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MERCADO DE CAPITAIS 5

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FINANÇAS CORPORATIVAS E 
MERCADO DE CAPITAIS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luiz Itamar Rosa 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! Na aula de hoje, vamos estudar o mercado de capitais, sua história, 
suas funções e seus objetivos. Também serão detalhados os principais títulos e 
valores mobiliários negociados e as funções dos principais órgãos que compõem 
o mercado de capitais. Será explorada ainda a história da bolsa de valores no 
Brasil e no mundo, e como é feita a negociação com títulos e valores mobiliários 
nessas instituições. 
Boa aula! 
CONTEXTUALIZANDO 
Somente o resultado obtido no período não garante que as empresas 
conseguirão crescer de forma orgânica. Sem recorrer a financiamentos fica difícil 
as empresas darem andamento a projetos de expansão e atingirem suas metas. 
A grande dúvida quanto à obtenção desses recursos diz respeito a sua origem, 
podendo vir de acionistas e proprietários – os chamados recursos próprios – ou 
de empréstimos com terceiros, normalmente junto a instituições financeiras. 
Um dos pontos fundamentais na administração financeira é estabelecer o 
balanceamento ideal entre a tomada de recursos próprios e de terceiros, mesmo 
que o retorno do projeto de expansão seja bem superior ao custo desse 
empréstimo. 
 Diante dessa necessidade, existe o mercado de capitais, que ajudará a 
converter os poupadores em investidores por meio de lançamento de ações no 
mercado primário de ações (underwriting), além das negociações que ocorrem 
no mercado secundário. Conhecer como funciona a dinâmica desse mercado é 
de fundamental importância para as empresas conseguirem se manter, 
utilizando-se de fontes menos onerosas para financiar suas necessidades de 
expansão. 
TEMA 1 – MERCADO DE CAPITAIS 
Pinheiro (2016, p. 180) define mercado de capitais como 
um conjunto de instituições que negociam com títulos e valores 
mobiliários, objetivando a canalização dos recursos dos agentes 
compradores para os agentes vendedores. Ou, seja, o mercado de 
capitais representa um sistema de distribuição de valores mobiliários 
que tem o propósito de viabilizar a capitalização das empresas e dar 
liquidez aos títulos emitidos por elas. 
 
 
3 
O site do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) reforça essa 
definição: 
A missão do mercado de capitais que é mobilizar recursos de 
poupança financeira de pessoas físicas, empresas e outras unidades 
econômicas que tem excedentes financeiros e promover sua alocação 
eficiente para financiar a produção, a comercialização e o investimento 
das empresas e o consumo das famílias. (Mercado..., 2016) 
Para Pinheiro (2016, p. 180), o surgimento do mercado de capitais ocorreu 
quando o mercado de crédito deixou de atender às necessidades da atividade 
produtiva, no sentido de garantir um fluxo de recursos nas condições adequadas 
em termos de prazo, custos e exigibilidades. 
Para o autor (Pinheiro, 2016, p. 180), o surgimento do mercado de capitais 
foi fundamentado em dois princípios: 
• contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando como 
propulsor de capitais para os investimentos, estimulando a formação 
da poupança privada; e 
• permitir e orientar a estruturação de uma sociedade pluralista, 
baseada na economia de mercado, permitindo a participação coletiva 
de forma ampla na riqueza e nos resultados da economia. 
O sistema de distribuição e prestação de serviços do mercado de capitais 
brasileiro é composto por sociedades corretoras de valores mobiliários, 
sociedades distribuidoras de valores mobiliários, bancos de investimento e 
bancos de desenvolvimento. 
O site do IBMEC (2018) destaca que, desde 2000, foram realizados 
importantes avanços institucionais do mercado de capitais brasileiro, e sua 
regulação hoje é considerada de boa qualidade, inclusive sendo considerada a 
melhor entre as economias emergentes. Nesse período foram criados, mediante 
regulamentação da Comissão de valores Mobiliários (CVM), vários instrumentos 
e veículos do mercado de capitais, além de aperfeiçoados vários mecanismos e 
normas voltados para proteção do investidor e para a garantia de condições 
competitivas no mercado. 
O Quadro 1 evidencia os principais avanços do mercado de capitais 
brasileiro. 
 
 
 
 
 
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Quadro 1 – Iniciativas para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro 
Iniciativas do setor público Iniciativas do setor privado 
(Bovespa) 
• Reforma da Lei das Sociedade por 
ações. 
Novo sistema operacional: 
Megabolsa - 1997 
• Aprimoramento dos padrões 
contábeis das empresas abertas e 
exigência de transparência para 
empresas fechadas a partir de certo 
tamanho. 
• 1997 - Criação da CBLC – Clearing 
independente 
• 1997 - Introdução do sistema Home 
Broker 
• 1999 - Início das operações After 
Market 
• 2001 - Novo Mercado 
• 2007 - Desmutualização 
• Revisão da Lei de Falências, 
visando favorecer a realocação 
eficiente do custo do crédito. 
• 2008 - Fusão da Bovespa com a 
BM&F 
 
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p. 137. 
O site Portal do Investidor destaca as iniciativas institucionais e 
governamentais que foram implementadas nos últimos anos com o objetivo de 
assegurar melhorias das práticas de governança corporativa das empresas 
brasileiras, como veremos a seguir. 
1.1 Novo mercado 
Segundo o site Portal do Investidor (Historia..., 2018), a origem do novo 
mercado se deve a uma conjuntura conturbada no final da década de 1990, que 
foi marcada por uma grande crise no mercado acionário no país. 
Dados do site (História..., 2018) relatam que o número de empresas 
listadas na Bolsa de Valores Brasileira (Bovespa) tinha caído, de 550 em 1996 
para 440 em 2001. Além disso, o volume de recursos negociado foi reduzido, 
passando de US$ 191 bilhões em 1997 para US$ 101 bilhões em 2000 e US$ 65 
bilhões em 2001. Com o agravamento da crise, muitas empresas fechavam o 
capital, e poucas abriam. 
 
