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Balística Forense é a área da balística que estuda os efeitos das armas de fogo e das diferentes munições, quando associadas a crimes em investigação, analisando as relações entre os efeitos produzidos pelas armas e elementos de munição, sob a ótica pericial, aplicando conhecimento científico com fim principal à Justiça. Balística é uma ciência que pode ser dividida em partes específicas, tais como a balística interna, a externa, a terminal, a forense e outras particularidades. A Balística Interna ou Interior tem por objetivo estudar as armas e munições, antes do projétil abandonar a boca do cano da arma. Estuda a estrutura, mecanismos, o raiamento do cano, funcionamento das armas, a composição química do propelente, as ligas metálicas que compõe os elementos de munição, etc. A Balística Externa ou Exterior estuda as forças físicas que atuam no projétil desde o momento que abandona o cano da arma até o primeiro choque com algum corpo (animado ou inanimado), ou cair por falta de impulso. A Balística dos Efeitos ou Terminal, analisa a interação entre os projéteis e os diversos tipos de alvos, desde o momento do primeiro choque até sua parada total, incluindo os possíveis ricochetes e impactos. Na perícia, a Balística Terminal também é chamada de Balística dos Ferimentos, quando da interação dos projéteis com o corpo humano, onde são analisadas as lesões perfuro-contusas – orifícios de entrada e saída, trajeto, dentre outros elementos analisados, em especial, pela Medicina Legal. BALÍSTICA FORENSE PERÍCIA CRIMINAL - IFPC TELEGRAM: @canalpericiabr Biomedicina BR São armas manuais, uma extensão do membro (facas, espadas, punhais) e as armas de arremesso que podem ser: ➢ Simples – lançamentos direto da mão do atirador (lanças, granadas) ➢ Complexas – utilizam um aparelho arremessador (arcos, bestas, armas de fogo). AS ARMAS DE FOGO E SUAS CLASSIFICAÇÕES Para a Criminalística, considera-se as armas de fogo como sendo todo o engenho constituído de um conjunto de peças que para expelirem seus projeteis, utiliza-se da força expansiva dos gases resultantes da combustão da pólvora. ➢ Arma é todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa do homem. Certos objetos são concebidos e feitos pelo homem com o fim específico de serem usados como armas. Estes passam a ser denominados de armas próprias. Outros, como um martelo, um machado de lenhador, uma foice, que por exemplo, eventualmente podem ser usados por indivíduos para matar ou ferir seus semelhantes, são as armas impróprias. ➢ Arma de Fogo é um artefato utilizado para propulsão de projéteis sólidos por meio de uma rápida expansão de gases obtidos pela queima controlada de um propelente, geralmente sólido que na maioria dos casos é a pólvora, contido em uma câmara fechada por todos os lados exceto por aquele que conduz o projétil através de um orifício cilíndrico denominado cano ou tubo. É imprescindível para o funcionamento da arma de fogo também a munição. Quanto suas classificações, segundo o Prof. RABELLOi, “não constitui tarefa fácil estabelecer uma classificação geral das armas de fogo, dada a complexidade dos fatores a serem considerados para tal classificação”. Neste momento usaremos a classificação elaborada pelo Prof. RABELLO, o qual adotou os seguintes modos: alma do cano, sistema de carregamento, sistema de percussão e funcionamento. Resíduos projetados no momento do tiro ➢ Alma do Cano: são a parte interna do cano e podem ser lisas ou estriadas (raiadas). Os raiamentos permitem que o projétil se movimente rotacionalmente no sentido dextrogiro (direita) ou no sentido sinistrogiro (esquerda). As dimensões, o número e a orientação (dextrógira ou sinistrógira) do raiamento pode variar de acordo com o fabricante. Os números de raias mais usados são de 06 (seis) ou 05 (cinco) e a orientação predominante das raias é dextrogira, sentido horário ➢ Sistema