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Relatório - Análise dos Solos

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FAURGS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43609 CEP 91.501-970 Porto Alegre RS
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO
MUNICÍPIO DE
PORTO ALEGRE
RELATÓRIO 6
Porto Alegre, outubro de 2004.
FAURGS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43609 CEP 91.501-970 Porto Alegre RS
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO
MUNICÍPIO DE
PORTO ALEGRE
RELATÓRIO 6
Porto Alegre, outubro de 2004.
Equipe técnica
Geoprocessamento
Eliseu Weber (Engenheiro Agrônomo, Mestre em Sensoriamento Remoto)
Heinrich Hasenack (Geógrafo, Mestre em Ecologia)
André Cruvinel Resende (Cientista da computação)
Cristiano D’ávila Sumariva (Acadêmico de Ciência da Computação)
Vegetação e ocupação urbana
Heinrich Hasenack (Geógrafo, Mestre em Ecologia)
José Luís Passos Cordeiro (Biólogo, Mestre em Ecologia)
Ricardo Dobrovolski (Biólogo)
Camila Demo Medeiros (Acadêmica de Ciências Biológicas)
Danielle Crawshaw (Acadêmica de Medicina Veterinária)
Andreas Kindel (Biólogo, Doutor em Botânica)
Ilsi Iob Boldrini (Bióloga, Doutora em Zootecnia)
Paulo Luiz de Oliveira (Biólogo, Doutor em Ciências Agrárias)
Rafael Trevisan (Biólogo, Mestre em Botânica)
Geologia
Diego Nacci (Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil)
Nelson Augusto Flores Machado (Geólogo, Doutor em Ecologia)
Heinrich Hasenack (Geógrafo, Mestre em Ecologia)
Pedologia
Egon Klamt (Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo)
Paulo Schneider (Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo)
Nestor Kämpf (Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo)
Elvio Giasson (Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo)
Drenagem
Carlos Eduardo Morelli Tucci (Engenheiro Civil, Doutor em Recursos Hídricos)
Lawson Beltrame (Engenheiro Agrônomo, Mestre em Hidrologia Aplicada)
Marcos Imério Leão (Geólogo, Mestre em Recursos Hídricos)
Alfonso Risso (Engenheiro Civil, Mestre em Recursos Hídricos)
Situação fundiária
Manuel Luiz Leite Zurita (Engenheiro Químico e Bacharel em Direito, Mestre em Ecologia)
Márcia Colares de Matos (Acadêmica de Geografia)
Índice
1. Organização dos dados digitais básicos _________________________________________ 1
1.1. Imagens de alta resolução do satélite Quickbird ____________________________________ 1
1.2. Modelo Numérico do Terreno (MNT) ____________________________________________ 2
1.3. Rede hidrográfica _____________________________________________________________ 2
1.4. Eixos de ruas _________________________________________________________________ 3
1.5. Limites do município de Porto Alegre:____________________________________________ 4
2. Capacitação da equipe e trabalho de campo integrado _____________________________ 5
2.1. Instrução geral e preparação do trabalho de campo integrado ________________________ 5
2.2. Realização do trabalho de campo integrado _______________________________________ 5
2.3. Capacitação da equipe para os mapeamentos ______________________________________ 5
3. Mapeamento da vegetação ___________________________________________________ 8
3.1. Definição da legenda___________________________________________________________ 8
3.2. Digitalização das unidades vegetacionais sobre as imagens Quickbird_________________ 11
3.3. Trabalho de campo___________________________________________________________ 12
4. Geologia - mapeamento geológico/avaliação geotécnica___________________________ 16
4.1. Geologia____________________________________________________________________ 16
4.2. Geotecnia___________________________________________________________________ 18
5. Pedologia - mapeamento das unidades de solos__________________________________ 22
5.1. Introdução__________________________________________________________________ 22
5.2. Métodos ____________________________________________________________________ 22
5.3. Caracterização das unidades de mapeamento de solos______________________________ 23
5.4. Caracterização das unidades taxonômicas________________________________________ 27
6. Drenagem________________________________________________________________ 53
6.1. Drenagem superficial _________________________________________________________ 53
6.2. Drenagem subterrânea________________________________________________________ 56
7. Mapeamento da ocupação urbana ____________________________________________ 61
7.1. Definição da legenda__________________________________________________________ 61
7.2. Digitalização das classes de ocupação sobre as imagens Quickbird ___________________ 62
7.3. Trabalho de campo___________________________________________________________ 62
8. Situação fundiária _________________________________________________________ 64
8.1. Introdução__________________________________________________________________ 64
8.2. Área piloto para estudo _______________________________________________________ 64
8.3. Diagnóstico inicial____________________________________________________________ 64
8.4. Descrição de procedimentos para acessar informações disponíveis nos Banco de Dados do
Município __________________________________________________________________ 66
8.5. Metodologia proposta_________________________________________________________ 69
8.6. Recomendações______________________________________________________________ 69
9. Disponibilização dos dados __________________________________________________ 70
9.1. Descrição dos arquivos digitais _________________________________________________ 70
9.2. Atributos associados aos arquivos ______________________________________________ 70
9.3. Aplicativo para visualização e consulta dos dados _________________________________ 73
10. Referências bibliográficas__________________________________________________ 77
1
Relatório 6
Introdução
O sexto relatório do Diagnóstico Ambiental do município de Porto Alegre refere-se à apresentação final
do trabalho. O texto descreve a metodologia utilizada na elaboração dos mapas temáticos e apresenta os
produtos obtidos através dos diversos mapeamentos, conforme especificado no termo de referência.
1. Organização dos dados digitais básicos
A Prefeitura Municipal de Porto Alegre forneceu diversas informações analógicas e digitais para apoiar a
execução dos mapeamentos do Diagnóstico Ambiental do Município, as quais foram entregues ao grupo
de geoprocessamento.
− Imagens de alta resolução do satélite Quickbird do município de Porto Alegre, em formato JPEG e
TIFF, recortadas em janelas correspondentes ao mapeamento sistemático do município, blocos de 25
cartas
− Modelo digital de elevação em formato TIFF, com resolução espacial de 5 metros
− Rede hidrográfica em meio digital, na escala 1:25.000, em formato shape file
− Limites do município de Porto Alegre, na escala 1:15.000, em formato shape file
− Eixos de ruas, na escala 1:15.000, com diversos atributos (nome de rua, numeração, etc.) e
topologicamente estruturado.
Também foram colocadas à disposição as fotografias aéreas analógicas em escala aproximada 1:8.000 de
1982, mas somente para retirada de forma parcial diretamente junto à SMAM, conforme a demanda dos
diferentes grupos.
Alguns dados digitais tiveram de ser submetidos a vários processos a fim de conferir as características
necessárias para a execução dos mapeamentos e depois disponibilizados aos grupos responsáveis pela
execução dos diferentes mapas temáticos. As características dos dados disponibilizados pela Prefeitura
Municipal de Porto Alegre e os processos executados estão relacionados a seguir.
1.1. Imagens de alta resolução do satélite Quickbird
A preparação das imagens Quickbird foi a etapa que mais demandou trabalho na organização dos dados
básicos para o Diagnóstico Ambiental de Porto Alegre, constituindo causa de atraso no início dos
mapeamentos. Os problemas ocorridos tiveram como causa principal o fato de, na época do início dos
trabalhos, o município ainda não dispor da versão final das imagens, pois transcorria uma fase de ajustes
para aceitaçãodo produto final com a empresa fornecedora.
Inicialmente a prefeitura, através do SIGPOA, forneceu dois conjuntos de aproximadamente 105 arquivos
referentes a janelas das imagens Quickbird recortadas na articulação das cartas 1:5.000 do município. Foi
fornecido um conjunto no sistema de coordenadas UTM e outro no sistema de coordenadas Gauss-
Krüger, contendo a fusão das bandas multiespectrais com a banda pancromática, com resolução espacial
de 60 cm, em formato JPEG. O maior problema com essas imagens foi a degradação da resolução em
função da forma de compactação para a geração dos arquivos no formato JPEG, tornando difícil a
execução da interpretação da vegetação com o detalhamento necessário para os mapeamentos temáticos.
Ao ampliar-se a imagem para fazer a interpretação, percebia-se que os pixels originais haviam sido
compactados em blocos de cerca de 4,8 a 5 m.
Constatado esse problema, efetuou-se nova solicitação à prefeitura para a disponibilização das imagens
em um formato não compactado (TIFF, por exemplo). Entretanto, a disponibilização do material
demoraria algum tempo pois o município estava aguardando a entrega de uma nova versão das imagens
pela empresa fornecedora. Dessa forma, enquanto aguardava-se as novas imagens, procedeu-se à
execução de um mosaico reunindo todos os blocos de imagens JPEG recebidos no sistema de
coordenadas UTM, para iniciar a preparação das visitas a campo.
2
Nesse momento observou-se dois outros problemas com as janelas de imagens. Um era a existência de
grandes diferenças de contraste entre imagens adjacentes, que alteravam a aparência dos tipos de
vegetação existentes nesses locais e, portanto, introduziam uma dificuldade adicional para a extração das
informações de uso do solo e cobertura vegetal. Outro problema era a ocorrência de cobertura de nuvens
sobre algumas áreas, o que comprometia o trabalho de identificação das diferentes formações vegetais sob
esses locais.
Em virtude dessas constatações foi efetuado novo contato com a prefeitura, mas a versão final das
imagens ainda não havia sido entregue pela empresa fornecedora e não havia prazo definido. Dessa
forma, procedeu-se à confecção do mosaico no sistema de coordenadas UTM, mesmo com todos os
problemas detectados, para que se pudesse utilizá-lo na programação e na execução do trabalho de
campo.
O mosaico dos arquivos JPEG no sistema UTM foi concluído em dezembro de 2003, constituindo a
primeira visão contínua das imagens Quickbird do município de Porto Alegre (figura 1.1). Efetuou-se a
impressão e plastificação de quatro cópias do mosaico na escala 1:25.000, uma das quais foi doada ao
SIGPOA.
No final de janeiro de 2004, já depois da realização da primeira saída de campo, a prefeitura
disponibilizou novamente um conjunto atualizado de janelas das imagens Quickbird, agora em formato
TIFF (não compactado) e no sistema de coordenadas Gauss-Krüger. Esses arquivos foram concatenados
para constituir um novo mosaico contínuo do município, efetuando-se ajustes de histograma entre as
diversas janelas para reduzir os contrastes de cores. A versão final do mosaico foi reamostrada para a
resolução espacial de 1 metro e disponibilizada para os grupos dos mapeamentos temáticos para ser
finalmente utilizada como material básico de interpretação.
