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ED2 AVALIACAO MULTI E FRAGILIDADE

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DISCIPLINA SAÚDE DA FAMÍLIA 8
ESTUDO DIRIGIDO 2 - AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO E FRAGILIDADE
TURMA 4004 - Grupo C
COMPONENTES: Arthur Vieira, Ana Carolina Raeder, Antonio Matheus Pereira, Lucas Vidal, Dheverson Neres Piana, Yasmin Lins, Frederico Schultz, Felipe Kirchpfennig, Shirley Agnolin, Giovano Agnolin, Gabriel Kautscher, Jean Aldayuz e Luna Rizo.
E-mail para envio: ana.porto321@gmail.com
Estudo Dirigido composto por 3 questões
QUESTÃO 1:
“No Brasil, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) estabelece como meta a atenção integral à saúde da pessoa idosa e considera a condição de funcionalidade como um importante indicador de saúde desta população. A PNSPI tem por finalidade primordial promover, manter e recuperar a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde, em consonância com os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).”
“A avaliação que considera múltiplas dimensões, ou seja, a avaliação multidimensional estrutura e organiza o cuidado às pessoas idosas. Em outras palavras, a avaliação multidimensional permite a compreensão ampliada e integral do estado de saúde de um determinado indivíduo, buscando identificar e intervir nas áreas mais comprometidas e que podem afetar sua funcionalidade.”
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Orientações técnicas para a implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília : Ministério da Saúde, 2018.
Os trechos acima foram retirados de um documento publicado pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 2018, com o intuito de fornecer orientações técnicas para a adequação dos serviços do Sistema Único de Saúde ao cuidado integral em saúde do idoso.
A aplicação de uma metodologia de avaliação do idoso (avaliação multidimensional) baseada na sua funcionalidade, isto é, na sua capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo, é resultado da ideia central de recuperação e preservação da independência e autonomia como objetivos para um envelhecimento saudável. Neste paradigma, a dimensão excessivamente biomédica e intervencionista dá lugar a uma compreensão ampliada e integral do estado de saúde do sujeito.
A avaliação multidimensional no contexto do envelhecimento saudável supera a lógica curativista e o olhar estritamente biomédico/clínico sobre a população idosa. Com relação à abordagem curativista/biomédica/clínica, quais os riscos à pessoa e prejuízos ao sistema poderiam estar relacionados?
R: Visto que o modelo biomédico se caracteriza por ser individualista, curativo, centralizado na figura médica e hospitalocêntrico, não levando em conta o papel dos fatores sociais, psicológicos e subjetividade individual. A abordagem curativista não iria levar ao desenvolvimento do atual modelo, da avaliação multidimensional no contexto do envelhecimento saudável que considera não apenas a ausência ou o controle de doenças e de agravos, mas principalmente a manutenção da autonomia e da independência ao máximo possível, evitando ou retardando o declínio da capacidade funcional e promevendo a qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento.
QUESTÃO 2: 
O advogado Y, 83 anos, comparece à consulta com a médica de família para uma avaliação e logo dispara: “Não me importa se você pode ou não me fazer viver mais, mas se você é capaz de me ajudar a viver melhor.” Dono de um escritório muito famoso da cidade, aposentou-se e dedicou todo seu tempo livre à vela e ao trekking, mantendo-se muito ativo. Relata que há dois anos sua vida virou ao contrário, quando perdeu a visão de ambos os olhos por uma degeneração macular neovascular. Mas a visão não foi o único problema: “Era como se tudo desmoronasse ao mesmo tempo”. A partir de então, sofreu sucessivas quedas, fraturas de vértebras e passou a ter intensas dores lombares. Diagnosticou hipertensão e foi acometido de uma incontinência urinária. Desenvolveu insônia, depressão e ansiedade.
