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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Fundamentos da Psicologia 
e da Psicanálise na HiPnose clínica
Elaboração
Jeferson de Souza Sá
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA ............................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
SAÚDE MENTAL ......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
SURGIMENTO DA PSICOLOGIA ............................................................................................... 20
CAPÍTULO 3
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO ............................................................ 26
UNIDADE II
PSICANÁLISE........................................................................................................................................ 40
CAPÍTULO 1
CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA PSICANÁLISE E O USO DA HIPNOSE .................... 40
CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO DAS CONCEPÇÕES FREUDIANAS SOBRE O APARELHO 
PSÍQUICO: A PRIMEIRA E SEGUNDA TÓPICAS .......................................................................... 46
CAPÍTULO 3
PSICOLOGIA E ESPIRITUALIDADE ............................................................................................. 50
UNIDADE III
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................................................................................ 59
CAPÍTULO 1
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................................................................... 59
CAPÍTULO 2
COMPORTAMENTO VERBAL E NÃO VERBAL ............................................................................. 69
UNIDADE IV
RELAÇÃO TERAPÊUTICA ....................................................................................................................... 74
CAPÍTULO 1
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA .......................................................................... 74
CAPÍTULO 2
TERAPIA COMPORTAMENTAL: A RELEVÂNCIA DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA ................................. 79
PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 89
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 90
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como 
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia 
da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da 
pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar 
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, 
como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os 
desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de 
modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal 
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização 
dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e 
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Olá caros alunos, sejam bem-vindos a Disciplina “Fundamentos da Psicologia e da 
Psicanálise na Hipnose Clínica. 
Esse material traz grandes contribuições para atuação da hipnose clínica no campo 
multiprofissional. Porém, antes de invadirmos o campo de conhecimento da hipnose, 
precisamos compreender sobre a importância da saúde mental, o processo de 
desenvolvimento e comportamento humano. 
Assim, será apresentada a parte da história das conquistas da saúde mental, o 
surgimento da psicologia como ciência, as escolas de pensamentos, a importância do 
processo de desenvolvimento humano e da relação familiar.
Daremos ênfase à teoria psicanalítica desenvolvida por Freud que, no início de seus 
estudos, utilizava a hipnose para tratar pacientes histéricos. A Psicanálise é uma 
teoria importantíssima para psicologia. Até hoje, ela é usada para compreender o 
comportamento humano. Por meio dessa teoria, Freud descobre o funcionamento 
da psique humana, chamando nossa mente de aparelho psíquico, dividindo-a, 
primeiramente, em consciente, pré-consciente e inconsciente; e, posteriormente, em 
Id, ego e Superego.
Além disso, conheceremos sobre a importância da espiritualidade nos atendimentos 
clínicos, bem como a inflência de uma boa relação terapêutica para adesão dos 
tratamentos do paciente.
Portanto, abordar sobre a Psicologia e alguns conceitos da teoria psicanálitica 
proporcionará um maior entendimento do ser humano e de como é possível utilizar a 
hipnose como instrumento de atuação multiprofissional na area da saúde. 
Objetivos 
 » Conhecer a história da psicologia como Ciência e as Escolas de 
Pensamento.
 » Conhecer a história de Freud em seus estudos com a hipnose.
 » Conhecer brevemente o surgimento da teoria Psicanalítica desenvolvida 
por Freud.
 » Conhecer alguns conceitos sobre o aparelho psíquico.
 » Conhecer a importância da Relação terapêutica.
9
UNIDADE ISAÚDE MENTAL E 
PSICOLOGIA
CAPÍTULO 1
Saúde mental
Para entender a Psicologia e a Hipnose, é necessário compreender o processo de 
evolução da saúde mental. Foi necessária toda uma trajetória de luta antimanicomial 
até chegarmos em um modelo psiquiátrico capaz de cuidar e preservar a saúde mental 
dos pacientes. Além de falarmossobre o processo de saúde mental de pacientes, vamos 
discutir também sobre a importância de se pensar na saúde do trabalhador.
O início do processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil é considerado, pela literatura, 
como recente, pois este movimento foi iniciado nos anos 1970. Buscava-se mudança de 
cuidado e gestão na atuação da saúde, tencionando uma saúde coletiva com equidade 
a todos.
O Movimento social que defendia os direitos de pacientes psiquiátricos se iniciou no 
ano de 1978, formado por trabalhadores da área da saúde, familiares, sindicalistas e 
outros. Este movimento passa a denunciar violência ocorrida dentro dos manicômios, 
criticando a formas de tratamento da saúde mental da época.
Após anos de luta em prol dos usuários encarcerados em hospitais psiquiátricos, 
deu-se a Reforma Psiquiátrica. Houve significativas mudanças associadas ao 
tratamento dos sujeitos com transtornos mentais. Antes, o tratamento submetia os 
indivíduos à exclusão social, além de serem submetidos a experimentos como choques, 
que acabavam mais denegrindo a saúde dos pacientes.
Com a reforma psiquiátrica, várias mudanças e linhas de pensamentos salientam até 
hoje a importância de preservar a saúde mental, sendo necessária uma nova concepção 
de cuidado com esses portadores, buscando uma melhor qualidade de vida e 
retirando-os dos manicômios, devolvendo-os para a convivência em sociedade 
(FACCO et al., 2016).
10
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
No ano de 1987, aconteceu, no Brasil, a I Conferência Nacional de Saúde Mental. 
Neste mesmo período, ocorreu a implementação do primeiro Centro de Atenção 
Psicossociais – CAPS, no Brasil, apresentando um modelo interventivo de repercussão 
nacional que possibilitou a construção de uma rede de cuidados, substituindo um 
hospital psiquiátrico.
Com a Constituição de 1988, é criado o Sistema Único de Saúde – SUS, formado pela 
articulação entre as gestões federal, estadual e municipal, sob o poder de controle 
social, exercido pelos “Conselhos Comunitários de Saúde.
A reforma psiquiátrica brasileira é recente, com pouco mais de trinta anos, e tem 
como marca característica e basilar a luta pela cidadania do louco. Ainda que trazendo 
exigências políticas, administrativas, técnicas e teóricas bastante novas, a reforma 
insiste num argumento originário: os direitos do doente mental à sua cidadania e 
qualidade de vida.
A cada ano, os transtornos mentais crescem deliberadamente, devido a fatores 
socioeconômicos, das estruturas familiares, físicos, psicológicos e toxicológicos, 
assim um número cada vez mais crescente necessitam de tratamento. Diante desta 
necessidade, o governo brasileiro criou o Centro de Atenção Psicossociais – CAPS, local 
de assistência a pessoas que têm a saúde mental abalada e precisam de tratamentos.
Nesse contexto extra-hospitalar, a arte, a Hipnose e outras terapias holísticas 
assumem um papel de extrema importância para reestruturação da saúde das pessoas, 
viabilizando o processo de reabilitação e inclusão sociofamiliar dos portadores de 
transtornos mentais e priorizando o tratamento do paciente como um todo. 
Um marco no campo da psiquiatria foi a contribuição de médicos que reconheciam a 
necessidade de preservar e restaurar a saúde dos pacientes por meio de instrumentos 
alternativos. Assim, Nise da Sileira (figura 1), ao humanizar a relação sujeito e arte, foi 
quem deu-se visibilidade aos “loucos”.
Figura 1. Nice da Silveira.
Fonte: Jornal GNN (2015).
11
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
Doutora Nise, em 1981, escreveu o livro “Imagens do Inconsciente”, no qual expõe 
sua metodologia de trabalho, sua análise, respeito e cuidado com o ser humano, 
reconhecendo que a patologia e o doente mental estão arraigados no contexto 
social, cultural e econômico. Sob influência da Psicologia Analítica ou como Terapia 
Junguiana, desempenhou um trabalho no Centro Psiquiátrico Dom Pedro II, no Rio 
de Janeiro, cuja análise de trabalho procurou compreender as imagens que foram 
produzidas pelos pacientes. Nice percebeu que seus pacientes ficavam mais tranquilos 
quando se expressavam pela pintura de seus conflitos, traumas e frustrações, 
colaborando para adesão ao tratamento psiquiátrico. 
Dessa forma, conscientizamos que a utilização das terapias holísticas como forma de 
expressão para doentes mentais, possibilita ao indivíduo a manifestação de sentimentos 
inconscientes, assim como a organização de sentimentos que podem ser expressos por 
desenhos, pinturas, modelagem, meditação, hipnose, dança entre outros.
É importante compreender que o CAPS tem se tornado um grande aliado para 
identificação e tratamento de pessoas com a saúde mental abalada, pois realiza grupos 
de apoio, de arte, atendimento médico, grupos de geração de renda, alimentação e 
acolhimento. 
Além do CAPS, outras instituições governamentais também colaboram para o 
atendimento e tratamento de pacientes com transtornos mentais, como Centro de 
Atenção Psicossocial destinado a tratamentos de álcool e outras drogas (CAPSad), Casa 
de Acolhimento e Cuidado, Unidade Básica de Saúde, entre outras. Essas instituições 
facilitam o acesso do paciente à promoção da saúde e prevenção de doenças. Elas 
fazem um diagnóstico e fazem os encaminhamentos necessários para que o sujeito 
possa ter uma atenção integral de sua saúde como um todo.
