrato de duração poderá ser:
i) contrato de duração determinada: ocorre sempre que houver menção expressa de um termo final ou de condição resolutiva a limitar a sua eficácia;
ii) contrato de duração indeterminada: ocorre quando não houver menção expressa de um termo final ou de condição resolutiva a limitar a sua eficácia;
IMPORTÂNCIA NA DISTINÇÃO:
-
Os art. 478 a 480 do CC. tratam dos casos de onerosidade excessiva, prevendo a resolução do contrato em tais casos;
	Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
-
A declaração de nulidade ou a resolução por inadimplemento dos contratos de execução instantânea impõe a restituição das partes ao status anterior e nos contratos de execução continuada respeitar-se-ão os efeitos produzidos. 
6)
Quanto ao motivo determinante do negócio:
 Trata de classificação que leva em consideração o motivo que determinou a celebração do contrato.
a)
contratos causais: são aqueles que encontram-se vinculados a uma causa específica que o determinou, podendo ser considerados inválidos de a causa determinante for ilícita, inexistente ou contra a moral.
Ex: contrato de locação.
b)
contratos abstratos: são aqueles que tem força independente da causa que o determinou, como por ex. os títulos de crédito, o cheque.
7)
Quanto à função econômica:
Tem como parâmetro a função econômica do contrato celebrado.
a)
Contrato de troca: aquele que se caracteriza pela permuta de coisas (utilidades econômicas).
Ex: Compra e venda.
b)
Contratos associativos: são aqueles que se caracterizam pela manifestação de vontades coincidentes ou paralelas. 
Ex: Sociedade e Parceria.
c)
Contrato de prevenção de riscos: são aqueles em que uma das partes assume os riscos, resguardando a possibilidade de dano futuro e eventual.
Ex: contrato de seguro.
Contrato de crédito: são aqueles que visam a obtenção de um bem que deverá ser restituído posteriormente.
Ex: mútuo feneratício. 
Contrato de atividade: são aqueles que se caracterizam pela prestação de uma condutade fato (serviço) mediante remuneração.
Ex: contrato de trabalho.
II)
CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS:
Essa classificação toma como parâmetro a existência de uma relação de dependência ou a definitividade da avença. 
8)
Quanto à dependência: 
a)
Contratos principais: constituem a regra no sistema jurídico. São aqueles que têm existência autônoma, não dependem da existência de outro contrato para existirem.
b)
Contratos acessórios: exceção. A existência do contrato acessório pressupõe a existência do contrato principal ao qual servem.
Ex: contrato de fiança (acessório do contrato de locação).
Consequências da dependência:
-
A nulidade do contrato principal provocará a nulidade do contrato acessório (art. 184 CC) mas a nulidade do contrato acessório não implicará a nulidade do contrato principal;
	Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
-
A prestação da pretensão relativa à obrigação principal induzirá à prestação da obrigação acessória mas, uma vez prescrita a obrigação acessória, não induzirá à prescrição da obrigação principal. 
OBS: O contrato acessório não se confunde com o contrato derivado ou subcontrato que, mesmo mantendo a situação de dependência, diferem do contrato acessório por participar da própria natureza do contrato-base. 
Ex: sublocação.
9)
Quanto à definitividade:
a)
Contratos preliminares: são aqueles que tem por finalidade garantir a celebração do contrato definitivo, tornando obrigatória a celebração de um contrato no futuro, ou seja, consiste em um pré-contrato, ex.: compromisso de compra e venda, são firmados com o fim de tornar obrigatória a celebração de um contrato futuro.
b)
Contratos definitivos: constituem a regra em nosso sistema jurídico, são aqueles que visam constituir, manter, modificar ou extinguir direito patrimoniais. 
A INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
A interpretação dos contratos se mostra relevante quando há divergência entre os contratantes acerca do real sentido de determinada cláusula contratual, caso contrário o contrato será cumprido normalmente, não haverá litígio, não haverá prestação jurisdicional.
