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Micoses superficiais e cutâneas

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Micoses superficiais e cutâneas 
Introdução: as infecções da pele e seus anexos são 
extremamente comuns e são classificadas em micoses 
superficiais (limitadas às camadas mais externas da pele e 
dos pelos), micoses cutâneas (infecções que envolvem as 
camadas mais profundas da epiderme e seus anexos, os 
pelos e as unhas) e micoses subcutâneas (envolve a derme, 
os tecidos subcutâneos, musculo e tecido conjuntivo). 
Micoses superficiais 
As infecções causadas por esses organismos induzem pouca 
ou nenhuma resposta imune, não são destrutivas e são 
assintomáticas. 
Pitiríase (tinea) versicolor 
A pitiríase versicolor é uma infecção fúngica superficial 
comum. Em certos ambientes tropicais ela pode afetar até 
60% da população. É causada por espécies de leveduras do 
complexo Malassezia furfur: M. furfur; M. sympodialis; M. 
globosa; M. restricta, entre outras. 
Morfologia: quando visualizada nas escamações da pele, 
membros do complexo M. furfur aparecem como grupos de 
células semelhantes a leveduras, com paredes espessas, 
esféricas ou ovais. As células leveduriformes podem estar 
misturadas com hifas curtas, ocasionalmente ramificadas. Em 
cultura em meio padrão, contendo ou coberto por azeite de 
oliva, espécies do complexo M. furfur crescem como colônias 
leveduriformes, de cor creme, compostas por células 
leveduriformes de brotamento, as hifas são eventualmente 
produzidas. 
 
 
Epidemiologia: a pitiríase versicolor é uma doença de 
pessoas saudáveis que ocorre no mundo todo, mas é mais 
prevalente em regiões tropicais e subtropicais. Adultos jovens 
costumam ser mais afetados. A M. furfur e outros membros 
do complexo são encontradas como saprófitos na natureza, 
e a pitiríase versicolor não tem sido demonstrada em animais. 
A infecção humana parece resultar da infecção direta ou 
indireta de material queratinico de uma pessoa para outra. 
Síndromes clinicas: as lesões da pitiríase versicolor são 
pequenas maculas hipo ou hiperpigmentadas. A parte 
superior do tronco, braços, tórax, ombros, face e pescoço são 
mais envolvidas, mas qualquer parte do corpo pode ser 
afetada. As lesões são irregulares, com manchas 
despigmentadas bem delimitadas, que podem confluir e ser 
cobertas por uma escama fina. Como espécies do complexo 
M. furfur tendem a interferir na produção de melanina, as 
lesões são hipopigmentadas em pessoas de pele escura. Em 
pessoas de pele clara, as lesões são rosadas a castanho 
claro. Pouca ou nenhuma reação ocorre no hospedeiro, e as 
lesões são assintomáticas, com exceção de prurido branco 
em casos graves. O complexo M. furfur também tem sido 
associado a foliculite, dacriocisitite obstrutiva, infecções 
sistêmicas em pacientes que receberam infusões lipídicas 
intravenosas e dermatite seborreica, especialmente em 
pacientes com AIDS. 
 
 
Diagnostico laboratorial: é feito pela visualização direta dos 
elementos fúngicos (hifas curtas e curvas e bastoconídios em 
cachos) no exame microscópico das escamas epidérmicas 
em KOH a 10% com ou sem calcoflúor. Os organismos são 
numerosos e podem ser visualizados por coloração com H&E 
ou PAS. O crescimento das colônias leveduriformes aparece 
após incubação a 30°C por 5 a 7 dias. 
Tratamento: embora a cura espontânea tenha sido relatada, 
na maioria das vezes é crônica e persistente. O tratamento 
consiste no uso tópico de azóis ou xampu com sulfeto de 
selênio. Para infecções mais generalizadas, cetoconazol ou 
itraconazol por VO podem ser utilizados. 
Tinea negra 
É uma feo-hifomicose superficial causada pelo fungo negro 
Hortaea werneckii. 
Morfologia: aparece microscopicamente como uma hifa 
dematiácea, frequentemente ramificada. Artroconídios e 
células alongadas com brotamentos estão presentes. A H. 
werneckii também cresce em cultura em meio micológico 
padrão a 25°C. 
 
Epidemiologia: a tinea negra é uma condição tropical ou 
subtropical, contraída por inoculação traumática do fungo nas 
camadas superficiais da epiderme. É mais prevalente na 
África, Ásia e Américas central e do Sul. As crianças e adultos 
jovens são mais afetados, com maior incidência nas 
mulheres. 
Síndromes clinicas: aparece como uma macula negra 
isolada, irregular, pigmentada (castanha a negra), quase na 
palma das mãos ou planta dos pés. A infecção não é 
contagiosa. Devido a sua localização superficial há pouco ou 
nenhum desconforto no hospedeiro. 
 
