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Micologia Básica: Estrutura e Reprodução de Fungos

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Resumo de Micologia 
 básica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FUNGOS .......................................................... 3 
2. MORFOLOGIA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DOS FUNGOS ......................... 4 
3. FISIOLOGIA DOS FUNGOS ................................................................................... 7 
4. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA MÉDICA: ............................................................. 8 
4.1. Micoses superficiais .......................................................................................... 8 
4.2. Micoses cutâneas e subcutâneas ................................................................ 12 
4.3. Micoses sistêmicas ......................................................................................... 21 
4.4. Micoses oportunistas ...................................................................................... 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FUNGOS 
 
 O enquadramento taxonômico dos fungos é regido pelo Código Internacional 
de Nomenclatura Botânica, sendo os níveis gerais classificados como: 
- Domínio: Eukarya 
- Reino: Fungi 
- Filos: 
 Ascomycota – Incluem fungos unicelulares (leveduras) e filamentosos com micélio 
septado. São formadores de esporos sexuados denominados de ascosporos. 
Representam o estágio teleomorfo de várias espécies patogênicas (cerca de 80% 
dos fungos de importância médica se encontram nesse filo). 
 
Basidiomycota - Inclui leveduras e fungos de micélio septado cuja principal 
característica é a formação de basidiosporos (esporos sexuados). 
 
Glomeromycota - Filo que abriga as endomicorrizas, antes classificadas como 
zigomicetos. 
 
Microsporidia - São organismos eucariontes sem mitocôndria e flagelo desconhecido. 
Parasitas obrigatórios de todos os grupos de animais e comumente atacam peixes e 
insetos. Foram incluídos no Reino FUNGI, após estudos filogenéticos, embora a 
relação com o reino Fungi não esteja bem esclarecida. 
 
Chytridiomycota - este filo apresenta fungos unicelulares e filamentosos com micélio 
cenocítico, com formação de zoosporos e gametas móveis. 
 
Neocallimastigomycota - fungos anaeróbios encontrados no sistema digestivo de 
grandes mamíferos herbívoros e possivelmente em ambientes aquáticos e terrestres 
sem oxigênio. Apresentam micélio limitado em extensão e compacto. Distribuição 
mundial. 
 
Blastocladiomycota - são organismos semelhantes aos quitrídios, apresentando como 
característica distintiva uma capa nuclear nos zoosporos. São sapróbios, parasitas de 
vegetais, animais invertebrados e fungos. Habitam ambientes terrestres e aquático. 
 
- Classe: Sufixo MYCETES Por não ter um outro padrão mais claro, esses 
- Ordem: Sufixo ALES são os sufixos normalmente atribuídos aos 
- Família: Sufixo ACEAE diferentes níveis taxonômicos 
 
 
Morfologia de estruturas somáticas 
 Os fungos são organismos eucarióticos (uni ou pluricelulares) e heterotróficos. Sua 
alimentação é feita por absorção de nutrientes que são digeridos externamente por 
enzimas liberadas por eles. 
 
 Quanto a nutrição, são divididos em: 
 
4 
 
SAPRÓBIOS Se nutrem de matéria orgânica em 
decomposição ou dejetos. 
PARASITAS Nutrição e crescimento em 
organismos, cuja relação é benéfica 
somente para o fungo, causando 
perdas para o hospedeiro. 
COMENSAIS Nutrição e crescimento em 
organismos, cuja relação é benéfica 
somente para o fungo, mas não 
necessariamente causa danos ao 
hospedeiro. 
SIMBIONTES Nutrição e crescimento em 
organismos, cuja relação é benéfica 
para ambos os lados. 
 
 sua estrutura básica consiste em membrana plasmática rica em ergosterol, 
organelas (complexo de Golgi, reticulo endoplasmático, núcleo e mitocôndrias), 
parede celular (quitina, glicogênio). 
 
 De acordo com a sua estrutura podem ser divididos em fungos filamentosos e 
leveduras, cujas principais características são: 
 
 FUNGOS FILAMENTOSO LEVEDURAS 
Hifas Sim (septada ou 
cenocítica) 
às vezes (pseudohífas) 
Micélio Sim a própria levedura 
Coloração Hialina (mucedínea) ou 
escura (demácia) 
- 
Quantidade de 
células 
Uni ou multicelular unicelular 
Aspecto 
macroscópico 
(colônias) 
Aveludadas ou 
algodoadas 
pastosas ou mucoides 
 
 Possuem regiões vegetativas e reprodutoras. 
 
 Alguns são dimórficos (fase micelial e leveduriforme). 
 
 Os fungos filamentosos podem formar estruturas especializadas como rizóide 
(“raiz”), estolão, pletênquima (“tecido” /estroma). 
 
 
2. MORFOLOGIA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DOS FUNGOS 
 
 Os fungos possuem reprodução assexuada e sexuada, as quais são chamadas 
de telemorfa e anamorfa, respectivamente. Alguns deles também podem apresentar 
as duas formas de reprodução. 
5 
 
 
 A principal forma de reprodução consiste na formação de esporos/conídios; 
na reprodução sexuada ocorre meiose e fusão de dois núcleos compatíveis e na 
assexuada somente mitose. 
 
 
 A reprodução pode ser vegetativa e ocorrer a partir de estruturas não 
especializadas como: 
 
FUNGOS FILAMENTOSOS LEVEDURAS 
Fragmentação do micélio - 
formação de artrósporo (esporo). 
Fissão nuclear – formação de 
duas células filhas de tamanhos 
iguais. 
Clamidosporo - Por condensação 
citoplasmática e espessamento 
de células vegetativas (estrutura 
de resistência). 
Brotamento – formação de um ou 
vários blastoporos (esporo), os 
quais são denominados de uni, bi 
ou multipolares, também pode 
ocorrer as pseudohifas. 
 
 Na reprodução assexuada espórica existem estruturas (esporóforos) 
especializadas na produção de esporos: 
- Esporagiósporo: este esporo é formado no interior (endósporos) de uma estrutura 
chamada de esporângio, o qual é sustentado pelo esporangióforo (esporóforo). 
 
- Conídios: este tipo de esporo é formado na parte externa (ectósporos) do 
conidiórofo (esporóforo), o qual pode variar em formato, dependendo da espécie. 
Sendo assim, existem as seguintes formas de conidióforos: 
 a) capitado b) ramificado c) simples 
 
 
6 
 
 
 
 Na reprodução sexuada ocorre um ciclo com etapas de plasmogamia, 
cariogamia e meiose; também ocorre a formação de esporos sexuados. 
 
