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Aula 05 - Personalidade juridica internacional e os elementos formadores do Estado

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Direito Internacional Público e Privado – ARA0127
Prof. Anna Carolina Tymkiw
anna.tymkiw@estacio.br
Aula 05 - Personalidade jurídica internacional e os elementos formadores do Estado
Situação-problema: Na presente situação real, tome como exemplo a singularidade da personalidade jurídica da Itaipu: Embora o Tratado e o Estatuto não confiram explicitamente personalidade jurídica autônoma à Itaipu, tal configuração está implícita no artigo IV do Estatuto: a empresa terá capacidade jurídica, financeira e administrativa e também responsabilidade técnica, para estudar, projetar, dirigir e executar as obras que tem como objeto, pô-las em funcionamento e explorá-las, podendo, para tais efeitos, adquirir direitos e contrair obrigações. No tocante ao tipo de royalty previsto no artigo XV do Tratado, é devido pela Itaipu aos dois países em razão da utilização do potencial hidráulico, devendo ser pago em dólares. 
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Relevante também é o ponto relativo à atribuição de poderes outorgados pelos dois governos à entidade por eles criada com o fim de explorar os recursos hídricos possuídos em condomínio, assegurando-lhes, assim, ampla isenção fiscal, quer para os materiais e equipamentos que adquirir em qualquer dos dois países ou importar de terceiros, para utilizá-lo na construção da Central Elétrica, quer sobre os lucros da empresa ou os pagamentos por ela efetuados. Os dois governos comprometeram-se, ainda, a não colocar qualquer entrave ou gravame fiscal no movimento de fundos da Itaipu que resultar do Tratado, bem como garantir livre trânsito aos materiais adquiridos ou importados (Tratado, art. XII) e a conversão cambial necessária ao pagamento das obrigações assumidas? (https://www.editorajc.com.br/a-estrutura-juridica-de-itaipu/). 
A partir disso, é possível identificar: de acordo com as ideias de governo e soberania política dos Estados, como é possível se verificar uma empresa binacional, como a Itaipu?
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Observações
ESTADO – SUJEITO DE DIP
Povo
Jurisdição – territorialidade das leis
Território – Terrestre, marítimo e aéreo
Governo Soberano
Constituição / Carta Magna / Declaração
Características da P. J. de DIP
Celebrar Tratados
Direito de Legação (representação no exterior do Estado – embaixadas e consulados)
Direito à guerra ( ONU – Conselho de Segurança)
Patrocinar Reclamações Internacionais (pólo ativo ou passivo em processos internacionais)
Organizações internacionais – ONU/ OMS / FMI e outros
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Parecer Consultivo de 1949 (caso Folke Bernadote) - Organização das Nações Unidas (ONU) teria personalidade jurídica própria para tutelar direitos de seus funcionários.
(Em 1948, a ONU envia, a seu serviço, o diplomata sueco Conde Bernadotte como seu mediador na Palestina. Ele foi assassinado no exercício de suas funções.  Diante disso, a ONU, em defesa de seu funcionário, para buscar a reparação devida, precisava ter claramente o limite de sua personalidade internacional).
Corte Internacional de Justiça - ONU não poderia cumprir suas finalidades e sua missão caso fosse desprovida de personalidade jurídica.
“ É a entidade que tem capacidade de ser titular de direitos e deveres internacionais, e a capacidade de fazer prevalecer estes direitos por meio de reclamação internacional.” 
(MELLO, 1993, p. 100)
Personalidade = capacidade de Direito + capacidade de fato
os sujeitos de direito não são sempre os mesmos e podem variar a depender do contexto considerado.
5.1 – Definição 
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Constituição do Estado: Goveno Soberano, Povo e território
é um ente jurídico, dotado de personalidade jurídica internacional;
é formado por indivíduos organizados em determinado território;
está sob autoridade de um governo independente;
sua finalidade de atuação é tutelar aqueles que o habitam.
