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13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/16 CRÉDITO TRIBUTÁRIO Crédito tributário é o direito subjetivo de que é portador o sujeito ativo de uma obrigação tributária, o qual lhe permite exigir do sujeito passivo o seu objeto. A obrigação tributária é um vínculo entre poder público e contribuinte ou responsável. O crédito tributário é o objeto deste vínculo. Quando nasce o crédito tributário? O crédito tributário nasce com a obrigação que decorre do fato gerador (CTN, art. 113, § 1º), mas se torna líquido e exigível apenas com o lançamento (CTN, art. 142). 1- Lançamento Tributário – artigo 142 do CTN No exato momento em que ocorre concretamente o fato gerador da obrigação tributária principal, estabelece-se uma relação jurídica em cujos polos opostos se situam o sujeito ativo e o sujeito passivo, os quais assumem, respectivamente, a condição de credor e de devedor da prestação que constitui o objeto dessa relação (pagar tributo ou penalidade pecuniária). Embora o CTN afirme que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza jurídica desta (art. 139), ele trata essas duas figuras como coisas distintas. Com efeito, da leitura do art. 142 constata-se que, mesmo já tendo ocorrido o fato gerador – e, por conseguinte, o surgimento da relação jurídica tributária –, para que o sujeito ativo possa cobrar o tributo ou a penalidade pecuniária, necessita realizar um procedimento administrativo denominado lançamento, que consiste em: verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente; determinar a matéria tributável; calcular o montante do tributo devido identificar o sujeito passivo; e sendo caso, aplicar a penalidade eventualmente cabível Esse procedimento resulta num documento escrito (normalmente intitulado “notificação de lançamento”, “auto de lançamento”, “notificação de débito”, etc.) por meio do qual o sujeito ativo notifica o sujeito passivo a cumprir a sua obrigação tributária dentro do prazo ali indicado. Como o CTN estabelece que o crédito tributário é constituído por meio do lançamento, temos que antes de este ser realizado é como se, em termos práticos, aquele ainda não existisse, eis que não dotado de exigibilidade – é dizer, não pode ser cobrado do sujeito passivo. E isto, repita-se, apesar de já haver ocorrido o fato gerador da obrigação tributária. A título de ilustração, analisemos um caso envolvendo o imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), cujo fato gerador, nos termos das leis municipais que instituíram esse tributo, se dá em 1º de janeiro de cada ano. Suponhamos que no dia 1º de janeiro de um determinado ano deu-se o fato gerador do IPTU em relação a certa propriedade predial situada na zona urbana do Município X, daí se estabelecendo, de imediato, a relação jurídica tributária 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/16 entre tal entidade federativa – na condição de sujeito ativo, isto é, de credor – e o proprietário do aludido imóvel – este, na condição de sujeito passivo, ou seja de devedor. Pois bem, ex vi do art. 142 do CTN, esse sujeito ativo não dispõe ainda de instrumento jurídico para exigir que o sujeito passivo realize o pagamento do imposto, eis que necessita, primeiramente, constituir o seu crédito por meio do lançamento. Somente após a conclusão de tal procedimento administrativo e da subsequente notificação do devedor para efetuar o pagamento, haverá crédito tributário exigível, ou cobrável. Ainda quanto ao lançamento, informa o art. 144 do CTN que ele reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Assim, por exemplo, se o fato gerador de uma obrigação tributária ocorreu em 1º de janeiro de 2015, mesmo que o respectivo lançamento tenha ocorrido em 20 de maio de 2018, a legislação que teve de ser aplicada pela autoridade que realizou o procedimento administrativo em tela foi a vigente na primeira daquelas datas, ainda que em 20 de maio de 2018 ela já se encontrasse modificada ou revogada. 1.2- Alteração do lançamento – CTN, 145 e 149. Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I- impugnação do sujeito passivo; II- recurso de ofício; III- iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149; 1.3- Modalidades de lançamento: Na linguagem do Código Tributário, existem três modalidades de lançamento, a saber: Lançamento por declaração Lançamento de ofício Lançamento por homologação Lançamento por declaração Desta modalidade cuida o art. 147 do CTN, nestes termos: “O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.” A particularidade desta modalidade está em que o lançamento depende de que o sujeito passivo, ou outra pessoa, preste à autoridade administrativa competente informações sobre matéria de fato, sem as quais restaria impossibilitado o procedimento de que trata o art. 142 da Lei nº 5.172/66. A título de exemplo, suponhamos de fulano de tal promoveu a entrada de produto estrangeiro no território