de Carregamento: Podem ser de antecarga – o carregamento ocorre pela boca do cano – ou podem ser de retrocarga – o carregamento é feito pela inserção de um cartucho de munição na parte posterior (é o mais usado em armas de fogo modernas, sendo assim, mais comum atualmente) ➢ Sistema de Inflamação: pode ser por mecha (a pólvora é inflamada por meio de um pavil), atrito (a pólvora é inflamada por meio de uma faísca). Quanto ao sistema de inflamação da carga por mecha, sendo tal sistema abandonado por não ser prático e o sistema de inflamação por atrito, usando-se o fecho de roda ou o fecho de miquelete, ambos são obsoletos. Hoje são relegadas as condições de meras curiosidades, como peças de museu. O sistema de inflamação por percussão (o percussor incide na parte da munição que contém o misto detonante) ou elétrico. O sistema de percussão (choque Raiamento. Raia para direita/para a esquerda Arma de fogo raiada (REVÓLVER) Arma de fogo raiada (PISTOLA) Arma de fogo com cano de alma lisa (ESPINGARDA) Arma de fogo de antecarga (Mosquete de antecarga) Arma de fogo de retrocarga (Mossberg 500, arma de retrocarga) de dois corpos) é aquele cujo percussor atinge a espoleta (mistura iniciadora) para transmitir fogo à pólvora. As armas de percussão extrínseca são exclusivamente as armas de antecarga, nas quais a cápsula de espoletamento é colocada externamente. ➢ Funcionamento: podem ser de tiro unitário (a sua retrocarga é manual e há a necessidade de colocar munição a cada disparo) ou de repetição (possuem carga para dois ou mais tiros, possui um sistema mecânico de alimentação que faz com que haja o transporte da munição íntegra para a câmara de combustão, após expelir a munição deflagrada). As armas de repetição podem ser: • Automáticas (tiros contínuos ou em rajada apenas segurando o gatilho). Ex. Metralhadoras • Semi-automáticas (tiros intermitentes, movimento completo no gatilho a cada disparo). Ex. Pistolas ➢ Mobilidade: Quanto à mobilidade e uso, a evolução das armas de fogo se processou a partir das armas coletivas para as individuais, do canhão para a pistola. Quanto ao uso são classificadas em coletivas e individuais. ▪ Armas Coletivas: são exclusivamente militares e necessitam de mais de uma pessoa para a plena utilização da mesma, possuem dimensões maiores e são pesadas e usadas em benefício de um grupo. ▪ Armas Individuais: são aquelas utilizadas por uma pessoa só, para defesa pessoal e de uso geral. Quanto à mobilidade, podem ser classificadas em: • Fixas: quando permanece montada num determinado suporte, tendo apenas possibilidade de deslocamentos nos planos vertical e horizontal, como ocorre com os canhões e metralhadoras antiaéreas, nos navios de guerra. • Móveis: quando a arma pode ser deslocada de sua posição para outra, mediante tração animal, motora ou automotriz. • Semiportáteis: quando dividida em arma e suporte (morteiro de infantaria e metralhadora pesada, por exemplo) pode ser facilmente deslocada por dois homens. • Portáteis: são aquelas armas que podem ser facilmente conduzidas por um único homem. Estas podem ser dividas em longas e curtas. São armas longas as construídas para operar com ambas as mãos do atirador e exigem um apoio, no ombro para a coronha. As armas curtas são as destinadas para operar com uma ou com as duas mãos, não necessitando do apoio no ombro, como as pistolas, as garruchas e os revólveres. NOÇOES BÁSICAS SOBRE CALIBRE No geral, as armas leves, de porte individual, podem ser classificadas em dois grandes grupos: as de canos raiados e as de canos não raiados ou de alma lisa. As de canos raiados podem ser curtas (revólveres, pistolas, garruchas, etc.) ou longas (carabinas, fuzis, etc.)e as de alma lisa (espingardas) destinam-se à caça, defesa ou tiro esportivo (pratos). Independente de suas características (curta, longa, raiada ou não raiada) utilizam cartuchos que podem ser dos mais variados tipos, identificados sempre