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1 Área 02, Aula 1 Introdução a Epidemiologia Descritiva 1ª Edição Junho de 2018 CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde ProEpi - Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo Copyright © 2018, Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo. Todos os direitos reservados. A cópia total ou parcial, sem autorização expressa do(s) autor(es) ou com o intuito de lucro, constitui crime contra a propriedade intelectual, conforme estipulado na Lei nº 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais), com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, parágrafos 1° ao 3°, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie. 3 Expediente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde - CONASEMS Quadro Geral da Organização DIRETORIA EXECUTIVA Presidente – Mauro Guimarães Junqueira Vice-Presidente – Charles Cezar Tocantins Vice-Presidente – Wilames Freire Bezerra Diretora Administrativo – Cristiane Martins Pantaleão Diretora administrativo- Adjunto- Silva Regina Cremonez Sirena Diretor Financeiro – Hisham Mohamad Hamida Diretora Financeiro-Adjunto – Iolete Soares de Arruda Diretor de Comunicação Social – Diego Espindola de Ávila Diretora de Comunicação Social–Adjunto – Maria Célia Valladares Vasconcelos Diretora de Descentralização e Regionalização – Stela dos Santos Souza Diretora de Descentralização e Regionalização–Adjunto – Soraya Galdino de Araújo Lucena Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares – Carmino Antônio de Souza Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares- Adjunto- Erno Harzheim Diretor de Municípios de Pequeno Porte - Murilo Porto de Andrade Diretora de Municípios de Pequeno Porte–Adjunto – Débora Costa dos Santos Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade – Vanio Rodrigues de Souza Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade – Adjunto – Afonso Emerick Dutra 2º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste – André Luiz Dias Mattos 1º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Normanda da Silva Santiago 2º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Orlando Jorge Pereira de Andrade de Lima 1º Vice-Presidente Regional - Região Norte – Januário Carneiro Neto 1º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Luiz Carlos Reblin 2º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Geovani Ferreira Guimarães 2° Vice-Presidente Regional – Região Sul - Rubens Griep Conselho Fiscal 1º Membro – Região Norte – Oteniel Almeida dos Santos 4 Conselho Fiscal 1º Membro – Região Nordeste – Leopoldina Cipriano Feitosa Conselho Fiscal 2º Membro – Região Nordeste - Angela Maria Lira de Jesus Garrote Conselho Fiscal 1º Membro - Região Centro-Oeste –Aparecida Clestiane de Costa Souza Conselho Fiscal 2º Membro - Região Centro-Oeste–Maria Angélica Benetasso Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sudeste - José Carlos Canciglieri Conselho Fiscal 2° Membro – Região Sudeste - Tereza Cristina Abrahão Fernandes Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sul - João Carlos Strassacapa Conselho Fiscal 2º Membro – Região Sul- Sidnei Bellé Representantes no Conselho Nacional de Saúde – Arilson da Silva Cardoso e José Eri Borges de Medeiros RELAÇÃO NACIONAL DOS COSEMS COSEMS - AC - Tel: (68) 3212-4123 Daniel Herculano da Silva Filho COSEMS - AL - Tel: (82) 3326-5859 Izabelle Monteiro Alcântara Pereira COSEMS - AM - Tel: (92) 3643-6338 / 6300 Januário Carneiro da Cunha Neto COSEMS - AP - Tel: (96) 3271-1390 Maria de Jesus Sousa Caldas COSEMS - BA - Tel: (71) 3115-5915 / 3115-5946 Stela Santos Souza COSEMS - CE - Tel: (85) 3101-5444 / 3219-9099 Josete Malheiros Tavares COSEMS - ES - Tel: (27) 3026-2287 Andréia Passamani Barbosa Corteletti COSEMS - GO - Tel: (62) 3201-3412 Gercilene Ferreira COSEMS - MA - Tel: (98) 3256-1543 / 3236-6985 Domingos Vinicius de Araújo Santos COSEMS - MG - Tels: (31) 3287-3220 / 5815 5 Eduardo Luiz da Silva COSEMS - MS - Tel: (67) 3312-1110 / 1108 Wilson Braga