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CRÉDITO TRIBUTÁRIO

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13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Crédito tributário é o direito subjetivo de que é portador o sujeito ativo de uma
obrigação tributária, o qual lhe permite exigir do sujeito passivo o seu objeto.
A obrigação tributária é um vínculo entre poder público e contribuinte ou
responsável. O crédito tributário é o objeto deste vínculo.
Quando nasce o crédito tributário?
O crédito tributário nasce com a obrigação que decorre do fato gerador (CTN, art.
113, § 1º), mas se torna líquido e exigível apenas com o lançamento (CTN, art.
142).
1- Lançamento Tributário – artigo 142 do CTN
No exato momento em que ocorre concretamente o fato gerador da obrigação
tributária principal, estabelece-se uma relação jurídica em cujos polos opostos se
situam o sujeito ativo e o sujeito passivo, os quais assumem, respectivamente, a
condição de credor e de devedor da prestação que constitui o objeto dessa relação
(pagar tributo ou penalidade pecuniária).
Embora o CTN afirme que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem
a mesma natureza jurídica desta (art. 139), ele trata essas duas figuras como
coisas distintas. Com efeito, da leitura do art. 142 constata-se que, mesmo já
tendo ocorrido o fato gerador – e, por conseguinte, o surgimento da relação
jurídica tributária –, para que o sujeito ativo possa cobrar o tributo ou a
penalidade pecuniária, necessita realizar um procedimento administrativo
denominado lançamento, que consiste em:
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente;
determinar a matéria tributável;
calcular o montante do tributo devido
identificar o sujeito passivo; e
sendo caso, aplicar a penalidade eventualmente cabível
Esse procedimento resulta num documento escrito (normalmente intitulado
“notificação de lançamento”, “auto de lançamento”, “notificação de débito”, etc.)
por meio do qual o sujeito ativo notifica o sujeito passivo a cumprir a sua
obrigação tributária dentro do prazo ali indicado.
Como o CTN estabelece que o crédito tributário é constituído por meio do
lançamento, temos que antes de este ser realizado é como se, em termos
práticos, aquele ainda não existisse, eis que não dotado de exigibilidade – é dizer,
não pode ser cobrado do sujeito passivo. E isto, repita-se, apesar de já haver
ocorrido o fato gerador da obrigação tributária.
A título de ilustração, analisemos um caso envolvendo o imposto sobre
propriedade predial e territorial urbana (IPTU), cujo fato gerador, nos termos das
leis municipais que instituíram esse tributo, se dá em 1º de janeiro de cada ano.
Suponhamos que no dia 1º de janeiro de um determinado ano deu-se o fato
gerador do IPTU em relação a certa propriedade predial situada na zona urbana
do Município X, daí se estabelecendo, de imediato, a relação jurídica tributária
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entre tal entidade federativa – na condição de sujeito ativo, isto é, de credor – e o
proprietário do aludido imóvel – este, na condição de sujeito passivo, ou seja de
devedor.
Pois bem, ex vi do art. 142 do CTN, esse sujeito ativo não dispõe ainda de
instrumento jurídico para exigir que o sujeito passivo realize o pagamento do
imposto, eis que necessita, primeiramente, constituir o seu crédito por meio do
lançamento. Somente após a conclusão de tal procedimento administrativo e da
subsequente notificação do devedor para efetuar o pagamento, haverá crédito
tributário exigível, ou cobrável.
Ainda quanto ao lançamento, informa o art. 144 do CTN que ele reporta-se à data
da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda
que posteriormente modificada ou revogada. Assim, por exemplo, se o fato
gerador de uma obrigação tributária ocorreu em 1º de janeiro de 2015, mesmo
que o respectivo lançamento tenha ocorrido em 20 de maio de 2018, a legislação
que teve de ser aplicada pela autoridade que realizou o procedimento
administrativo em tela foi a vigente na primeira daquelas datas, ainda que em 20
de maio de 2018 ela já se encontrasse modificada ou revogada.
1.2- Alteração do lançamento – CTN, 145 e 149.