Exceções: 
Taiwan - apesar de deter todos os elementos, não é reconhecida como Estado. Taiwan representava a China no Conselho de Segurança da ONU - reconhecimento dos Estados Unidos da América (EUA) de que a China continental seria a verdadeira representante da China. Acordos que os EUA estabelecem com Taiwan serão contratos, mas serão assemelhados a tratados, por uma legislação de Direito interno.  Não possui tal reconhecimento por parte dos outros Estados.
Palestina - “Autoridade Palestina”. Tem povo, território e governo, inclusive tem direito de voto na assembleia geral da ONU, mas não é um Estado.
5.2 – Estado 
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Elementos do Estado:
Território -   Trata-se do âmbito de validade espacial do exercício da soberania. As fronteiras são delimitadas pelo Direito Internacional, notadamente por meio de tratados internacionais. É também o elemento material do conceito, sendo a base física do Estado, em que ele exerce a sua soberania (MAZZUOLI, 2019).
Estados podem legislar sobre temas que não tenham sido tratados pelo Direito Internacional.
domínio reservado é um conceito dado por exclusão, abrangendo toda e qualquer matéria que não tenha sido objeto do Direito Internacional. O domínio reservado encontra previsão no item 7 do art. 2º da Carta da ONU.
validade temporal, trata-se do princípio da efetividade, ou seja, existindo um Estado de fato, há um Estado de Direito.
5.2 – Estado 
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Elementos do Estado:
b) Povo – nacionais de um país (critérios: uso de critérios jus solis e/ou jus sanguinis; e
necessidade de vínculo efetivo entre a pessoa e o Estado).
“ Comunidade nacional, ou seja, o conjunto de seus nacionais, incluindo aqueles, minoritários, que se tenham estabelecido no exterior. Sobre os estrangeiros residentes o Estado exerce inúmeras competências inerentes à sua jurisdição territorial. Sobre seus nacionais distantes o Estado exerce jurisdição pessoal, fundada no vínculo de nacionalidade, e independente do território onde se encontrem.”
(REZEK, 2018, p. 138)
Povo # Nação – Nação sem Estado – Curdos – não tem território definido...
5.2 – Estado 
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Elementos do Estado:
c) Governo
“ É o conjunto de pessoas encarregadas de conceder eficácia ao ordenamento jurídico nacional. Trata-se das pessoas que conferem eficácia ao ordenamento jurídico interno. É quem é “capaz de decidir de modo definitivo dentro do território estatal, não admitindo a ingerência de nenhuma outra autoridade exterior” 
(REZEK, 2018, p. 661-662).
Nacional - O governo do plano interno é a administração e gestão do país, traduzido na figura do Poder Executivo.
Internacional - O Estado é quem representa o país perante outros Estados, participando das relações internacionais e conduzindo a política externa.
Soberania é entendida como o poder supremo, inalienável, perpétuo e indivisível que não reconhece qualquer outro superior a ele. Hoje - é a não subordinação ao Direito interno de outro Estado.
5.2 – Estado 
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Personalidade Jurídica do Estado:
Originária – Porque não é necessário nenhum ato jurídico para afirmar a existência do Estado.
Derivada - Pois não se submete a quaisquer limitações, salvo as impostas pelo Direito Internacional.
ATENÇÃO – PERSONALIDADE JURIDICA PLENA- CARACTERÍSTICAS:
Direito de celebrar Tratados – limitado ao objetivo do Tratado (jus tractum)
Direito de enviar e receber representação diplomática - acordos de sede (jus legationem )
Direito de fazer Guerra – somente a ONU, em virtude do Conselho de Segurança (jus ad bellum.
Observação: Entidades Interestatais:
derivada, pois depende da reunião de Estados para que sejam criadas; e
restrita, porque não possuem(ou possuem de forma restrita) os direitos jus tractum, jus legationem e jus ad bellum.
