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Resumo de Micologia básica 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FUNGOS .......................................................... 3 2. MORFOLOGIA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DOS FUNGOS ......................... 4 3. FISIOLOGIA DOS FUNGOS ................................................................................... 7 4. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA MÉDICA: ............................................................. 8 4.1. Micoses superficiais .......................................................................................... 8 4.2. Micoses cutâneas e subcutâneas ................................................................ 12 4.3. Micoses sistêmicas ......................................................................................... 21 4.4. Micoses oportunistas ...................................................................................... 24 3 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FUNGOS O enquadramento taxonômico dos fungos é regido pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica, sendo os níveis gerais classificados como: - Domínio: Eukarya - Reino: Fungi - Filos: Ascomycota – Incluem fungos unicelulares (leveduras) e filamentosos com micélio septado. São formadores de esporos sexuados denominados de ascosporos. Representam o estágio teleomorfo de várias espécies patogênicas (cerca de 80% dos fungos de importância médica se encontram nesse filo). Basidiomycota - Inclui leveduras e fungos de micélio septado cuja principal característica é a formação de basidiosporos (esporos sexuados). Glomeromycota - Filo que abriga as endomicorrizas, antes classificadas como zigomicetos. Microsporidia - São organismos eucariontes sem mitocôndria e flagelo desconhecido. Parasitas obrigatórios de todos os grupos de animais e comumente atacam peixes e insetos. Foram incluídos no Reino FUNGI, após estudos filogenéticos, embora a relação com o reino Fungi não esteja bem esclarecida. Chytridiomycota - este filo apresenta fungos unicelulares e filamentosos com micélio cenocítico, com formação de zoosporos e gametas móveis. Neocallimastigomycota - fungos anaeróbios encontrados no sistema digestivo de grandes mamíferos herbívoros e possivelmente em ambientes aquáticos e terrestres sem oxigênio. Apresentam micélio limitado em extensão e compacto. Distribuição mundial. Blastocladiomycota - são organismos semelhantes aos quitrídios, apresentando como característica distintiva uma capa nuclear nos zoosporos. São sapróbios, parasitas de vegetais, animais invertebrados e fungos. Habitam ambientes terrestres e aquático. - Classe: Sufixo MYCETES Por não ter um outro padrão mais claro, esses - Ordem: Sufixo ALES são os sufixos normalmente atribuídos aos - Família: Sufixo ACEAE diferentes níveis taxonômicos Morfologia de estruturas somáticas Os fungos são organismos eucarióticos (uni ou pluricelulares) e heterotróficos. Sua alimentação é feita por absorção de nutrientes que são digeridos externamente por enzimas liberadas por eles. Quanto a nutrição, são divididos em: 4 SAPRÓBIOS Se nutrem de matéria orgânica em decomposição ou dejetos. PARASITAS Nutrição e crescimento em organismos, cuja relação é benéfica somente para o fungo, causando perdas para o hospedeiro. COMENSAIS Nutrição e crescimento em organismos, cuja relação é benéfica somente para o fungo, mas não necessariamente causa danos ao hospedeiro. SIMBIONTES Nutrição e crescimento em organismos, cuja relação é benéfica para ambos os lados. sua estrutura básica consiste em membrana plasmática rica em ergosterol, organelas (complexo de Golgi, reticulo endoplasmático, núcleo e mitocôndrias), parede celular (quitina, glicogênio). De acordo com a sua estrutura podem ser divididos em fungos filamentosos e leveduras, cujas principais características são: FUNGOS FILAMENTOSO LEVEDURAS Hifas Sim (septada ou cenocítica) às vezes (pseudohífas) Micélio Sim a própria levedura Coloração Hialina (mucedínea) ou escura (demácia) - Quantidade de células Uni ou multicelular unicelular Aspecto macroscópico (colônias) Aveludadas ou algodoadas pastosas ou mucoides Possuem regiões vegetativas e reprodutoras. Alguns são dimórficos (fase micelial e leveduriforme). Os fungos filamentosos podem formar estruturas especializadas como rizóide (“raiz”), estolão, pletênquima (“tecido” /estroma). 2. MORFOLOGIA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DOS FUNGOS Os fungos possuem reprodução assexuada e sexuada, as quais são chamadas de telemorfa e anamorfa, respectivamente. Alguns deles também podem apresentar as duas formas de reprodução. 5 A principal forma de reprodução consiste na formação de esporos/conídios; na reprodução sexuada ocorre meiose e fusão de dois núcleos compatíveis e na assexuada somente mitose. A reprodução pode ser vegetativa e ocorrer a partir de estruturas não especializadas como: FUNGOS FILAMENTOSOS LEVEDURAS Fragmentação do micélio - formação de artrósporo (esporo). Fissão nuclear – formação de duas células filhas de tamanhos iguais. Clamidosporo - Por condensação citoplasmática e espessamento de células vegetativas (estrutura de resistência). Brotamento – formação de um ou vários blastoporos (esporo), os quais são denominados de uni, bi ou multipolares, também pode ocorrer as pseudohifas. Na reprodução assexuada espórica existem estruturas (esporóforos) especializadas na produção de esporos: - Esporagiósporo: este esporo é formado no interior (endósporos) de uma estrutura chamada de esporângio, o