Convém ressaltar que a nova versão das imagens mantém problemas de contraste entre janelas de
imagens adjacentes e cobertura de nuvens em algumas áreas do município. Isto pode ter provocado
eventuais erros de interpretação nos mapeamentos que, mesmo com um intenso trabalho de campo,
podem ainda persistir. Essa observação é válida principalmente para os mapeamentos da vegetação e da
ocupação urbana, pois o mosaico de imagens Quickbird foi a base para a delimitação das classes de
vegetação e ocupação.
1.2. Modelo Numérico do Terreno (MNT)
A prefeitura forneceu um MNT em formato TIFF, com resolução espacial de 5 metros e no sistema de
coordenadas Gauss-Krüger, supostamente obtido por estereorrestituição digital das imagens Quickbird. O
único processamento realizado com esse modelo foi seu redimensionamento para ficar exatamente com a
mesma cobertura do mosaico de imagens Quickbird. Uma análise detalhada do MNT mostrou que se trata
de um produto de baixa qualidade, com várias falhas e imperfeições nos valores das altitudes.
1.3. Rede hidrográfica
O mapa da rede hidrográfica foi fornecido pela prefeitura em meio digital, na escala 1:25.000, em formato
shape file. Quando analisado, constatou-se que o mapa não estava no sistema de coordenadas Gauss-
Krüger, havendo um deslocamento na coordenada Y de 1.000.000 m, que foi compensado para posicionar
corretamente seus elementos. O arquivo disponibilizado também não possui atributos e não está
topologicamente estruturado, mas serve aos propósitos do Diagnóstico Ambiental.
3
Figura 1.1. Mosaico das imagens Quickbird do município de Porto Alegre no sistema de coordenadas
UTM, preparado para auxiliar na capacitação da equipe e no trabalho de campo.
1.4. Eixos de ruas
O mapa dos eixos de ruas foi fornecido pela prefeitura em meio digital, na escala 1:15.000, com diversos
atributos (nome de rua, numeração, etc.) e topologicamente estruturado. Entretanto, da mesma forma que
4
o mapa da rede hidrográfica, o mapa dos eixos de ruas não estava no sistema de coordenadas Gauss-
Krüger. Havia um deslocamento na coordenada Y de 1.000.000 m, que foi compensado para posicionar
corretamente seus elementos.
1.5. Limites do município de Porto Alegre:
Os limites do município de Porto Alegre são importantes para delimitar a extensão dos mapeamentos
temáticos do Diagnóstico Ambiental. Os limites foram obtidos do mapa de bairros de Porto Alegre,
fornecido pela Prefeitura em formato shape file, cujos polígonos foram unidos para gerar um único limite
do Município.
5
2. Capacitação da equipe e trabalho de campo integrado
2.1. Instrução geral e preparação do trabalho de campo integrado
Antes do início dos trabalhos foram realizadas várias reuniões com membros de todos os grupos para
repassar instruções gerais sobre o trabalho e a responsabilidades de cada um, bem como sobre o produto
esperado de cada mapeamento e prazos estimados para sua execução.
Na segunda reunião realizou-se a preparação de um trabalho de campo integrado, cujo objetivo principal
foi permitir a todos os membros da equipe a troca de experiências e de impressões sobre os temas a serem
levantados, a discussão sobre as diversas paisagens existentes no município e a definição das categorias a
serem mapeadas pelos diferentes grupos.
Com base em uma análise visual do mosaico impresso das imagens Quickbird, a equipe definiu um
roteiro de campo para percorrer regiões em que fosse possível observar o maior número de diferentes
manchas do gradiente ambiental e de ocupação observado no município de Porto Alegre. A principal
preocupação do roteiro foi permitir o reconhecimento e comparação das principais fisionomias, tanto no
campo quanto nas imagens que servirão de base para os mapeamentos temáticos. O estabelecimento da
data para realização do trabalho de campo integrado procurou contemplar a presença do maior número
possível de membros de cada grupo.
2.2. Realização do trabalho de campo integrado
O trabalho de campo integrado foi realizado em 20 de janeiro de 2004, utilizando-se um microônibus do
Instituto de Biociências da UFRGS para o transporte da equipe, de especialistas convidados e de técnicos
da SMAM.
Seguindo-se o roteiro previamente estabelecido, foram visitados diversos locais para a observação e
análise dos diferentes temas in loco e sua comparação com o aspecto visual nas imagens Quickbird. Para
isso foi utilizado uma cópia impressa do mosaico de imagens Quickbird em coordenadas UTM. Na
oportunidade, foi realizada também uma documentação fotográfica de manchas representativas e sua
localização foi registrada através de um receptor GPS (Global Positioning System) para facilitar o
posterior reconhecimento das mesmas, em gabinete, sobre as imagens digitais.As figuras de 2.1 a 2.3 mostram fotografias com exemplos da paisagem em alguns locais visitados no
trabalho de campo integrado.
O trabalho de campo integrado não pretendeu esclarecer todas as dúvidas da equipe, mas fornecer um
ponto de partida para a elaboração dos mapas temáticos. Trabalhos de campo específicos para cada tema
foram posteriormente realizados pelos grupos individuais ao longo da execução dos respectivos
mapeamentos, conforme suas necessidades, para a identificação e delimitação dos elementos a mapear.
2.3. Capacitação da equipe para os mapeamentos
Após a realização do trabalho de campo integrado e antes de iniciar os mapeamentos, foi realizado um
nivelamento conceitual da equipe, repassando-se conceitos de SIG e de cartografia essenciais à obtenção
de um produto final adequado em termos temáticos, geométricos e de atributos. Foram também
especificadas normas simplificadas estabelecendo critérios de qualidade (nível de detalhamento, escala
ideal de visualização para a interpretação, topologia, etc.) e procedimentos a serem seguidos na
digitalização dos mapeamentos. Foi também realizado um treinamento no manuseio dos softwares a
serem utilizados para essa finalidade.
6
Figura 2.1. Equipe reunida durante o trabalho de campo integrado para discussão da legenda possível,
através da comparação das observações de campo com o mosaico de imagens Quickbird impresso (Foto J.
R. Meira, 2004).
Figura 2.2. Vista em primeiro plano mostrando campo úmido e área cultivada, com maricazal em segundo
plano e mata de encosta ao fundo (Foto J. R. Meira, 2004).
7
Figura 2.3. Vista em primeiro plano de campo manejado, em segundo plano área residencial de terrenos
grandes e ao fundo a cobertura vegetal natural dos morros (Foto J. R. Meira, 2004).
8
3. Mapeamento da vegetação
O mapa de vegetação foi gerado em etapas, conforme detalhado a seguir.
3.1. Definição da legenda
A legenda foi definida após trabalho de campo específico, através de reuniões e discussões com os
responsáveis pela interpretação, analisando-se tanto dados coletados em campo quanto o mosaico de
imagens Quickbird do município. O objetivo foi obter uma legenda viável para o mapeamento em escala
1:15.000, que permitisse abranger a heterogeneidade da cobertura vegetal do município e garantir a
manutenção de homogeneidade entre os critérios de delimitação das manchas por diferentes pessoas do
grupo, durante a interpretação das imagens. Ao final das discussões e de alguns ensaios sobre as imagens,
foram definidas as seguintes classes:
− Corpos d’água
− Vegetação arbórea
Mata nativa
A mata nativa é uma formação arbórea composta por espécies nativas, sem alteração significativa no
estratos inferiores e em bom estado de conservação. Ocorre de maneira relictual na área mapeada,
principalmente ao longo dos morros e áreas inundáveis da margem do lago Guaíba e seus tributários.
Abrange as matas higrófilas, mesófilas, subxerófilas, psamófilas (restinga), ripárias, brejosas, os
maricazais e os sarandizais.
As matas higrófilas, matas altas, ocorrem nos fundos de vale e encostas sul dos morros, com forte
influência da Floresta Pluvial Tropical Atlântica (Floresta Ombrófila Densa). Estas matas atingem
entre 12 e 20 m de altura, verificando-se a presença de três ou quatro estratos arbóreos. São elementos
típicos do estrato superior, entre outras, o tanheiro (Alchornea triplinervia), a cangerana (Cabralea
cangerana) e a canela-ferrugem (Nectandra oppsitifolia), no estrato arbóreo inferior são comuns
também arvoretas como a laranjeira-do-mato (Gymnanthes concolor), o cincho (Sorocea banplandii),
o pau-de-arco (Guarea macrophylla) e o café-do-mato (Faramea marginata).
As matas mesófilas ou mesohigrófilas, são constituídas por uma comunidade florestal que ocupa a
porção média ou baixa dos morros, ou mesmo em terrenos mais ou menos planos, onde as condições
do ambiente não sejam extremas. A altura da mata é de 10 a15 m, sendo encontrados 2 a 3 estratos
arbóreos. No estrato superior, podem ser citadas a maria-mole (Guapira opposita), o camboatá-
vermelho (Cupania vernalis), o açoita-cavalo (Luehea divaricata) e o capororocão (Myrsine
umbellata).
As matas subxerófilas, matas baixas ou capões, ocorrem nos topos ou encostas superiores dos morros
e apresentam fatores ambientais fortemente opostos às condições encontradas nas matas altas dos
fundos de vale. A altura média do dossel é de 6 a 12 m. A estratificação é mais simplificada do que na
mata higrófila, com a presença de 2 ou 3 estratos arbóreos. No estrato médio ou superior, , verifica-se
a presença, entre outras, de aroeira-brava (Lithrea brasiliensis), branquilho (Sebastiana
commersoniana) e chá-de-bugre (Casearia silvestris). No estrato arbóreo inferior o camboim
(Myrciaria cuspidata) e a embira (Daphnopsis racemosa ), além de outras espécies de mirtáceas.
As matas psamófilas (restinga) são formadas por matas ou capões de 6 a 10 m de altura. O estrato
arbóreo superior é constituido comumente por branquilho (Sebastiana commersoniana), aguaí-mirim
(Chrysophyllum marginatum), ipê-amarelo (Tabebuia pulcherrima) e capororocão (Myrsine
umbellata), entre outras. Podem ser observadas nesta matas de restinga algumas espécies emergentes
e de grande importância fisiônomico-paisagística, tais como a figueira-de-folha-miúda (Ficus
organensis), o jerivá (Siagrus romanzoffiana) e a timbaúva (Enterolobium cotortisiliquum).
