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1 INTRODUÇÃO As gastroenterites ou doenças entéricas comprometem os órgãos do sistema gastrointestinal. O problema é mais comum no verão e em locais sem tratamento de água, rede de esgoto, água encanada ou destino adequado de dejetos. Vírus entéricos podem causar diversas infecções que acometem os seres humanos e são disseminados pelos meios hídricos, sendo o esgoto doméstico um dos principais contaminantes. A relação ambiente-saúde é de extrema importância uma vez que tais microrganismos podem permanecer viáveis no ambiente e serem disseminados em meio hídrico devido à falta de saneamento básico. É imprescindível o conhecimento científico sobre a relação hídrica/ambiente com a saúde humana, uma vez que os vírus são responsáveis por diversas enfermidades e atingem a população a qual carece de uma melhor qualidade hídrica. Os sintomas mais notórios associados a infecções no trato gastrointestinal são vômito e diarreia. https://www.minhavida.com.br/saude/temas/gastroenterite https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/infeccoes_no_trato_gastrointestinal.htm 2 O QUE SÃO DOENÇAS ENTÉRICAS? Doenças entéricas afetam seu estômago ou intestino. Elas podem causar sintomas como diarreia, febre ou cólicas estomacais. As doenças entéricas podem ser causadas por uma variedade de germes. Esses germes normalmente entram no corpo através da boca. Elas são adquiridas através de água e alimentos contaminados, pelo contato com animais ou seus ambientes, ou pelo contato com as fezes (cocô) de uma pessoa infectada. Muitas vezes, germes são propagados em alimentos, água ou superfícies pelas mãos de uma pessoa infectada que não as tenha lavado corretamente após usar o banheiro. Entretanto, também é possível contrair essas infecções através do contato sexual. Figura 1 - Doenças entéricas afectam o trato gastrointestinal ENTEROVÍRUS Os enterovírus correspondem à um gênero de vírus que têm como principal meio de replicação o trato gastrointestinal. As doenças causadas por enterovírus são altamente infecciosas e mais comuns nas crianças, já que os adultos possuem o sistema imunológico mais desenvolvido, respondendo melhor às infecções. O principal enterovírus é o poliovírus, que é o vírus causador da poliomielite, e que, quando atinge o sistema nervoso, pode resultar em paralisia dos membros e alteração da coordenação motora. A transmissão do vírus acontece principalmente por meio da ingestão de alimentos e/ou água contaminados pelo vírus ou contato com pessoas ou objetos também contaminados. Assim, a melhor forma de prevenir infecções é através da melhoria dos hábitos de higiene, além da vacinação, no caso da poliomielite. INFECÇÕES POR ENTEROVÍRUS A presença e/ou ausência de sintomas relacionados à infecção por enterovírus depende do tipo de vírus, sua virulência e do sistema imunológico da pessoa. Na maioria 3 dos casos de infecção, não são verificados sintomas e a doença soluciona-se naturalmente. No entanto, no caso de crianças, principalmente, como o sistema imunológico é pouco desenvolvido, é possível que surjam sintomas como dor de cabeça, febre, vômitos, dor de garganta, feridas na pele e úlceras dentro da boca, dependendo do tipo de vírus, além de haver maior risco de complicações. Os enterovírus podem atingir vários órgãos, sendo os sintomas e a gravidade da doença dependentes do órgão acometido. Os enterovírus humanos pertencem ao gênero Enterovirus e à família Picornaviridae. São classificados em 4 espécies (enterovírus humanos A, B, C [incluindo os poliovírus]; vírus Coxsackie A e B ; vírus echo; e enterovírus. Os enterovírus são vírus pequenos (cerca de 30 nm) que contêm uma fita única de RNA e não possuem envelope. EPIDEMIOLOGIA Os enterovírus estão entre os vírus mais comuns em todo o mundo. Em regiões de clima temperado, a incidência das infecções causadas por enterovírus atinge o pico durante os meses de verão e outono. Nos trópicos, a transmissão ocorre durante o ano todo. Vários sorotipos de enterovírus cocirculam na comunidade, sendo que os sorotipos predominantes tendem a mudar ao longo do tempo. O aparecimento de novos sorotipos de enterovírus predominantes muitas vezes é acompanhado de surtos em grande escala. As doenças associadas aos enterovírus afetam principalmente crianças, porém indivíduos de qualquer idade podem ser suscetíveis. Além da idade jovem, os fatores predisponentes ao desenvolvimento de doenças enterovirais incluem sexo masculino, condição socioeconômica precária, residência em áreas urbanas, saneamento precário e condições de vida em aglomeração. Os enterovírus são universalmente encontrados no meio ambiente (p. ex., no esgoto, na superfície da água, como em rios, lagos e outros reservatórios, e na água do mar), pois são excretados em grandes quantidades pelas pessoas infectadas. A ausência de um envelope lipídico e a presença de um denso capsídeo proteico permitem aos enterovírus sobreviverem no meio ambiente por longos períodos, especialmente a baixas temperaturas. Os enterovírus são inativados por calor extremo, luz ultravioleta, ressecamento e cloro. A existência de uma alta concentração de matéria orgânica previne a inativação dos enterovírus pela ação do cloro. Atualmente, os enterovírus são mais frequentemente transmitidos de um indivíduo a outro, pela via fecal-oral ou respiratória, embora a transmissão via fomites também ocorra. As crianças pequenas são os transmissores mais importantes destes vírus, sendo comumente o caso índice em surtos nas famílias e nas escolas. O vírus pode afetar muitos órgãos diferentes, e os sintomas e a gravidade da doença dependem do órgão específico afetado. 