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode
ser alterado em virtude de:
I- impugnação do sujeito passivo;
II- recurso de ofício;
III- iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no
artigo 149;
1.3- Modalidades de lançamento:
Na linguagem do Código Tributário, existem três modalidades de lançamento, a
saber:
Lançamento por declaração
Lançamento de ofício
Lançamento por homologação
Lançamento por declaração
Desta modalidade cuida o art. 147 do CTN, nestes termos: “O lançamento é
efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou
outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa
informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.”
A particularidade desta modalidade está em que o lançamento depende de que o
sujeito passivo, ou outra pessoa, preste à autoridade administrativa competente
informações sobre matéria de fato, sem as quais restaria impossibilitado o
procedimento de que trata o art. 142 da Lei nº 5.172/66.
A título de exemplo, suponhamos de fulano de tal promoveu a entrada de produto
estrangeiro no território nacional, que é tributada por meio do imposto sobre
importação. Para que a autoridade fiscal possa realizar o lançamento desse
imposto, é necessário que ela seja informada, pelo próprio sujeito passivo ou por
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outra pessoa, da referida entrada do produto no país, eis que, do contrário, não
terá sequer ciência da ocorrência do fato gerador do referido tributo.
Lançamento de ofício
Diferentemente do que se dá em relação à modalidade anterior, o lançamento se
considera de ofício quando sua realização independe de qualquer informação por
parte do sujeito passivo ou de terceiro. E independe porque, neste caso, a
autoridade administrativa já dispõe de todos os dados de que necessita para
executar o procedimento em questão.
Exemplo de tributo sujeito a lançamento de ofício é o já citado IPTU. De fato, toda
prefeitura municipal mantém um cadastro dos imóveis localizados em sua zona
urbana, onde constam, em relação a cada imóvel, os dados necessários para o
lançamento do referido imposto, Assim, a partir de 1º de janeiro de cada ano –
que, como vimos, é o momento em que se considera ocorrido o fato gerador do
IPTU –, basta a autoridade competente de cada município consultar o seu
cadastro imobiliário para ali obter todos os elementos necessários à efetivação do
lançamento.
Lançamento por homologação
Há uma característica comum aos lançamentos por declaração ou de ofício: em
ambos os casos, apesar de já ocorrido o fato gerador da obrigação tributária
principal, o sujeito passivo somente terá o dever de realizar o pagamento que
constitua objeto dessa obrigação depois de notificado do procedimento descrito no
art. 142 do CTN. Em termos práticos, pode-se afirmar que o lançamento e
subsequente notificação do sujeito passivo acerca de sua efetivação precedem o
surgimento do dever de pagar.
Situação diametralmente oposta se verifica em relação ao chamado lançamento
por homologação, que vem disciplinado no art. 150 do Código Tributário, nestes
termos:
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o
pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo
ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade
assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
Para entendermos esta modalidade sui generis de lançamento, devemosconsiderar que, de fato, existem alguns tributos cuja legislação atribui ao sujeito
passivo o dever de pagá-los antes da realização do procedimento administrativo
de que trata o art. 142 do CTN. Aliás, quando o Código afirma que o sujeito
passivo deve “antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa”, ele está, justamente, impondo o cumprimento da obrigação
tributária principal – pagar tributo ou penalidade pecuniária – antes do
mencionado procedimento.
Exemplo de tributo sujeito a lançamento por homologação é o imposto sobre
produtos industrializados (IPI), o qual, nos termos da Constituição Federal (art.
153, IV), é de competência da União.
Imaginemos, então, que em 10 de maio de determinado ano certa empresa
promoveu a saída de produto por ela mesma industrializado, em decorrência de
uma operação de venda. Como esta operação é considerada fato gerador do IPI,
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temos que o pagamento desse imposto deve ser efetuado, no prazo estabelecido
em lei, antes de a autoridade administrativa competente (no caso, um Auditor
Fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil) instaurar o procedimento
referido no art. 142 do Código Tributário Nacional – é dizer, antes de efetuado o
lançamento tributário.
Mas, se o sujeito passivo deve antecipar o pagamento, uma vez que este seja
efetuado, quando e por que proceder ao lançamento do crédito tributário, já que
extinta a obrigação do sujeito passivo?
A resposta passa pelo § 1º do art. 150 do CTN, nestes termos: “O pagamento
antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição
resolutória da ulterior homologação ao lançamento.”