As matas ripárias, chamadas comumente de matas ciliares ou matas em galeria, ocorrem junto aos
cursos d´água e possuem altura entre 5 e 10 m. As matas ciliares em terrenos arenosos ou
hidromórficos do lago Guaíba geralmente ocorrem internamente à vegetação de juncal (Scirpus
californicus). Na mata ripária propriamente dita ocorrem elementos arbóreos pioneiros de grande
9
porte, tais como o salgueiro (Salix humboldtiana), a corticeira-do-banhado (Erythrina cristagalli) e o
ingá-banana (Inga uruguensis). A mata madura tem composição variável apresentando entretanto
espécies típicas como o aguaí-mata-olho (Pouteria gardneriana), o sarandi-amarelo (Terminalia
australis), o tarumã-preto (Vitex megapotamica), o camboinzão (Myrciaria floribunda) e a figueira-
de-folha-miúda (Ficus organensis).
As matas brejosas têm origem na Planície Costeira, sendo pouco comuns no Município de Porto
Alegre e estando restritas a pequenos terrenos coluviais. O dossel é irregular, entre 8 e 15 m,
apresentando como espécies típicas de maior porte o tarumã-branco (Citharexylum myrianthum), a
embaúba (Cecropia catarinensis), a figueira-purgante (Ficus insipida), a corticeira-do-banhado
(Erythrina cristagalli) e o jerivá (Syagrus romanzoffiana).
O maricazal é uma vegetação que ocorre em planícies úmidas, principalmente no norte (Bacia do rio
Gravataí) e sudoeste (próximo às margens do lago Guaíba) do Município. Apresenta dominância do
maricá (Mimosa bimucronata), com altura entre 1,5 e 5 m.
O sarandizal é uma formação anfíbia, de 2 a 3 m de altura, encontrada muitas vezes nas margens do
lago Guaíba e rios tributários. Localiza-se em uma faixa interna ao juncal e externa à mata ripária,
predominando o sarandi-vermelho (Sebastiania schottiana), o sarandi-branco (Cephalanthus
glabratus) e o sarandi (Phyllanthus sellowianus), além de arbustos típicos de banhado como o
cambaí-vermelho (Sesbania punicea) e o maricá (Mimosa bimucronata).
Mata nativa com exóticas
A mata nativa com exóticas é uma formação arbórea composta predominantemente por espécies
nativas, mas com presença de espécies exóticas (Pinus, eucalipto, acácia, etc.). A presença de
espécies exóticas indica interferência antrópica.
Bosque
Formação arbórea do tipo parque, a classe bosque é caracterizada por um dossel contínuo com
estratos inferiores descaracterizados ou ausentes. Esta classe é típica de áreas submetidas a pastejo ou
utilizadas para lazer em parques e praças.
Mata degradada
A classe mata degradada é uma formação arbórea composta predominantemente por espécies nativas,
onde se verifica algum grau de degradação, como a presença detrilhas, vossorocas, desmatamentos,
depósito de rejeitos e outros.
− Vegetação arbustiva
Transição mata
Esta classe é uma formação arbóreo-arbustiva, composta por mata em estágio intermediário de
sucessão, com predomínio do estrato arbustivo e presença de elementos arbóreos isolados.
Vulgarmente conhecida como capoeira e vassoural. Ocorre em locais originalmente cobertos por mata
que foram desmatados e posteriormente abandonados. Possui altura entre 2 e 6 metros. São espécies
típicas da capoeira o fumo-bravo (Solanum mauritianum), a canema (Solanum pseudoquina), a
grindiúva (Trema micrantha), a vassoura-branca (Baccharis dracunculifolia), a camaradinha
(Lantana camara), a vassoura-vermelha (Dodonaea viscosa) e as vassouras (Eupatorium inulifolium
e Eupatorium spp.). O vassoural possui menor riqueza específica do que a capoeira, podendo
apresentar certa homogeneidade fisionômica determinada pela presença marcante da vassoura-
vermelha (Dodonaea viscosa).
Transição campo
Formação herbáceo-arbustiva, essa classe é composta por vegetação predominante campestre, com
presença de elementos arbustivos característicos de estágio inicial de sucessão para mata.
Vulgarmente conhecida como campo sujo, macega.
− Vegetação herbácea
Banhado
10
A classe banhado constitui uma formação herbáceo-arbustiva, típica de áreas úmidas. Distribuem-se
nas zonas norte e sudoeste do município. As espécies arbustivas dos banhados são o sarandi-amarelo
(Cephalantus glabratus), o cambaí (Sesbania punicea) e o hibisco-do-banhado (Hibiscus spp). O
estrato herbáceo, no qual os arbustos são encontrados, podem apresentar como elementos típicos
como Hymenachne grumosa, Schoenoplectus californicus, as tiriricas (Cyperus spp., Rhynchospora
spp.), a cruz-de-malta (Ludwigia spp.), o aguapé-comprido (Pontederia cordata), a taboa (Typha sp.),
o chapéu-de-couro (Echinodorus grandiflorus), o caraguatá-do-banhado (Eryngium pandanifolium),
as gramas-boiadeiras (Leersia hexandra e Luziola peruviana), entre outras.
Campo nativo
A classe campo nativo constitui uma formação herbácea, composta por espécies nativas e com baixa
pressão antrópica. Nas áreas bem drenadas destacam-se muitas espécies prostradas, que dão aspecto
de gramados, com a superfície de solo bem coberto. Dentre estas espécies encontramos a grama-
forquilha (Paspalum notatum), Paspalum plicatulum, Paspalum pauciciliatum, Eragrostis lugens, o
capim-touceirinha (Sporobolus indicus), o pega-pega (Desmodium incanum), o alecrim-do-campo
(Vernonia nudiflora), Kyllinga vaginata e Kyllinga brevifolia. Em campo mal drenado, encontramos
muitas gramíneas como a grama-tapete (Axonopus affinis), Paspalum pumilum e Ischaemum minus e
muitas ciperáceas, dentre as quais pode-se destacar Eleocharis viridans, Eleocharis bonariensis,
Carex sororia, Cyperus rigens, Pycreus polystachyos, Rhynchospora tenuis e Rhynchospora velutina.
Estas espécies são responsáveis pela fisionomia destes campos.
Campo rupestre
A classe campo rupestre constitui uma formação herbácea, composta por espécies nativas e com
baixa pressão antrópica, típica de ambientes com solos rasos, com presença de afloramento rochoso.
São campos típicos de topos de morros e terrenos ondulados de Porto Alegre. Esta formação é
semelhante àquela da região do Escudo Sul-Riograndense, sendo que a cobertura herbácea é formada
basicamente por gramíneas, compostas e leguminosas. Na vegetação destacam-se como dominantes
as gramíneas Trachypogon montufari, Schizachyrium tenerum, capim-caninha (Andropogon
lateralis), capim-limão (Elyonurus candidus), Sorghatrum albescens, Agenium villosum, Axonopus
argentinus e Axonopus siccus.; as umbelíferas que apresentam maior freqüência são o caraguatá
(Eryngium horridum) e Eryngium pristis; as asteráceas Baccharis sessiliflora, Baccharis
caprariefolia, Calea uniflora, Eupatorium intermedium; as leguminosas Mimosa acerba,
Macroptilium prostratum, Collaea stenophylla, pega-pega (Desmodium incanum) e Rhynchosia
corylifolia.
Campo manejado
A classe campo manejado constitui uma formação herbácea submetida a pastejo ou a cortes
periódicos, constituindo uma cobertura vegetal bastante homogênea. Típica de áreas de criação de
gado, lavouras de arroz em pousio, áreas de lazer e gramados urbanos.
Campo degradado
A classe campo degradado designa uma formação herbácea submetida a alta pressão antrópica, com
redução do número de espécies e da densidade de cobertura, constituindo uma cobertura vegetal
descontínua e pouco densa.
Cultivo
Silvicultura: cultivo de espécies lenhosas exóticas (Pinus, eucalipto, acácia)
Lavoura perene: cultivo de espécies perenes, especialmente pomares.
Lavoura sazonal: cultivo de espécies anuais ou olerícolas.
Áreas sem vegetação
Afloramento rochoso: áreas com presença de rocha aflorante.
Solo exposto: solo sem cobertura vegetal.
Áreas edificadas
11
3.2. Digitalização das unidades vegetacionais sobre as imagens Quickbird
Após a definição da legenda foi realizado o treinamento do grupo responsável pela delimitação e
classificação das manchas de vegetação. Foram realizadas várias simulações com os diferentes
componentes do grupo em diferentes partes do município, as quais foram posteriormente analisadas em
conjunto, com base nos dados de campo e no conhecimento dos especialistas em vegetação. As áreas
discordantes foram então apontadas e discutidas, com a finalidade de mostrar os equívocos que estavam
sendo cometidos e uniformizar os critérios de mapeamento.
Simultaneamente ao treinamento, efetuou-se uma divisão do mosaico de imagens Quickbird em 22
janelas menores, de aproximadamente 25 km2 cada (5km x 5km), como mostra a figura 3.1. A
digitalização do mapa de vegetação, com a delimitação e classificação de cada unidade vegetacional, foi
realizada em tela sobre essas janelas.
Figura 3.1. Divisão do mosaico Quickbird em janelas de 25 km2 para o mapeamento da vegetação e da
ocupação urbana.
12
3.3. Trabalho de campo
O trabalho de campo foi realizado na forma de várias saídas durante todo o período do mapeamento da
vegetação. Os diversos percursos, desde a primeira saída conjunta com representantes de todas as áreas
temáticas até as últimas aferições, serviram para definir as classes a serem mapeadas e para apoiar a sua
delimitação sobre as imagens, bem como para resolver dúvidas de interpretação.
Uma das maiores dificuldades encontradas foi a distinção de classes de vegetação com características
similares sobre as imagens Quickbird, especialmente os maricazais em relação a outras formas de
vegetação arbustiva e arbórea.
Para auxiliar na delimitação desses tipos de vegetação, além dos percursos por terra, foi realizado também
um vôo de reconhecimento com avião monomotor, no dia 18/03/2004. Para registrar melhor os locais de
interesse, utilizou-se um aparelho receptor GPS (Global Positioning System) e máquina fotográfica. A
figura 3.2 mostra o roteiro do vôo e as figuras 3.3 e 3.4 ilustram exemplos das fotos obtidas nesse vôo em
áreas de interesse.
O resultado do mapeamento da vegetação, de acordo com a legenda inicialmente definida, está ilustrado
na figura 3.5, que mostra a distribuição espacial das diferentes classes no município de Porto Alegre.