 
5 
Dentro desse novo cenário, a Bovespa criou o chamado Novo Mercado, 
direcionado às ações de companhias que se comprometam voluntariamente a 
adotar as boas práticas de governança corporativa. Nessa fundamental 
adaptação à realidade do mercado de ações brasileiro, foram criadas duas 
etapas intermediárias: Níveis I e II, que, junto com o Novo Mercado, 
estabeleceram compromissos crescentes de adoção de melhores práticas de 
governança corporativa, a fim de dar credibilidade a bolsa de valores. 
O site Portal do Investidor destaca o principal motivo da criação do Novo 
Mercado: 
O fundamento principal que norteou a criação do Novo Mercado foi a 
constatação de que entre os diversos fatores que contribuem para a 
fragilidade do mercado de capitais brasileiro está a falta de proteção 
aos acionistas minoritários. Dessa forma, a valorização e a liquidez das 
ações de um mercado são influenciadas positivamente pelo grau de 
segurança que os direitos concedidos aos acionistas oferecem e pela 
qualidade das informações prestadas pelas empresas. (História..., 
2018) 
1.2 Reforma da Lei das Sociedades Anônimas 
Com o objetivo de fortalecer o mercado de capitais e estimular a maior 
participação dos investidores, o governo brasileiro promoveu alterações na Lei 
Societária em vigor desde 1976 (Lei n. 6.404/1976). Essas mudanças visam 
também aperfeiçoar e incrementar os direitos e a proteção dos acionistas 
minoritários, que era uma reivindicação generalizada dos diversos integrantes 
do mercado. 
As principais alterações realizadas dizem respeito às novas regras de 
governança corporativa nascidas de princípios de disclousure (transparência), 
tratamento equitativo, compliance e accountability (prestação de contas). Houve 
ainda aperfeiçoamento dos itens para facilitar o processo de privatização das 
empresas e maximizar o valor recebido pela União ao impedir a extensão aos 
minoritários dos grandes ágios pagos nos leilões, atendendo à reivindicação do 
mercado, queé proteger e valorizar o investidor minoritário. 
Em 2003 aconteceu um expressivo reaquecimento no mercado de 
capitais. A retomada foi intensa ao ponto de provocar um salto na quantidade de 
ofertas iniciais (IPOs – Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial, ou seja, os 
lançamentos de ações) após 2003. Para se ter uma ideia, em todo o período de 
1996 a 2003 foram feitas apenas quatro – menos de uma por ano – lançamentos 
 
 
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de ações, ao passo que entre 2003 e 2011 foram concretizados mais de 100 
lançamentos de ações. 
Em 2008, houve a integração da Bolsa de Valores de São Paulo e a Bolsa 
de Mercadorias & Futuros, dando origem à BM&FBOVESPA. 
A única bolsa que opera no Brasil, a BM&FBOVESPA é líder na América 
Latina e uma das maiores do mundo em valores de mercado. 
A BM&FBOVESPA atua nos mercados de ações, contratos futuros, 
câmbio, operações, fundos e ETFs (fundos de índices), crédito de carbono, 
leilões e renda fixa pública e privada. 
Segundo dados do site Portal do Investidor, no início de 2010, a 
BM&FBOVESPA ampliou sua posição no quadro acionário do CME Group 
(primeira bolsa de futuros do mundo), de 1,8% para 5%, o que representa um 
investimento de US$ 620 milhões (História..., 2018). 
O Gráfico 1 ilustra o mercado brasileiro de ações frente aos demais 
países. 
Gráfico 1 – Desenvolvimento do mercado de ações brasileiro 
 
Fonte: Mercado..., 2016. 
 
 
7 
Pinheiro (2006) menciona que o mercado de capitais é subdividido em 
dois grandes segmentos: um denominado institucionalizado e outro não 
institucionalizado. 
No segmento não institucionalizado a negociação é de forma direta entre 
a empresa e o investidor, sem a participação de autoridades reguladoras. 
Geralmente, as negociações desse âmbito ocorrem no mercado de balcão. 
Já as negociações no segmento institucionalizado brasileiro são 
controladas pelos órgãos de controle e acompanhamento de mercado. 
Seleme (2010) destaca que a regulamentação do mercado de capitais é 
realizada pelas seguintes autoridades monetárias (como ilustrado na Figura 1): 
Conselho Monetário Nacional (CMN), Comissão Técnica da Moeda e do Crédito 
(Comoc), Banco Central do Brasil (BC) e Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM). 
Figura 1 – Principais órgãos envolvidos nas negociações de mercado 
 
Fonte: Adaptado de Seleme (2010, p. 55). 
 
 
8 
Pinheiro (2006) destaca que “cada uma dessas autoridades desempenha 
uma ou mais funções de normatização, regulamentação, fiscalização e 
assessoria relativa às atividades do sistema distribuidor de títulos e valores 
mobiliários”. 
Seleme (2010) menciona a importância da “bolsa de valores nesse 
contexto como uma entidade autorreguladora. Ela, por sua vez, faz com que a 
negociação de compra e venda de títulos mobiliários aconteça.” 
Além das instituições citadas na Figura 1, a estrutura de mercado de 
capitais requer a participação de empresas, necessariamente sociedades 
anônimas, que irão emitir os valores mobiliários para venda. 
Seleme (2010) destaca que a sociedade anônima tem seu capital dividido 
em ações. A responsabilidade dos sócios é limitada às ações subscritas 
(compradas). Estas podem ser transferidas a quaisquer pessoas, seguindo as 
regras impostas pela CVM, que queiram adquirir os títulos dessa sociedade. 
Para que as negociações ocorram no mercado de capitais é necessária a 
participação de várias instituições que viabilizam e oferecem condições para a 
realização das negociações, como veremos na sequência. 
1.3 Comissão de Valores Mobiliários – CVM 
Fortuna (2003, p. 21) relata que 
a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada pela Lei n. 
6.385/1976, conhecida como Lei da CVM, pois até aquela data faltava 
uma entidade que absorvesse a regulamentação e a fiscalização do 
mercado de capitais, especialmente no que se referia às sociedades 
de capital aberto. Após a reforma que ficou conhecida como Nova Lei 
das S.A. e a Nova Lei da CVM, os poderes fiscalizatórios e 
disciplinadores da CVM foram ampliados para incluir a Bolsa de 
Mercadorias e Futuros, as entidades do mercado de balcão organizado 
e as entidades de compensação e liquidação de operações com 
valores mobiliários. 
Seleme (2010, p. 96) “destaca que as competências da CVM são 
direcionadas para o mercado de valores mobiliários, conforme a entidade 
expressa em seus objetivos”: 
• assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de 
bolsas de valores e de balcão; 
• proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões 
irregulares e atos ilegais de administradores, controladores e 
administradores de investimentos em valores mobiliários; 
• assegurar o acesso do público a informações sobre os valores 
mobiliários negociados e sobre as companhias emissoras; 
 