COSEMS - MT - Tel: (65) 3644-2406 Silvia Regina Cremonez Sirena COSEMS - PA - Tel: (091) 3223-0271 / 3224-2333 Charles César Tocantins de Souza COSEMS - PB - Tel: (83) 3218-7366 Soraya Galdino de Araújo Lucena COSEMS - PE - Tel: (81) 3221-5162 / 3181-6256 Orlando Jorge Pereira de Andrade Lima COSEMS - PI - Tel: (86) 3211-0511 Leopoldina Cipriano Feitosa COSEMS - PR - Tel: (44) 3330-4417 Cristiane Martins Pantaleão COSEMS - RJ - Tel: (21) 2240-3763 Maria da Conceição de Souza Rocha COSEMS - RN - Tel: (84) 3222-8996 Débora Costa dos Santos COSEMS - RO - Tel: (69) 3216-5371 Afonso Emerick Dutra COSEMS - RR - Tel: (95) 3623-0817 Helenilson José Soares COSEMS - RS - Tel: (51) 3231-3833 Diego Espíndola de Ávila COSEMS - SC - Tel: (48) 3221-2385 / 3221-2242 Sidnei Belle COSEMS - SE - Tel: (79) 3214-6277 / 3346-1960 Enock Luiz Ribeiro COSEMS - SP - Tel: (11) 3066-8259 / 8146 6 Carmino Antonio de Souza COSEMS - TO - Tel: (63) 3218-1782 Vânio Rodrigues de Souza Equipes do Projeto EQUIPE TÉCNICA Alessandro Aldrin Pinheiro Chagas Elton da Silva Chaves José Fernando Casquel Monti Kandice de Melo Falcão Márcia Cristina Marques Pinheiro Marema de Deus Patrício Nilo Bretas Júnior EQUIPE TÉCNICO-OPERACIONAL Alessandro Aldrin Pinheiro Chagas Catarina Batista da Silva Moreira Cristiane Martins Pantaleão Fábio Ferreira Mazza Hisham Mohamad Hamida Jônatas David Gonçalves Lima José Fernando Casquel Monti Joselisses Abel Ferreira Kandice de Melo Falcão Luiz Filipe Barcelos Murilo Porto de Andrade Nilo Bretas Júnior Sandro Haruyuki Terabe Wilames Freire Bezerra 7 Sobre o CONASEMS Fazendo jus ao tamanho e à diversidade do Brasil, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde representa a heterogeneidade dos milhares de municípios brasileiros. Historicamente comprometido com a descentralização da gestão pública de saúde, o CONASEMS defende o protagonismo dos municípios no debate e formulação de políticas públicas e contribui para o aumento da eficiência, o intercâmbio de informações e a cooperação entre os sistemas de saúde do país. Conheça nossas três décadas de atuação acessando www.conasems.org.br. 8 Equipe Técnica da Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo - ProEpi Supervisão Érika Valeska Rossetto Coordenação Sara Ferraz Coordenação Pedagógica Hirla Arruda Gestão Pedagógica e de Tecnologia da Informação Renato Lima Conteudista Wildo Navegantes de Araújo Apoio Técnico ao Núcleo Pedagógico Danielly Xavier Revisão Daniel Coradi José Alexandre Menezes Sara Ferraz Ilustração Guilherme Duarte Mauricio Maciel Diagramação Mauricio Maciel Design Instrucional Guilherme Duarte Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade de Brasília Supervisão Jonas Brant 9 Sobre a ProEpi Fundada em 2014, a Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo une pessoas comprometidas com a saúde pública e estimula a troca de ideias e o aperfeiçoamento profissional entre elas. Ofertando dezenas de horas de conteúdo profissionalizante em nossa plataforma de ensino a distância, curadoria de notícias, treinamentos presenciais e a mediação de oportunidades de trabalho nacionais e internacionais, a ProEpi busca contribuir para o aprimoramento da saúde pública no Brasil e no mundo. Apenas nos últimos dois anos, 5 materiais de ensino a distância já alcançaram mais de 3.000 pessoas pelo Brasil e países parceiros, como Moçambique, Paraguai e Chile, e mais de 30 treinamentos levaram os temas mais relevantes para profissionais de saúde pública, como comunicação de risco e investigação de surtos. Além do público capacitado com nossos conteúdos educacionais, unimos 10.000 seguidoresno Facebook e impactamos semanalmente cerca de 30.000 com nossa curadoria de notícias. A ProEpi também atua na resposta a emergências de saúde pública ao redor do mundo. Foram mais de duas dezenas de profissionais de saúde enviados para missões em Angola, Bangladesh e África do Sul que contribuíram para o bem-estar da população local e vivenciaram experiências de trabalho transformadoras. Você pode fazer parte dessa