Como bem disse Silvio Rodrigues
 “o contrato tem por mola propulsora a vontade das partes, de maneira que, para se descobrir o exato sentido de uma disposição contratual, faz-se mister, em primeiro lugar, verificar qual a intenção comum dos contratantes.” 
Neste sentido, o art. 112 do CC dispõe sobre a regra básica de interpretação dos negócios jurídicos, dispondo que a intenção do agente da declaração de vontade prevalecerá sobre o sentido literal da palavra.
	“Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.”
Conforme dito acima, a interpretação do contrato mostra a sua importância nos casos de divergência entre os contratantes que, por esta razão, deixam de cumprir o pactuado, levando à justiça o seu litígio.
Para dirimir a questão, o intérprete deverá analisar o contrato objetiva e subjetivamente.
No ponto de vista objetivo, o intérprete analisará as cláusulas do contrato,
No ponto de vista subjetivo, o intérprete analisará a vontade, a intenção do agente contratante.
Ao contrário dos Códigos Francês e Italiano, o Código Civil Brasileiro não dispõe de um capítulo sobre regras de interpretação dos contratos, trazendo apenas alguns dispositivos esparsos. Desta forma, tornou-se pacífica a orientação de se utilizar os conceitos estabelecidos nas leis estrangeiras, considerados úteis, principalmente na legislação italiana, para a análise dos contratos.
Assim, cumpre o estudo dos mecanismos previstos no Código Civil Italiano, no Capítulo sobre a interpretação dos contratos, cujos dispositivos se encontram divididos em dois grupos:
1º Grupo: traz os dispositivos de caráter objetivo, onde o contrato será analisado através do exame de suas cláusulas.
Regras:
Cláusulas de duplo sentido – deverão ser analisadas de forma a gerar algum efeito (princípio da conservação dos contratos);
Cláusulas ambíguas – serão interpretadas segundo os costumes locais;
Expressões com mais de um sentido – devem ser interpretadas de acordo com a natureza e do objeto do contrato;
Cláusulas inscritas nas condições gerais do contrato, elaboradas apenas por um dos contratantes – serão interpretadas de forma mais benéfica ao outro contratante;
Nos contratos gratuitos – a interpretação deverá ser a menos onerosa para o devedor;
Nos contratos onerosos – a interpretação deverá buscar o equilíbrio das partes.
2º Grupo: traz regras de caráter subjetivo, consubstanciadas na interpretação segundo a vontade das partes.
Regras:
Prevalência da vontade das partes sobre o sentido literal da linguagem;
Em caso de obscuridade ou de divergência – o intérprete deverá verificar o verdadeiro intuito das partes, analisando o comportamento pré e pós contratual; 
Em caso de divergência de cláusulas – o intérprete deverá analisá-la conforme as cláusulas anteriores e posteriores, não devendo a cláusula em litígio ser analisada isoladamente;
Quando o contrato referir sobre determinado caso a título de esclarecimento – o intérprete não deverá excluir casos abrangidos na convenção que não estejam expressos no contrato.
OBS: A interpretação do contrato jamais poderá colidir com a cláusula disposta de forma clara, ou seja, que não admita dúvidas, em razão de se preservar a segurança das relações contratuais.
Seguem abaixo alguns dispositivos do nosso Código Civil, que estabelecem regras de interpretação dos contratos: 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Como já foi dito, os contratos consistem na manifestação convergente ou paralela de vontades dirigidas a alcançar algum fim.
Porém, para que tais manifestações produzam algum efeito é necessário que as partes estabeleçam as cláusulas que irão reger a relação jurídica. 
O processo de formação dos contratos inicia-se com a fase de tratativas preliminares, denominada fase de puntuação, onde as partes negociam as cláusulas até que estabeleçam a proposta definitiva e, por consequência a aceitação.
Assim, apenas considera-se formado o contrato que apresentar a proposta e a consequente aceitação.