Não consegue mais ler devidamente. Deixou de cozinhar. Precisa de ajuda para lidar com o dinheiro, os medicamentos e os cuidados da casa. Não pratica mais as atividades de entretenimento que costumavam ser habituais. Consegue comer com as próprias mãos, ir ao banheiro e caminhar, mas precisa de ajuda para tomar banho e se vestir.
Acima está descrito um caso complexo de um idoso passando por um período de perda de capacidade funcional depois de uma vida de sucesso profissional e realizações pessoais.
Identifique os problemas, limitações e incapacidades presentes no caso relatado:
R: O paciente apresenta fraturas de vértebras e dor lombar de forte intensidade, relato de quedas frequentes, perda da visão em ambos os olhos. Além disso, recebeu diagnóstico de HAS e desenvolveu incontinência urinária, além de insônia, depressão e ansiedade.
Com todos esses problemas relatos, o idoso do caso está com limitações em sua independência passando a precisar de ajuda em suas atividades diárias como cozinhar, lidar com o próprio dinheiro, tomar banho e se vestir. O paciente parece não ter mais atividades de lazer devido a todas as limitações e incapacidades dos últimos dois anos.
O Método Clínico Centrado na Pessoa é uma ferramenta essencial para o médico de família. No caso acima, é muito evidente a necessidade de: (1) se explorar a doença e experiência de adoecimento; (2) se entender a pessoa como um todo; e (3) se elaborar um plano conjunto. Para cada uma dessas etapas do método, cite ao menos um tema, uma pergunta ou informação que se deve abordar:
R: Etapa 1 do método: utilizamos o mnemônico SIFE para explorar a doença e a experiência do paciente ao adoecimento:
S: Sentimentos relacionados ao problema atual
“Era como se tudo desmoronasse ao mesmo tempo.”
I: Ideias da pessoa sobre o que pode estar errado
A maneira ele está vivendo e o seu grau de limitações e dependência o está desagradando. Por isso, o paciente “procurou ajuda para tentar viver melhor”.
F: Função da sua rotina que pode ser afetada por causa do que está passando.
Não consegue mais ler sozinho, deixou de cozinhar, precisa de ajuda para lidar com dinheiro, tomar medicamentos e perdeu parte do autocuidado. Não consegue mais realizar as atividades de entretenimento que gosta.
E: expectativas do que pode ser feito pelo profissional para ajudá-lo a melhorar.
O paciente procura ajuda profissional não para a cura, mas sim para aumentar a longevidade, mas para conseguir meios de viver melhor.
Etapa 2 do método: se entender a pessoa como um todo:
O paciente em questão era um advogado famoso, que após a aposentadoria se manteve independente em todas as suas atividades, ativo, praticava esportes e outras atividades. Desde a perda da visão bilateral vem experienciando o declínio de sua autonomia, visto que esse evento desencadeou muitos outros problemas de saúde. Por isso o paciente procurou ajuda.
Etapa 3 do método: Elaboração de um plano conjunto:
Após a elaboração do problema, deve elaborar um plano em conjunto com o paciente visando tornar o idoso o mais ativo possível, estimulando-o a adquirir ou aumentar a sua autonomia. Esse plano conjunto deve ser sempre reavaliado a fim de ser ajustar as estratégias para que o alcance da meta, que neste caso é o aumento da autonomia.
QUESTÃO 3:
Paolo, 84 anos, vive em uma colônia de italianos na zona rural de uma pequena cidade. Sempre trabalhou no cultivo de uvas, assim como toda a família. Vive com sua esposa Nair e tem dois filhos que moram em uma cidade a 20 km. O Sr. Paolo tinha uma aparência robusta para a idade. Apesar disso, seu histórico médico constava hipertensão, dislipidemia, hipotireoidismo, hiperplasia prostática benigna e uma demência senil leve. Embora não tivesse o hábito de fumar, consumiu durante toda a vida grande quantidade de bebida alcoólica.