qual é sustentado pelo esporangióforo (esporóforo). - Conídios: este tipo de esporo é formado na parte externa (ectósporos) do conidiórofo (esporóforo), o qual pode variar em formato, dependendo da espécie. Sendo assim, existem as seguintes formas de conidióforos: a) capitado b) ramificado c) simples 6 Na reprodução sexuada ocorre um ciclo com etapas de plasmogamia, cariogamia e meiose; também ocorre a formação de esporos sexuados. Durante seu ciclo sexual os fungos podem ser classificados como homotálicos (autofértil) ou heterotálicos. Isso ocorre de acordo com a presença de gametângios masculinos e femininos em um único indivíduo ou em distintos, respectivamente. O processo de fertilização pode ser: - Planogamético: união de gametas sexuais móveis (plasnosporo). - Gametangial: fusão de gametângios (zigosporo). - Contato gametangial: união de gametângios e transferência de núcleos. - Espermatização: o gameta feminino permanece no talo (micélio) e o masculino se desprende, aderindo ao feminino. - Somatogamia: contato entre hifas vegetativas (somáticas). Tipos de esporos sexuais: - Oosporo. - zigosporo (fusão de gamentângios). - Ascosporo. - Basidiosporo. Os esporos originados a partir da reprodução sexuada também apresentam estruturas produtoras de esporos especializadas: - Ascosporos: esses esporos têm como principal característica a formação endógena. Nesse caso, são formados dentro de estruturas chamadas de ascos, os quais podem ou não estar dentro de estruturas maiores denominadas ascomas. Esses são classificados como cleistotécio, peritécio, ascostroma e apotécio. Sinêmio 7 a) Cleistotécio b) Peritécio c) Apotéciod) Ascostroma - Basidiosporo: é um esporo produzido externamente e originado a partir de células esporogênicas (basídios), as quais geralmente compõem uma estrutura reprodutiva macroscópica (basidiomas). 3. FISIOLOGIA DOS FUNGOS Temperatura A maioria prefere temperaturas de 25º a 30º C (Alguns fungos são isolados do estado parasitário a 37º C). Termófilos: 40º a 50º C; Mesófilos: 20º a 40º C; Psicrófilos: 0º a 20º C. Umidade Ambientes com alta humidade favorece o crescimento pH As leveduras crescem em variações de pH Em suma, o pH ótimo é o neutro. 8 entre 2,5 e 8,5 e os bolores entre 1,5 e 11. Luminosidade Não é essencial para o seu crescimento. Em certos casos pode atuar como fungicida. cromogenia Fungos que produzem algum tipo de pigmento. Cromóparos: que produzem pigmento difusivos no meio; Cromóforos: que produzem pigmentos permanentes no micélio e nos esporos. Nutrição Elementos essenciais: H, O, C e N; Necessários em menor quantidade: P, S, Mg, Fe, Zn, Cu, Mb; Vitaminas/fatores de crescimento: tiamina, Biotina, piridoxina, riboflavina (essenciais, estimulantes, condicionais). Esses nutrientes direcionam para o crescimento celular (fases, lag, log, estacionária e de morte celular). Como ocorre a digestão? Através da ação enzimática externa (Glicidases, sacarases, maltases, proteases, peptidases, fosfatases etc.), por meio da concentração de açúcar no seu interior e o desequilíbrio de pressão osmótica que “puxa” água e nutrientes. Nas leveduras o aumento da entrada de água favorece a formação de brotos e nos fungos filamentosos o crescimento apical. Respiração O O2 é de vital importância para os processos metabólicos. Assim, na grande maioria das espécies, não há crescimento na sua ausência. Por isso, ocorre predomínio da respiração aeróbia; a anaeróbia só ocorre quando no meio, as condições são de anaerobiose. Poucas espécies são anaeróbias obrigatórias. Geralmente o produto da respiração anaeróbia ou fermentação, pode ser álcool etílico ou ácido lático. 4. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA MÉDICA: 4.1. Micoses superficiais No homem, os fungos podem desempenhar o papel de parasitos obrigatórios, facultativos ou ocasionais e, conforme seu poder invasor e virulência, determinam processos mórbidos de intensidade e gravidade variáveis. 9 Classificação das micoses: Micotoxicoses Causada pela ingestão de alimentos contaminados (geralmente sementes) por fungos microscópicos, que produzem micotoxinas (ex.: aflatoxina, ocratroxina, citrinina...) Micetismo Ingestão de macromicetos (cogumelos) tóxicos. Alergias micóticas (ex.: asma e rinite) Causadas por metabólitos voláteis produzidos por fungos. Colonização intracavitária Colonização das cavidades pré- existentes. Micoses Infecção causada pelo parasitismo dos fungos. Míscides ou IDES (dermatofitides e candidides) Reações de hipersensibilidade a distância. As micoses superficiais propriamente ditas pertencem ao grupo das ceratofitoses: É uma doença que ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais, podendo aparecer em pessoas saudáveis, visto que o fungo está comumente presente na pele. É causada por fungos Malassezia spp., os quais são leveduras esféricas ou ovais e lipofílicas (podem estar misturadas a hifas curtas). A infecção humana parece resultar da transferência direta ou indireta de material queratínico de uma pessoa a outra. As condições que produzem a mudança para o estágio parasitário ainda não são evidentes, mas os climas quentes e úmidos, o meio sócio-econômico, falta de asseio, desequilíbrios orgânicos provocados por doenças agravadas pelo tratamento mal orientado (antibioticoterapia, corticoterapia) e, sobretudo, a seborreia, constituem as principais características para a infecção. As características clínicas incluem pequenas máculas hipo ou hiperpigmentadas, comumente na parte superior do tronco, como braços, tórax, ombros, face e pescoço. O diagnóstico é feito por: - Exame direto: visualização dos elementos fúngicos (hifas curtas/curvas e blastoconídios em cachos) entre lâmina e lamínula, com uma ou duas gotas de lactofenol ou de potassa a 10% ou soda a 20%. Os organismos também fluorescem com uma cor amarelada em exposição à lâmpada de Wood. A cultura não é feita para fins diagnósticos, mesmo porque o cultivo do agente etiológico é difícil. Sabe- se que o parasito exige substâncias oleosas nos meios de cultivo. PITIRÍASE VERSICOLOR 10 O tratamento consiste principalmente no uso tópico de azóis ou xampu com sulfeto de selênio e o itraconazol. É causada pelo fungo Hortaea werneckii, o qual apresenta características morfológicas de hifas demácias, septadas, ramificadas, com artroconídeos – células alongadas com brotamento também estão presentes. A infecção resulta da inoculação traumática do fungo nas camadas superficiais da pele, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. Ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais. (A maioria dos casos ocorre no Oriente e no Brasil). As características clínicas incluem máculas isoladas, irregulares, pigmentadas (castanha a negra). O diagnóstico laboratorial é feito pelo exame microscópico das escamas de pele em KOH a 10% ou 20%. As hifas pigmentadas e formas de levedura são confinadas às camadas externas do extrato córneo e facilmente detectadas em cortes corados por H&E. A cultura em meio de Sabouraud se faz com facilidade; as colônias aparecem como pontos negros e brilhantes, como se fossem leveduras negras. O tratamento é feito por terapia tópica, incluindo pomada de Whitfield, cremes com azóis e terbinafina. TINEA NIGRA: 11 É uma tricomicose nodular, cuja infecção é causada por fungos leveduriformes do gênero Trichosporon, apresenta características de hifas, artroconídios e blastoconídios. A infecção ocorre geralmente pela falta de higiene. Principalmente em regiões de clima temperado e tropical úmido. As características clínicas incluem a presença de nódulos brancos nos pelos da região inguinal. O diagnóstico laboratorial é feito pelo semeio dos pelos em meio micológico, entre 48 e 72 horas de incubação em temperatura ambiente. O resultado é a formação de colônias de coloração creme, secas e enrugadas. Todos os nódulos são constituídos por uma quantidade enorme de elementos com formas variadas, sejam elas arredondadas, quadrangulares, blastoconídios e artroconídios. Em alguns casos, é possível observar hifas septadas, irradiando-se das margens dos nódulos. O tratamento é feito pelo uso de azóis tópicos; contudo, a melhora da higiene e a depilação dos pelos infectados também são eficazes e, em geral, refutam a necessidade de tratamento clínico. Afeta os pelos, principalmente do couro cabeludo. O agente causal é o Piedraia hortae. O organismo cresce como fungo filamentoso pigmentado (castanho a negro-avermelhado). Os ascos e os ascósporos são produzidos dentro da massa de hifas endurecida que fica ao redor do pelo. A infecção está relacionada com alguns hábitos de higiene e ocorre principalmente em áreas tropicais como América latina e África central. As características clínicas incluem a presença de pequenos nódulos escuros ao redor dos fios de cabelo. O diagnóstico é feito pelo exame do nódulo, o qual revela hifas ramificadas e pigmentadas presas por uma substância semelhante a cimento. O P. hortae pode ser cultivada em meio micológico de rotina, nos quais apresenta ascos contendo ascósporos fusiformes; o crescimento muito lento pode ser observado a 25 °C e inicia como uma colônia leveduriforme,tornando-se mais tarde aveludada com hifas de coloração escura/preto-esverdeada, podendo ser elevada ou achatada na parte central. PIEDRA BRANCA PIEDRA PRETA 12 O tratamento é facilmente realizado por meio do corte de cabelo e lavagens regulares apropriadas. 4.2. Micoses cutâneas e subcutâneas As micoses cutâneas também podem ser classificadas como dermatofitoses ou tinhas. As principais características são lesões de contorno arredondado que podem surgir em qualquer parte do corpo, mas as vezes são características de certas regiões (ex.: micose “pé-de-atleta”). As diferentes micoses apresentam caraterísticas variadas, mas um ponto em comum é a presença de macroconídios pluricelulares nas culturas. Os dermatofítos são queratinofílicos. Os principais agentes dermatófitos são: Gêneros Espécies (Atropofílicos *) Trichophyton (principal) - T. mentagrophytes - T. rubrum* - T. tonsurans* - T. violaceum* - T. schoenleini - T. concentricum* e outros. Microsporum - M. audouinii * - M. canis (zoofílico) - M. gypseum (geofílico) e outros. Epidermophyton - E. floccosum* (espécie única, com várias denominações como E. cruris, E. inguinale). 13 Tais agentes, de acordo com os locais “de origem”, são classificados como Atropofílicos (humanos), Zoofílicos (animais) e Geofílicos (do solo). * Quanto mais adaptado ao parasitismo humano está o agente etiológico, mais rebelde se mostra à medicação tópica. Além disso, os fungos Antropofílicos são também chamados de endógenos e os zoofílicos e os geofílicos de exogênos. Os agentes zoofílicos e principalmente os geofílicos costumam causar infecções inflamatórias e/ou exsudativas, pois seus metabólitos conseguem passar da epiderme, ou seja, indicando que tais reações são de hipersensibilidade (elas costumam ser mais fáceis de tratar). As dermatofitoses são classificadas em dois grandes grupos: - tinea corporis afetam o corpo - tinea capitis afetam o couro cabeludo As principais micoses cutâneas são: Afeta os pés (espações interdigitais ao planar). As características clínicas incluem presença