pelo calibre. • Calibre de armas raiadas: o calibre é determinado pelo diâmetro interno do cano da arma, medido antes da execução do respectivo raiamento. Quando determinado pelo sistema métrico, o calibre é expresso em milímetros e quando determinado pelo sistema inglês ou norte-americano é expresso em centésimos ou milésimos de polegada. • Calibres de armas lisas (caça): O calibre de caça de uma espingarda é expresso pelo número de esferas de chumbo puro, de diâmetro igual ao do cano em referência, necessário para atingir 1 7 libra (454 g) de peso. Assim, em um cartucho calibre 12 são necessárias 12 esferas de chumbo com o diâmetro igual ao diâmetro interno do cano para se obter 1 libra de peso. Em alguns casos, a determinação do calibre não segue as definições acima. O calibre 36 - conhecido no exterior como .41O - é um exemplo desta exceção, já que o diâmetro interno do seu cano mede exatamente .410 de polegada. • Calibre nominal: Tipo particular de munição e também na arma, na qual esta munição deva ser usada corretamente. É a correlação perfeita entre arma e munição. Na prática, o que determina numa arma o calibre nominal é a configuração interna da câmara na qual vai alojar-se o cartucho. Assim para cada tipo de calibre real (medido na boca do cano) pode haver vários tipos de calibres nominais. Assim sendo: Calibre real = 8,9 mm => 9mm Calibre nominal .38 => entre outros: .38 SWC, .38 SWL, .38 SPL, .38 SPL+P, .38 SPL+P+, .357 Magnum. Logo armas com o mesmo calibre real usarão munição diferente por ter calibre nominal diferente, indicado pela arma. CARTUCHO DE MUNIÇÃO O cartucho é a unidade que comporta a munição de uma arma. Existem cartuchos com múltiplos projéteis (cartuchos de caça) ou com apenas um (fogo central, possui uma mistura iniciadora na espoleta e fogo circular, a mistura iniciadora fica na periferia). É dividido em: 1. Projétil (é o elemento perfurocontundente que será expelido do cano em direção ao alvo). O projétil conhecido popularmente como bala, é impulsionado pela ação dos gases resultantes da queima da pólvora. Ao passar por dentro do cano da arma, em função do raiamento (caso nele existente), adquire a rotação necessária para sua estabilização no deslocamento até o alvo. Existem vários tipos de projéteis, com diferentes formatos, pesos, materiais, para atender às mais variadas necessidades dos usuários. 2. Estojo (componente externo e inerte, receptáculo de latão, cilíndrico que comporta os outros elementos). Os materiais com que são fabricados os estojos foram sendo misturados ou substituídos com evolução das armas de fogo e dos cartuchos. Inicialmente, o cobre foi bastante utilizado, mas logo substituído pelo latão (liga de cobre e zinco, na 9 proporção de 70% de cobre e 30% de zinco), composto de propriedades mecânicas bem superiores às do cobre puro. Durante a 2a Guerra Mundial, a escassez de latão obrigou os alemães a usarem com abundância o alumínio e o aço. Os estojos dos cartuchos para armas de caça podem ser feitos de totalmente de metal ou com tubo de cartão (papelão) ou plástico. 3. Pólvora/Propelente (a pólvora, componente estável até ser ativada pelo ponto de ignição – explode por combustão). A pólvora é uma substância de queima progressiva desenvolvida para assegurar características como pressão, velocidade e precisão, desta forma a pressão dos gases fará com que o projétil seja expelido. Há dois tipos de pólvora: a negra, com fumaça e a branca, também conhecida por piroxilada, sem fumaça. 