 Durante seu ciclo sexual os fungos podem ser classificados como homotálicos 
(autofértil) ou heterotálicos. Isso ocorre de acordo com a presença de gametângios 
masculinos e femininos em um único indivíduo ou em distintos, respectivamente. 
 
 O processo de fertilização pode ser: 
- Planogamético: união de gametas sexuais móveis (plasnosporo). 
- Gametangial: fusão de gametângios (zigosporo). 
- Contato gametangial: união de gametângios e transferência de núcleos. 
- Espermatização: o gameta feminino permanece no talo (micélio) e o 
masculino se desprende, aderindo ao feminino. 
- Somatogamia: contato entre hifas vegetativas (somáticas). 
 
 Tipos de esporos sexuais: 
- Oosporo. 
- zigosporo (fusão de gamentângios). 
- Ascosporo. 
- Basidiosporo. 
 
Os esporos originados a partir da reprodução sexuada também apresentam 
estruturas produtoras de esporos especializadas: 
 
- Ascosporos: esses esporos têm como principal característica a formação 
endógena. Nesse caso, são formados dentro de estruturas chamadas de ascos, os 
quais podem ou não estar dentro de estruturas maiores denominadas ascomas. Esses 
são classificados como cleistotécio, peritécio, ascostroma e apotécio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinêmio 
7 
 
a) Cleistotécio b) Peritécio c) Apotéciod) Ascostroma 
 
 
- Basidiosporo: é um esporo produzido externamente e originado a partir de células 
esporogênicas (basídios), as quais geralmente compõem uma estrutura reprodutiva 
macroscópica (basidiomas). 
 
 
 
 
3. FISIOLOGIA DOS FUNGOS 
 
Temperatura A maioria prefere 
temperaturas de 25º a 
30º C (Alguns fungos 
são isolados do estado 
parasitário a 37º C). 
Termófilos: 40º a 50º C; 
Mesófilos: 20º a 40º C; 
Psicrófilos: 0º a 20º C. 
Umidade Ambientes com alta 
humidade favorece o 
crescimento 
 
pH As leveduras crescem 
em variações de pH 
Em suma, o pH ótimo é o 
neutro. 
8 
 
entre 2,5 e 8,5 e os 
bolores entre 1,5 e 11. 
Luminosidade Não é essencial para o 
seu crescimento. 
Em certos casos pode atuar 
como fungicida. 
cromogenia Fungos que produzem 
algum tipo de 
pigmento. 
 
Cromóparos: que produzem 
pigmento difusivos no meio; 
Cromóforos: que produzem 
pigmentos permanentes no 
micélio e nos esporos. 
Nutrição Elementos essenciais: 
H, O, C e N; 
Necessários em menor 
quantidade: P, S, Mg, 
Fe, Zn, Cu, Mb; 
Vitaminas/fatores de 
crescimento: tiamina, 
Biotina, piridoxina, 
riboflavina (essenciais, 
estimulantes, 
condicionais). Esses 
nutrientes direcionam 
para o crescimento 
celular (fases, lag, log, 
estacionária e de 
morte celular). 
Como ocorre a digestão? 
Através da ação enzimática 
externa (Glicidases, 
sacarases, maltases, 
proteases, peptidases, 
fosfatases etc.), por meio da 
concentração de açúcar no 
seu interior e o desequilíbrio de 
pressão osmótica que “puxa” 
água e nutrientes. Nas 
leveduras o aumento da 
entrada de água favorece a 
formação de brotos e nos 
fungos filamentosos o 
crescimento apical. 
Respiração O O2 é de vital 
importância 
para os processos 
metabólicos. Assim, na 
grande maioria das 
espécies, não há 
crescimento na sua 
ausência. Por isso, 
ocorre predomínio da 
respiração aeróbia; a 
anaeróbia só ocorre 
quando no meio, as 
condições são de 
anaerobiose. 
Poucas espécies são 
anaeróbias obrigatórias. 
Geralmente o produto da 
respiração anaeróbia ou 
fermentação, pode ser álcool 
etílico ou ácido lático. 
 
 
4. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA MÉDICA: 
 
4.1. Micoses superficiais 
 
 No homem, os fungos podem desempenhar o papel de parasitos obrigatórios, 
facultativos ou ocasionais e, conforme seu poder invasor e virulência, determinam 
processos mórbidos de intensidade e gravidade variáveis. 
9 
 
 Classificação das micoses: 
 
Micotoxicoses Causada pela ingestão de alimentos 
contaminados (geralmente 
sementes) por fungos microscópicos, 
que produzem micotoxinas (ex.: 
aflatoxina, ocratroxina, citrinina...) 
Micetismo Ingestão de macromicetos 
(cogumelos) tóxicos. 
Alergias micóticas 
(ex.: asma e rinite) 
Causadas por metabólitos voláteis 
produzidos por fungos. 
Colonização intracavitária Colonização das cavidades pré-
existentes. 
Micoses Infecção causada pelo parasitismo 
dos fungos. 
Míscides ou IDES 
(dermatofitides e candidides) 
Reações de hipersensibilidade a 
distância. 
 
 As micoses superficiais propriamente ditas pertencem ao grupo das 
ceratofitoses: 
 
 
 
É uma doença que ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais, 
podendo aparecer em pessoas saudáveis, visto que o fungo está comumente 
presente na pele. É causada por fungos Malassezia spp., os quais são leveduras 
esféricas ou ovais e lipofílicas (podem estar misturadas a hifas curtas). 
A infecção humana parece resultar da transferência direta ou indireta de 
material queratínico de uma pessoa a outra. As condições que produzem a 
mudança para o estágio parasitário ainda não são evidentes, mas os climas quentes 
e úmidos, o meio sócio-econômico, falta de asseio, desequilíbrios orgânicos 
provocados por doenças agravadas pelo tratamento mal orientado 
(antibioticoterapia, corticoterapia) e, sobretudo, a seborreia, constituem as principais 
características para a infecção. 
As características clínicas incluem pequenas máculas hipo ou 
hiperpigmentadas, comumente na parte superior do tronco, como braços, tórax, 
ombros, face e pescoço. 
O diagnóstico é feito por: 
- Exame direto: visualização dos elementos fúngicos (hifas curtas/curvas e 
blastoconídios em cachos) entre lâmina e lamínula, com uma ou duas gotas de 
lactofenol ou de potassa a 10% ou soda a 20%. Os organismos também fluorescem 
com uma cor amarelada em exposição à lâmpada de Wood. A cultura não é feita 
para fins diagnósticos, mesmo porque o cultivo do agente etiológico é difícil. Sabe-
se que o parasito exige substâncias oleosas nos meios de cultivo. 
PITIRÍASE VERSICOLOR 
 
10 
 
 
 
O tratamento consiste principalmente no uso tópico de azóis ou xampu com sulfeto 
de selênio e o itraconazol. 
 