de fissura cercada de lesões escamosas, hiperqueratose ou aspectos vesiculosos (quando há inflamação, podem estar envolvidos agentes zoofílicos e/ou infecção bacteriana secundária). Os agentes mais comuns são o Trichophyton rubrum e o Trichophyton mentagrophytes. Manifesta-se por uma lesão avermelhada de bordas circinadas, quase sempre vesiculosa. Ela pode se estender por vários centímetros para a região crural, para o púbis, abdome e região glútea. É muito pruriginosa, como as tineas corporis em geral. TINEA PEDIS TINEA CRURIS 14 São raras entre nós. Além da pele do rosto, atingem também os pelos. Os agentes parasitários são geralmente zoofílicos, por isso deve-se esperar uma cura relativamente fácil. Ocorre quando os dermatófitos atacam as unhas por cima, pelos cantos das bordas livres e de cima para baixo. Assim, as unhas muito parasitadas se soltam com facilidade, perdem seu brilho característico, tornando-se opacas ou mesmo leitosas. O dermatófito responsável é o Trichophyton mentagrophytes. Escamas grandes, papiráceas, dispostas sobre toda a superfície das placas em círculos concêntricos, com uma das bordas presa à pele. Causa prurido intenso. Seu agente etiológico é o Trichophyton concentricum. Afeta o couro cabeludo, mas o cabelo é pouco afetado (poucas hifas em seu interior). Desenvolvem-se crostas em formato de cratera de vulcão na pele (godet fávico), essas lesões são muito ricas em parasitos, os quais são capazes de invadir o bulbo capilar e destruir permanentemente o crescimento dos fios. Ocorre principalmente em lugares de clima frio e tem como agente etiológico o Trichophyton schoenleini. TINEA BARBAE TINEA UNGUIUM – ONICOMICOSE DERMATOFÍTICA TINEA IMBRICATA (CHIMBERÊ) TINHAS FÁVICAS - CROSTOSA 15 São lesões situadas na perna (quase sempre unilateral) sobre um fundo eritematoso com bordas de limites imprecisos, lembrando vagamente lesão circinada. Geralmente causam prurido moderado ou ausente. Também pode-se observar presença constante de escamas secas, às vezes, sob a forma de “colarete epidérmica”. Quanto a textura da lesão, ocorrem foliculites, nódulos firmes e zonas de hipodermite. Na grande maioria das vezes, o parasito isolado é o T. rubrum, o qual invade a derma pelo caminho dos folículos pilosos. Normalmente a infecção é estabelecida por conta da deficiência no mecanismo de defesa imunitária; o organismo aceita passivamente o fungo que se comporta como verdadeiro corpo estranho. Além disso, as reações de hipersensibilidade cutânea são fracas ou ausentes, de modo que o teste intradérmico pela tricofitina quase não auxilia o diagnóstico. São as reações de sensibilidade cutânea aos fungos, elas podem ser denominadas de acordo com o agente causador, como por exemplo: tricofítides, epidermofítides e microspórides. As principais características das lesões são que elas não apresentam parasito, pois o foco séptico estar em outro ponto do organismo, seja ele próximo ou distânte; há sensibilidade a intradermorreação pela tricofitina; e apresentam-se eczematosas e liquenóides. É uma infecção própria da infância (inibida pela ação de hormônios sexuais), a qual parasita diretamente os cabelos e causa o enfraquecimento dos fios. Nesse caso, as formas de parasitismo podem ocorrer pela formação de placas endotrix (Trichophyton - antropofílico) ou endo-ectotriz (Microsporum – zoofílico). DERMATOFÍCIAS PROFUNDAS DERMATOMÍCIDES TINHAS TONSURANTES 16 O Diagnóstico dessas micoses pode ser feito por: - Exame direto: Amostras (fragmento de unhas, pelo [...]); Lâmina e lamínula + líquido apropriado; observação se longas hifas septadas, hialinas, ramificadas e artrosporadas. - Cultura: O crescimento é muito lento, nunca anterior a uma semana, às vezes, leva mais de 30 dias para que haja um pequeno ponto de desenvolvimento. Geralmente são colônias granulosas (muitos macroconídeos, microconídios, hifas espiraladas, clamidósporos), algodoadas e glabras. - Exame de hipersensibilidade (tricofitina). * Os macroconídios plurisseptados/closterosporos podem indicar o gênero do agente etiológico: Macroconídio alongado (Trichophyton) Macroconídio fusiforme (Microsporum) Macroconídio em raquete/ clava (Epidermophyton) As principais micoses subcutâneas são: Infecção crônica/micose gomosa, se apresenta na pele como sendo neolinfática-nodular, mas pode se estender para as mucosas, as vísceras, aos ossos e ao sistema nervoso central. O agente etiológico (no Brasil) é o Sporothrix brasiliensis, o qual apresenta como habitat o solo, os troncos de árvores umedecidos, plantas silvestres, grãos de cereais e outros diversos vegetais. Também afeta cães, gatos, roedores, cervos e aves, as quais podem transmitir a infecção. Ocorre principalmente em indivíduos que trabalham como floristas, lenhadores, manipuladores de palha, profissionais que lidam com animais, cozinheiros, caçadores etc. ESPOROTRICOSE: 17 As principais características clínicas é a formação de lesão ulcerada (cancro esporotricótico) nas extremidades dos membros superiores, as quais não se cicatrizam facilmente, seguida do aparecimento sucessivo de nódulos ao longo dos vasos linfáticos, que quais ficam endurecidos e podem dar origem a várias outras lesões que drenam pus (lesão gomosa característica). Quando a infecção ultrapassa os gânglios linfáticos axilares e inguinais, ocorre generalização da esporotricose para o corpo todo. A infecçãopode iniciar-se em outros pontos extrategumentares, como as mucosas (faringite, laringite, conjuntivite), os pulmões e no sistema nervoso central. A infecção pode ser localizada (ósteo-articular, pulmonar, ocular, genito-urinário e meningo-encefálica) ou disseminada. O diagnóstico pode ser feito por: - Exame direto (lâminas): presença de hifas hialinas, septadas e conídios em forma de margarida/fase leveduriforme. - Cultura em meio Sabouraud: Colônias brancas amareladas e então pretas. - Histopatologia: demonstra células ovaladas e gemulantes características. Além da formação de granulomas esporotricótico. O tratamento iodeto de potássio para a via oral, e iodeto de sódio para a via endovenosa. A dosagem é a mais alta que o doente pode suportar, começando com um grama, depois subindo aos poucos de acordo com a gravidade dos casos. 