Após a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 1993, a atenção 
básica se estruturou como Política de Estado com o objetivo de tentar minimizar as 
desigualdades, facilitando o acesso a serviços de saúde por meio do Programa Saúde 
da Família (PSF), que, atualmente, é chamado de Estratégia Saúde da Família (ESF).
A ESF trabalha com propósitos de reorganização, expansão e a consolidação da 
atenção básica no Brasil, implementando as políticas públicas que enfocam a atenção 
em saúde priorizando ações em equipe com a interprofissionalização fortalecendo o 
vínculo com as famílias, assim, esse modelo de atenção em saúde ganha força.
A ESF, em sua formação básica possui um médico, um enfermeiro, um auxiliar ou 
técnico de enfermagem e os Agentes Comunitários da Saúde – ACS. Cada membro tem 
12
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
suas atribuições definidas pela Portaria no 2.488, de 21 de outubro de 2011, sendo as 
do ACS (BRASIL, 2011):
I - trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a 
microárea; 
II - cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros 
atualizados; 
III - orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde 
disponíveis; 
IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda 
espontânea; 
V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias 
e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser 
programadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de 
risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessidade 
sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média de 1 
(uma) visita/família/mês; 
VI - desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de 
saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e 
as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos 
sociais ou coletividade; 
VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das 
doenças e agravos e de vigilância à saúde [...];
VIII - estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo 
ações educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção das 
doenças, e ao acompanhamento das pessoas com problemas de saúde 
[...];
É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas unidades básicas de saúde, 
desde que vinculadas a essas atribuições mencionadas.
Além dessas funções, que são grandes avanços na saúde, os ACSs devem morar na 
área em que trabalharam, assim, esse trabalhador agrega uma função dupla – morar 
na área e concomitantemente serem parte responsáveis pela boa saúde de todos os 
moradores dessa mesma área.
13
SAÚDE MENTALE PSICOLOGIA │ UNIDADE I
A figura 2 apresenta as principais queixas relacionadas a saúde mental em uma 
pesquisa de Sampaio et al. (2015), que teve como objetivo analisar as estratégias 
de cuidado em saúde mental, praticadas por médicos(as) e enfermeiros(as), em 
Unidades de Saúde da Família de Salvador, no estado da Bahia.
Figura 2. Prevalência das queixas em saúde mental nas Unidades de Saúde da Família, em 2014.
Fonte. (SAMPAIO; ARAÚJO; BASTOS, 2015).
DE acordo com a figura 2, podemos perceber que a depressão (31%) é a principal 
doença relatadas pelos profissionais da saúde das Unidades básicas de saúde, seguido 
da Ansiedade (19%), casos de Esquizofrenia (19%) e agitação (13%). Diante disso, a 
promoção da saúde mental da população se torna necessária para garantir o bem-estar 
e a qualidade de vida de todos.
Promoção da Saúde
Em 1986, a elaboração da Carta de Ottawa, na 1a Conferência Internacional de 
Promoção da Saúde, destacou a dimensão social da saúde determinando cinco 
estratégias. São elas: as políticas públicas, favorecimento de ambientes saudáveis, 
o apoio da ação comunitária, reorientação do serviço de saúde e concepção de 
habilidades pessoais.
A Carta de Ottawa destaca principalmente a influência dos aspectos sociais na saúde 
da população, possibilitando a atuação por meio de um processo de capacitação da 
comunidade para agir beneficamente em sua qualidade de vida.
14
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
O entendimento de promoção da saúde acrescenta a educação em saúde presente 
na Carta de Ottawa. Uma nova concepção de saúde é destacada por meio da história 
do movimento de promoção da saúde em decorrências de debates do tema nas 
conferencias internacionais (BERNARDES et al., 2016).
Na terceira idade, as ações da promoção da saúde são relevantes para prevenir doenças
e agravos decorrentes do processo de envelhecimento. As principais causas de 
morbimortalidade no mundo são as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e seus 
custos para os sistemas de saúde em todo o mundo representam impacto crescente.
Grande parte dessas doenças pode ser evitada por meio de uma abordagem de 
prevenção e controle. Contudo, as DCNT permanecem como um dos maiores desafios 
enfrentados pelos sistemas de saúde e as estratégias de promoção da saúde atuam no 
declínio dos fatores de riscos que se faz necessário.
A partir da carta de Ottawa, com um foco político e técnico para o processo saúde-
doença-cuidado, a promoção da saúde encontra-se em constante progresso, em 
decorrência das sucessivas conferências realizadas, em que se difundiu o conceito de 
saúde como um compromisso para todos. Com isso, identificou-se a necessidade do 
desenvolvimento de novas intervenções para o avanço das políticas públicas saudáveis 
não só nos cuidados em saúde, mas nos setores que não estão diretamente associados 
a ela.
Nos tempos de hoje, amplia-se a compreensão de que a saúde não é apenas a ausência 
de doença, conceituação proposta pela OMS em meados da década de 1950, e avança 
na compreensão da saúde como um estado positivo, referindo-se a uma rede complexa 
de interdependências e inter-relações na qual não é possível estabelecer uma 
causalidade linear. Saúde é o bem-estar físico e emocional, o qual está inteiramente 
ligado ao aprendizado. 
Assim, a “saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de 
viver [...]”; ela “é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, 
bem como as capacidades físicas de cada indivíduo” (BRASIL, 2002, pp. 19-20). Os 
determinantes e condicionantes políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais 
ganham espaço para se obter qualidade de vida no ambiente em que estes indivíduos 
estão inseridos. 
As emoções e afetividades podem mediar a integração da realidade imediata e os 
processos imaginativos. São apontadas como pertencentes de uma grande gama, na 
qual estão presentes o nojo, alegria, tristeza etc. 
15
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
Na psicanálise freudiana, tem-se o amor e o ódio como grandes sentimentos básicos, 
sendo o segundo uma grande defesa original em relação à alteridade. As emoções 
parecem se aproximar mais de um sistema intuitivo do sujeito, sendo fundamentais 
para o direcionamento do raciocínio e a tomada de decisão. 
Com isto e o entendimento de que somos constantemente afetados pelo nosso entorno, 
pressupõem-se que a escolha de onde ir e o que vamos explorar, funciona em uma 
relação dialética entre o conteúdo idiossincrásico e os elementos aos quais somos 
apresentados durante o momento em questão.
Inversamente, um ambiente pode ser projetado de forma que afete o organismo, 
provocando maior sonolência, tensão, prazer ou desprazer. Isto abriu portas para o que 
Roger Ulrich, em seus estudos de 1981, coloca como potencial de efeito restaurativo.
Em trabalhos posteriores, 1984, Ulrich constatou os efeitos positivos na recuperação 
de pacientes que haviam visão de um ambiente natural por meio das janelas de seus 
quartos de hospitais. Foi registrada uma diminuição nos níveis de ansiedade, estresse, 
das doses de analgésicos administrados e do tempo de internação.
De acordo com Scott et al. (2015), a falta de contato com o ambiente (natureza) 
pode estar levando a uma verdadeira extinção dessa experiência nas crianças. As 
consequências disso vão desde uma alienação da natureza a perda da intimidade que 
motiva a preocupação e a conservação ambiental, prejudicando inclusive sua saúde. 
Assim, privando os adolescentes dessa experiência, estaríamos estreitando cada vez 
mais o caminho para o apego e para o bem-estar do cidadão. É preciso, então, ações 
generalizadas que provoquem transformações nos sujeitos, e atuem de forma assertiva 
socialmente, , isto é, que atuem como cidadãos. 
Nesse sentido, a educação (institucional ou não) deve agir como uma forma de 
desenvolver o exercício da cidadania, para, desse modo, fortalecer atitudes que 
melhorem as condições de saúde e vida.
Em dezembro de 2007, o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, e os 
ministros da educação e da saúde assinam o Decreto-Lei no 6.286, instituindo 
o “Programa de Saúde Escolar” 8 como parte integrante do Plano Nacional de 
Desenvolvimento da Educação (PNE), e, conforme parágrafo único do artigo 4: As 
equipes de saúde da família realizarão visitas periódicas e permanentes às escolas 
participantes do Programa Saúde na Escola (PSE) para avaliar as condições de saúde 
dos educandos, bem como para proporcionar o atendimento à saúde ao longo do ano 
letivo, de acordo com as necessidades locais de saúde identificadas.
16
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
Considerando a recente discussão das estratégias do setor saúde junto às escolas, pelo 
PSE, a sentença supracitada vem propor uma reflexão sob a ótica dos profissionais de 
educação, especificamente dos coordenadores pedagógicos, com relação à promoção 
de saúde do adolescente. Partiu-se do pressuposto de que, a partir da interlocução 
entre os setores saúde e educação, sua articulação será favorecida, buscando propiciar 
melhor qualidade de vida aos jovens.
Além das ações inerentes ao setor educação, a escola se vê abarrotada por diversas 
demandas sociais e de saúde que nela vêm desembocar. Assim, depara-se com uma 
problemática referente à saúde do aluno. Essa problemática revela-se em rotina de 
manifestações e queixas dos alunos em horário de aula.