O mapa final de vegetação acompanha este relatório na forma de arquivos em meio digital, gravados em
CD-ROM no formato shape file. A descrição detalhada dos arquivos encontra-se ao final deste relatório,
no capítulo 9.
13
Figura 3.2. Roteiro do vôo de reconhecimento (os pontos situam as fotografias obtidas)
14
Figura 3.3. Foto com maricazal, sarandizal e banhado no Delta do Jacuí (Foto G. V. Irgang, 2004).
Figura 3.4. Foto com maricazal, mata nativa, campo manejado, com ocupação urbana e estação de
tratamento de esgotos próximo ao morro da Ponta Grossa (Foto G. V. Irgang, 2004).
15
Figura 3.5. Mapa de vegetação do município de Porto Alegre, ilustrando a distribuição espacial das
classes mapeadas.
16
4. Geologia - mapeamento geológico/avaliação geotécnica
4.1. Geologia
O mapa geológico foi construídotendo-se por base o mapa geológico da Folha Porto Alegre (Schneider et
al., 1974). O mapeamento também foi estendido para contemplar porções do município de Porto Alegre
não presentes nesta folha, utilizando-se para tal a mesma legenda. A figura 4.1 mostra o mapa das
unidades geológicas no município de Porto Alegre.
Figura 4.1. Unidades geológicas no município de Porto Alegre, adaptado de Schneider et al., 1974.
4.1.1. Quaternário
Os depósitos sedimentares da era cenozóica presentes no município de Porto Alegre pertencem ao
período quaternário, e estão associados ao grupo Patos.
Os depósitos holocênicos estão representados por sedimentos areno argilosos que ocorrem em banhados
nas proximidades do Lami, na forma de aluviões ao longo dos arroios e na forma de feixes de restinga ás
margens do Guaíba.
17
Os depósitos pleistocênicos do mesmo grupo estão representados pela Formação Guaíba e pela Formação
Graxaim.
Os depósitos da Formação Guaíba são areias grossas, médias e finas, conglomerados ortoquartzíticos
intercalados com lâminas areno-argilosas de tonalidade creme, castanho e cinza claro. Tais acumulações
se restringem às calhas aluvionares encaixadas em formações mais antigas. Localizadas no oeste da Ponta
da Serraria e ao longo do Arroio Dilúvio. Espessura média de 20 m.
Os depósitos da Formação Graxaim são sedimentos argilo-areno-conglomeráticos e conglomeráticos.
Localmente são recobertos por mantos coluviais e aluviais de paleossolos ferralíticos. São depósitos de
fluxo de detritos.
4.1.2. Pré-Cambriano
Granito Santana – É um corpo granítico de forma alongada, lembrando uma ampulheta de direção
nordeste. É controlado tectonicamente por falhas. Constitui-se essencialmente de feldspatos róseos e
esbranquiçados e quartzo. É um granito elasquítico alcalino e sub-alcalino albilizado.
Granito Independência – Unidade litológica de forma aproximadamente trapezoidal dividida em duas
áreas de ocorrência. A maior ocupa o centro urbano da cidade de Porto Alegre. A outra, da parte baixa ao
alto do bairro Petrópolis. As relações de contrato com os migmatitos heterogêneos são transicionais e
interdigitadas. A cor varia de rósea clara e cinza-azulada. É constituído por quartzo, feldspato alcalino,
plagioclásio, muscovita, biotita.
Granito Ponta Grossa – Ocorre a oeste do Município, em faixa de forma sinuosa. Suas relações de contato
com os migmatitos variam desde contornos nítidos até interdigitados e difusos, com passagens
gradacionais. Possui granulação média a grosseira,.de tonalidade predominantemente róseo-avermelhada.
Constitui-se de microclínio, quartzo, oligoclásio, biotita, apatita, zirconita, esfeno, alanita, muscovita,
fluirita e molibdenita. É granito sub-alcalino e monzonítico, fortemente quartzítico. São comuns enclaves
de composição quarzo-diorítica, de variados tamanhos.
Granito Cantagalo – Ocorre a sudeste do município. A ocorrência apresenta forma irregular.
Petrograficamente é semelhante ao granito Ponta Grossa. É de granulação mais grosseira do que aquele e
os feldspatos alcalinos apresentam-se às vezes , com fenocristrais disseminados os quais, às vezes,
zonados.
Migmatitos – 85% da área ocupada por migmatitos correspondem à fácies embrechítica e,
subordinadamente, tipos heterogêneos epibolíticos, diadisíticos e agmatíticos.
Os embrechitos são porfiroblásticos; os fenoblastos são de microclínio róseo e cinza, atingindo às vezes
até 13cm de comprimento. A matriz é de composição variada desde granitos subalcalinos até dioritos
quártzicos, sempre com biotita mais ou menos concentrada. São encontradas variações estruturais de
fácies nebulíticas e arteríticas, tipicamente granitos anatexíticos. Associados aos embrechitos são
encontrados migmatitos heterogêneos cujas relações de contato com os primeiros são sempre
gradacionais. As fácies estruturais mais comuns são as epibolíticas, epibolito-embrechíticas, diadisíticas e
as agmatíticas. O paleossoma é essencialmente um biotita-xisto; o neossoma é constituido de quartzo,
microclínio, oligoclásio e, localmente, schorlita, e constitui emaranhados concordantes e discordantes na
forma de vênulas, diques e lentes de granulação variadíssima: aplitos, granitos e pegmatóides.
Granito granófiro – Rocha granítica porfiróide, com matriz granófira.
Rochas filonianas ácidas – O complexo granito-migmático é cortado por um grande número de diques de
rochas ácidas. São riolitos pórfiros com fenocristais de quartzo e feldspato alcalino e rara biotita; a matriz
é micro a criptocristalina. Encontram-se também diques de microgranitos pórfiros granófiros. As
espessuras variam desde centímetros até vários metros. Esta unidade geológica está associada aos diques
de riolito, não possuindo dimensão espacial como as demais unidades.
Alterito Serra de Tapes – São paleossolos ferralitizados, eluvionares e coluvionares. Ocorrem na vertente
média dos morros e colinas do Município, dispondo-se em cunhas recobrindo as litologias do Pré-
Cambriano às formações do Pleistoceno. São areno-síltico-argilosos, os clastos estão muitas vezes
cimentados por óxido de ferro formando concreções e encouraçamentos originando, localmente, grande
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coesão. O ferros das crostas está na forma de goethita, lepidocrocita e rara limonita; no restante apresenta-
se como limonita e pigmentante. A argila é a caulinita. A cor é ocre a vermelha e, quando lixiviados,
castanha. As estruturas predominantes são as colunares e as maciças. Quando no contato com as rochas
do Pré-Cambriano, adquirem estruturas granitóides.
O mapa final de geologia acompanha este relatório na forma de arquivos em meio digital, gravados em
CD-ROM no formato shape file. A descrição detalhada dos arquivos encontra-se ao final deste relatório,
no capítulo 9.
4.2. Geotecnia
O mapeamento geotécnico tem por objetivo identificar e delimitar as unidades geotécnicas e caracterizar
os solos do Município de Porto Alegre para fins de engenharia. As unidades geotécncias foram
estabelecidas procurando delimitar zonas com solos de característica físicas e morfológicas semelhantes
e, especialmente, zonas com comportamento geotécnico equivalente.
As unidades geotécnicas foram delimitadas considerando-se a geologia, a pedologia (avaliação em forma
específica pelo estudo agronômico), a topografia e a hidrologia do terreno. Dados geotécnicos
específicos, coligidos de diversas fontes (dados bibliográficos e gerados de obras de engenharia
executadas) subsidiaram a definição de perfis estratigráficos típicos de cada unidade, bem como da
composição granulométrica provável das camadas constituintes.
Para os solos de Porto Alegre, pouco desenvolvidos pedologicamente, a geologia adquire maior
relevância na identificação das unidades geotécnicas. Este aspecto relaciona-se em forma direta com o
horizonte C saprolítico, relativamente mais espesso e heterogêneo em solos pouco desenvolvidos
pedologicamente. A pedologia relaciona-se com o manto de solo mais superficial (horizontes A e B).
4.2.1. Mapeamento das unidades geotécnicas
As unidades geotécnicas inicialmente identificadas foram:
− Solos Litólicos – Residuais (Rg)
− Solos Podzólicos Vermelho-Amarelo (PV)
− Solos Hidromórficos (Hid)
A avaliação da topografia e dos dados disponíveis acusou a ocorrência de determinadas regiões onde
solos litólicos ocorrem alternadamente a solos podzólicos, não sendo possível segregá-los na escala deste
estudo, conformando por esta razão uma quarta unidade geotécnica:
− Solos Litólicos / Podzólicos (Rg/PV)
Desta forma, quatro grandes unidades geotécncias foram identificadas, sendo possível ainda subdividi-las
segundo o substrato geológico correspondente, levantado da folha geológica de Porto Alegre (Schneider
et al., 1974). Esta subdivisão das unidades geotécnicas permite inferir aspectos específicos relacionados
ao horizonte saprolítico. A figura 4.2 mostra o mapa das unidades geotécnicas no município de Porto
Alegre.
19
Figura 4.2. mapa das unidades geotécnicas no município de Porto Alegre.
4.2.1.1. Unidade 01: Solos Litólicos– Residuais
Esta unidade é conformada por solos resultantes da intemperização de rochas graníticas e migmatitos, que
permanecem no local onde foram originariamente intemperizados (definição de solos residuais). Estes
solos são predominantemente arenosos, bem drenados, pouco desenvolvidos pedogeneticamente.
A estratigrafia pode seguir uma seqüência de horizontes A-R, A-C-R ou mesmo A-B-C-R, sendo que
neste último caso o horizonte B é de pequena espessura, não sendo relevante à prática de engenharia (de
fundações). O Horizonte C saprolítico, de preponderante importância à engenharia geotécnica, apresenta-
se com espessuras pequenas a médias; excepcionalmente pode atingir maiores espessuras, especialmente
em solos originados de migmatitos e especificamente na formação “granito independência”. A ocorrência
de matacões é comum neste material.
A ocorrência destes solos se verifica em zonas de declividades elevadas, com relevo fortemente ondulado
e montanhoso.
20
4.2.1.2. Unidade 02: Solos Podzólicos Vermelho-Amarelo
São solos desenvolvidos de granitos, migmatitos e presentes sob a forma de paleossolo ferratilizado de
alterito da Serra de Tapes. Têm como característica principal a presença de um horizonte B de espessura
significativa, com textura argilo-arenosa, de coloração avermelhada e boa drenagem. O horizonte C tem
características equivalentes ao dos solos litólicos.