O que o Código estabelece no texto acima destacado é que a antecipação do
pagamento do tributo somente extinguirá em definitivo o crédito do sujeito ativo –
e, por extensão, a obrigação do sujeito passivo – depois de implementada a
condição resolutória ali explicitada, qual seja, a ulterior homologação da atividade
exercida pelo devedor.
Voltando ao exemplo acima, imaginemos que a empresa antecipou o pagamento
do IPI dentro do prazo estabelecido na legislação desse tributo. Com base no
caput e no § 1º do Código, o crédito da União, assim como a obrigação do sujeito
passivo, considerar-se-ão extintos apenas provisoriamente. A extinção em
definitivo se dará tão somente no momento em que um auditor fiscal da Receita
Federal atestar, expressamente, a regularidade da atividade exercida pelo
obrigado – ou seja, da antecipação do pagamento do imposto.
Neste sentido, verifica-se que o lançamento por homologação nada mais é do que
esse atestado de que o sujeito passivo cumpriu sua obrigação tributária nos
exatos termos da lei. Até porque, sendo este o caso, nada mais há a ser lançado,
eis que o crédito tributário e a obrigação tributária se extinguem definitivamente
no exato momento em que homologada a atividade do sujeito passivo,
mencionada in fine do caput do art. 150 do CTN.
Mas, e se a autoridade fiscal constatar que o sujeito passivo não antecipou o
pagamento do tributo? Ou, se o fez, recolheu valor menor do que o devido?
Na primeira hipótese, é evidente que a autoridade fiscal não homologará coisa
alguma, enquanto, na segunda, terá de reconhecer que o sujeito passivo cumpriu
parcialmente a sua obrigação tributária.
E o que fará a autoridade competente da RFB diante dessas duas situações?
Em ambos os casos, ela realizará o lançamento de ofício do crédito tributário, com
a particularidade de que na primeira hipótese será lançado o valor total do
imposto que deveria ter sido recolhido, enquanto, na segunda, lançará somente a
diferença entre o valor devido e o que o sujeito passivo já recolheu.
Ressaltamos que o § 4º do art. 150 do CTN introduz uma importantíssima regra
acerca do tema sob análise. Vejamos:
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a
contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a
Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
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lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Vê-se que a autoridade fiscal dispõe do prazo de cinco anos, contado da
ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, para homologar a atividade do
sujeito passivo referida no caput do mesmo artigo, isto é, para verificar se ele de
fato antecipou o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária, e se o fez
corretamente. Somente dentro deste prazo é que poderá haver homologação
expressa, porquanto a inércia do sujeito ativo até o final do quinquênio
estabelecido no § 4º resulta na chamada homologação tácita, a qual, por ter os
mesmos efeitos jurídicos da homologação expressa, implica a extinção do crédito
tributário, ainda que o sujeito passivo nada tenha recolhido, ou tenha recolhido
valor menor do que o devido.
Portanto, ainda que posteriormente à homologação tácita a autoridade fiscal
constate que o sujeito passivo nada recolheu, ou recolheu valor menor do que o
devido, lançamento algum poderá ser realizado, eis que não mais existirá
obrigação tributária, nem, por consequência, crédito tributário a ser lançado.
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Uma vez notificado do lançamento, o sujeito passivo tem um prazo para pagar o
crédito tributário ou apresentar defesa administrativa.
O CTN prevê algumas situações que podem suspender a exigibilidade do crédito
tributário, ficando o poder público temporariamente impedido de prosseguir com a
sua cobrança. O assunto é tratado no artigo 151, cujos incisos V e VI foram
incluídos pela Lei complementar n° 104, de 10 de janeiro de 2001.
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - a moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial;
VI – o parcelamento.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das
obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja
suspenso, ou dela consequentes.
1- Moratória
Moratória é a dilação do prazo de pagamento, concedida pelo credor em favor do
devedor. Na moratória, o próprio Fisco prorroga o prazo de pagamento do crédito
tributário. Poderá fazê-lo, autorizando o contribuinte a pagar todo o crédito de
uma só vez ou parceladamente.
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 A moratória pode ser concedida em caráter geral ou individual, nos
termos do artigo 152 do CTN.