Puccini e Bresolin (2003) comentam que, por meio de estudos realizados em diferentes 
partes do mundo, ficou demonstrado que as dores mais frequentes na adolescência são: 
a dor abdominal, a cefaleia e dor nos membros, o que determina significativa demanda 
nos serviços de saúde. A causa orgânica geralmente é baixa, podendo fazer com que a 
queixa possa perder a importância e determinar repercussões na vida do adolescente e 
das famílias. Portanto, não se deve excluir a análise dos aspectos emocionais, sociais, 
familiares e cognitivos, o conjunto de fatoresque exercem influência sobre as vidas 
desses alunos que recebemos nas instituições, envolvidos na gênese e na expressão 
clínica da dor.
Saúde do Trabalhador
A saúde no contexto de trabalho ao longo da história possuiu diferentes compromissos 
e atuações, o que gerou distintos modelos explicativos e interventivos do processo 
saúde-doença-trabalho.
No Brasil, o setor de saúde do Estado ainda está inserindo sua atuação e intervenção no 
espaço de trabalho. Esta integração da saúde ao local de trabalho vem sendo prevista 
desde a Reforma Carlos Chagas, em 1920, sendo ineficaz, pois a partir da década de 
1930 surge o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. 
Em 1978, foram implantados os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do 
Trabalho – SESMT, mas, neste momento, ainda não se cumpria o dever de reconhecer, 
avaliar e controlar as causas de doenças ocasionadas no trabalho. Esta integração foi 
reforçada a partir da Carta Constitucional de 1988 regulamentada pela Lei no 8080/90.
Chiavegatto e Algranti (2013) afirmam que a criação da Rede Nacional de Atenção 
Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) como apoio à rede de saúde, especialmente 
17
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
pelos dispositivos dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest). Com 
a promulgação da Política Nacional de Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras, 
busca-se fortalecer a responsabilização do Estado por meio de ações intersetoriais e 
interprofissionais para se referenciar e executar ações mais efetivas nesse campo.
Na política de Saúde do Trabalhador, são contemplados três níveis norteadores de 
atenção:
a. A vigilância: estão incluídas as ações destinadas à definição dos perigos 
e dos riscos inerentes a um processo de trabalho e à consequente 
promoção de medidas que visam ao adequado controle dos perigos e 
riscos e de controle médico, assim como um programa que permita a 
coleta e a análise dos dados gerados. 
b. A assistência à saúde: inclui serviços de acolhimento, atenção, condutas 
clínicas e ocupacionais e um sistema de benefícios justo. 
c. A abordagem e a conduta apropriadas aos determinantes sociais, 
individuais ou de grupos, que impactam negativamente na saúde da 
maioria dos trabalhadores.
As Políticas Públicas em Saúde do Trabalhador adotam modelos capazes de identificar 
e intervir na saúde do trabalhador em sua dimensão concreta, complexa e social, 
diferenciando-se dos modelos da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional.
A Medicina do Trabalho iniciou-se desde industrialização do país, quando o médico 
começou a exercer o seu trabalho em fábricas e empresas. Nestas, havia a necessidade 
do médico detectar os possíveis processos danosos à saúde para que a mão de obra 
dos trabalhadores pudesse ser recuperada. De forma tradicional, o modelo médico 
no trabalho se manteve com uma visão biologicista e individualizada, em um espaço 
reservado na empresa em busca de doenças e acidentes.
A Medicina do Trabalho, centrada na figura do médico, orienta-se pela teoria da 
causalidade, ou seja, para cada doença, um agente etiológico. Transplantada para o 
âmbito do trabalho, ela vai se refletir na propensão a isolar riscos específicos e, dessa 
forma, atuar sobre suas consequências, medicalizando em função de sintomas e sinais 
ou, quando muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. 
Conforme Gomez e Costa (1997), a Saúde Ocupacional baseia-se a partir da Higiene 
Industrial, referendando-se em um método que relaciona o ambiente de trabalho 
com o corpo do trabalhador. Centrado na teoria da multicausalidade, pauta-se em um 
18
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
conjunto de fatores que podem possibilitar o surgimento da doença, a qual pode ser 
causada por questões biológicas, físicas e ambientais.
Os referidos autores apresentam a Saúde do trabalhador como um terceiro modelo 
que tem referendado as Políticas Públicas brasileiras. Estas têm o compromisso com 
a mudança do quadro de saúde dos trabalhadores, intervindo pelos meios político, 
jurídico e técnico. Tem a preocupação voltada para visão do trabalhador, um sujeito de 
saberes indispensável para compor não só a compreensão do processo saúde-doença-
trabalho, mas principalmente suas transformações no âmbito social e singular.
Psicodinâmica do trabalho: a relação de prazer e 
sofrimento laboral
A Psicodinâmica do Trabalho é uma abordagem criada na década de 1990 na França 
por Christophe Dejours, partindo de aspectos psicopatológicos relacionados ao 
trabalho. A Psicodinâmica busca entender a inter-relação entre trabalho e saúde a 
partir da dinâmica de contextos visíveis e invisíveis, objetivos e subjetivos, psíquicas, 
sociais, culturais, políticos e econômicos interferentes no processo de saúde e 
adoecimento.
A Psicodinâmica do Trabalho tem como finalidade o estudo dos processos de 
subjetivação em relação às dinâmicas vivenciadas na organização do trabalho 
evidenciando nas experiências de prazer e sofrimento. Partindo desta concepção, 
o objeto de estudo da Psicodinâmica está associado à demanda, à mobilização e ao 
engajamento que a organização e suas relações exigem do sujeito trabalhador.
Nesses termos, o sofrimento não somente expressa o conteúdo do sofrer como também 
promove o ato laborativo: “O trabalho não causa o sofrimento, é o próprio sofrimento 
que produz o trabalho” (DEJOURS, 1992, p. 103).
Para conseguimos obter acesso a essas questões, partiremos da análise da fala e da 
escuta do sofrimento dos trabalhadores. Este espaço de escuta é a possibilidade 
de reconstrução dos processos de subjetivação e do coletivo, uma vez que falar do 
sofrimento leva o trabalhador a se mobilizar, pensar, agir e criar estratégias para 
transformar a organização do trabalho. 
Analisar o sofrimento pela fala permite ao sujeito resgatar o pensar sobre o trabalho, 
orientando e dando a conhecer ao próprio trabalhador os aspectos geradores de prazer 
e sofrimento. Essas são vias indispensáveis para que haja reapropriação e dominação 
do trabalho pelo sujeito que o realiza. Este percurso propicia construção de um 
19
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
coletivo capaz de analisar e perceber sua realidade laboral com base na cooperação e 
nas mudanças da organização do trabalho, como aponta Mendes (2007, p. 36):
[...] para psicodinâmica, o sofrimento no trabalho surge quando a 
relação do trabalhador com a organização do trabalho é bloqueada 
em virtude das dificuldades de negociação das diferentes forças que 
envolvem o desejo da produção e o desejo do trabalhador. Neste 
sentido, ao reconhecer o trabalho, ora como meio para se construir a 
identidade, ora como fonte de alienação, a psicodinâmica direciona 
o estudo do sofrimento para inter-relação dos trabalhadores com a 
organização do trabalho e para as estratégias defensivas que utilizam 
para lidar com o trabalho.
Mendes (2007) apresenta, a partir de pesquisas em clínica do trabalho, a importância 
que a Psicodinâmica confere à fala do trabalhador, apontando a escuta como um 
instrumento básico para a análise (seja para o pesquisador quanto para o próprio 
trabalhador).
Nesses termos, a linguagem do trabalhador é indispensável para acessar o real do 
trabalho e a relação de prazer e sofrimento. O uso da entrevista, nesse campo teórico, 
é indispensável, pois oportuna compreender detalhadamente os sentimentos, as 
crenças, as atitudes, os valores e as motivações em relação aos comportamentos do 
indivíduo no contexto laboral. 
Para termos uma análise mais consistente sobre o (des)encontro da organização 
do trabalho com o indivíduo, a Psicodinâmica do Trabalho fornece elementos 
investigativos para que distintas dimensões do real possam ser evidenciadas. Segundo 
Mendes (2007, p. 69) isto pode ser dito do seguinte modo:
compreender o objeto de pesquisa sob a perspectiva dos entrevistados 
e entender como e porque eles têm essa perspectiva particular; 
investigar o significado e/ou processo de uma unidade sociale/
ou dos fenômenos para o grupo pesquisado; investigar a história 
individual; realizar estudos descritivos e/ou exploratórios; validar, 
clarear e ilustrar dados quantitativos para melhorar a qualidade da 
interpretação.
Diante disso, é importante pensar a saúde mental como um todo, não só focado no 
paciente, mas no trabalhador que atua, sendo em qualquer contexto laboral.
20
CAPÍTULO 2
Surgimento da Psicologia
Compreender o surgimento da Psicologia, o desenvolvimento humano e as escolas 
de pensamento se torna necessário para o nosso curso de Hipnose Clínica, pois, para 
conseguirmos acessar as informações, os conflitos e os traumas, por meio da hipnose, 
antes necessitamos conhecer e compreender o indivíduo por completo, analisando a 
mente e o comportamento humano. 
O comportamento e a mente humana sempre despertaram interesse e fascínio, 
especialmente dos filósofos e da medicina. O termo Psicologia surge apenas no século 
XVI, porém, antes disso, já se pensava nos mistérios na formação da mente humana. 