4 O QUE É A CÓLERA? A cólera é uma doença infectocontagiosa do intestino delgado geralmente transmitida por meio de alimento ou água contaminados. Já houve muitos dos chamados “surtos de cólera” ao longo dos anos, mas o saneamento do esgoto e o tratamento da água em países industrializados reduziram drasticamente o número de casos da doença SURGIMENTO DA CÓLERA A cólera é originaria da Índia, onde ela é uma doença endêmica, principalmente na região de Bengala. Existem notícias desde 500 a.C., escritas em sânscrito e em grego, relatando doenças parecidas com a cólera. Gaspar Correa, que participou da viagem de Vasco da Gama à Índia, anotou a ocorrência de uma fulminante doença na região do Malabar. Desta forma, Gaspar Correa descreveu uma doença fulminante, uma forte dor de barriga que matava as pessoas em oito horas. Entretanto, quem mais fez para que a cólera virasse uma pandemia foi o Exército Inglês. Pode-se dizer que a cólera foi a primeira grande pandemia imperialista. Viajando em modernos vapores, os soldados ingleses, os “red coats”, espalharam a doença a partir da Índia para quase todos os portos em que fizeram escala no Oceano Índico, até que chegaram às ruas sujas e fétidas da Londres oitocentista. De Londres, a cólera pegou o trem e espalhou-se rapidamente por todo o Reino Unido. De lá, o vibrião colérico atingiu toda a Europa e, pouco mais tarde, as Américas. Assim, a cólera se espalhou por todo o mundo no século XIX. Durante a grande pandemia do cólera, que experimentou vários pequenos surtos de mais alta intensidade, as populações expostas a sua ação ficavam apavoradas e desnorteadas. Não era para menos. Entretanto, as autoridades públicas responsáveis por este enfrentamento, embora tomassem diversas medidas, não sabiam exatamente o que fazer. Desta forma, havia uma certa noção que a higiene era importante. Mas não se sabia como a cólera se transmitia. Nem qual seria o tratamento mais adequado. Pacini E O Vacilo De Koch Os governos e dos cientistas de todos os países durante este tempo gastaram muito tempo e dinheiro na busca de uma solução para se descobriras causas da transmissão e também a cura da doença. 5 O vibrião colérico foi descrito pela primeira vez em 1854 pelo médico italiano Filipo Pacini (1812-1883). O trabalho de Pacini, apesar de muito bem feito e com descrições muito boas do patógeno, foi praticamente ignorado pelos patologistas europeus. O bacilo (na verdade um vibrião) da cólera foi (re)descoberto em 1883-84 pelo Dr Robert Koch (1843 – 1910) e sua equipe, que fez o anúncio da descoberta do “comma bacillus” em 1883. Motivo pelo qual o vibrião ficou durante muito tempo conhecido como o “bacilo de Koch”. A descoberta do vibrião foi um esforço dos cientistas que construíam a “teoria dos germes”, ou teoria contagionista. Esta teoria pressupunha que as doenças seriam transmitidas através do contato entre as pessoas, que transmitiram os “germes” de uma a outra, provocando o contágio. Entretanto, a aceitação desta explicação, como tudo em ciência, não era universal. Existia uma outra teoria, a teoria miasmática, que pressupunha que a doença se espalharia pelo ar contaminado, os “miasmas”. Figura 2 - Vibrião Colerico, descrito por Pacini, 1854 Figura 3 - Robert Koch, bacteriologista alemão, foi importante na descoberta dos bacilos da difteria, antraz, tuberculose e cólera CAUSAS Uma bactéria chamada Vibrio cholerae é a responsável por causar a infecção de cólera. Essa bactéria, conhecida popularmente como Vibrião colérico, libera uma toxina chamada CTX, que se liga às paredes intestinais, onde ela interfere diretamente no fluxo normal de sódio e cloreto do organismo. Essa alteração faz com que o corpo secrete grandes quantidades de água, levando à diarreia e a uma rápida perda de fluidos e de sais importantes, os chamados eletrólitos. https://en.wikipedia.org/wiki/Filippo_Pacini https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Koch 6 Figura 4 - A cólera é causada por uma bactéria gram-negativa, o Vibrio cholerae A transmissão de cólera é fecal-oral e se dá basicamente por meio de água e alimentos contaminados pelas fezes ou pela manipulação de alimentos por pessoas infectadas. A infecção pela bactéria costuma acontecer após uma pessoa consumir água, frutos do mar, frutas e legumes crus e alguns grãos contaminados, como arroz e milho, por exemplo. FATORES DE RISCO Todas as pessoas são suscetíveis à cólera. Uma vez tendo contraída a doença, você se torna imune a ela. Por isso, crianças que são filhas de mulheres que já tiveram cólera herdam a imunidade das mães, geralmente por meio da amamentação. Alguns fatores podem tornar uma pessoa mais vulnerável à doença ou mais propensa a manifestar os sinais e sintomas mais graves da cólera. Estes são: Más condições sanitárias A cólera pode surgir em ambientes que não disponham de condições sanitárias e higiênicas adequadas, com ausência de saneamento básico e de abastecimento de água potável, por exemplo. Essas condições são comuns em acampamentos e em outros locais de grande aglomeração humana, como campos de refugiados e em áreas pobres e devastadas pela fome, por guerra ou por desastres naturais. Ácido do estômago reduzido ou inexistente A bactéria da cólera não sobrevive em um ambiente com pH muito ácido. Por isso, o ácido produzido pelo estômago muitas vezes serve como um tipo de defesa contra a infecção. No entanto, pessoas com baixos níveis de ácido do estômago - como crianças, idosos e pessoas que tomam antiácidos, por exemplo -, não dispõem dessa proteção, o que os coloca imediatamente em risco alto de contrair cólera. 