Art. 152 - A moratória somente pode ser concedida:
I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo
a que se refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos
tributos de competência federal e às obrigações de direito privado.
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa,
desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior.
Parágrafo único - A lei concessiva de moratória pode circunscrever
expressamente a sua aplicabilidade a determinada região do território da
pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe
ou categoria de sujeitos passivos.
A moratória, seja geral ou individual, é sempre concedida por lei. Na moratória
dita individual faz-se necessária, entretanto, a análise da autoridade
administrativa com o fim de verificar se osujeito passivo preenche os requisitos
legais necessários à sua concessão. Preenchidos os requisitos, reconhece-se, por
despacho, o direito do requerente. A moratória geral, por outro lado, dispensa
esse reconhecimento, não impondo a lei a necessidade de análise prévia pela
autoridade administrativa.
Entre as moratórias em caráter geral, temos dois tipos:
a) Moratória Autonômica ou Autônoma (art. 152, I. “a” CTN) – aquela
concedida pelo ente detentor da competência tributária respectiva. É a regra.
b) Moratória Heterônoma (art. 152, I, “b”, CTN) – aquela concedida pela União
quando a tributos de competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Trata-se de possibilidade excepcional e inédita em nosso ordenamento tributário.
Ademais, tal moratória é condicional, uma vez que a União deve conceder,
simultaneamente, moratória dos próprios tributos federais e de suas obrigações
de direito privado.
O artigo 153 do CTN enumera os requisitos mínimos a serem especificados pela lei
que trate de moratória.
Art. 153 - A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua
concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros
requisitos:
I - o prazo de duração do favor
II - as condições da concessão do favor em caráter individual;
III - sendo o caso:
a) os tributos a que se aplica;
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b) o número de prestações e seus vencimentos dentro do prazo a que se
refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade
administrativa, para cada caso de concessão individual;
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de
concessão em caráter individual.
2- Depósito do montante integral
Por vezes, inconformado com o lançamento ou com a decisão administrativa
definitiva em seu desfavor, o sujeito passivo ingressa com ação judicial contra o
Fisco com o fim de anular o lançamento tributário.
A simples propositura da ação, entretanto, não é suficiente para impedir que o
Fisco prossiga na cobrança do crédito tributário, mediante, inclusive, o
ajuizamento de ação de execução fiscal. Em outras palavras, a propositura de
ação anulatória do débito fiscal, por si só, não tem o condão de suspender a
exigibilidade do crédito tributário.
Para conseguir esse efeito, é necessário que o sujeito passivo realize o depósito
do valor de toda a dívida em discussão. Apenas, então, com o depósito do
montante integral, tem-se por suspensa a exigibilidade do crédito tributário, nos
termos do artigo 151, inciso II, do CTN. Ressalte-se que o depósito insuficiente
(valor parcial) não produz o mesmo efeito. Ver Súmula 112 do STJ, segundo o
qual, o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for
integral e em dinheiro.
3- Reclamações e recursos administrativos
As impugnações administrativas (ou reclamações apresentadas pelo sujeito
passivo contra lançamento que considere ilegítimo) impedem que o crédito seja
inscrito em dívida ativa até a decisão final no processo litigioso administrativo. Em
geral, as leis tributárias das diversas esferas da federação costumam prever duas
instâncias administrativas de julgamento. Assim, os recursos no processo
administrativo fiscal, voluntários ou de ofício, também suspendem a exigibilidade
do crédito tributário.
As reclamações e recursos devem ser apresentados dentro do prazo estabelecido
nas leis que regulam o processo tributário administrativo, prazo esse que, na
maioria dos casos, é de trinta dias contados da data em que o sujeito passivo foi
notificado do lançamento (prazo para reclamação), ou da data em que ele foi
cientificado da decisão administrativa a propósito de sua reclamação (prazo para
recurso).
4- Medida Liminar em Mandado de Segurança
O mandado de segurança é remédio jurídico garantido pelo inciso LXIX do artigo
5° da Constituição Federal: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas-data, quando
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.”