Mas afinal de contas, o que é Psicologia?
A origem da palavra psicologia vem da compreensão da alma. É derivado do Grego em 
que psiqué significa alma e logos ciência/razão; sendo assim, a junção dos dois termos 
equivale ao que chamamos hoje de Psicologia. Grandes pensadores foram importantes 
para o desenvolvimento da psicologia, e um deles é o Aristóteles, que foi considerado 
como o primeiro autor a realizar estudos sobre a psicologia.
O estudo da psicologia se deu, inicialmente, por influência de pensamentos da 
biologia e da filosofia, buscando descrever, analisar e compreender pensamentos, 
sentimentos e comportamentos da figura humana. Antes de 300 a.C., já se pensava no 
objeto de estudo da psicologia. O filósofo grego Aristóteles orientou sobre estudos da 
aprendizagem e memória, motivação e emoção, percepção e personalidade.
A psicologia percorreu um grande caminho em busca de conquistar o reconhecimento 
como ciência. Ela tem suas raízes na Filosofia que, naquela época, o ser humano era 
pesquisado por meio de intuições, especulações e generalizações. Diante disso, foi 
necessário cortar as raízes da filosofia para se associar a métodos bem-sucedidos nas 
ciências físicas e biológicas. Isso permitiu que a psicologia pudesse ter um arsenal 
científico compreendendo a mente e o comportamento humano com mais eficiência.
No processo histórico, um fato foi importante para caracterização e nascimento da 
Psicologia Científica. Em 1875, Wundt (figura 3) inaugura o primeiro laboratório de 
Psicologia experimental, na Universidade de Leipzig, na Alemanha. Neste laboratório, 
ele compreende que a consciência é o objeto de estudo por meio da introspecção. Desta 
maneira, o objetivo se pauta em conhecer os elementos que formam a consciência de 
cada indivíduo e os levam a pensar, sentir e agir.
21
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
Figura 3. Wundt.
Fonte: Psicoativo (2016). Disponível em: https://psicoativo.com/2016/08/as-contribuicoes-de-wundt-para-psicologia.html. 
Acesso em: 4/6/2020.
Após diversos experimentos propostos por Wundt, surgiram outros pesquisadores, 
principalmente nos Estados Unidos, que avançaram nas pesquisas da psicologia 
científica. Diante disso, diversas escolas de pensamento surgiram e consagrou a 
psicologia científica.
As escolas de pensamentos nada mais são que grupos de pensadores e pesquisadores 
que ideologicamente e geograficamente se unem para compartilhar achados, 
pensamentos e orientação teórica que movimenta os estudos da Psicologia. As 
escolas são:
 » Estruturalismo.
 » Funcionalismo.
 » Associacionismo.
 » Behaviorismo.
 » Gestalt.
 » Psicanálise.
O estruturalismo, funcionalismo e associacionismo são escolas de pensamentos 
originadas no final do século XIX, que impulsionam a elaboração da Psicologia como 
ciência e dão base as outras escolas de pensamento.
O Estruturalismo foi criado por Titchner (1867-1927; figura 4). Esta escola tencionou 
seus estudos em analisar a formação e constituição da consciência a fim de determinar 
como ela se estrutura. Utilizava a introspecção qualitativa como método que consistia 
em descrever o estado consciente de indivíduos submetidos a diversos estímulos. 
https://psicoativo.com/2016/08/as-contribuicoes-de-wundt-para-psicologia.html
https://psicoativo.com/2016/08/as-contribuicoes-de-wundt-para-psicologia.html
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UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
Figura 4. Titchner.
Fonte: Avanços na História da Psicologia (2017).
O Funcionalismo desenvolvido por William James (1820-1903; figura 5) propôs 
estudar as funções dos processos mentais dos sujeitos em se adaptar ao meio em que 
vivem, ou seja, como o ambiente interfere no processo de adaptação do sujeito e como 
o sujeito processa esta adaptação. Utilizava o método de observação introspectiva e 
outras técnicas como a pesquisa fisiológica, testes psicológicos, entrevistas e análise do 
comportamento. 
Figura 5. William James.
Fonte: Psicoactiva (2013).
Já o Thorndike (1874-1949; figura 6) propôs o Associacionismo, elaborando uma 
teoria objetiva e mecanicista da aprendizagem por meio do comportamento manifesto. 
Segundo ele, o objeto de estudo está fundamentado no comportamento aprendido, 
consistindo em formar conexões entre situações problemas e as respostas obtidas por 
determinado comportamento.
23
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
Figura 6. Thorndike.
Fonte: Psicoativo (2016).
No século XX, novas escolas de pensamento surgiram indicando tendências teóricas 
da psicologia que estão em evidência até hoje como o Behaviorismo, a Gestalt e a 
Psicanálise.
O Behaviorismo é uma teoria focada na análise do comportamento. Diversos 
termos são utilizados para definir esta escola, como Comportamentalismo, Teoria 
Comportamental, Análise experimental do comportamento, entre outras. O objeto 
de estudo está centrado no comportamento observável por meio de métodos 
experimentais.
Nesta teoria, a resposta de uma determinada situação é incentivada por um 
determinado estímulo, ou seja, ao descobrir o estímulo, é possível prever o 
comportamento.
A Gestalt teve sua origem na Alemanha, tendo como objeto de estudo a percepção e o 
pensamento como totalidade, por meio de um método misto como a Introspecção e 
experimental. Diversos foram os pesquisadores que desenvolveram esta teoria, como 
Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kohler (1887-1967; figura 7) e Kurt Koffka 
(1886-1941). Eles defendiam que o comportamento humano não se soma a reações 
a estímulos, pois comportamento é organizado pelo mundo exterior e integrada na 
totalidade psicológica do sujeito, ou seja, entre o estímulo que o ambiente fornece e a 
resposta do indivíduo encontra-se a percepção.
Figura 7. Wolfgang Kohler.
Fonte: Facebook (2017).
24
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
Observe esta imagem: 
Figura 8. Figura e Fundo.
Fonte: Psicoativo (2017).
O que você vê nesta figura? 
Esta resposta está relacionada a percepção de cada sujeito, a forma como cada 
indivíduo percebe a figura ou uma determinada situação. Diante dessa teoria, alguns 
princípios devem se dar importância, como: proximidade, semelhança, figura-fundo e 
complementação.
A forma como percebemos o outro, o ambiente e a si mesmo é o que é analisado por 
meio da Gestalt terapia. 
A Psicanálise é uma das escolas de pensamentos mais importante da psicologia, 
desenvolvida por Sigmund Freud (1956-1939). Tem como objeto de estudo o 
inconsciente pesquisado pelo método analítico e de associação livre que será explicado 
com maior profundidade na segunda unidade deste material.
Até o período em que ocorreu a segunda guerra mundial, o Behaviorismo dominava 
como escola de pensamento da psicologia, principalmente nos Estados Unidos. Após 
segunda guerra, houve avanços na psicologia como ciência e ramificações das escolas 
de pensamento. 
No Behaviorismo, por exemplo, surgiu duas novas vertentes como a do Behaviorismo 
Radical, desenvolvida por Skinner, e o Neobehaviorismo, por AlbertBandura. Já na 
Escola Gestalt, houve a vertente da Fenomenologia criada por Heiddeger Pearls e a 
escola da Psicanálise desenvolveram novas teorias aliadas como a Psicologia Analítica, 
de Jung, a Psicologia Kleiniana, de Melanie Klein, e a Lacaniana, de Lacan.
25
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
A partir da década de 1960, novas perspectivas científicas na psicologia surgiram como 
a Psicologia Sócio-Histórica, desenvolvida por Vygotsky, e a Psicologia Humanista de 
Carl Rogers. Nos anos 1970, surgiu a psicologia Cognitiva e nos anos 1980 e 1990 a 
Neuropsicologia e Neurociências entram como ciência também pensada a psicologia.
Durante todo este processo histórico, a Psicologia vem se desenvolvendo como ciência 
e profissão. Cada escola segue sua própria teoria e método, observando a natureza 
humana a partir de diferentes técnicas e pensamentos. 
A história da psicologia vem apresentando, no decorrer de sua evolução, que a 
atuação profissional do psicólogo não é neutra, pois contesta demandas relacionadas 
a contextos econômicos, culturais, políticos e sociais que interferem a percepção e o 
comportamento da mente humana.
O homem é um animal essencialmente diferente de todos os outros. 
Não apenas porque raciocina, fala, ri, chora, opõe o polegar, cria, 
faz cultura, tem autoconsciência, e consciência de morte. É também 
diferente porque o meio social é seu meio específico. Ele deverá 
conviver com outros homens, numa sociedade que já encontra, ao 
nascer dotada de uma complexidade de valores, filosofias, religiões, 
línguas, tecnologias (TELES, 2003, p.19).
Diante disso, a Psicologia se consagrou ciência, mas, por se tratar da psique humana, 
ela está constantemente em processo de construção, visto que não é só analisar a 
mente humana mas sim o processo histórico em que vivemos.
26
CAPÍTULO 3
Processo de desenvolvimento humano 
A psicologia também está atrelada a compreender o processo do desenvolvimento 
humano. Nossos comportamentos e personalidades estão estritamente relacionados 
com fatores psicossociais, como nossas relações familiares, social e ambientais. 