 
9 
• evitar ou coibir modalidades de fraudes ou manipulação destinadas a 
criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores 
mobiliários; 
• assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no 
mercado de valores mobiliários; 
• estimular a formatação de poupança e sua aplicação em valores 
mobiliários; 
• promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular o 
mercado de ações e estimular aplicações do capital social das 
companhias abertas. 
Cabe à CVM exercer seus poderes disciplinadores, ou seja, normatizar, 
fiscalizar e registrar, além de incrementar o desenvolvimento e a cooperação 
internacional, bem como servir de órgão consultivo para o mercado de valores 
mobiliários. 
Para conhecer mais sobre a Comissão de Valores Mobiliários, acesse: 
<http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html> 
TEMA 2 – VALORES MOBILIÁRIOS 
No Portal do Investidor, site da Comissão de Valores Mobiliários, o 
conceito de valor mobiliário é considerado altamente relevante para o mercado. 
O Portal complementa: “se determinado título for considerado um valor 
mobiliário, significa dizer que ele deve se sujeitar às regras e à fiscalização da 
Comissão de Valores Mobiliários. Isso implica uma mudança significativa na 
forma como esses títulos podem ser ofertados e negociados no mercado” 
(Valores..., 2018). 
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, 
o termo foi criado originalmente pela Lei n. 6385/1976, que utilizou um 
conceito mais restrito para valor mobiliário e, assim, evitou delimitar 
características amplas que pudessem ser utilizadas como referência 
para a caracterização de um título como valor mobiliário. Contudo, o 
legislador simplesmente listou o que se deveria considerar como valor 
mobiliário e designou ao Conselho Monetário Nacional – CMN a 
competência para alterar a lista, quando necessário. (Instituto 
Educacional BM&FBOVESPA, 2017, p. 9) 
Esse conceito mais restrito começava a se mostrar ineficiente para fazer 
frente à crescente e constante criação de novos produtos financeiros, pois com 
o passar do tempo, a lei e a regulamentação incluíram no rol de valores 
mobiliários diversos outros títulos ou contratos de investimento com 
características bem distintas. Por essa razão, foi editada a Medida Provisória 
n. 1637, de 08 de janeiro de 1998, que procurou conceituar valor mobiliário de 
 
 
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forma mais ampla, com o intuito de definir claramente todas as modalidades de 
captação pública de recursos. 
De acordo com essa definição, 
são valores mobiliários, quando ofertados publicamente, quaisquer 
títulos ou contratos de investimento coletivo que gerem direito de 
participação, de parceria ou remuneração, inclusive resultante da 
prestação de serviços, cujos rendimentos advém do esforço do 
empreendedor ou de terceiros. (Brasil, 1998) 
A Lei n. 10.303/2001 incorporou esse conceito ao art. 2º da Lei 
n. 6.385/1976, que atualmente vigora com a seguinte redação: 
Art. 2º São valores mobiliários sujeitos ao regime desta Lei: 
I - as ações, debêntures e bônus de subscrição; 
II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de 
desdobramentorelativos aos valores mobiliários referidos no inciso II; 
III - os certificados de depósito de valores mobiliários; 
IV - as cédulas de debêntures; 
V - as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de 
clubes de investimento em quaisquer ativos; 
VI - as notas comerciais; 
VII - os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos 
subjacentes sejam valores mobiliários; 
VIII - outros contratos derivativos, independentemente dos ativos 
subjacentes; e 
IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou 
contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, 
de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de 
serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou 
de terceiros. 
§ 1º Excluem-se do regime desta Lei: 
I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal; 
II - os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, 
exceto as debêntures. (Brasil, 1976) 
Ferreira (2014, p. 84-85) destaca que, segundo “o Plano Contábil das 
Instituições Financeiras (Cosif), os títulos e valores mobiliários se classificam em 
dois grandes grupos”: 
• Títulos de renda variável: a carteira de títulos de renda variável é 
formada por ações subscritas ou decorrentes de investimentos 
compulsórios, destinadas à negociação em mercado, bônus de 
subscrição de companhias abertas, certificados e cotas de fundos de 
renda variável, ações adquiridas no mercado para livre negociação e 
outros títulos adquiridos ou subscritos. 
• Títulos de renda fixa: os títulos que compõem essa carteira de 
ativos são: letras financeiras, notas, letras e bônus do Tesouro 
Nacional, letras, notas, notas e bônus do Banco Central, obrigações 
dos Tesouros Estaduais e Municipais, debêntures conversíveis em 
ações, debêntures inconversíveis, letras de câmbio, letras 
imobiliárias, letras hipotecárias, certificados de depósitos bancários, 
obrigações da Eletrobrás, títulos da dívida agrária, cotas de fundos 
de renda fixa e outros títulos assemelhados, com renda pré-fixada, 
pós-fixada ou flutuante (taxa variável). 
 
 
11 
Para Ferreira (2014), além das diversas nomenclaturas, os títulos e 
valores mobiliários se diferenciam quanto à “previsibilidade das rentabilidades, 
pois os títulos e valores de renda variável mostram historicamente riscos 
maiores, o que, por outro lado, significa perspectivas de lucros maiores, afinal, o 
risco é diretamente proporcional à rentabilidade”. 
Para entender melhor o marcado de títulos e valores mobiliários é 
necessário compreender no detalhe um dos títulos mais importantes definidos 
pela Lei n. 10.303/2001 e um dos mais negociados no mercado de capitais, que 
são as ações. 
A ação é um título de renda variável emitido por uma sociedade anônima 
que representa a menor fração do capital de uma empresa emitente. Contudo, 
para a definição ficar completa, é necessário entender o que é uma sociedade 
anônima, mais conhecida como S.A. As sociedades anônimas são empresas 
que podem ter ações negociadas em Bolsa de Valores (capital aberto), ao 
contrário das empresas limitadas (Ltda.), por exemplo, cujo capital não é listado 
em bolsas. A maior parte das grandes empresas são S.A., enquanto a maioria 
das pequenas empresas são Ltda. 
Fortuna (2003, p. 439) classifica “as ações em ordinárias, com direito a 
voto, ou preferenciais, com direito de preferência sobre dividendos a serem 
distribuídos, sendo que, após o Plano Collor, todas ações devem ser emitidas na 
forma nominativa ou escritural”. 
Seleme (2010, p. 67) também destaca que ações podem ser emitidas das 
seguintes formas: 
Nominativas: são cautelas ou certificados; presume-se a propriedade 
para aquele que consta não Livro Registro das Ações Nominativas; 
Escriturais: dispensam a emissão de títulos de propriedade, portanto, 
não emitidas por cautelas ou certificados. Os valores são lançados na 
forma de débito ou crédito, como se fossem uma conta corrente, e não 
há representação física de documentos. 
Figura 2 – Classificação das ações 
 
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p. 147. 
 