7 Exposição Uma pessoa tem mais chances de desenvolver cólera se viver no mesmo lugar que uma pessoa infectada. Frutos do mar crus ou mal cozidos Embora os surtos de cólera em larga escala não ocorram nos países industrializados, alimentar-se de mariscos oriundos de águas conhecidas por abrigar as bactérias aumenta muito o risco de uma pessoa contrair cólera. SINTOMAS DE CÓLERA A maioria das pessoas expostas à bactéria causadora da cólera não manifesta sintomas e às vezes nem sabe que está infectada. Esses casos são chamados de assintomáticos. No entanto, mesmo quem não manifesta os sintomas da doença pode infectar outras pessoas. Isso acontece porque a pessoa infectada continua excretando bactérias em suas fezes durante uma a duas semanas. Os casos sintomáticos da doença, ou seja, quando há manifestação de sintomas, principalmente a diarreia, são facilmente confundidos com outros problemas de saúde. Apenas uma em cada dez pessoas infectadas pela bactéria causadora da cólera desenvolve os sinais e sintomas típicos da doença, normalmente poucos dias após a infecção. Os sintomas da cólera podem incluir: Diarreia Náuseas e vômitos, principalmente durante a fase inicial da infecção A desidratação em decorrência da perda de líquidos pode levar a outros sintomas: Irritabilidade Letargia Olhos encovados Boca seca Sede excessiva Pele seca e enrugada Pouca ou nenhuma produção de urina Pressão arterial baixa Arritmia cardíaca Desequilíbrio eletrolítico. https://www.minhavida.com.br/saude/temas/diarreia https://www.minhavida.com.br/temas/n%C3%A1useas https://www.minhavida.com.br/temas/boca-seca https://www.minhavida.com.br/temas/pele-seca https://www.minhavida.com.br/saude/temas/arritmia-cardiaca 8 A desidratação pode levar a uma rápida perda de minerais do sangue (eletrólitos) – um problema que é conhecido como desequilíbrio eletrolítico. Este pode levar ao surgimentos de novos sinais e sintomas, como: Caimbras musculares Choque, que ocorre quando o volume de sangue baixo provoca queda na pressão arterial e na quantidade de oxigênio no sangue – o que, se não tratado, pode levar uma pessoa a óbito em questão de minutos. BUSCANDO AJUDA MÉDICA O risco de cólera é pouco significativo em países industrializados, e até mesmo em áreas endêmicas as chances de contrair a doença são pequenas se a pessoa seguir à risca as recomendações de segurança alimentar. Ainda assim, casos esporádicos de cólera ocorrem em todo o mundo e matam milhares de pessoas por ano. Por isso, é melhor se precaver. Se você apresentar diarreia grave, principalmente depois de visitar uma área em que a cólera ainda não foi erradicada, procure assistência médica imediatamente. DIAGNÓSTICO DE CÓLERA Embora os sinais e sintomas de cólera sejam inconfundíveis em áreas endêmicas, a única maneira de confirmar o diagnóstico da doença é identificar a bactéria em uma amostra de fezes. Testes rápidos de cólera já estão disponíveis, permitindo que os profissionais de saúde em áreas remotas possam fazer o diagnóstico precoce de cólera e dar início o quanto antes ao tratamento. A confirmação mais rápida da doença ajuda a diminuir as taxas de mortalidade e a controlar os surtos de cólera e uma possível epidemia. TRATAMENTO DE CÓLERA A cólera é uma doença que requer tratamento imediato. Se não for tratada, a doença pode levar à morte em poucas horas. Os meios terapêuticos existentes e viáveis para cólera são: Reidratação O objetivo dessa terapia é repor os líquidos e eletrólitos perdidos usando uma solução simples de sais para reidratar os pacientes, chamada de SRO. A solução de SRO está disponível como um pó que pode ser dissolvido em água fervida. https://www.minhavida.com.br/temas/choque 9 Sem a hidratação necessária, cerca de metade das pessoas com cólera morrem. Com o tratamento, o número de mortes cai para menos de 1%. Fluidos intravenosos Durante uma epidemia de cólera, a maioria das pessoas pode ser reidratada via oral, mas quando a desidratação atingiu níveis ainda mais graves, o paciente pode precisar de fluidos intravenosos para sobreviver. Antibióticos Embora os antibióticos não sejam parte essencial do tratamento de cólera, algunsdesses medicamentos podem reduzir tanto a quantidade quanto a duração da diarreia relacionada à cólera. MEDICAMENTOS PARA CÓLERA Os medicamentos mais usados para o tratamento de cólera são: Azitromicina Bactrim Bacteracin e Bacteracin-F Clordox Ciprofloxacino Doxiciclina Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula. CÓLERA TEM CURA? A desidratação grave, provocada pela diarreia, pode levar o paciente à morte. Se tomarem a quantidade de líquidos adequada, a maioria das pessoas conseguirá se recuperar totalmente, sem maiores dificuldades. O tratamento imediato para cólera é essencial para impedir a evolução da doença. 10 PREVENÇÃO A cólera é uma doença rara em países industrializados. Nesses lugares, os poucos casos que ainda são registrados são de pessoas que viajaram para áreas endêmicas ou que se alimentaram de fontes contaminadas de água e comida, principalmente as que vêm de países com altos riscos de desenvolver a doença. Se você estiver viajando para áreas de cólera endêmica, o risco de contrair a doença é extremamente baixo se você seguir algumas precauções: Lavar as mãos com água e sabão frequentemente, especialmente depois de usar o banheiro e antes de manipular alimentos. Se possível, desinfete as mãos com álcool Beba apenas água potável, de preferência água engarrafada Alimente-se de comidas completamente cozidas e quentes Evite alimentos que se come crus, como peixes e mariscos de qualquer tipo Atenha-se a frutas e legumes que você pode mesmo pode preparar e descascar, como bananas, laranjas e abacates Desconfie de laticínios, incluindo sorvetes, que muitas vezes podem ser feitos com leite não pasteurizado. VACINA Hoje em dia, já existem doses de vacina disponíveis para cólera. Esta é, de longe, a forma mais eficaz de evitar a infecção. As vacinas existentes, no entanto, não são aplicadas rotineiramente na população, pois oferecem proteção relativa e de curta duração. 