Compreender o processo do desenvolvimento humano nos permite ter uma melhor 
análise dos sofrimentos, dos conflitos, dos traumas e das frustrações que o indivíduo 
pode ter durante todo o seu ciclo de vida. Não só na identificação do problema, mas 
também para a criação de estratégias capaz de promover a saúde do sujeito. 
Figura 9. Ciclo da vida.
Fonte: The Irish Times (2019).
O desenvolvimento de cada indivíduo está intimamente condicionado às interações 
com seus pais. É condição vital que o bebê tenha um pai e uma mãe ou outra pessoa 
que os substitua, caso contrário, não sobreviverá. As relações entre o bebê e seus 
pais são pautadas em um grande número de sistemas reguladores que atuam em 
diferentes níveis de organização. Ressaltam-se aqui os três sistemas reguladores mais 
importantes do desenvolvimento: o biológico, o social e o afetivo (ZAVASCHI; COSTA; 
BRUNSTEIN, 2012).
As interações com o biológico são preponderantes durante a embriogênese, quando 
mudanças no estado do fenótipo do organismo funcionam como gatilhos para o 
genótipo, desencadeando novas séries de fenômenos bioquímicos. Essas experiências 
são reguladas pelo ligar e desligar de várias atividades genéticas dirigidas à construção 
de um bebê humano viável. Esse processo continua depois do nascimento, e as 
27
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
interações com o sistema social dominam a maior parte do período que vai da infância 
até a idade adulta (ZAVASCHI; COSTA; BRUNSTEIN, 2012).
Percebemos o quão importante é a presença da mãe e do pai da criação da criança. 
Nos primeiros anos de vida, a criança é totalmente dependente da mãe; sem ela, a 
criança não teria os cuidados básicos para sobreviver; alimentação, higiene e carinho 
são fundamentais para garantir um bom desenvolvimento.
Para Winnicott (2012), o cuidado materno adequado promove um ambiente acolhedor 
para o bebê no sentido de reconhecer a sua existência, promovendo o seu bem-estar 
físico e psicológico e o seu desenvolvimento. Dessa maneira, o bebê possui um sentido 
e adaptação de ser e existir, inicialmente existindo apenas na relação com a mãe. Parte-
se do princípio de que a criança passa por um processo de desenvolvimento, partindo 
da dependência rumo à independência, da não integração à integração do seu ser.
A teoria Winnicottiana defende três estágios de desenvolvimento que o bebê segue: a 
dependência absoluta, a dependência relativa e a independência relativa. Em cada um 
desses estágios naturais do desenvolvimento emocional do bebê, o que se espera é que 
as necessidades fundamentais do bebê sejam atendidas de forma satisfatória, como 
alimentação, higiene e conforto. 
Isso permite ao bebê estabelecer os limites do interno e do externo, que posteriormente 
irão caracterizá-lo enquanto ser e o que é o outro enquanto alguém diferente dele 
próprio. Falhas no cuidado com o bebê nesses três estágios iniciais podem caracterizar 
predisposições para transtornos psíquicos dos mais diversos, incluindo a psicose, 
esquizofrenia, depressão, tendências antissociais, dentre outros (WINNICOTT, 2012).
Além do desenvolvimento das emoções, o processo do desenvolvimento infantil 
também ocorre por meio do desenvolvimento cognitivo da criança. Jean Piaget foi um 
dos grandes nomes que estudou o desenvolvimento da aprendizagem em crianças. Seu 
método avalia como o cognitivo da criança é estruturado e, por sua vez, desenvolvido 
por meio de estímulos da aprendizagem. 
É por meio do brincar, dos erros e acertos e da interação com o ambiente que a criança 
desenvolverá o aprendizado. Isso também pode ser compreendido a partir da teoria da 
Psicogenética desenvolvida por Piaget.
Jean Piaget desenvolveu a teoria conhecida como “Epistemologia Genética”, que tem 
como fontes, de um lado, o conhecimento científico (epistemologia), e de outro, a 
gênese, ou seja, a origem desse conhecimento (genética). Assim, sua teoria tem como 
foco o sujeito epistêmico, o indivíduo em seu processo de construção de conhecimento. 
28
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
Em sua teoria, abordou o processo de construção do conhecimento pelo sujeito, do 
nascimento até a idade adulta, mas seu enfoque principal foi o desenvolvimento 
infantil (PIAGET, 1975).
Para Piaget (1975), o desenvolvimento cognitivo pode ser compreendido como um 
processo de equilibrações sucessivas, estruturado em etapas ou fases. Cada etapa 
define um momento de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas 
estruturas cognitivas. O autor denomina essas etapas do desenvolvimento da 
inteligência infantil da seguinte maneira: sensório-motor, pré-operatório, operatório 
concreto e operatório formal. Cada um desses quatro períodos é marcado por avanços 
intelectuais que marcaram a vida da criança ao longo do processo de desenvolvimento 
da infância até a juventude.
De forma sucinta, o primeiro estágio, denominado de sensório-motor, vai de 0 a 2 anos 
de idade. Nesse primeiro estágio, os bebês começam o seu aprendizado por meio da 
construção de esquemas de ações em que tentam compreender mentalmente o meio 
em seu redor.
O segundo estágio é denominado de período pré-operatório e vai de 2 a 7 anos. Este, 
está dividido em dois períodos, o da inteligência simbólica (dos 2 aos 4 anos) e o 
período intuitivo (dos 4 aos 7 anos). Embora a criança não consiga fazer operações, já 
se utiliza da inteligência e do pensamento. Esse período é organizado pelo processo de 
assimilação, acomodação e adaptação, que, estando em equilíbrio, indica que houve 
uma aprendizagem. 
O terceiro estágio é o das operações concretas (7 aos 11 anos). Nessa fazia etária, a 
criança organiza o mundo de maneira lógica e operatória. É capaz de estabelecer 
compromissos, compreender as regras, podendo ser fiel a elas. 
O quarto estágio é das operações formais (11 aos 15 anos). É o período formal das 
estruturas cognitivasquando a criança tende a alcançar seu nível mais elevado 
de desenvolvimento, e fica apta a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de 
problemas (PIAGET, 1978).
O processo de desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança possibilita melhor 
interação dela com o ambiente. A relação de transferência a partir da afetividade 
possibilita melhor relação entre um sujeito, o outro e o ambiente, garantindo um 
aprendizado formado pelas relações e seus afetos. 
Wallon (1989) desenvolveu uma teoria que caracteriza o processo de desenvolvimento 
humano centrado no processo de relação entre quatro grandes núcleos funcionais 
29
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
determinantes: a afetividade, a cognição, o movimento e a pessoa. Para o autor, 
o processo de desenvolvimento, que ocorre pela contínua interação entre esses 
núcleos, só pode ser explicado pela relação dialética entre os processos biológicos/
orgânicos e o ambiente social, ou seja, o biológico e o social são indissociáveis, estando 
dialeticamente sempre relacionados.
A afetividade envolve um maior universo de manifestações, englobando as emoções 
(de origem biológica) e os sentimentos (de origem psicológica). É um conceito que, 
além de envolver um componente orgânico, corporal, motor e plástico – que é a 
emoção apresenta também um componente cognitivo, representacional, que são os 
sentimentos, e a paixão. Diante disso, a emoção e a cognição coexistem no indivíduo 
em todos os momentos, embora nas diversas etapas do desenvolvimento possa haver 
um predomínio alternado entre as duas funções. A inteligência não se desenvolve sem 
afetividade, e vice-versa, pois ambas compõem uma unidade a outra.
A partir das contribuições de vários teóricos interacionistas que se debruçam sobre 
os processos de ensino, aprendizagem e desenvolvimento humano, como Winnicott, 
Piaget e Wallon, é possível construir uma compreensão psicopedagógica consistente 
e abrangente. Cada um desses autores oferece bases para a reflexão sobre diferentes 
aspectos inerentes à integração entre as habilidades cognitivas e socioemocionais. 
A psicanálise de Donald Winnicott contribui para o entendimento do papel das 
figuras parentais na constituição emocional dos sujeitos e as referências teóricas de 
Jean Piaget colaboram para pensar sobre o desenvolvimento cognitivo. Enquanto as 
contribuições de Henri Wallon dão subsídios para pensar o desenvolvimento do ser 
humano nas instâncias biológica, psíquica e social, uma vez que o autor propõe um 
modelo de desenvolvimento que integra as dimensões do ato motor, da afetividade e 
da inteligência humana.
Afetividade
Definir o conceito de afetividade possui certo nível de dificuldade, pois, na concepção 
de modo geral, o afeto está relacionado com sentimentos de ternura, carinho, simpatia. 
Porém, nas mais variadas literaturas, este termo se refere a emoção, motivação, 
estados de humor, sentimento, paixão, atenção, personalidade, temperamentos entre 
outros. Tais termos são definidos de acordo com cada linha de estudo realizado nas 
diferentes áreas de conhecimento cada qual com uma ótica e não possui uma estrutura 
interdisciplinar.