Mas a simples propositura da ação de mandado de segurança contra a autoridade
fiscal não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Esse efeito somente é
conseguido mediante a concessão de medida liminar pelo Poder Judiciário. A
liminar será concedida sempre que o Juiz entender presentes os seguintes
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requisitos legais: a) o fumus boni júris (fumaça do bom direito), que retrata a
relevância do fundamento invocado pelo impetrante e b) o periculum in mora
(perigo da demora), que representa o risco de, não sendo concedida a medida, o
impetrante sofrer lesão irreparável ou de difícil reparação.
5- Medida Liminar ou Tutela Antecipada, em outras Espécies de Ação
Judicial
A liminar em mandado de segurança sempre existiu como causa suspensiva da
exigibilidade do crédito tributário proveniente de ordem judicial. Até a LC n.
104/01, mostra-se como a única possibilidade de suspensão, proveniente de
ordem judicial, constando do inciso IV do art. 151. Com o advento da LC 104/01,
passou-se a ter mais essa causa suspensiva, adstrita à ordem judicial – a
concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies
de ação judicial.
6- Parcelamento
O parcelamento é procedimento suspensivo do crédito, caracterizado pelo
comportamento comissivo do contribuinte, que se predispõe a carrear recursos
para o Fisco, mas não de uma vez, o que conduz tão somente à suspensão da
exigibilidade do crédito tributário.
Dispõe o CTN:
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição
estabelecidos em lei específica.
§1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito
tributário não exclui a incidência de juros e multas.
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta
Lei, relativas à moratória.
§ 3º. Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos
créditos tributários do devedor em recuperação judicial.
§ 4º. A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo
importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação
ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo
de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.
CAUSAS EXTINTIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
As principais causas extintivas encontram-se enumeradas no artigo 156 do Código
Tributário Nacional:
pagamento;
compensação;
transação;
remissão;
prescrição e decadência;
a conversão de depósito em renda;
o pagamento antecipado e a homologação do lançamento, nos termos do
disposto no artigo 150 e seus §§ 1.º e 4.º;
a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do artigo
164;
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a decisão administrativa irreformável, assim entendida a defendida na órbita
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
a decisão judicial passada em julgado;
a dação em pagamento de bens imóveis, na forma e condições estabelecidas
na lei.
As causas extintivas têm o poder de liberar o contribuinte da relação de sujeição
que possui com a Fazenda Pública.
1. Pagamento
O pagamento vem disciplinado nos art. 157 a 163 e 165 a 169 do CTN, e é
modalidade direta de extinção do crédito tributário, prescindindo de autorização
por lei.
Em regra, o pagamento deve ser feito em pecúnia. Todavia o artigo 162 do CTN,
prevê o pagamento por meio sucedâneos: cheque, dinheiro, vale-postal,
estampilha, papel selado ou processo mecânico.
Art. 162. O pagamento é efetuado:
I- em moeda corrente, cheque ou vale postal.
II- nos casos previstos em lei, emestampilha, em papel selado, ou por
processo mecânico.
A Lei Complementar n. 104/2001 trouxe novidade ao CTN quando previu nova
causa extintiva do crédito tributário: a dação em pagamento, constante do
inciso XI do art. 156, do CTN.
O pagamento parcial de um crédito tributário, diferentemente do que
acontece no Direito Civil, não importa em presunção de pagamento das
demais parcelas em que ele se decomponha (art. 158, I). Da mesma forma, o
pagamento total de um crédito tributário não resulta na presunção do
pagamento de outros créditos, referentes a mesmo ou outro tributo (art. 158,
II).
O artigo 159 estabelece ser o local do pagamento do tributo, salvo, disposição
contrária da legislação pertinente, a repartição competente do domicílio do sujeito
passivo da relação jurídica tributária.
O prazo para o pagamento dos tributos é definido na legislação própria de cada
gravame, mas salvo regra contrária, aplica-se o disposto no artigo 160 do CTN, a
saber, o prazo é de 30 dias, contados da data de notificação do lançamento ao
contribuinte, lembrando que o parágrafo único do artigo supramencionado
autoriza a concessão de desconto pela antecipação do pagamento, desde que
preenchidas algumas condições.
Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o
vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se
considera o sujeito passivo notificado do lançamento.
O CTN, além dos prazos tradicionalmente oponíveis à Fazenda, cuida de lapsos
temporais para o contribuinte pleitear a restituição de quantias pagas
indevidamente, independentemente de a prática do ato pelo sujeito passivo ter
ou não se operado por sua vontade ao tempo da realização do pagamento
inconveniente.