Nair, de 58 anos, é quem cuida da casa, prepara as refeições e controla as medicações de Paolo. A esposa se queixade que ele se agita muito ao longo do dia e se levanta várias vezes à noite pedindo para ir para sua casa. Recentemente, não conseguiu encontrar o banheiro e urinou no chão.
Apesar de Paolo dizer ter um “ótimo apetite”, Nair revela que ele tem comido mal e não tem consumido carnes. Conta que ultimamente o marido passa boa parte do dia cochilando na sua poltrona e que tem ficado muito cansado após a sua ronda matinal pelos vinhedos, como de costume. No último ano, Paolo sofreu diversas quedas sem nenhuma grande lesão.
Há 6 meses, esteve internado por conta de uma pneumonia, que se resolveu em uma semana, mas o deixou ainda mais fraco e confuso. Poucas semanas depois, experimentou intensas dores no ombro direito por conta de uma tendinite e iniciou uso de corticoide por duas semanas, prescrito na emergência. No quarto dia da medicação, iniciou um quadro de delirium, cursando com incontinência urinária, incapacidade de realizar suas atividades diárias mais duas quedas.
Ao exame, o Sr. Paolo está alerta e é cooperativo. Não tem febre. FC = 78 bpm. FR = 20 irpm. IMC = 33. Mantém o ombro direito com movimentos muito limitados. Não apresenta alterações do exame neurológico, exceto desorientação no tempo. O teste “timed up and go” resultou em 15 segundos. Seu exames laboratoriais de rotina não tem alterações.
O caso relatado apresenta um idoso com muitas comorbidades que vem vivenciando perda progressiva de sua capacidade de desempenhar as atividades cotidianas.
O termo “síndrome de fragilidade” tem sido aplicado para muitos casos semelhantes a este. Embora ainda não exista um consenso quanto à sua definição, fisiopatologia, critérios diagnósticos e manejo, é sabido que esta condição está associada a maior risco de eventos adversos. Que componentes desta síndrome são encontrados no caso?
R: Envelhecimento associado a comorbidades, cansaço, incapacidade de realizar atividades diárias, incontinência urinária, perda de apetite e delirum.
Descreva o teste “timed up and go”, sua interpretação e valor diagnóstico.
Descrição: O teste consiste em levantar de uma cadeira, caminhar até uma linha reta a 3 metros de distância, virar, caminhar de volta e sentar-se novamente. Quanto menor o tempo utilizado, melhor é o desempenho no teste.
Interpretação:
1. Até 10 segundos – desempenho normal para adultos saudáveis. Baixo risco de quedas;
2. Entre 11 e 20 segundos – Normal para idosos frágeis ou com debilidade, mas que se mantêm independentes na maioria das atividades de vida diária. Baixo risco de quedas;
3. Entre 21 e 29 segundos – Avaliação funcional obrigatória. Indicado abordagem específica para a prevenção de queda. Risco de quedas moderado;
4. Maior ou igual a 30 segundos – Avaliação funcional obrigatória. Indicado abordagem específica para a prevenção de queda. Alto risco para quedas.
Valor Diagnóstico: Ainda que sejam valores normativos amplamente aceitos e que permitam avaliar a evolução do paciente, vale salientar que, para brasileiros, recomenda-se utilizar como valor de corte para risco de quedas 12,47 segundos, o qual parece ser um melhor preditivo nessa população. Esse mesmo protocolo não é utilizado exclusivamente em idosos saudáveis, sendo indicado seu uso também para avaliar pacientes com diferentes patologias, como Diabetes e Síndrome de Down.
Independente da condição do paciente, além dos valores referentes ao tempo no qual o teste foi realizado, outras informações importantes podem ser coletadas com a associação de um acelerômetro (G-Walk). Esse instrumento fornece dados quantitativos a respeito do ciclo da marcha e de suas fases, possibilitando dados mais completos referentes às necessidades de intervenção para cada paciente. Seu uso permitiria, por exemplo, diferenciar uma marcha festinada de uma marcha claudicante (mesmo que ambas realizem o teste no mesmo tempo).

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