 
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Seleme (2010) evidencia que além da classificação, que considera os 
tipos e formas, as ações podem ser classificadas considerando o fator de 
liquidez. Nessa conjuntura, se o objetivo for o de obter ganho a médio e longo 
prazos, elas são: 
• De 1ª linha (blue chips): caracterizam-se por serem ações de 
grande liquidez, muito procuradas pelos investidores. Em geral, são 
empresas tradicionais, de grande porte e que conquistaram 
confiabilidade. 
• De 2ª linha: são aquelas cuja condição de liquidez não é tão imediata 
quanto às de primeira linha; contudo, são ações de empresas de boa 
qualidade, em geral de grande e médio porte. 
• De 3ª linha: nesse caso, a liquidez é bem menor (pouca liquidez). 
Em geral, são ações de empresas de médio e pequeno porte, cuja 
negociação caracteriza-se pela descontinuidade. (Seleme, 2010, 
p. 67). 
As vantagens de investir em ações são descritas pela BM&FBOVESPA 
da seguinte forma: 
• Não é preciso muito dinheiro para começar; 
• Você recebe dividendos periodicamente; 
• Potencial de boa rentabilidade no longo prazo; 
• Você pode comprar ou vender suas ações no momento em que 
quiser; 
• É possível alugar suas ações fazendo um empréstimo de ativos e 
ganhar um rendimento extra; 
• O Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos é cobrado apenas na 
saída do investimento e se o resgate for maior do que R$20 mil. 
(Como Investir..., 2018) 
Os títulos das Dívidas Públicas Imobiliárias (DPMI), que são títulos 
públicos federais fora do Banco Central em poder do público, também são, junto 
com as ações, títulos com grande representatividade no mercado de capitais 
brasileiro, como pode ser verificado no Gráfico 2: 
Gráfico 2 – Produtos financeiros do mercado de capitais 
 
Fonte: Adaptado de Seleme, 2010, p. 68. 
3,05%
11,73%
33,48%30,01%
21,24%
0,49%
Títulos corporativos Titulos de IF/Instr.financeiros
Mercado de derivados Mercado de ações
Titulos Div. Pública Imobiliária - DPMI Títulos Cessão Crédito Securitização
 
 
13 
Como exposto no Gráfico 2, existe uma predominância do mercado de 
derivados e do mercado de ações em detrimento aos demais mercados, devido 
à proporcionalidade de ganho versus o risco oferecido por esses dois mercados. 
TEMA 3 – MERCADO DE CAPITAIS E AS EMPRESAS 
Todas as economias necessitam de crescimento e desenvolvimento para 
propiciar aos agentes um nível melhor de vida. Pinheiro (2006) menciona que 
“para que isso aconteça as empresas precisam fazer investimentos para 
acumular capital produtivo e aumento de sua produtividade. Os investimentos 
em economia podem ser considerados a mola propulsora do crescimento 
econômico, e para que isso aconteça é necessário que a poupança seja 
canalizada para esse fim.” 
Dentre as fontes de financiamentos de uma organização, Pinheiro (2006) 
destaca três caminhos: 
1. Autofinanciamento, em que as empresas geram internamente seus 
próprios recursos. 
2. Governo, quando financia certas atividades usando a arrecadação 
de tributos ou a imposição de mecanismos compulsórios de 
poupança. 
3. Financiamentos por meio de mercados de capitais. 
Para Pinheiro (2006), 
os retornos esperados pelas empresas em crescimento não são 
suficientes para financiar seus projetos de expansão, mesmo que 
esses projetos tenham um retorno superior ao custo de um 
empréstimo. O risco do negócio recomenda que exista um 
balanceamento entre financiamentos do projeto com recursos externos 
(captações com terceiros) e próprios (captações com os sócios e/ou 
subscrição de ações). 
Pinheiro (2006) destaca ainda que desde a criação de uma empresa por 
um número pequeno de sócios até sua posterior entrada na bolsa uma empresa 
vai passando por diferentes processos de financiamentos. 
A captação de recursos por meio de fontes externas aumenta o nível de 
endividamento e, consequentemente, reduz a capacidadeda empresa de 
renová-los. Outro aspecto a se considerar sobre a utilização de capital de 
terceiros é o risco de cobertura. Podemos comparar o lucro operacional da 
empresa com um bolo a ser dividido entre três agentes econômicos famintos: o 
governo, os proprietários e credores (Gráfico 3). 
 
 
 
14 
Gráfico 3 – Distribuição do lucro 
 
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p.153. 
Sem o lucro operacional, o governo não poderá tributá-lo e os 
proprietários não terão o que receber, porém os credores terão de ser pagos. 
Esses recursos deverão vir do capital de giro, o que pode vir a afetar a liquidez 
da empresa. Caso a crise de liquidez de uma empresa não seja sanada 
rapidamente, provocará uma morte lenta e agonizante da empresa. 
Já as fontes próprias melhoram o nível de endividamento e possibilitam 
novas obtenções de recursos, além de reduzirem o endividamento e ampliarem 
a capacidade de obtenção de recursos externos, caso seja necessário. 
Quando uma empresa precisa fortalecer sua base de capital próprio, nem 
sempre os atuais acionistas são capazes de subscrever as ações de uma nova 
emissão. Diante dessa necessidade surge o mercado de capitais, que ajudará a 
converter os poupadores em investidores por meio de underwriting no mercado 
primário (lançamento de ações). Dessa forma, o mercado primário tem uma 
função primordial, que é angariar novos sócios e direcionar seus recursos para 
realização de projetos de investimentos. 
O mercado de capitais é uma fonte importante para a realização de 
investimentos com riscos diluídos e representa uma das maiores fontes de 
desenvolvimento econômico porque: 
• aumenta as alternativas de financiamentos para as empresas; 
• reduz o custo global de financiamentos; 
• diversifica e distribui risco entre os aplicadores; 
• democratiza o acesso ao capital. 
Credores
Governo
Acionistas
 