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Observe o que dispõe o artigo 165 o CTN:
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio
protesto, à restituição total ou parcial do tributo (...).
Se for pago tributo a maior, o contribuinte tem direito à restituição, sem qualquer
empecilho a ser imposto pelo fisco.
Para se repetir o valor pago indevidamente ou a maior, o contribuinte deve
obedecer ao prazo legal de 5 (cinco) anos, a contar da extinção do crédito
tributário.
E o artigo 169 do CTN, dispõe que prescreve em 02 (dois) anos a ação anulatória
da decisão administrativa que denegar a restituição.
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão
administrativa que denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação
judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da
intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública
interessada.
2. Compensação
A definição de compensação pode ser extraída do Direito Privado, conforme os art.
368 a 380 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002), segundo o qual a compensação é
modalidade extintiva da obrigação, quando se é devedor e credor,
concomitantemente.
Para que a compensação ocorra, é necessária a presença de três requisitos:
a) As partes devem ser as mesmas (mesma Fazenda Pública, federal, estadual ou
municipal, e mesmo contribuinte).
b) Os créditos devem estar liquidados, é necessário que se saiba exatamente
quanto há de ser pago.
c) A existência de uma lei autorizando a medida: cada pessoa política deve
legislar a respeito.
A Lei Complementar n. 104/01, que inseriu no Código Tributário Nacional o artigo
107-A, veda a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de
contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da
respectiva decisão judicial.
3. Transação
A transação é o acordo para concessões recíprocas que ponham fim ao litígio,
conforme os art. 840 a 850 da Lei n. 10.40/2002. Há previsão específica no CTN,
conforme o art. 171:
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos
ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação, que, mediante
concessões mútuas, importe em determinação (sic) de litígio e
consequente extinção de crédito tributário.
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Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a
transação em cada caso. (grifo nosso).
A transação para extinção do crédito tributário depende de lei autorizativa para
sua instituição, na qual deve ser indicada a autoridade competente para realizar a
transação em cada caso, bem como explicitar as concessões que poderão ser
feitas ao contribuinte.
O CTN admite tão só a transação terminativa, e não a “preventiva”. Com efeito,
é pressuposto de tal causa extintiva do crédito tributário a existência de um litígio
entre o Fisco e o contribuinte. O art. 171 emprega o termo determinação, mas,
em realidade, deve-se ler terminação do litígio.
4. Remissão
Remissão significa perdão. Remição significa pagamento.
Remissão é o perdão legal do débito tributário, que pode ser total ou parcial.
Somente a lei pode perdoar o débito tributário (lei remissiva), vedada a
remissão por decretos, portarias ou qualquer outro ato que não seja lei
propriamente dita (princípio da legalidade e princípio da indisponibilidade do
interesse público).
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por
despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário,
atendendo; situação econômica do sujeito passivo;
I. (...)
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no art. 155.
5. Prescrição e Decadência
Domientibus non succurrit jus, isto é, o direito não socorre aos que dormem. Essa
máxima resume o fundamento da decadência e da prescrição, que são institutos
criados para evitar a perpetuidade dos direitos daqueles que não o exercitam ou
não tomam as providências para vê-los reconhecidos dentro de um determinado
prazo.
Os civilistas costumam apontar diversas diferenças entre decadência e prescrição,
dentre as quais destacamos:
a. A decadência extingue o próprio direito. A prescrição extingue a ação que
protege o Direito.
b. Começa-se a contar o prazo de decadência no instante em que nasce o direito.
O prazo de prescrição começa a fluir no instante em que o direito é violado ou
ameaçado, pois é somente a partir desse momento que se pode propor a ação
protetora desse direito.
c. O prazo de decadência não se suspende nem se interrompe. O prazo de
prescrição pode ser suspenso e interrompido.
d. A decadência deve ser declarada de ofício pelo juiz, mesmo que não haja
pedido da parte interessada. A prescrição não pode ser decretada de ofício pelo
juiz, dependendo de arguição do interessado.
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e. A decadência não é objeto de renúncia. A prescrição é renunciável.
