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Indaial – 2020 RepResentação descRitiva ii – catalogação Prof.ª Juliana Frainer 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.ª Juliana Frainer Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F812r Frainer, Juliana Representação descritiva II – catalogação. / Juliana Frainer. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 214 p.; il. ISBN 978-85-515-0448-2 1. Biblioteconomia. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 025.3 III apResentação O bibliotecário é um agente indispensável e essencial para auxiliar a sociedade nos vários processos inerentes à construção do conhecimento. Este profissional tem sido amplamente habilitado, de início, durante a sua formação acadêmica, para aquisição de abrangentes conhecimentos teóricos, técnicos e práticos referentes às várias facetas de atuação, em especial, que envolvem toda a complexidade de se gerir o fluxo informacional. Com o Advento das Tecnologias da Informação e da Comunicação, bem como da internet, é cada vez mais imprescindível que o bibliotecário seja flexível, criativo e atualize as suas capacidades, habilidades e conhecimentos para a implementação de práticas mais adequadas para gerir quaisquer tipos de informação em quaisquer tipos de suportes para atender as exigentes necessidades dos usuários, sejam estes inseridos em bibliotecas, unidades de informação, e até mesmo em instituições empresariais, culturais e científicas. Em especial, no que confere aos processos e procedimentos de armazenamento, organização e disseminação da informação, se coloca em destaque, dentre as várias oportunidades de atuação profissional do bibliotecário, as funções e atividades do CATALOGADOR. Diante disso, se faz essencial, neste importante período formativo, ou seja, no curso superior, oportunizar ao futuro bibliotecário o acesso e os primeiros contatos com os conhecimentos, regras, diretrizes, indicações e até mesmo, o manuseio de códigos de catalogação, como o AACR2 e o MARC21. Diante disso, o que se busca com esta disciplina é oportunizar ao acadêmico a aquisição de habilidades e capacidades inerentes, especificamente, as técnicas e práticas da catalogação. Assim, em um primeiro momento, na Unidade 1, serão abordados os principais aspectos conceituais, aliados aos importantes momentos históricos, sociais e tecnológicos, que direcionaram à criação e desenvolvimento das Regras de Catalogação Anglo-Americanas, o atual AACR2. Munidos destes conhecimentos, os esforços serão direcionados para identificar como é estruturado o AACR2, em especial, de que maneira são organizadas as áreas e regras pertencentes à Parte I – Descrição e a Parte II – Cabeçalhos, Títulos Uniformes e remissivas, do Código. E, ainda, para potencializar a interação teórico-prática de aprendizagem, por meio da elaboração de fichas catalográficas, serão apresentadas as principais regras para a descrição bibliográfica, bem como, as instruções para as escolhas de ponto de acesso, títulos uniformes e remissivas dos diferentes tipos de materiais e suportes, tal qual indicadas no AACR2. IV Em um segundo momento, na Unidade 2, como oportunidade de ampliar as opções de aprendizagem dos aspectos teórico-práticos inerentes a catalogação, serão abordados os conceitos, bem como os eventos históricos, sociais e tecnológicos mais relevantes que direcionaram à criação e desenvolvimento do formato Machine-Readable Cataloging (MARC), até se chegar ao formato MARC21, amplamente utilizado na atualidade. Além disso, serão elencados aspectos relativos à estrutura do MARC21, a considerar seus campos e demais especificidades para a utilização prática do formato. E, por meio de exemplos, serão apresentados os direcionamentos, instruções e diretrizes de utilização do Formato MARC 21, em especial, para Dados Bibliográficos. Por fim, em um terceiro momento, na Unidade 3, serão elencados aspectos conceituais mais relevantes da Norma Internacional de Descrição Bibliográfica (International Standard Bibliographic Description – ISBD) e as principais implicações que esta norma trouxe para a área da Representação Descritiva – Catalogação. Aliado a estes conhecimentos, serão abordadas as principais tendências para a atuação prática do catalogador, especialmente, as que se referem aos aspectos teóricos do modelo conceitual denominado Requisito Funcional para Registro Bibliográfico (Functional Requirements for Bibliographic Records – FRBR); bem como dos modelos abrangentes ao FRBR. Nessa mesma expectativa, serão apresentados ainda, os aspectos conceituais de maior relevância da Descrição e Acesso de Recursos (o Resource Description and Acces – RDA), que, apresar de ainda não ser uma realidade das práticas de catalogação nas bibliotecas brasileiras, tem sido considerado uma das principais evoluções da área, em consonância com o FRBR. O RDA está sendo configurado para auxiliar nos procedimentos e práticas de catalogação da atualidade como um possível substituto do AACR2. Como se é possível vislumbrar com os temas abordados nesta disciplina, fica evidente os esforços para que os futuros profissionais consigam, de maneira adequada, adquirir o máximo de capacidades, habilidades e aprendizagens inerentes as técnicas da catalogação, por meio da apreensão das regras que as direcionam. No entanto, é válido ressaltar que, os conhecimentos e a utilização destas regras em bases automatizadas, na sua essência, normalmente se darão na prática, ou seja, durante as experiencias no campo de atuação profissional, sejam estas, por meio dos estágios curriculares e não curriculares ou durante a futura atuação profissional. Boa leitura e bons estudos! Profa. Juliana Frainer V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo deenriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VIII IX UNIDADE 1 – REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 .....................1 TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) ......................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO – AACR2: OS PRIMEIROS CONTATOS – APREENDENDO A SUA ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO .........................15 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................20 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................21 TÓPICO 2 – AS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS (AACR2): PRINCIPAIS ASPECTOS TEÓRICOS PARA O MANUSEIO E UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO CÓDIGO .................................................................................................23 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................23 2 AACR2: ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ...............25 2.1 PARTE I – “DESCRIÇÃO” ..............................................................................................................26 2.2 PARTE II – “CABEÇALHOS, TÍTULOS UNIFORMES E REFERÊNCIAS” ...........................35 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................55 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................56 TÓPICO 3 –A APLICAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS (AACR2): ELABORANDO AS FICHAS CATALOGRÁFICAS ................................57 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................57 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................78 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79 UNIDADE 2 – O FORMATO MACHINE-READABLE CATALOGING (MARC 21) ................81 TÓPICO 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS, HISTÓRICOS E TECNOLÓGICOS E O DESENVOLVIMENTO DO FORMATO MACHINE-READABLE CATALOGING (MARC/MARC21) NO BRASIL E NO MUNDO ........................................................83 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................83 2 UNIMARC: UNIVERSAL MARC FORMAT [FORMATO UNIVERSAL MARC] ..................91 3 DOS FORMATOS USMARC E CAN / MARC AO FORMATO MARC21 ................................97 4 A IMPLEMENTAÇÃO DO FORMATO MARC EM CONTEXTO BRASILEIRO .................103 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................110 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111 TÓPICO 2 – A ORGANIZAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA DO FORMATO MACHINE- READABLE CATALOGING (MARC21) ....................................................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................127 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................128 sumáRio X TÓPICO 3 – EXEMPLOS PRÁTICOS PARA A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DO FORMATO MACHINE- READABLE CATALOGING (MARC21) ....................