evolução ao tornar-se membro de nossa rede: converse conosco escrevendo para contato@proepi.org.br. 10 Sobre a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia Aplicada à Saúde Pública Os insetos são os animais mais bem-sucedidos do planeta e encontram no Brasil condições muito favoráveis para sua multiplicação. Em nosso clima quente e, em geral, úmido, eles encontram as circunstâncias ideias para sobreviver, se reproduzir e transmitir doenças. Como consequência, são motivo de preocupações cada vez maiores por parte da população e dos profissionais de saúde de todo o país. Pensando em preparar estes profissionais para os desafios do enfrentamento das doenças transmitidas pelos insetos - em especial por Aedes aegypti - o CONASEMS desenvolveu em parceria com a ProEpi, via TRPJ nº 0125/2017, a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia Aplicada à Saúde Pública. Neste material, serão apresentados conceitos fundamentais para a identificação das espécies de maior importância médica, informações sobre seu comportamento, ciclo de vida e as doenças transmitidas por elas. Temas como a importância da Vigilância Epidemiológica, os métodos de captura, transporte e armazenamento de insetos e os indicadores entomológicos para as principais espécies também serão abordados. Por fim, temas de aplicação prática como os métodos de controle vetorial, o manejo integrado de vetores e os conceitos de segurança no trabalho serão discutidos. As aulas estão cheias de convites para que o profissional reflita sobre sua realidade local e interaja com seus colegas, além de exercícios que destacam e promovem a fixação dos conceitos mais fundamentais de cada tema. O objetivo é que o profissional se sinta preparado para aplicar em seu município as técnicas aprendidas aqui. Sucesso! 11 Sumário 1- Conceito de Epidemiologia ........................................................................... 12 2. A Epidemiologia Descritiva ........................................................................... 15 Quem está adoecendo ou adoeceu .............................................................. 16 Quando a doença aconteceu ou está acontecendo? .................................... 16 Onde a doença aconteceu ou está acontecendo? ........................................ 17 3. Descrevendo dados por pessoa, tempo e lugar ........................................... 19 A pessoa (quem?) na epidemiologia descritiva ............................................ 19 O lugar (onde?) na epidemiologia descritiva ................................................. 21 O tempo (quando?) na epidemiologia descritiva ........................................... 22 Vamos relembrar .............................................................................................. 24 12 AULA 1– Introdução a Epidemiologia Descritiva Olá, Você está começando a área 2, que falará sobre Epidemiologia Descritiva! A Epidemiologia é uma área de conhecimento muito importante na saúde e é fundamental para a Vigilância em Saúde! Ao final da aula você será capaz de: • Conhecer o conceito geral de Epidemiologia; e • Compreender o que é Epidemiologia Descritiva. Você sabe o que é Epidemiologia? Epidemiologia como muitos pensam não é o estudo das epidemias e não deveria ser lembrada apenas quando nós estamos passando por uma epidemia. Então, o que é Epidemiologia? Pense nessa questão durante a aula e ao final nos conte em nossa comunidade de práticas o que você entende por epidemiologia! 1- Conceito de Epidemiologia A palavra epidemiologia tem origem no grego e pode ser separada em: "Epi" que significa sobre; "Demos" que significa população ou povo; e "Logos" que significa estudo. 