No Direito Tributário, contudo, é bem mais simples distinguir decadência e
prescrição, por haver um marco que separa os dois institutos: o lançamento.
Assim, em matéria tributária, a decadência diz respeito ao prazo que tem o Fisco
para efetuar o lançamento, após o qual não mais poderá fazê-lo. O prazo de
prescrição, por outro lado, somente começa a ser contado após a realização do
lançamento, e se refere ao lapso de tempo que tem a Fazenda Pública para
ingressar com ação de cobrança judicial contra o sujeito passivo inadimplente. Em
suma, a decadência ocorre antes do lançamento. A prescrição ocorre depois do
lançamento.
Se a autoridade administrativa não efetuar o lançamento dentro do prazo
estipulado em lei, não mais poderá fazê-lo, ocorrendo a decadência de seu direito.
Após a realização do lançamento, se o sujeito passivo não quitar sua dívida no
prazo legal, só restará ao sujeito ativo a opção de cobrá-la judicialmente,promovendo a chamada ação de execução fiscal, a qual deve ser ajuizada, como
veremos mais adiante, dentro do prazo prescricional de cinco anos.
O artigo 173 do CTN trata da decadência, dispondo que:
Art. 173 - O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário
extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por
vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único - O direito a que se refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em
que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário, pela notificação
do sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao
lançamento.
A título de ilustração, recorramos ao imposto sobre propriedade predial e
territorial urbana (IPTU), cujo fato gerador ocorre a cada 1º de janeiro.
Uma vez que o lançamento é possível tão logo ocorra o fato gerador do tributo ou
da penalidade pecuniária, temos que o lançamento do IPTU cujo fato gerador deu-
se em 1º de janeiro de 2018, por exemplo, tornou-se possível já a partir desta
data. Ao mesmo tempo, como o CTN estabelece que o prazo para a fazenda
pública constituir o seu crédito é de cinco anos e começa a ser contado a partir do
primeiro dia do exercício seguinte àquele em que já poderia tê-lo feito, temos que
o município, no caso, terá até o dia 31 de dezembro de 2013 para lançar o IPTU
de 2018, eis que o prazo de cinco anos de que trata o Código começará a fluir em
1º de janeiro de 2019.
Em consequência disto, impõe-se concluir que a não realização do lançamento até
31/12/2023 acarreta a decadência, ou seja, a perda do direito de a fazenda
pública constituir o seu crédito.
Especificamente em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação,
o § 4º do art. 150 do CTN estabelece que o prazo para o sujeito ativo lançar de
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ofício o valor não recolhido antecipadamente pelo sujeito passivo também é de
cinco anos, mas começa a ser contado da data da ocorrência do fato gerador, e
não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado.
Assim, se em 10 de abril de 2018 certa empresa vendeu produto por ela mesma
industrializado, o prazo quinquenal de que a União dispõe para efetuar o
lançamento do IPI incidente nessa operação começa a ser contado já a partir da
referida data – e não em 1º de janeiro de 2019 –, expirando, por conseguinte, em
9 de abril de 2023.
O artigo 174 do CTN dispõe sobre a prescrição, in verbis:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco
anos, contados da data da sua constituição definitiva”.
Já o parágrafo único do mesmo artigo aduz que “A prescrição se interrompe: I -
pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto
judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por
qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.”
Interromper a prescrição significa desconsiderar o tempo já decorrido e recomeçar
sua contagem pelo prazo integral. Desta forma, considerando um prazo de
prescrição de cinco anos, dos quais quatro já transcorreram, se ocorrer uma das
causas interruptivas do artigo 174, começa-se novamente a contagem dos cinco
anos.
6. Conversão do Depósito em Renda
Como vimos, ao estudar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o
sujeito passivo, ao ingressar com ação judicial para anular o lançamento
tributário, pode proceder ao depósito do montante integral do valor discutido,
como forma de impedir que o Fisco promova a cobrança judicial do crédito.
Por vezes, o sujeito passivo deposita o valor discutido ao apresentar impugnação
na esfera administrativa, com o fim de impedir a incidência de juros de mora.
Nesses casos, quer se trate de depósito judicial ou extrajudicial, se a decisão final,
judicial ou administrativa, for favorável ao Fisco, tem este o direito de converter
em renda da Fazenda Pública o valor depositado, extinguindo-se o crédito
tributário correspondente.
