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Resumo Sociológico sobre a obra de Durkheim e a obra de Bordieu

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Autarquia Educacional do Vale do São Francisco - AEVSF
Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE
Lorena Mikaela Cavalcante Souza
Sociologia Jurídica
Petrolina – PE
2015
Lorena Mikaela Cavalcante Souza
Resumo sobre Pierre Bourdieu e Durkheim
Trabalho a ser apresentado a disciplina de Sociologia jurídica, 2º período vespertino, do curso em Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. MsC. Celso Sales Franca.
Petrolina – PE
2015
Pierre Bourdieu
A partir do capítulo “Força do Direito” da obra Poder Simbólico de Pierre Bourdieu, podemos observar e assim, posteriormente, analisar as conclusões e pensamentos desse ilustre pensador sobre o campo jurídico e todos os elementos únicos nele presentes.
Logo de início, Bordieu sepulta a discussão muito presente no âmbito jurídico: a clássica dúvida se Direito é ou não uma ciência, ao situar logo de cara o lugar de cada item, concluindo assim que Direito não é ciência e sim objeto de uma, objeto da Ciência jurídica. Fazendo essa distinção ele evita o formalismo e o instrumentalismo que dominam e interferem negativamente na interpretação do Direito. 
Com isso ele vai de encontro às inúmeras ideologias que prendem os profissionais da área num mito e assim percebe o direito na sua forma real, gerado a partir das relações entre as forças existentes onde se percebe a descomunal influência da economia e dos interesses dos indivíduos dominantes.
A partir disso podemos perceber claramente que o Direito é um instrumento de dominação social e quem não enxerga esse viés ou o acha absurdo é porque infelizmente ainda está preso e vitimizado pelas ideologias tradicionalistas.
Outro ponto abordado por esse autor é a divisão do trabalho social onde ele traz discussões sobre as particularidades do campo jurídico. A primeira delas é a concorrência existente entre os agentes e entre as instituições do Direito dentro do próprio campo jurídico pelo monopólio de poder dizer o direito, ou seja, que seja reconhecida a sua capacidade de interpretação da lei a sua maneira. Porque essa interpretação não simboliza apenas entender a lei e sim tomar para si o poder que tem aquela lei, aquela norma. 
Então, o propósito de todo esse guerreio é se apropriar do poder da lei para utiliza-la em prol de seus interesses particulares, mas como todos e qualquer um desejam ter esse poder para si e só para si, o campo jurídico se torna um verdadeiro palco de guerra, se torna altamente concorrencial. 
Aqui cabe lembrarmo-nos da palestra do professor Luiz Eduardo na qual ele também situa o Direito como um palco de lutas entre os poderes, entre as classes, entre dominadores e dominados. 
Só que na visão de Bordieu raramente as classes desfavorecidas ganham, raramente elas são defendidas pelo direito, pois quem está lá, no meio jurídico, tem mais afinidade de interesses e hábitos com os dominadores, fazendo com que suas vontades (a dos dominadores) sejam praticamente sempre atendidas, reforçando assim a percepção de Bordieu de o Direito ser um instrumento de dominação social. 
E é essa uma crítica elementar dele ao Direito que deve ser refletida por nós, que como futuros operadores desse campo, temos por, no mínimo, uma questão de ética e obrigação, tentar inverter, pelos menos um pouco, essa situação, fazendo com que os direitos das minorias sociais sejam defendidos também, que eles tenham vez e voz. Pois como diria o Prof. Luiz Eduardo devemos tomar um lado dessa luta e fazer avançar nossa sociedade. 
Bordieu mesmo não sendo brasileiro fez, sem querer, sua obra se encaixar perfeitamente a realidade brasileira tanto da época, na transição de ditadura para democracia, quanto na atualidade quando nosso campo jurídico está mais do que infestado por essa concorrência e o Direito sendo cada vez mais utilizado como instrumento de dominação. Daí a importância ou a real necessidade de se refletir sobre as críticas/ensinamentos desse pensador, para tentar mudar, ou pelo menos melhorar, toda essa negatividade que se encontra no nosso Direito.