Ocorrem em áreas com relevo suave, pouco ondulado, conformando pequenas coxilhas e elevações de
pequena declividades em torno dos morros (solos coluvionares – transportados).
4.2.1.3. Unidade 03: Solos Litólicos / Podzólicos
Unidade na qual a topografia e os dados geotécnicos disponíveis apontam a ocorrência das duas
formações em forma alternadas, tendo sido por esta razão agregadas em uma única unidade derivada,
onde podem ocorrer solos litólicos ou podzólicos dependendo de condições localizadas da topografia
(microrelevo).
4.2.1.4. Unidade 04: Solos Hidromórficos
Esta unidade geotécnica agrega solos sedimentares de diversas classes (solos em planícies com micro-
relevo – planossolos; solos em depressões – gleiss; solos aluviais). Ocorre em áreas de cotas baixas, com
relevo plano, nível d’água superficial e más condições de drenagem.
A estratigrafia é composta de material de textura variada, de argilas a areias, que podem ocorrer em forma
combinada ou intercalada, com coloração escura, cinza ou cinza-esverdeado. A ocorrência de espessas
camadas de “argila mole” (ocorrência típica da zona norte de Porto Alegre, onde se apresenta superficial,
com espessuras que variam entre 5 e 10 m) constitui-se em limitação à implantação de obras de
engenharia. O alagamento freqüente destas áreas constitui-se em outra limitação à ocupação urbana.
4.2.2. Aptidão do terreno à ocupação urbana
A aptidão à ocupação urbana aponta para a “competência” ou “potencial’ das unidades geotécncias à
ocupação urbana. A inobservância desta aptidão, ou das características geotécnicas das unidades, podem
levar (e já levaram em muitos casos) à concepção inadequada de projetos geotécnico, o que pode se
traduzir em soluções desnecessariamente onerosas, construções com patologias severas a curto e médio
prazo ou, inclusive, acidentes e colapsos com elevados custos mateiras e até mesmo perda de vidas
humanos.
A classificação das diversas áreas quanto à aptidão à ocupação urbana foi feita segunda as seguintes
categorias: áreas APTAS, áreas APTAS COM RESTRIÇÕES e áreas com BAIXA APTIDÃO.
Acompanhando a classificação das unidades, os aspectos restritivos específicos de cada área são
apresentados e discutidos a seguir.
4.2.2.1. Classificação da Unidade 04 (Solos Hidromórficos): BAIXA APTIDÃO.
As áreas contidas nesta unidade apresentam uma série de características geotécncias que dificultam e/ou
oneram a implantação de edificações. Nesta unidade verificam-se como limitações: nível d’água próximo
à superfície ou aflorando – dificuldade executiva severa para execução de escavações e execução de
certos tipos de fundações; ocorrência de alagamentos freqüentes – problemas de acesso à área e
necessidade de aterro para elevação da cota da obra acima da cota de inundação do terreno; ocorrência
localizada de solos compressíveis e com baixa capacidade de suporte – necessidade de tratamento da
camada compressível quanto a recalques, possibilidade de ruptura de borda de aterro e necessidade de
fundações profundas para assentas edificações).
4.2.2.2. Classificação da Unidade 02 (Solos Podzólicos Vermelho-Amarelo): APTA.
Estes solos apresentam-se bem drenados, com relevo suave, em geral com lençol freático a maior
profundidade e boa capacidade de suporte do solo. Todos estes aspectos são favoráveis à implementação
de obras de engenharia, o que coloca esta formação como a mais apta à ocupação urbana.
21
4.2.2.3. Classificação da Unidade 01 (Solos Litólicos): APTA com RESTRIÇÃO a BAIXA
APTIDÄO.
As áreas de relevo montanhoso, com declividades elevadas, apresentam pela própria declividade uma
limitação à sua ocupação. Associado a estas declividades elevadas, solos litólicos de menos espessura (A-
R) ou mesmo rocha aflorando representam outro aspecto negativo à geotecnia já que a ocupação
provavelmente exija desmonte em rocha para nivelamento do terreno (complexo tecnicamente e oneroso).
Ainda, a ocorrência de matacões é outro fator que dificulta a implantações de obras geotécncias, havendo
em grande número de casos necessidade de remoção dos matacões ou mesmo risco de instabilização de
matacões na face de cortes/escavações.
Ainda dentro desta unidade, solos existentes em zonas de menor declividade (aos acima descritos), com
maiores espessuras de horizonte C, podem apresentar condições mais favoráveis à ocupação urbana,
constituindo áreas classificadas como “aptas com restrições”.
O mapa final de geotecnia acompanha este relatório na forma de arquivos em meio digital, gravados em
CD-ROM no formato shape file. A descrição detalhada dos arquivos encontra-se ao final deste relatório,
no capítulo 9.
22
5. Pedologia - mapeamento das unidades de solos
5.1. Introdução
O levantamento de solos fornece informações básicas sobre as propriedades dos solos, a partir das quais
pode-se gerar uma multiplicidade de informações aplicadas, como a determinação da aptidão agrícola das
terras ou a escolha de áreas preferenciais para a implementação de projetos de desenvolvimento agrícola,
áreas preferenciais para o desenvolvimento urbano, áreas passíveis de serem usadas para descarte de
resíduos industriais e domésticos e outros.
O objetivo deste trabalho foi identificar, descrever e mapear os tipos de solos existentes no Município de
Porto Alegre, a fim de fornecer informações que permitam um planejamento racional e um
desenvolvimento equilibrado do uso das terras desse município.
Os resultados desse trabalho estão contidos no presente relatório descritivo das unidades de mapeamento
e no mapa de solos.
Este relatório descritivo está organizado da seguinte forma:
− Introdução, onde são abordados alguns aspectos relativos ao uso adequado desse levantamento de
solos;
− Metodologia, onde são descritos e/ou referenciados os procedimentos, materiais e equipamentos
usados na execução do levantamento;
− Caracterização das Unidades de Mapeamento, no qual discorre-se sobre cada tipo de unidade de
mapeamento de solos (conjunto de delineamentos com mesmos tipos de solos) encontrado no mapa
de solos, especificando-se sua composição, tipo, inclusões e caracterização da área de ocorrência;
− Caracterização das Unidades Taxonômicas, no qual discorre-se sobre características gerais e
ocorrência das diversas unidades taxonômicas, apresentando-se e fotografias de perfis representativos
destas unidades taxonômicas; e
− Anexos, nos quais são apresentados perfis representativos das unidades taxonômicas, especificando-
se sua classificação taxonômica (Sistema Brasileiro de Classificação de Solos) e as descrições
morfológicas internas e externas dos perfis representativos das unidades de mapeamentoe dados das
análises de laboratório.
5.2. Métodos
a) Mapeamento dos Solos
Foi realizado o levantamento de reconhecimento de média intensidade dos solos através de
fotointerpretação sobre fotos aéreas com escala de 1:40.000 e observações a campo. Para a transferência
dos delineamentos das unidades de mapeamento de solos (UM) das fotografias para a produção do mapa
final de solos, as fotografias aéreas foram georreferenciadas com apoio das cartas 1:50.000 do Serviço
Geográfico do Exército e os delineamentos, correspondentes às UM, foram digitalizados na tela do
computador.
b) Caracterização dos Solos
A descrição morfológica e a coleta de amostras dos perfis modais das classes taxonômicas identificadas
na área, foram realizadas de acordo com o Manual de Descrição e Coleta de Solo a Campo (LEMOS &
SANTOS, 1996).
c) Análises de solo
Na fração terra fina seca ao ar, obtida após secagem e peneiragem das amostras, foram feitas as seguintes
análises físicas e químicas, seguindo a metodologia adotada por EMPRAPA (1997): granulometria
(percentagem de areia grossa e fina, silte e argila), argila dispersa em água, Ca+2, Mg+2, Na+, K+, Al+3,
H++Al+3, P assimilável e pH em água. Com os resultados obtidos foram calculados a soma de bases (S), a
capacidade de troca de cátions (T), a saturação de bases (V) e a saturação com alumínio.
23
d) Classificação taxonômica dos solos
Os solos foram classificados segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999)
até o quarto nível categórico.
5.3. Caracterização das unidades de mapeamento de solos
A representação gráfica da ocorrência e da distribuição geográfica das unidades taxonômicas no mapa de
solos constitui as unidades de mapeamento. As unidades de mapeamento mostram no mapa a localização,
a extensão, o arranjo e a disposição das unidades taxonômicas de solos no terreno. Na legenda do mapa, a
unidade de mapeamento é identificada pelo nome da unidade taxonômica. Uma unidade taxonômica
corresponde a uma classe de solo de um determinado nível categórico do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999)
As unidades de mapeamento podem ser formadas por uma ou mais unidades taxonômicas. Quando
formada por uma única unidade taxonômica dominante tem-se uma unidade de mapeamento simples, que
pode apresentar, inclusões de outras unidades taxonômicas ou variações (de profundidade, textura, etc.)
da unidade taxonômica dominante. Inclusões são áreas menores de outras unidades taxonômicas que
ocorrem dentro da unidade de mapeamento e que não mapeáveis na escala aplicada. Neste nível de
mapeamento podem ocorrer até 30% de inclusões dentro das unidades de mapeamento.
Quando a unidade de mapeamento é constituída por duas ou mais unidade taxonômicas, ela pode ser do
tipo associação de solos ou grupo indiferenciado de solos .
A associação de solos é um grupamento de duas ou mais unidades taxonômicas distintas que ocorrem
associadas geográfica e regularmente segundo um padrão bem definido, ocupando diferentes posições na
paisagem. O mapeamento destas unidades taxonômicas na forma de unidades de mapeamento simples é
viável em levantamentos de solos mais detalhados.
Os grupos indiferenciados de solos são constituídos pela combinação de duas ou mais unidades
taxonômicas com semelhanças morfogenéticas e, portanto, pouco diferenciadas, permitindo práticas de
uso e manejo similares.
Em função da escala de trabalho e da complexidade da ocorrência dos solos na paisagem, neste
levantamento de solos realizado no Município de Porto Alegre, RS, as nove classes taxonômicas de solos
mapeadas foram agrupadas em 12 diferentes unidades de mapeamento (UM). Destas, uma é uma unidade
de mapeamento simples, uma é um grupo indiferenciado de solos, 9 são associações de solos e uma
unidade de mapeamento consiste de “Tipos de Terreno” (TT), que constitui-se de superfícies alteradas por
atividade antrópica (remoções, aterros, terraplanagens, etc).
As unidades de mapeamento delineadas no mapa deste levantamento de solos são a seguir caracterizadas.