7. Pagamento Antecipado e Homologação do Lançamento
No lançamento por homologação, o sujeito passivo tem a obrigação de apurar o
valor do crédito tributário e antecipar seu pagamento antes de qualquer exame da
autoridade administrativa.
O § 1° do artigo 150 do CTN diz que o pagamento antecipado extingue o crédito
tributário sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.
O inciso VII do artigo 156 do CTN, por sua vez, inclui, como forma de extinção do
crédito tributário, o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos
termos do disposto no art. 150, §§1° e 4°.
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Assim para que ocorra a extinção do crédito tributário deve-se conjugar o
pagamento antecipado e a homologação pelo Fisco, expressa ou tácita.
8. Decisão Administrativa Irreformável
Decisão administrativa irreformável é aquela da qual não caiba mais nenhum
recurso no âmbito administrativo. Embora o CTN não o diga, é evidente que essa
decisão somente extingue o crédito tributário quando for favorável ao sujeito
passivo.
9. Decisão Judicial Passada em Julgado
Decisão judicial passada em julgado, ou transitada em julgado, é aquela que não
admite mais recurso. Será ela extintiva do crédito tributário sempre que for
favorável ao sujeito passivo, concluindo pela improcedência do lançamento.
10. Dação em Pagamento de Bens Imóveis
O artigo 356 do Código Civil/2002, ao tratar da dação em pagamento, dispõe que
“O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida”.
Significa que a dação em pagamento representa o ato de dar em pagamento algo
em substituição à pecúnia.
Observe que a lei complementar n° 104/2001, ao acrescentar o inciso XI ao artigo
156 do CTN, previu, como modalidade de extinção do crédito tributário, apenas a
dação em pagamento de bens imóveis, deixando à lei ordinária de cada ente
político a incumbência de estabelecer a forma e condições em que será realizada.
 
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O artigo 175 do CTN trata das modalidades de exclusão do crédito tributário.
Art. 175 - Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único - A exclusão do crédito tributário não dispensa o
cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal
cujo crédito seja excluído, ou dela consequentes.
Cabe observar que, nos termos do parágrafo único do artigo 175, a exclusão do
crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias. Assim,
por exemplo, ainda que se trate de uma operação isenta, não estaria o
comerciante dispensado da emissão de nota fiscal.
A isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo, o que pressupõe a
ocorrência do fato gerador e o nascimento da obrigação tributária. A isenção seria,
assim, um favor legal a desobrigar o sujeito passivo do cumprimento da prestação
tributária.
A isenção diferencia-se da imunidade, porquanto esta impede a própria instituição
do tributo sobre determinadas pessoas, fatos ou bens, o que, obviamente, implica
que sequer se terá a ocorrência do fato gerador e do consequente surgimento da
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obrigação tributária. Além disso, a imunidade decorre sempre da Constituição
Federal. É uma limitação constitucional do poder de tributar.
A isenção, por sua vez, decorre da lei infraconstitucional. O legislador
ordinário, por motivos diversos, ao descrever uma categoria de fatoscomo
hipótese de incidência da obrigação tributária, expressamente exclui da incidência
um determinado fato pertencente a essa categoria.
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre
decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a
sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua
duração.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do
território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.
Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:
I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de
determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a
qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada,
em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em
requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das
condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato
para concessão.
§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o
despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada
período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia
do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do
reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido,
aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
A anistia se insere no campo das infrações, ofertando-lhes o perdão por meio dos
efeitos de sua lei de incidência.
Também é uma causa de exclusão do crédito tributário, consiste no perdão legal
das penalidades pecuniárias antes da ocorrência do lançamento da multa.
Nesse sentido, subordina-se ao princípio da reserva legal (art. 97, VI do CTN), à
semelhança da isenção.
Observe o disposto no artigo 180 do CTN.
Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas
anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que,
mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou
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simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre
duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.
Conforme o artigo 181 do CTN, a anistia pode ser geral ou limitada.
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado
montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de
condições a ela peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a
conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade
administrativa.
Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada,
em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em
requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das
condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua
concessão.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. (grifo
nosso)

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