	PROPOSTA (proponente)
	CONSENTIMENTO
	ACEITAÇÃO (aceitante)
FASE DE PUNTUAÇÃO
A fase de puntuação não se trata de contrato preliminar, mas de fase de negociações preliminares, que precede a formação dos contratos (preliminares ou definitivos) – fase onde as partes conciliam interesses antagônicos visando a proposta final.
Neste momento, as partes ainda não se encontram vinculadas, ou seja, ainda não há obrigação, pois o direito de contratar ou não é garantido pela ordem jurídica, possui natureza constitucional, o qual permite às partes o direito de negociar livremente, ou seja, permite o direito de optar por celebrar ou não o contrato.
Lembrando que tal direito encontra limites no princípio da boa-fé objetiva. Assim, na fase de tratativas deve-se atentar para o fato denão se ter criado uma legítima expectativa de contratar, assim, entende-se que caso o exercício do direito de não contratar cause danos, estes devem ser indenizados conforme o princípio da boa-fé objetiva e dos deveres de confiança e lealdade.
FASE DE POLICITAÇÃO (PROPOSTA)
Esta fase consiste na oferta que uma parte (proponente, ofertante, policitante) faz à outra (oblato) de contratar.
Caracterizada como uma declaração receptícia de vontade, a fase de policitação deverá ser concreta para vincular as partes, não devendo ser confundida com a fase de puntuação.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se:
o contrário não resultar dos termos dela: cláusula de arrependimento (não se aplica às relações de consumo – arts. 30/35 do CDC – Princípio da Vinculação);
da natureza do negócio: ex: ofertas ao público limitadas ao estoque da loja.
das circunstâncias do caso: condição genérica que deve ser analisada pelo julgador.
Exceções quanto ao lapso temporal:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
ACEITAÇÃO
Aquiescência, concordância, aceite à proposta de contrato, manifestada pelo aceitante (oblato) ao aderir ao que lhe foi proposto.
Para que tenha validade é necessário que se respeite os requisitos de validade da manifestação de vontade, ou seja, livre e isenta de vícios, exercida por pessoa capaz ou representada ou assistida, legítima ou legitimada.
Contraproposta – não representa aceitação, pois houve modificação da proposta, ou seja, surgiu uma nova proposta (art. 431 CC).
	Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
Se a aceitação chegar a conhecimento do proponente após o prazo, deverá este comunicar tal fato ao aceitante sob pena de responder pelos prejuízos causados (art. 430 CC)
	Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
ACEITAÇÃO TÁCITA
Deve ser expressada por alguma conduta ou não for usual a aceitação expressa.
	Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
RETRATAÇÃO
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Ex: Habitualidade no fornecimento de produtos agrícolas - caso não seja do interesse do comerciante, deverá este avisar o fornecedor sob pena de arcar com os prejuízos.
CONTRATOS ENTRE AUSENTES – FORMAÇÃO
Tratam-se dos casos de contratos formados entre pessoas ausentes, principalmente quando formados através de correspondência epistolar.
Nesse caso cumpre verificar em que momento o contrato se formou. 
Na tentativa de se apontar o momento exato da formação do contrato a doutrina criou duas teorias explicativas, a saber:
1)
TEORIA DA COGNIÇÃO: 
Os adeptos desta teoria entendem que a formação do contrato se opera no momento em que a resposta do aceitante chega ao conhecimento do proponente. Assim, não só caberia o recebimento da correspondência, mas a ciência de seu conteúdo.
2)
TEORIA DA AGNIÇÃO :
Para seus adeptos não há a necessidade de que a resposta chegue ao conhecimento do proponente, dividindo-se a doutrina:
2a)
Subteoria da declaração propriamente dita: o momento da formação seria aquele em que o aceitante redige a sua resposta – não precisa o momento exato da resposta, trazendo insegurança às relações contratuais;
2b)
Subteoria da expedição: o momento da formação do contrato seria aquele momento onde o aceitante expedisse a sua resposta – tinha como adepto Clóvis Beviláqua – era adotada pelo CC de 1916;
2c)
Subteoria da recepção: o momento da formação do contrato seria aquele em que o proponente recebe a resposta. Ao contrário da teoria da cognição, não há aqui a necessidade do proponente tomar ciência do conteúdo da resposta, basta que ela chegue.