11 O QUE É A HEPATITE A? Hepatite A é uma inflamação do fígado causada por um vírus, geralmente tem um curso benigno, evoluindo para a cura espontânea em mais de 90% dos casos. No mundo, são registrados 1,4 milhão de novos casos da doença todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A hepatite A tem tratamento super simples e se ele for seguido direitinho, a doença certamente terá cura. Saiba mais sobre sintomas, transmissão e prevenção da doença a seguir. SURGIMENTO DA HEPATITE A A palavra Hepatite vem do Grego “HEPAR”, que significa “fígado”, associado à terminação “ITIS”, que originalmente quer dizer “relativo a”, mas acabou sendo absorvida pelo linguajar médico para designar “doença inflamatória”. Informações contidas na literatura chinesa já faziam referência à ocorrência de icterícia na sua população há mais de cinco mil anos. Há cerca de 2500 anos os Babilônios já faziam referências a surtos epidêmicos de icterícia entre o seu povo, e já no século IV a.C., Hipócrates também relatou quadros de icterícia epidêmica, sem qualquer ideia de agente causal ou formas de transmissibilidade. Dessa forma, por muitos anos a hepatite permaneceu uma incógnita para os médicos, até que em 1865, Virchow descreveu um doente com icterícia, que apresentava obstrução do colédoco terminal por uma rolha de muco, e assim surgiu o conceito de “icterícia catarral”, que foi perpetuado ao longo de muitas gerações. Quadros de icterícia epidêmica ocorreram por séculos e foram marcantes, sobretudo, nos períodos de guerra e catástrofes humanas, especialmente na Idade Média, quando ocorria piora das condições sócio higiênicas locais. Daí vem a origem das designações de “icterícia de campanha” e de “doença do soldado”. A primeira epidemia descrita ocorreu em Bremen, na Alemanha, envolvendo trabalhadores de um estaleiro naval em 1885. O Vírus Da Hepatite A Em 1973, Stephen Feinstone (24) descreveu pela primeira vez a visualização, por imunoelectromicroscopia, de partículas virais nas fezes de voluntários presos em Washington, nos quais havia sido inoculado o vírus MS1. Uma vez que não existe o estado de portador crônico do vírus da hepatite A, foram importantes os estudos em modelos experimentais animais e o cultivo celular, o que possibilitou o desenvolvimento da vacina com vírus atenuado (25). A continuidade dos estudos permitiu o desenvolvimento de uma vacina que se mostrou altamente eficaz. 12 CAUSAS A hepatite A é causada pelo vírus da hepatite, o HAV (vírus A), um vírus de RNA que pertence à família Picornaviridae e destaca-se por promover o acometimento do fígado. Essa doença é silenciosa, portanto, é fundamental a realização de exames periódica. Figura 5 - A Hepatite A é causada por um vírus de RNA que afecta o fígado TRANSMISSÃO A hepatite A é uma doença contagiosa que apresenta transmissão fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa, ou por alimentos ou água contaminados. Após a ingestão do vírus, este cai na corrente sanguínea e chega até os hepatócitos (células do fígado), onde se multiplica. A transmissão da hepatite A está diretamente relacionada com as precárias condições de higiene da população, sendo comum em locais onde o saneamento básico é inadequado ou ainda inexistente, por exemplo. De acordo com o Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives), nos países em desenvolvimento, em que o saneamento básico, de maneira geral, é menos eficiente, a hepatite A afeta mais crianças. Dessa forma, os adultos em sua maioria são imunes. Já nos países desenvolvidos, o quadro é outro, sendo a grande parte da população adulta suscetível à doença. A sua transmissão ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados com matéria fecal. A pessoa infectada elimina o vírus nas fezes, podendo contaminar a água onde não existem condições adequadas de saneamento básico, as pessoas que tomarem https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/virus.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/figado.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/saneamento-ambiental.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/paises-emergentes.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/paises-emergentes.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mortalidade-infantil.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/paises-desenvolvidos.htm 13 essa água contaminada ou ingerirem alimentos crus lavados com essa água, podem se infectar, assim como ao comer marisco ou frutos do mar crus, de água poluída com esgoto. Outra forma de transmissão da hepatite A é decorrente falta de higiene adequada após evacuar, quando alguém infectado com o vírus manipula alimentos sem lavar as mãos após usar o banheiro. É muito frequente a transmissão de hepatite A entre crianças, que muitas vezes não lavam bem as mãos, pegam brinquedos que outras crianças vão pegar e levam os brinquedos e as mãos à boca, dessa forma ingerindo o vírus. FATORES DE RISCO Especialistas enumeraram alguns fatores de risco para a transmissão da hepatite A. São estes: Viajar para regiões com altos índices de contaminação por hepatite A Ingerir água não filtrada Comer frutos do mar crus ou mal cozidos Ser HIV positivo com sistema imunológico comprometido. Morar em lugares com altos índices de hepatite A também pode favorecer a transmissão da doença. SINTOMAS DE HEPATITE A Os sinais e sintomas da hepatite A geralmente aparecem 2 a 4 semanas após a infecção pelo vírus, que é o período de incubação do vírus. Entre os principaissintomas, estão: Fadiga Náusea e vômitos Dor ou desconforto abdominal, especialmente na área próxima ao fígado Perda de apetite Febre Urina escura Fezes Claras Dor muscular Amarelamento da pele e olhos (icterícia). https://www.minhavida.com.br/saude/temas/hiv