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................139 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................145 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146 UNIDADE 3 – OS NOVOS RUMOS E TENDÊNCIAS PARA A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA CATALOGAÇÃO: DO ISBD AOS REQUISITOS FUNCIONAIS E RDA .....................................................................149 TÓPICO 1 – NORMA INTERNACIONAL DE DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA (INTERNATIONAL STANDARD BIBLIOGRAPHIC DESCRIPTION - ISBD): IMPLICAÇÕES NA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ..............................................................................151 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151 2 A NORMA INTERNACIONAL DE DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA (INTERNATIONAL STANDARD BIBLIOGRAPHIC DESCRIPTION – ISBD): PRINCIPAIS CONCEITOS E IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA DA CATALOGAÇÃO ...............................................................155 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................163 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164 TÓPICO 2 – REQUISITO FUNCIONAL PARA REGISTRO BIBLIOGRÁFICO (FUNCTIONAL REQUIREMENTS FOR BIBLIOGRAPHIC RECORDS – FRBR): AS TENDÊNCIAS NA PRÁTICA DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ...............................................................................165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165 2 ASPECTOS CONCEITUAIS ENVOLTOS NO DESENVOLVIMENTO DO REQUISITO FUNCIONAL PARA REGISTRO BIBLIOGRÁFICO (FUNCTIONAL REQUIREMENTS FOR BIBLIOGRAPHIC RECORDS – FRBR) ...............................................166 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................177 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................178 TÓPICO 3 – DESCRIÇÃO E ACESSO DE RECURSOS (RESOURCE DESCRIPTION AND ACCES – RDA): ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ....................................................179 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179 2 CATALOGAÇÃO ................................................................................................................................181 3 ASPECTOS CONCEITUAIS DAS NOVAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO - RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO (RESOURCE DESCRIPTIONAND ACCESS – RDA) .....................182 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................197 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................202 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................203 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................205 1 UNIDADE 1 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO- AMERICANA – AACR2 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • desmistificar os principais aspectos conceituais, aliados aos importantes momentos históricos, sociais e tecnológicos que direcionaram à criação e desenvolvimento das Regras do Catalogação Anglo-Americanas, o atual AACR2; • identificar como é estruturado o AACR2, em especial, de que maneira são organizadas as áreas e regras pertencentes à Parte I – Descrição e Parte II – Cabeçalhos, Títulos Uniformes e remissivas, pertencentes ao Código; • por meio da elaboração de fichas catalográficas, em especial no tópico três, estão representadas as principais regras para a catalogação dos diferentes tipos de material, a considerar ainda, as escolhas de ponto de acesso, títulos uniformes e remissivas, tal qual indicado no AACR2. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO- AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) TÓPICO 2 – AS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS (AACR2): PRINCIPAIS ASPECTOS TEÓRICOS PARA O MANUSEIO E UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO CÓDIGO TÓPICO 3 – A APLICAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO- AMERICANAS (AACR2): – ELABORANDO AS FICHAS CATALOGRÁFICAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 1 INTRODUÇÃO Em meados do século VI, as notícias relativas aos procedimentos de catalogação, realizados pelos eruditos nas primeiras bibliotecas da história, denotam que a organização dos documentos era elaborada, em sua grande maioria, por meio de catálogos impressos, ou de listas que apresentavam o registro das obras apenas pela identificação de seus volumes. Só em meados do século XVI, os catálogos começaram a apresentar o nome do autor de cada obra em ordem alfabética. Nos anos seguintes, este passou a ser o método mais utilizado para representar a informação dos acervos das bibliotecas, tinha como foco facilitar o acesso de informações por parte dos profissionais que eram responsáveis pela organização dos documentos, não necessariamente para atender as demandas dos possíveis usuários externos sedentos por informações. Contudo, com os eventos históricos relativos ao desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento, em especial a partir do século XVIII, outras formas de representar a informação foram sendo desenvolvidas, como a exemplo, por se vislumbrar a necessidade de se detalhar com maior precisão as informações dos documentos. A partir desse período, eram elaborados catálogos com a organização dos sobrenomes dos autores das obras respeitando uma ordem alfabética, as folhas de rosto dos livros começaram a receber uma maior relevância e os catálogos começaram a apresentar uma maior quantidade de dados relativos à descrição física das obras. Aliado a isto, as bibliotecas foram se tornando espaços destinados a produção, o armazenamento e a busca de informações para a construção de conhecimento e, por conta disso, o foco da organização dos itens informacionais passou a estar centrada, também, nas necessidades dos usuários. Ressalta-se que “as bibliotecas foram as primeiras instituições a se preocuparem com o controle bibliográfico e durante algum tempo seus catálogos constituíram os únicos instrumentos para esse fim” (CAMPELLO, 2006, p. 9). Como o passar dos anos, a partir do século XX, assim como em outras esferas da sociedade, as bibliotecas também foram impactadas pelo estabelecimento das tecnologias e da internet e deixaram de ser espaços unicamente detentores UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 4 e disseminadores de informações em suportes físicos e impressos para se transformarem, também, em espaços com a oferta de serviços ainda mais eficientes e interativos e com a organização e disponibilização de acervos em meio digital/ virtual. Como consequência, as bibliotecas com acervos constituídos unicamente por obras impressas, passaram a incluir em seus acervos obras em meio eletrônico e a fazer uso de Bibliotecas Digitais/Virtuais e Repositórios Institucionais para a disseminação da informação. Também os profissionais que trabalhavam com a informação, tiveram que se adequar a essas mudanças e começaram a demandar e a produzir conhecimentos mais específicos e especializados relativos às áreas de gestão documental, e, com isso, eventos e estudos científicos foram se tornando uma realidade no âmbito das bibliotecas e para a área da biblioteconomia e impulsionaram o desenvolvimento e evolução dos procedimentos para a organização da informação. Nesse contexto, inerentes ao advento das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC, o desenvolvimento e a evolução dos catálogos foram conduzidos pela produção e consumo de um volume cada vez maior e mais abrangente de itens e conteúdos informacionais em toda a sociedade. Diante disso, para que os catálogos pudessem abarcar todas essas informações de maneira a torná-las acessíveis, e para além disso, torná-las confiáveis e com grau de qualidade quando da sua recuperação, foram estabelecidos padrões de catalogação, indexação e classificação, que pudessem abranger a diversidade de itens, suportes, fontes e tipos de informações e documentos ofertados pelas bibliotecas e unidades de informação. Em especial, as regras de catalogação, não só estas, começaram a ser elaboradas com o intuito principal de se estabelecer formas de padronizar e universalizar as informações contidas em um documento com a garantia que a unicidade desse fosse privilegiada e preservada. Como consequência, a organização e o armazenamento das informações quando efetuadas com a utilização dessa padronização, oportunizaram e continuam a fazê-lo, em uma maior eficiência e especificidade na forma de se disponibilizar, buscar, recuperar e consequentemente, consumir a informação. Exemplo disso, mesmo antes do advento das TIC, mais especificamente em 1970, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), criou um programa denominado Controle Bibliográfico Universal, que foi gerenciado pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). O objetivo do referido programa é, desde então, por meio de uma rede internacional de informações, reunir e tornar disponíveis os registros da produção bibliográfica produzidos em todos os países, considerando não apenas a identificação de que determinada produção existe, mas também, ter dados de onde é possível encontrá- la sem ter acesso a ela fisicamente (MACHADO, 2003; MEY, 1995). Atualmente, o programa é acoplado ao International MRAC, denominado “Universal Bibliographic Control and Information Mar” (UBCIM). TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRASDE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 