Pode ser provada através do Aviso de Recebimento (AR).
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002: 
A leitura do art. 434 do CC, passa a impressão de que o novo Codex adotou a subteoria da expedição, contudo, através de uma interpretação sistemática, compreendendo o art. 433 do CC, não se chega a outra conclusão de que o Diploma Civil adotou a subteoria da recepção, visto que admite-se a retratação antes ou simultaneamente ao recebimento da resposta, além de prever que não se consideram mais obrigatória a proposta quando a resposta não chegar no prazo convencionado.
LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO:
O Art. 435 do CC, dispõe que se considera celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
IMPORTÂNCIA:
COMPETÊNCIA PARA AÇÕES QUE VERSEM SOBRE O CONTRATO;
OBSERVAÇÃO DOS USOS E COSTUMES LOCAIS PARA DIRIMIR QUESTÕES CONTROVERTIDAS;
CONTRATOS PELA INTERNET - Domicílio do proponente/policitante.
ESTIPULAÇÕES CONTRATUAIS EM RELAÇÃO A TERCEIROS
Como já dito, o contrato consiste em manifestação convergente ou paralela de vontades visando a criação, manutenção, modificação ou extinção de direitos patrimoniais, gerando efeitos entre as partes contratantes.
Contudo, nosso regulamento jurídico estabelece uma exceção ao princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato, ou seja, dispõe que em alguns casos o contrato poderá gerar efeitos para uma terceira pessoa que não tenha participado da relação contratual, prevendo a estipulação em favor de terceiro, a promessa de fato a terceiro e o contrato com pessoa a declarar.
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO
Consiste em uma espécie de contrato onde uma das partes (credor ou estipulante) convenciona que a outra (devedor ou promitente) deverá prestar determinada obrigação em benefício de uma terceira pessoa (terceiro ou beneficiário) estranha à relação contratual que torna-se credora da obrigação.
EX: Seguro de Vida.
O TERCEIRO NÃO PARTICIPA DA RELAÇÃO CONTRATUAL, CONTUDO, O CONTRATO EM FAVOR DE TERCEIRO SE TORNA APERFEIÇOADO PELA VONTADE DAS PARTES CONTRATANTES, POIS O TERCEIRO NÃO TOMA PARTE DA AVENÇA. 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Desta forma, para que o terceiro obtenha o direito de exigir o cumprimento da obrigação, isto é, incorpore ao seu patrimônio jurídico o direito de exigir a prestação, é necessário que concorde expressamente com as condições e normas do contrato, assumindo de forma inequívoca as obrigações dele decorrentes e que não tenha sido substituído pelo estipulante. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
O estipulante perderá o direito de exonerar o devedor se, no contrato, reservar ao terceiro o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designadono contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Tal estipulação também deverá ser expressa.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
A melhor doutrina dirige severas críticas ao legislador pelo fato de ter silenciado sobre a distinção das estipulações gratuitas e onerosas em relação ao terceiro beneficiado, visto que este poderá assumir obrigações visando a obtenção do benefício estipulado e ver-se privado de tal benefício através da exoneração do devedor/promitente ou pela sua substituição efetivada pelo estipulante.
Neste sentido, a doutrina aponta que apenas nas estipulações graciosas caberia ao estipulante a revogação da estipulação ou a modificação do beneficiário, uma vez que este não sofreria qualquer prejuízo por não ter assumido qualquer ônus.
Por outro lado, nos contratos gratuitos o estipulante apenas perderia o direito de exonerar o devedor se tiver renunciado expressamente a este direito, conferindo ao beneficiário a prerrogativa de pretender o cumprimento da obrigação.
Nas estipulações onerosas, a remissão do devedor, a revogação da estipulação ou, ainda, a substituição da pessoa do beneficiário, acarretará efetivos prejuízos ao terceiro que sujeitou-se às condições e normas do contrato, contraindo um ônus. 