nacional, que é tributada por meio do imposto sobre importação. Para que a autoridade fiscal possa realizar o lançamento desse imposto, é necessário que ela seja informada, pelo próprio sujeito passivo ou por 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/16 outra pessoa, da referida entrada do produto no país, eis que, do contrário, não terá sequer ciência da ocorrência do fato gerador do referido tributo. Lançamento de ofício Diferentemente do que se dá em relação à modalidade anterior, o lançamento se considera de ofício quando sua realização independe de qualquer informação por parte do sujeito passivo ou de terceiro. E independe porque, neste caso, a autoridade administrativa já dispõe de todos os dados de que necessita para executar o procedimento em questão. Exemplo de tributo sujeito a lançamento de ofício é o já citado IPTU. De fato, toda prefeitura municipal mantém um cadastro dos imóveis localizados em sua zona urbana, onde constam, em relação a cada imóvel, os dados necessários para o lançamento do referido imposto, Assim, a partir de 1º de janeiro de cada ano – que, como vimos, é o momento em que se considera ocorrido o fato gerador do IPTU –, basta a autoridade competente de cada município consultar o seu cadastro imobiliário para ali obter todos os elementos necessários à efetivação do lançamento. Lançamento por homologação Há uma característica comum aos lançamentos por declaração ou de ofício: em ambos os casos, apesar de já ocorrido o fato gerador da obrigação tributária principal, o sujeito passivo somente terá o dever de realizar o pagamento que constitua objeto dessa obrigação depois de notificado do procedimento descrito no art. 142 do CTN. Em termos práticos, pode-se afirmar que o lançamento e subsequente notificação do sujeito passivo acerca de sua efetivação precedem o surgimento do dever de pagar. Situação diametralmente oposta se verifica em relação ao chamado lançamento por homologação, que vem disciplinado no art. 150 do Código Tributário, nestes termos: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Para entendermos esta modalidade sui generis de lançamento, devemosconsiderar que, de fato, existem alguns tributos cuja legislação atribui ao sujeito passivo o dever de pagá-los antes da realização do procedimento administrativo de que trata o art. 142 do CTN. Aliás, quando o Código afirma que o sujeito passivo deve “antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa”, ele está, justamente, impondo o cumprimento da obrigação tributária principal – pagar tributo ou penalidade pecuniária – antes do mencionado procedimento. Exemplo de tributo sujeito a lançamento por homologação é o imposto sobre produtos industrializados (IPI), o qual, nos termos da Constituição Federal (art. 153, IV), é de competência da União. Imaginemos, então, que em 10 de maio de determinado ano certa empresa promoveu a saída de produto por ela mesma industrializado, em decorrência de uma operação de venda. Como esta operação é considerada fato gerador do IPI, 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/16 temos que o pagamento desse imposto deve ser efetuado, no prazo estabelecido em lei, antes de a autoridade administrativa competente (no caso, um Auditor Fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil) instaurar o procedimento referido no art. 142 do Código Tributário Nacional – é dizer, antes de efetuado o lançamento tributário. Mas, se o sujeito passivo deve antecipar o pagamento, uma vez que este seja efetuado, quando e por que proceder ao lançamento do crédito tributário, já que extinta a obrigação do sujeito passivo? A resposta passa pelo § 1º do art. 150 do CTN, nestes termos: “O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.” O que o Código estabelece no texto acima destacado é que a antecipação do pagamento do tributo somente extinguirá em definitivo o crédito do sujeito ativo – e, por extensão, a obrigação do sujeito passivo – depois de implementada a condição resolutória ali explicitada, qual seja, a ulterior homologação da atividade exercida pelo devedor. Voltando ao exemplo acima, imaginemos que a empresa antecipou o pagamento do IPI dentro do prazo estabelecido na legislação desse tributo. Com base no caput e no § 1º do Código, o crédito da União, assim como a obrigação do sujeito passivo, considerar-se-ão extintos apenas provisoriamente. A extinção em definitivo se dará tão somente no momento em que um auditor fiscal da Receita Federal atestar, expressamente, a regularidade da atividade exercida pelo obrigado – ou seja, da antecipação do pagamento do imposto. Neste sentido, verifica-se que o lançamento por homologação nada mais é do que esse atestado de que o sujeito passivo cumpriu sua obrigação tributária nos exatos termos da lei. Até porque, sendo este o caso, nada mais há a ser lançado, eis que o crédito tributário e a obrigação tributária se extinguem definitivamente no exato momento em que