5 Foi por influência de programas como este, ou ainda, de eventos como o que ocorreu anos antes, em 1961, conhecido como “Convenção de Paris” em que se deliberou um documento denominado “Declaração de Princípios” – que estabeleceu importantes funções inerentes aos catálogos, a ser um instrumento efetivo e eficiente que permita ao usuário encontrar, identificar, selecionar, adquirir ou obter, navegar e explorar informações de um registro bibliográfico – que se tornou viável a possibilidade de se regulamentar as regras e padrões para a organização e registro das informações contidas nos documentos. Além disso, possibilitou a discussão de outras contribuições e elaboração de trabalhos científicos produzidos em conformidade internacional, em especial, no âmbito da Catalogação da informação. Mais especificamente, foram concretizadas na Conferência de Paris, patrocinada pela UNESCO com a organização da IFLA, as primeiras propostas para a criação de um Código com regras para padronizar a catalogação dos itens informacionais com esforços direcionados para que este fosse aceito por todos os países associados à IFLA, ou pelo menos grande parte deles e, como consequência, se tornasse possível atender com maior efetividade aos pressupostos do programa de Controle Bibliográfico Universal. Vale ressaltar que, mesmo não sendo um dos objetivos traçados durante a Convenção de Paris, a criação de um Código de Catalogação padronizado poderia ser uma das oportunidades de se operacionalizar os pressupostos da Catalogação Cooperativa projetada por Charles Jewett e, posteriormente, defendida por Charles Cutter. Vale destacar que na atualidade, por meio da utilização de padrões e regras nos processos não só de catalogação, mas de indexação e classificação da informação difundidas e aceitas no mundo todo (a saber, padrões estabelecidos pela Classificação Decimal de Dewey, Classificação Decimal Universal, entre outros) a catalogação cooperativa é uma realidade bastante praticada entre as bibliotecas do mundo inteiro. UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 6 Ademais, em decorrência das discussões realizadas pelos grupos de trabalho que participaram da Conferência de Paris, no ano de 1967, foi publicada a primeira edição das Anglo-American Cataloging Rules (AACR). Essa edição foi constituída pelas interpretações das regras de catalogação elaboradas em conjunto pela American Library Association (ALA), Canadian Library Association e Library Association (Inglaterra). A primeira edição foi publicada em duas versões diferentes, um texto norte-americano para os Estados Unidos e um texto britânico para o Reino Unido, e, por esse motivo, apresentava algumas divergências em determinados pontos que só foram revistos e revisados na publicação da segunda edição em 1978. Ambos os textos da AACR continham três partes. A parte I foi intitulada Entrada e Cabeçalho. Continha cinco capítulos, baseados nos Princípios de Paris, nas regras da ALA de 1949 e no rascunho de Lubetzky de 1960. A parte II foi intitulada Descrição. Continha quatro capítulos, consistindo em regras revisadas das regras da LC 1949. A parte III foi intitulada Materiais não Livros, que continham regras para entrada e descrição de materiais não livros. Cada texto continha um apêndice listando regras para entrada e cabeçalho que diferiam na outra versão (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa, grifo nosso). Shmaryahu Lubetzky e suas importantes contribuições para a catalogação Shmaryahu Lubetzky nasceu em 1898 em Zelwa, Polônia. Obteve um bacharelado pela UCLA em 1931 e um mestrado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1932, com especialização em literatura e línguas. Além disso, obteve um certificado em biblioteconomia e uma credencial no ensino. Ingressou como um dos catalogadores da Biblioteca do Congresso em 1943. Em 1951, a American Library Association convidou Lubetzky para a elaboração de um estudo crítico do Código ALA 1949. Como resultado, Lubetzky preparou uma análise crítica por meio da produção de um relatório denominado Cataloging Rules and Principles (1953), que defendia uma mudança em direção a um código menos complexo, baseado em princípios bem definidos, em vez de um código baseado em casos, fornecendo regras duplicadas e sobrepostas para condições idênticas. Outro Comitê de Revisão de Código de Catálogo foi estabelecido pela ALA com a finalidade de elaborar um novo código. Em 1956, Lubetzky foi nomeado editor do código revisado e, em 1960, produziu a obra intitulada “Código de Regras de Catalogação; Autor e Título: um rascunho inacabado”. Sua teoria sobre o design de código logo se espalhou pelo mundo, o que lhe rendeu um papel de liderança na Conferência Internacional de 1961 sobre Princípios de Catalogação em Paris. Em 1960, Lubetzky deixou a Biblioteca do Congresso e tornou-se professor na recém-inaugurada Escola de Serviço de Bibliotecas da UCLA. Se aposentou em meados de 1967, e mesmo depois, continuou a estudar sobre problemas de catalogação e a palestrar em conferências nacionais e internacionais. Ficou mundialmente conhecido por suas contribuições prolíficas à teoria da catalogação e sua influência no desenvolvimento dos “Princípios de Paris” e das Regras de Catalogação Anglo-Americanas de 1967. Morreu aos 104 e é considerado o principal teórico da catalogação do século XX (Adaptado de HAIDER, 2018, tradução nossa; ENGLE, 2003, tradução nossa). TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 7 Outro evento relevante e que impactou com bastante expressividade em uma direção a um acordo internacional ainda mais abrangente, aconteceu dois anos após a publicação da primeira edição do AACR, mais precisamente em 1969. Em Copenhague o evento denominado Reunião Internacional de Especialistas em Catalogação (RIEC) desmistificou, de maneira avassaladora, os caminhos da catalogação. Também promovida pela IFLA, a Reunião contou com a participação de 32 países e implicou em mudanças significativas para os códigos e as práticas da catalogação (MEY, 1995). Dentre os vários objetivos propostos pela RIEC, os seus interlocutores pretendiam resolver as divergências que estavam pendentes desde a Conferência de Paris, além de examinar os programas que, de alguma forma, estavam influenciando a catalogação, a exemplo; a catalogação compartilhada e a adesão de computadores nas rotinas e atividades dentro das bibliotecas. A referida Reunião propôs ainda a criação de um sistema internacional de permuta de informações bibliográficas de cada país, elaboradas por uma agência nacional, por meio de fichas ou fitas magnéticas e, para tal, o que se buscava era estabelecer o máximo de normalização, tanto na forma, quando no conteúdo da descrição bibliográfica (ORTEGA, 2006). Nesse sentido, Michael Gorman, um notável especialista em catalogação, apresentou à RIEC um documento denominado International Standard Bibliografic Description (Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada) ou ISBD, que padronizava as informações contidas na descrição bibliográfica. Neste documento, Gorman procurou sistematizar a ordem das informações e a pontuação utilizada antes de cada informação, de modo a tornar possível seu reconhecimento pelos usuários do catálogo. Mais especificamente: o ISBD é um conjunto de regras produzidas pela Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA) para criar uma descrição bibliográfica em uma forma padrão legível por humanos para descrever uma ampla variedade de materiais de biblioteca. Diz respeito apenas ao aspecto descritivo da catalogação, não aos pontos de entrada ou títulos. A ISBD especifica as fontes na publicação das quais os vários elementos da descrição devem ser transcritos; aordem em que esses elementos devem ser registrados; e os sinais de pontuação a serem usados para separar os elementos individuais. O efeito da aplicação das regras da ISBD é produzir um padrão reconhecível pelos usuários do catálogo e que permita a fácil troca de registros criados por diferentes agências (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). O conjunto de regras estabelecidas pelas ISBDs possibilita assegurar um registro mais depurado dos dados de uma obra e, desta forma, possibilitar, como maior facilidade o compartilhamento destas informações. Por meio destas regras é possível “[...] reconhecer áreas específicas como autor, título, preço da editora etc., as quais devem ser expressamente previstas em qualquer publicação de forma que possam ser identificadas facilmente” (ENANG; UMOREN, 2011, p. 38). UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 8 A proposta de Gorman, após apreciação internacional, foi publicada em 1971 pela IFLA, como ISBD(M), isto é, para monografias. Seguiram- se outras ISBDs, inclusive uma geral, para todos os tipos de suportes, a ISBD(G). Hoje, as ISBDs dessa fase já se encontram em segunda edição e outras foram elaboradas, cobrindo todos os tipos de materiais (oito ao todo) (MEY, 1995, p. 28). Ao considerar o que Mey (1995) menciona relativo à existência de outras ISBDs elaboradas para cada tipo de