4. Espoleta (recipiente metálico onde há a mistura iniciadora – o que faz a pólvora explodir – pode ter em sua composição estifnato de chumbo, tetrazeno, nitrato de bário, trissulfeto de antimônio e alumínio). Um pequeno recipiente, às vezes parte integrante do estojo, às vezes neste montado, em que é colocada a mistura iniciadora (normalmente composta por chumbo, antimônio e bário). Quando deflagrada, provoca a queima da pólvora, ocorrendo, assim o disparo. IDENTIFICAÇÃO DE UMA ARMA DE FOGO De acordo com o Prof. RABELLO, as armas de fogo podem ser identificadas, através de duas metodologias: a direta (imediata) e a indireta (mediata). ➢ Identificação Direta ou Imediata: realizada por meio do exame, nela própria, das suas características e peculiaridades distintivas. Como dados de qualificação de uma arma de fogo portátil, usados na sua identificação, podemos considerar que ela possui o equivalente a nome ou tipo, marca, calibre nominal, número de série, naturalidade e nacionalidade. Três são as categorias fundamentais de identificação direta de uma arma de fogo: genérica, específica e individual. A identificação genérica ocorre quando, entre diversas armas, distingue-se um determinado gênero, como, por exemplo, carabina, revólver, pistola ou fuzil. Na identificação específica, entre armas do mesmo gênero, distinguem-se as de determinada espécie. ➢ Identificação Indireta ou Mediata: feita mediante o estudo comparativo das características gerais e particulares, das deformações impressas pela arma considerada nos elementos de sua munição (projétil e estojo). O trabalho de identificação indireta de uma arma de fogo se processa por meio de estudos comparativos, macro e microscópicos, entre as deformações por ela produzidas nos elementos de sua munição, e as deformações presentes nos elementos de munição questionados ou suspeitos. A conclusão desta análise dependerá das condições dos elementos de munição questionados, do número e valor das deformações pesquisáveis, bem como da existência de material padrão adequado ou da possibilidade de o perito obtê-lo. EXAME MICROCOMPARATIVO BALÍSTICO O cano da arma raiado dispara o projétil em espiral e assim o mesmo raspa as paredes do cano e sofre ressaltos com movimento rotatório (seja ele dextrogiro ou sinistrogiro). As marcas (estrias) deixadas no projétil são analisadas por um microcomparador balístico que poderá examinar microcomparações entre estojos ou projéteis incriminados, padrões para individualização da arma, etc. É, portanto, a comparação das marcas e microestriamentos deixados pelos canos, percutores e culatras nos projéteis e nos estojos visando identificar indiretamente a arma de fogo que os tenha deflagrado. A análise pode ser genérica ou específica. • Genérica: permite que se tenha uma identificação do fabricante da arma, modelo, tipo de munição, etc. • Específica: pode constatar se um projétil foi ou não expelido pela arma em questão. Seria como uma análise de impressão digital, onde cada arma produz um conjunto de micro-estrias único. COLETA DE PADRÕES A coleta dos padrões deve ser feita em um meio de densidade que propicie uma ação frenadora, sem danificar ou deformar os projetis e/ou estojos padrões. Atualmente, no Brasil, os setores de Balística Forense utilizam caixas de algodão e tanques de água. A água e o algodão são desaceleradores de baixo custo e de fácil obtenção. De todos os processos técnico-científicos de identificação individual das armas de fogo, nenhum é tão versátil e rico em possibilidades praticas de imediata utilização pelo perito como o proporcionado pelo microscópio comparador. Para a realização dos confrontos microbalísticos entre os projeteis (padrão x incriminado), através do qual é possível se estabelecer com certeza a identificação individual de uma arma, deve ser utilizado um equipamento óptico de microcomparacão. Conhecido pelos peritos como Microcomparador Balístico. Os microcomparadores de balística são equipamentos tipo microscópios binocularespara análise de superfícies metálicas. Existem atualmente diversos modelos, estes são equipados com uma câmera fotográfica digital, um computador com sistema de imagens e uma boa impressora. REDES: PERICIA CRIMINAL - IFPC BR Biomedicina BR i RABELLO, Eraldo. Balística Forense. 3.ª Edição. Sagra-Luzzatto. Porto Alegre. 1995. https://linktr.ee/biomedicinabr