18 É uma infecção que pode se apresentar dermatologicamente como papular, nodular e verrugosa O agente etiológico mais frequente é o Fonsecaea pedrosoi, o qual é isolado de humanos, mas também já foi encontrado no solo. Outras espécies causadoras estão presentes principalmente no meio vegetal. O fungo pode atingir animais como ratos, cães, macacos, rãs e pombos. A ocorrência é universal, mas ocorre preferencialmente em regiões tropicais e subtropicais. Atingindo na maioria das vezes indivíduos do campo. As principais características clínicas ocorrem após a lesão do tegumento cutâneo. No caso das lesões iniciais, a primeira manifestação é simples, apresentando-se como pápula pruriginosa ou elevação verrugosa (principalmente nos membros inferiores). Quando ocorre propagação por via linfática as lesões se sucedem por anos e mostram-se variadas (nodular, verrugosa, em placas, cicatricial etc.), podendo atingir volumes consideráveis, causando bloqueio linfático e incapacidade funcional. Além disso, pode ocorrer supuração, hemorragias e dor (às vezes podem atingir as mucosas). O diagnóstico é feito por: - Exame direto (lâmina, lamínula e lactofenol): busca das formas parasitárias presentes nas lesões (arredondadas, coloração castanha, septos, sem formação gemulante e reprodução por divisão direta). - Cultura: apresenta-se com o anverso verde-escuro e o reverso negro. As estruturas reprodutivas microscópicas presente podem ser do tipo (1) Phialophora (forma de taça/ fiálide com conídios aglomerados), (2) Cladospório (célula alongada com três CROMOBLASTOMICOSE 19 ou mais disjuntores na extremidade) e (3) Rinocladiela (célula alongada com conídios distribuídos em toda a volta). - Histopatologia: indica a presença da estrutura castanha - a mesma do exame a fresco - hiperqueratose, micro-abcessos e células gigantes de Langhans. É uma doença granulomatosa, caracterizada pela produção de pólipos e outras manifestações de hiperplasia das mucosas, principalmente nasal. O agente etiológico e o Rhinosporidium seeberi (atualmente não é considerado fungo). habita as águas dos rios ou pântanos (o hospeiro pode ser um peixe ou algum animal que infecta as águas). Também pode infectar equídeos. É de distribuição universal Ocorre pela penetração do parasito nos orifícios naturais do corpo humano, como as fossas nasais e as conjuntivas oculares, os ouvidos, a vagina, o reto e o pênis As principais características clínicas são as lesões em forma de pequenos pólipos que logo se transformam em massas tumorais, de superfície avermelhada. O parasito pode disseminar-se por via sanguínea e linfática. Um dos maiores perigos da rinosporidiose é a invasão tumoral para a rinofaringe e traquéia, acarretando sérios distúrbios respiratórios. O diagnóstico é feito por: - Exame direto: (pontos amarelados das lesões) mostram parasitos em forma arredondada, com parede e citoplasma, repleto de endósporos (trofozoítas). - Histologia: o tecido revela uma reação inflamatória crônica, com predominância de neutrófilos, células plasmáticas e linfócitos. Microabscessos são observados casualmente. O tratamento é cirúrgico (remoção do pólipo). É uma infecção crônica granulomatosa, cutânea, raramente com reação linfática, sem disseminação visceral. O agente etiológico é antropofílico e prefere ambientes em que a temperatura média anual seja superior a 24 graus e a pluviometria acima de 2000 mm (Amazônia). A virulência do parasito é muito baixa. RINOSPORIDIOSE BLASTOMICOSE QUELOIDIANA 20 As principais características clínicas são as lesões de aspecto queloidiforme, podendo se apresentar ulcerosaa, esporotricóidea, cicatricial etc. As informações sobre seu início são vagas (Referem várias causas). O parasito localiza-se no derma, na qual provoca forte reação histiocitária (grande quantidade de nódulos), que comprime e adelgaça a epiderme, tornando a região muito vulnerável a traumatismos. O diagnóstico pode ser feito por: - Exame direto (amostras das formas queilodianas): mostra parasitos sob formas arredondada, membrana muito espessa, tendo sítios ligados uns aos outros com aspectos catenulares/formação tubular, o que empresta à gemulação deste parasito uma feição muito particular de cadeia de 3 a 10 formas parasitas. - Cultura: ocorre com dificuldade devido o isolamento do parasito. Sendo assim, a cultura é sempre considerada negativa. - Histopatologia: nota-se a epiderme delgada e células gigantes, as quais estão presentes no centro da lesão, já na periferia estão os histiócitos. Além disso, há também fibroblastos e fibras de colágeno (mais abundante nos casos mais). O único tratamento usado é a remoção cirúrgica das lesões e a correção plástica, quando impossível. 