homologada a atividade do sujeito passivo, mencionada in fine do caput do art. 150 do CTN. Mas, e se a autoridade fiscal constatar que o sujeito passivo não antecipou o pagamento do tributo? Ou, se o fez, recolheu valor menor do que o devido? Na primeira hipótese, é evidente que a autoridade fiscal não homologará coisa alguma, enquanto, na segunda, terá de reconhecer que o sujeito passivo cumpriu parcialmente a sua obrigação tributária. E o que fará a autoridade competente da RFB diante dessas duas situações? Em ambos os casos, ela realizará o lançamento de ofício do crédito tributário, com a particularidade de que na primeira hipótese será lançado o valor total do imposto que deveria ter sido recolhido, enquanto, na segunda, lançará somente a diferença entre o valor devido e o que o sujeito passivo já recolheu. Ressaltamos que o § 4º do art. 150 do CTN introduz uma importantíssima regra acerca do tema sob análise. Vejamos: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/16 lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Vê-se que a autoridade fiscal dispõe do prazo de cinco anos, contado da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, para homologar a atividade do sujeito passivo referida no caput do mesmo artigo, isto é, para verificar se ele de fato antecipou o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária, e se o fez corretamente. Somente dentro deste prazo é que poderá haver homologação expressa, porquanto a inércia do sujeito ativo até o final do quinquênio estabelecido no § 4º resulta na chamada homologação tácita, a qual, por ter os mesmos efeitos jurídicos da homologação expressa, implica a extinção do crédito tributário, ainda que o sujeito passivo nada tenha recolhido, ou tenha recolhido valor menor do que o devido. Portanto, ainda que posteriormente à homologação tácita a autoridade fiscal constate que o sujeito passivo nada recolheu, ou recolheu valor menor do que o devido, lançamento algum poderá ser realizado, eis que não mais existirá obrigação tributária, nem, por consequência, crédito tributário a ser lançado. CAUSAS SUSPENSIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Uma vez notificado do lançamento, o sujeito passivo tem um prazo para pagar o crédito tributário ou apresentar defesa administrativa. O CTN prevê algumas situações que podem suspender a exigibilidade do crédito tributário, ficando o poder público temporariamente impedido de prosseguir com a sua cobrança. O assunto é tratado no artigo 151, cujos incisos V e VI foram incluídos pela Lei complementar n° 104, de 10 de janeiro de 2001. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - a moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. 1- Moratória Moratória é a dilação do prazo de pagamento, concedida pelo credor em favor do devedor. Na moratória, o próprio Fisco prorroga o prazo de pagamento do crédito tributário. Poderá fazê-lo, autorizando o contribuinte a pagar todo o crédito de uma só vez ou parceladamente. 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/16 A moratória pode ser concedida em caráter geral ou individual, nos termos do artigo 152 do CTN. Art. 152 - A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado. II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único - A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade a determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. A moratória, seja geral ou individual, é sempre concedida por lei. Na moratória dita individual faz-se necessária, entretanto, a análise da autoridade administrativa com o fim de verificar se osujeito passivo preenche os requisitos legais necessários à sua concessão. Preenchidos os requisitos, reconhece-se, por despacho, o direito do requerente. A moratória geral, por outro lado, dispensa esse reconhecimento, não impondo a lei a necessidade de análise prévia pela autoridade administrativa. Entre as moratórias em caráter geral, temos dois tipos: a) Moratória Autonômica ou Autônoma (art. 152, I. “a” CTN) – aquela concedida pelo ente detentor da competência tributária respectiva. É a regra. b) Moratória Heterônoma (art. 152, I, “b”, CTN) – aquela concedida pela União quando a tributos de competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Trata-se de possibilidade excepcional e inédita em nosso ordenamento tributário. Ademais, tal moratória é condicional, uma vez que a União deve conceder, simultaneamente, moratória dos próprios tributos federais e de suas obrigações de direito privado. O artigo 153 do CTN enumera os requisitos mínimos a serem especificados pela lei que trate de moratória. Art. 153 - A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo o caso: a) os tributos a que se aplica; 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/16 b) o número de prestações e seus vencimentos dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual. 2- Depósito do montante integral Por vezes, inconformado com o