30
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
O afeto e a afetividade no contexto contemporâneo são fundamentais, especialmente, 
quando a sociedade e, consequentemente, educação estão em crise absoluta. Cada 
vez mais e mais intensamente se está criando uma lacuna entre o conhecimento e a 
produção de sentidos, o sujeito e o próprio sujeito, o professor e o estudante, a família 
e a escola.
Muitas vezes os termos sentimentos, emoções e afetividade são 
empregados como sinônimos em nossa linguagem cotidiana. Do 
ponto de vista conceitual, porém, existe um razoável consenso 
entre os autores que dedicam a estudar o tema apontando para uma 
diferenciação entre seus significados e suas funções. A discussão é 
bastante complicada e, ao mesmo tempo que os diferencia, cada autor 
tende a adotar sua própria definição sobre o que são sentimentos, o 
que são emoções e o que é a afetividade (ARANTES, 2003 p. 253).
Segundo Wallon (1979), a emoção é um componente biológico do Comportamento 
humano, ou seja, é uma reação de ordem física; já a afetividade possui um conceito 
mais amplo, possuindo maiores manifestações desde as mais básicas de ordem 
orgânica como as primeiras sensações de fome e saciedade, de dor e prazer, até as 
manifestações de ordem social, como sentimentos, paixão, humor, entre outros.
A afetividade pode ser definida como conjunto de fenômenos psíquicos que se 
manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre 
da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, 
de alegria ou tristeza. 
Diante destas concepções, é possível afirmar que a afetividade está diretamente ligada 
à emoção, estabelecendo formas de comunicação. Desde o nascimento, o recém-
nascido começa estabelecer maneiras de se relacionar com o novo meio em que está 
sendo inserido, expressando assim seus sentimentos de medo, fome, dor, alegria, 
tristeza, desconforto entre outros. De acordo com o desenvolvimento da maturidade, 
a criança vai transformando sua comunicação por uma mais racional e menos 
emocional, aprendo a se relacionar com os outros construindo novas formas de saciar 
seus desejos.
Assim, são estabelecidas novas formas de como este indivíduo visualiza o mundo e 
sua forma de se relacionar dentro dele, pois todos os acontecimentos vividos se farão 
presente em seu processo histórico como forma de recordações e experiências. Estes 
são fatores determinantes na sua formação e, com o desenvolvimento do sistema 
nervoso, é possível controlar as emoções, permitindo que o raciocínio faça parte das 
atitudes.
31
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
Nesse sentido, a afetividade pode ser conceituada como todo domínio da emoção, das 
experiências, dos sentimentos, da capacidade de entrar em contato com sensações 
referindo-se às vivências do indivíduo e as formas de expressão mais complexa da 
existência humana, de acordo com suas particularidades culturais, socioeconômicas e 
no desenvolvimento de sua aprendizagem. 
Piaget (1975) acredita que a afetividade é o agente motivador da atividade cognitiva. 
Assim, a afetividade e a razão constituiriam termos complementares: 
afetividade seria a energia, o que move a ação, enquanto a razão seria o 
que possibilitaria ao sujeito identificar desejos, sentimentos variados, 
como desejos, determinação, vingança, entre outros. Esses sentimentos 
poderão levá-lo a obter êxito nas ações pensadas e imaginadas. 
Nesse caso, não há conflito entre afetividade e razão, pois ambas se completam: 
não há sentimentos sem o pensamento, e o pensamento leva a sentimentos que 
não existem por si só. A afetividade para Piaget (1980) é funcional na inteligência, 
pois ela é a energia que propulsiona a inteligência. Assim sendo, para que ocorra o 
desenvolvimento cognitivo é necessário que trabalhe a afetividade antes, e assim 
conduzir para a busca do conhecimento.
Diante disso, o educador deve ter em mente que a criança, para aprender, deve 
estar motivada. Os procedimentos que envolvem o ensino-aprendizagem não devem 
desconsiderar, portanto, a afetividade, ou seja, a relação afetiva entre educador e 
criança. As contribuições de Wallon, Piaget e Vygotsky estão sendo retomadas pelos 
educadores para entender a percepção intuitiva de pais e professores de que as 
experiências e os laços afetivos influenciam os processos de ensino aprendizagem.
A afetividade é concebida como o conhecimento construído pela vivência; desse 
modo, perceber o sujeito como um ser intelectual e afetivo, que pensa e sente 
simultaneamente, e reconhecer a afetividade como parte integrante do processo de 
construção do conhecimento, implica outro olhar sobre a prática pedagógica, não 
restringindo o processo ensino-aprendizagem à dimensão cognitiva.
A importância da relação familiar no 
desenvolvimento humano
A famíliaou o meio em que a criança está inserida é o seu primeiro ambiente de 
aprendizagem; é nesse contexto que a criança aprende as primeiras habilidades sociais, 
como a comunicação entre seus semelhantes, assim como lhes são transmitidos os 
valores sociais da cultura em que esta família se insere, e suas expectativas.
32
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
A importância de se discutir a relação família/escola destaca a contribuição desta 
no processo ensino-aprendizagem, pois, a partir da percepção das crianças sobre 
a presença de seus responsáveis no ambiente escolar e a demonstração de interesse 
em seu aprendizado, suas relações, valorizando suas conquistas e desafios, fator que 
auxiliará a escola a atingir seu objetivo.
Não se experimentou para a educação informal nenhuma célula social 
melhor do que a família. É nela que se forma o caráter. Qualquer 
projeto educacional sério depende da participação familiar: em alguns 
momentos, apenas do incentivo; em outros, de uma participação 
efetiva no aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valorizar a 
preocupação que o filho traz da escola. Por melhor que seja uma 
escola, por mais bem preparados que estejam seus professores, nunca 
vai suprir a carência deixada por uma família ausente. “Pai, mãe, avó 
ou avô, tios, quem quer que tenha a responsabilidade pela educação 
da criança deve dela participar sob pena de a escola não conseguir seu 
objetivo” (CHALITA, 2004, p.12).
A educação vem de casa, a participação da família no incentivo, na vida afetiva, no 
aprendizado da criança é de suma importância para seu desenvolvimento. Portanto, 
em qualquer projeto educacional, a família deve participar, discutir, valorizar e se 
preocupar com que os filhos fazem na escola. Falar de família é sério, por que a família 
tem que ser transparente com os filhos. O ambiente familiar é um espaço em que as 
máscaras devem dar lugar à face transparente, sem disfarce, no qual o diálogo é do 
conhecimento.
A família tem função indispensável na preparação emocional da criança, especialmente 
nos seus primeiros anos escolares. A escola, especialmente, e mais diretamente os 
professores também precisam estar preparados para situações de improviso em sala 
de aula. Muitas dificuldades de aprendizagem estão relacionadas com problemas 
afetivos, seja este no âmbito familiar ou escolar.
Além disso, pode-se dizer que a violência verbal e física, a indisciplina e evasão escolar, 
dentre outros, têm origem em problemas afetivos. Assim, o fortalecimento da relação 
família/escola torna-se imprescindível no reconhecimento de problemas relacionados 
à afetividade, seja no âmbito familiar ou escolar, o que facilitará, na resolução deles da 
melhor maneira possível, favorecendo o desenvolvimento de forma ampla e adequada 
do indivíduo.
33
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
A família é a base da formação do ser humano, pois, é no contexto familiar que 
acontece às primeiras noções de vida social; são construídos alguns conceitos culturais, 
relações de comunicação, afetividade entre seus semelhantes. 
E ao entrar na instituição escolar, a criança traz consigo uma bagagem de 
conhecimentos que precisam ser considerados pelos professores, pois tais 
conhecimentos já adquiridos poderão entrar em conflito com os que a escola trabalha, 
fator este que poderá prejudicar a aquisição de novos conhecimentos; então, o aluno 
precisa estabelecer relação de vínculo tanto com sua família quanto com a escola.
É importante ressaltar que o indivíduo, ao ingressar no sistema escolar, deve ser 
considerado o seu desenvolvimento global, pois mesmo sendo aluno não deixará de 
ser filho, irmão, neto, sobrinho etc. 
Atualmente, a necessidade da integração entre família e escola está se tornando cada 
vez maior, pois estamos vivendo com intensas transformações, pautadas no sistema 
capitalista, no qual o ter tem tomado proporção muito maior em relação ao ser, 
principalmente com as revoluções tecnológicas que vem exigindo cada vez mais do ser 
humano. Assim, destaca Chalita (2004), que apresenta uma constatação de Rousseau, 
sobre as transformações no modo de vida do homem moderno.
O homem primitivo era absolutamente diferente do homem ambicioso. 
Era gente, vivendo com gente. Não havia a desenfreada competição que 
faz com que todos queiram o tempo ter o melhor de tudo. Se alguém 
está satisfeito com o que possui, basta ficar sabendo que o outro tem 
mais para que a insatisfação e o desejo de possuir mais lhe tomem pela 
mão. É a sociedade dos competitivos, do ser melhor em tudo, do ter o 
melhor carro, a melhor casa [...] (CHALITA, 2004, p. 14).
Essa desenfreada competição acaba fazendo com que as famílias se tornem instituições 
fragilizadas e consequentemente, nas instituições escolares refletirá esta situação, 
são inúmeras as reclamações em torno de questões de indisciplinas, violência, uso 
de substâncias entorpecentes, aumento de casos de gravidez precoce, entre outros 
problemas. 