21 4.3. Micoses sistêmicas É uma granulomatose blastomicóide, cuja infecção ocorre a partir da inalação de esporos. O agente etiológico é o Paracoccidioides brasiliensis, o qual existe no reino vegeta e no solo (pode existem também reservatórios animais). A doença ocorre essencialmente na américa do sul coincidindo com regiões de grandes lavouras ou em zonas de florestas tropicais e subtropicais, de clima úmido ou muito úmido. As principais manifestações clínicas ocorrem primeiramente no tecido pulmonar, sendo possível a disseminação do parasito (componentes linfático/hematogênico). Esse processo pode originar lesões ulcerosas nas supra- renais (Mal de Addison), intestino (comprometimento ganglionar e formação de massas tumorais), nos ossos (costela, vértebras, clavículas e ossos do crânio) e em muitos outros órgãos do corpo. A infecção pode ser superficial ou visceral e apresentar variadas formas clínicas. A apresentação clássica é a estomatite moriforme). O processo curativo se faz por fibrose, a qual pode originar retrações e atresias nos órgãos afetados. O sistema imunológico do indivíduo afetado é que dita a forma clínica ou a gravidade da manifestação (micose-doença). O diagnóstico pode ser feito por: - Exame direto: presença de estruturas arredondadas e parede birrefringente ou duplo contorno e multigemulação/criptosporulação. PARACOCCIDIOIDOMICOSE 22 - Histopatologia: granuloma poliforme, com células epitelioides, células gigantes, infiltrados plasmocitários e pequenos focos de supuração. - Exame radiológico: é importante nas lesões pulmonares, intestinais e nas formas ósseas. - Prova imunológica de hipersensibilidade: o prognóstico é tanto melhor quanto mais sensível for o paciente ao teste intradérmico e quanto mais baixo o título da reação da fixação do complemento, e vice-versa. O tratamento é feito com sulfa e anfotericina B. Atualmente no tratamento são utilizados os derivados imidozólicos, cetoconazol e itraconazol, com bom resultado É uma micose primariamentepulmonar (benigna), que raramente evolui para as formas disseminadas graves, caracterizadas como retículo-endotelial, mas pode ser primária intestinal, quando ocorre ingestão de água ou alimentos poluídos. O agente etiológico é o Histoplasma capsulatum, o qual encontra-se principalmente nos solos (estrume) onde há criação ou é habitat de aves. É uma infecção universal e pode ocorrer a partir do aparelho respiratório, digestivo e cutâneo. As principais características clínicas normalmente seguem curso assintomático ou de um resfriado comum, mas pode assumir aspectos de gravidade variável, simulando um quadro de tuberculose ou de qualquer pneumopatia conhecida (em geral há cura com resíduos de nódulos calcificados e reação de hipersensibilidade positiva para histoplasmina). Além de se disseminar preferencialmente para os órgãos ricos de células do sistema retículo endotelial, como o fígado, baço, supra-renais, gânglios linfáticos, medula óssea, membranas, mucosas da boca, causando sintomas como febre, anemia, perda de peso e linfadenopatia generalizada. Pode observa- se disseminação para a região cutânea da face, pescoço e tórax. O diagnóstico pode ser feito por: - Cultura (o fungo é dimórfico): apresenta um micélio a princípio, branco e sedoso e quanto mais velha a colônia, toma uma coloração mais escura e granulosa (aspecto que corresponde à intensa esporulação do fungo). Os esporos são de dois tipos, pequenos, sésseis ou pedunculados, e maiores, denominados macroconídios (clamidosporos) tuberculados ou mamilonados, em vista da superfície eriçada de projeções ou de saliências. HISTOPLASMOSE 23 -Histopatologia: nota-se, muito histiócitos, granulomas e invasão de células SER pelo H. capsulatum. - Imunologia: ocorre os testes intradérmicos pela histoplasmina (antígeno de H. capsulatum a positividade indica infecção presente ou passada) e sorológicos pela fixação do complemento (o antígeno da fase levediforme, muito sensitivos, mas pouco específico), quanto mais grave o paciente, tanto mais alto o título da reação, e vice-versa. É uma infecção benigna, quando atinge somente os pulmões, mas maligna quando se dissemina e atinge outros tecidos (negros e filipinos). O agente etiológico e o Coccidioides immitis, o qual habita o solo de regiões áridas ou semi-áridas do oeste americano (estadonidense) e algumas zonas mexicanas. As principais características clínicas ocorrem pela inalação de esporos nas zonas endêmicas. Pode ser uma infecção assintomática ou manifestar-se por uma afecção respiratória comum, após período de incubação de 7 a 28 dias. A disseminação pode desencadear formação de lesões residuais parecidas com a da tuberculose, mas com presença de parasitos. Na manifestação cutânea, que é secundária, são visualizados os eritemas danosos e multiformes (localiza-se geralmente a tíbia, próximo ao joelho, ou nas coxas; tem a forma de nódulos avermelhados com alguns milímetros, até alguns centímetros de diâmetro. O eritema multiforme localiza-se acima das coxas, tronco, membros superiores, face e pescoço, sob a forma de máculas, pápulas, nódulos e vesículas). O diagnóstico é feito por - Exame direto: formas arredondadas, com paredes espessas e endósporos (às vezes hifas). - Cultura: há micélio septado, artrósporos e clamidósporos. COCCIDIOIDOMICOSE 24 - Histopatologia: como nas demais micoses, o achado do parasito é o principal elemento de diagnóstico. - Imunologia: as melhores conclusões destas provas são resultado das provas intradérmicas e reação da fixação do complemento. Quanto mais acentuada a reação intradérmica e mais fraca a titulagem da fixação do complemento, melhor o prognóstico. O tratamento, como vimos, somente uma pequena porcentagem dos casos assume aspectos graves e mortais. Quanto ao tratamento, a anfotericina B, embora tenha falhado em alguns casos, ainda é a melhor esperança no tratamento médico associado, às vezes, com a cirurgia. 