lançamento ou com a decisão administrativa definitiva em seu desfavor, o sujeito passivo ingressa com ação judicial contra o Fisco com o fim de anular o lançamento tributário. A simples propositura da ação, entretanto, não é suficiente para impedir que o Fisco prossiga na cobrança do crédito tributário, mediante, inclusive, o ajuizamento de ação de execução fiscal. Em outras palavras, a propositura de ação anulatória do débito fiscal, por si só, não tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Para conseguir esse efeito, é necessário que o sujeito passivo realize o depósito do valor de toda a dívida em discussão. Apenas, então, com o depósito do montante integral, tem-se por suspensa a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN. Ressalte-se que o depósito insuficiente (valor parcial) não produz o mesmo efeito. Ver Súmula 112 do STJ, segundo o qual, o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro. 3- Reclamações e recursos administrativos As impugnações administrativas (ou reclamações apresentadas pelo sujeito passivo contra lançamento que considere ilegítimo) impedem que o crédito seja inscrito em dívida ativa até a decisão final no processo litigioso administrativo. Em geral, as leis tributárias das diversas esferas da federação costumam prever duas instâncias administrativas de julgamento. Assim, os recursos no processo administrativo fiscal, voluntários ou de ofício, também suspendem a exigibilidade do crédito tributário. As reclamações e recursos devem ser apresentados dentro do prazo estabelecido nas leis que regulam o processo tributário administrativo, prazo esse que, na maioria dos casos, é de trinta dias contados da data em que o sujeito passivo foi notificado do lançamento (prazo para reclamação), ou da data em que ele foi cientificado da decisão administrativa a propósito de sua reclamação (prazo para recurso). 4- Medida Liminar em Mandado de Segurança O mandado de segurança é remédio jurídico garantido pelo inciso LXIX do artigo 5° da Constituição Federal: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” Mas a simples propositura da ação de mandado de segurança contra a autoridade fiscal não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Esse efeito somente é conseguido mediante a concessão de medida liminar pelo Poder Judiciário. A liminar será concedida sempre que o Juiz entender presentes os seguintes 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/16 requisitos legais: a) o fumus boni júris (fumaça do bom direito), que retrata a relevância do fundamento invocado pelo impetrante e b) o periculum in mora (perigo da demora), que representa o risco de, não sendo concedida a medida, o impetrante sofrer lesão irreparável ou de difícil reparação. 5- Medida Liminar ou Tutela Antecipada, em outras Espécies de Ação Judicial A liminar em mandado de segurança sempre existiu como causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário proveniente de ordem judicial. Até a LC n. 104/01, mostra-se como a única possibilidade de suspensão, proveniente de ordem judicial, constando do inciso IV do art. 151. Com o advento da LC 104/01, passou-se a ter mais essa causa suspensiva, adstrita à ordem judicial – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial. 6- Parcelamento O parcelamento é procedimento suspensivo do crédito, caracterizado pelo comportamento comissivo do contribuinte, que se predispõe a carrear recursos para o Fisco, mas não de uma vez, o que conduz tão somente à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Dispõe o CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidos em lei específica. §1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. § 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. § 3º. Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. § 4º. A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. CAUSAS EXTINTIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO As principais causas extintivas encontram-se enumeradas no artigo 156 do Código Tributário Nacional: pagamento; compensação; transação; remissão; prescrição e decadência; a conversão de depósito em renda; o pagamento antecipado e a homologação do lançamento, nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1.º e 4.º; a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do artigo 164; 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/16 a decisão administrativa irreformável, assim entendida a defendida na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; a decisão judicial passada em julgado; a dação em pagamento de bens imóveis, na forma e condições estabelecidas na lei. As causas extintivas têm o poder de liberar o contribuinte da relação de sujeição que possui com a Fazenda Pública. 