 
 
É causada pelo fungo Hortaea werneckii, o qual apresenta características 
morfológicas de hifas demácias, septadas, ramificadas, com artroconídeos – células 
alongadas com brotamento também estão presentes. 
A infecção resulta da inoculação traumática do fungo nas camadas 
superficiais da pele, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. 
Ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais. (A maioria dos 
casos ocorre no Oriente e no Brasil). 
As características clínicas incluem máculas isoladas, irregulares, pigmentadas 
(castanha a negra). 
O diagnóstico laboratorial é feito pelo exame microscópico das escamas de 
pele em KOH a 10% ou 20%. As hifas pigmentadas e formas de levedura são 
confinadas às camadas externas do extrato córneo e facilmente detectadas em 
cortes corados por H&E. A cultura em meio de Sabouraud se faz com facilidade; as 
colônias aparecem como pontos negros e brilhantes, como se fossem leveduras 
negras. 
 
 
 
O tratamento é feito por terapia tópica, incluindo pomada de Whitfield, 
cremes com azóis e terbinafina. 
 
 
 
 
TINEA NIGRA: 
 
11 
 
 
 
É uma tricomicose nodular, cuja infecção é causada por fungos 
leveduriformes do gênero Trichosporon, apresenta características de hifas, 
artroconídios e blastoconídios. 
A infecção ocorre geralmente pela falta de higiene. Principalmente em 
regiões de clima temperado e tropical úmido. 
As características clínicas incluem a presença de nódulos brancos nos pelos 
da região inguinal. 
O diagnóstico laboratorial é feito pelo semeio dos pelos em meio micológico, 
entre 48 e 72 horas de incubação em temperatura ambiente. O resultado é a 
formação de colônias de coloração creme, secas e enrugadas. Todos os nódulos são 
constituídos por uma quantidade enorme de elementos com formas variadas, sejam 
elas arredondadas, quadrangulares, blastoconídios e artroconídios. Em alguns casos, 
é possível observar hifas septadas, irradiando-se das margens dos nódulos. 
 
 
 
O tratamento é feito pelo uso de azóis tópicos; contudo, a melhora da higiene 
e a depilação dos pelos infectados também são eficazes e, em geral, refutam a 
necessidade de tratamento clínico. 
 
 
 
Afeta os pelos, principalmente do couro cabeludo. O agente causal é o 
Piedraia hortae. O organismo cresce como fungo filamentoso pigmentado (castanho 
a negro-avermelhado). Os ascos e os ascósporos são produzidos dentro da massa de 
hifas endurecida que fica ao redor do pelo. 
A infecção está relacionada com alguns hábitos de higiene e ocorre 
principalmente em áreas tropicais como América latina e África central. 
As características clínicas incluem a presença de pequenos nódulos escuros 
ao redor dos fios de cabelo. 
O diagnóstico é feito pelo exame do nódulo, o qual revela hifas ramificadas e 
pigmentadas presas por uma substância semelhante a cimento. O P. hortae pode ser 
cultivada em meio micológico de rotina, nos quais apresenta ascos contendo 
ascósporos fusiformes; o crescimento muito lento pode ser observado a 25 °C e inicia 
como uma colônia leveduriforme,tornando-se mais tarde aveludada com hifas de 
coloração escura/preto-esverdeada, podendo ser elevada ou achatada na parte 
central. 
PIEDRA BRANCA 
 
 
 PIEDRA PRETA 
 
 
12 
 
 
 
O tratamento é facilmente realizado por meio do corte de cabelo e lavagens 
regulares apropriadas. 
 
 
4.2. Micoses cutâneas e subcutâneas 
 
 As micoses cutâneas também podem ser classificadas como dermatofitoses 
ou tinhas. 
 
 As principais características são lesões de contorno arredondado que podem 
surgir em qualquer parte do corpo, mas as vezes são características de certas regiões 
(ex.: micose “pé-de-atleta”). 
 
 As diferentes micoses apresentam caraterísticas variadas, mas um ponto em 
comum é a presença de macroconídios pluricelulares nas culturas. 
 
 Os dermatofítos são queratinofílicos. 
 
 Os principais agentes dermatófitos são: 
 
Gêneros Espécies 
(Atropofílicos *) 
Trichophyton 
(principal) 
- T. mentagrophytes 
- T. rubrum* 
- T. tonsurans* 
- T. violaceum* 
- T. schoenleini 
- T. concentricum* e outros. 
Microsporum - M. audouinii * 
- M. canis  (zoofílico) 
- M. gypseum  (geofílico) 
e outros. 
 
Epidermophyton - E. floccosum* 
 
(espécie única, com várias 
denominações  como E. 
cruris, E. inguinale). 
13 
 
 Tais agentes, de acordo com os locais “de origem”, são classificados como 
Atropofílicos (humanos), Zoofílicos (animais) e Geofílicos (do solo). 
 
* Quanto mais adaptado ao parasitismo humano está o agente 
etiológico, mais rebelde se mostra à medicação tópica. Além 
disso, os fungos Antropofílicos são também chamados de 
endógenos e os zoofílicos e os geofílicos de exogênos. 
 
 Os agentes zoofílicos e principalmente os geofílicos costumam causar 
infecções inflamatórias e/ou exsudativas, pois seus metabólitos conseguem passar da 
epiderme, ou seja, indicando que tais reações são de hipersensibilidade (elas 
costumam ser mais fáceis de tratar). 
 