4.4. Micoses oportunistas É uma levedurose (micose superficial produzida por levedura), que atinge tanto a pele como as mucosas (dificilmente torna-se uma candidíase profunda - endocardite). O agente etiológico pertence ao gênero Candida, sobressaindo-se a espécie Candida albicans (mais patogênica). Esse gênero faz parte da microbiota normal dos seres humanos e pode ser encontrado no trato digestório, respiratório (principalmente a C. albicans), tegumento (outras espécies de Candida) e na vagina (C. albicans e C. glabrata). Ela apresenta distribuição universal. CANDIDÍASE 25 As principais características clínicas surgem principalmente quando há fatores inerentes ao próprio paciente, como carência nutricional, intervenções cirúrgicas, utilização de drogados (injetáveis), doenças crônicas (diabetes mellitus e a AIDS), microtralmatismos na região periungueal, falta de higiene, umidade constante e antibioticoterapia/corticoterapia. Ademais, o local onde se desenvolve a infecção/doença está relacionado com a gravidade do caso, que normalmente são de origem endógena (microbiota normal). Sendo assim, os principais quadros clínicos de candidíase são: a) Candidíase broncopulmonar: aproveita-se de processos patológicos preexistentes; b) Candidíase na cavidade bucal: sapinho, língua negra pilosa, queilites e boqueiras; c) Esofagite; d) Enterite: diagnóstico feito após exclusão cuidadosa de seus agentes habituais, visto que Candida albicans e outras leveduras são constantemente isoladas das fezes; e) Candidíase perianal: prurido; f) Candidíase vulvovaginal: aumento do pH – leucorreia, prurido, disuria, ardência, inflamação e até formação de vesículas; g) Candidíase cutânea (NÃO é causada por Candida albicans): normalmente ocorre nas regiões intertriginosas (atrito), com a presença de lesões húmidas, esbranquiçadas, as quais podem formar pápulas, bolhas [...]; h) Candidíase da unha (Paroníqua): o aspecto clínico da unha alterada já direciona para o diagnóstico de uma levedurose, pois o processo se inicia de baixo para cima (da matriz para a borda livre); i) Candidíase pulmonar: precisa ser suspeitado, afastando-se, primeiramente, outras causas da patologia da árvore respiratória; j) Candidíase do aparelho urinário; k) Candidíase cardíaca: sintomatologia semelhante à da endocardite bacteriana, com menor tendência, todavia, de produzir embolias nas artérias l) Candidíase Meningoencefálica: Sintomatologia semelhante à outras afecções do sistema nervoso central m) Candidíase granulomatosa: n) Levedúrides: São manifestações de hipersensibilidade à distância provocadas por um foco de candidíase. O diagnóstico pode ser feito por: - Exame direto (exsudato das lesões com as formas parasitárias): leveduras com presença de pseudo-hifas – forma parasitária; - Cultura: aspecto cremoso, mole e pastoso; - Histopatologia: tecidos invadidos por pseudohifas e blastosporos; - Identificação rápida: semear o inóculo em soro humano ou clara de ovo (formação de filamentação dos blastoconídeos; O tratamento deve consistir, em primeiro lugar, na remoção dos fatores que condicionam a infecção. A terapêutica medicamentosa varia nos casos de manifestações cutâneas ligeiras ou agudas; processos crônicos arrastados e manifestações viscerais. Entretanto a melhor terapêutica para todas as formas é a Nistatina. 26 É uma infecção levedurótica aguda, subaguda ou crônica, de foco primitivo geralmente pulmonar, podendo disseminar-se, na maioria das vezes, para o sistema nervoso central, mas repercutindo também na pele, mucosas, ossos e vísceras. O agente etiológico é o Cryptococcus neoformans, o qual apresenta distribuição universal, mas é encontrado principalmente em solos contaminados com fezes de aves eassociado a vegetais. A principal via de contaminação é a respiratória (“poeira de fezes”). As principais características clínicas são os sintomas pulmonares, os quais podem ser não aparentes ou pneumônicos na forma aguda/crônica, assemelhando- se aos sintomas clássicos de pneumonia, com lesões que podem ser visualizadas na radiografia (a progressão depende da resposta do organismo infectado, podendo atingir o cérebro, assim como todo território orgânico). Outras formas de apresentação primárias são as cutâneas (na grande maioria das vezes é secundária, com lesões variadas, mas quando primitiva apresenta aspecto cancróide resultado da linfoadenopatia regional) e a digestiva. A forma meningo-encefálica é secundária e resultado da disseminação pulmonar, apresenta-se com quadros de cefaleia que se agrava, vômitos, vertigens aumento da pressão do liquor [...]. O diagnóstico é feito por: - Exame direto (escarro, liquor ou pus): utiliza-se tinta nanquim para visualizar a enorme cápsula de aspecto gelatinoso do parasito; - Cultura: cresce a 37 graus e apresenta parasitos arredondados e encapsulados (cápsula espessa). O Cryptococus neoformans pode ser diferenciado das outras espécies quando se utiliza o meio à base de sementes de girassol (Helianthus annus - meio de niger), mostrando a ação de enzimas (fenoloxidases – produzidas por essas leveduras) em substratos fenólicos, formando pigmentos de cor marrom nas colônias de C. neoformans e C. gattii. - Histopatologia: As formas gemulantes dos parasitos são observadas em grande quantidade, cercadas por abundantes substâncias de aspecto gelatinoso. A pouca reação tissular é característica, sendo aparentemente inibida pela massa gelatinosa polissacarídica inerte (ausência de necrose); CRIPTOCOCOSE 27 O prognóstico é bom nas formas pulmonares