 
15 
Segundo o Plano Diretor de Mercado de Capitais (Como surgiu..., 2018), 
os objetivos sociais do mercado financeiro são: 
• acelerar o crescimento econômico e a geração de empregos; 
• realizar grandes projetos de infraestrutura, projetos de impacto na 
qualidade de vida da população – como os investimentos na área de água, 
saneamento e energia; 
• dar uma solução moderna e eficiente para o financiamento habitacional 
em vários países: o novo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) aprovado 
no Brasil está integralmente baseado na securitização de recebíveis 
imobiliários, e seu funcionamento depende da criação de condições 
favoráveis ao desenvolvimento do Mercado de Capitais; 
• desenvolver soluções de previdência privada complementar em regime de 
capitalização, em que a aposentadoria de cada cidadão é basicamente 
assegurada pelos resultados da livre aplicação dos recursos de sua 
poupança; 
• permitir a transferência de recursos na forma de capital de risco e de 
financiamento para pequenas e médias empresas, democratizando 
oportunidades e estimulando o empreendedorismo; 
• democratizar o capital e a propriedade, permitindo que o pequeno 
investidor participe de empreendimentos de grande escala. 
3.1 Abertura de capital 
A abertura de capital é uma fonte alternativa de recursos das empresas 
que apresenta grandes vantagens sobre os recursos ofertados pelas instituições 
financeiras. 
Padoveze (2006, p. 318), destaca que “o primeiro lançamento de ações 
de uma empresa no mercado de bolsa de valores é comumente denominado de 
Initial Public Offering (IPO), que significa lançamento inicial ao público (ações)”. 
O autor prossegue: 
A diferença entre sociedades anônimas de capital fechado e de capital 
aberto está no mercado em que as ações são transacionadas. As 
empresas de capital aberto têm registro nas bolsas de valores, e as 
transações com suas ações são feitas em um mercado aberto e 
organizado, com cotações a todo instante, e com garantias de um 
mercado organizado, monitorado pela CVM. (Padoveze, 2006, p. 319) 
 
 
16 
Já as ações das sociedades de capital fechado não têm um mercado 
organizado de oferta ao público e têm dificuldade para sua comercialização. 
3.1.1 Razões para abertura de capital 
Pinheiro (2016) lembra que as empresas não devem abrir seu capital com 
o pensamento de atender somente a necessidades imediatas, e sim captar 
recursos para pôr em prática seu planejamento empresarial, atendendo também 
às necessidades futuras da organização. Nessa situação, os dirigentes ou 
acionistas devem preparar a empresa para operações maiores, com a promoção 
de colocações secundárias ou primárias de pequeno porte. 
O Quadro 2 evidencia as principais razões pela quais as empresas 
buscam a abertura de capital. 
Quadro 2 – Razões para abertura de capital 
• captação de recursos para investimentos ou reestruturação de 
passivos; 
• arranjos societários; 
• liquidez patrimonial; 
• profissionalização; 
• novo relacionamento com funcionários; 
• imagem institucional. 
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2016, p. 255. 
Além de vantagens, outro fator importante desencadeado pela abertura 
de capital nas empresas, destacado por Pinheiro (2016), é a aceleração da 
profissionalização das companhias. Esse processo atinge os dirigentes e todos 
os funcionários da organização. Em princípio, ele é consequência da 
regulamentação das empresas de capital aberto, que obriga o Conselho de 
Administração e o Conselho Fiscal a melhorarem suas práticas para serem 
reeleitos. 
Considerada uma fonte alternativa de capital para as empresas, a 
abertura de capital possui grandes vantagens sobre os recursos captados com 
instituições financeiras. Segundo Pinheiro (2006), a obtenção de recostos junto 
a bancos “tem prazos limitados e padronizados, e a empresa é obrigada a aderir 
 
 
17 
a cláusulas contratuais estabelecidas unilateralmente. No lançamento de ações 
e debêntures, por sua vez, são os subscritores que aderem às condições e 
cláusulas impostas pela empresa emissora”. 
O autor (Pinheiro, 2006) ainda evidencia outra vantagem de abrir o capital, 
que é a obtenção de melhores condições para as empresas se expandirem pela 
aquisição ou incorporação de outras companhias. A empresa pode entrar com 
suas ações ou debêntures na transação sem precisar desembolsar dinheiro do 
caixa. 
Vale lembrar que nem todas as necessidades podem ser satisfeitas com 
a abertura de capital. Normalmente, esse recurso está ligado às necessidades 
de financiamento dos projetos de expansão como, por exemplo, ampliação da 
produção, modernização da empresa, criação de novos produtos, informatização 
etc. 
As principais vantagens e desvantagens destacadas por Pinheiro (2006) 
na utilização das ações como fonte de fundo das empresas estão descritas na 
Tabela 1: 
Tabela 1 – Vantagens e desvantagens da utilização de ações 
Vantagens Desvantagens 
• não acarretam encargo fixo para a 
empresa; 
• não têm prazo de resgate; 
• abastecem uma garantia contra 
perdas para os credores da 
empresa. Isso significa que a 
venda de ações ordinárias 
aumenta o crédito de valorizações 
da firma; 
• proporcionam ao investidor melhor 
barreira contra a inflação, porque 
representam a propriedade da 
empresa, que geralmente tem sua 
valorização atrelada à inflação. 
• venda de novas ações ordinárias 
estende o direito de voto ou 
controle aos novos compradores 
de ações; 
• dão aos novos proprietários os 
direitos de participação nos lucros; 
• devem ser vendidas sobre a 
expectativa de alto retorno básico; 
• os dividendos das ações ordinárias 
não são dedutíveis como despesa 
para o cálculo de Imposto de 
Renda, não possuindo, assim, 
benefícios tributários, como é o 
caso das debêntures – que são 
dedutíveis. 
Fonte: Pinheiro, 2006, p. 154. 
 