13 Desta forma, podemos dizer que Epidemiologia (Epi + demos + logia) é o estudo sobre a população. Em nosso cotidiano, o profissional da saúde podemos entender, de forma simplificada, que a Epidemiologia é o estudo sobre os eventos relacionados à saúde que ocorrem sobre as populações. É importante saber que a epidemiologia não é só a contagem dos casos de alguma doença! Na maioria das vezes, contamos os casos para estimar o tamanho de um problema relacionado a saúde das pessoas. Com isso, entenderemos melhor o problema e atuar junto aos profissionais de saúde, os gestores e a população para diminuir o número de casos e os danos que a doença ou o agravo causa e promover a saúde das pessoas. Uma parte muito relevante da epidemiologia é a epidemiologia descritiva. Seu objetivo é descrever os casos de doenças ou agravos na população segundo as características das pessoas que adoecem, do local que elas adoecem ou se infectam e quando elas adoecem. Com isso, podemos entender o comportamento de uma doença ou agravo em determinada população. Ao apontar em um mapa as residências em que foram encontrados casos de dengue e as datas em que eles provavelmente foram infectados , é possível delimitar melhor a área de ação de um bloqueio com inseticida, evitando perder tempo e dinheiro com áreas muito grandes ou reduzir a efetividade da ação ao não incluir locais com transmissão de casos. 14 Será que o tempo perdido diariamente no engarrafamento do trânsito em diferentes horários interfere na saúde mental das pessoas? O estudo do tráfego viário pode ser um evento relacionado à saúde e os gestores públicos podem usar os dados para interferir no trânsito gerando maior mobilidade urbana em determinada cidade. Na área 1, você viu que doença e agravo são duas coisas distintas. As doenças são alterações no estado de saúde do indivíduo, manifestadas por sintomas que podem ser perceptíveis ou não. Agravo é qualquer dano à integridade física, mental e social dos indivíduos, provocado por circunstâncias nocivas, como acidentes, intoxicações, abuso de drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas. Se quiser saber mais sobre as terminologias da saúde acesse a Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011 que fala sobre terminologias adotadas no Brasil do Regulamento Sanitário Internacional, que você encontra aqui. Exemplo de casos confirmado e as datas de ocorrência. fonte. Própria Clique aqui bit.ly/TecnologiasdaSaude http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html 15 Como exemplo de agravo podemos citar os acidentes de carro, homicídios, por outro lado como doenças podemos citar a dengue, a malária, o câncer de pulmão entre outros. Outra parte relevante da epidemiologia é a epidemiologia analítica que tem como função encontrar as causas do adoecimento e morte. Não estudaremos epidemiologia analítica em nosso curso! A seguir, você vai entender melhor o que é Epidemiologia Descritiva. 2. A Epidemiologia Descritiva A epidemiologia descritiva busca nos ajudar a compreender o comportamento de uma doença ou agravo, a partir das seguintes indagações: Quem? Quando? Onde? Assim, o que chamamos de tríade epidemiológica é a junção de pessoa, lugar e tempo! 16 Quem está adoecendo ou adoeceu Aqui nos referimos às características daspessoas acometidas pelo evento em saúde considerado. Por exemplo, podemos citar que principalmente pessoas adultas jovens do sexo masculino são a maioria dos casos de leptospirose. São características relacionadas às pessoas a idade, o sexo, a escolaridade, a raça/cor, a renda familiar, a profissão, situação de trabalho (empregada ou desempregada) entre outras. Quando a doença aconteceu ou está acontecendo? Aqui nos referimos ao período do tempo em que o evento em saúde aconteceu. Como exemplo, podemos citar que a gripe acontece principalmente no final do outono e durante o inverno, ou ainda, a dengue e a chikungunya acontecem com maior frequência nos primeiros quatro meses dos anos, que são os meses mais chuvosos. Fonte: Diário de Pernambuco 17 Onde a doença aconteceu ou está acontecendo? Quando citamos os locais de ocorrência de um problema de saúde, mostramos o espaço em que ocorreu o evento de saúde, que pode ser uma classe de uma escola, um bairro, uma cidade, um estado ou um país. Por exemplo, a tabela abaixo mostra a ocorrência de casos prováveis de dengue em cada estado do Brasil. Outro