que não se disseminam, mas, às vezes, mesmo estas são gravíssimas. As formas cutâneas primárias também são bem controladas. São muito graves as formas nervosas disseminada, coexistentes com doenças primitivas incuráveis. Mas o anfotericina B já recuperou muitos casos de criptococose meningoencefálica. A intervenção cirúrgica torna-se necessária muitas vezes para retirada de massa tumoral, principalmente na fase pulmonar da doença, na tentativa de evitar a perigosa disseminação da infecção. Aspergiloses são micoses produzidas por espécies do gênero Aspergillus. Elas produzem aspectos clínicos variados, desde a maduromicose até as otomicoses, passando pelas formas pulmonares (primitivas ou secundárias que se instalam sobre lesões pulmonares preexistentes). Os agentes etiológicos estão agrupados na família Aspergilaceae, a qual possui 5 gêneros (Aspergillus, Penicillium, Paecylomyces, Pseudallescheria [Allescheria] e Scopulariosis). A distribuição da doença é universal. Porém, as formas pulmonares da infecção predominam nos países de agricultura bem desenvolvida, principalmente de grãos e cereais. São ubíquos (esporos espalhados pelo ar). As principais características clínicas estão relacionadas as infecções oportunistas, principalmente as formas pulmonares (mais comuns, nas quais os aspergilomas (bola fúngica) podem se formar nas cavidades pré-formadas (permanecendo contido) e ocasionar sintomas como hemorragia de repetição e expectoração purulenta ou pode ocorrer invasão do parênquima pulmonar (disseminação), isso inicia processos inflamatórios, granulomatosos, necrótica e supurativos. Os fatores que favorecem a infecção dependem do indivíduo (preexistência de doenças graves, alterações hematológicas sérias, hepatopatias, estados de carências sérios, sequela de tuberculose, abcessos, bronquiectasias e enfisema). Além disso, as Aspergiloses podem ser: a) Cerebrais: sem sintomatologia característica, causada pela disseminação; b) Endorcárdicas, c) Cutâneas: são raras, apresentam linfoadenopatia cervical; d) Auditivas; e) Oculares; f) Ósseas; g) Disseminadas; ASPERGILOSE 28 O diagnóstico pode ser feito por: - Exame direto (escarro, cerumem do ouvido, exsudato ocular, pus de lesões gomosas): hifas septadas, hialinas e ramificadas (não é possível afirmar o gênero causador da micose). Em alguns casos de expectoração e quase sempre em cerume de ouvido e possível visualizar os conidióforos. - Cultura: O cultivo do material, no meio de Sabouraud, revelará não somente o gênero, como quase sempre, a espécie causadora da infecção. - Histopatologia: O habitual é encontrar hifas septadas e ramificadas. - Prova sorológica: pesquisa de precipitinas séricas, realizada em precipitação em gelose. - Exame radiográfico: para as formas pulmonares; mostra grandes imagens circulares características dos aspergilomas intracavitários. * O diagnóstico baseia-se principalmente na: 1- Cultura repetidamente positiva 2- Aspecto radiográfico das lesões (pulmonares) 3- Prova de precipitina. O prognóstico depende muito das formas clínicas e, no caso de associação com doença primitiva grave, o prognóstico é muito sério. Nesse caso, é benigno, por exemplo, numa forma alérgica pulmonar e grave na forma cerebral. Nos aspergilomas, com pouco ou nenhum contato com as paredes, ao contrário das formas invasivas parenquimatosas, temos o recurso da ressecção cirúrgica. Considerando as formas pulmonares, podemos resumir, dizendo que, segundo as formas clínicas, a terapêutica poderá seguir 3 direções principais. No caso da aspergilose (aspergilomas) é indicado a remoção cirúrgica. Refere-se, apenas, a um grupo de Zigomicoses produzidas por fungos da ordem Mucorales, a maioria associada a estados mórbidos preexistentes, de prognóstico sério. O agente etiológico mais comum pertence ao gênero Rhizopus, em seguida Mucor, Absidia (Lichtheimia) e Mortierella. Encontram-se nos substratos mais variados e são de distribuição geográfica universal. A infecção pode ocorrer por via rino- órbito-ocular, atingindo os órgãos por vias direta ou circulatória. MURCOMICOSES 29 As principais características da infecção é a presença da forma vegetativa normal de hifas. Seu crescimento é puramente vegetativo, não necessitando de outra forma de reprodução para estender seu poder invasivo. Podem ocorrer doenças cerebrais, gástricas, intestinais e generalizadas. As principais lesões ocorrem muito mais por ação mecânica do que toxêmica (crescimento vegetativo das hifas e poder invasivo para diversos órgãos) O diagnóstico é complexo, a não ser em casos pulmonares de lesões abertas, em que as hifas cenocíticas drenam pelos brônquios. É difícil o diagnóstico pelo achado direto do parasito ou até mesmo em cultura no meio de Sabouraud. Sendo assim, só se pode fazer o diagnóstico pelo exame histopatológico de peças cirúrgicas, ou biópsias (observação das hifas espessas, cenocíticas, ramificadas, ou pelo cultivo de fragmentos dessas peças no meio de Sabouraud. As murcomicoses são de prognóstico grave, embora haja comunicação de cura em alguns casos, por anfotericina B. O sucesso terapêutico dependerá de um diagnóstico precoce e possibilidade do controle terapêutico da doença primária. 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FUNGOS 2. MORFOLOGIA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DOS FUNGOS 3. FISIOLOGIA DOS FUNGOS 4. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA MÉDICA: 4.1. Micoses superficiais 4.2. Micoses cutâneas e subcutâneas 4.3. Micoses sistêmicas 4.4. Micoses oportunistas
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