1. Pagamento O pagamento vem disciplinado nos art. 157 a 163 e 165 a 169 do CTN, e é modalidade direta de extinção do crédito tributário, prescindindo de autorização por lei. Em regra, o pagamento deve ser feito em pecúnia. Todavia o artigo 162 do CTN, prevê o pagamento por meio sucedâneos: cheque, dinheiro, vale-postal, estampilha, papel selado ou processo mecânico. Art. 162. O pagamento é efetuado: I- em moeda corrente, cheque ou vale postal. II- nos casos previstos em lei, emestampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. A Lei Complementar n. 104/2001 trouxe novidade ao CTN quando previu nova causa extintiva do crédito tributário: a dação em pagamento, constante do inciso XI do art. 156, do CTN. O pagamento parcial de um crédito tributário, diferentemente do que acontece no Direito Civil, não importa em presunção de pagamento das demais parcelas em que ele se decomponha (art. 158, I). Da mesma forma, o pagamento total de um crédito tributário não resulta na presunção do pagamento de outros créditos, referentes a mesmo ou outro tributo (art. 158, II). O artigo 159 estabelece ser o local do pagamento do tributo, salvo, disposição contrária da legislação pertinente, a repartição competente do domicílio do sujeito passivo da relação jurídica tributária. O prazo para o pagamento dos tributos é definido na legislação própria de cada gravame, mas salvo regra contrária, aplica-se o disposto no artigo 160 do CTN, a saber, o prazo é de 30 dias, contados da data de notificação do lançamento ao contribuinte, lembrando que o parágrafo único do artigo supramencionado autoriza a concessão de desconto pela antecipação do pagamento, desde que preenchidas algumas condições. Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. O CTN, além dos prazos tradicionalmente oponíveis à Fazenda, cuida de lapsos temporais para o contribuinte pleitear a restituição de quantias pagas indevidamente, independentemente de a prática do ato pelo sujeito passivo ter ou não se operado por sua vontade ao tempo da realização do pagamento inconveniente. 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 10/16 Observe o que dispõe o artigo 165 o CTN: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (...). Se for pago tributo a maior, o contribuinte tem direito à restituição, sem qualquer empecilho a ser imposto pelo fisco. Para se repetir o valor pago indevidamente ou a maior, o contribuinte deve obedecer ao prazo legal de 5 (cinco) anos, a contar da extinção do crédito tributário. E o artigo 169 do CTN, dispõe que prescreve em 02 (dois) anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada. 2. Compensação A definição de compensação pode ser extraída do Direito Privado, conforme os art. 368 a 380 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002), segundo o qual a compensação é modalidade extintiva da obrigação, quando se é devedor e credor, concomitantemente. Para que a compensação ocorra, é necessária a presença de três requisitos: a) As partes devem ser as mesmas (mesma Fazenda Pública, federal, estadual ou municipal, e mesmo contribuinte). b) Os créditos devem estar liquidados, é necessário que se saiba exatamente quanto há de ser pago. c) A existência de uma lei autorizando a medida: cada pessoa política deve legislar a respeito. A Lei Complementar n. 104/01, que inseriu no Código Tributário Nacional o artigo 107-A, veda a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. 3. Transação A transação é o acordo para concessões recíprocas que ponham fim ao litígio, conforme os art. 840 a 850 da Lei n. 10.40/2002. Há previsão específica no CTN, conforme o art. 171: Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação, que, mediante concessões mútuas, importe em determinação (sic) de litígio e consequente extinção de crédito tributário. 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 11/16 Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso. (grifo nosso). A transação para extinção do crédito tributário depende de lei autorizativa para sua instituição, na qual deve ser indicada a autoridade competente para realizar a transação em cada caso, bem como explicitar as concessões que poderão ser feitas ao contribuinte. O CTN admite tão só a transação terminativa, e não a “preventiva”. Com efeito, é pressuposto de tal causa extintiva do crédito tributário a existência de um litígio entre o Fisco e o contribuinte. O art. 171 emprega o termo determinação, mas, em realidade, deve-se ler terminação do litígio. 4. Remissão Remissão significa perdão. Remição significa pagamento. Remissão é o perdão legal do débito tributário, que pode ser total ou parcial. Somente a lei pode perdoar o débito tributário (lei remissiva), vedada a remissão por decretos, portarias ou qualquer outro ato que não seja lei propriamente dita (princípio da legalidade e princípio da indisponibilidade do interesse público). Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo; situação econômica do sujeito passivo; I. (...) Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no art. 155. 