suporte, se faz pertinente evidenciar como estas se identificam, a saber: a) ISBD(A): International Standard Bibliographic Description for Older Monographic Publications (Antiquarian), para monografias anteriores a 1801; b) ISBD(CF): International Standard Bibliographic Description for Computer Files, para Recursos eletrônicos, alterada para ISBD(ER), em 1995; c) ISBD(CM): International Standard Bibliographic Description for Cartographic Materials, para Materiais cartográficos; d) ISBD(CR): International Standard Bibliographic Description for Serials and Other Continuing Resources, para recursos contínuos, inclusive periódicos; e) ISBD(ER): International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources, para Recursos Eletrônicos; f) ISBD(G): General International Standard Bibliographic Description; contém as Regras gerais aplicáveis a todas outras ISBD; g) ISBD(M): International Standard Bibliographic Description for Monographic Publications, para Monografias; h) ISBD(NBM): International Standard Bibliographic Description for Non- Book Materials, para materiais não livros, conceituados como os materiais visuais em duas dimensões; i) ISBD(PM): International Standard Bibliographic Description for Printed Music, para Partituras; j) ISBD(S): International Standard Bibliographic Description for Serials, alterada para ISBD(CR) (CORRÊA, 2008, p. 28). A implementação das ISBDs possibilitou uma ação mais efetiva de padronização pois, a adesão destas regras por parte de inúmeros países, impulsionou diversas mudanças e atualizações em muitos códigos de catalogação que, até então eram utilizados, a considerar, os critérios das ISBDs. E não foi diferente com o próprio AACR, “A criação dos ISBDs obrigou, de certa forma, a revisão e convergência das regras do AACR. Assim, em 1978, foi publicada a segunda edição do Código de Catalogação Anglo-Americano, um conjunto de normas de catalogação seguido em grande parte das bibliotecas até hoje” (GRINGS; PACHECO, 2010, p. 81). As ISBDs, inclusive, ainda são as normas básicas para a descrição bibliográfica assumidas pelo Programa Controle Bibliográfico Universal. TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 9 A considerar o contexto da criação das ISBDs, no ano de 1973, os editores do AACR consideram pertinente uma revisão do Código e, em 1974, importantes representantes das bibliotecas e associações nacionais dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá se reuniram para elaborar um planejamento para deliberarem a segunda edição das Regras de Catalogação Anglo-Americanas. Os representantes nesta reunião concordaram em estabelecer um Joint Steering Committee for the Revision of AACR (Comitê Diretor Conjunto para a Revisão da AACR] (JSC). O JSC foi criado em 1974 e encarregado de Revisar o AACR) e desenvolver um conjunto unificado de regras. Os membros do JSC eram a American Library Association, a British Library, a Canadian Library Association (representada pelo Canadian Committee on Cataloging), a Library Association e a Library of Congress. O JSC nomeou um editor de cada lado do Atlântico para o código revisado, Michael Gorman, da Biblioteca Britânica, e Paul W. Winkler, da Biblioteca do Congresso (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Assim, em 1978, em uma revisão elaborada pelo JSC, foram integrados os textos norte-americanos e britânicos em uma versão única e que foi designada como AACR2 (Regras de Catalogação Anglo-Americanas, Segunda Edição). “Os usos americanos foram escolhidos em alguns casos (por exemplo, parênteses em vez dos colchetes britânicos) e os usos britânicos apareceram em outros casos (por exemplo, ponto final)” (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Vale destacar, ainda, que para a edição do AACR2, a fim de cumprir os acordos e normas internacionais o JSC incorporou os critérios das ISBDs, mais especificamente para formar a base da Parte I e, para as regras contidas na Parte II do Código, foram utilizados os pressupostos definidos nos Princípios de Paris. Mais especificamente, para a Parte I: cada capítulo (1-12), independentemente do meio com o qual se refere, segue os princípios da ISBD. O ISBD (G) foi incorporado no capítulo 1 como o formato geral para a descrição bibliográfica. Cada um dos capítulos subsequentes, numerados de 2 a 12, é baseado em uma ISBD especializada. Por exemplo, no capítulo 2, a base das regras para a descrição de materiais monográficos é ISBD (M): Descrição Bibliográfica Padrão Internacional para Publicações Monográficas (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Nesse sentido, evidencia-se que, ao contrário do que acompanhou na primeira edição do AACR, o AACR2 está dividido em duas partes. A primeira parte se refere a delimitação dos itens que descrevem o que está sendo catalogado. A segunda parte estabelece os pontos de acesso de como as informações são descritas e apresentadas aos usuários do catálogo (FUSCO, 2011, p. 32). Mais especificamente: a Parte I (capítulos 1-13), intitulada Descrição, trata do fornecimento de informações que descrevem o item que está sendo catalogado, cobrindo as regras para descrição bibliográfica. A parte II (capítulos UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 10 21 a 26), intitulada Cabeçalhos, títulos uniformes e referências, trata da determinação e estabelecimento de cabeçalhos que abrangem as regras de escolha e formas de pontos de acesso sob as quais as informações descritivas devem ser apresentadas aos usuários do catálogo; e com a referência a esses títulos. As introduções às partes I e II começam em cada parte, respectivamente. Nas duas partes, as regras passam do geral para o específico. A parte II é seguida pelos apêndices (A-E), que tratam de letras maiúsculas, abreviações, numerais, glossário e artigos iniciais de títulos em diferentes idiomas, respectivamente (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Um aspecto que pode até parecer intrigante e/ou mesmo curioso, mas que possui fundamento, é que “a numeração de capítulos no AACR2 não é consecutiva. Os números 14 a 20 dos capítulos são omitidos para permitir adições futuras ao padrão e também para fornecer a estrutura mnemônica do texto” (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Além disso, salienta-se que: ao longo dos anos, o AACR2 foi atualizado por alterações ocasionais. As principais revisões da segunda edição foram publicadas em 1988, 1998 e 2002. Em vez de chamar essas revisões do AACR2 como 'terceira edição', o JSC decidiu chamá-lascomo: Anglo-American Cataloging Rules, 2ª Edição, Revisão de 1988 (AACR2R; 1988), Anglo-American Cataloging Rules, 2ª Edição, Revisão 1998 (AACR2R; 1998), e Anglo- American Cataloging Rules, 2ª Edição, Revisão 2002 (AACR2R; 2002). A revisão de 2002 incluiu mudanças substanciais nas seções para materiais que não são livros. Atualizações do padrão também foram publicadas em 2003, 2004 e 2005 (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Desde seu desenvolvimento o AACR, ainda em sua segunda edição, tem sido o código de catalogação mais difundido e utilizado pelos bibliotecários e gestores de informação para os processos e procedimentos de Representação Descritiva – Catalogação da informação no mundo inteiro. “Este código, dado contemplar não só os aspetos da descrição bibliográfica (zonas ISBD), mas também a determinação dos pontos de acesso, foi largamente adotado como código de catalogação em muitos países do mundo” (GRINGS; PACHECO, 2010, p. 81). Em contexto brasileiro, as primeiras ações e discussões relativas a regras de catalogação com dimensão internacional foram experenciadas pela bibliotecária Maria Luiza Monteiro da Cunha que participou como integrante de um Grupo de Trabalho Internacional focado em estudos sobre essa temática. Este grupo de trabalho se reuniu em um evento em Londres, ainda em 1959, para discutir e estabelecer o planejamento, a composição, a definição dos objetivos e dos campos de ação que foram apresentados na famosa “Conferência de Paris”, em 1961 (BARBOSA, 1978). Vale destacar que outra importante contribuição de Maria Luiza Monteiro da Cunha, também aceita pela comissão organizadora da Conferência de Paris, foi a publicação do documento denominado “Nomes brasileiros e portugueses: problemas e soluções” designado pela Conferência como Documento número 13 e que, anos mais tarde, foi incluída como apêndice na edição brasileira do AACR2 (MEY, 1987). TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 11 Com influência das ações de Maria Luiza Monteiro da Cunha, em 1969, a versão brasileira do AACR, traduzida em português como “Código de Catalogação Anglo-Americano” foi publicada em sua primeira edição com a coordenação de bibliotecário Abner Lellis Corrêa Vicentini. A segunda edição do Código em inglês foi, como visto, publicada em 1978, mas, apenas em 1980, foi autorizado à Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) a publicação do referido Código em língua portuguesa, tal qual publicada em dois volumes anos mais tarde: [...] em 1983 o volume 1, e em 1985 o volume 2. Posteriormente, várias tentativas foram realizadas