 
18 
Em comparação às principais fontes de captação, Pinheiro (2006) destaca, 
na Tabela 2, algumas vantagens da emissão de ações sobre as demais: 
Tabela 2 – Vantagens da emissão de ações 
 Dívida 
BancáriaTítulos Ações 
Possibilidade de juros fixos Sim Sim Não 
Diversificação dos investidores Não Sim Sim 
Manter linhas bancárias disponíveis Não Sim Sim 
Longo prazo, não amortizável Difícil Sim Sim 
Mais flexibilidade nos pactos Não Sim Sim 
Apresentação nos mercados de capitais Não Sim Sim 
Financiamento de moeda local Sim Sim Sim 
Tamanho mínimo Não Sim Não 
Supervisão da CVM Não Sim Sim 
Fonte: Pinheiro, 2006, p. 154. 
3.2 Underwriting 
Underwriting é definido pelo Portal do Investidor da CVM como: “Processo 
de lançamento de valores mobiliários por subscrição pública, em que a empresa 
emissora encarrega um intermediário financeiro da colocação junto ao mercado”. 
(Faccini, 2016, p. 4). 
O termo Underwriting (“subscrição”) significa lançamento ou emissão de 
papéis para captação de recursos de acionistas. É também definido por Pinheiro 
(2006) como um esquema de lançamento de ações para subscrição pública, no 
qual a empresa encarrega uma instituição financeira da colocação desses títulos 
no mercado. 
No “lançamento de ações a instituição financeira é quem realiza toda a 
operação, seja ela sozinha ou organizada em consórcio. Ela subscreve os títulos 
emitidos pela empresa para posterior revenda no mercado”. 
TEMA 4 – A BOLSA DE VALORES NO BRASIL E NO MUNDO 
Bolsas de valores são ambientes organizados para a negociação de 
títulos e valores mobiliários. A principal função das bolsas de valores é fornecer 
 
 
19 
um “ambiente mais líquido, transparente e seguro para a realização de negócios, 
contribuindo assim com a eficiência do mercado de capitais” (Entendendo..., 
2018). 
Pinheiro (2016) define bolsas de valores como o local em que se compram 
e vendem ações. Nelas concorrem os investidores (compradores e vendedores) 
e as instituições financeiras. 
As bolsas estão abertas a todo tipo de indivíduos e instituições, e são 
reguladas oficialmente. 
As características fundamentais desse mercado são descritas a seguir: 
• é um mercado público onde se negociam títulos e valores; 
• somente são contratados os títulos das entidades que tenham sido 
admitidas à negociação; 
• as transações estão asseguradas jurídicas e economicamente. Isto é 
consequência da regulamentação existente, que garante as 
operações e a qualidade dos valores. (Pinheiro, 2016 p. 308) 
Para o site Portal do Investidor da CVM (Entendend..., 2018), existe uma 
relação direta entre países onde existem bolsas de valores bem estruturadas 
(transparentes e líquidas) com mercados de capitais mais eficientes: 
Para que [as bolsas de valores] desempenhem suas funções, o 
ambiente de negócios do país tem que ser livre e as regras devem ser 
claras. Nestes contextos, as bolsas podem beneficiar todos os 
indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de 
companhias abertas. 
4.1 Bolsa de valores no Brasil 
Andrezo e Lima (2002) relatam que as bolsas de valores no Brasil, até 
1964, eram constituídas sob a forma de Câmaras Sindicais e compostas pelos 
Corretores Oficiais de Fundos Públicos – pessoas físicas que, em caráter vitalício 
e hereditário, possuíam exclusividade para intermediar as operações em bolsa. 
A partir de 1965, o mercado de capitais e as bolsas de valores sofreram 
diversas modificações implantadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo 
Banco Central do Brasil (Bacen) a fim de disciplinar as instituições financeiras, 
Seleme (2010) evidencia que o Brasil já teve nove bolsas de valores, mas 
atualmente a BM&FBOVESPA é a principal. 
Criada em maio de 2008, a BM&FBOVESPA é oriunda da integração entre 
a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São Paulo 
(BOVESPA). Negociando títulos e valores mobiliários (ações de companhias 
abertas, títulos privados de rendas fixa, dentre outros), a BM&FBOVESPA 
 
 
20 
tornou-se a maior bolsa da América Latina, a segunda maior das Américas e 
uma das maiores do mundo. 
 O Gráfico 4 ilustra a quantidade de empresas listadas na bolsa de valores 
brasileira, se comparadas a outras bolsas do mundo. 
Gráfico 4 – Empresas listadas em bolsa frente aos demais países 
 
Fonte: Mercado..., 2016. 
Identificadas como associações civis por Pinheiro (2006), no Brasil as 
bolsas de valores não têm fins lucrativos e possuem funções de interesse 
público, descritas no Quadro 3: 
Quadro 3 – Funções da bolsa de valores de vários pontos de vista 
Ponto de 
Vista 
Funções 
Investidor 
• facilitação da canalização da poupança pela concentração na 
bolsa de empresas de todos os tamanhos; 
• canalização das poupanças dos poupadores para atividades 
mais produtivas; 
• refúgio para os investidores contra a depreciação monetária em 
períodos inflacionários; 
 