EFEITOS DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS
Possibilidade garantida tanto ao estipulante quanto ao terceiro de exigir a prestação por parte do promitente/devedor.
EXERCÍCIO
	OAB - CESPE/UnB - 2010.1
Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamento deveria ser feito a Tânia. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referido veículo fundiu. Edson, embora conhecesse o vício, não o informou a Bruna e, ainda, vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, que depende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos.
PROMESSA DE FATO A TERCEIRO
Consiste em negócio jurídico, onde a prestação avençada deverá ser cumprida não pelo estipulante, mas por um terceiro estranho à relação obrigacional.
Assim como a estipulação em favor de terceiro a promessa de fato a terceiro traduz-se em exceção ao princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato.
Contudo, tal avença se subordina a um fator eficacial que subordina a responsabilidade civil pelo descumprimento do contrato, ou seja, se o terceiro não tiver se comprometido diretamente ao cumprimento da obrigação, esta dele não poderá ser cobrada. Devendo o credor exigir a reparação civil daquele que se encontra vinculado à relação jurídica, ou seja, do contratante que tiver prometido o fato de terceiro.
Assim, o promitente apenas será exonerado da obrigação assumida contratualmente caso o terceiro assuma diretamente e de forma expressa a obrigação.
Contudo, o Código Civil de 2002 apresentou uma novidade no campo da responsabilidade civil pelo inadimplemento da promessa de fato de terceiro ao excluir a responsabilidade do estipulante quando terceiro for seu cônjuge e o cumprimento da obrigação depender de sua anuência ou recair sobre bens comuns, pois se estaria onerando o patrimônio daquele que não participou da relação obrigacional e, portanto, não teria responsabilidade de reparar os danos causados.
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
SOLIDARIEDADE
Como já visto em direito das obrigações, a solidariedade não se presume, resulta da vontade da lei ou por convenção das partes. Logo, para que haja solidariedade entre aquele que prometeu o fato de terceiro e o terceiro será necessário que haja previsão expressa convencionada entre ambos.
CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (cláusula pro amico eligendo)
Consiste em negócio jurídico, consagrado pelo atual Código Civil, semelhante à promessa de fato de terceiro, onde o estipulante reserva a faculdade de, no momento de conclusão do contrato, indicar uma pessoa que o substituirá na relação contratual, pessoa que irá adquirir direitos e contrair as obrigações em seu lugar.
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Para tanto é necessário que haja aceitação por parte do terceiro indicado, pois o designante se afasta da relação jurídica obrigacional como se nunca tivesse dela participado e o terceiro nomeado passa a integrar o contrato como se tivesse participado de sua elaboração, ou seja, os direitos adquiridos e as obrigações contraídas retroagem à data de celebração do negócio jurídico (art. 469). 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
O designante terá o prazo decadencial de 5 (cinco) dias a contar da celebração para indicar o terceiro que o irá substituir, caso não haja estipulação diversa, ou seja, no silêncio do contrato, o prazo decadencial para a indicação do terceiro será de cinco dias. 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Para que haja a substituição será necessário que:
-
o designante exerça o seu direito facultativo e indique o terceiro no prazo legal;
-
que o terceiro aceite a indicação da mesma forma em que se deu o contrato, não admitindo-se o silêncio como aceitação;
-
se a pessoa a nomear não era, ao momento da nomeação, incapaz ou insolvente, sendo tal fato desconhecido pelo outro contratante.
Nestes casos, a obrigação apenas terá eficácia entre aqueles que contrataram.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
Ex: Compromisso de compra e venda de imóveis – o promissário comprador reserva a faculdade de indicar terceiro para figurar na escritura definitiva.
DISTINÇÃO ENTRE O CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR E A CESSÃO DE CONTRATO 
	Contrato com pessoa a declarar
	Cessão de posição contratual
	- Faculdade de indicação encontra-se prevista no momento de celebração do contrato, podendo não ser exercida.