https://www.minhavida.com.br/saude/temas/fadiga https://www.minhavida.com.br/saude/temas/febre https://www.minhavida.com.br/saude/temas/dor-muscular https://www.minhavida.com.br/saude/temas/ictericia 14 Geralmente a doença dura menos de dois meses, mas pode perdurar até seis meses eventualmente. Raramente pode apresentar uma forma grave, chamada fulminante, que pode ocasionar insuficiência hepática aguda grave e levar a óbito rapidamente. Nem todas as pessoas com hepatite A desenvolvem sintomas, ou seja, existem casos de infecção assintomática e outras podem ser subclínicas, onde existem poucos sintomas e pode passar despercebida. Figura 6 - Alguns Sintomas da Hepatite A BUSCANDO AJUDA MÉDICA Marque uma consulta com seu médico se você tem sintomas similares aos da hepatite A. Se você foi exposto ao vírus, pode prevenir a infecção tomando uma vacina contra hepatite A ou imunoglobulina em até duas semanas após a entrar em contato com o vírus. Procure ajuda médica também se: Um restaurante onde você comeu recentemente relatou um surto de hepatite A Alguém próximo a você for diagnosticado com hepatite A Você teve contato sexual recente com alguém que tem hepatite A. DIAGNÓSTICO DE HEPATITE A Exames de sangue são geralmente solicitados pelo médico para detectar a presença do vírus da hepatite A no corpo do paciente. Uma amostra de sangue é retirada e enviada a um laboratório para análise. Seu médico também pode discutir os sinais e sintomas com o paciente como parte do processo de diagnóstico. 15 TRATAMENTO DE HEPATITE A Não existe tratamento específico disponível para a hepatite A. O próprio corpo se encarregará de livrar-se do vírus da hepatite A. Na maioria dos casos, o fígado se cura da hepatite A completamente em um ou dois meses sem danos permanentes. Há, no entanto, formas de se acelerar a cura. O tratamento, neste caso, baseia-se no manejo dos sintomas causados pela doença. Descanse Esteja ciente de que a fadiga é um sintoma comum em pessoas infectadas com hepatite A. Por essa razão, saiba que é normal sentir-se cansado ou sem energia até mesmo para cumprir tarefas diárias. Esses sintomas podem perdurar por meses, por isso o descanso é um tratamento recomendado, porém não é necessário o repouso absoluto na cama. Faça pequenos lanches ao longo do dia Encontre maneiras de lidar com as náuseas provocadas pela doença. Este sintoma pode ser frequente e tornar a sua alimentação difícil, mas identificar maneiras de tornar as refeições mais atraentes pode ser um bom começo de tratamento para evitar que elas apareçam o tempo todo. Fazer lanches pequenos ao longo do dia em vez de três grandes refeições diárias pode ajudar também. Dê um tempo para o fígado O fígado é o órgão mais prejudicado pela hepatite A. Por isso, evite medicamentos que possam prejudicar o seu funcionamento, bem como a ingestão de álcool, para melhorar o tratamento. MEDICAMENTOS Pode ser necessário o uso de medicamentos como tratamento para controlar alguns sintomas da hepatite A, como febre, náuseas, dores musculares. Não deve ser ingerido nenhum medicamento sem consultar um médico. CONVIVENDO/ PROGNÓSTICO Se você tem a doença, você pode optar por algumas medidas caseiras para reduzir o risco de transmissão da hepatite A para outras pessoas. 16 Entre essas medidas estão: Evitar contato sexual A hepatite A não é considerada doença sexualmente transmissível, sua transmissão ocorre pelo contato com material fecal, portanto somente em casos de relação anal sem proteção pode haver contaminação. Higienize suas mãos Lave muito bem as mãos após usar o banheiro. As mãos são as principais portas de entrada para muitas infecções, incluindo a hepatite A. Evite cozinhar Ao tocar em alimentos que serão ingeridos por outras pessoas, você pode facilitar o contágio. COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS Um pequeno número de pessoas com hepatite A continuará a apresentar os sinais e sintomas da doença por muitos dias após o diagnóstico, geralmente desaparecem logo. Pode acontecer também de os sintomas desaparecem e ressurgirem após um determinado período de tempo, para depois desaparecerem. É raro, mas hepatite A pode causar insuficiência hepática aguda, que é a perda repentina do funcionamento do fígado. Algumas pessoas apresentam maior risco de apresentar essa complicação, como pacientes portadores de doenças hepáticas crônicas e idosos. A insuficiência hepática aguda requer hospitalização para acompanhamento médico e tratamento imediato. Em alguns casos, pode ser necessário o tratamento com o transplante de fígado para esses pacientes. HEPATITE A TEM CURA? O vírus da hepatite A não permanece no organismo depois que a infecção desaparece por completo. A maioria das pessoas com hepatite A se recupera dentro de três meses. Quase todos os pacientes melhoram em seis meses, com raras exceções. Além disso, o risco de morte por hepatite A é muito baixo, somente nos casos de hepatite fulminante. 