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DEFINIÇÃO Conceitos e benefícios da natação para bebês a idosos. Evolução histórica. Mercado de trabalho. PROPÓSITO Conhecer a história, as características, os conceitos e benefícios da Natação, é importante na formação acadêmica e traz um primeiro contato teórico com esta modalidade, associada a muitas oportunidades de ingresso no mercado de trabalho através de estágios, especialmente em atividades voltadas ao ensino- aprendizagem (iniciação à natação). OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer conceitos e benefícios associados à prática da natação para a população em geral, de bebês a idosos MÓDULO 2 Identificar a evolução histórica da natação, da sobrevivência na Pré-História até a organização como esporte competitivo MÓDULO 3 Identificar as possibilidades de intervenção profissional no mercado de trabalho específico da natação MÓDULO 1 Identificar conceitos e benefícios associados à prática da natação para a população em geral, de bebês a idosos CONCEITOS A natação é reconhecida pela população como um esporte competitivo, mas é composta por um conjunto de movimentos que possibilita a interação com o meio aquático, em todas as idades, resultando em benefícios para a saúde e para o desenvolvimento motor, cognitivo e socioafetivo. Inicialmente, você vai identificar alguns conceitos dessa modalidade esportiva e refletir sobre eles. Como ponto de partida, tenha em mente que a natação é um esporte, pois possui regras e instituições que a regem, além de movimentos específicos, visualizados especialmente em competições na execução dos nados, saídas e viradas. Enquanto esporte, a natação é controlada e organizada internacionalmente pela Federação Internacional de Natação (FINA) e, no Brasil, pela Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos (CBDA). Uma informação importante é que as duas instituições são responsáveis não apenas pela natação, mas também pelos demais esportes aquáticos, como o polo aquático e o nado artístico, por exemplo. ATENÇÃO Para além das competições e do treinamento de alto rendimento, a natação é uma atividade física considerada excelente para a promoção do condicionamento físico, principalmente a aptidão cardiorrespiratória, pois seus movimentos, com grandes grupos musculares, exigem muita resistência aeróbica. Além disso, é o primeiro tipo de atividade física organizada no formato de sessões e com objetivos estabelecidos indicado para o ser humano, em que as aulas podem ser oferecidas a partir de seis meses de idade, geralmente, no Brasil. Já na Austrália, as sessões de natação para bebês são indicadas a partir de quatro meses de vida. Para bebês e crianças, o exercício físico natação auxilia no desenvolvimento motor, socioafetivo e cognitivo, e é fundamental para a prevenção de afogamentos, causa de mortalidade extremamente significativa na infância em nível mundial. OMS dados afogamento ano 2015 Estima -se 129.000 mortes anuais por afogamento na China e 86.000 na Índia. No Sul da Ásia, essa é a causa mais frequente de morte na infância, mesmo quando comparada ao transporte. Na Tailândia, o índice de morte por afogamento na faixa de 2 anos de idade chega a 107 por 100.000 habitantes. Na zona rural de Uganda, 27% de todas as mortes na faixa etária de 2 anos ocorrem por afogamento. Fonte: Sobrasa. DIANTE DESSAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA NATAÇÃO, VAMOS INICIAR NOSSA ANÁLISE DOS CONCEITOS A ELA RELACIONADOS, VERIFICANDO O QUE DIZEM ANDRIES JUNIOR ET AL. (2002): NADAR SE REFERE A QUALQUER AÇÃO MOTORA QUE O INDIVÍDUO REALIZA INTENCIONALMENTE PARA PROPULSIONAR-SE ATRAVÉS DA ÁGUA”. Andries Junior, 2002. CONHEÇA AS DIFERENÇAS ENTRE O ATO DE NADAR E A NATAÇÃO: Fonte: Shutterstock Ato de nadar: associado às diversas possibilidades de movimentar-se na água Fonte: Shutterstock Natação: esporte que visa, pela execução de movimentos de acordo com técnicas específicas, títulos e vitórias. Como esporte de alto rendimento, a natação é definida por Nolasco et al. (2013, p. 232) como “esporte aquático que tem como objetivo imediato, para o atleta, vencer uma determinada distância em meio líquido no menor tempo possível”. Para a redução dos tempos nas distâncias das provas de natação, a realização de movimentos com um padrão técnico apurado e o aprimoramento de algumas qualidades físicas são pré-requisitos. ATENÇÃO Duas palavras são diretamente relacionadas à natação: autopropulsão e autossustentação. Elas são fundamentais para que possamos distinguir indivíduos que sabem dos que não sabem nadar, pois se referem, respectivamente, à capacidade que uma pessoa apresenta para, de forma autônoma, se deslocar e flutuar. Conforme Soares (2016, p. 08), “nadar pressupõe a capacidade de movimentar-se e manter-se flutuando sem auxílio externo. Dessa maneira, uma pessoa que nada somente com o uso de materiais que possibilitam a flutuação não saberia nadar”. Às vezes, professores de natação em academias, escolas e clubes ouvem de um aluno recém-chegado ao local que sabe nadar, mas, quando verificam o nível de habilidades aquáticas, concluem que o indivíduo em questão precisa de estímulos associados à iniciação, pois não consegue se deslocar pela piscina sem algum tipo de auxílio, como pranchas ou outro objeto de flutuação. Mesmo que o aluno execute algum dos nados oficiais, lembre-se que, se para isso ele precisa de auxílio externo, não podemos considerar que saiba nadar de fato. É necessário que as capacidades de flutuação e propulsão estejam presentes de forma autônoma. Analisando esses conceitos, devemos ter em mente que a natação pode ser praticada por pessoas de diferentes idades para obtenção de seus múltiplos benefícios e com fins competitivos. Movimentar-se sem depender de ajuda externa e apresentando boa capacidade de flutuação é importante para a prevenção de afogamentos e, portanto, este deve ser um dos principais objetivos na iniciação dessa atividade, independentemente da faixa etária. Também devemos lembrar a natação adaptada, cujos praticantes têm deficiências diversas, assim como a tradicional, pode ser uma atividade competitiva ou com os objetivos de inclusão, maior autonomia e saúde. Fonte: Shutterstock Talvez você já tenha ouvido que “a natação é um esporte completo”, que traz muitos benefícios aos seus praticantes, de bebês a idosos, nas aulas recreativas ao treinamento de alto rendimento. De fato, muitos estudos já foram publicados demonstrando um grande potencial dessa modalidade para promover a aptidão física, auxiliar no desenvolvimento motor e cognitivo e favorecer a integração social, a autoestima e a autoconfiança. A fim de organizar nosso estudo sobre os benefícios da natação, vamos subdividi-los em: Benefícios ao desenvolvimento de bebês e crianças. Benefícios à aptidão física e saúde. Prevenção de afogamentos. BENEFÍCIOS AO DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS E CRIANÇAS As aulas para bebês e crianças objetivam a completa adaptação ao ambiente aquático pela realização de atividades que favorecem a coordenação motora, o equilíbrio, a noção de espaço e tempo, o esquema javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) corporal; além de proporcionarem momentos de integração quando seu formato é em grupos, o que geralmente acontece em escolas e academias. COORDENAÇÃO MOTORA A coordenação motora envolve a integração entre o sistema nervoso central e o sistema musculoesquelético, possibilitando uma adequada organização dos movimentos, com economia de energia e ótimo rendimento. EQUILÍBRIO O equilíbrio pode ser definido como a capacidade que temos de sustentar nosso corpo. Na natação, o equilíbrio é importante para o desenvolvimento da autossustentação e para a autopropulsão. ESQUEMA CORPORAL É a capacidade da criança de conhecer e controlar seu próprio corpo em relação a si próprio e ao espaço que a cerca. Na Austrália, uma pesquisa muito abrangente publicada em 2013, após quatro anos de estudo, analisando os efeitos da prática em crianças menores de cincoanos, revelou que as adeptas da modalidade apresentaram mais habilidades do que as não praticantes, fato identificado através de entrevistas com os pais e de testes específicos. Esse estudo é considerado pelo Instituto de Natação Infantil (INATI), sediado em São Paulo, como fundamental para a compreensão da importância desta prática por crianças. Os testes específicos foram aplicados a crianças entre três e cinco anos, incluindo: Peabody Developmental Scales (PDMS-2), bateria destinada a mensurar componentes do domínio físico (motor): manipulação e manuseio de objetos, atividades de locomoção e de equilíbrio, habilidades visomotoras. javascript:void(0) javascript:void(0) Woodcock Johnson III, composto por avaliações do domínio cognitivo e da linguagem (linguagem oral, compreensão oral, raciocínio matemático, habilidade verbal e eficiência cognitiva). HABILIDADES VISOMOTORAS As habilidades visomotoras estão relacionadas à coordenação da visão com os movimentos corporais. Há muitas publicações que reforçam a importância da natação para o desenvolvimento de bebês e crianças. No entanto, para algumas pessoas, essa prática aumenta o risco de doenças como dermatites, resfriados, dores de garganta e de ouvido. Madormo (s/d) realizou um levantamento junto a pais de crianças praticantes de natação, com idades entre 3 e 36 meses, e, após análise por faixas etárias (3 a 12 meses, 13 a 24 meses e 25 a 36 meses), não identificou que esta atividade de fato aumentaria problemas de saúde. Além disso, múltiplos benefícios foram relatados pelos responsáveis, como melhoria na qualidade do sono e na alimentação, maior sociabilidade e a percepção de que o bebê/criança, após as aulas, apresenta comportamento mais tranquilo. Como você pode verificar, a natação se constitui em uma prática importante para bebês e crianças e sua orientação adequada traz benefícios ao desenvolvimento geral. BENEFÍCIOS À APTIDÃO FÍSICA Entre jovens, adultos e idosos, um dos motivos para a prática é a melhoria da aptidão física, especialmente dos componentes relacionados à saúde: aptidão cardiorrespiratória, força dinâmica e força de resistência (resistência muscular localizada – RML), flexibilidade e composição corporal. APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA Capacidade do organismo em realizar e manter esforços de média a longa duração, sendo aprimorada com a realização de exercícios aeróbicos, envolvendo grandes grupos musculares simultaneamente, em intensidade submáxima. Está diretamente relacionada à prevenção de doenças cardiovasculares. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) FORÇA DINÂMICA Capacidade que o músculo tem de exercer tensão para vencer uma carga a ele imposta tendo como resultado à produção de movimento articular. FORÇA DE RESISTÊNCIA (RML) Capacidade da musculatura de manter repetidas contrações em um mesmo padrão, sem perder a eficiência. FLEXIBILIDADE Capacidade máxima de amplitude de movimento manifestada pelas articulações corporais. COMPOSIÇÃO CORPORAL Característica determinada pelas quantidades de tecido adiposo e de massa livre de gordura, como os músculos e ossos. SOARES (2016) APRESENTA ALGUNS ARGUMENTOS QUE JUSTIFICAM OS GANHOS DE APTIDÃO FÍSICA COM A PRÁTICA DA NATAÇÃO, DESDE QUE HAJA REGULARIDADE E QUE OS ESTÍMULOS IMPOSTOS AO ORGANISMO SEJAM ADEQUADOS. APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA Deve-se priorizar os exercícios aeróbicos. Reflita: os nados envolvem grandes grupos musculares na sua execução? As sessões de natação têm a duração mínima de 20 minutos recomendada pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva? A resposta correta a essas duas questões é sim. E lembre-se: geralmente as aulas duram entre 30 a 45 minutos para esse público. O ideal é que sejam feitas três sessões semanais, mas um indivíduo iniciante terá aprimoramento na sua resistência cardiorrespiratória com duas sessões semanais. O professor pode aumentar a intensidade das atividades à medida que o aluno evolui e, dessa maneira, favorecer um ganho significativo desse importante componente da aptidão física. Geralmente, um aluno iniciante se cansa com facilidade, mas é possível alternarmos as solicitações musculares até que ele tenha condições de nadar continuamente, combinando os movimentos de braços e pernas, ou seja, executando os nados propriamente ditos. APTIDÃO MUSCULAR A força dinâmica e a RML têm na água um agente natural para sua melhoria: a resistência aos movimentos, denominada de arrasto. Todo deslocamento realizado por uma pessoa na água requer que essa resistência seja vencida. Esses estímulos podem ser incrementados com o uso de materiais como pés-de-pato e palmares (acessórios que aumentam a área de contato contra a água de membros inferiores e superiores, respectivamente). FLEXIBILIDADE Também pode ser aprimorada com a natação, pois os movimentos dos nados requerem boa amplitude. Talvez você já tenha ouvido que se deve alongar a braçada, por exemplo. De fato, o comprimento das braçadas é um fator importante para que se nade economizando energia e desenvolvendo uma boa propulsão. No alto rendimento, esta qualidade física é determinante para o bom desempenho. COMPOSIÇÃO CORPORAL Sobrepeso e a obesidade trazem riscos de doenças cardiometabólicas e de problemas articulares. A natação pode gerar um dispêndio energético significativo à medida que o aluno vai adquirindo resistência para realizar os movimentos continuamente e em maior intensidade. Para pessoas que precisam reduzir seu percentual de gordura, a prática de exercícios é uma estratégia auxiliar à restrição alimentar, pois traz outros importantes ganhos ao condicionamento físico, como você viu anteriormente. Na água, há também a vantagem do menor estresse articular e da sensação de leveza gerados pela ação do empuxo, e isso é especialmente benéfico para pessoas com sobrepeso ou obesas. DICA Há maior solicitação muscular em atividades com os membros inferiores. Assim, se seu aluno estiver cansado ao realizar pernadas por uma determinada distância, alterne com movimentos de braços ou atividades de respiração e flutuação. BENEFÍCIOS À TERCEIRA IDADE A prática da natação para a terceira idade merece destaque, pois não só promove a aptidão física, como também incrementa a socialização, que é muito importante para os idosos, pois sabemos que não é incomum, nesta etapa da vida, a sensação de isolamento e solidão, gerando problemas de ordem socioafetiva e saúde mental significativos como, por exemplo, a depressão. Para promover a socialização, obviamente, esta prática deve ser feita em turmas de natação, ou seja, é importante que o idoso se insira em aulas de natação e que o profissional responsável proporcione momentos de integração entre os alunos, organizando atividades de integração, como a comemoração de datas festivas. VALE DESTACAR, QUE UM DOS MOVIMENTOS BASTANTE INTERESSANTE E QUE FAVORECE SOBREMANEIRA A SOCIALIZAÇÃO E A SENSAÇÃO DE PERTENCIMENTO A UM GRUPO, É A NATAÇÃO MASTER. Desde os anos de 1980, são organizadas competições em categorias subdivididas pelas idades, reunindo ex- atletas e muitos praticantes que não competiram em alto nível quando jovens, mas que aprenderam a nadar e identificam nas equipes de master a oportunidade de conviver com outras pessoas e de manter a saúde em ótimo estado. TABELA 1: CATEGORIAS X IDADE Categorias Faixa etária PRÉ-MIRIM até 8 anos MIRIM 1 9 anos MIRIM 2 10 anos Categorias Faixa etária PETIZ 1 11 anos PETIZ 2 12 anos INFANTIL 1 13 anos INFANTIL 2 14 anos JUVENIL 1 15 anos JUVENIL 2 16 anos JUNIOR 1 17 anos JUNIOR 2 18 e 19 anos SÊNIOR 20 anos em diante PRÉ-MASTER 20 a 24 anos MASTER 25+ 25 a 29 anos MASTER 30+ 30 a 34 anos PRÉ-MASTER ou 80+ soma de 80 a 99 anos Fonte: REGRAS DE NATAÇÃO. Disponível em: https://www.regrasdenatacao.com.br/as-categorias-no-brasil/ Com relação aos benefícios para a saúde, a natação pode gerar aprimoramentos nos componentes da aptidão física, o queé muito importante na terceira idade. A melhoria da força, por exemplo, especialmente nos membros inferiores, está associada à redução do risco de quedas. O aprimoramento da aptidão cardiorrespiratória é relacionado à prevenção de doenças cardiometabólicas. Uma boa amplitude de movimentos (flexibilidade) favorece a realização de atividades simples como pentear os cabelos, vestir-se sozinho e pegar objetos acima da linha da cabeça, como mantimentos em um armário fixado na parede. javascript:void(0) DOENÇAS CARDIOMETABÓLICAS As doenças cardiometabólicas englobam problemas cardiovasculares, diabetes, obesidade. Elas podem ser prevenidas adotando-se hábitos saudáveis. Fonte: Shutterstock BENEFÍCIOS À PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS Fonte: Shutterstock Se na Pré-História as formas de nadar tinham bastante relação com os aspectos voltados à sobrevivência, especialmente durante os deslocamentos do Homem, atualmente, saber nadar também tem relação com a preservação da vida, pois é fundamental para prevenir afogamentos. No Brasil, temos uma importante organização, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), que traz informações periodicamente atualizadas sobre os afogamentos. Fundada em 1995, essa entidade sem fins lucrativos tem como objetivos prevenir afogamentos e incidentes em todas as atividades realizadas no ambiente aquático. Infelizmente, no mundo inteiro, o afogamento é uma das principais causas de morte entre crianças e jovens, segundo publicação de 2019 (que têm como referência para sua elaboração os dados de 2017). Nesses dados, constata-se que diariamente, 16 brasileiros morrem afogados (a cada 92 minutos). Os afogamentos atingem mais o sexo masculino (homens morrem aproximadamente 7 vezes mais). Até os 29 anos, ocorrem 47% de todos os óbitos e 70% dos óbitos ocorrem em rios e represas. Entre 1 e 9 anos, 52% deles acontecem em piscinas e residências. O afogamento é a segunda maior causa de mortalidade entre 1 a 4 anos; a terceira entre 5 a 14 anos; a quarta entre 15 a 19 anos e a sexta entre 20 a 24 anos. E a cada 2 dias, uma criança morre afogada em casa. A partir dos 10 anos, crianças se afogam mais em águas naturais (praias, rios, represas, lagoas), as crianças de 4 a 12 anos que sabem nadar têm como principal fator de afogamento a bomba de sucção das piscinas. E quase metade de todos os afogamentos no país (44%) ocorre entre dezembro a março (verão). Apesar desses dados bastante alarmantes, a SOBRASA sinaliza que, de 1979 a 2017, houve redução de 52% na mortalidade por afogamento no Brasil, o que indica que atitudes de informação e conscientização da população são fundamentais na prevenção deste problema. Geralmente, as mortes acontecem por desconhecimento dos riscos, desrespeito aos limites pessoais e por não se saber como agir diante de uma situação de afogamento (90% do total). Fonte: Shutterstock Uma forma simples de prevenção é cercar a área ao redor das piscinas, dificultando o acesso de crianças, especialmente aquelas que têm entre 1 a 9 anos. Além disso, é importante adotar mecanismos de interrupção da sucção feita pelas bombas e sempre deve haver guarda-vidas nos parques aquáticos de lazer (condomínios, hotéis e clubes). Fonte:Shutterstock Outra medida é não se afastar de uma criança mais do que a distância de um braço estendido! Você já deve ter observado, especialmente em ambientes de lazer, que esse limite de afastamento entre responsáveis e crianças nem sempre é posto em prática. Isso ocorre, provavelmente, pelo desconhecimento desta dica de segurança. O ato de nadar não está associado exclusivamente ao domínio dos nados oficiais. Saber nadar, mesmo que de forma rudimentar, implica em conseguir manter-se flutuando logo abaixo da superfície e realizar movimentos com pernas e braços que possibilitem o deslocamento do corpo. Em uma situação de risco de afogamento, provavelmente os indivíduos bem adaptados ao meio aquático e que conhecem técnicas de sobrevivência terão mais chances de se salvar. Veja como é importante que a natação seja mais praticada e difundida país afora: a região brasileira com mais afogamentos é a norte, provavelmente pelas altas temperaturas, convidativas aos banhos nos diversos locais disponíveis, especialmente os rios. Precisamos educar as pessoas para o convívio com o ambiente aquático e divulgar medidas simples e eficazes, que reduzem os riscos e são divulgadas pela SOBRASA em sua página na internet. Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais as importância de se quebrar alguns tabus da natação para bebês. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NADAR IMPLICA NA CAPACIDADE DE AUTOSSUSTENTAÇÃO E DE AUTOPROPULSÃO DE UM INDIVÍDUO NO AMBIENTE AQUÁTICO. COMO EXEMPLO DE AUTOPROPULSÃO, TEMOS: A) Atividades específicas para flutuação com material de apoio. B) Atividades específicas para deslocamentos com material flutuante. C) Atividades envolvendo os braços e pernas com auxílio do professor. D) Atividades diversas de deslocamento pela piscina de forma autônoma. 2. UMA QUALIDADE FÍSICA IMPORTANTE PARA A SAÚDE PODE SER APRIMORADA COM A NATAÇÃO GRAÇAS, PRINCIPALMENTE, AOS MOVIMENTOS ALONGADOS QUE SÃO CARACTERÍSTICOS DOS NADOS. A QUE QUALIDADE FÍSICA ESTAMOS NOS REFERINDO? A) Força. B) Flexibilidade. C) Resistência muscular. D) Resistência aeróbica. GABARITO 1. Nadar implica na capacidade de autossustentação e de autopropulsão de um indivíduo no ambiente aquático. Como exemplo de autopropulsão, temos: A alternativa "D " está correta. A autopropulsão se refere à capacidade que uma pessoa apresenta para se deslocar (ir de um ponto a outro) no ambiente aquático sem auxílio externo (material de apoio ou professor ou qualquer outro meio auxiliar). 2. Uma qualidade física importante para a saúde pode ser aprimorada com a natação graças, principalmente, aos movimentos alongados que são característicos dos nados. A que qualidade física estamos nos referindo? A alternativa "B " está correta. A flexibilidade reflete a capacidade de amplitude de movimentos das articulações corporais. Na natação, os movimentos específicos dos nados solicitam boa amplitude de movimento, possibilitando melhorias nesta qualidade física. MÓDULO 2 Identificar a evolução histórica da natação, da sobrevivência na Pré-História até a organização como esporte competitivo EVOLUÇÃO HISTÓRICA GERAL Fonte: Blog Universidade da Natação Desde a Pré-História o ser humano precisou encontrar formas de se movimentar na água. Imagine o que acontecia com os nômades quando se deslocavam à procura de comida e abrigo e encontravam um obstáculo natural no seu caminho, como uma lagoa, por exemplo. Se foi preciso atravessá-la e a profundidade não permitia que se mantivessem em pé, de alguma forma, eles realizaram movimentos com os braços, pernas ou ambos para chegarem ao outro lado. Talvez tenham feito movimentos iniciais inspirados em animais, como os cães e os sapos, ou de forma instintiva (MASSAUD, 2008). O certo é que, por sobrevivência, para se refrescar ou como lazer, o homem usou a água, e um desenho de aproximadamente 9000 anos foi encontrado na África, em uma caverna na Líbia, comprovando isso. Fonte: Wikipedia Na antiguidade oriental, egípcios, babilônios, assírios e etruscos deixaram registros de que o ato de nadar fazia parte do seu cotidiano. No período denominado de antiguidade ocidental, Grécia e Roma foram civilizações que adotaram a prática da natação: os gregos incluíam aulas de natação para seus meninos e jovens ao longo do processo educacional, considerando muito importante que essa habilidade fosse dominada. Os romanos estendiam essa prática à população em geral em locais denominados termas. Além disso, a História nos conta que Júlio César, aos 51 anos, após um ataque contra uma ponte que unia Alexandria à ilha de Faro, conseguiu salvar sua vida nadando (SOARES et al., 2018). Na Idade Média, a natação foi praticada principalmente pelos nobres e cavaleiros, pois se acreditavaque a água poderia alastrar doenças e pestes. Além disso, temos na Idade Moderna o surgimento de competições e estudos sobre o ato de nadar, incluindo o livro de Nikolaus Wynmann (escrito em 1538), que defendia o ensino do nado de peito com a cabeça fora da água. Este autor, inclusive, recomendava que movimentos de natação deveriam ser ensinados primeiramente no ambiente terrestre, pois a água não era o ambiente natural do homem. NIKOLAUS WYNMANN (1510-1550) Professor alemão. Seu livro é reconhecido como a primeira obra sobre a natação. Fonte: Quo.es Massaud (2008) apresenta diversos fatos que mostram o crescimento da natação a partir do século XIX, conheça detalhadamente cada um: 1810 javascript:void(0) A primeira competição de natação ocorre no Japão, mas não foram anotados os vencedores. 1837 Algumas provas acontecem em Londres e um nobre de nome Lord Byron participou, estimulando a prática desse esporte. No mesmo ano, também em Londres, foi fundada a National Swimming Society, organização que visava a prática da natação. 1844 Em Londres, uma competição recebeu a participação de norte-americanos, que venceram todas as provas. 1869 Foi criada em Londres a Metropolitan Swimming Association, primeira instituição voltada à criação de regras e organização de campeonatos mundiais do esporte. 1871 O primeiro recorde mundial registrado é atribuído a Winston Cole, que percorreu 92m (equivalente à distância de 100 jardas) em 1 minuto e 15 segundos. 1875 Foi realizada a travessia do canal da Mancha pela primeira vez (nesse feito, o capitão Webb nadou 61km em ziguezague). 1896 Finalmente, a natação é uma das modalidades esportivas dos I Jogos Olímpicos da era moderna, realizados em Atenas, com provas exclusivamente para homens nas distâncias de 100m, 500m e 1200m nado livre. A participação feminina se inicia nos Jogos Olímpicos de Estocolmo (Suécia), em 1912. Fonte: Shutterstock A Federação Internacional de Natação (FINA) foi criada no final dos Jogos Olímpicos de Londres, em julho de 1908, e a natação adaptada cresceu principalmente após a Segunda Guerra Mundial. A FINA atualmente é sediada em Lausanne, na Suíça. À época da sua criação, oito países se tornaram filiados a ela: Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria e Suécia. Além da natação, esta entidade é responsável pela organização do polo aquático, nado artístico, saltos ornamentais e natação em águas abertas. É interessante que você saiba que nas primeiras competições na Inglaterra, a partir de 1837, foram apresentadas diversas formas de movimentação na água, e naquela época os nados resultavam em gasto de energia bastante aumentado, pois as posições corporais adotadas resultavam em muita resistência da água aos movimentos. Inicialmente, se experimentou um nado em decúbito lateral com os braços dentro d’água acompanhados por uma pernada simulando a ação de uma tesoura, que ficou conhecido como braçada lateral inglesa. Aos poucos foi experimentada a retirada de um braço da água (single over arm stroke), o que diminuiu a resistência e tornou o deslocamento mais rápido. O nadador inglês John Trudgen, em 1873, apresentou ao mundo da natação uma nova forma de nadar: em decúbito ventral, ele mantinha a cabeça fora da água e fazia a recuperação aérea dos braços alternadamente (braçada de Trudgen). Este nado como um todo era bastante descoordenado, pois as ações das pernas eram parecidas com o que se pratica no nado peito. Houve uma tentativa de melhorar a coordenação do nado quando alguns nadadores substituíram a pernada original pela tesourada (com menor amplitude no afastamento das pernas), nado que ficou conhecido como double over arm stroke. No final do século XIX, havia a percepção de que não realizar ações de pernadas facilitaria os movimentos. Dick Cavill, membro de uma família de nadadores da Austrália, observou atentamente o estilo de nadar de um nativo das Ilhas Salomão Britânicas, que realizava pernadas retas e alternadas em combinação aos braços com recuperação emersa. Adotando esse estilo, Dick mostrou à comunidade da natação australiana, no final do século XIX, que se poderia nadar bem mais rapidamente. A primeira referência escrita com o nome “crawl” é de 1901, no jornal australiano Sydney Arrow, que descreve o tipo de nado executado por Dick Cavill e outros nadadores australianos usando essa palavra. “Crawl” significa rastejar, e eles consideravam os movimentos parecidos com isso. Fonte: Shutterstock Fonte: Historia del Esporte Desde então, os nados foram desenvolvidos e aperfeiçoados para melhorar o deslocamento aquático, roupas especiais foram criadas (e proibidas) com o tempo, novas tecnologias permitiram o estudo aprofundado das técnicas dos nados e grandes nomes marcaram a história desse esporte para sempre, destacando Michael Phelps, que, na edição dos jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, conquistou 28 medalhas olímpicas, 23 de ouro, três de prata e duas de bronze. Fonte: Swim Channel ATENÇÃO Atualmente, o uso dos trajes passa por inspeção rigorosa e sua comercialização e uso dependem da aprovação da FINA. Os supermaiôs, como ficaram conhecidos os trajes proibidos a partir de 2010, alcançaram uma tecnologia que diminuía a resistência da água aos movimentos e facilitava a flutuação. Para saber um pouco mais sobre o assunto, acesse o Explore+. Atualmente, competições oficiais em piscinas de 50m, como nos Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais em piscina longa, são compostas por provas individuais de nado livre, nado costas, nado borboleta, nado peito e nado medley, separando homens e mulheres. VOCÊ SABIA Qualquer nado pode ser executado nas provas de nado livre; porém, por ser mais rápido, os atletas quase sempre usam o nado crawl. As regras específicas para as competições são revisadas pela FINA periodicamente (a cada 4 anos, publica-se uma atualização), incluindo as provas constantes no programa oficial e as obrigatoriedades de execução de movimentos para cada