Portanto, a escola deve ser considerada uma instituição que complementa a família 
e juntas desenvolver estratégias visando atingir o objetivo maior, que é a garantia 
de um futuro melhor para nossos filhos e alunos, construindo assim uma sociedade 
mais digna, a formação destes personagens em questão que serão no futuro os nossos 
médicos, advogados, professores, vendedores, padeiros, motoristas, entre outros, o que 
é de extrema importância neste processo de formação de filhos, alunos, profissionais, 
34
UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
competentes, comprometidos, responsáveis com seus afazeres, conscientes de seus 
direitos e deveres.
Como a família, a escola é uma instituição essencial na formação dos indivíduos. Tem 
como papel contribuir não só para aquisição de conhecimentos do campo cognitivo, 
mas também na construção do caráter e da personalidade, além proporcionar o 
vínculo afetivo entre todos. 
As escolas deveriam entender mais dos seres humanos e de amor do que conteúdos 
e técnicas educativas. Elas têm contribuído bastante para a construção de neuróticos 
por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores.
Segundo Cury (2003, p. 59), “se não reconstruirmos a educação, as sociedades 
modernas se tornarão um grande hospital psiquiátrico. As estatísticas estão 
demonstrando que o normal é ser estressado, e o anormal é ser saudável.”. Diante 
desta colocação, podemos refletir um pouco mais sobre a importância da união 
entre família e escola, pois juntas serão mais fortes para cobrarem das autoridades 
competentes maior comprometimento com a educação de qualidade dos seus filhos e 
alunos, o que já está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Da referida lei, podemos concluir que a educação é dever da família e do estado, ou 
seja, a garantia do ensino de qualidade, que visa o desenvolvimento cognitivo e afetivo 
depende do comprometimento de ambos, em busca desta tão sonhada educação de 
qualidade com o acesso e permanência de todos.
O mundo hoje se tornou capitalista e individualista, e os pais se dedicam intensamente 
ao trabalho deixando de lado a instituição familiar, que é a base da formação do 
ser humano, passando está a ser considerada, quase que, algo sem importância. A 
preocupação do coletivo e do individual está focada, na violência, predominante na 
cidade, e, no campo, na realidade econômica, no progresso tecnológico e também no 
acúmulo de riquezas, no exercer várias funções, empregos ou, então, na sobrevivência. 
Esta realidade está levando a maioria dos pais a deixarem de lado o sentimento de 
afetividade entre seus membros familiares. E muitos pais desejam para seus filhos 
progresso físico e intelectual e uma escola que proporcione bons conteúdos de 
aprendizagem, acreditando que com isso todos os problemas estarão e serão resolvidos. 
Mas, eles esquecem que a educação das emoções não é menos importante do que a do 
corpo e da mente. “A família é essencial para que a criança ganhe confiança,para que 
se sinta valorizada, para que se sinta assistida”. (CHALITA, 2004, p..26). 
35
SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
Por isso, é de extrema importância criar um elo de comunicação entre a família e a 
escola, pois ambas necessitam uma da outra. A interação entre a família e a escola 
não deveria ser reduzida meramente a reuniões formais, nas quais há reclamações 
e contatos rápidos, mas ocorrer regularmente em momentos de maior troca de 
informações, nos quais a família pudesse efetivamente participar do dia a dia da 
escola.
A escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola; são 
instituições interdependentes e complementares. Algumas delas têm incluído os 
pais no programa de ensino, convidando-os a participar de eventos e discutindo 
com eles as questões dos jovens. Temos que ter sempre em mente que o que o jovem 
faz em casa, faz na escola; ele transfere para a escola coisas da casa, e isso constitui 
o maior fundamento para justificar a união constante e perpétua dessas únicas duas 
instituições de educação.
A escola deve se conscientizar de que é uma instituição afetiva que complementa a 
família. 
Violência
A compreensão da violência intrafamiliar configura-se como um desafio para os 
gestores e para os profissionais que atuam no campo da educação, pois é preciso 
considerar as várias formas de violência a que crianças ou adolescentes podem estar 
submetidos, como a violência física, a sexual e a psicológica que inclui negligência e 
abandono (SANTOS et al., 2015).
A escola é uma instituição de extrema importância para a criança, tanto pelo papel de 
ensinar quanto pelo potencial para a construção de estratégias de enfrentamento da 
violência (CARLOS et al., 2014), pois a escola configura-se como ambiente favorável 
para a detecção de casos de maus-tratos infantis, na medida que abrange significativo 
percentual da população infantil. Nesse ambiente, as crianças passam muitas horas 
por dia convivendo com professores e outros profissionais, o que facilita a apreensão 
de indicadores de violência contra a criança, incluindo os de negligência, que servem 
de alerta à identificação de casos de maus-tratos infantil. 
O ambiente familiar influencia o comportamento que a criança expressa no ambiente 
escolar. As crianças e os adolescentes que testemunham a violência ou que são 
agredidos por seus familiares tendem a apresentar comportamentos agressivos e 
antissociais fora de casa, principalmente na escola. “Os padrões aprendidos pelos 
filhos tendem a se repetir, uma vez que a violência passa a ser a principal forma de 
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UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
mediar as relações sociais entre os membros dessas famílias” (COSTA; TEIXEIRA, 
2017, p. 27). 
Contrariando as expectativas sociais em relação ao papel de proteção que o núcleo 
familiar deveria desempenhar, muitas famílias apresentam-se como cenários de 
violência para inúmeras crianças e adolescentes. São consideradas vítimas tanto 
sujeitos que sofrem o abuso, quanto crianças e adolescentes que testemunham 
situações de abuso, principalmente de um progenitor ao outro. Preto e Moreira 
(2012) investigaram o aprendizado de crianças e relataram que os filhos de mulheres 
vítimas de violência doméstica obtiveram rendimento escolar inferior ao dos filhos de 
mulheres não vítimas, confirmando que a violência intrafamiliar é um fator gerador de 
deficiência no desenvolvimento da criança.
É notório que crianças vítimas apresentam dificuldade de atenção e aprendizagem, 
assim como problemas de comportamento. Wang et al. (2016) analisaram 1.284 
crianças de três a seis anos na área urbana de Lanzhou, China, e afirmaram que 
crianças vítimas de algum tipo de violência apresentaram maior taxa de problemas 
comportamentais quando comparadas àquelas que não foram expostas a atos 
violentos. Dessa forma, os problemas comportamentais em crianças pré-escolares 
foram correlacionados à violência intrafamiliar. 
Os efeitos da violência doméstica sobre o comportamento disciplinar e sobre o 
desempenho acadêmico de alunos vítimas de violência intrafamiliar foram relatados 
por professores na investigação realizada por Ristum (2014). Quanto ao aspecto 
disciplinar, o autor relatou comportamentos agressivos, desobediência, dificuldade de 
relacionamento, tendência ao isolamento ou agitação. Quanto ao aspecto acadêmico, 
por sua vez, foi descrito que a maioria possui baixo rendimento escolar, dificuldade de 
aprendizagem, desinteresse e desatenção. Outros comportamentos que podem indicar 
violência no âmbito familiar foram citados como distanciamento dos colegas, não 
conversar e não brincar, timidez, introversão, retraimento e distanciamento do convívio.
Outro aspecto que deve ser considerado no contexto escolar é que a agressividade 
de crianças vítimas de maus-tratos familiar causa rejeição por parte dos colegas 
e dos professores, aumentando o descontrole emocional e afetando os processos de 
aprendizagem. A pesquisa feita por Silva (2014) investigou os efeitos da violência 
intrafamiliar sobre as relações interpessoais em sala de aula, indicando que a 
violência em sala de aula é reflexo da violência intrafamiliar. As famílias, por sua vez, 
responsabilizam a escola pelos atos de violência cometidos por seus filhos, entretanto 
os alunos que apresentam comportamento agressivo na escola relataram que sofrem 
violência física e/ou psicológica em casa por seus pais ou parentes, o que os deixam 
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SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
revoltados e estimulados a praticar atos desagradáveis no ambiente escolar. Portanto, 
o comportamento agressivo de pais ou responsáveis interfere diretamente no processo 
educacional dos filhos, sendo projetado em sala de aula, estimulando a agressividade 
da criança tornando-a impaciente e revoltada.
A violência familiar pode ser detectada em escolas a partir de alguns indicadores: 
ausência frequente do aluno, baixo rendimento, falta de atenção e de concentração 
e comportamentos como apatia, passividade, agressividade e choro. As crianças, 
de forma inconsciente, tendem a dar sinais de que estão vivenciando algum tipo 
de violência em seu meio familiar. Ristum (2014) investigou como os professores 
identificam a violência intrafamiliar e relatou que as crianças possuem diversas formas 
de demonstrar que são vítimas ou que presenciam a violência familiar, desde marcas 
ou ferimentos no corpo a comportamentos agressivos ou isolamento e retraimento, até 
sinais mais sutis como a projeção dos conflitos familiares nos desenhos e no brincar.
As consequências de maus-tratos infantil podem ser consideradas um grave problema 
para o indivíduo, a família e a sociedade. O abuso infantil e a negligência podem 
causar mudanças hereditárias permanentes na resposta do organismo ao estresse 
que, por sua vez, inflige mudanças profundas no cérebro em desenvolvimento. 