 As dermatofitoses são classificadas em dois grandes grupos: 
- tinea corporis  afetam o corpo 
- tinea capitis  afetam o couro cabeludo 
 
 As principais micoses cutâneas são: 
 
 
Afeta os pés (espações interdigitais ao planar). As características clínicas 
incluem presença de fissura cercada de lesões escamosas, hiperqueratose ou 
aspectos vesiculosos (quando há inflamação, podem estar envolvidos agentes 
zoofílicos e/ou infecção bacteriana secundária). Os agentes mais comuns são o 
Trichophyton rubrum e o Trichophyton mentagrophytes. 
 
 
 
 
Manifesta-se por uma lesão avermelhada de bordas circinadas, quase sempre 
vesiculosa. Ela pode se estender por vários centímetros para a região crural, para o 
púbis, abdome e região glútea. É muito pruriginosa, como as tineas corporis em geral. 
 TINEA PEDIS 
 
 
TINEA CRURIS 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
São raras entre nós. Além da pele do rosto, atingem também os pelos. Os 
agentes parasitários são geralmente zoofílicos, por isso deve-se esperar uma cura 
relativamente fácil. 
 
 
 
Ocorre quando os dermatófitos atacam as unhas por cima, pelos cantos das 
bordas livres e de cima para baixo. Assim, as unhas muito parasitadas se soltam com 
facilidade, perdem seu brilho característico, tornando-se opacas ou mesmo leitosas. 
O dermatófito responsável é o Trichophyton mentagrophytes. 
 
 
 
Escamas grandes, papiráceas, dispostas sobre toda a superfície das placas em 
círculos concêntricos, com uma das bordas presa à pele. Causa prurido intenso. Seu 
agente etiológico é o Trichophyton concentricum. 
 
 
 
Afeta o couro cabeludo, mas o cabelo é pouco afetado (poucas hifas em seu 
interior). Desenvolvem-se crostas em formato de cratera de vulcão na pele (godet 
fávico), essas lesões são muito ricas em parasitos, os quais são capazes de invadir o 
bulbo capilar e destruir permanentemente o crescimento dos fios. Ocorre 
principalmente em lugares de clima frio e tem como agente etiológico o 
Trichophyton schoenleini. 
 
TINEA BARBAE 
 
 
 
TINEA UNGUIUM – ONICOMICOSE DERMATOFÍTICA 
 
 
 
TINEA IMBRICATA (CHIMBERÊ) 
 
 
 
TINHAS FÁVICAS - CROSTOSA 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
São lesões situadas na perna (quase sempre unilateral) sobre um fundo 
eritematoso com bordas de limites imprecisos, lembrando vagamente lesão 
circinada. Geralmente causam prurido moderado ou ausente. Também pode-se 
observar presença constante de escamas secas, às vezes, sob a forma de “colarete 
epidérmica”. Quanto a textura da lesão, ocorrem foliculites, nódulos firmes e zonas 
de hipodermite. Na grande maioria das vezes, o parasito isolado é o T. rubrum, o qual 
invade a derma pelo caminho dos folículos pilosos. Normalmente a infecção é 
estabelecida por conta da deficiência no mecanismo de defesa imunitária; o 
organismo aceita passivamente o fungo que se comporta como verdadeiro corpo 
estranho. Além disso, as reações de hipersensibilidade cutânea são fracas ou 
ausentes, de modo que o teste intradérmico pela tricofitina quase não auxilia o 
diagnóstico. 
 
 
 
São as reações de sensibilidade cutânea aos fungos, elas podem ser 
denominadas de acordo com o agente causador, como por exemplo: tricofítides, 
epidermofítides e microspórides. As principais características das lesões são que elas 
não apresentam parasito, pois o foco séptico estar em outro ponto do organismo, 
seja ele próximo ou distânte; há sensibilidade a intradermorreação pela tricofitina; e 
apresentam-se eczematosas e liquenóides. 
 
 
 
É uma infecção própria da infância (inibida pela ação de hormônios sexuais), 
a qual parasita diretamente os cabelos e causa o enfraquecimento dos fios. Nesse 
caso, as formas de parasitismo podem ocorrer pela formação de placas endotrix 
(Trichophyton - antropofílico) ou endo-ectotriz (Microsporum – zoofílico). 
 
DERMATOFÍCIAS PROFUNDAS 
 
 
DERMATOMÍCIDES 
 
TINHAS TONSURANTES 
 
 
16 
 
 
 
 O Diagnóstico dessas micoses pode ser feito por: 
- Exame direto: Amostras (fragmento de unhas, pelo [...]); Lâmina e lamínula + líquido 
apropriado; observação se longas hifas septadas, hialinas, ramificadas e 
artrosporadas. 
- Cultura: O crescimento é muito lento, nunca anterior a uma semana, às vezes, leva 
mais de 30 dias para que haja um pequeno ponto de desenvolvimento. Geralmente 
são colônias granulosas (muitos macroconídeos, microconídios, hifas espiraladas, 
clamidósporos), algodoadas e glabras. 
- Exame de hipersensibilidade (tricofitina). 
 
* Os macroconídios plurisseptados/closterosporos podem indicar o 
gênero do agente etiológico: 
Macroconídio alongado (Trichophyton) 
Macroconídio fusiforme (Microsporum) 
Macroconídio em raquete/ clava (Epidermophyton) 
 
 
 
 
 As principais micoses subcutâneas são: 
 
 
Infecção crônica/micose gomosa, se apresenta na pele como sendo 
neolinfática-nodular, mas pode se estender para as mucosas, as vísceras, aos ossos e 
ao sistema nervoso central. 
O agente etiológico (no Brasil) é o Sporothrix brasiliensis, o qual apresenta como 
habitat o solo, os troncos de árvores umedecidos, plantas silvestres, grãos de cereais 
e outros diversos vegetais. Também afeta cães, gatos, roedores, cervos e aves, as 
quais podem transmitir a infecção. 
Ocorre principalmente em indivíduos que trabalham como floristas, 
lenhadores, manipuladores de palha, profissionais que lidam com animais, 
cozinheiros, caçadores etc. 
ESPOROTRICOSE: 
 
 
 
17 
 
As principais características clínicas é a formação de lesão ulcerada (cancro 
esporotricótico) nas extremidades dos membros superiores, as quais não se cicatrizam 
facilmente, seguida do aparecimento sucessivo de nódulos ao longo dos vasos 
linfáticos, que quais ficam endurecidos e podem dar origem a várias outras lesões 
que drenam pus (lesão gomosa característica). Quando a infecção ultrapassa os 
gânglios linfáticos axilares e inguinais, ocorre generalização da esporotricose para o 
corpo todo. A infecçãopode iniciar-se em outros pontos extrategumentares, como 
as mucosas (faringite, laringite, conjuntivite), os pulmões e no sistema nervoso central. 
A infecção pode ser localizada (ósteo-articular, pulmonar, ocular, genito-urinário e 
meningo-encefálica) ou disseminada. 
 