 
21 
• segurança jurídica e econômica, baseada nas 
regulamentações do mercado. 
• liquidez para o investimento de valores. 
Tomadores • facilita a obtenção de fundos a longo prazo; 
Economia 
• a economia é um dos fatores determinantes na formação dos 
preços borrateis; por sua vez, os índices de ações constituem 
importantes indicadores conjunturais; 
• ao favorecer o financiamento empresarial, constitui um 
importante elemento na expansão e no crescimento 
econômico; 
• submete as empresas a um julgamento de racionalidade; 
• a cotação versátil reflete o desempenho da empresa. 
Social 
• facilita a poupança de pequenos poupadores e a oportunidade 
de investimento; 
• facilita o conhecimento do preço do mercado, o que serve de 
proteção à poupança; 
• favorece a estabilidade social, ao tornar possível o incremento 
do número de poupadores investidores; 
• favorece a organização bursátil da segurança ao tráfico jurídico 
mercantil. 
Fonte: Adaptado de Pinheiro (2006, p. 183). 
4.2 Bolsa de valores no mundo 
A origem da bolsa de valores é bastante remota. Pinheiro (2016, p. 306) 
relata que “alguns escritores, como Váquez de Prada, buscaram sua definição 
no emporium dos gregos, outros no collegium mercatorum dos romanos ou nos 
bazares dos palestinos”. O autor prossegue: 
Não há uma definição histórica clara sobre esse fato. Sabe-se que 
surgiram, em épocas distantes, com atribuições que não a vinculavam 
especificamente a valores mobiliários. E mais, o comportamento dos 
mercados sintetizava o comportamento comercial que daria vida as 
bolsas: a negociação à viva voz, superando barreiras geográficas, 
linguísticas e ideológicas. (Pinheiro, 2016, p. 306) 
Pinheiro (2016) complementa que a palavra bolsa nasceu em Bruges, 
cidade da Bélgica onde eram realizadas assembleias de comerciantes na 
propriedade de Van der Burse, em cuja fachada existia um escudo com três 
22 
bolsas (o brasão do proprietário), simbolizando honradez e méritos por sua 
atuação na área comercial. 
A primeira bolsa de caráter internacional foi criada em Amberes em 
1531, posteriormente foram criadas as de Londres (1554), Paris (1724) 
e New York (1792). 
A partir do século XIX, as bolsas restringiram sua atuação aos 
mercados de capitais (títulos e valores mobiliários) e, à medida que 
surgiram os mercados de títulos representativos de mercadorias 
(commodities), foram criados locais específicos para sua negociação 
(bolsas de mercadorias). (Pinheiro, 2016, p. 306) 
Para Pinheiro (2016) as bolsas de valores passaram a desempenhar um 
novo papel de grande importância na última década para o setor financeiro 
internacional. Desde a Segunda Guerra Mundial os mercados que operam por 
meio de bolsas regulamentadas cresceram e se desenvolveram em uma escala 
nunca antes imaginada, o que lhes atribuiu uma função ativa e grande 
responsabilidade no centro da economia mundial. 
Desempenhando um papel central na criação da riqueza social, as bolsas 
de valores são utilizadas por vários segmentos da economia, tanto no âmbito 
privado como no setor público. 
Os avanços das telecomunicações e das novas tecnologias, bem como a 
crescente movimentação de capitais e a queda de barreiras internacionais, 
levaram os mercadosde capitais a atingir dimensões globais com grandes 
interligações, fazendo com que qualquer fato que aconteça em determinado país 
imediatamente se reflita em todos os outros mercados espalhados pelo mundo. 
Entre as bolsas mais importantes do mundo destacam-se as dos Estados 
Unidos (New York e Nasdaq), Japão (Tóquio), Reino Unido (Londres) e 
Alemanha (Frankfurt). 
O site Bússola do Investidor (Wawrzeniak, 2013) destaca que as maiores 
bolsas do mundo, juntas, possuem uma capitalização de mercado maior que 
US$ 40 trilhões, o que é quase 3 vezes maior que o Produto Interno Bruto dos 
Estados Unidos da América. 
A Tabela 3 lista as mais representativas bolsas de valores do mundo: 
 
 
23 
Tabela 3 – Maiores bolsas de valores do mundo (Dados de 2013) 
Ordem Bolsa 
Capitalização de 
mercado 
em US$ trilhões 
Origem: 
1ª 
New York Stock 
Exchange (NYSE) 
14,2 Nova York (EUA) 
2ª NASDAQ 4,7 Nova York (EUA) 
3ª 
Tokyo Stock 
Exchange 
3,5 Tóquio (Japão) 
4ª 
London Stock 
Exchange 
3,4 Londres (Inglaterra) 
5ª Euronext 2,9 
França, Holanda, Bélgica e 
Portugal 
Sede: Amsterdã (Holanda) 
6ª 
Hong Kong Stock 
Exchange 
2,8 Hong Kong 
7ª 
Shanghai Stock 
Exchange 
2,5 Xangai (China) 
8ª 
Toronto Stock 
Exchange 
2,0 Toronto (Canadá) 
9ª 
Frankfurt Stock 
Exchange 
1,6 Alemanha 
10ª 
Bombay Stock 
Exchange 
1,6 Índia 
11ª 
Australian Securities 
Exchange 
1,4 Sydney (Austrália) 
12ª SIX Swiss Exchange 1,4 Zurique (Suíça) 
13ª BM&F Bovespa 1,3 Brasil 
Fonte: Adaptado de Wawrzeniak, 2013. 
O Brasil está entre as seis maiores economias do mundo, ainda temos 
muito o que crescer em relação à bolsa de valores. Apesar de a 
BM&FBovespa ser respeitada internacionalmente, aparece somente 
em 13a na lista das maiores bolsas de valores do mundo. (Wawrzeniak, 
2013) 
 
 
http://www.imf.org/external/datamapper/index.php
 
 
24 
TEMA 5 – NEGOCIAÇÕES COM AÇÕES NA BM&FBOVESPA 
De acordo com o site Portal do Investidor, da CVM, as empresas que 
possuem ações negociadas nas bolsas são chamadas companhias "listadas" 
(Entendendo..., 2018). 
Para atuar na bolsa de valores, as empresas devem atender aos 
requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei n. 6.404/1976 e Lei 
n. 11.638/2007) e pelas instruções da Comissão de Valores Mobiliários, além de 
atender a uma série de normas e regras estabelecidas pelas próprias bolsas de 
valores. 
5.1 BM&FBOVESPA S.A 
“A bolsa que opera hoje no Brasil é a BM&FBOVESPA S.A. – Bolsa de 
Valores, Mercadorias e Futuros –, criada em maio de 2008 com a integração 
entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e a Bolsa de Valores de São 
Paulo (BOVESPA)”. Como já foi dito, “é a maior bolsa da América Latina, a 
segunda maior das Américas e está entre as 15 maiores do mundo. 
Nela são negociados títulos e valores mobiliários, tais como: ações de 
companhias abertas, títulos privados de renda fixa, derivativos agropecuários 
(commodities), derivativos financeiros, entre outros valores mobiliários. A 
BM&FBOVESPA também administra mercados de balcão organizado.” 
(Entendendo..., 2018) 
5.2 Negociação com ações na BM&FBOVESPA S.A. 
Após a oferta pública primária, chamada de IPO, os investidores que 
adquiriram os títulos e valores mobiliários podem revendê-los no chamado 
mercado secundário, onde ocorre a negociação diretamente entre os 
investidores que querem comprar e “vender ações e outros títulos e valores 
mobiliários. Lembrando ainda que, na maioria dos casos, essa não é a forma 
mais eficiente de negociação, pois implica altos custos de transação, muitas 
vezes inviabilizando toda a operação” (Entendendo..., 2018). 
O Portal do Investidor, ligado a Comissão de Valores Mobiliários, destaca 
que: 
Para facilitar a negociação desses títulos no mercado secundário, 
foram criadas instituições que têm por objetivo administrar sistemas 
centralizados, regulados e seguros para a negociação desses títulos. 
São exemplos destas instituições as bolsas de valores e as entidades 
administradoras do mercado de balcão organizado. Essas instituições 
 