para reimpressão do código com as atualizações publicadas desde 1988, porém, sem sucesso devido à insuficiência de recursos financeiros. Em janeiro de 2003, foi efetivada a renovação do contrato com os editores do AACR para a cessão dos direitos autorais, o que possibilitou à FEBAB as providências para tornar disponível aos bibliotecários brasileiros e dos países de língua portuguesa o novo Código de Catalogação Anglo-Americano, 2ª edição, revisão 2002 (FEBAB, 2019, p. 1). Quando o Código foi lançado no Brasil, o ensino de Biblioteconomia do país passou a torná-lo prioridade e outros códigos, antes utilizados, foram sendo substituídos pelo AACR, e isso tem se evidenciado na realidade das bibliotecas ainda nos dias atuais (MEY, 1995). Vale destacar que no Brasil, assim como em alguns outros países, o AACR2 é, atualmente, utilizado sob os direcionamentos do formato MARC (tópico a ser discutido na próxima Unidade desta disciplina), o que tem favorecido amplamente o intercâmbio de dados bibliográficos e catalográficos de forma nacional e internacional (BRUNA; ALVES, 2011). O AACR2 foi traduzido para 25 línguas e suas regras são aceitas e utilizadas em diversos países. Sua revisão foi necessária após tantas traduções e divergências, e sua última atualização aconteceu mediante a publicação da segunda edição em 1978 e, como se vê na Figura 1, precisou ser reeditada com revisões nos anos de 1988, 1998 e 2002. A versão da segunda edição publicada com as revisões de 2002 é a que possui ampla aceitação, cujo protagonismo tem sido repensado desde as discussões advindas com a implementação do RDA – Descrição do Recurso e Acesso (tema que será abordado com maior profundidade e detalhamento nas próximas unidades). Ademais, a Figura 1 ilustra os principais momentos históricos do percurso de criação e de revisões do AACR/AACR2, incluindo as ações evidenciadas no Brasil. UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 12 FIGURA 1 – MOMENTOS HISTÓRICOS INERENTES A CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO AACR FONTE: Adaptado de Código de catalogação Anglo-Americano (2004); FEBAB (2019); Haider (2018) TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 13 A considerar as constantes atualizações e revisões, conforme se pôde acompanhar até então, o AACR2 apresenta como objetivo: normalizar os procedimentos de catalogação, em uma abrangência internacional, por meio do estabelecimento de normas relativas a descrição de publicações e da atribuição de uma ordem aos elementos descritivos, prescrevendo, ainda, um sistema de pontuação em que a catalogação pode ser efetuada a considerar o suporte físico da obra, através da forma escrita convencional ou legível por máquina (FUSCO, 2011). Estas regras se destinam à elaboração de catálogos e outras listas em bibliotecas gerais de todos os tamanhos. Elas não visam, especificamente bibliotecas especializadas e de arquivos, mas recomenda-se que estas bibliotecas usem as regras como base para sua catalogação e façam os acréscimos necessários (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO- AMERICANO, 2004, p. 1). Em suma, o AACR2 se caracteriza pelo agrupamento de regras que permitem elaborar descrições bibliográficas, e para além disso, que permitem construir e atribuir pontos de acesso e cabeçalhos. As regras implicam na possibilidade de retratar pessoas, pontos geográficos e entidades coletivas, e ainda, de salvaguardar títulos. Em outras palavras: é um código internacional utilizado na construção de formas de representação bibliográfica, apresenta abrangência e detalhamento, sendo bastante utilizado no ensino de catalogação. Outra grande característica do AACR2 é o formalismo em sua estrutura de representação que permite, por meio de suas regras, uma relação semântica entre os elementos descritos, apresentando uma estrutura coerente e lógica (FUSCO, 2011, p. 31). Além da versão impressa, que foi elaborada mediante uma encadernação com as folhas soltas com o objetivo inicial de facilitar uma possível substituição ou inclusão de páginas em caso de atualizações e revisões posteriores, o AACR2 atualmente está configurado como as regras utilizadas no formato MARC21, o qual permite os processos de catalogação automatizados. Reforça-se que o uso dos aparatos tecnológicos e da internet impactou de maneira expressiva o modo de armazenamento, organização e disponibilização da informação no cotidiano das bibliotecas. Diante disso, se torna inevitável que as atividades e funções relativas aos procedimentos e processos de catalogação sejam operacionalizados de maneira a atender a essa configuração. Nesse sentido, vislumbra-se que a maior parte, se não todos os serviços inerentes à disponibilização de informação e itens informacionais pertencentes a um acervo, bem como os catálogos elaborados pelas bibliotecas, estejam veiculados e conectados à rede e, para tal, evidencia-se a utilização do registro em computadores. Desta forma, é evidente a atenção que deve ser dispensada nas decisões relativas ao apoio tecnológico mais apropriado e da escolha de um Software específico paragerenciamento de acervos. UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 14 Ademais, a utilização de regras, tais quais oportunizadas pelo AACR2, podem auxiliar de maneira bastante efetiva nas atividades relativas à organização dos acervos, estas, que por sua vez, têm se tornado ainda mais complexas devido, por exemplo, a aspectos como: a) os avanços relativos ao advento das Tecnologias da Informação e Comunicação e da Internet e seu indiscutível e irreversível uso para as atividades de armazenamento, organização, disponibilização, busca, recuperação e acesso de informações; b) a diversidade dos meios para disponibilizar e organizar a informação; c) a diversificação de fontes suportes de informação; d) o constante crescimento do intercâmbio informacional entre as bibliotecas e unidades de informação; e) a inclusão de novos suportes para atender as demandas dos usuários; f) a necessidade constante de desenvolver e adequar regras, normas e formar variadas para armazenar, organizar, disponibilizar e recuperar a informação. Tais aspectos foram e são determinantes, em especial para o desenvolvimento e avanços nos procedimentos de Representação Descritiva – Catalogação, para a elaboração de um sistema classificatório atualizado e amplamente aceito, tal qual, apesar das atuais reviravoltas e discussões relativas a ampliação e readequação desse sistema com o advento da RDA, tem se configurado e operacionalizado com o uso, ainda em evidência, do AACR2. Nesse sentido, munidos dos referenciais históricos e conceituais já apresentados, essenciais para se apreender as direções e decisões acerca do desenvolvimento do referido Código e, consequente, da evolução das temáticas relativas a Representação Descritiva – Catalogação, o que se pretende nos tópicos que seguem, é de, para além de simplesmente replicar as informações e regras contidas no AACR2, até por considerar os preceitos éticos e legais de direito autoral da referida obra, fazer com que seja possível se estabelecer uma sequência lógica de como fazer uso do Código. Para isso, serão descritos a seguir, em um primeiro momento, os principais direcionamentos e tópicos do AACR2, e, em um segundo momento, descrever e demonstrar exemplos da utilização das regras. TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 15 O que são Direitos Autorais? O Direito Autoral se refere as normas desenvolvidas, em âmbito legal, para proteger as relações entre o autor (ou criador) e a(s) sua(s) obra(s) (ou criação/criações). Essas obras podem ser de cunho artístico, literário ou ainda científico, expressas em livros, pinturas, músicas, artigos científicos, ilustrações, fotografias, dentre outro. “O direito de autor tutela a obra: criação intelectual original, materializada em qualquer meio, físico ou não. […] a proteção é dada à expressão original [de uma ou mais ideias], materializadas em um suporte (pode ser um livro, CD, pintura, arquivo de computador etc.)” (GIORGETTI; FREITAS, 2017, p. 13). Dentre as diversas especificações dadas pela Lei nº 9.610/1998, destaca-se: O Capítulo II – das obras protegidas, em especial o artigo 7, delimita que: “Art. 7º. são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro”. E detalha quais seriam essas obras. Referente a autoria das obras intelectuais, o Capítulo II, em especial o artigo 11 estabelece que: “Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta Lei”. O Capítulo IV - Das Limitações aos Direitos Autorais, dentre outras providências, delimita, no artigo 46, que não constitui ofensa aos direito autorais, no que refere à reprodução quando: “a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos”. Legislação brasileira sobre o Direito Autoral “O direito autoral brasileiro é disciplinado essencialmente pela Lei nº 9.610/1998 — a Lei de Direitos Autorais — e oferece proteção às obras intelectuais nos campos literário e artístico. Vale lembrar que também os programas de computador são protegidos pelo direito autoral, nos termos da Lei no 9.609/1998” (GIORGETTI; FREITAS, 2017, p. 13). 