exemplo, é a distribuição espacial dos casos notificados e confirmados de febre pelo vírus Zika por município de notificação (até a semana epidemiológica 18) no Brasil, 2016, você pode ver no mapa abaixo. Fonte: Boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, volume 47, número 25, 2016 18 Ao descrever seus dados, use sempre os três componentes da epidemiologia descritiva: pessoa (quem), tempo (quando) e lugar (onde). Os três aspectos serão apresentados separadamente nesse curso para facilitar a compreensão, mas quando estamos diante das nossas atividades cotidianas do serviço de saúde trabalhamos descrevendo um fenômeno por completo. Na área 1 mostramos os indicadores de saúde, que são medidas matemáticas dos eventos em uma população. Em geral, usamos números relativos, por exemplo, a proporção de cesáreas na maternidade de uma cidade. Apesar disso, na descrição atual usaremos também os números absolutos dos casos em eventos de saúde. Por exemplo, o número de casos de microcefalia bebês de mães que foram infectadas por vírus zika durante a gestação em determinado bairro, o número de óbitos por ferimento causado por arma de fogo em uma comunidade, o número de casos de raiva em um país. É importante destacar que a epidemiologia trabalha em colaboração com outras áreas do conhecimento! Fonte: Boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, volume 47, número 25, 2016 19 A epidemiologia descritiva utiliza conhecimentos da sociologia, da antropologia, das ciências políticas e da matemática ou da estatística para facilitar o entendimento da ocorrência de um problema de saúde numa população. Isso é importante para a compreensão e análise dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS) que apresentamos na área 1. Você conheceu os conceitos de epidemiologia e epidemiologia descritiva. A epidemiologia é uma área de estudo da saúde que se preocupa com o estudo das populações. Na saúde usamos a epidemiologia para estudar o que acontece com as pessoas, considerando o processo saúde-doença. Considerando os dois primeiros tópicos, marque a alternativa correta. O que é um agravo? ( ) é uma doença ( ) é qualquer dano que possa ser causado à saúde humana ( ) é um termo matemático ( ) é um conceito da astrofísica Quais são as três questões fundamentais da epidemiologia descritiva? ( ) quem? Quando? E onde? ( ) por que? quanto? e quando? ( ) quando? quanto? e onde? ( ) quem? quando e por que? 3. Descrevendo dados por pessoa, tempo e lugar A pessoa (quem?) na epidemiologia descritiva Quando descrevemos um fenômeno em saúde, a palavra "quem" nos ajuda a entender as características das pessoas com determinado problema de saúde, 20 ajudando na tomada de decisão para responder ao problema de saúde da população, com um diagnóstico mais claro para quem precisa receber a atenção necessária para o agravo ou doença. Por isso, é importante envolver outras áreas de conhecimento na descrição dos eventos em saúde. Em um estudo sobre o atendimento de pacientes com artrite reumatoide (AR) (tabela abaixo) foi possível entender que as pessoas atendidas no hospital universitário (HUB) acometidas pela doença eram, em sua maioria, do gênero feminino (86,15%), se declararam de raça (ou cor) branca (47,69%), eram de classe social média-baixa (53,84%) e tinham idade média de 45,6 anos. Fonte: Mota, L.M.H., Laurindo, I.M.M., Santos Neto, L.L. Características demográficas e clínicas de uma coorte de pacientes com artrite reumatoide inicial. Rev Bras Reumatol 2010;50(3):235-48 21 O lugar (onde?) na epidemiologia descritiva A epidemiologia descritiva pode nos mostrar também a diferença estrutural de uma cidade ao observarmos onde as pessoas moram ou onde elas estão mais expostas aos riscos, pois o contexto local nos ajuda a identificar quais pessoas precisam de cuidados específicos, de forma equitativa, em relação aos problemas de saúde. A equidade é um dos princípios do SUS e pode ser definida pela máxima: “mais para quem mais precisa”. Ou seja, considerando as desigualdades sociais entre