Descrições mais detalhadas das características de cada tipo de solo (classe taxonômica) são apresentadas
na caracterização das unidades taxonômicas.
5.3.1. Unidade de Mapeamento PV1: Grupo Indiferenciado de ARGISSOLOS
VERMELHOS e ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS
Esta unidade de mapeamento ocorre em topos e encostas de elevações, em relevo suavemente ondulado e
ondulado. É constituída por Argissolos Vermelhos (PV) e Argissolos Vermelho-Amarelos (PVA), que
não foram diferenciados no mapa por causa da dificuldade de separação e da semelhança entre as duas
unidades taxonômicas, diferindo basicamente pela cor. Nas áreas mapeadas como pertencente a esta UM
podem ocorrer ainda inclusões (áreas menores não mapeáveis na escala aplicada) de Cambissolos
Háplicos (CX), Neossolos Litólicos (RL) e Neossolos Regolíticos (RR).
5.3.2. Unidade de Mapeamento PV2: Associação de ARGISSOLOS VERMELHOS ou
ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS com CAMBISSOLOS HÁPLICOS
Esta unidade de mapeamento ocorre em topos e encostas de elevações, em relevo ondulado e fortemente
ondulado e nos terços inferiores de encostas de morros em relevo fortemente ondulado e montanhoso. É
24
constituída por solos Argissolos Vermelhos (PV) ou Argissolos Vermelho-Amarelo (PVA) associados
com Cambissolos Háplicos (CX), sendo que estes últimos estão locados nas zonas de relevo forte
ondulado, enquanto os Argissolos estão locados nas áreas de relevo ondulado.
Nas áreas mapeadas com estes solos podem ocorrer ainda inclusões (áreas menores não mapeáveis na
escala aplicada) de Cambissolos Háplicos (CX), Neossolos Litólicos (RL) e Neossolos Regolíticos (RR).
5.3.3. Unidade de Mapeamento CX: Associação de CAMBISSOLOS HÁPLICOS com
NEOSSOLOS LITÓLICOS ou NEOSSOLOS REGOLÍTICOS
Esta unidade de mapeamento ocorre em topos e encostas de morro, em relevo fortemente ondulado a
montanhoso, constituindo-se na Associação de Cambissolos Háplicos (CX) com Neossolos Litólicos (RL)
ou Neossolos Regolíticos (RR). Podem ocorrer inclusões (áreas menores não mapeáveis na escala
aplicada) de Argissolos (PV) e afloramentos de rochas (AR).
5.3.4. Unidade de Mapeamento SG1: Associação de PLANOSSOLOS
HIDROMÓRFICOS, GLEISSOLOS HÁPLICOS e PLINTOSSOLOS
ARGILÚVICOS
Esta unidade de mapeamento, constituída na associação de Planossolos Hidromórficos, Gleissolos
Háplicos (GX) e Plintossolos Argilúvicos (FT), ocorre em planícies aluviais e lagunares com
microrrelevo. Como inclusões podem ocorrer solos Neossolos Quartzarênicos (RQ) e Neossolos Flúvicos
(RU).
5.3.5. Unidade de Mapeamento SG2: Associação de PLANOSSOLOS
HIDROMÓRFICOS, GLEISSOLOS HÁPLICOS e NEOSSOLOS FLÚVICOS
Esta unidade de mapeamento é constituída pela associação de Planossolos Hidromórficos (SG),
Gleissolos Háplicos (GX) e Neossolos Flúvicos (RU), ocorrendo em áreas marginais ao longo de arroios
em relevo plano.
5.3.6. Unidade de Mapeamento GX: Associação de GLEISSOLOS HÁPLICOS E
PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICOS
Esta unidade de mapeamento ocorre em planícies aluviais e lagunares, constituindo-se na associação de
Gleissolos Háplicos (GX) e Planossolos Hidromórficos (SG), podendo apresentar como inclusões
manchas de Gleissolos Melânicos (GM), que apresentam horizonte superficial mais escuro e mais rico em
matéria orgânica que os Gleissolos Háplicos (GX).
5.3.7. Unidade de Mapeamento G1: Associação de GLEISSOLOS e NEOSSOLOS
FLÚVICOS
Esta unidade de mapeamento ocorre nas planícies aluviais situadas nas ilhas do Delta do Jacuí e é
composta de uma associação de Gleissolos (G) e Neossolos Flúvicos (RU), podendo apresentar inclusões
de Organossolos (O).
5.3.8. Unidade de Mapeamento G2: Associação de GLEISSOLOS, PLANOSSOLOS e
Tipos de Terreno
Unidade de mapeamento que ocorre em planícies aluviais e lagunares que tiveram parte de suas áreas
alteradas pela ação humana, caracterizando os tipos de terreno (TT). Nas áreas não alteradas ocorrem
Gleissolos (G), podendo também ocorrer inclusões de Plintossolos Argilúvicos (FT).
25
5.3.9. Unidade de MapeamentoRQ: Associação de NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS e
GLEISSOLOS
Esta unidade de mapeamento ocorre em feixes de restinga ocupando relevo plano e suavemente ondulado
no sul do Município de Porto Alegre, constituindo-se de associação de Neossolos Quartzarênicos (RQ) e
Gleissolos (G), podendo também ocorrerem inclusões de Gleissolos Melânicos (GM).
5.3.10. Unidade de Mapeamento RU1: NEOSSOLOS FLÚVICOS
Esta unidade de mapeamento simples constituída por Neossolos Flúvicos (RU) ocorre em planícies
aluviais situadas em ilhas do Delta do Jacuí. Nestas áreas também podem ocorrerem inclusões de
Gleissolos (G).
5.3.11. Unidade de Mapeamento RU2: Associação de NEOSSOLOS FLÚVICOS e Tipos de
Terreno
Esta unidade de mapeamento ocorre em diques marginais e aterros ocupando relevo plano nas bordas das
ilhas do Delta do Jacuí, apresentando-se como uma associação de Neossolos Flúvicos (RU) e tipos de
terreno. Podem apresentar inclusão de Gleissolos (G).
5.3.12. Unidade de Mapeamento TT: Tipos de Terreno
Os Tipos de Terreno (TT) são áreas fortemente alteradas pela ação humana, na forma de áreas de
empréstimo, decapagem, terraplenagem e aterros com materiais diversos (entulhos de construção, lixo,
resíduos industriais e outros). Nestas situações o solo original foi removido parcial ou totalmente, ou foi
soterrado pelo material depositado. Pela fato de não haver até o presente previsão para inclusão destes
solos no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, eles são referidos por termos genéricos, tais como
solos construídos, solos urbanos, solos tecnogênicos, tipos de terreno e outros. No presente texto é usado
o termo “tipos de terreno” para designar esses solos. Como características gerais desses solos observa-se
(1) uma grande variabilidade espacial; (2) a estrutura alterada pela compactação; (3) aeração e drenagem
reduzidas; e (4) a presença de contaminantes. A grande variabilidade dessas áreas exige um estudo
específico de cada situação.
Os TTs são encontrados em maior ou menor proporção em praticamente todas as unidades de
mapeamento, sendo destacados em uma unidade de mapeamento simples onde sua extensão é mapeável e
ocorrem associados em outras UM combinadas (Tabela 5.1). As áreas urbanizadas, apesar de constarem
no mapa de solos como constituídas por diversas unidades de solos, constituem em grande parte “tipos de
terreno”, devido a sua significativa alteração no processo de urbanização.
A tabela a seguir apresenta uma síntese das unidades de mapeamento descritas, indicando o símbolo da
UM, o tipo de UM, as classes taxonômicas de solos, a descrição geral das áreas de ocorrência e a
ocorrência de solos pertencentes a outras classes taxonômicas (inclusões).
26
TABELA 5.1 - Descrição geral da área de ocorrência, inclusões e classes taxonômicas que compõem as Unidades de Mapeamento
(UM) de solos identificadas no Município de Porto Alegre.
Símbolo Descrição da unidade de mapeamento Inclusões Descrição geral da área de ocorrência
PV1 Grupo indiferenciado de ARGISSOLOS VERMELHOS e
ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS
C, RL e RR Topo e encosta de elevações, em relevo
suavemente ondulado e ondulado
PV2 Associação de ARGISSOLOS VERMELHOS ou ARGISSOLOS
VERMELHO-AMARELOS com CAMBISSOLOS HÁPLICOS
C, RL, RR Topo e encosta de elevações, em relevo ondulado e
fortemente ondulado e nos terços inferiores de
encostas de morros em relevo fortemente ondulado
e montanhoso
CX Associação de CAMBISSOLOS HÁPLICOS com NEOSSOLOS
LITÓLICOS ou NEOSSOLOS REGOLÍTICOS
PV, AR Topo e encosta de morro, em relevo fortemente
ondulado a montanhoso
SG1 Associação de PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICO,
GLEISSOLOS HÁPLICOS e PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS
RQ, RU Planícies aluviais e lagunares com microrrelevo
SG2 Associação de PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICO,
GLEISSOLOS HÁPLICOS e NEOSSOLOS FLÚVICOS
FT, RQ Áreas marginais ao longo de arroios em relevo
plano
GX Associação de GLEISSOLOS HÁPLICOS E PLANOSSOLOS
HIDROMÓRFICOS
GM Planícies aluviais e lagunares
G1 Associação de GLEISSOLOS e NEOSSOLOS FLÚVICOS O Planícies aluviais situadas nas ilhas do Delta do
Jacuí
G2 Associação de GLEISSOLOS, PLANOSSOLOS e Tipos de
Terreno
FT Planícies aluviais e lagunares com áreas alteradas
pela ação humana
RQ Associação de NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS e
GLEISSOLOS
GM Feixes de restinga ocupando relevo plano e
suavemente ondulado
RU1 NEOSSOLOS FLÚVICOS G Planícies aluviais situadas em ilhas do Delta do
Jacuí
RU2 Associação de NEOSSOLOS FLÚVICOS e Tipos de Terreno G Diques marginais e aterros ocupando relevo plano
nas bordas das ilhas do Delta do Jacuí
TT Tipos de Terreno Áreas com influência antrópica (aterros, pedreiras,
etc)
27
5.4. Caracterização das unidades taxonômicas
No levantamento, os solos foram classificados conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
(EMBRAPA, 1999), pelo qual cada solo identificado e classificado constitui uma unidade taxonômica.
Portanto, uma unidade taxonômica corresponde a uma classe de solo. A seguir são apresentados as
características gerais e ocorrência das diversas unidades taxonômicas de solos que compõe as unidades de
mapeamento, que são:
1. ARGISSOLO VERMELHO (PV).
2. ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO (PVA).