2 CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO – AACR2: OS PRIMEIROS CONTATOS – APREENDENDO A SUA ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Com o objetivo de se conhecer a estrutura do AACR2, descreve-se, neste tópico, as principais delimitações do Código, bem como a maneira como ele é organizado. Contudo, reforça-se que se faz necessário ter em mãos uma versão original do AACR2 para que seja possível se ter acesso a todas as suas especificidades e as suas regras de maneira legítima e integral. UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 16 Aos bibliotecários, quando habilitados, para aquisição do AACR2, sugere-se o acesso ao link: http://loja.febab.org.br/aacr2.html, vinculado à Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), Instituição que, em conjunto com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, é responsável pela editoração do AACR2 em língua portuguesa desde sua primeira edição e tradução brasileira. DICAS Em especial, para a edição e publicação do AACR datada de 2002, no Brasil, sob a responsabilidade da FEBAB, criou-se um grupo de trabalho ainda em 2000, constituído pelas bibliotecárias Neyde Pedroso Póvoa, Anamaria da Costa Cruz, Maria Tereza Reis Mendes e Rosa Maria Rodrigues Corrêa, esta última na função de coordenadora, e ainda, com a colaboração de Ana Valquíria Niaradi e Concilia Teodósio. Contudo, o trabalho de atualização do AACR elaborado com base na Revisão de 1998, exigiu a ampliação da equipe, mais especificamente para atualização do texto para a língua portuguesa, e vieram a cooperar com o grupo as bibliotecárias Madelene Marinho, Maria José Stefani Buttarello, Maria Regina Pontes Trugilho, Marilim Zampieri, Marily Antonelli Graeber e Patrícia Braghin (FEBAB, 2019, p. 1). Quando finalizada a atual edição, o grupo de trabalho que se dedicou à tradução e publicação do Código fez um apelo e deixou explicita a importância de todas as bibliotecas brasileiras atentarem ao uso de regras de catalogação padronizadas para se tornar ainda mais eficiente e evidente a cooperação e intercâmbio de informações dentro e fora do país, tal qual, oportunizado pela adesão ao AACR2. Com esta nova edição, estamos confiantes na continuidade de futuras revisões pelos especialistas da área, com a Diretoria da FEBAB, para proporcionar à classe bibliotecária brasileira e de língua portuguesa um código sempre atualizado, a fim de manter um padrão de descrição bibliográfica equiparado aos demais países e compatível com os desafios de ambientes de alta tecnologia e de intercâmbio de informações, cada vez mais presentes em nossa realidade (FEBAB, 2019, p. 1). Mais especificamente, ainda nas páginas iniciais do AACR2, é possível ter informações relativas às diversas instituições e comissões de países que até 2002, e, desde as primeiras iniciativas para a elaboração de um Código com regras de catalogação padronizadas que assumisse um caráter de aceitação e utilização internacional, trabalharam para o desenvolvimento, as publicações e as reformulações do Código que ficou conhecido como Anglo-American Cataloguing Rules – AACR, traduzido no Brasil como Código de Catalogação Anglo-Americano, de mesma sigla, e, agora em sua segunda edição, conhecido como AACR2. TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS,SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 17 Ainda, apresenta-se no AACR2 um prefácio dedicado a revisão do Código de 2002 em âmbito mundial, o qual expressa que “[…] o aparecimento da internet e a utilização e intercâmbio crescentes dos recursos eletrônicos […]” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 25), bem como para conseguir abarcar as necessidades e expectativas dos usuários em constante evolução e transformação, ações foram e continuam a ser regularmente articuladas, em especial pelo Joint Steering Committee for Revision of AACR (JSC), unindo as entidades e países que o constituem, para o desenvolvimento de pesquisas para revisão e atualização das regras do AACR, até se ter acesso a versão de 2002. Ainda se vislumbra nesse prefácio, promessas de que o trabalho para o planejamento e a evolução das regras do código será contínuo. A versão impressa da revisão de 2002 da segunda edição do Anglo- American Cataloguing Rules (AACR) representa um marco na história da publicação do código. Ele está sendo lançado como um recurso integrado, no formato de folhas soltas para facilitar a atualização […]. Esta revisão incorpora os dois conjuntos de revisões publicadas como Emendas de 1999 e Emendas de 2001. Inclui revisões aprovadas durante 2001 e finalizadas em 2002. Foram feitas alterações substanciais em três capítulos: Capítulo 3 (Materiais Cartográficos); Capítulo 9 (Recursos Eletrônicos); e Capítulo 12 (Recursos contínuos) […] o JSC, com o Committee of Principals for AACR, continuará a fazer uma abordagem estratégica para planejar a evolução do Código, e como resultado tornará viável um padrão para descrição bibliográfica e acesso no futuro (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 27). Além disso, o AACR2 apresenta um sumário com as principais e mais significativas alterações das ementas de 2002, de 2001, e de 1999, ou seja, posteriores à revisão de 1998 da segunda edição do AACR, tais quais foram incorporadas na revisão de 2002. O AACR2 apresenta ainda, um tópico denominado “Introdução Geral”, o qual se especificam aspectos importantes relativos à estrutura do próprio AACR2, que pode auxiliar, para além dos esclarecimentos conceituais, no manuseio do mesmo. De maneira geral, como já indicado, o AACR2 está dividido em suas partes. Na Parte I, que recebe o nome de “Descrição”, são apresentadas as informações essenciais que descrevem o item que está sendo catalogado, e abrange as regras para a descrição bibliográfica. Esta primeira parte está estruturada em 13 capítulos. Em especial, no Capítulo 1, são apresentadas as regras consideradas básicas ou gerais para a descrição de todos os materiais que podem compor os diversificados acervos de uma biblioteca. Vale ressaltar que essas regras são destinadas a serem aplicáveis a qualquer forma, inclusive as que ainda não existem. Cada um dos capítulos numerados de 2 a 12 fornece regras para a descrição de um tipo específico de material, por exemplo, livros, panfletos e folhas impressas, materiais cartográficos, manuscritos, músicas, gravações sonoras, filmes e gravações de vídeo, materiais gráficos, arquivos de dados legíveis por máquina (alterados em 1988 para arquivos de computador), artefatos tridimensionais, microformas e recursos (seriados). O Capítulo 13 contém regras para fazer entradas analíticas e tem sua própria estrutura (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 18 Os Capítulos 21 a 26 compõem a Parte II do AACR2, a considerar que, como visto, a numeração dos capítulos não é feita de maneira consecutiva, na qual a numeração correspondente aos Capítulos 14 a 20 foram omitidos para que se pudessem atribuir adições futuras ao padrão, bem como para fornecer a estrutura mnemônica do texto. A Parte II recebeu o título de “Cabeçalhos, títulos uniformes e referências” e, elaborada mediante os pressupostos dos Princípios de Paris, estabelece os “[...] cabeçalhos (pontos de acesso) sob os quais a informação descrita será representada aos usuários e, também, da elaboração de remissivas para esses cabeçalhos” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 31). Com maior detalhamento: [...] o primeiro capítulo (Capítulo 21) trata das regras para a escolha de pontos de acesso para entradas principais e adicionadas. Outros capítulos fornecem regras para a criação de títulos de nomes pessoais, geográficos e corporativos (Capítulos 22 a 24). O próximo, Capítulo 25, trata da criação de um título uniforme ou padrão para uma obra que pode ter tido muitas manifestações diferentes em forma e conteúdo. O Capítulo 26 (último) contém regras para a criação de referências a partir de variantes e formas diferentes do nome ou título uniforme. As regras da Parte II aplicam-se a obras e não a manifestações físicas dessas obras, embora as características de um item individual sejam levadas em consideração em alguns casos (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). As Partes I e II são claramente identificadas e separadas no AACR2 por sumários específicos e que detalham a informação a ser procurada quando se processam as etapas de catalogação. “As regras obedecem à sequência das operações executadas pelos catalogadores, na maioria das bibliotecas e entidades bibliográficas” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 31). Aliada a estas duas partes são apresentados, ainda, os apêndices. Além disso, ainda ao considerar as informações que o AACR2 apresenta em sua estrutura, para além das informações já expostas, o tópico de Introdução Geral delimita alguns aspectos importantes relativos ao que se é denominado “Alternativas e opções”. Neste tópico, os editores consideram que: [...] em contextos diferentes, podem ser dadas soluções diferentes para um mesmo problema, bem como níveis distintos de detalhamento e