5.2 – Estado 
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Observações
Mercosul – Bloco Regional – Tratado de Assunção (Presidência Pro Tempore de 2 anos)
BRA
PAR
URU
Venezuela – Suspensa em virtude da cláusula democrática (perdeu o direito de voto)
Bolívia – em processo de adesão
ARG
União europeia – Bloco Regional – Tratado de Maastrich
+ 15 países – Portugal, Espanha, Itália, Eslovênia, Eslováquia e outros
Blocos Regionais
Soberania Originária
Soberania Derivada
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Não possuem personalidade jurídica internacional, mas existem casos excepcionais:
Itaipu Binacional - Como foi criada por um ato jurídico de Direito Internacional (in casu, Tratado de Itaipu de 1973), é uma coletividade interestatal que tem personalidade internacional, podendo celebrar tratados de cessão de energia elétrica com o Brasil e com o Paraguai.
CICV- Comitê Internacional da Cruz Vermelha - Também criada por um ato jurídico internacional, manifesta sua personalidade como observadora geral da ONU, com direito a voz (e não voto) nas reuniões, e como fiscalizadora das Convenções de Genebra, que versam sobre direito humanitário.
Santa Sé - Criada pelo Acordo de Latrão, celebrado entre Igreja Católica e o Estado da Itália, sua personalidade jurídica internacional se manifesta pelo jus tractum e jus legationem (Núncio apostólico) irrestritos, mas não conta com o jus ad bellum.
Ordem dos Cavaleiros de Malta - O Grão-Mestre da ordem detém imunidade de jurisdição no mesmo formato dos diplomatas, bem como o jus legationem. O jus tractum da Ordem é limitado aos acordos de sede que realizam com os Estados, para pactuar o recebimento e a organização da Ordem no Estado.
5.3 – ONG – Organizações não Governamentais
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Internacionalistas do século XVII, a dificuldade era tratar um Estado como sujeito do Direito Internacional, discussão esta que não atingia o indivíduo, o qual era pacificamente tratado como sujeito de Direito Internacional.
Internacionalistas do século XIX entendiam, sem divergências, que o Estado é um sujeito do Direito Internacional, mas possuem dificuldade para afirmar que assim também são os indivíduos.
Atenção: 
os indivíduos não podem celebrar tratados
Podem recorrer diretamente a algumas cortes internacionais 
Podem ser julgados por tribunais internacionais.
5.4 – Indivíduo 
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Observações 
Indivíduo – Pessoa Humana
Declaração Universal de Direitos do Homem
1948
1993
Declaração Universal de Direitos do Homem
Pessoa Humana – direitos e deveres no Plano Internacional
Julgamento de Nuremberg - Nazistas
CIDH – Corte interamericana de direitos humanos (Indivíduo X Estado) – Sentença – obrigações ao Estado + Responsabilização ao Estado – reparação de danos materiais e morais
Tribunais ad hoc e posteriormente o Tribunal Penal internacional – Indivíduos ou coletividade x indivíduo – cometeu crimes x Humanidade, genocídio, agressão e de guerra
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Observações 
Indivíduo – Pessoa Humana
Declaração Universal de Direitos do Homem
Pessoa Humana – direitos e deveres no Plano Internacional – Dignidade da Pessoa Humana
Capacidade de patrocinar reclamações internacionais (pólo ativo e passivo)
Corte interamericana de DH – Comissão Interamericana de DH – ela representa o indivíduo na Corte – para ter paridade com o EStado
Cançado Trindade
Aula 05 – Fontes primárias e os meios auxiliares do Direito e novas fontes do Direito Internacional
Estudo de caso: 
Leia a seguinte reportagem, a respeito do Pacto de San José da Costa Rica: ?São denominados Estados não reconhecidos aqueles territórios cujo reconhecimento internacional diplomático é nulo ou limitado, ou ainda com governo representativo estabelecido ou exilado. Muitas vezes, porém, encontramos casos onde estes fatores estão presentes ou são de implementação imediata, mas, por pressão política, militar e diplomática de outras nações, tais territórios veem sua ascensão à soberania completa barrada. Exemplo clássico é o do Estado Palestino, que até hoje tem sua independência frustrada principalmente pelas dificuldades impostas por Israel, com o apoio explícito dos Estados Unidos? (https://www.infoescola.com/geografia/estados-naoreconhecidos/).
 Identifique por que motivo determinadas nações não são reconhecidas.

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