nado. Agora que você está a par de quais são os nados oficiais, vamos conhecer como evoluíram? EVOLUÇÃO DOS NADOS NADO DE PEITO O nado de peito é citado na literatura como o mais antigo, e talvez seus movimentos tenham tido a inspiração nos movimentos dos sapos dentro da água. Ele foi bastante popular especialmente ao longo da Idade Média por ser executado com a cabeça fora da água. COMENTÁRIO Àquela época, acreditava-se que a água disseminava epidemias e, por isso, se evitava o contato da face. Fonte: Wikipedia Figura 1: a prática da braçada em pé ilustrada no livro de Thevenot. Colwin (2000) registra que no século XVI, Nikolaus Wynmann recomendava em seu livro que o nado de peito deveria ser aprendido por todos e Thevenot, ao publicar seu livro no século XVII, aconselhava a prática da braçada com o indivíduo em pé e imerso até a linha do quadril. Segundo Biró et al. (2015) durante o Renascimento e nas primeiras competições, no século XIX, esse estilo era o preferido, mas foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos somente a partir de 1904, em Saint Louis (EUA). Os autores citados descrevem muitos estágios evolutivos do nado de peito, como você verá a seguir: 1 Por volta de 1880, o nado de peito era muito primitivo e parecia um nado sapo. Conhecida como técnica ortodoxa, as braçadas e pernadas eram bastante amplas e resultavam em movimentos desnecessários gerando um gasto de energia elevado. Na década de 1920, o nado de peito ortodoxo foi substituído pelo nado de peito clássico, o qual apresentou uma mudança nas braçadas: os atletas empurravam a água também para trás até que seus braços se estendessem junto às coxas. As pernadas não apresentaram alterações. 2 3 Nos anos 1930, foi a vez do desenvolvimento das pernadas, que começaram a ser puxadas para cima (flexão dos joelhos) para depois ser feito um chute para fora com os pés em dorsiflexão de cerca de 45° (“V” invertidoseria o desenho formado por essa ação de pernas). A partir do momento em que a nova pernada proporcionou mais estabilidade e menor velocidade para percorrer uma determinada distância, novamente as atenções se voltaram para o aprimoramento da braçada: surgiu a braçada do nado borboleta e a técnica submersa. Nessa mesma época, os nadadores também perceberam que se mantivessem mais a cabeça na água, nadavam mais rapidamente. 4 5 Uma importante inovação foi apresentada principalmente nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960: a respiração começou a ser realizada com a inspiração, ocorrendo a partir do início da fase propulsiva da braçada. No final da década de 1960, o treinador James Counsilman provou que a pernada em “V” invertido não era muito propulsiva e desenvolveu com seu atleta Chet Jastremski um novo movimento, adotado pela maioria dos atletas (praticamente por todos): a ação se assemelha a uma chicotada estreita. 6 javascript:void(0) javascript:void(0) 7 A posição corporal passa a ser variável pela realização de movimentos mais ondulatórios e com flexão do quadril durante os anos 1970; Mais recentemente, os ombros começaram a ser retirados da água ao longo da braçada, reforçando o aspecto ondulatório da posição corporal (final da década de 1980 e início da década de 1990). 8 9 Desde 2005, outro novo elemento faz parte desse nado: a execução de uma única golfinhada na fase submersa do nado, tanto após a saída como depois das viradas. Atualmente, esse nado é praticado nos Jogos Olímpicos nas distâncias de 100m e 200m e integra o nado medley (individual e revezamento). 10 TÉCNICA SUBMERSA A técnica submersa experimentada na época continua sendo usada nos dias atuais, com a permissão de uma única braçada após a saída (entrada na água) e após cada virada, e se caracterizou inicialmente pela braçada ampla finalizada com a extensão dos cotovelos e os braços juntos às coxas. Para saber um pouco mais sobre o assunto, acesse o Explore+. CABEÇA NA ÁGUA Uma situação curiosa relacionada ao nado até por volta da década de 1950 é que era comum em provas desse nado atletas desmaiarem por ficarem muito tempo submersos (forma usual de se competir). Com a mudança nas regras no final dos anos 1950, assegurando que os atletas ficassem mais na superfície, esse problema deixou de acontecer. NADO DE COSTAS O nado de costas foi uma evolução do nado de peito invertido, que era executado em decúbito dorsal com os braços simultâneos. Na busca pela redução da resistência, os nadadores identificaram que a alternância de braçadas, similares ao nado crawl, tornaria o nado mais rápido. Provavelmente, o homem experimentou o deslocamento na posição de costas ao longo da sua história e há registros a esse respeito. Segundo Biró et al. (2015), Platão falou sobre o ato de nadar de costas, que ele achava pouco adequado por impossibilitar a identificação da direção que se estava seguindo. O poeta romano Manilius também fez uma referência a esse tipo de estilo. Fonte: Edition Originale Figura 1: representação do nado de costas no livro L’Art de nager, de Thevenot. Em 1798, o alemão Guts-Muths defendeu o nado na posição de costas, recomendando-o como o primeiro a ser ensinado pela facilidade da respiração. Desde as Olimpíadas de Paris, em 1900, o nado de costas esteve presente, com uma prova de 200m somente para homens. Em 1904, em St. Louis (EUA), a prova do nado foi de 100 jardas, ou seja, 91m (a piscina tinha 50 jardas de comprimento), e, em 1908 (Londres), as distâncias foram de 100m e de 200m. Em um primeiro momento, a braçada era executada numa trajetória retilínea e, de 1930 a 1960 o padrão de braçada submersa era um movimento logo abaixo da superfície e para o lado, estilo popularizado pelo nadador americano Adolph Kiefer, que também influenciou o alinhamento horizontal, pois nadava com o corpo muito próximo à linha da superfície. PERNADAS As pernadas, começam a ser alternadas a partir de 1912, quando o nadador americano Harry Hebner apresentou esse estilo e venceu os demais competidores. E na década de 1950, começou a ser aplicado um leve giro dos ombros (rotação dos ombros) e a fase aquática da braçada se tornou mais profunda, com a mão orientada para baixo na sua finalização. PADRÃO DE PUXADA A partir da década de 1960, o advento de filmagens subaquáticas possibilitou a identificação de que, entre nadadores mais velozes, o padrão de puxada (fase aquática da braçada) descrevesse uma trajetória mais sinuosa; ou seja, havia flexão do cotovelo e o movimento não era diretamente para trás. Além disso, a recuperação começou a ser feita acima da cabeça, e não mais para os lados. GOLFINHADAS Nos anos 1980, uma importante inovação foi apresentada pelo atleta norte-americano David Berkoff, da Universidade de Harvard: as golfinhadas submersas com as mãos unidas atrás da cabeça (posição de streamline). Em treinamentos, seu técnico, Joe Bernal, chegou a cronometrar os tempos nas duas condições: nado submerso e nado de costas na superfície, e ele era mais veloz embaixo d’água. Berkoff, em piscina de 50m, chegou a nadar 35m embaixo d’água. METRAGEM Nas Olimpíadas de Seul, em 1988, o nado de costas com a pernada de golfinho submersa rendeu a ele uma medalha de prata nos 100 m, e o ouro no revezamento medley, além de quebra de recorde mundial. Logo após os Jogos, a FINA delimitou a metragem para o nado submerso em até 10m e, em 1991, para os atuais 15m. Atualmente, esse nado é praticado nos Jogos Olímpicos nas distâncias de 100m e 200m e integra o nado medley (individual e revezamento). NADO CRAWL Executado nas provas de nado livre, é o mais rápido e sua evolução se dá principalmente nos Estados Unidos a partir do crawl australiano. Em uma piscina em Nova York, em 1903, Gus Sundstrom, inspirado no crawl australiano, executa o nado com o rosto submerso e as pernas quase estendidas, com movimentos alternados abaixo da linha da superfície. O crawl americano apresenta, desde o princípio, uma ação contínua das pernas, além de ter menor amplitude nas batidas. Um pouco depois, os americanos realizam quatro pernadas a cada ciclo de braçadas (braçadas direita e esquerda) no lugar das duas pernadas executadas pelos australianos, mas é em 1920, nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, que uma técnica demonstrada pelo havaiano Duke Kahanamoku aprimora a posição corporal e torna o nado ainda mais eficiente: seis batidas de perna (batida de seis tempos) a cada ciclo de braçadas. Fonte: Shutterstock A respiração bilateral é demonstrada em 1928 e, em 1955, John Weismuller executa a braçada fazendo uma flexão do cotovelo na metade da fase submersa. De lá para cá, muito se tem discutido sobre os movimentos das braçadas e a posição do corpo e houve diferentes recomendações para a técnica ideal. Em Jogos Olímpicos, este nado é disputado de forma individual nas distâncias de 50m, 100m, 200m, 400m, 800m e 1500m; nos revezamentos, nas distâncias 4x100m e 4x200m, para homens e mulheres. NADO BORBOLETA O nado borboleta, indiscutivelmente, evoluiu do nado de peito a partir da década de 1930. Biró et al. (2015) citam que o norte-americano Henry Myers executou a braçada do nado borboleta, com os braços recuperando sobre a água, em 1933, combinada ao movimento de pernada do nado de peito. Porém, o australiano Sydney Cavill e o alemão Erich Rademacher também realizaram este tipo de braçada na mesma época, conforme Bernardo (2016). As experiências com braços e pernas que culminaram no surgimento deste nado têm seu berço histórico em pesquisas feitas por um técnico de natação da Universidade de Iowa, David Armbruster, que, em 1928, tirou fotografias submersas de seus nadadores e percebeu que a redução de velocidade no nado de peito estava diretamente relacionada à recuperação dentro d’água, pois havia uma desaceleração no movimento dos braços à frente. Com essa conclusão, ele recomendou que a recuperação dos braços fosse feita acima da linha da superfície.E o movimento de pernadas? Um dos seus atletas, Jack Sieg, em 1935, experimentou bater suas pernas de maneira