 
25 
têm como função básica proporcionar liquidez aos valores de emissão 
de companhias abertas, ou seja, ajudar o investidor que adquiriu esses 
títulos a vendê-los de forma eficiente e segura 
 A atuação nas bolsas de valores e nos mercados de balcão, 
organizado e não organizado, é restrita aos integrantes do sistema de 
distribuição de valores mobiliários, dentre estes as instituições 
financeiras e sociedades corretoras e distribuidoras devidamente 
autorizadas a funcionar pela CVM e pelo Banco Central do Brasil, que 
atuam em nome de seus clientes, os investidores, comprando e 
vendendo ações, debêntures e outros títulos e valores mobiliários 
emitidos pelas companhias abertas. 
Para investir na bolsa de valores o investidor precisa ter uma conta em 
uma corretora de investimentos, ou corretora de valores. Elas são as 
instituições que distribuem as ofertas de ações, fundos ou títulos e 
fazem o intermédio das negociações entre compradores, vendedores 
e a bolsa. (Entendendo..., 2018) 
A Figura 3 detalha como como funciona o fluxo de negociações do 
mercado de ações: 
Figura 3 – Passos para negociação com ações 
 
Fonte: Bolsa..., 2016. 
https://www.tororadar.com.br/blog/melhores-corretoras-de-valores
 
 
26 
Com a negociação feita, o valor das ações será debitado da conta do 
comprador três dias úteis após o negócio, e o vendedor consequentemente 
receberá o valor três dias úteis depois. 
Devido a essa forma de “liquidação” dos negócios, existem operações 
que são realizadas tão rápido que você não paga e nem recebe o valor 
total do negócio, mas apenas o lucro ou prejuízo, e por isso é permitido 
movimentar um valor até 30 vezes mais do que você possui, o que é 
conhecido como alavancagem. (Bolsa..., 2016) 
Embora pareça demorado o processo, tudo isso acontece em uma fração 
de segundos e de forma extremamente prática, no conforto da sua casa, por 
meio de uma ferramenta chamada Home Broker1. Aquela sala cheia de pessoas 
gritando e falando ao telefone, como imaginávamos que era a bolsa, não existe 
mais. As negociações são realizadas de forma eletrônica e automática e 
registradas em um grande computador da BM&F Bovespa. 
A Figura 4 ilustra toda a transação de ações junto à bolsa de valores: 
Figura 4 – Transação de compra de ações 
 
Fonte: Bolsa..., 2016. 
 
1 Home Broker: processo que permite a negociação de ações via internet. O Home Broker está 
interligado ao sistema de negociação da BM&FBovespa e permite que sejam enviadas ordens 
de compra e venda de ações pelo site de corretoras na internet. Para negociar via Home Broker 
é necessário ser cliente de uma corretora membro da BM&FBovespa e que esta disponha do 
sistema. 
https://www.tororadar.com.br/blog/alavancagem-invista-como-um-milionario
https://www.tororadar.com.br/home-broker-o-que-e
 
 
27 
Para Pinheiro (2016), existe um objetivo básico na regulamentação dos 
negócios na bolsa: 
Permitir que os preços efetivamente reflitam as condições de oferta e 
procura. Daí surge a obrigatoriedade de se fechar negócios ao melhor 
preço possível, permitindo-se a interferência; e também a pronta 
divulgação das operações e condições em que foram realizadas, de 
forma a permitir aos demais participantes avaliar as condições de 
mercado. (Pinheiro, 2016, p. 313) 
Para conhecer mais sobre a negociação em bolsa de valores, acesse: 
<https://www.tororadar.com.br/blog/bolsa-de-valores-como-funciona>. 
TROCANDO IDEIAS 
Nesta aula foi detalhado como funciona o mercado de capitais, o que são 
títulos e valores mobiliários e as principais instituições e papéis envolvidos nesse 
mercado. Demos destaque às organizações ligadas ao mercado de ações e ao 
funcionamento das bolsas de valores no Brasil e no mundo. 
NA PRÁTICA 
Muitas empresas buscam o mercado de capitais como fonte de captação 
de recursos para atender a seusprojetos de expansão e seus investimentos. 
Considerando o conteúdo visto nas aulas, reflita e responda à seguinte 
questão: Qual a diferença entre mercado primário e mercado secundário? 
FINALIZANDO 
Para entender como funciona o Mercado de Capitais e todas as 
instituições que trabalham com títulos e valores mobiliários, vimos nesta aula os 
principais conceitos relacionados a esse mercado, juntamente com as 
instituições que o compõem. Nesta aula foram explorados ainda os seguintes 
temas: 
• mercado de capitais; 
• valores mobiliários; 
• mercado de capitais e as empresas; 
• a bolsa de valores no Brasil e no mundo; 
• negociações com ações na BM&FBOVESPA. 
 
 
 
28 
REFERÊNCIAS 
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conceituais. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002. 
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<https://www.tororadar.com.br/blog/bolsa-de-valores-como-funciona>. Acesso 
em: 2 jan. 2018. 
BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 9 dez. 1976. 
______. Medida Provisória n. 1.637, de 8 de janeiro de 1998. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 9 jan. 1998. 
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<http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/como-investir/como-investir-em-acoes/>. 
Acesso em: 2 jan. 2018. 
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Disponível em: <http://ibmec.org.br/plano-diretor-de-mercado-de-capitais/>. 
Acesso em: 2 jan. 2018. 
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Disponível em: 
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/Entendendo_mer
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<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/portaldoinvestidor/export/sites/portaldoinv
estidor/menu/atividades/CentroEducacional/Apresentacoes/Apresentacoes2016
/2016_09_09-adinamicadomercadodecapitais-Faccini.pdf>. Acesso em: 2 jan. 
2018. 
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dos mecanismos das instituições financeiras. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
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Janeiro: Qualitymark, 2003. 
 
 
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INSTITUTO EDUCACIONAL BM&FBOVESPA. Por dentro da 
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derivativos do mundo. São Paulo: Associação BM&F, 2017. 
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<http://ibmec.org.br/empresario/o-que-e-mercado-de-capitais/mercado-de-
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<http://www.mercadocomum.com/site/artigo/detalhar/o_mercado_de_capitais_e
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SELEME, R. B. Diretrizes e Práticas da Gestão Financeira e Orientações 
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VALORES Mobiliários – Introdução. Portal do Investidor. Disponível em: 
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WAWRZENIAK, D. Maiores bolsas de valores do mundo. Bússola do 
Investidor, 7 out. 2013. Disponível em: 
<https://blog.bussoladoinvestidor.com.br/maiores-bolsas-de-valores-do-
mundo/>. Acesso em: 2 jan. 2018. 
 
 
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