grupos populacionais, a equidade prevê que os cuidados de saúde sejam direcionados para as pessoas mais vulneráveis. A Figura 1 mostra o bairro de Paraisópolis, em São Paulo, que possui seu território dividido em duas partes: à esquerda se observa uma comunidade de baixa renda com aglomerado desordenado de casas; à direita um condomínio luxuoso. As pessoas que moram na comunidade possuem casas construídas sem planejamento adequado e, por isso, geram corredores apertados que dificultam ações de controle de vetores, como o Aedes aegypti. Além disso, é possível que Paraisópolis Fonte: Desconhecida 22 não haja abastecimento regular de água, o que obriga as famílias a armazenarem água inadequadamente. Do outro lado, os moradores do condomínio possuem piscinas que também podem ser criadouros do “mosquito da dengue” se não estiverem sendo tratadas adequadamente. Assim, na descrição dessa situação de saúde, os aspectos sociais devem ser considerados, para que as ações prioritárias atinjam primeiro os locais mais vulneráveis, sem deixar de agir na prevenção de todo o bairro. O tempo (quando?) na epidemiologia descritiva Determinar o tempo é muito importante para a epidemiologia. O tempo mostra quando as pessoas foram acometidas pela doença ou agravo e nos permite agir no momento certo para evitar ou diminuir o problema de saúde. Quando lidamos com a variação temporal da ocorrência de um agravo, doença ou determinantes em saúde, podemos elaborar gráficos que demonstram o crescimento ou a diminuição no número de casos. Fique atento aos gráficos! Nas últimas aulas dessa área você aprenderá a identificar e elaborar gráficos descritivos! Os gráficos demonstram a intensidade da ocorrência ao longo do tempo. Esses dados são importantes para entender um problema de saúde e apoiar a tomada de decisão. Desta forma, coletar os dados referente a data de início de sintomas, data de atendimento ou data da notificação são fundamentais para descrever os problemas de saúde que acometem uma população, e assim podemos descrever o "quando" da epidemiologia descritiva. No caso de uma epidemia, a organização dos dados em gráficos pode dizer muito sobre a fonte de infecção de uma doença, como você já viu na Aula 10 da Área 1. 23 As primeiras semanas do ano são épocas propícias para a reprodução de vetores de arboviroses em Pernambuco. O gráfico a seguir mostra a simultaneamente a sazonalidade de dengue e chikungunya no estado nos anos de 2015 e 2016. Note que os picos de casos ocorrem nas primeirassemanas do ano. Isso significa que as ações de controle devem abranger essa época do ano. Fonte: Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco Mostramos para você um conceito básico de Epidemiologia, mas saiba que essa é uma área complexa e que não pode ser resumida ao simples estudo da população. Existe um conceito maior e mais elaborado da área de estudo que você pode conhecer em outras literaturas, como indicado abaixo! O Autor Last (1995), define a epidemiologia como "o estudo da frequência, distribuição e dos determinantes de eventos relacionados à saúde em populações específicas e sua aplicação para o controle de problemas de saúde". Se quiser saber mais, você pode consultar o livro “Epidemiologia Básica” da Organização Mundial da Saúde! Capa do livro “Epidemiologia Bá i ” Clique aqui bit.ly/Epidemiologiabasica http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf;jsessionid=A445DA644ED53DAB397A468D3EFEB963?sequence=5 24 Você conheceu os elementos fundamentais da epidemiologia descritiva: pessoa, lugar e tempo. Esses termos serão usadas durante toda a área 2. Você é capaz de relacionar os termos com seus significados? Com base no tópico 3, ligue a primeira coluna com a segunda. (3) Pessoa ( ) Mostra quando o evento em saúde ocorreu. (1) Tempo ( ) Se relaciona ao espaço onde ocorreu o evento em saúde. (2) Lugar ( ) Define quem foi acometido pelo agravo ou doença. Você conheceu os conceitos básicos da epidemiologia descritiva. Você já conhecia a epidemiologia descritiva? Você usa os conceitos