 
 
O diagnóstico pode ser feito por: 
- Exame direto (lâminas): presença de hifas hialinas, septadas e conídios em forma de 
margarida/fase leveduriforme. 
- Cultura em meio Sabouraud: Colônias brancas amareladas e então pretas. 
- Histopatologia: demonstra células ovaladas e gemulantes características. Além da 
formação de granulomas esporotricótico. 
 
 
 
O tratamento  iodeto de potássio para a via oral, e iodeto de sódio para a 
via endovenosa. A dosagem é a mais alta que o doente pode suportar, começando 
com um grama, depois subindo aos poucos de acordo com a gravidade dos casos. 
 
 
 
 
18 
 
 
É uma infecção que pode se apresentar dermatologicamente como papular, 
nodular e verrugosa 
O agente etiológico mais frequente é o Fonsecaea pedrosoi, o qual é isolado 
de humanos, mas também já foi encontrado no solo. Outras espécies causadoras 
estão presentes principalmente no meio vegetal. O fungo pode atingir animais como 
ratos, cães, macacos, rãs e pombos. 
A ocorrência é universal, mas ocorre preferencialmente em regiões tropicais e 
subtropicais. Atingindo na maioria das vezes indivíduos do campo. 
As principais características clínicas ocorrem após a lesão do tegumento 
cutâneo. No caso das lesões iniciais, a primeira manifestação é simples, 
apresentando-se como pápula pruriginosa ou elevação verrugosa (principalmente 
nos membros inferiores). Quando ocorre propagação por via linfática as lesões se 
sucedem por anos e mostram-se variadas (nodular, verrugosa, em placas, cicatricial 
etc.), podendo atingir volumes consideráveis, causando bloqueio linfático e 
incapacidade funcional. Além disso, pode ocorrer supuração, hemorragias e dor (às 
vezes podem atingir as mucosas). 
 
 
 
O diagnóstico é feito por: 
- Exame direto (lâmina, lamínula e lactofenol): busca das formas parasitárias 
presentes nas lesões (arredondadas, coloração castanha, septos, sem formação 
gemulante e reprodução por divisão direta). 
 
 
 
- Cultura: apresenta-se com o anverso verde-escuro e o reverso negro. As estruturas 
reprodutivas microscópicas presente podem ser do tipo (1) Phialophora (forma de 
taça/ fiálide com conídios aglomerados), (2) Cladospório (célula alongada com três 
CROMOBLASTOMICOSE 
 
 
 
 
19 
 
ou mais disjuntores na extremidade) e (3) Rinocladiela (célula alongada com conídios 
distribuídos em toda a volta). 
 
 
 
- Histopatologia: indica a presença da estrutura castanha - a mesma do exame a 
fresco - hiperqueratose, micro-abcessos e células gigantes de Langhans. 
 
 
 
É uma doença granulomatosa, caracterizada pela produção de pólipos e 
outras manifestações de hiperplasia das mucosas, principalmente nasal. 
O agente etiológico e o Rhinosporidium seeberi (atualmente não é 
considerado fungo). habita as águas dos rios ou pântanos (o hospeiro pode ser um 
peixe ou algum animal que infecta as águas). Também pode infectar equídeos. É de 
distribuição universal 
Ocorre pela penetração do parasito nos orifícios naturais do corpo humano, 
como as fossas nasais e as conjuntivas oculares, os ouvidos, a vagina, o reto e o pênis 
As principais características clínicas são as lesões em forma de pequenos 
pólipos que logo se transformam em massas tumorais, de superfície avermelhada. O 
parasito pode disseminar-se por via sanguínea e linfática. Um dos maiores perigos da 
rinosporidiose é a invasão tumoral para a rinofaringe e traquéia, acarretando sérios 
distúrbios respiratórios. 
O diagnóstico é feito por: 
- Exame direto: (pontos amarelados das lesões)  mostram parasitos em forma 
arredondada, com parede e citoplasma, repleto de endósporos (trofozoítas). 
- Histologia: o tecido revela uma reação inflamatória crônica, com predominância 
de neutrófilos, células plasmáticas e linfócitos. Microabscessos são observados 
casualmente. 
O tratamento é cirúrgico (remoção do pólipo). 
 
 
É uma infecção crônica granulomatosa, cutânea, raramente com reação 
linfática, sem disseminação visceral. 
O agente etiológico é antropofílico e prefere ambientes em que a 
temperatura média anual seja superior a 24 graus e a pluviometria acima de 2000 
mm (Amazônia). A virulência do parasito é muito baixa. 
RINOSPORIDIOSE 
 
 
 
 
 
BLASTOMICOSE QUELOIDIANA 
 
 
 
 
 
20 
 
As principais características clínicas são as lesões de aspecto queloidiforme, 
podendo se apresentar ulcerosaa, esporotricóidea, cicatricial etc. As informações 
sobre seu início são vagas (Referem várias causas). O parasito localiza-se no derma, 
na qual provoca forte reação histiocitária (grande quantidade de nódulos), que 
comprime e adelgaça a epiderme, tornando a região muito vulnerável a 
traumatismos. 
 
 
 
O diagnóstico pode ser feito por: 
- Exame direto (amostras das formas queilodianas): mostra parasitos sob formas 
arredondada, membrana muito espessa, tendo sítios ligados uns aos outros com 
aspectos catenulares/formação tubular, o que empresta à gemulação deste 
parasito uma feição muito particular de cadeia de 3 a 10 formas parasitas. 
 
 
 
- Cultura: ocorre com dificuldade devido o isolamento do parasito. Sendo assim, a 
cultura é sempre considerada negativa. 
- Histopatologia: nota-se a epiderme delgada e células gigantes, as quais estão 
presentes no centro da lesão, já na periferia estão os histiócitos. Além disso, há 
também fibroblastos e fibras de colágeno (mais abundante nos casos mais). 
O único tratamento usado é a remoção cirúrgica das lesões e a correção 
plástica, quando impossível. 
 