	- Não prevê a necessidade de estipulação prévia para substituição do contratante.
	- o cedente cede seus créditos e débitos a um terceiro que passa a assumir a posição contratual do cedente.
	- o cedente cede apenas o seu crédito ou o seu débito.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS
Instituto jurídico cuja finalidade consiste em resguardar ou garantir a possibilidade do adquirente de determinada coisa de redibir o contrato comutativo de transferência de posse ou propriedade, ou exigir o abatimento do preço, quando a coisa adquirida apresentar vícios ocultos que a tornem imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminua consideravelmente o valor, aplicando-se a regra, inclusive, nos casos de doações onerosas, até o montante do encargo.
CONCEITO DE VÍCIO REDIBITÓRIO:
Tratam-se de vícios ocultos capazes de diminuir o valor ou prejudicar a utilização de determinada coisaadquirida através da celebração de contrato oneroso e comutativo.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
OBS: Entende-se por vício oculto aquele que não é aparente, pois se for aparente não há o que se falar de vício redibitório.
Caio Mário define o vício redibitório como “um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminua sensivelmente o valor”.
Assim, o vício redibitório permite ao adquirente a possibilidade de resolver o contrato rejeitando a coisa adquirida com vício oculto, existente à época do contrato, que torna a coisa imprópria ao uso ou lhe diminua o valor ou de exigir o abatimento do preço.
ELEMENTOS DE CARACTERIZAÇÃO DO VÍCIO REDIBITÓRIO
-
Existência de contrato comutativo;
-
Defeito oculto existente à época da celebração;
-
Diminuição do valor econômico da coisa ou que a torne imprópria o uso que se destina
FUNDAMENTOS
Orlando Gomes entende que a garantia contra os vícios redibitórios se assenta fundamentalmente em três teorias:
 
1)
Teoria da Evicção Parcial:
Evicção: perda da propriedade de um bem, móvel ou imóvel, por força de um reconhecimento judicial ou administrativo do direito anterior de terceiro. Ou seja, ocorre a evicção quando o adquirente perde a propriedade da coisa adquirida por força de uma decisão judicial ou administrativa que reconhece o direito anterior de um terceiro sobre a coisa.
No caso de evicção o adquirente perde a coisa adquirida para um terceiro que demonstra o melhor direito sobre a mesma, enquanto o vício redibitório provoca a rejeição da coisa ou o abatimento do seu preço por esta apresentar um vício já existente e oculto no momento em que foi adquirida. 
Pela evicção, o adquirente prejudicado terá direito de regresso contra aquele que lhe vendeu a coisa, guardando íntima conexão com a responsabilidade civil por descumprimento contratual, nada tendo em comum com a possibilidade de redibição ou rejeição do contrato por vício que prejudica o uso da propriedade adquirida.
2)
Teoria do Erro:
Erro: vício do consentimento capaz de anular o negócio jurídico. Possui dimensão subjetiva, ou seja, é necessário que o contratante prove que agiu em erro essencial, sem o qual não teria realizado o negócio jurídico, para que este seja declarado inválido. 
O erro está ligado à qualidade essencial da coisa, tendo o negócio se consumado em razão da ignorância do adquirente, ao passo que no vício redibitório não trata da falta de qualidade essencial na coisa, mas de defeito capaz de prejudicar o seu uso ou lhe diminuir substancialmente o valor. 
O vício redibitório consiste em uma garantia legal dos contratos comutativos, não guardando nenhuma semelhança com o erro, pois o erro vicia a vontade do agente e o vício redibitório tem natureza objetiva, o adquirente recebeu exatamente o que desejava, contudo tal objeto apresentava defeito, não entrando no campo da validade do negócio, mas da sua eficácia.
3)
Teoria do inadimplemento contratual:
Tem como fundamento a violação do dever de garantia, ou seja, o dever que impõe a responsabilidade ao alienante por aquilo que colocou à venda, assegurando ao adquirente que a coisa alienada encontra-se em perfeito estado e em condições de uso a que se destina.