especificidade. Algumas alternativas e opções devem ser definidas como parte da política de catalogação para um determinado catálogo ou agência bibliográfica e, uma vez estabelecidas, devem ser sempre aplicadas. Outras alternativas e opções devem ser definidas conforme o caso. Recomenda-se que todas as entidades catalogadoras façam distinção entre esses dois tipos de opções e mantenham um registro de sua política de decisões e das circunstâncias em que uma determinada opção se aplica (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 32). TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS RELEVANTES E A ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS, SEGUNDA EDIÇÃO (ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES – AACR2) 19 Para atender tais preocupações, o próprio AACR2 denomina algumas regras como: “regras alternativas” ou “acréscimos opcionais”. Na mesma expectativa, os editores do AACR2 apontam a possibilidade e a necessidade de se estabelecer julgamentos e interpretações de como proceder a catalogação de determinado item informacional. Nas regras, as indicações de palavras e frases como: “quando couber”, “se importante” e “se necessário”, são utilizadas para dar abertura ao catalogador julgar ou interpretar o que de fato é considerado por ele, importante, mas, de forma alguma implica em contradizer o valor da normalização, visto que é essencial considerar o contexto no qual as informações estão sendo catalogadas ao ponto de se verificar se determinadas regras são ou não pertinentes àquele contexto. Esse julgamento e interpretação podem se basear em requisitos de um determinado catálogo ou na utilização dos itens que estão sendo catalogados. [...] Essas palavras e frases indicam o reconhecimento do fato de que não é possível e nem desejável o estabelecimento de regras uniformes para todos os tipos e tamanhos de catálogos e encoraja a adoção de um critério individual baseado no conhecimento específico das necessidades locais (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO- AMERICANO, 2004, p. 32). Após os demais direcionamentos dados na Introdução Geral do AACR2, dando sequência do Código, os capítulos daParte I e Parte II são apresentados de fato. Em cada uma das Partes são apresentadas suas respectivas introduções e sumários com a descrição detalhada do conteúdo que as compõem (os tópicos que seguem irão detalhar com mais especificidade as duas partes em que são divididas o AACR2). Vale destacar que tanto na Parte I quanto na Parte II os exemplos que aparecem no decorrer de todo o Código são ilustrativos e, de forma alguma, assumem um caráter prescritivo. Além disso, os exemplos ilustram somente soluções para problemas abordados em cada regra (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 345). Em seguida, no Capítulo 26, são apresentados os apêndices, e ao final, o AACR2 apresenta, ainda, um índice que “[...] abrange as regras (inclusive as introduções às regas) e apêndices, porém não cobre os exemplos que aparecem sob essas regras, bem como as obras citadas em quaisquer regras e apêndices” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 673). Ademais, os Tópicos 2 e 3 desta unidade apresentam os principais aspectos estruturais das regras da Parte I e Parte II do AACR2, incluindo uma série de exemplos de como podem ser elaboradas as fichas catalográficas, tais quais resultam dos procedimentos de catalogação e são inerentes aos catálogos dos acervos que compõem as bibliotecas ou unidades de informação. 20 Neste tópico, você aprendeu que: • A contextualização histórica, os conceitos e os desdobramentos relativos ao desenvolvimento de uma padronização dos procedimentos de Representação Descritiva – Catalogação, são aspectos essenciais para apreender com um direcionamento mais crítico o porquê, como e em sob quais contextos e momentos sociais, históricos e tecnológicos foram deliberadas e definidas as regras e estruturação do Anglo-American Cataloging Rules – AACR2. • O AACR2 é dividido em duas partes, a Parte I se refere a delimitação dos itens que descrevem o que está sendo catalogado e a Parte II estabelece os pontos de acesso de como as informações são descritas e apresentadas aos usuários do catálogo. • Apesar de existirem as regras e elas, por sua vez, serem seguidas de maneira universalizada em grande parte das bibliotecas do mundo, é essencial que o catalogador desenvolva no decorrer das experiências vivenciadas em seu trabalho, bem como ao considerar o contexto no qual a Biblioteca está inserida, um posicionamento crítico em busca de uma catalogação mais efetiva e ativa para as realidades e necessidades dos usuários. Estas são preocupações expostas de maneira explicita no próprio AACR2, quando os editores apontam a necessidade de flexibilizar, em certa medida, a forma de se fazer a utilização das regras. Para tal, como visto, com as indicações do próprio Código identificadas como “Alternativas e opções” se reconhece o fato de que “[...] não é possível e nem desejável o estabelecimento de regras uniformes para todos os tipos e tamanhos de catálogos e encoraja a adoção de um critério individual baseado no conhecimento específico das necessidades locais (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 32). RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 Quais são os principais momentos históricos relativos ao desenvolvimento e revisões do Anglo-American Cataloguing Rules (AACR/AACR2)? 2 Qual o principal objetivo e como é caracterizado o Anglo-American Cataloguing Rules (AACR2)? 3 Como ficou estruturada a segunda edição do AACR, publicada a partir do ano de 1978? AUTOATIVIDADE 22 23 TÓPICO 2 AS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO- AMERICANAS (AACR2): PRINCIPAIS ASPECTOS TEÓRICOS PARA O MANUSEIO E UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO CÓDIGO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO As bibliotecas e unidades de informação, assumem, cada vez mais, a função de se tornarem um espaço interativo e abrangente para tornar acessível todo o fluxo informacional inerente aos seus acervos, sejam estes constituídos por obras em suportes físicos ou digitais/virtuais. Nesse sentido, cabe ao bibliotecário, como um importante protagonista para a mediação da informação, a tarefa essencial de organizar, armazenar e disseminar toda essa informação a considerar critérios que assegurem que a sua busca e recuperação se efetivem de maneira qualificada, eficiente e diversificada. Diante disso, em decorrência dos avanços históricos, sociais e, em especial, tecnológicos que impactaram em todas as esferas da organização do fluxo informacional, vale destacar que os esforços direcionados ao desenvolvimento das temáticas relativas aos processos técnicos da informação foram essenciais para transformar a sociedade em uma sociedade do conhecimento, visto que, toda essa organização influenciou de maneira expressiva e direta na disseminação, na busca, na recuperação e no consumo da informação. Além disso: é importante ressaltar que os avanços que ocorrem no tratamento da informação são sempre impulsionados para acompanhar as mudanças nos suportes informacionais e nas diferentes formas de disponibilizar as informações. As TIC permitem que as informações sejam tratadas e organizadas de uma forma que possibilite recuperar informação mais apurada, eficiente e abrangente, além de ser em tempo real (SOUZA; HILLESHEIM, 2014, p. 93). Em outras palavras, esses avanços impactaram, para além dos desdobramentos teóricos, as formas de operacionalizar o processamento técnico da informação no sentido de se observar a necessidade do estabelecimento de padrões que abarcassem em um âmbito universal, a maior diversidade de fontes, suportes e tipos de itens informacionais, tais quais possibilitados pelas regras relativas à indexação, a catalogação e a classificação. Em especial, os padrões e regras elaborados para os processos de Representação Descritiva – Catalogação implicaram, dentre outros vários aspectos, para: UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 24 a) O aumento da qualidade dos processos de catalogação, decorrentes da escolha dos critérios, bem como das informações a serem utilizadas para a representação informacional de uma obra. b) Na diminuição do tempo investido nos processos de catalogação, à medida que se oportuniza, por meio da universalização de regras, a troca e integração de informações e a catalogação cooperativa, inclusive, com a eliminação duplicada de trabalho. Diante disso, como visto no Tópico 1 desta Unidade, “no decorrer dos anos foram desenvolvidos e aperfeiçoados códigos de catalogação para o estabelecimento de padrões auxiliando assim no tratamento da informação em bibliotecas” (SOUZA; HILLESHEIM, 2014, p. 93). Nesse sentido, o AACR2, o código de catalogação internacional, essencial para a catalogação descritiva de diversos tipos de recursos de informação, tem sido considerado, ainda, o Código com maior aceitação entre os catalogadores. Foi projetado para a elaboração de catálogos de bibliotecas gerais e de todos os tamanhos espalhadas pelo mundo inteiro. A implementação do