5. Prescrição e Decadência Domientibus non succurrit jus, isto é, o direito não socorre aos que dormem. Essa máxima resume o fundamento da decadência e da prescrição, que são institutos criados para evitar a perpetuidade dos direitos daqueles que não o exercitam ou não tomam as providências para vê-los reconhecidos dentro de um determinado prazo. Os civilistas costumam apontar diversas diferenças entre decadência e prescrição, dentre as quais destacamos: a. A decadência extingue o próprio direito. A prescrição extingue a ação que protege o Direito. b. Começa-se a contar o prazo de decadência no instante em que nasce o direito. O prazo de prescrição começa a fluir no instante em que o direito é violado ou ameaçado, pois é somente a partir desse momento que se pode propor a ação protetora desse direito. c. O prazo de decadência não se suspende nem se interrompe. O prazo de prescrição pode ser suspenso e interrompido. d. A decadência deve ser declarada de ofício pelo juiz, mesmo que não haja pedido da parte interessada. A prescrição não pode ser decretada de ofício pelo juiz, dependendo de arguição do interessado. 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 12/16 e. A decadência não é objeto de renúncia. A prescrição é renunciável. No Direito Tributário, contudo, é bem mais simples distinguir decadência e prescrição, por haver um marco que separa os dois institutos: o lançamento. Assim, em matéria tributária, a decadência diz respeito ao prazo que tem o Fisco para efetuar o lançamento, após o qual não mais poderá fazê-lo. O prazo de prescrição, por outro lado, somente começa a ser contado após a realização do lançamento, e se refere ao lapso de tempo que tem a Fazenda Pública para ingressar com ação de cobrança judicial contra o sujeito passivo inadimplente. Em suma, a decadência ocorre antes do lançamento. A prescrição ocorre depois do lançamento. Se a autoridade administrativa não efetuar o lançamento dentro do prazo estipulado em lei, não mais poderá fazê-lo, ocorrendo a decadência de seu direito. Após a realização do lançamento, se o sujeito passivo não quitar sua dívida no prazo legal, só restará ao sujeito ativo a opção de cobrá-la judicialmente,promovendo a chamada ação de execução fiscal, a qual deve ser ajuizada, como veremos mais adiante, dentro do prazo prescricional de cinco anos. O artigo 173 do CTN trata da decadência, dispondo que: Art. 173 - O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único - O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário, pela notificação do sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. A título de ilustração, recorramos ao imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), cujo fato gerador ocorre a cada 1º de janeiro. Uma vez que o lançamento é possível tão logo ocorra o fato gerador do tributo ou da penalidade pecuniária, temos que o lançamento do IPTU cujo fato gerador deu- se em 1º de janeiro de 2018, por exemplo, tornou-se possível já a partir desta data. Ao mesmo tempo, como o CTN estabelece que o prazo para a fazenda pública constituir o seu crédito é de cinco anos e começa a ser contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que já poderia tê-lo feito, temos que o município, no caso, terá até o dia 31 de dezembro de 2013 para lançar o IPTU de 2018, eis que o prazo de cinco anos de que trata o Código começará a fluir em 1º de janeiro de 2019. Em consequência disto, impõe-se concluir que a não realização do lançamento até 31/12/2023 acarreta a decadência, ou seja, a perda do direito de a fazenda pública constituir o seu crédito. Especificamente em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o § 4º do art. 150 do CTN estabelece que o prazo para o sujeito ativo lançar de 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 13/16 ofício o valor não recolhido antecipadamente pelo sujeito passivo também é de cinco anos, mas começa a ser contado da data da ocorrência do fato gerador, e não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, se em 10 de abril de 2018 certa empresa vendeu produto por ela mesma industrializado, o prazo quinquenal de que a União dispõe para efetuar o lançamento do IPI incidente nessa operação começa a ser contado já a partir da referida data – e não em 1º de janeiro de 2019 –, expirando, por conseguinte, em 9 de abril de 2023. O artigo 174 do CTN dispõe sobre a prescrição, in verbis: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva”. Já o parágrafo único do mesmo artigo aduz que “A prescrição se interrompe: I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.” Interromper a prescrição significa desconsiderar o tempo já decorrido e recomeçar sua contagem pelo prazo integral. Desta forma, considerando um prazo de prescrição de cinco anos, dos quais quatro já transcorreram, se ocorrer uma das causas interruptivas do artigo 174, começa-se novamente a contagem dos cinco anos. 6. Conversão do Depósito em Renda Como vimos, ao estudar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o sujeito passivo, ao ingressar com ação judicial para anular o lançamento tributário, pode proceder ao depósito do montante integral do valor discutido, como forma de impedir que o Fisco promova a cobrança judicial do crédito. Por vezes, o sujeito passivo deposita o valor discutido ao apresentar impugnação na esfera administrativa, com o fim de impedir a incidência de juros de mora. Nesses casos, quer se trate de depósito judicial ou extrajudicial, se a decisão final, judicial ou administrativa, for favorável ao Fisco, tem este o direito de converter em renda da Fazenda Pública o valor depositado, extinguindo-se o crédito tributário correspondente. 