 
21 
 
4.3. Micoses sistêmicas 
 
 
 
É uma granulomatose blastomicóide, cuja infecção ocorre a partir da 
inalação de esporos. 
O agente etiológico é o Paracoccidioides brasiliensis, o qual existe no reino 
vegeta e no solo (pode existem também reservatórios animais). A doença ocorre 
essencialmente na américa do sul coincidindo com regiões de grandes lavouras ou 
em zonas de florestas tropicais e subtropicais, de clima úmido ou muito úmido. 
As principais manifestações clínicas ocorrem primeiramente no tecido 
pulmonar, sendo possível a disseminação do parasito (componentes 
linfático/hematogênico). Esse processo pode originar lesões ulcerosas nas supra-
renais (Mal de Addison), intestino (comprometimento ganglionar e formação de 
massas tumorais), nos ossos (costela, vértebras, clavículas e ossos do crânio) e em 
muitos outros órgãos do corpo. A infecção pode ser superficial ou visceral e 
apresentar variadas formas clínicas. A apresentação clássica é a estomatite 
moriforme). O processo curativo se faz por fibrose, a qual pode originar retrações e 
atresias nos órgãos afetados. O sistema imunológico do indivíduo afetado é que dita 
a forma clínica ou a gravidade da manifestação (micose-doença). 
 
 
 
O diagnóstico pode ser feito por: 
- Exame direto: presença de estruturas arredondadas e parede birrefringente ou 
duplo contorno e multigemulação/criptosporulação. 
 
 
 
PARACOCCIDIOIDOMICOSE 
 
 
 
 
 
22 
 
- Histopatologia: granuloma poliforme, com células epitelioides, células gigantes, 
infiltrados plasmocitários e pequenos focos de supuração. 
 - Exame radiológico: é importante nas lesões pulmonares, intestinais e nas formas 
ósseas. 
- Prova imunológica de hipersensibilidade: o prognóstico é tanto melhor quanto mais 
sensível for o paciente ao teste intradérmico e quanto mais baixo o título da reação 
da fixação do complemento, e vice-versa. 
O tratamento é feito com sulfa e anfotericina B. Atualmente no tratamento são 
utilizados os derivados imidozólicos, cetoconazol e itraconazol, com bom resultado 
 
 
É uma micose primariamentepulmonar (benigna), que raramente evolui para 
as formas disseminadas graves, caracterizadas como retículo-endotelial, mas pode 
ser primária intestinal, quando ocorre ingestão de água ou alimentos poluídos. 
O agente etiológico é o Histoplasma capsulatum, o qual encontra-se 
principalmente nos solos (estrume) onde há criação ou é habitat de aves. É uma 
infecção universal e pode ocorrer a partir do aparelho respiratório, digestivo e 
cutâneo. 
As principais características clínicas normalmente seguem curso assintomático 
ou de um resfriado comum, mas pode assumir aspectos de gravidade variável, 
simulando um quadro de tuberculose ou de qualquer pneumopatia conhecida (em 
geral há cura com resíduos de nódulos calcificados e reação de hipersensibilidade 
positiva para histoplasmina). Além de se disseminar preferencialmente para os órgãos 
ricos de células do sistema retículo endotelial, como o fígado, baço, supra-renais, 
gânglios linfáticos, medula óssea, membranas, mucosas da boca, causando sintomas 
como febre, anemia, perda de peso e linfadenopatia generalizada. Pode observa-
se disseminação para a região cutânea da face, pescoço e tórax. 
O diagnóstico pode ser feito por: 
 - Cultura (o fungo é dimórfico): apresenta um micélio a princípio, branco e sedoso e 
quanto mais velha a colônia, toma uma coloração mais escura e granulosa (aspecto 
que corresponde à intensa esporulação do fungo). Os esporos são de dois tipos, 
pequenos, sésseis ou pedunculados, e maiores, denominados macroconídios 
(clamidosporos) tuberculados ou mamilonados, em vista da superfície eriçada de 
projeções ou de saliências. 
 
 
 
HISTOPLASMOSE 
 
 
 
 
 
 
23 
 
-Histopatologia: nota-se, muito histiócitos, granulomas e invasão de células SER pelo 
H. capsulatum. 
- Imunologia: ocorre os testes intradérmicos pela histoplasmina (antígeno de H. 
capsulatum  a positividade indica infecção presente ou passada) e sorológicos 
pela fixação do complemento (o antígeno da fase levediforme, muito sensitivos, mas 
pouco específico), quanto mais grave o paciente, tanto mais alto o título da reação, 
e vice-versa. 
 
 
É uma infecção benigna, quando atinge somente os pulmões, mas maligna 
quando se dissemina e atinge outros tecidos (negros e filipinos). 
O agente etiológico e o Coccidioides immitis, o qual habita o solo de regiões 
áridas ou semi-áridas do oeste americano (estadonidense) e algumas zonas 
mexicanas. 
As principais características clínicas ocorrem pela inalação de esporos nas 
zonas endêmicas. Pode ser uma infecção assintomática ou manifestar-se por uma 
afecção respiratória comum, após período de incubação de 7 a 28 dias. A 
disseminação pode desencadear formação de lesões residuais parecidas com a da 
tuberculose, mas com presença de parasitos. Na manifestação cutânea, que é 
secundária, são visualizados os eritemas danosos e multiformes (localiza-se 
geralmente a tíbia, próximo ao joelho, ou nas coxas; tem a forma de nódulos 
avermelhados com alguns milímetros, até alguns centímetros de diâmetro. O eritema 
multiforme localiza-se acima das coxas, tronco, membros superiores, face e pescoço, 
sob a forma de máculas, pápulas, nódulos e vesículas). 
O diagnóstico é feito por 
- Exame direto: formas arredondadas, com paredes espessas e endósporos (às vezes 
hifas). 
 
 
 
- Cultura: há micélio septado, artrósporos e clamidósporos. 
COCCIDIOIDOMICOSE 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
- Histopatologia: como nas demais micoses, o achado do parasito é o principal 
elemento de diagnóstico. 
 