que apresentamos em seu trabalho? Como os conceitos de “quem?”, “quando?” e “onde?” podem ajudar a tomada de decisão em seu município. Com base nas questões, conte para nós um evento de saúde que ocorreu em sua cidade descrevendo com base na tríade epidemiológica e coloque em nossa comunidade de práticas. Vamos relembrar Você conheceu os conceitos de epidemiologia e epidemiologia descritiva. De maneira simples, podemos dizer que a epidemiologia é a área de estudo da saúde que se preocupa em estudar o que ocorre 25 com as pessoas, considerando o processo saúde- doença. Para melhor compreensão da epidemiologia, dividimos a epidemiologia em duas áreas: a epidemiologia descritiva e a epidemiologia analítica. Em nosso curso, vamos priorizar à epidemiologia descritiva e não estudaremos a epidemiologia analítica. A epidemiologia descritiva se preocupa principalmente com três elementos fundamentais, composto pelas questões: quem? quando? e onde? Que representa a pessoa, o tempo e o local. Na próxima aula vamos detalhar as aplicações da epidemiologia descritiva. Até lá! 26 Ajude o conhecimento a chegar mais longe! Se você foi beneficiado(a) por este conteúdo, considere contribuir para que ele alcance mais pessoas. Fazendo uma doação para a ProEpi, você viabiliza o desenvolvimento e a tradução para outros idiomas de mais recursos educacionais como esse, ajudando colegas a se capacitarem e protegerem melhor a saúde da população. Mais de 3.000 pessoas já foram beneficiadas por nossos cursos a distância e outras centenas participaram de nossos treinamentos presenciais em áreas como Investigação de Surto, Comunicação de Risco e Gestão de Projetos de Vigilância em Saúde. Torne-se um membro da nossa rede: Faça uma doação: ou acesse proepi.org.br/doacao http://proepi.org.br/doacao 27 Referências Brasil, Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 104, DE 25 DE JANEIRO DE 2011 Acesso em 02/04/2018 disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html> Brasil. Monitoramento dos casos de dengue, febre de Chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 19, 2016 Boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, volume 47, número 25, 2016 Porta, 2014. M. A dictionary of epidemiology, 6ed. New York: Oxford University Press. 343p. Bonita, R. Epidemiologia básica / R. Bonita, R. Beaglehole, T. Kjellström; [tradução e revisão científica Juraci A. Cesar]. - 2.ed. - São Paulo, Santos. 2010 213p.: il. Tradução de: Basic epidemiology, 2nd. ed. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ 28 Respostas dos exercícios (em ordem de aparição) 1 Você conheceu os conceitos de epidemiologia e epidemiologia descritiva. A epidemiologia é uma área de estudo da saúde que se preocupa com o estudo das populações. Na saúde usamos a epidemiologia para estudar o que acontece com as pessoas, considerando o processo saúde-doença. Considerando os dois primeiros tópicos, marque a alternativa correta. O que é um agravo? (b) é qualquer dano que possa ser causado à saúde humana Quais são as três questões fundamentais da epidemiologia descritiva? (a) quem? Quando? E onde? Você conheceu os elementos fundamentais da epidemiologia descritiva: pessoa, lugar e tempo. Esses termos serão usadas durante toda a área 2. Você é capaz de relacionar os termos com seus significados? Com base no tópico 3, ligue a primeira coluna com a segunda. ( ) Pessoa (1) Mostra quando o evento em saúde ocorreu. ( ) Tempo (2) Se relaciona ao espaço onde ocorreu o evento em saúde. ( ) Lugar (3) Define quem foi acometido pelo agravo ou doença. AULA 1– Introdução a Epidemiologia Descritiva 1- Conceito de Epidemiologia 2. A Epidemiologia Descritiva Quem está adoecendo ou adoeceu Quando a doença aconteceu ou está acontecendo? Onde a doença aconteceu ou está acontecendo? 3. Descrevendo dados por pessoa, tempo e lugar A pessoa (quem?) na epidemiologia descritiva O lugar (onde?) na epidemiologia descritiva O tempo (quando?) na epidemiologia descritiva Vamos relembrar
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