AACR2, desde a sua primeira edição, foi acompanhada pelo aprimoramento e especialização cada vez mais constates dos conhecimentos e técnicas para catalogação por parte dos bibliotecários. Desde o seu lançamento em contexto brasileiro, por exemplo, o AACR, ao ser substituto dos que o antecederam, passou a ser uma ferramenta indispensável para a aprendizagem e formação nos cursos de Biblioteconomia, e até hoje, tem sido um dos instrumentos de catalogação mais ensinados e utilizados no Brasil. Aliado a isso, torna-se cada vez mais essencial que esses profissionais estejam amparados teoricamente e tecnicamente para que, mais do que seguirem as regras, apreendam criticamente qual a melhor forma de utilizá-las e de que maneira o uso destas impacta as possibilidades de se efetivar a catalogação cooperativa, de facilitar a organização e potencializar a disseminação, busca e recuperação da informação. Assim, a considerar todo o aparato histórico e teórico acerca do desenvolvimento do AACR2, tal qual, já descrito, o que se pretende, nos tópicos a seguir é fornecerum amparo teórico/prático mediante a descrição elaborada de maneira mais genérica de como está estruturado o AACR2. Logo após, serão apresentados exemplos para que se possa observar, em contexto prático, a utilização dessas regras para a catalogação. Cabe ressaltar que não se pretende, em nenhum momento, elaborar uma replicação das regras apresentadas no AACR2, para tal, como já mencionado, é necessário ter acesso ao AACR2 na sua versão comercializada pela FEBAB, que detém os direitos autorais da obra. TÓPICO 2 | AS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS (AACR2): PRINCIPAIS ASPECTOS TEÓRICOS PARA O MANUSEIO E UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO CÓDIGO 25 2 AACR2: ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DAS REGRAS DE CATALOGAÇÃO Como já se é possível compreender, o AACR2 se caracteriza por um conjunto detalhado de regras e diretrizes, elaboradas com base nas temáticas advindas da “Declaração de Princípios”, documento resultante das discussões ocorridas durante a Convenção de Paris, em 1961, e nas ISBDs – International Standard Bibliografic Description, em português traduzido para Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada, estas, por sua vez, resultados das discussões que ocorreram durante a Reunião Internacional de Especialistas em Catalogação, de 1969. Diante disso, de maneira geral, as regras do AACR abrangem: [...] a descrição padrão de áreas como, título, editor, edição, série etc., bem como o fornecimento de opção e forma de pontos de acesso (títulos) para todos os materiais que uma biblioteca possa conter ou para a qual possa ter acesso, incluindo livros, seriados, materiais cartográficos, recursos eletrônicos etc. A AACR também fornece regras para a formulação de formas padrão de nomes e títulos para fornecer acesso e agrupamento dessas descrições (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Como já mencionado, o AACR2 está estruturado em duas principais partes e anexos, a saber: Parte I – Denominada “Descrição” que se refere as instruções relativas às informações para a descrição do item que está sendo catalogado (contém um total de 13 capítulos). Parte II – Denominado “Cabeçalhos, títulos uniformes e referências” estabelece a utilização de cabeçalhos, ou seja, os pontos de acesso sob os quais a informação descritiva é representada aos usuários do catálogo, bem como da elaboração de remissivas para esses cabeçalhos (contém um total de 6 capítulos). Tanto na Parte I quanto na Parte II as regras são apresentadas a considerar as instruções gerais e em seguida as instruções específicas. Na Parte I: [...] a especificidade se refere tanto ao suporte físico do item que está sendo catalogado como o nível de detalhamento exigido para cada elemento da descrição e a análise do item contendo partes distintas [...] Na parte II: as regras se baseiam na proposição de que para cada item descrito se façam uma entrada principal suplementada por entradas secundárias (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO- AMERICANO, 2004, p. 31, grifo nosso). As duas partes se integram no sentido de que, nas descrições dos itens informacionais, delimitadas no decorrer de toda a Pare I, na grande maioria dos casos, precisam ter incluídos os cabeçalhos ou títulos uniformes antes de serem utilizadas como entradas do catálogo, regras estas delimitadas na Parte II do Código de catalogação Anglo-Americano (2004). UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 26 Diante disso, os tópicos que seguem detalham a estrutura da Parte I e da Parte II, respectivamente, bem como alguns aspectos importantes relativos aos apêndices, para que, em seguida, sejam descritos os expostos de fichas catalográficas. 2.1 PARTE I – “DESCRIÇÃO” Ao que confere a estrutura da Parte I, o Capítulo 1 delimita as regras que podem ser aplicadas a todos os materiais de maneira geral. Além disso, os diferentes tipos de materiais, cada qual com suas especificidades, têm suas regras apresentadas no decorrer dos Capítulos 2 a 12 e as regras de entradas analíticas descritas no Capítulo 13. A figura 2 detalha a estrutura da Parte I do AACR2, bem como as definições dos tipos de materiais ao qual as regras abrangem. FIGURA 2 – ESTRUTURA DO CONTEÚDO DA PARTE I E DEFINIÇÕES DOS TIPOS ESPECÍFICOS DE MATERIAIS DO AACR2 Introdução – Parte 1 Regras Gerais de Descrição Materiais Cartográficos 1 2 4 3 Livros, Folhetos e Folhas impressas Manuscritos (incluindo Coleções Manuscritas Descrição de itens monográficos impressos que não sejam itens cartográficos e música impressa. Referem-se a monografias impressas e compreendem livros, folhetos e folhas soltas impressas. Não incluem textos impressos em microforma e publicações seriadas e em folhas soltas de atualização. Descrição de materiais cartográficos de todos os tipos e que representam, no todo, ou em parte, a Terra e qualquer corpo celeste. Incluem mapas em duas ou três dimensões e plantas (inclusive mapas de lugares imaginários; cartas aeronáuticas, náuticas e celestes; atlas; globos; diagramas de bloco; seções; fotografias aéreas para fins cartográficos; vistas panorâmicas etc.). Não abrangem detalhadamente a descrição de materiais cartográficos antigos ou manuscritos. Descrição de materiais manuscritos (incluindo os datilografados) ou impressos de todos os tipos compreendendo livros manuscritos, dissertações e teses, cartas, discursos etc., documentos jurídicos (incluindo formulários completados a mão) e coleções desses manuscritos. Não incluem manuscritos publicados em várias cópias (ver capítulo. 2 ou 11) e nem itens cartográficos manuscritos e músicas manuscritas. TÓPICO 2 | AS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANAS (AACR2): PRINCIPAIS ASPECTOS TEÓRICOS PARA O MANUSEIO E UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO CÓDIGO 27 Música Gravações de Som Filmes Cinematográficos e Gravações de Vídeo Materiais Gráficos Recursos Elétricos 5 6 7 8 9 Descrição de música publicada. Não abrangem detalhadamente manuscritos ou outro tipo de música não publicada, música gravada ou obras musicais em microforma. Descrição de gravações de som em todos os meios, como discos, fitas, (bobinas abetas, cartuchos, cassetes), rolos para pianola (e outros rolos) e gravações de som em filmes (com execução daquelas destinadas a acompanhar imagens visuais). Não abrangem especificamente gravações em outras formas como cilindros, fios de metal etc. ou em vários meios experimentais. Descrição de filmes cinematográficos e gravações de vídeo de todos os tipos, incluindo filmes completos e programas, compilações, trailers, noticiários televisivos e cinematográficos, cenas de arquivo e material não editado. Não abrangem trilha sonora de filmes não acompanhados por material visual. Descrição de materiais gráficos de todos os tipos, quer opacos (exemplo: originais e produções de arte bidimensionais, quadros, fotografias, diapositivos), quer destinados a serem projetados ou vistos (exemplo: diafilmes, radiografias, dispositivos), bem como coleções desses materiais gráficos. Não abrangem material visual registrado em filme e destinado a ser projetado, bem como destinado a criar a ilusão de movimento (ver capítulo. 7). Descrição de recursos eletrônicos, ou seja, dados (informações que representam números, textos, gráficos, imagens, imagens em movimento, mapas, música, sons etc.), programas (instruções etc., que processam os dados para uso), ou combinações de dados e programas. Incluem componentes cujas características são encontradas em diversas espécies de materiais, de modo que quase sempre será necessário consultar outros capítulos. UNIDADE 1 | REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 28 FONTE: Elaborado e adaptado pela autora de acordo com as instruções do AACR2 (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004). Artefatos Tridimensionais e Realia Microformas Análise Recursos Contínuos 10 11 13 12 Descrição de objetos tridimensionais de todos os tipos (menos os abrangidos nos capítulos
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