 
 
- Imunologia: as melhores conclusões destas provas são resultado das provas 
intradérmicas e reação da fixação do complemento. Quanto mais acentuada a 
reação intradérmica e mais fraca a titulagem da fixação do complemento, melhor 
o prognóstico. 
O tratamento, como vimos, somente uma pequena porcentagem dos casos 
assume aspectos graves e mortais. Quanto ao tratamento, a anfotericina B, embora 
tenha falhado em alguns casos, ainda é a melhor esperança no tratamento médico 
associado, às vezes, com a cirurgia. 
 
 
4.4. Micoses oportunistas 
 
 
 
É uma levedurose (micose superficial produzida por levedura), que atinge 
tanto a pele como as mucosas (dificilmente torna-se uma candidíase profunda - 
endocardite). 
O agente etiológico pertence ao gênero Candida, sobressaindo-se a espécie 
Candida albicans (mais patogênica). Esse gênero faz parte da microbiota normal dos 
seres humanos e pode ser encontrado no trato digestório, respiratório (principalmente 
a C. albicans), tegumento (outras espécies de Candida) e na vagina (C. albicans e 
C. glabrata). Ela apresenta distribuição universal. 
CANDIDÍASE 
 
 
 
 
 
 
25 
 
As principais características clínicas surgem principalmente quando há fatores 
inerentes ao próprio paciente, como carência nutricional, intervenções cirúrgicas, 
utilização de drogados (injetáveis), doenças crônicas (diabetes mellitus e a AIDS), 
microtralmatismos na região periungueal, falta de higiene, umidade constante e 
antibioticoterapia/corticoterapia. Ademais, o local onde se desenvolve a 
infecção/doença está relacionado com a gravidade do caso, que normalmente são 
de origem endógena (microbiota normal). Sendo assim, os principais quadros clínicos 
de candidíase são: 
a) Candidíase broncopulmonar: aproveita-se de processos patológicos 
preexistentes; 
b) Candidíase na cavidade bucal: sapinho, língua negra pilosa, queilites e 
boqueiras; 
c) Esofagite; 
d) Enterite: diagnóstico feito após exclusão cuidadosa de seus agentes habituais, 
visto que Candida albicans e outras leveduras são constantemente isoladas 
das fezes; 
e) Candidíase perianal: prurido; 
f) Candidíase vulvovaginal: aumento do pH – leucorreia, prurido, disuria, 
ardência, inflamação e até formação de vesículas; 
g) Candidíase cutânea (NÃO é causada por Candida albicans): normalmente 
ocorre nas regiões intertriginosas (atrito), com a presença de lesões húmidas, 
esbranquiçadas, as quais podem formar pápulas, bolhas [...]; 
h) Candidíase da unha (Paroníqua): o aspecto clínico da unha alterada já 
direciona para o diagnóstico de uma levedurose, pois o processo se inicia de 
baixo para cima (da matriz para a borda livre); 
i) Candidíase pulmonar: precisa ser suspeitado, afastando-se, primeiramente, 
outras causas da patologia da árvore respiratória; 
j) Candidíase do aparelho urinário; 
k) Candidíase cardíaca: sintomatologia semelhante à da endocardite 
bacteriana, com menor tendência, todavia, de produzir embolias nas artérias 
l) Candidíase Meningoencefálica: Sintomatologia semelhante à outras 
afecções do sistema nervoso central 
m) Candidíase granulomatosa: 
n) Levedúrides: São manifestações de hipersensibilidade à distância provocadas 
por um foco de candidíase. 
 
O diagnóstico pode ser feito por: 
- Exame direto (exsudato das lesões com as formas parasitárias): leveduras com 
presença de pseudo-hifas – forma parasitária; 
- Cultura: aspecto cremoso, mole e pastoso; 
- Histopatologia: tecidos invadidos por pseudohifas e blastosporos; 
- Identificação rápida: semear o inóculo em soro humano ou clara de ovo (formação 
de filamentação dos blastoconídeos; 
O tratamento deve consistir, em primeiro lugar, na remoção dos fatores que 
condicionam a infecção. A terapêutica medicamentosa varia nos casos de 
manifestações cutâneas ligeiras ou agudas; processos crônicos arrastados e 
manifestações viscerais. Entretanto a melhor terapêutica para todas as formas é a 
Nistatina. 
 
 
 
26 
 
 
É uma infecção levedurótica aguda, subaguda ou crônica, de foco primitivo 
geralmente pulmonar, podendo disseminar-se, na maioria das vezes, para o sistema 
nervoso central, mas repercutindo também na pele, mucosas, ossos e vísceras. 
O agente etiológico é o Cryptococcus neoformans, o qual apresenta 
distribuição universal, mas é encontrado principalmente em solos contaminados com 
fezes de aves eassociado a vegetais. A principal via de contaminação é a 
respiratória (“poeira de fezes”). 
As principais características clínicas são os sintomas pulmonares, os quais 
podem ser não aparentes ou pneumônicos na forma aguda/crônica, assemelhando-
se aos sintomas clássicos de pneumonia, com lesões que podem ser visualizadas na 
radiografia (a progressão depende da resposta do organismo infectado, podendo 
atingir o cérebro, assim como todo território orgânico). Outras formas de 
apresentação primárias são as cutâneas (na grande maioria das vezes é secundária, 
com lesões variadas, mas quando primitiva apresenta aspecto cancróide resultado 
da linfoadenopatia regional) e a digestiva. A forma meningo-encefálica é 
secundária e resultado da disseminação pulmonar, apresenta-se com quadros de 
cefaleia que se agrava, vômitos, vertigens aumento da pressão do liquor [...]. 
O diagnóstico é feito por: 
- Exame direto (escarro, liquor ou pus): utiliza-se tinta nanquim para visualizar a 
enorme cápsula de aspecto gelatinoso do parasito; 
 
 
 
- Cultura: cresce a 37 graus e apresenta parasitos arredondados e encapsulados 
(cápsula espessa). O Cryptococus neoformans pode ser diferenciado das outras 
espécies quando se utiliza o meio à base de sementes de girassol (Helianthus annus - 
meio de niger), mostrando a ação de enzimas (fenoloxidases – produzidas por essas 
leveduras) em substratos fenólicos, formando pigmentos de cor marrom nas colônias 
de C. neoformans e C. gattii. 
- Histopatologia: As formas gemulantes dos parasitos são observadas em grande 
quantidade, cercadas por abundantes substâncias de aspecto gelatinoso. A pouca 
reação tissular é característica, sendo aparentemente inibida pela massa gelatinosa 
polissacarídica inerte (ausência de necrose); 
 
CRIPTOCOCOSE 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
O prognóstico é bom nas formas pulmonares que não se disseminam, mas, às vezes, 
mesmo estas são gravíssimas. As formas cutâneas primárias também são bem 
controladas. São muito graves as formas nervosas disseminada, coexistentes com 
doenças primitivas incuráveis. Mas o anfotericina B já recuperou muitos casos de 
criptococose meningoencefálica. A intervenção cirúrgica torna-se necessária muitas 
vezes para retirada de massa tumoral, principalmente na fase pulmonar da doença, 
na tentativa de evitar a perigosa disseminação da infecção. 
 