7. Pagamento Antecipado e Homologação do Lançamento No lançamento por homologação, o sujeito passivo tem a obrigação de apurar o valor do crédito tributário e antecipar seu pagamento antes de qualquer exame da autoridade administrativa. O § 1° do artigo 150 do CTN diz que o pagamento antecipado extingue o crédito tributário sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. O inciso VII do artigo 156 do CTN, por sua vez, inclui, como forma de extinção do crédito tributário, o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no art. 150, §§1° e 4°. 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 14/16 Assim para que ocorra a extinção do crédito tributário deve-se conjugar o pagamento antecipado e a homologação pelo Fisco, expressa ou tácita. 8. Decisão Administrativa Irreformável Decisão administrativa irreformável é aquela da qual não caiba mais nenhum recurso no âmbito administrativo. Embora o CTN não o diga, é evidente que essa decisão somente extingue o crédito tributário quando for favorável ao sujeito passivo. 9. Decisão Judicial Passada em Julgado Decisão judicial passada em julgado, ou transitada em julgado, é aquela que não admite mais recurso. Será ela extintiva do crédito tributário sempre que for favorável ao sujeito passivo, concluindo pela improcedência do lançamento. 10. Dação em Pagamento de Bens Imóveis O artigo 356 do Código Civil/2002, ao tratar da dação em pagamento, dispõe que “O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida”. Significa que a dação em pagamento representa o ato de dar em pagamento algo em substituição à pecúnia. Observe que a lei complementar n° 104/2001, ao acrescentar o inciso XI ao artigo 156 do CTN, previu, como modalidade de extinção do crédito tributário, apenas a dação em pagamento de bens imóveis, deixando à lei ordinária de cada ente político a incumbência de estabelecer a forma e condições em que será realizada. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O artigo 175 do CTN trata das modalidades de exclusão do crédito tributário. Art. 175 - Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia. Parágrafo único - A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequentes. Cabe observar que, nos termos do parágrafo único do artigo 175, a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias. Assim, por exemplo, ainda que se trate de uma operação isenta, não estaria o comerciante dispensado da emissão de nota fiscal. A isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo, o que pressupõe a ocorrência do fato gerador e o nascimento da obrigação tributária. A isenção seria, assim, um favor legal a desobrigar o sujeito passivo do cumprimento da prestação tributária. A isenção diferencia-se da imunidade, porquanto esta impede a própria instituição do tributo sobre determinadas pessoas, fatos ou bens, o que, obviamente, implica que sequer se terá a ocorrência do fato gerador e do consequente surgimento da 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 15/16 obrigação tributária. Além disso, a imunidade decorre sempre da Constituição Federal. É uma limitação constitucional do poder de tributar. A isenção, por sua vez, decorre da lei infraconstitucional. O legislador ordinário, por motivos diversos, ao descrever uma categoria de fatoscomo hipótese de incidência da obrigação tributária, expressamente exclui da incidência um determinado fato pertencente a essa categoria. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. A anistia se insere no campo das infrações, ofertando-lhes o perdão por meio dos efeitos de sua lei de incidência. Também é uma causa de exclusão do crédito tributário, consiste no perdão legal das penalidades pecuniárias antes da ocorrência do lançamento da multa. Nesse sentido, subordina-se ao princípio da reserva legal (art. 97, VI do CTN), à semelhança da isenção. Observe o disposto no artigo 180 do CTN. Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou 13/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 16/16 simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. Conforme o artigo 181 do CTN, a anistia pode ser geral ou limitada. Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral; II - limitadamente: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. (grifo nosso)
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