Durkheim
Sobre a obra desse importantíssimo sociólogo francês irei abordar basicamente três pontos: A anomia, a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica, que são três pilares indispensáveis para entender a relação do Direito com o pensamento de Durkheim. A compreensão dessa relação é necessária porque através dela alcançaremos o objetivo dessa matéria (sociologia jurídica) que é apreender a influência da sociologia no Direito.
A anomia é abordada no início da obra, no prefácio a segunda edição, que tem por objetivo abordar e conceituar qual o papel que os agrupamentos sociais desempenham na organização dos povos contemporâneos e no qual os assuntos recorrentes são a anomia jurídica e a moral da vida econômica.
Durkheim afirma que por haver falta de coesão/generalidade nas relações entre patrão e empregado, operário e empresário e entre individuais, existe uma rasa e instável consciência moral nas profissões que gera o desprovimento de qualquer limite jurídico, que a partir daqui são aprovadas ou rejeitadas pela opinião pública e não pela lei. Isto é está instaurado um estado de anomia.
É daí que surgem os conflitos e a desordem, pois muitas vezes a opinião pública se mostra indulgente atestando o errado como certo. E fazem isso com tanta frequência que o limite entre o proibido e o permitido, o justo e o injusto é quase perdido, sempre se moldando aos interesses dos indivíduos.
Por conta da falta de limites as força sempre irão se confrontar para que uma submeta a outra. A que submete sempre tentará se manter submetendo e a submetida sempre tentará se tornar a força que submete, pela ambição, pela paixão por poder. Gerando o que o autor chamou de inpacificidade dos espíritos e a falta de equilíbrio entre as forças.
Segundo Durkheim, as paixões humanas só se controlam diante de uma força moral que elas respeitem, portanto pela coexistência de anomia moral e jurídica, essas emoções vivem sempre ilimitadas e descontroladas, causando cada vez mais conflitos e fazendo com que reine a lei do mais forte.
Durkheim nomeia essa situação como anárquica e a considera mórbida, pois ela é contrária ao objetivo da sociedade que é acabar, ou pelo menos diminuir, a guerra entre os homens, submetendo a lei do mais forte a uma lei maior de coesão social.
Entretanto, para justificar a permanência desse estado anárquico/estado de não regulamentação trazem o argumento de que ele nos permite a liberdade individual. Mas, para Durkheim, nada é mais absurdo que essa colocação, do que esse falso antagonismo que constroem entre a autoridade da regra e a liberdade do indivíduo. Para ele a liberdade justa, aquela que a sociedade tem o dever de respeitar e fazer respeitar, é produto da regra, produto da regulamentação.
Afinal, só posso ser livre se o outro é impedido de me submeter, de se aproveitar de mim, de me subjugar. E isso é feito através de regulamentação. Ou seja, apenas a regra social pode impedir os abusos de poder, portanto é ela quem garante verdadeiramente a nossa liberdade. Enquanto a anomia promove liberdade total aos mais fortes, a regra promove liberdade justa para todos.
Durkheim aborda também em sua obra dois tipos de solidariedades que estão interligados, cada um a sua maneira, ao controle social, resultando assim uma experiência diferente com o Direito para cada um deles.
A solidariedade mecânica tem como característica o privilégio da consciência individual, causada pela forte identidade cultural entre os indivíduos daquele grupo, onde o controle social é muito forte e presente. Por esse motivo, nesse tipo de sociedade a pena é repressiva e restritiva, característica do direito penal que é fortemente experimentado nesse grupo. O delito cometido afeta todo e a pena repressiva é uma forma de reafirmar o controle social, o poder da consciência coletiva.
Enquanto que a solidariedade orgânicatem uma experiência diferente com o Direito. Ela por ser produto da divisão social do trabalho e estar presente em grupos mais individualistas, nos quais a consciência individual está acima da social e o controle social é mínimo, tem um contato mais brando com a pena, que aqui não é mais repressiva como outrora, é agora restitutiva, ou seja, afeta apenas os indivíduos envolvidos no caso e busca reestabelecer laços padrões de convivência. Sua intenção é apenas resolver o conflito e não auto afirmar-se. Característica de outras vertentes de direito como o Direito Civil.

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