Diagnostico laboratorial: é diagnosticada por exame 
microscópico das escamas de pele em KOH a 10% ou 20%. 
As hifas pigmentadas e formas de levedura são confinadas 
às camadas externas do extrato córneo e facilmente 
detectadas em cortes corados por H&E . Uma vez detectados 
os elementos fúngicos, as escamações de pele devem ser 
semeadas em meio micológico com antibióticos. Uma colônia 
leveduriforme dematiácea deve aparecer dentro de 3 
semanas, tornando‑se aveludada com o tempo. O exame 
microscópico revela células leveduriformes cilíndricas e 
bicelulares e, dependendo da idade da colônia, hifas 
toruloides. 
Tratamento: a infecção responde bem a terapia tópica, 
incluindo pomada de Whitfield , cremes com ázois e 
terbinafina. 
Piedra branca 
É uma infecção superficial causada por fungos 
leveduriformes do gênero Trichosporon: T. ovoides 
(responsável pela piedra branca do couro cabeludo), T. inkin 
(casos de piedra branca púbico), e T. asahii. 
Morfologia: o exame microscópico revela hifas, artroconídios 
(céls retangulares resultantes da fragmentação de hifas) e 
blastoconídios (brotamento de leveduras). 
Epidemiologia: ocorre em regiões tropicais e subtropicais e é 
relacionada a falta de higiene. 
Síndromes clinicas: A piedra branca afeta os pelos da região 
inguinal e axilas. O fungo fica ao redor da haste do pelo e 
forma um nódulo branco a castanho ao longo do pelo. Os 
nódulos são moles e pastosos e podem ser facilmente 
removidos deslocando‑os com o polegar e o dedo indicador, 
em direção à ponta do pelo. A infecção não danifica a haste 
do pelo. 
Diagnostico laboratorial: Quando o exame microscópico 
revelar hifas, artroconídios e/ou células de levedura com 
brotamento, o pelo infectado deve ser semeado em meio 
micológico sem ciclo‑heximida (a ciclo‑heximida inibirá 
Trichosporon spp.). Trichosporon spp. Formarão colônias de 
coloração creme, secas e enrugadas, entre 48 e 72 horas de 
incubação em temperatura ambiente. As várias espécies de 
Trichosporon podem ser identificadas da mesma maneira que 
outros isolados de leveduras. A assimilação de açúcares, de 
nitrato de potássio (KNO3) (negativa), a produção de urease 
(positiva) e a morfologia em ágar‑fubá (artroconídios e 
blastoconídios estão presentes) devem ser determinadas. 
Tratamento: O tratamento pode ser realizado com a utilização 
de azóis tópicos; contudo, a melhora da higiene e a depilação 
dos pelos infectados também são eficazes e em geral refutam 
a necessidade de tratamento clínico. 
 
 
Micoses cutâneas 
Incluem infecções causadas por fungos dermatófitos 
(dermaofitoses) e não dermatófitos (dermatomicoses). 
Dermaofitoses 
Se refere a um complexo de doenças causadas por quaisquer 
das espécies de fungos filamentosos Trichophyton, 
Microsporum e Epidermophyton. Todos têm a habilidade em 
comum de invadir pele, cabelo ou unhas. Esses fungos são 
queratinofílicos e queratinolitícos, pois são capazes de 
destruir as superfícies queratinosas dessas estruturas. Nas 
infecções de pele, invadem apenas a camada superior e mais 
externa da epiderme, o extrato córneo. A penetração abaixo 
da camada granular da epiderme é rara. O mesmo ocorre 
com os peles e unhas, que tem apenas suas camadas com 
queratina invadidas. Os sinais variam de acordo com o 
agente etiológico, a reação do hospedeiro e o local da 
infecção. 
Morfologia: cada gênero de fungo filamentoso é classificado 
de acordo com um padrão especifico de crescimento em 
cultura e pela produção de macronídiose micronídios. 
Microscopicamente, a o gênero Microsporum é identificado 
pela observação dos macronídios, enquanto micronídios são 
estruturas do Trichophyton. Epidermophyton floccosum não 
produz micronídios, mas seus macronídios de parede lisa 
nascem em cachos de dois ou três são bastante 
característicos. Em biopsias cutâneas todos os dermatófitos 
são morfologicamente similares e aparecem como hifas 
septadas, hialinas, artroconídios em cadeias ou dissociados 
que invadem o extrato córneo, folículos capilares e pelos. 
Existem 3 padrões de invasão fúngica, ectótrix (os 
artroconídios são formados fora do pelo) endótrix (formados 
no interior do pelo) e fávico (as hifas, os artroconídios e 
espaços vazios lembrando bolhas de ar, tipo favos de mel, 
são formados por dentro do pelo). Os dermatófitos podem 
geralmente ser vistos por H&E, mas a visualização é melhor 
com colorações especificas para fungos como GMS e PAS. 
 