Embora essas mudanças permitam que uma criança consiga conviver em um 
ambiente negligente, caótico e até mesmo violento, isso pode influenciar fortemente 
o funcionamento comportamental, cognitivo, físico e mental, assim como o seu bem-
estar ao longo da vida.
Os maus-tratos infantis podem gerar diversos resultados negativos para o 
desenvolvimento da criança no contexto escolar, como: evasão escolar, problemas de 
comportamento na escola, menor desempenho escolar, dificuldades em estabelecer 
amizades, problemas de aprendizagem em decorrência de fatores emocionais, 
transferência da agressividade vivenciada em casa para o ambiente escolar, dentre 
outros aspectos. O baixo rendimento escolar deve ser atribuído não só às características 
individuais da criança, mas também ao seu contexto familiar, escolar e social no qual a 
criança está inserida.
Os problemas relacionados às questões pedagógicas da criança vítima de maus-
tratos estão relacionados às seguintes dificuldades: expressão oral, emitir as próprias 
opiniões de forma verbal ou escrita, resolução de problemas, raciocínio lógico 
matemático, interpretaçãode textos com conceitos subjetivos, produção de textos 
organizados com uma sequência de fatos e coerência. 
As possíveis alterações advindas da violência intrafamiliar estão relacionadas com 
a ansiedade, sintomas depressivos, culpa, vergonha, ódio, medo, raiva, ideação e 
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UNIDADE I │ SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA
comportamentos suicidas, baixa autoestima, comportamento agressivo e regressivo, 
isolamento social, comportamento sexual inadequado à faixa etária, furtos, fugas do 
lar, prejuízo no desempenho escolar, alterações do apetite, dentre outros. 
Uma pesquisa realizada por Bruce et al. (2013) evidenciou a associação entre maus-
tratos e a presença de sintomatologia ansiosa. Crianças que sofreram violência 
apresentam uma maior vulnerabilidade a diversos transtornos de ansiedade ao longo 
da vida, incluindo agorafobia, transtorno do pânico, fobias específicas e fobia social. O 
tipo de abuso ou de negligência sofrido também impacta no tratamento ao transtorno 
de ansiedade, sendo que crianças que sofreram abuso sexual ou emocional apresentam 
maior sintomatologia de ansiedade social e dificuldades em aderir a um tratamento 
adequado.
A metanálise realizada por Nanni et al. (2012) encontrou associação significativa entre 
maus-tratos na infância e risco elevado para episódios depressivos recorrentes ao 
longo da vida. O estudo demonstrou, ainda, que pessoas que sofreram maus-tratos na 
infância apresentaram pior prognóstico no tratamento para depressão, apresentando 
falta de resposta à terapia. Isso indica que os maus-tratos na infância podem gerar 
tanto uma maior vulnerabilidade à depressão quanto uma menor capacidade do 
paciente de estabelecer vínculo terapêutico e ter resultados positivos ao longo do 
processo terapêutico, gerando efeitos de longo prazo bastante deletérios para o 
indivíduo.
Como já mencionado, os alunos que presenciam ou sofrem violência no ambiente 
familiar podem apresentar interferência em seu desenvolvimento emocional e 
comportamental, o que influencia na aprendizagem. Nesse contexto, é de suma 
importância retratar que a timidez e a apatia também foram citadas por professores 
como indicativos de que a criança está tendo algum tipo de problema familiar.
Os educadores/professores estão bem posicionados para a identificação de uma ampla 
gama de casos de maus-tratos, devido ao fato de conviverem diariamente e entrarem 
em contato com um grande número de crianças, em diferentes atividades. Os 
educadores são capazes de observar mudanças de comportamentos e sinais físicos que 
funcionam como indicadores dos maus-tratos e, muitas vezes, também obtêm relatos 
infantis explícitos. Por essas razões, em muitos países, os profissionais da educação 
passaram a ser concebidos como atores fundamentais no sistema de proteção infantil. 
Em relação aos prejuízos cognitivos, vítimas de maus-tratos apresentam níveis de 
inteligência geral inferiores a outros sujeitos. Prejuízos intelectuais em vítimas de 
maus-tratos trazem sérias consequências, tendo em vista que há evidência de que a 
questão cognitiva é o principal preditor do rendimento acadêmico e laboral ao longo 
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SAÚDE MENTAL E PSICOLOGIA │ UNIDADE I
da vida. O prejuízo na inteligência representa menor capacidade de lidar com eventos 
traumáticos, pois crianças com menor capacidade intelectual apresentam dificuldades 
de socialização, tais como habilidade em pedir ajuda ou solicitar atenção positiva de 
forma adequada. 
Diante dessa problemática, os profissionais da área educacional podem contribuir 
de forma efetiva para a intervenção em casos de maus-tratos infantis, fazendo as 
notificações e estando cientes da obrigatoriedade desse ato para que possam ser 
tomadas as medidas necessárias considerando as especificidades de cada caso. No 
entanto, é necessário que esses profissionais recebam treinamento adequado para 
identificar e notificar a violência contra a criança.
Lolli et al. (2012) afirmaram que pesquisas em diversos países têm pontuado a 
necessidade de educação continuada para profissionais da área de assistência à 
saúde, educação e social, relacionada ao reconhecimento e relato de sinais e sintomas 
de violência infantil. Os educadores ainda mantêm uma posição de desinformação, 
indiferença, negação e temor em relação ao problema da violência contra a criança.
A violência intrafamiliar interfere diretamente no processo educacional e nas 
relações estabelecidas no contexto escolar, estimulando a agressividade e outros 
comportamentos inoportunos nesse meio, podendo significar um verdadeiro reflexo 
do tratamento recebido no ambiente familiar. Os profissionais da área de educação 
devem estar atentos, sensibilizados e capacitados para identificar e atuar ao menor 
sinal dado pelas crianças.
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UNIDADE IIPSICANÁLISE
Chegamos em um momento importantíssimo da nossa disciplina! Vamos conhecer 
um pouco do que é a psicanálise e aprender alguns conceitos importantes como 
“inconsciente”, utilizado na atuação da psicanálise e na hipnose clínica.
CAPÍTULO 1
Contexto histórico do surgimento da 
Psicanálise e o uso da Hipnose
Neste capítulo, será apresentado brevemente a história de Sigmund Freud (figura 10) 
e sua trajetória na criação da psicanálise e sua experiência com a Hipnoses em seus 
estudos. Freud foi um dos maiores pesquisadores considerado até hoje em estudos e 
descobertas sobre a mente humana. 
Figura 10. Sigmund Freud.
Fonte: National Geographic (2019).
Freud nasceu em 1856 e morreu em 1939. Inicialmente, seus estudos eram em 
filosofia, porém, posteriormente, optou por estudar Medicina, em Viena, na Alemanha, 
mudando totalmente a maneira que era vista a vida psíquica daquela época. 
41
PSICANÁLISE │ UNIDADE II
Ele observava muito seus pacientes buscando compreender as regiões obscuras 
do psiquismo como as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do 
homem, como problemas científicos. Estes estudos os levaram durante toda a carreira 
do Médico a criação de uma das maiores teorias para entendimento do psiquismo e 
comportamento humano, à Psicanálise.
Freud como foi dito anteriormente, formou-se em Medicina na Universidade de Viena, 
em 1881, e especializou-se em Psiquiatria. Começou a clinicar atendendo pacientes 
com problemas nervosos. Com esta experiência, conseguiu uma bolsa de estudos em 
Paris, na França, onde trabalhou com Jean Charcot (figura 11), psiquiatra francês que 
tratava as histerias com hipnose. Freud conheceu a hipnose por meio de Charcot, em 
1885, pois ainda era desconhecido a anatomia por parte das histéricas.
Figura 11. Jean Charcot.
Fonte: Biografías.Wiki (2015).
Charcot graduou-se em Medicina na Universidade de Paris e seguiu os seus estudos 
na área da neurologia. Graças as sua prática e seus estudos, hoje é considerado um 
dos médicos que deu origem a neurologia moderna. Charcot atendia muitos pacientes 
psiquiátricos, os estudava, e Freud, que era seu aprendiz, o influenciou ao estudo da 
Histeria. 
Charcot usava a hipnose para atender esses pacientes. Colocava-os em estado hipnótico 
e dava instruções aos pacientes para que, ao acordar, o sujeito não apresentasse mais 
sintomas. Após as instruções o doente era despertado e o resultado era positivo, pois 
na maioria das vezes o sintoma desaparecia. 
42
UNIDADE II │ PSICANÁLISE
Diante disso, Freud compreendeu que se a hipnose era capaz de desaparecer os 
sintomas dos pacientes, então, a histeria não deveria ser compreendida como uma 
doença fisiológica, mas sim um mal psicológico. Antigamente, em meados do século 
XX, as doenças mentais eram compreendidas como patologias ligadas a transtornos 
físicos. 
Os sintomas da histeria são manifestados pela impossibilidade associativa e 
respostas representativa manifestada pelo corpo. Foi por meio da intersubjetividade 
que a metapsicologia se formou como um saber teórico que transcende o campo da 
consciência, diante de que construção da psicanálise e da psicologia se caracterizava 
como um saber da consciência (RUBIN, 2017).

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