3. CAMBISSOLO HÁPLICO (CX).
4. NEOSSOLO LITÓLICO (RL).
5. NEOSSOLO REGOLÍTICO (RR).
6. NEOSSOLO QUARTZARÊNICO (RQ).
7. NEOSSOLO FLÚVICO (RU)
8. PLINTOSSOLO ARGILÚVICO (FT).
9. PLANOSSOLO HIDROMÓRFICO (SG).
10. GLEISSOLO HÁPLICO (GX).
5.4.1. ARGISSOLOS VERMELHOS Distróficos (PVd) típicos
São solos profundos, alcançando espessuras de 1,50 m ou maior até a rocha alterada (saprólito de
granito), apresentando um perfil com uma sequência de horizontes A-Bt-C (Figura 5.1). Estes solos são
identificados (em cortes de estrada ou trincheiras) pela coloração avermelhada do horizonte Bt associada
à sua textura mais argilosa em relação ao horizonte A de cor mais acinzentada. A cor avermelhada do
horizonte Bt é indicativa da condição de solo bem drenado, isto é, com ausência de encharcamento
prolongado após as chuvas. Dependendo da composição da rocha de origem (granitos), estes solos podem
apresentar uma proporção significativa de fração grosseira (cascalho) constituída por quartzo. Quanto à
sua fertilidade química, estes solos são qualificados como distróficos, isto é, são ácidos e apresentam uma
baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas; em consequência, quando utilizados para a produção
agrícola, necessitam de aplicações regulares de corretivos (calcário, matéria orgânica) e fertilizantes. Um
perfil representativo destes solos encontra-se no Anexo 5.1.
Os Argissolos Vermelhos ocupam áreas de relevo ondulado a suavemente ondulado, geralmente
ocorrendo associados com Argissolos Vermelho-Amarelos ocupando uma posição topográfica inferior,
ambos compondo uma unidade de mapeamento do tipo “grupo indiferenciado” (Tabela 5.1).
5.4.2. ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (PVAd) típicos
São solos profundos, alcançando espessuras de 1,50 m ou maior até a rocha alterada (saprólito de
granito), apresentando um perfil com uma sequência de horizontes A-Bt-C. Estes solos são identificados
(em cortes de estrada ou trincheiras) pela coloração vermelho-amarelada do horizonte Bt associada à sua
textura mais argilosa em relação ao horizonte A de cor mais acinzentada. A cor amarelada do horizonte
Bt é indicativa da condição de solo bem a moderadamente drenado, isto é, a lenta remoção da água
possibilita um encharcamento prolongado após as chuvas. Dependendo da composição da rocha de
origem (granitos), estes solos podem apresentar uma proporção significativa de fração grosseira
(cascalho) constituída por quartzo. Quanto à sua fertilidade química, estes solos são qualificados como
distróficos, isto é, são ácidos e apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas; em
conseqüência, quando utilizados para a produção agrícola, necessitam de aplicações regulares de
corretivos (calcário, matéria orgânica) e fertilizantes. Um perfil representativo destes solos encontra-se no
Anexo 5.2.
Os Argissolos Vermelho-Amarelos ocupamáreas de relevo ondulado a suavemente ondulado, geralmente
ocorrendo associados com Argissolos Vermelhos ocupando uma posição topográfica mais elevada, ambos
compondo uma unidade de mapeamento do tipo “grupo indiferenciado” (Tabela 5.1).
28
5.4.3. CAMBISSOLOS HÁPLICOS Ta Distróficos (CXvd) típicos
São solos rasos (profundidade inferior a 1 m) até profundos, apresentando no perfil uma sequência de
horizontes A-Bi-C (Figura 5.2). A coloração destes solos é acinzentada no horizonte A e mais
avermelhada ou amarelada no horizonte B, enquanto que o horizonte C tem uma coloração variegada
(vermelho, amarelo, cinzento, branco) comumente observada no saprólito de granito. As diferentes
profundidades (solos rasos a profundos) e colorações (avermelhados a amarelados) caracterizam as
diversas variações de Cambissolos Háplicos. A coloração avermelhada e amarelada do horizonte Bt é,
respectivamente, indicativa da condição de solo bem a moderadamente drenado. Dependendo da
composição da rocha de origem (granitos), estes solos podem apresentar uma proporção significativa de
fração grosseira (cascalho) constituída por quartzo. Quanto à sua fertilidade química, os solos são
qualificados como distróficos, isto é, são ácidos e apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes
para as plantas; em consequência, quando utilizados para a produção agrícola, necessitam de aplicações
regulares de corretivos (calcário, matéria orgânica) e fertilizantes. Um perfil representativo destes solos
encontra-se no Anexo 5.3.
Os Cambissolos Háplicos ocupam um relevo ondulado a fortemente ondulado, isto é, mais acidentado do
que as áreas ocupadas pelos Argissolos. Ocorrem associados com Neossolos Litólicos e Neossolos
Regolíticos (Tabela 5.1).
Figura 5.1. Perfil de ARGISSOLO
VERMELHO (PV).
Figura 5.2. Perfil de CAMBISSOLO
HÁPLICO (CX).
29
5.4.4. NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos (RLd) típicos
São solos rasos, apresentando perfis com uma sequência de horizontes A-C-R ou A-R, onde a rocha
(camada R) situa-se a partir de 50 cm da superfície (Figura 5.3). A coloração do solo é acinzentada no
horizonte A e geralmente variegada (vermelho, amarelo, cinzento) no horizonte C. Devido a sua
ocorrência em relevo forte ondulado a montanhoso, os Neossolos Litólicos são bem drenados; entretanto,
quando situados em depressões do relevo acidentado podem apresentar períodos de encharcamento
devido a acumulação das águas de escorrimento das cotas mais elevadas. Dependendo da composição da
rocha de origem (granitos), estes solos podem apresentar uma proporção significativa de fração grosseira
(cascalho) constituída por quartzo. Quanto à sua fertilidade química, os solos são qualificados como
distróficos, isto é, são ácidos e apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas; sua
utilização para a produção agrícola é limitada pela pequena profundidade desses solos. Um perfil
representativo destes solos encontra-se no Anexo 5.4
Os Neossolos Litólicos geralmente ocorrem associados com Neossolos Regolíticos e Cambissolos
Háplicos, constituindo uma unidade combinada na forma de “associação” (Tabela 5.1).
5.4.5. NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Distróficos (RRd) típicos
São solos rasos a medianamente profundos, apresentando perfis com uma sequência de horizontes A-C-R,
onde a rocha (camada R) situa-se em profundidade maior do que 50 cm da superfície (Figura 5.4). A
coloração do solo é acinzentada no horizonte A e geralmente variegada (vermelho, amarelo, cinzento) no
horizonte C. Uma feição marcante desses solos é o fato da topografia da transição entre os horizontes A e
C ser irregular ou ondulada, o que é visualizado no perfil na forma de “línguas” de material do horizonte
A penetrando no horizonte C.
Devido a sua ocorrência em relevo forte ondulado a montanhoso, os Neossolos Regolíticos são bem
drenados; entretanto, quando situados em depressões do relevo acidentado podem apresentar períodos de
encharcamento devido a acumulação das águas de escorrimento das cotas mais elevadas. Dependendo da
composição da rocha de origem (granitos), estes solos podem apresentar uma proporção significativa de
fração grosseira (cascalho) constituída por quartzo. Quanto à sua fertilidade química, os solos são
qualificados como distróficos, isto é, são ácidos e apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes
para as plantas; sua utilização para a produção agrícola é limitada pela pequena profundidade desses
solos. Um perfil representativo destes solos encontra-se no Anexo 5.5.
Os Neossolos Regolíticos geralmente ocorrem associados com Neossolos Litólicos e Cambissolos
Háplicos, constituindo uma unidade combinada na forma de “associação” (Tabela 5.1).
5.4.6. NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS Órticos (RQo) típicos
São solos profundos, apresentando perfis com uma sequência de horizontes A-C (Figura 5.5), todos de
textura muito arenosa constituída essencialmente por grãos de quartzo. Estes solos tem uma coloração
acinzentada a bruno-acinzentada e sua drenagem varia de bem drenados (posição convexa) a mal
drenados (posição côncava) conforme a posição topográfica que ocupam nos feixes de restingas. Quanto à
sua fertilidade química, os solos são moderadamente ácidos e apresentam uma baixa disponibilidade de
nutrientes para as plantas; sua utilização para a produção agrícola é limitada devido sua textura arenosa,
sendo preferencialmente mantidos com cobertura de pastagens e com florestamento. Um perfil
representativo destes solos encontra-se no Anexo 5.6.
Os Neossolos Quartzarênicos são originados em sedimentos arenosos quaternários que constituem feixes
de restingas nas margens do Lago Guaíba na parte sul do Município, ocupando um relevo plano a
suavemente ondulado. Na áreas foram mapeados em associação com Gleissolos Háplicos (Tabela 5.1).
30
Figura 5.3. Perfil de NEOSSOLO
LITÓLICO (RL).
Figura 5.4. Perfil de NEOSSOLO
REGOLÍTICO (RR).
5.4.7. NEOSSOLOS FLÚVICOS Tb Distróficos(RUbd) típicos
São solos originados de sedimentos fluviais compondo uma estratificação de sedimentos de granulometria
variável. Apresentam uma sequência de horizontes A-C, mostrando uma distribuição irregular de matéria
orgânica e uma composição granulométrica variável com a profundidade do perfil de solo. Devido a
variabilidade do material de origem (sedimentos fluviais) estes solos tem características físicas e químicas
também variáveis.
Ocorrem nas planícies e terraços de inundação do Lago Guaíba na forma de unidades de mapeamento
simples e combinadas com Gleissolos e tipos de terreno (Tabela 5.1). Um perfil representativo destes
solos encontra-se no Anexo 5.7.
5.4.8. PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS (FT) Distróficos ou Eutróficos
São solos profundos, alcançando espessuras de 1,50 m ou maior, apresentando um perfil com uma
sequência de horizontes A-Bf-C (Figura 5.6), imperfeitamente drenado; a característica marcante deste
solo é o horizonte Bf mais argiloso com predomínio de coloração acinzentada com mosqueados
avermelhados e amarelados, correspondendo respectivamente a zonas de depleção (matriz cinzenta) e de
concentração (mosqueados) de óxidos de ferro. Estas feições são típicas de ambientes onde a oscilação do
lençol freático e a presença de matéria orgânica proporciona alternância de períodos com excesso de
umidade (condição favorável para redução química) e de ambiente aerado (condição favorável para
oxidação química) no solo. Estes solos ocorrem nas zonas baixas da paisagem, situando-se em posição
31
intermediária entre os terraços mais elevados e as várzeas mal drenadas, dentro do relevo geral plano a
suavemente ondulado, formando uma unidade de mapeamento combinada com Planossolos
Hidromórficos e Gleissolos Háplicos associados (Tabela 5.1). Um perfil representativo dos Plintossolos
encontra-se no Anexo 5.8.