 
 
Ecologia e epidemiologia: podem ser classificados em três 
categorias de acordo com o seu habitat natural, geofílicos 
(vivem no solo e são patógenos ocasionais de animais e 
humanos); zoofílicos (parasitam o pelo e a pele de animais, 
mas podem ser transmitidos aos humanos) e antropofílicos 
(infectam humanos e podem ser transmitidos direta ou 
indiretamente de pessoa para pessoa). Essa classificação é 
importante no prognostico. As espécies antropofílicas 
causam infecções relativamente não inflamatórias, crônicas e 
difíceis de tratar. Os zoofílicos e geofílicos provocam uma 
intensa reação no hospedeiro, causando lesões altamente 
inflamatórias e com boa terapêutica. Eles estão distribuídos 
mundialmente e as infecções podem ser adquiridas pela 
transferência de artroconídios ou hifas, ou material 
queratinico contendo esses elementos, de um hospedeiro 
infectado para um não infectado. Podem permanecer viáveis 
em escamas de pele ou pelos por longos períodos. São 
comuns a todas as idades porem tinea capitis é mais comum 
em crianças pré‑púberes, e tinea cruris e tinea pedis são 
sobretudo doenças de adultos do sexo masculino. Embora as 
dermatofitoses ocorram em todo o mundo, especialmente em 
regiões tropicais e subtropicais, as espécies individuais de 
dermatófitos podem variar em suas distribuições geográficas 
e em sua virulência para humanos. Por exemplo, 
Trichophyton concentricum, agente da tinea imbricata, é 
confinado às ilhas do Pacífico Sul e Ásia, enquanto T. 
tonsurans substituiu Microsporum audouinii como principal 
agente de tinea capitis nos Estados Unidos. As infecções 
causadas por dermatófitos são em geral endêmicas, porém 
podem assumir proporções epidêmicas em determinadas 
situações (p.ex., tinea capitis em escolares). Em escala 
mundial, T. rubrum e T. mentagrophytes são responsáveis 
por 80% a 90% de todas as dermatofitoses. 
Síndromes clinicas: manifestam uma variedade de 
apresentações e variam de espécies, quantidade do inoculo, 
local da infecção. O padrão é um anel de escamação 
inflamatória com diminuição da inflamação em direção ao 
centro da lesão, chamado de ringworm. As tineas de áreas 
cobertas por pelos se apresentam como manchas circulares 
elevadas de alopecia com eritema e descamação ou como 
pápulas, pústulas e vesículas e quérions (inflamação grave 
envolvendo a haste do pelo). Os pelos infectados por 
espécies como M. canis, M audouinii fluorescem em 
tonalidade verde amarelada na lâmpada de Wood. As 
infeccoes de pele lisa normalmente se apresentam como 
manchas eritematosas e escamosas que se expandem em 
um padrão centrípeto. As dermaofitoses do pé e da mao 
podem se tornar complicadas por onicomicoses, na qual a 
placa ungueal é invadida e destruída por fungos. 
Obs: a onicomicose (Tinea unguium) é causada por uma 
variedade de dermaofitos e estima-se que acomete 3% da 
população na maioria dos países temperados. É observada 
normalmente em adultos e nas unhas dos pés, que se tornam 
grossas, descoloridas elevadas, friáveis e deformadas, evolui 
rapidamente, principalmente em pacientes com AIDS. 
 
 
 
Diagnostico laboratorial: se baseia na demonstração de hifas 
septadas pela microscopia direta de amostras de pele, pelo e 
unhas e no isolamento de microrganismos em cultura. As 
colônias se desenvolvem entre 7 e 28 dias. 
Tratamento: as infecções que não afetam pelos ou unhas em 
geral podem ser tratadas com agentes tópicos, todas as 
outras requerem terapia oral. Os agentes tópicos incluem 
azóis, terbinafina e haloprogina. Os agentes antifúngicos 
orais com atividade sistêmica contra dermatófitos incluem 
griseofulvina, itraconazol, fluconazol e terbinafina. Os azóis e 
a terbinafina são mais rápidos e amplamente eficazes que a 
griseofulvina, em especial no tratamento de onicomicoses. 
 
 
Onicomicoses por fungos não dermatófitos 
Numerosos fungos filamentosos não dermatófitos, assim 
como de espécies de Candida, têm sido associados a 
infecções de unha. Esses micro-organismos incluem 
Scopulariopsis brevicaulis, Neoscytalidium dimidiatum, 
Scytalidium hyalinum e uma variedade de outros, como 
espécies de Aspergillus, Fusarium e Candida. Entre esses 
micro‑organismos, S. brevicaulis, Neoscytalidium spp. e 
Scytalidium spp. são patógenos de unha comprovados. Os 
outros fungos certamente podem ser a causa de patologia de 
unha, mas a interpretação das culturas de unha com esses 
organismos deve ser feita com cautela, pois podem 
simplesmente representar colonização saprofítica de material 
anormal de unha. Os critérios utilizados para determinar o 
papel etiológico desses fungos incluem isolamento em 
ocasiões múltiplas e a presença de hifas anormais ou 
estruturas conidiais no exame microscópico do material da 
unha. As infecções causadas por S. brevicaulis, N. 
dimidiatum e S. hyalinum são notoriamente difíceis de tratar, 
pois não são, em geral, suscetíveis a quaisquer antifúngicos. 
A remoção cirúrgica parcial das unhas infectadas, associada 
a itraconazol ou terbinafina via oral ou a tratamento intensivo 
com esmalte de unha com amorolfina a 5% ou pomada de 
Whitfield, pode ser útil na obtenção de uma resposta clínica.

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