similar aos golfinhos e, quando os braços e pernas foram unidos, o nado borboleta foi criado; porém, ainda não era oficial e, em competições, aparecia nas provas de nado de peito. Até que a pernada inspirada nos golfinhos fosse incorporada, as provas do nado de peito mostravam estilos diferentes, pois havia nadadores que praticavam o nado tradicional, outros faziam o nado “borboleta-peito” na superfície e se combinava os dois estilos durante a prova. Foi somente em 1952 que a FINA separou os nados de peito e borboleta. Em 1953, a federação reconheceu o nado borboleta como o quarto estilo de natação, tendo uma prova específica em Olimpíadas a partir de 1956. Uma importante evolução do nado, em meados dos anos 1950, se deu com o húngaro Gyorgy Tumpek, que fez a pernada com um movimento ondulatório de todo o corpo. Até então, os atletas batiam somente os pés simultaneamente para cima e para baixo. Foi com essa técnica que Mark Spitz, na década de 1970, se tornou o maior nome da natação mundial, sendo superado apenas por Michael Phelps. Fonte: JC Online Imagem Forte em Saint Tropez ao por do sol Antes de encerrar a história do nado borboleta, é fundamental registrar a conquista da medalha de prata pelo brasileiro Nicholas Santos, no Mundial de Budapeste, em julho de 2017, Nicolas tinha 37 anos e se tornou o atleta de mais idade a subir no pódio neste tipo de competição. Atualmente, esse nado é praticado nos Jogos Olímpicos nas distâncias de 100m e 200m e integra o nado medley (individual e revezamento). Fonte: Shutterstock NADO MEDLEY O nado medley é considerado bastante difícil e desgastante, sendo executado em provas individuais e em revezamentos. Aspectos táticos e técnicos, além da preparação física, são fundamentais para a execução ótima desta prova em competições. Conforme Biró et al. (2015), havia nos anos 1930 uma prova nos Estados Unidos na qual os atletas executavam os três nados oficiais da época. Em 1937, na Hungria, foi introduzida em competições uma prova de 300m, na qual os indivíduos nadavam 100m de cada estilo, na sequência: costas, peito e nado livre. Mais tarde, com o surgimento oficial do nado borboleta, as provas passaram a ter a distância de 400m e foram disputadas em Jogos Olímpicos a partir de 1964. Em 1984, o programa olímpico incluiu também a distância de 200m. Atualmente, também se compete na distância de 100m (piscina curta), lembrando sempre que os quatro nados devem ser percorridos nas provas individuais e em revezamentos, obedecendo à sequência: Medley individual: borboleta, costas, peito e nado livre. Revezamento medley: costas, peito, borboleta e nado livre. COMENTÁRIO Até os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, essa prova era disputada por equipes somente masculinas e somente femininas, mas ela será realizada também por equipes mistas, com 2 homens e 2 mulheres, a partir das próximas edições. EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL No nosso país, a natação foi inicialmente praticada em águas abertas, especialmente em rios, mas também no mar, com travessias na baía de Guanabara (a primeira disputada por dois indivíduos em 1881), que passaram a ser disputadas anualmente de 1897 a 1943, numa distância de 4100m. A partir de 1895, é criada uma entidade visando principalmente o remo, mas que organiza competições de natação também. Fundada por quatro clubes cariocas, foi denominada União de Regatas Fluminense. O treinamento e a competição em piscinas tiveram seu marco inicial no Rio de Janeiro quando, em 1919, o Clube de Regatas Fluminense inaugura seu parque aquático. Já em 1926, em São Paulo, é construída uma piscina de 33 metros, no Clube Atlético Paulistano. Fonte: Shutterstock Quanto às competições internacionais, o Brasil participa da primeira competição sul-americana de natação na Argentina, em 1908, e envia apenas atletas homens aos Jogos Olímpicos em 1920, na Antuérpia. Somente em 1932 há participação feminina nas Olimpíadas de Los Angeles, com Maria Lenk, que também tem como marca ter sido a primeira mulher no mundo a executar o então chamado “estilo butterfly” nos Jogos Olímpicos de Berlim (1936). Ela conquistou quatro recordes mundiais em 1939, nos 200m e 400m nados de peito e borboleta. Em Berlim, outra mulher que merece destaque como pioneira da natação competitiva é Piedade Coutinho, que aos 16 anos chegou a duas finais olímpicas. A primeira medalha olímpica é conquistada em 1952 com Tetsuo Okamoto, nos 1500m nado livre, ano em que foi inaugurada a primeira piscina aquecida com 25 metros, em São Paulo. A partir da década de 1970, começam a ser realizados mais campeonatos e, em 1977, foi criada a Confederação Brasileira de Natação (CBDA), surgindo patrocínios para este esporte a partir dos anos 1980. Como resultado da criação da entidade, da organização de mais competições e dos patrocínios na natação, se observou conquistas expressivas em nível internacional. Conheça alguns dos grandes nomes da natação brasileira: Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro RICARDO PRADO Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984) nos 400m nado medley, prova na qual foi recordista mundial em 1982. GUSTAVO BORGES Segundo maior medalhista brasileiro na história dos Jogos Pan-americanos, com 19 conquistas. Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro FERNANDO SCHERER Especialista em provas de velocidade, conquistou medalhas de bronze no Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e em Sidney (2000). CESAR CIELO Campeão olímpico nos 50m nado livre e bronze nos 100m nado livre nos jogos de Pequim (2008). Estabeleceu novo recorde mundial para os 50m nado livre em 2009. Nas Olimpíadas de Londres (2012), conquistou o bronze nos 50m nado livre. Fonte: Wikipedia Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro THIAGO PEREIRA Maior medalhista pan-americano na natação, com 33 medalhas no total. Conquistou a prata na prova de 400m nado medley nas Olimpíadas de Londres (2012). ANA MARCELA CUNHA Conquistou duas medalhas de ouro no Campeonato Mundial de Gwangju (Coreia do Sul), em 2019, na natação feminina em águas abertas nas provas de 5km e de 25km. Fonte: Swim Channel Fonte: Wikipedia POLIANA OKIMOTO Medalha de bronze na maratona aquática (10km) dos jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), já havia conquistado o Campeonato Mundial nessa distância e o vice-campeonato nos 5km em 2013. ETIENE PIRES Primeira mulher brasileira campeã mundial em piscina de 50m Campeonato Mundial em Budapeste (2017). Fonte: Wikipedia Fonte: Wikipedia MARIA LENK Primeira mulher brasileira a competir nos Jogos Olímpicos em Los Angeles (1932). Conquistou quatro recordes mundiais em 1939, nos 200m e 400m nados de peito e borboleta. Fonte: Shutterstock Devido à pandemia causada pelo COVID-19, os Jogos Olímpicos de 2020 foram adiados, com realização prevista para meados de 2021. Certamente, muitos atletas tiveram seus sonhos frustrados e precisaram, junto com a sua equipe técnica, rever toda a preparação. Devemos refletir sobre a dificuldade de acesso à natação no nosso país, quando pensamos na atividade de forma organizada e que possibilite a detecção de novos talentos em maior escala: não temos muitas piscinas públicas e o custo de manutenção costuma ser alto, o que se reflete também nas mensalidades cobradas pelos espaços privados. Nessa breve revisão, focamos bastante nas conquistas olímpicas, mas, como você pode verificar, o Brasil tem obtido excelentes colocações em campeonatos mundiais. Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre a experiência do atleta de natação Armando Negreiros, medalhista do Pan-Americano. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O ATO DE NADAR SE FEZ PRESENTE NA VIDA DO HOMEM DESDE A PRÉ- HISTÓRIA. AO LER SOBRE ISSO, É POSSÍVEL IDENTIFICAR QUE ESSA RELAÇÃO VARIOU AO LONGO DO TEMPO, COM PERÍODOSDE MAIOR OU MENOR VALORIZAÇÃO DA PRÁTICA. MARQUE A OPÇÃO QUE REPRESENTA O PERÍODO HISTÓRICO NO QUAL A NATAÇÃO FOI POUCO INCENTIVADA E PRATICADA: A) Idade Média. B) Antiguidade oriental. C) Idade contemporânea. D) Antiguidade ocidental. 2. NO NADO PEITO, UMA IMPORTANTE MODIFICAÇÃO NA FORMA DE EXECUTÁ-LO NO FINAL DA DÉCADA DE 1980 ENFATIZOU EM UMA POSIÇÃO CORPORAL DENOMINADA DE ONDULATÓRIA. QUE MUDANÇA FOI ESTA? A) A técnica submersa com a cabeça dentro da água. B) As braçadas amplas finalizando próximo às coxas. C) A retirada dos ombros da água para a inspiração. D) A realização de pernas em um movimento de chicotear. GABARITO 1. O ato de nadar se fez presente na vida do homem desde a Pré-História. Ao ler sobre isso, é possível identificar que essa relação variou ao longo do tempo, com períodos de maior ou menor valorização da prática. Marque a opção que representa o período histórico no qual a natação foi pouco incentivada e praticada: A alternativa "A " está correta. Na Idade Média se acreditava que a água poderia disseminar doenças. Assim, esta prática ficou restrita a classes sociais mais privilegiadas, como os filhos dos nobres e os cavaleiros, que eram incumbidos de defender os senhores feudais. 