Figura 5.5. Perfil de NEOSSOLO
QUARTZARÊNICO (RQ).
Figura 5.6. Perfil de PLINTOSSOLO
ARGILÚVICO (FT).
5.4.9. PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICOS (SG) Distróficos ou Eutróficos,
espessarênicos ou típicos
São solos imperfeitamente a mal drenados encontrados nas áreas de várzea, comrelevo plano a
suavemente ondulado. Apresentam uma sequência de horizontes A-E-Btg-C (Figura 5.7), com o horizonte
A de coloração mais escura, o horizonte E de cor clara e mais arenoso, e uma mudança abrupta para o
horizonte Btg bem mais argiloso e de cor acinzentada. Esta mudança súbita no perfil do solo, de camadas
mais arenosas (horizontes A e E) para uma camada mais argilosa (horizonte Btg), é responsável pela
retenção da água e o conseqüente encharcamento do solo. Devido a essas feições, os Planossolos são
aptos para o cultivo de arroz irrigado; com sistemas de drenagem eficientes também podem ser usados
para outras culturas (milho, pastagens e outras), porém apresentam risco de inundação. Os Planossolos
apresentam variações quanto: (1) a espessura dos horizontes A+E que pode alcançar até 1,7 m, o que
identifica os espessarênicos; (2) ao horizonte B que pode apresentar alta saturação por sódio em algumas
áreas; (3) maior ou menor gradiente textural entre os horizontes A+E e Btg; e (4) a presença de
mosqueados de plintita no horizonte Btg.
32
Os Planossolos Hidromórficos estão incluídos em diferentes unidades de mapeamento em combinação
com Gleissolos Háplicos, Plintossolos Argilúvicos e Neossolos Flúvicos (Tabela 5.1). Um perfil
representativo desses Planossolos encontra-se no Anexo 5.9.
5.4.10. GLEISSOLOS HÁPLICOS (GX) Distróficos ou Eutróficos típicos
São solos profundos, muito mal drenados, de coloração acinzentada ou preta, apresentando um perfil com
sequência de horizontes A-Cg ou A-Bg-Cg (Figura 5.8), onde os horizontes Bg e Cg são do tipo glei.
Estas feições dos Gleissolos identificam um ambiente onde predomina a deficiência de oxigênio,
propiciando processos de acumulação de material orgânico e intensa redução química.
Os Gleissolos mostram uma grande variabilidade nas suas características, o que está relacionado a sua
origem de sedimentos diversos. Quanto a fertilidade química, são moderada a fortemente ácidos,
apresentam uma disponibilidade de nutrientes baixa a moderada para as plantas; a espessura e o teor de
matéria orgânica do horizonte A, bem como a textura dos horizontes A e Cg também são muito variáveis.
Esses solos ocorrem nas porções mais baixas das várzeas e a sua ocupação e utilização para a produção
agrícola é limitada pelas condições naturais de má drenagem e pelo risco de inundação. Quando drenados
podem ser usados para horticultura, fruticultura e cultivo de culturas anuais. Os Gleissolos ocorrem em
diversas unidades de mapeamento combinadas com Planossolos, Plintossolos, Neossolos Flúvicos,
Neossolos Quartzarênicos e tipos de terreno. Um perfil representativo dos Gleissolos encontra-se no
Anexo 5.10.
Figura 5.1. Perfil de ARGISSOLO
VERMELHO (PV).
Figura 5.2. Perfil de CAMBISSOLO
HÁPLICO (CX).
33
Figura 5.7. Perfil de PLANOSSOLO
HIDROMÓRFICO (SG).
Figura 5.8. Perfil de GLEISSOLO
HÁPLICO (GX).
O mapa de solos resultante dos levantamentos anteriormente descritos, mostrando a distribuição espacial
das diversas unidades de mapeamento no município de Porto Alegre, está ilustrado na figura 5.9
O mapa final de solos acompanha este relatório na forma de arquivos em meio digital, gravados em CD-
ROM no formato shape file. A descrição detalhada dos arquivos encontra-se ao final deste relatório, no
capítulo 9.
34
Figura 5.9. Mapa de solos do município de Porto Alegre.
35
ANEXOS
36
Anexo 5.1 - Perfil representativo de ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico
Descrição geral
− Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico
− Localização: Porto Alegre – Lami, na subida da estrada do Espigão.
− Situação e declive: Encosta, terço médio com 6 % de declividade
− Litologia e formação geológica: Período Pré-Cambriano, Grupo Cambaí
− Material originário: Granito Cantagalo
− Relevo local: ondulado
− Relevo regional: Forte ondulado
− Erosão: Laminar
− Drenagem: Bem drenado
− Vegetação: Mata secundária arbustiva, vassoura branca e mirtáceas
− Uso atual: Capoeira
Características morfológicas
A1 0 - 25/30 cm; vermelho-escuro-acinzentado(2,5 YR 3/2, úmido), bruno (10YR 5/3, seco); franca
cascalhenta; fraca a moderada média blocos subangulares; poros pequenos médios comuns;
ligeiramente duro, friável ligeiramente plástico, ligeiramente pegajoso; transição clara e ondulada.
AB 25/30- 32/48cm; vermelho-escuro-acinzentado a vermelho acinzentado(2,5YR 3,5/2, úmido),
bruno-avermelhado(5YR 4/4, seco); franco-argilosa cascalhenta; fraca a média blocos
subangulares; poros pequenos médios comuns; ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico e
ligeiramente pegajoso; transição gradual e ondulada;.
Bt1 32/48 - 65cm; bruno-avermelhado-escuro a bruno-avermelhado (2,5YR3, 5/4 úmido); vermelho-
amarelado (5YR5/6, seco); franco-argilosa cascalhenta; moderado médio grandes blocos
subangulares; cerosidade fraca pouca; poros pequenos médios comuns; duro, friável, ligeiramente
pegajoso; transição gradual e ondulada.
Bt2 65 - 95/100cm; bruno-avermelhado-escuro a vermelho-escuro(2,5YR3/5, úmido), vermelho-
amarelado (5YR 5/6, seco); argila cascalhenta; moderada média e grande blocos subangulares e
angulares; cerosidade moderada pouca; poros pequenos médios comuns, duro, friável,
ligeiramente plástica ligeiramente pegajosa; transição gradual e ondulada.
BC 95/100- 140+cm; variegado vermelho-escuro (2,5YR3/6, úmido) vermelho muito escuro
avermelhado,(2,5YR 4/4, úmido), vermelho-amarelado (5YR 5/6, seco) bruno-claro-
acinzentado,(10YR 6/3, seco); franco-argilosa cascalhenta; moderado a médio blocos
subangulares e angulares; cerosidade fraca pouca; poros pequenos médios comuns; duro, friável a
firme; ligeiramente pegajoso.
37
Análises físicas e químicas
Horizonte Frações da amostra
Total-%
Composição granulométrica da
terra fina (dispersão com NaOH) %
Relação
Símbolo Profundidade Calhaus Cascalho Terra
 fina
areia
grossa
areia
fina
areia muito
fina
silte argila % Silte
%Argila
(cm) (>20mm) (20-2mm) (<2mm) (2,00 -
 0,20mm)
(0,20 -
 0,10mm)
(0,10-
0,05mm)
(0,05 -
0,002mm)
(<0,002
mm)
A1 0 - 25/30 0 20 80 20 15 - 45 15 3,00
AB 25/30 - 32/48 0 22 78 7 17 - 46 30 1,53
Bt1 32/48 - 65 0 31 69 14 6 - 45 35 1,28
Bt2 65 - 95/100 0 20 80 18 10 - 29 43 0,67
BC 95/100 - 140+ 0 23 77 14 14 - 43 32 1,34
Sím-
bolo pH (1:1)
Complexo sortivo
Cmol(c)/kg
Valor V
P assi- Carbono
H2O SMP Ca2+ Mg2 K+ Na Valor S Al3+ H+ Valor T (saturação 100 Al3+ milável orgânico
(soma) (soma) de bases) % S + Al3+ % %
A1 4,8 5,7 0,64 1,49 0,29 0,03 2,45 1,1 3,47 7,02 35 31 1 1,47
AB 4,6 4,8 0,13 0,51 0,30 0,05 0,99 3,5 4,51 9,00 11 78 1 1,22
Bt1 4,7 5,3 0,15 0,38 0,29 0,05 0,87 3,8 4,59 9,26 10 81 1 0,86
Bt2 4,9 5,4 0,18 1,15 0,24 0,04 1,61 3,0 2,35 6,96 23 65 2 0,36
BC 4,9 5,3 0,22 1,82 0,23 0,05 2,32 2,2 3,27 7,79 30 49 2 0,17
38
Anexo 5.2 – Perfil representativo de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico
típico
Descrição geral
− Classificação: ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELO Distrófico típico
− Localização: Porto Alegre – Lami, em barranco da estrada da Extrema.
− Situação e declive: terço superior de encosta de morro
− Litologia e formação geológica: Grupo Cambaí do período Pré-Cambriano
− Material originário: Granito Cantagalo
− Relevo local: Suave ondulado
− Relevo regional: Ondulado
− Erosão: Laminar, ligeira a moderada
− Drenagem: Bem drenado
− Vegetação: Floresta subtropical subcaducifólia
− Uso atual: Potreiro
Características morfológicas
A1 0-32cm - Bruno-escuro a bruno (7,5YR 4/2, úmido), cinzento-rosado (7,5YR 6/2, seco); franca;
fraca, médios e grandes blocos angulares; poros comuns pequenos; ligeiramente duro; muito
friável; ligeiramente plástico, ligeiramente pegajoso; transição plana e brupta.
A 32-80/95cm - Bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmido), cinzento-avermelhado (5YR 5/2,
seco); franca; fraca, média e grandes blocos angulares; poros comuns e pequenos; ligeiramente
duro; muito friável; ligeiramente plástico, ligeiramente pegajoso; transição clara e ondulada.
BA 80/95-110/120 - Bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/3, úmido), bruno-avermelhado (5YR5/4,

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