 
Aspergiloses são micoses produzidas por espécies do gênero Aspergillus. Elas 
produzem aspectos clínicos variados, desde a maduromicose até as otomicoses, 
passando pelas formas pulmonares (primitivas ou secundárias que se instalam sobre 
lesões pulmonares preexistentes). 
Os agentes etiológicos estão agrupados na família Aspergilaceae, a qual 
possui 5 gêneros (Aspergillus, Penicillium, Paecylomyces, Pseudallescheria 
[Allescheria] e Scopulariosis). A distribuição da doença é universal. Porém, as formas 
pulmonares da infecção predominam nos países de agricultura bem desenvolvida, 
principalmente de grãos e cereais. São ubíquos (esporos espalhados pelo ar). 
As principais características clínicas estão relacionadas as infecções 
oportunistas, principalmente as formas pulmonares (mais comuns, nas quais os 
aspergilomas (bola fúngica) podem se formar nas cavidades pré-formadas 
(permanecendo contido) e ocasionar sintomas como hemorragia de repetição e 
expectoração purulenta ou pode ocorrer invasão do parênquima pulmonar 
(disseminação), isso inicia processos inflamatórios, granulomatosos, necrótica e 
supurativos. Os fatores que favorecem a infecção dependem do indivíduo 
(preexistência de doenças graves, alterações hematológicas sérias, hepatopatias, 
estados de carências sérios, sequela de tuberculose, abcessos, bronquiectasias e 
enfisema). Além disso, as Aspergiloses podem ser: 
a) Cerebrais: sem sintomatologia característica, causada pela disseminação; 
b) Endorcárdicas, 
c) Cutâneas: são raras, apresentam linfoadenopatia cervical; 
d) Auditivas; 
e) Oculares; 
f) Ósseas; 
g) Disseminadas; 
 
ASPERGILOSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
O diagnóstico pode ser feito por: 
- Exame direto (escarro, cerumem do ouvido, exsudato ocular, pus de lesões 
gomosas): hifas septadas, hialinas e ramificadas (não é possível afirmar o gênero 
causador da micose). Em alguns casos de expectoração e quase sempre em cerume 
de ouvido e possível visualizar os conidióforos. 
 
 
 
- Cultura: O cultivo do material, no meio de Sabouraud, revelará não somente o 
gênero, como quase sempre, a espécie causadora da infecção. 
- Histopatologia: O habitual é encontrar hifas septadas e ramificadas. 
- Prova sorológica: pesquisa de precipitinas séricas, realizada em precipitação em 
gelose. 
- Exame radiográfico: para as formas pulmonares; mostra grandes imagens circulares 
características dos aspergilomas intracavitários. 
 
* O diagnóstico baseia-se principalmente na: 
1- Cultura repetidamente positiva 
2- Aspecto radiográfico das lesões (pulmonares) 
3- Prova de precipitina. 
 
O prognóstico depende muito das formas clínicas e, no caso de associação 
com doença primitiva grave, o prognóstico é muito sério. Nesse caso, é benigno, por 
exemplo, numa forma alérgica pulmonar e grave na forma cerebral. Nos 
aspergilomas, com pouco ou nenhum contato com as paredes, ao contrário das 
formas invasivas parenquimatosas, temos o recurso da ressecção cirúrgica. 
Considerando as formas pulmonares, podemos resumir, dizendo que, segundo as 
formas clínicas, a terapêutica poderá seguir 3 direções principais. No caso da 
aspergilose (aspergilomas) é indicado a remoção cirúrgica. 
 
 
Refere-se, apenas, a um grupo de Zigomicoses produzidas por fungos da 
ordem Mucorales, a maioria associada a estados mórbidos preexistentes, de 
prognóstico sério. 
O agente etiológico mais comum pertence ao gênero Rhizopus, em seguida 
Mucor, Absidia (Lichtheimia) e Mortierella. Encontram-se nos substratos mais variados 
e são de distribuição geográfica universal. A infecção pode ocorrer por via rino-
órbito-ocular, atingindo os órgãos por vias direta ou circulatória. 
MURCOMICOSES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
As principais características da infecção é a presença da forma vegetativa 
normal de hifas. Seu crescimento é puramente vegetativo, não necessitando de 
outra forma de reprodução para estender seu poder invasivo. Podem ocorrer 
doenças cerebrais, gástricas, intestinais e generalizadas. As principais lesões ocorrem 
muito mais por ação mecânica do que toxêmica (crescimento vegetativo das hifas 
e poder invasivo para diversos órgãos) 
O diagnóstico é complexo, a não ser em casos pulmonares de lesões abertas, 
em que as hifas cenocíticas drenam pelos brônquios. É difícil o diagnóstico pelo 
achado direto do parasito ou até mesmo em cultura no meio de Sabouraud. Sendo 
assim, só se pode fazer o diagnóstico pelo exame histopatológico de peças 
cirúrgicas, ou biópsias (observação das hifas espessas, cenocíticas, ramificadas, ou 
pelo cultivo de fragmentos dessas peças no meio de Sabouraud. 
 
 
 
As murcomicoses são de prognóstico grave, embora haja comunicação de 
cura em alguns casos, por anfotericina B. O sucesso terapêutico dependerá de um 
diagnóstico precoce e possibilidade do controle terapêutico da doença primária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FUNGOS
	2. MORFOLOGIA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DOS FUNGOS
	3. FISIOLOGIA DOS FUNGOS
	4. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA MÉDICA:
	4.1. Micoses superficiais
	4.2. Micoses cutâneas e subcutâneas
	4.3. Micoses sistêmicas
	4.4. Micoses oportunistas

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