2. No nado peito, uma importante modificação na forma de executá-lo no final da década de 1980 enfatizou em uma posição corporal denominada de ondulatória. Que mudança foi esta? A alternativa "C " está correta. Ao retirar os ombros da água ao longo da braçada, os quadris afundam um pouco, gerando uma posição variável do corpo, já que depois desse momento é necessário submergir a cabeça e os ombros para expirar. MÓDULO 3 Identificar as possibilidades de intervenção profissional no mercado de trabalho específico da natação MERCADO DE TRABALHO COM A NATAÇÃO O mercado de trabalho da natação não se restringe ao treinamento para o alto rendimento e, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não requer que os profissionais obrigatoriamente tenham tido experiências anteriores como atletas desta modalidade. HÁ MUITAS POSSIBILIDADES DE ESTÁGIO E, CONSEQUENTEMENTE, DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL VOLTADA AO ENSINO DA NATAÇÃO PARA DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS. VAMOS CONHECÊ-LAS MELHOR? Quando pensamos sobre professores de natação, não é rara a associação com à necessidade de se dominar as técnicas dos nados para uma atuação competente, concorda? Obviamente, ter praticado os nados facilita a demonstração das habilidades aquáticas específicas, compostas justamente pelos movimentos dos nados oficiais, incluindo as técnicas de saída do bloco e as viradas nas bordas das piscinas. Fonte: Shutterstock Mas, para ensinar a nadar, especialmente quando pensamos nas etapas iniciais em que o objetivo é a aquisição de habilidades aquáticas básicas, como adaptação ao ambiente, capacidade de flutuação e domínio da respiração, por exemplo, ter sido atleta não é um pré-requisito. Para a iniciação a essa modalidade, é fundamental gostar de água, ter paciência e estar atento à pedagogia da natação, incorporando à metodologia de trabalho recomendações atualizadas e pautadas em princípios didáticos. Fonte: Shutterstock O mercado de trabalho em natação é bastante vasto e, especialmente em clubes e academias, os estágios podem ser a porta de entrada para a experiência em outras modalidades e áreas de intervenção profissional. É importante registrar que, apesar de existirem mais possibilidades de atuação com natação para quem concluiu o bacharelado, esta modalidade é um componente curricular da educação física escolar. Logicamente, a unidade escolar precisa ter uma piscina, favorecendo que esta atividade possa ser incluída como conteúdo bimestral ou trimestral, contemplando também os profissionais habilitados pela licenciatura. Falando especificamente das áreas de intervenção profissional estabelecidas pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2002), a natação pode se inserir em algumas atuações: DOCÊNCIA/REGÊNCIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Conforme citado anteriormente, a natação pode ser um conteúdo da educação física escolar; sabemos que o fator limitante para esta atuação reside no número reduzido de instalações adequadas nas escolas, mas, se houver uma piscina que possibilite aulas de natação, essa é uma opção excelente no processo formativo devido a todos os benefícios que são associados, conforme você estudou anteriormente. TREINAMENTO DESPORTIVO Esta área de intervenção é específica do treinamento para o alto rendimento e o profissional pode atuar com todas as categorias (organizadas por idades) nos clubes e escolas que possuem equipes de competição. PREPARAÇÃO FÍSICA Também relacionada ao treinamento para o alto rendimento, nem sempre há um preparador físico específico nas equipes competitivas no Brasil. Muitas vezes, o treinador é também responsável pela preparação física. Em equipes com maior infraestrutura, parte da preparação, especialmente no treinamento complementar (força e flexibilidade), é organizada por um profissional que não necessariamente atua na piscina, compondo, dessa maneira, uma equipe multiprofissional. AVALIAÇÃO FÍSICA Principalmente para equipes competitivas, a realização de testes específicos periódicos é muito importante para o acompanhamento das cargas de treinamento. O profissional que atua com avaliação física precisa conhecer protocolos de testes que são aplicados na natação. RECREAÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA Profissionais que atuam em hotéis, cruzeiros e colônias de férias podem planejar atividades recreativas que estimulem habilidades aquáticas básicas e específicas, dependendo do público com que atuam, sendo necessário, para tanto, conhecer atividades relacionadas à natação. ORIENTAÇÃO DE ATIVIDADES FÍSICAS EM GERAL Ao atuar ensinando a natação em academias e clubes, o profissional de educação física está orientando seus alunos. Esta é, certamente, a área que contempla muitas possibilidades de estágio e de atuação após a conclusão do curso de graduação. GESTÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO Este profissional é responsável pela coordenação e supervisão das atividades de natação, o que pode acontecer em espaços voltados à população em geral e ao treinamento de alto rendimento, assim como em federações e confederações de desportos aquáticos. Atuar com natação não se restringe a estar na borda da piscina, ou dentro dela, ensinando movimentos e habilidades características dos nados. Um indivíduo que gosta de realizar testes e medidas, pode estudar e aplicar protocolos específicos para diagnóstico e acompanhamento do processo de treinamento, auxiliando a equipe de treinadores e preparadores físicos. Há múltiplas possibilidades de intervenção profissional, portanto, com a natação. Ainda refletindo sobre as possibilidades de intervenção profissional, precisamos considerar as diferenças climáticas no nosso país. Especialmente em piscinas abertas nas regiões sul e sudeste, por exemplo, o aquecimento da água é um fator imprescindível para a prática e, mesmo assim, durante o inverno, nos locais de frio mais intenso, é bastante comum que os praticantes se afastem, retornando às atividades na primavera e no verão. Seja em clubes, escolas de natação ou condomínios, fatores climáticos estão associados à procura pela natação. Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre o profissional de educação Física e sua atuação na natação. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PARA ATUAR COM NATAÇÃO INFANTIL, VISANDO A AQUISIÇÃO DE HABILIDADES AQUÁTICAS BÁSICAS, ALGUMAS CARACTERÍSTICAS E COMPETÊNCIAS SÃO INDISSOCIÁVEIS, EXCETO: A) Ser adaptado ao ambiente aquático. B) Ter paciência para ensinar as habilidades. C) Ter sido atleta de alto rendimento na natação. D) Conhecer e aplicar princípios didáticos da pedagogia da natação. 2. UM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA QUE TEM COMO RESPONSABILIDADE, EM UMA EQUIPE DE NATAÇÃO, APLICAR TESTES ESPECÍFICOS E CONDUZIR O TREINAMENTO COMPLEMENTAR DE FORÇA ATUA EM QUAIS ÁREAS DE INTERVENÇÃOPROFISSIONAL RESPECTIVAMENTE? A) Avaliação física e treinamento desportivo. B) Treinamento desportivo e preparação física. C) Orientação em atividades físicas e preparação física. D) Avaliação física e preparação física. GABARITO 1. Para atuar com natação infantil, visando a aquisição de habilidades aquáticas básicas, algumas características e competências são indissociáveis, exceto: A alternativa "C " está correta. Para ensinar alguém a nadar, é fundamental conhecer princípios didáticos, ser paciente e ter familiaridade com o ambiente, já que, especialmente com bebês e crianças, estar dentro da piscina é uma estratégia importante. Ter sido atleta de alto rendimento não é uma competência obrigatória para atuar na iniciação à natação. 2. Um profissional de Educação Física que tem como responsabilidade, em uma equipe de natação, aplicar testes específicos e conduzir o treinamento complementar de força atua em quais áreas de intervenção profissional respectivamente? A alternativa "D " está correta. A aplicação de testes é de incumbência da avaliação física e o treinamento complementar visando ganhos de força é da responsabilidade da preparação física. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS No primeiro módulo, você identificou que a natação abrange não somente as competições e pode ser praticada até por bebês. Aliás, é reconhecidamente benéfica neste período e ao longo de toda a vida, pois auxilia na melhoria da aptidão física e no desenvolvimento do indivíduo que a pratica, possibilitando ainda a redução das chances de afogamentos. A relação entre a natação e o ser humano se inicia na Pré-História, especialmente por questões de sobrevivência e, dependendo do período histórico, era mais valorizada, como se viu na antiguidade ocidental (gregos e romanos), até que definitivamente se torna uma modalidade esportiva com competições inicialmente na Inglaterra que, com o passar do tempo, resultaram nos nados oficiais com seus movimentos específicos. Como você analisou, esta modalidade esportiva traz muitas possibilidades para a intervenção do profissional de Educação Física, uma vez que não se restringe ao treinamento de alto rendimento. Competências e conhecimentos específicos são importantes para atuação com esta atividade, que pode ser aplicada na área formal (escolas) e na área não formal (clubes, academias, espaços para lazer). AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ANDRIES JUNIOR, O.; WASSAL, R. C.; PEREIRA, M. D. Natação animal: aprendendo a nadar com os animais. São Paulo: Manole, 2002. BIRÓ, M.; RÉVÉSZ, L.; HIDVÉGI, P. Swimming: history, technique, teaching. Consultado em meio eletrônico em: 02 jul. 2020. COLWIN, C. M. Nadando para o século XXI. São Paulo: Manole, 2000. CONFEF. Intervenção profissional em Educação Física. Conselho Federal de Educação Física, 2002. Disponível em: https://www.confef.org.br/confef/conteudo/1705. Acesso em 28 mai. 2020. JORGENSEN, R. Natação na primeira infância: agregando valor a jovens australianos. Disponível em: http://www.inati.com.br/files/2014/04/Pesquisa_EYS_Natac%CC%A7a%CC%83o_Primeira_Infancia_Relatorio_Final.pdf. Acesso em 25 mai. 2020. MADORMO, S. R. Levantamento de dados: influência da natação na saúde de bebês. WABC Brasil: 1º Congresso Brasileiro de Natação Infantil, s/d. Disponível em: http://www.inati.com.br/files/2013/06/Dados-bebes- Saude.pdf. Acesso em 26 mai 2020. MASSAUD, M. G. Natação 4 nados: aprendizagem e aperfeiçoamento. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. NOLASCO, V. P; PÁVEL, R. C.; MOURA, R. Natação. In: DACOSTA, L. (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: CONFEF, 2013. RABELO, R. J. et al. Efeitos da natação na capacidade funcional de mulheres idosas. In: Rev. Bras. Ciên. Mov., 12 (3), p. 63-66, 2004. SOARES, C.; BRANDÃO, J. L.; CARVALHO, P. C. História Antiga: relações interdisciplinares. Fontes, artes, filosofia, política, religião e receção. Coimbra, Portugal: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2018. SOARES, J. S. Teoria e prática da natação. Rio de Janeiro: SESES, 2016. SZPILMAN, D. Afogamento - Boletim epidemiológico no Brasil 2019. Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático SOBRASA, ago. 2019. Consultado em meio eletrônico em: 02 jul. 2020. EXPLORE+ Pesquise o manual de prevenção de afogamentos da SOBRASA. Leia o Levantamento de dados – Influência da natação na saúde dos bebês, de Sandra Rossi Madormo. Leia a pesquisa australiana Natação na primeira infância – agregando valor a jovens australianos, de Robyn Jorgensen. Para conhecer a história dos trajes até sua proibição leia o artigo A evolução dos trajes de natação, de Raia Oito. Para conhecer melhor a demonstração atual do que seria o nado híbrido: pernada de peito com braçada de borboleta, pesquise sobre nos sites de busca e nas plataformas de vídeos. CONTEUDISTA Juliana de Souza Soares CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); DEFINIÇÃO Conceitos básicos sobre os princípios e as propriedades físicas da água, associados à hidrostática e à hidrodinâmica. Relação de efeitos sobre o corpo imerso. Situações relacionadas à prática da natação. PROPÓSITO Apresentar os princípios e as propriedades da água, bem como seus efeitos sobre os corpos imersos e suas relações com a prática da natação. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar a relação dos princípios e das propriedades físicas da água com a prática da natação, a partir da definição de hidrostática MÓDULO 2 Identificar a relação dos princípios e das propriedades físicas da água com a prática da natação, a partir da definição de hidrodinâmica INTRODUÇÃO A água é o meio de ação para diversos esportes, entre os quais se inclui a natação. Os diversos ambientes, como o mar, as piscinas ou outro ambiente aquático natural, são muito ricos de propriedades. Assim, a permanência e ação no meio aéreo não é a mesma do meio aquático. Há vários fenômenos que interferem na ação direta e indireta, não só no corpo, mas em todo nosso universo vital. Apesar do ser humano permanecer cerca de nove meses no meio líquido, ao nascer, passando para o meio terrestre, muitas ações se transformam, a começar pela respiração, tal como as ações de forças sobre o corpo, entre elas a da gravidade, causando transformações no organismo humano. Desse modo, tornam-se importante alguns esclarecimentos sobre os princípios e propriedades físicas da água, para facilitar o conhecimento e explicar o que ocorre conosco quando imergimos nela, além de possíveis interferências sobre a prática da Natação. MÓDULO 1 Identificar a relação dos princípios e das propriedades físicas da água com a prática da natação, a partir da definição de hidrostática HIDROSTÁTICA É a disciplina da mecânica que se encarrega do estudo dos fluidos em repouso e envolve o conhecimento de duas grandezas fundamentais (MASSAUD, 2008 a): DENSIDADE PRESSÃO DENSIDADE A densidade de um fluido se define como a razão/relação entre sua massa total e seu volume. Como substância-padrão emprega-se a água, à qual atribui-se o valor de um grama por centímetro cúbico. PRESSÃO A pressão do fluido, força que sua massa exerce por unidade de superfície, é variável em pontos diferentes e aumenta com a profundidade. O conteúdo de hidrostática que se afigura como importante para a natação baseia-se principalmente em duas leis: o princípio de Arquimedes e a lei de Pascal. O PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES Arquimedes, matemático grego, foi considerado o grande descobridor dos fundamentos da flutuação. Um dia, em sua banheira, começou a pensar sobre flutuabilidade, porque, quando se deitava na água, esta sustentava o seu peso e ele flutuava? javascript:void(0) A resposta veio repentinamente: “Eureca!” (“Eu encontrei!”), ele gritou e saiu correndo pela estrada, nu, conforme os relatos sobre a descoberta. Seu raciocínio foi resumido assim: quando entrou na água e percebeu que ela aumentava nas laterais da banheira, notou que esse aumento em profundidade se devia ao volume ou massa de seu corpo, deslocando uma determinadaquantidade de água. Com isso, ele percebeu que esta quantidade de água deslocada era igual à porção de seu corpo que estava submersa no momento. À medida que afundava na banheira, a água deslocava-se mais para cima, até que, repentinamente, ele flutuou e a água parou de se elevar. Fonte: Wikipedia ARQUIMEDES DE SIRACUSA Um dos grandes gênios da Engenharia e um dos maiores matemáticos da Grécia Antiga. Viveu entre 287 a.C. e 212 a.C., ou seja, mais de um século depois de Aristóteles. Ele soube aplicar os conhecimentos de mecânica da época em projetos práticos, tais como um parafuso sem fim para extração de água, alavancas e catapultas. Existem algumas lendas acerca da vida de Arquimedes. Uma das mais conhecidas é a que nos conta que Arquimedes utilizou imensos espelhos para, com a luz do Sol, atear fogo nos barcos romanos invasores. O peso do volume da água deslocada era igual ao peso do corpo que flutuava nela (relacionado à parte imersa do corpo). Surge, então, a força de Empuxo, também chamada de força de Flutuação, que atua na vertical. Esta é a teoria que fundamenta a flutuabilidade e a flutuação que analisaremos a seguir (MAZALI, 2010; MASSAUD, 2008 b). A LEI DE PASCAL A lei de Pascal emprega o princípio da variação da pressão com a profundidade para explicar o chamado paradoxo hidrostático, fenômeno no qual a pressão que uma coluna de líquido exerce sobre o fundo de um recipiente independe da forma do mesmo. A pressão exercida sobre um corpo imerso no fluido varia na razão direta da profundidade, de acordo com um fator de proporcionalidade igual ao produto da densidade do fluido pela aceleração da gravidade (BARSA, 2006). Dessa forma, a lei de Pascal aponta que a pressão hidrostática é igual a multiplicação entre densidade, aceleração da gravidade e altura. Essa pressão, quando exercida sobre o corpo imerso, à mesma profundidade, é a mesma ao redor de toda a circunferência. BLAISE PASCAL (1623-1662) Notável cientista, filósofo e teólogo do século XVII. EXEMPLO Associando esse conhecimento ao nosso dia a dia, um aluno de pé na piscina estará submetido a uma pressão maior nos pés do que junto à parte corporal que está próxima à superfície. Quanto mais elevada a coluna de água (superfície) estiver em relação ao seu corpo, javascript:void(0) maior será a pressão junto aos seus pés. Dessa forma, obtém-se um incremento, ou seja, um favorecimento para o retorno sanguíneo venoso, beneficiando a circulação sanguínea e gerando um efeito similar às meias elásticas, que possuem uma pressão maior junto aos pés do que ao longo da perna. Essa é uma prática muito utilizada por pessoas que foram submetidas a intervenções cirúrgicas cardíacas e retiraram vasos sanguíneos da coxa para ativação da circulação sanguínea. A Hidrostática está relacionada à flutuabilidade. Assim, a capacidade de flutuar pode interferir no aprendizado da natação, ou seja, se uma pessoa (criança, adulto ou idoso) possui uma flutuabilidade positiva, deverá flutuar bem na água; caso contrário, tende a afundar imediatamente para baixo da superfície, o que indica que possui uma flutuabilidade negativa (MAGLISCHO, 2010). Na prática, a flutuação na natação associa-se ao posicionamento estático, similar ao que chamamos, no dia a dia, de “boiar”. O aluno flutuando, de forma ventral, dorsal ou grupada, deverá permanecer em posição estática, sob os efeitos do princípio de Arquimedes, no qual as forças de gravidade e empuxo agirão verticalmente sobre seu corpo em sentidos opostos. Com isso, a força de gravidade agirá sobre o centro de gravidade, localizado próximo à região umbilical, e a força de empuxo atuará sobre o centro de empuxo, também denominado centro de flutuação. Para que o corpo permaneça em equilíbrio estático, essas forças deverão estar alinhadas, caso contrário, será produzida uma força de torque, que ocasionará um abaixamento das pernas até o seu alinhamento. ATENÇÃO É importante que compreendamos que esses efeitos estarão relacionados à prática da Natação quando um aluno estiver flutuando (posicionamento estático), à diferença de quando estiver nadando, uma vez que o ato de nadar é uma ação dinâmica, por meio das ações dos membros superiores, inferiores e tronco, gerando forças propulsivas e de sustentação, e relacionando-se com a Hidrodinâmica, que veremos mais detalhadamente no próximo módulo. O fato de o nadador obter uma flutuação facilitada, ou não, dependerá das magnitudes relativas dessas forças opostamente direcionadas e do posicionamento de suas ações sobre o corpo (SOUZA, 2016). Outro fator que influencia na flutuação é a densidade corporal, uma vez que está associada à composição corporal do ser humano, composta por três grandes massas: óssea, magra e gorda, que possuem densidades diferentes, que interferirão na capacidade de flutuação. Isso será exposto mais detalhadamente no tópico sobre densidade (MANSOLDO, 2014). CENTRO DE GRAVIDADE E FLUTUAÇÃO HUMANA Existem diferenças anatômicas entre homens e mulheres que contribuem para o posicionamento dos centros de gravidade relativos em diferentes regiões do corpo (MAGLISCHO, 2010). Por exemplo, os ossos das mulheres são geralmente menores e mais delgados, e o quadril, mais largo, enquanto o tronco dos homens tende a ser maior, seus ombros, mais largos, e as pernas e pés, geralmente, maiores e mais pesados (KATCH; KATCH; McARDLE, 2016). A partir desses aspectos, é possível estabelecer um padrão pelo qual o centro de gravidade tende a ser, proporcionalmente, um pouco mais alto no corpo dos homens do que no das mulheres. EXEMPLO Em um homem de constituição média, de aproximadamente 68kg, o centro de gravidade de seu corpo estará próximo à segunda vértebra sacra; já para uma mulher de peso semelhante, o centro de gravidade estará, aproximadamente, 25mm abaixo da segunda vértebra sacra. É provável que os respectivos centros de flutuação tendam a influenciar