17 PREVENÇÃO O melhor método de prevenção contra hepatite A é por meio da vacina, que é geralmente dividida em duas fases: a inicial e um reforço após seis meses. A vacina é recomendada para os seguintes casos: Todas as crianças de até um ano de idade ou mais velhas que não receberam a vacina ainda Trabalhadores de laboratório que possam eventualmente entrar em contato com o vírus da hepatite A Pessoas que pretendem viajar para áreas do mundo com alta incidência de hepatite A Pessoas portadoras de doença hepática crônica. Outras medidas preventivas podem ajudar a evitar a hepatite A, veja: Evitar carne e peixe crus ou mal cozidos Ter cuidado com frutas que possam ter sido lavadas em água contaminada Não comprar frutas vendidas na rua. VACINA A vacinação contra hepatite A é uma importante forma de prevenção da doença. A vacina é fornecida pelo SNS para crianças com idade entre 15 meses a 5 anos incompletos. A vacina também é disponibilizada para “pessoas de qualquer idade que tenham: hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, incluindo os tipos B e C; coagulopatias; pessoas vivendo com HIV; portadores de quaisquer doenças imunossupressoras; doenças de depósito; fibrose cística; trissomias; candidatos a transplante de órgãos; doadores de órgãos cadastrados em programas de transplantes; pessoas com hemoglobinopatias.” https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/transplantes-orgaos-tecidos.htm 18 O QUE É A FEBRE TIFOIDE? Também conhecida como Febre Entérica, a Febre Tifoide é uma doença de distribuição mundial associada a baixos níveis sócio-econômicos, situação precária de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. Por isso, está praticamente extinta em países onde esses problemas foram superados. A doença é exclusiva em seres humanos, sendo endêmica na América Latina, na África, Europa Oriental e sul da Ásia. A OMS estima que ocorrem entre 16 e 33 milhões de casos de febre tifoide por ano, resultando em 216.000 mortes em áreas endêmicas. Sua incidência é maior em crianças e adultos jovens entre 5 e 19 anos. A febre tifoide não apresenta sazonalidade ou outras alterações cíclicas, assim como distribuição geográfica, que tenham importância prática. A sua ocorrência está diretamente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos hábitos individuais. Em áreas endêmicas, acomete com maior frequência indivíduos de 15 a 45 anos e a taxa de ataque diminui com a idade. Durante o início do século XX, umacozinheira chamada Mary Mallon transmitiu a febre tifoide para muitas pessoas e tornou-se conhecida como “Typhoid Mary” (Maria Tifoide). SURGIMENTO DA FEBRE TIFÓIDE. Em 1880, o patologista Carl Joseph Eberth (1835-1926) descreveu um microrganismo – o “bacilo de Eberth”, depois chamado Salmonella typhi, encontrado nos gânglios mesentéricos e no baço dos cadáveres que autopsiou. A descoberta foi confirmada por Koch, que apresentou descrição mais precisa do bacilo encontrado em cortes da parede intestinal, do baço, fígado e rim. Em 1884, Georg Gaffky (1850-1918), assistente e sucessor de Koch, conseguiu isolar o bacilo e dele obter culturas puras. O bacteriologista francês Fernand Widal (1862-1929) estabeleceu a identidade do bacilo de Eberth, realizou a primeira vacinação antitifóide, e, em 1896, divulgou sua principal descoberta, o sorodiagnóstico da febre tifóide. Maria Tifoide (Typhoid Mary) Naquela época, a ciência já havia feito avanços com relação aos fenômenos epidêmicos. Vacinas contra algumas doenças infecciosas já haviam sido desenvolvidas. No entanto, a medicina americana não conhecia nenhum caso de portador assintomático de doenças como febre tifoide. Portanto, diferentes hipóteses foram consideradas antes de se estabelecer que a origem do surto poderia ser uma pessoa capaz de transmitir a bactéria da doença por anos sem apresentar um sintoma febril e, além disso, sem saber que estava infectada. https://pt.wikipedia.org/wiki/End%C3%AAmica https://www.minhavida.com.br/saude/temas/febre-tifoide javascript:; javascript:; 19 Mary Mallon era uma imigrante irlandesa que chegou aos Estados Unidos em 1883. Mallon infectou com a febre tifoide cerca de 50 pessoas, das quais pelo menos três morreram. Só anos depois descobriu-se que ela era o elemento comum entre os muitos casos de infecção que afetaram famílias e confundiram autoridades e médicos. Depois que foi detectado que ela carregava as bactérias infecciosas em seu corpo, Mallon se tornou a primeira Figura 7 - Mary Mallon. a mulher condenada a viver 26 anos em quarentena por doença assintomática portadora assintomática identificada da doença, também conhecida como febre entérica e ficou conhecida pela imprensa como: Typhoid Mary (Maria Tifoide, em português). Marginalizada e criticada, ela até mudou de nome para continuar trabalhando. Acabou, porém, condenada a viver em uma longa quarentena e ficou isolada numa ilha apenas acompanhada por um cão durante 26 anos até sua morte. CAUSAS É provocada pela a bactéria Salmonella Typhi que penetra no organismo através do tubo digestivo. Embora o contágio se costume efectuar através do consumo de líquidos ou alimentos contaminados, também pode ser realizado por contacto directo com os pacientes ou portadores saudáveis que não respeitem as devidas normas de higiene. A acidez gástrica é o primeiro mecanismo de defesa do organismo contra a bactéria, mas quando consegue resistir à acidez do estômago, a Salmonella Typhi chega ao intestino delgado, onde compete com as bactérias da flora normal intestinal. Se sobreviver, a bactéria invade a parede intestinal e alcança a circulação sanguínea. A presença desta no sangue determina o início dos sintomas. Figura 8 - Salmonella Typhi, bácteria causadora da Febre Tifoide https://monizsilva.co.ao/saude/nutricao https://monizsilva.co.ao/saude/nutricao 20 TRANSMISSÃO A Salmonella typhi está presente somente em pessoas. As pessoas que são infectadas excretam as bactérias nas fezes e, raramente, na urina. Algumas pessoas infectadas desenvolvem infecção crônica da vesícula biliar ou do trato urinário. Elas continuam a excretar a bactéria nas fezes ou na urina, embora não tenham mais sintomas. Tais pessoas são chamadas portadoras. Assim, elas não sabem se podem transmitir a infecção. A bactéria Salmonella typhi pode contaminar alimentos ou bebidas quando as mãos não são lavadas adequadamente após a defecação ou micção. Os suprimentos de água podem ser contaminados quando o esgoto é tratado inadequadamente. As moscas podem transmitir as bactérias diretamente das fezes para os alimentos. Às vezes, a febre tifoide é disseminada por contato direto entre