4)
Teoria do Risco:
Por esta teoria, o risco decorre por imperativo legal, obrigando ao alienante a suportar os riscos provocados por eventuais vícios ocultos existentes na coisa alienada, traduzindo uma idéia de perigo concreto de dano, induzindo à conclusão de que o alienante deve suportar a redibição do contrato por defeitos apresentados na coisa que por ele são desconhecidos, retornando a idéia de garantia contratual.
É na teoria do inadimplemento contratual e na sua variante, a teoria do risco, que o vício redibitório encontra a sua justificativa (princípio de garantia) conforme se depreende da leitura do art. 444 do CC.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Nesse caso, o adquirente (alienatário) terá direito à compensação devida. 
CONSEQUÊNCIAS DO VÍCIO REDIBITÓRIO
-
Rejeitar a coisa, redibindo o contrato através de ação redibitória, podendo ainda pleitear indenização por perdas e danos se cabível;
-
Exigir o abatimento do preço via ação estimatória ou “quanti minoris”.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. – através das ações edilícias (Ação Redibitória ou Ação Estimatória / quanti minoris) 
O art. 442 prevê duas pretensões, contudo o adquirente apenas poderá se valer de uma, face o concurso de ações, ou seja, a escolha de uma exclui a escolha da outra.
A quebra do dever de lealdade previsto no princípio da boa-fé objetiva contratual, impõe o pagamento de perdas e danos. Assim, se o alienante conhecia o vício, além de se sujeitar às ações edilícias, será chamado a responder pela indenização por perdas e danos que tiver provocado.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Assim, se o alienante desconhecia o vício apenas restituirá o que tiver recebido e as despesas do contrato, restituindo o estado anterior à celebração do contrato.
Prazo decadencial para a propositura das ações edilícias:
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
	Enunciado 174 aprovado durante a III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça: “Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou abatimento de preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir do conhecimento do defeito”.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Logo, adquirida a coisa com cláusula de garantia, o prazo da garantia legal por vício redibitório, visando a redibição ou o abatimento do preço, terá início após escoado o prazo dado em garantia contratual, contudo, para que o adquirente não perca a garantia legal, deverá informar ao alienante o aparecimento do vício redibitório no curso da garantia contratual no prazo previsto (30 dias) sob pena de decadência.
EXERCÍCIO
	41º Exame de Ordem - 2ª fase
Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamento deveria ser feito a Tânia. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referido veículo fundiu. Edson, embora conhecesse o vício, não o informou a Bruna e, ainda, vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, que depende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos.
Em face dessasituação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a(s) medida(s) judicial(is) cabível(is) e a(s) pretensão(ões) que pode(m) ser(em) deduzida(s), a parte legítima para figurar no polo passivo da demanda e o prazo para ajuizamento.
EVICÇÃO
Trata-se da perda da coisa adquirida onerosamente, por força de decisão judicial ou administrativa que a atribui a outrem, reconhecendo o direito preexistente ao contrato.
Ocorre a evicção quando o adquirente vem a perder a coisa adquirida, total ou parcialmente, através de uma decisão judicial ou administrativa, fundamentada em direito de terceiro, anterior ao contrato.
O instituto da evicção visa resguardar o direito do adquirente da coisa vendida por aquele que não é o seu titular (alienação a non domino), uma vez que ao alienante não cabe apenas o dever de transferir o domínio ou a posse da coisa alienada, deve também garantir o uso e o gozo pacífico da mesma, resguardando o adquirente de eventuais pretensões reivindicatórias de terceiros.
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Assim, caso ocorra a evicção, terá o adquirente (evicto) o direito à restituição do valor pago, das despesas do contrato e com o processo (custas e honorários), além da indenização pelos frutos que tiver de restituir, além do ressarcimento de todos os prejuízos que resultarem diretamente da evicção.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
SUJEITOS DA EVICÇÃO
Alienante;
Adquirente (evicto);
Terceiro (evictor).