mais as características de flutuação humana do que os centros de gravidade. Assim, os homens, com o centro de flutuação mais alto do que a mulher, com tronco pequeno e quadris arredondados, tenderão a experimentar um efeito maior de abaixamento/aprofundamento dos membros inferiores (KATCH; KATCH; McARDLE, 2016). Fonte: Shutterstock A nadadora, com centro de flutuação baixo, tende a flutuar naturalmente na posição horizontal. O nadador, porém, com suas pernas mais pesadas, quadris mais estreitos e centro de empuxo mais alto, tende a flutuar mais verticalmente. Destarte, torna-se imperioso que professores reconheçam esses aspectos físicos e façam as concessões necessárias quando solicitarmos que nossos alunos/nadadores executem tarefas que requeiram a flutuação. ATENÇÃO Manter-se flutuando horizontalmente junto à superfície da água não está relacionado diretamente com um treinamento, mas com as características da composição corporal humana e a incidência das forças de gravidade e empuxo sobre os centros de atuação. EQUILÍBRIO De acordo com Massaud (2008 a), equilíbrio é o estado de um corpo cuja situação de repouso ou movimento permanece inalterada em relação a um sistema de eixos de referência. Na natação, podemos observar uma situação de equilíbrio quando o aluno, ao flutuar em posição dorsal ou ventral, mantém-se na posição sem a necessidade de auxílio, seja de materiais flutuantes, do professor ou de outro aluno de turma. Fonte: Shutterstock Em síntes, flutuar é a ação de manter um corpo na superfície de um fluido, no caso, a água, que requer uma relação das densidades favoráveis e um alinhamento entre as forças de gravidade e empuxo sobre os respectivos centros de incidência dessas forças. Fonte: Shutterstock Para além do aprendizado da natação, também é possível observarmos um nadador de nível avançado realizando uma prova. Assim, podemos verificar que ele está em equilíbrio, pois mantém um padrão de movimentos em relação aos eixos longitudinal e transversal, mas, nesse caso,o equilíbrio é dinâmico, e no caso das flutuações, é estático. PESO Todo objeto, inclusive nosso corpo, possui características de peso, que pode ser definido como o produto da massa do corpo pela força da gravidade. No caso da Terra, o valor da gravidade é de 9,8 m/s². O PESO DE UM OBJETO É A FORÇA GRAVITACIONAL SOFRIDA POR ELE EM VIRTUDE DA ATRAÇÃO GRAVITACIONAL NELE EXERCIDA POR UM OUTRO CORPO COM MASSA. (MASSAUD, 2008 a) Um estudo clássico realizado por Kruel (1994), sobre a verificação do peso hidrostático em pessoas submetidas a diversas profundidades, identificou que a redução percentual aproximada sobre o peso total/real foi: Fonte: Shutterstock Com isso, uma pessoa com 100 Kg, estando de pé na piscina com água à altura do pescoço, terá uma redução do peso total em 84%, ou seja, estará na piscina com um peso relativo de 16 Kg, o que proporciona alívio da sobrecarga nos membros inferiores, beneficiando pessoas obesas com restrições de mobilidade por hipotrofia nos membros inferiores, no que diz respeito à realização de exercícios. Cabe ressaltar que isso ocorre pela ação da força de empuxo/flutuação sobre o corpo imerso, relacionado ao Princípio de Arquimedes. MASSA Apesar de ser frequentemente associada ao peso dos objetos, esta associação, na maioria das vezes, não se revela elucidativa. Logo, a massa de um corpo é a propriedade que relaciona uma força que age sobre o corpo com a aceleração resultante, ou seja, a massa de um objeto resulta da interação, por exemplo, entre a massa de determinado objeto e a força da gravidade. Desse modo, a massa é parte integrante da explicação para o peso, uma vez que ela sozinha não constitui a explicação completa (HALLIDAY; WALKER, 2016). DENSIDADE É a relação entre a massa total e o volume de um objeto que define sua densidade e determina suas características específicas de flutuabilidade no fluido em que precisa flutuar. A densidade de um objeto é obtida por meio da divisão do peso pelo volume (MASSAUD, 2008 b). A densidade também varia de acordo com a temperatura da água. A densidade da água natural em unidades atuais é de 1000 Kg/m3 ou 1g/cm3. Se um objeto tem uma densidade menor que essa, ele flutuará; se for maior, afundará; e se for igual à da água, flutuará logo abaixo da superfície, ou seja, junto à mesma. EXEMPLO A água do mar é mais densa (1,03 g/cm3) que a água natural (1,0 g/cm3) e, portanto, oferecerá uma maior flutuabilidade (MASSAUD, 2008 a). Por exemplo, no Mar Morto, no Oriente, a água é bem mais salgada, D=1,2 g/cm3, e com isso, a capacidade de flutuar é bem maior. Dessa forma, é possível estabelecer a flutuabilidade comparando a densidade de um material com a da água. Da mesma forma, é possível estabelecer a densidade relativa, que é igual a densidade de um dado volume de substância dividido pela densidade da água. Ou seja, A densidade relativa da água natural é igual a 1. Se a densidade relativa de um objeto for maior que 1, ele afundará, e se for menor, ele flutuará, reforçando o que foi apresentado. De acordo com Massaud (2008 a): Densidade = Massa total V olume A DENSIDADE TAMBÉM SOFRE VARIAÇÕES ENTRE AS PESSOAS. TEMOS OS MAIS DENSOS QUE A ÁGUA, COM MASSA MUSCULAR CONSIDERÁVEL (1 G/CM3) E OSSOS COMPACTOS (1,5 G/CM3), E OS MENOS DENSOS, COM TECIDO ADIPOSO CONSIDERÁVEL (0,8 G/CM3), OSSOS ESPONJOSOS E QUANTIDADE DE AR NOS PULMÕES (DENSIDADE DO AR 0,001 G/CM3). A idade também influência: 0,86 para crianças, 0,97 para adolescentes e adultos jovens, decrescendo novamente para os adultos e idosos, em função de alterações na composição corporal, tais como: aumento do tecido adiposo e ossos tornando-se esponjosos. A densidade também varia de acordo com a mudança de temperatura. Neste vídeo, entenderemos como funciona a flutuabilidade dos corpos no meio líquido. CALOR E TEMPERATURA DA ÁGUA CONCEITO DE CALOR Calor é a energia transferida entre dois ou mais sistemas devido a uma diferença de temperatura entre eles. O calor só é transferido enquanto os corpos possuírem temperaturas diferentes entre si, isso porque uma vez atingido o equilíbrio térmico, os corpos adquirem a mesma temperatura e deixa de ocorrer o fluxo/troca de energia, ou seja, de calor. Por exemplo, quando pegamos um copo com café quente, a energia é transferida do objeto para a nossa mão, e quando pegamos um copo com bebida gelada, a energia é transferida da nossa mão para o objeto. Ou seja, quando dois corpos estão em contato, a energia é transferida do que tem maior temperatura para o de menor temperatura (HALLIDAY; WALKER, 2012). CONCEITO DE TEMPERATURA Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de um corpo ou sistema. Na prática da natação, exerce interferência em vários aspectos. Desse modo, a água relativamente fria coloca o nadador em estresse térmico (KATCH; KATCH; McARDLE, 2016). A natação em água fria induz ajustes metabólicos e cardiovasculares diferentes dos observados na prática em água quente. Essas respostas mantêm uma temperatura central estável, pois permitem compensar a considerável perda de calor sofrida pelo corpo, particularmente com temperaturas abaixo de 25°C. A perda de calor corporal ocorre mais rapidamente em nadadores magros, que são menos beneficiados pelos efeitos do isolamento proporcionado pela gordura subcutânea. Essa condição interfere no interesse de participação dos alunos e nas respostas musculares, ou seja: Fonte:Shutterstock A água quente (28 ºC a 31 ºC), para os hipertônicos, teria um efeito dilatador e auxiliaria no relaxamento ou descontração muscular. Fonte:Shutterstock Já a água fria (24 ºC a 27 ºC), para os hipotônicos, teria um efeito constritor, o que tenderia a promover algum grau de tensão ou contração muscular. No entanto, precisamos considerar que se trata de uma questão individual. Há pessoas que possuem um bom desempenho em água quente, outras preferem água fria. É importante ressaltar que existem algumas particularidades em relação a determinados grupos de praticantes: BEBÊS E PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E MENTAIS São mais perceptíveis e sensíveis a nível tátil e sinestésico com a água, e o seu desempenho motor nas atividades aquáticas está relacionado diretamente a esse fator. IDOSOS Este grupo tem a tendência de realizar atividades menos dinâmicas, de modo que precisaríamos de água a uma temperatura em torno de 28 ºC a 31 ºC, para gerar maior conforto na realização das aulas. JOVENS/ATLETAS Por suportarem aulas mais dinâmicas, a temperatura da água mais elevada dificultaria a homeostasia (regulação térmica corporal), pois, com uma atividade mais intensa, gerando calor corporal, e a água com alta temperatura, estaria interferindo na troca de calor para o ambiente (água), tornando-a menos intensa e ocasionando uma sensação de abafamento. OBESOS Dispõem de composição corporal com maior percentual de tecido adiposo, de modo que costumam suportar melhor as atividades em água com temperatura mais baixa. Segundo Varella (2020), a temperatura corpórea considerada ideal varia entre 36 ºC e 36,7 ºC. Logo, piscinas com água a temperaturas inferiores a essa desencadearão a transferência de calor do corpo para a água, enquanto as com temperaturas superiores estarão promovendo a ação inversa. Daí a importância de atentarmos para as adequações apresentadas anteriormente em relação à temperatura da água e às características dos alunos. CONDUTIBILIDADE TÉRMICA DA ÁGUA A condutibilidade da água produz um processo de desgaste térmico no corpo do nadador. A queda da temperatura do corpo na água é 25 vezes maior que no ar, por isso, um corpo quente se refrigera com muito mais rapidez. Nadar em água abaixo de 20 ºC aumenta consideravelmente o gasto energético (KATCH; KATCH; McARDLE, 2016). Cabe lembrar a situação do professor que ministra aulas de natação, principalmente para bebês de zero a dois anos e para os grupos de adaptação ao meio aquático, em que a sua presença, em geral,
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