crianças ao brincarem ou entre adultos durante sexo anal-oral. Assim como todas as bactérias Salmonella, muitas dessas bactérias devem ser consumidas para a infecção se desenvolver, a menos que o sistema imunológico esteja comprometido ou as pessoas tenham deficiência de ácido estomacal. Os ácidos do estômago tendem a destruir as bactérias Salmonella. Disseminação através da corrente sanguínea As bactérias se disseminam do trato digestivo para a corrente sanguínea (causando bacteremia) e podem infectar órgãos distantes, como: Fígado, baço e vesícula biliar Pulmões (causando pneumonia) Articulações (causando artrite infecciosa) Rins (causando glomerulonefrite) Válvulas do coração (causando endocardite) Trato genital Os tecidos que revestem o cérebro e a medula espinhal (causando meningite) Ossos (causando osteomielite) Essas infecções se desenvolvem principalmente quando as pessoas não são tratadas ou quando o tratamento é tardio. SINTOMAS DE FEBRE TIFOIDE Febre alta Dores de cabeça Mal-estar geral, falta de apetite Retardamento do ritmo cardíaco https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/bacteremia-sepse-e-choque-s%C3%A9ptico/bacteremia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/pneumonia/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-pneumonia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/infec%C3%A7%C3%B5es-em-ossos-e-articula%C3%A7%C3%B5es/artrite-infecciosa https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/dist%C3%BArbios-da-filtra%C3%A7%C3%A3o-dos-rins/glomerulonefrite https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/endocardite/endocardite-infecciosa https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/meningite/meningite-bacteriana-aguda https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/infec%C3%A7%C3%B5es-em-ossos-e-articula%C3%A7%C3%B5es/osteomielite 21 Aumento do volume do baço Manchas rosadas no tronco Prisão de ventre ou diarreia Tosse seca. Tipicamente, os sintomas similares à gripe começam 8 a 14 dias após a infecção. Os sintomas de febre tifoide começam aos poucos. As pessoas podem apresentar febre, dor de cabeça, dor de garganta, dores nos músculos e nas articulações, dores abdominais e tosse seca. Elas podem perder o apetite. Depois de alguns dias, a temperatura chega ao pico de 39 a 40 °C, permanece ele- Se a infecção for transmitida para outros órgãos, os sintomas dessas infecções também podem se desenvolver. Em cerca de 8% a 10% das pessoas não tratadas, os sintomas reincidem cerca de duas semanas após a febre ceder. Figura 9 – Roséolas Tíficas, manchas típicas da Febre Tifoide vada por mais 10 a 14 dias e volta ao normal durante a quarta semana após os sintomas terem iniciado. Muitas vezes a frequência cardíaca é lenta e as pessoas se sentem exaustas. Quando a infecção é grave, elas podem sofrer delírios. Durante a segunda semana, uma erupção cutânea com manchas rosadas planas se desenvolve no peito e no abdômen em aproximadamente 10% a 20% das pessoas. As pessoas podem ficar com prisão de ventre inicialmente, mas depois de 2 semanas pode ocorrer diarreia. Em cerca de 1% a 2% das pessoas, o intestino sofre ruptura (perfuração) ou sangra. Algumas pessoas têm sangramento intenso, às vezes com risco à vida. Figura 10 – Prisão de ventre e/ou diarreia são sintomas comuns da Febre Tifoide 22DIAGNÓSTICO DE FEBRE TIFOIDE Exame e cultura de amostras de sangue, fezes ou de outros líquidos ou tecidos corporais Para confirmar o diagnóstico de febre tifoide, os médicos coletam amostras de sangue, fezes, urina, outros líquidos ou tecidos corporais e enviam a um laboratório onde as bactérias, se presentes, podem ser cultivadas. As amostras são examinadas e testadas para determinar se há bactérias Salmonella presentes. Normalmente a análise laboratorial feita é a Hemocultura. Também são feitos testes para determinar quais antibióticos serão provavelmente eficazes (testes de suscetibilidade). PROGNÓSTICO DE FEBRE TIFOIDE Sem tratamento, cerca de 12% das pessoas morrem. Com tratamento, apenas cerca de 1% das pessoas morre. A maioria das pessoas que morre é desnutrida, muito jovem ou idosa. O estupor (falta de resposta que requer estímulo vigoroso para a pessoa acordar), o coma e o choque são sinais de infecção grave e de prognóstico reservado. TRATAMENTO DE FEBRE TIFOIDE O paciente deve ser tratado em nível ambulatorial, basicamente com antibióticos e reidratação. Em casos excepcionais, é preciso internação para hidratação e administração venosa de antibióticos. Sem tratamento antibiótico adequado, a doença pode ser fatal em até 15% dos casos. Quando antibióticos são utilizados, o risco de morte é reduzido para menos de 1%. A recuperação completa pode levar semanas ou meses. A resistência a antibióticos é comum e está aumentando em áreas onde a febre tifoide é habitual. O antibiótico cloranfenicol é usado em todo o mundo. Porém, ele pode danificar células na medula óssea que formam células sanguíneas. Além disso, a bactéria Salmonella typhi está se tornando cada vez mais resistente a ele. Se a infecção for grave, também são administrados corticosteroides, principalmente quando as pessoas apresentam delírio, comatose ou estão em choque. Enquanto as pessoas tiverem febre, aconselha-se repouso na cama. Uma dieta líquida clara pode ajudar a minimizar a diarreia. As pessoas não devem usar aspirina, laxantes e enemas. Em 15% a 20% das pessoas que recebem antibióticos, a infecção costuma voltar cerca de uma semana após o tratamento ser interrompido. Essa infecção é mais leve do que a doença inicial e é tratada da mesma maneira. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7a-infecciosa/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7a-infecciosa#v29994191_pt 23 Tratamento de portadores Os portadores devem comunicá-la ao departamento de saúde local e ficam proibidos de trabalhar com alimentos até que os testes indiquem que as bactérias foram erradicadas. Tomar antibióticos durante 4 a 6 semanas pode erradicar a bactéria em muitos portadores. Se os portadores tiverem doença da vesícula biliar, a cirurgia para remover a vesícula biliar pode ser eficaz. No entanto, essa cirurgia não garante que as bactérias serão erradicadas. MEDICAMENTOS PARA FEBRE TIFOIDE Os medicamentos mais usados para o tratamento de febre tifoide são: Androfloxin Azitromicina administrada por via oral Bacteracin e Bacteracin-F Bactrim Cefalotina Fluoroquinolonas (como ciprofloxacino, levofloxacino ou moxifloxacino) administradas por via oral ou injeção Ceftriaxona administrada por injeção Clordox Doxiciclina Norfloxacino Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula. COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS A febre tifoide pode ser transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria Salmonella entérica sorotipo Typhi. Algumas vezes pode ser transmitida pelo contato direto (mão- boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vômito ou pus de indivíduo infectado. A vítima elimina a bactéria nas fezes e na urina, independentemente de apresentar os sintomas da doença. O tempo de eliminação das bactérias pode ser de até três meses. Portadores crônicos podem transmiti-la por até um ano. 24 PREVENÇÃO As recomendações para febre tifoide, que devem ser seguidas para prevenir a febre tifoide e também durante o tratamento, incluem: Lavar as mãos antes e depois de usar o banheiro, antes das refeições e de preparar alimentos; Ferver ou filtrar a água antes de bebê-la; Não consumir alimentos mal cozidos ou crus; Preferir alimentos cozidos; Evitar fazer refeições fora de casa; Evitar frequentar locais com más condições sanitárias e de higiene; Não deixar a criança aceitar comida de estranhos nem beber água dos bebedouros da escola; Avisar e não deixar a criança colocar objetos na boca porque podem estar contaminados; Separar uma garrafa com água mineral ou água fervida ou filtrada só para a criança. As pessoas que viajam para áreas onde a febre tifoide é comum devem evitar comer verduras cruas e outros alimentos servidos ou armazenados à temperatura ambiente. As pessoas devem supor que gelo e água (a menos que seja fervida ou tratada com cloro antes de usar) não são seguros. Água engarrafada vedada deve ser usada para escovar dos dentes. VACINAÇÃO Além disso, para prevenir o desenvolvimento da febre tifoide, pode ser também recomendada a vacina para febre tifoide, que é indicada principalmente para pessoas que moram ou que irão viajar para locais com alta prevalência dessa doença. Uma vacina dada pela boca (via oral) e uma vacina de polissacarídeo dada por injeção no músculo podem ajudar a prevenir a febre tifoide. Ambas as vacinas têm uma eficácia de cerca de 70% e poucos efeitos colaterais. A vacinação é recomendada para: Viajantes a regiões onde a febre tifoide é comum Pessoas que vivem em um domicílio ou que tenham contato estreito com portadores Funcionários de laboratório que trabalham com a bactéria As pessoas que permanecem em risco devem receber uma vacina de reforço dois anos após receber a vacina injetada e cinco anos depois de receber a vacina oral. 25 RECOMENDAÇÕES Os Enterovírus são microrganismos altamente contagiosos e transmitem-se via oral e fecal, através de água e superfícies contaminadas ou alimentos contaminados ou mal cozinhados. Podemos citar medidas como: 1. Higiene Pessoal A regra de ouro da prevenção desta infeção é a higiene. Lave as mãos com água e sabão sempre que necessário, antes e depois das refeições, e depois de ir à casa de banho. Evite a partilha de toalhas, talheres ou outros objetos. Lave a roupa contaminada a temperaturas elevadas 2. Segurança À Mesa Não consuma alimentos não pasteurizados, de origem não certificada ou desconhecida. Ferva a água ou use água engarrafada. Prefira produtos naturais e frescos e, caso tenha dúvidas quanto à preparação e conservação, não arrisque. Lave cuidadosamente a fruta e as verduras. Cozinhe muito bem os alimentos: a carne, os ovos, os moluscos bivalves e os crustáceos são veículos comuns de infeção. Limpe bem os utensílios usados: a contaminação pode ocorrer entre superfícies ou utensílios, se não existirem precauções de higiene. 3. Sinal De Alarme A doença pode manifestar-se entre algumas horas e dias após o contágio. Queixas de mal-estar abdominal, náuseas, perda de apetite, dor de cabeça, febre, vómitos e/ou diarreia são os sintomas mais comuns de gastroenterite. Em caso de febre e vómitos, certifique-se de que se mantém hidratado, ingerindo pequenas porções de água. 4. Como Agir? Nos adultos, os sintomas manifestam-se entre um e sete dias, desaparecendo por si. Nas crianças duram entre dois a três dias, embora os episódios dediarreia possam manter- se mais de uma semana. Regra geral, não é ministrado tratamento específico para além de cuidados de repouso e de hidratação para compensar as perdas devido aos vómitos ou diarreia. Introduza gradualmente alimentos de fácil digestão (caldos, arroz) e evite os lacticínios ou alimentos ricos em fibra. A toma de medicamentos pode ser recomendada em casos mais graves, mas requer parecer médico. 5. Quando Procurar Ajuda? Perante o agravamento na intensidade ou duração dos sintomas (diarreia superior a uma semana, sinais de desidratação severa, presença de sangue ou pus nas fezes) procure aconselhamento médico. O mesmo se aplica caso tenham passado férias num país com condições sanitárias insuficientes ou sofram de uma doença crónica e tenham dificuldade em tomar a medicação devido aos sintomas de gastroenterite.
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