FUNDAMENTOS
A evicção constitui garantia legal (não necessita de cláusula expressa no contrato) que visa o ressarcimento do adquirente pela perda da posse ou da propriedade da coisa, evitando-se o enriquecimento sem causa. 
Contudo, não há como afastar o princípio da boa-fé objetiva como fundamento da evicção, pois não há como não se apresentar a quebra do dever de lealdade necessário aos contratos, até porque seus efeitos não alcançam o adquirente que tinha conhecimento da evicção e assumiu o risco – art. 457 CC.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
CLÁUSULA GERAL DE GARANTIA
A evicção constitui uma garantia legal, presente em todo contrato oneroso, translativo de posse, uso ou propriedade, prescindindo de cláusula expressa.
Contudo, a responsabilidade do alienante poderá ser afastada, desde que de forma expressa. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar (impondo a devolução do preço em dobro), diminuir (permitir a devolução de parte do valor) ou excluir a responsabilidade pela evicção.
É necessário que se atente ao fato de que o reforço não deverá superar o prejuízo experimentado pelo evicto, devendo o reforço ser fixado com cautela, evitando-se que a evicção se transforme em negócio lucrativo desfigurando a sua natureza indenizatória, o que seria contrário aos princípios da boa-fé e do enriquecimento sem causa.
CLÁUSULA DE NÃO-EVICÇÃO OU DE IRRESPONSABILIDADE
Para que a cláusula de irresponsabilidade produza efeitos, é necessário que o adquirente seja informado sobre a probabilidade da evicção e assuma o risco de perder a coisa, renunciando expressamente a garantia.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Assim, se ao celebrar o contrato o adquirente não sabia dos riscos ou, se informado, não assumiu o risco da evicção, mesmo presente a cláusula de irresponsabilidade, terá ele direito à restituição do preço da coisa, porém, o alienante estará dispensado de restituir as demais verbas previstas no art. 450 do CC.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
REQUISITOS
Aquisição onerosa da propriedade, uso ou posse de coisa por contrato ou em hasta pública;
Posterior perda da posse ou da propriedade por decisão judicial ou administrativa;
Ignorância, pelo adquirente, que a coisa encontra-se em litígio;
Direito anterior do evictor (terceiro);
Denunciação à lide do alienante (art. 456 do CC c/c arts. 70, I e 76 do CPC).
DIREITOS DO EVICTO:
I- Restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
II - Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
III - Indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
IV – Ressarcimento da custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
A EVICÇÃO PODERÁ SER TOTAL OU PARCIAL
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Art. 456. REVOGADO
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
	Extinção do Contrato. Resilição Contratual. Resolução Contratual
FORMAS DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
EXTINÇÃO NATURAL
Regra: a extinção natural se dá pela execução espontânea da prestação avençada, que pode ocorrer de forma instantânea, diferida ou continuada, satisfazendo-se o direito do credor.
Lembrando de direito das obrigações, o pagamento da obrigação se comprova pela quitação fornecida pelo credor na forma do art. 320 do CC.
EXTINÇÃO POR DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL
Nem sempre o contrato é extinto da forma que se espera, ou seja, através do seu cumprimento. Algumas vezes o contrato é extinto sem ser adimplido.
O inadimplemento pode decorrer de causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato ou por causas supervenientes.
CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS QUE PROVOCAM A EXTINÇÃO DO CONTRATO
Decorrem de:
Defeitos decorrentes da falta de algum dos requisitos subjetivos, objetivos ou formais essenciais aos contratos provocando a sua invalidade por nulidade ou anulação;
Implemento de cláusula resolutiva (pacto comissório – resolução por inadimplemento – art. 475 CC);
Exercício do direito de arrependimento convencionado. 
CAUSAS SUPERVENIENTES QUE PROVOCAM A EXTINÇÃO DO CONTRATO
Decorrem da:
Resolução por inadimplemento voluntário, involuntário ou por onerosidade excessiva;
Resilição pela vontade de um ou de ambos os contratantes;
Morte de um dos contratantes nos contratos intuitu

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