Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa. Dra. Neusa Meirelles UNIDADE I Relações Étnico-Raciais no Brasil Neste momento, nesta primeira abordagem sobre o termo raça, deve-se enfatizar que não se trata de diferenciar biologicamente os seres humanos, uma vez que as vertentes teóricas construídas a partir do século XVI já foram superadas pela perspectiva de que há uma só raça humana. A constituição genética indica isso. Portanto, que fique bem claro: não existem “raças humanas”, no plural: os humanos constituem, todos, uma só raça humana. Ponto de partida Flores (2008, p. 24) lembra que, para a genética, a espécie humana Homo sapiens não pode ser dividida em grupos biológicos distintos e separados. A diversidade biológica é muito pequena quando analisada com as experiências e as situações ambientais e culturais. Por isso, é importante lembrar que todos os humanos são parentes, mas todos são diferentes. Para a genética, não há raças humanas Nilma Bentes (apud MUNANGA; GOMES, 2006, p. 176) afirma: “a identificação de raças é, na realidade, uma construção social, política e cultural, produzida no interior das relações sociais e de poder ao longo do processo histórico. Não significa, de forma alguma, um dado da natureza. É no contexto da cultura que nós aprendemos a enxergar as raças. Isso significa que aprendemos a ver negros e brancos como diferentes na forma como somos educados e socializados, a ponto dessas ditas diferenças serem introjetadas em nossa forma de ser e ver o outro, na nossa subjetividade, nas relações sociais mais amplas”. Raça, construção social e política Essas questões permitem distinguir o significado social e cultural que está sendo utilizado com o conceito raça, qual conotação atribuída ao seu emprego, negativo ou racista, ou um caráter positivo para a compreensão da história e o reconhecimento da presença do negro, por exemplo, na sociedade brasileira. Em qual situação, por quê, para quê e por quem o conceito de raça? Segundo o Dicionário de Relações Étnicas e Raciais (apud CASHMORE, 2000, p. 196), trata-se de: Um grupo possuidor de algum grau de coerência e solidariedade, composto por pessoas conscientes, pelo menos em forma latente, de terem origens e interesses comuns. Um grupo étnico não é mero agrupamento de pessoas ou de um setor da população, mas uma agregação consciente de pessoas unidas ou proximamente relacionadas por experiências compartilhadas. E etnia, qual o conceito? a) Endógena – partindo do sujeito, significa seu posicionamento, pertencimento, opção, escolha, autodenominação do sujeito, tendo por referência determinado grupo étnico, pertencimento. b) Exógena – diz respeito também aos significados atribuídos por outros grupos. Para Poutignat e Streiff-Fenart (1998, p. 142): “É esta relação dialética entre as definições exógena e endógena da pertença étnica que transforma a etnicidade em um processo dinâmico, sempre sujeito à redefinição e à recomposição”. Etnia, duas dimensões: Conforme Flores (2008, p. 27), etnicidade designa “o sentimento de pertencimento a uma etnia”, abrangendo as crenças em uma identidade comum, especialmente por parte dos grupos sociais que foram historicamente subordinados aos imperialismos universalistas (romano, europeu, norte-americano etc.). Etnicidade e pertencimento a uma etnia Saliência ou realce, noção que permite identificação do sujeito em meio a possíveis outros; remete a um conjunto de recursos disponíveis ao sujeito para a ação social nas situações em que ele se encontra e pessoas com quem interage. Assim, o sujeito pode manipular sua própria identidade, salientando os aspectos que lhe sejam mais vantajosos naquele contexto. Etnicidade, saliência, realce, diferenciação O nazismo não foi a primeira e única manifestação extremada de racismo no século XX; houve vários outros genocídios, como o armênio, do Cambodja, em Ruanda, no stalinismo. Em todos houve uma política deliberada de extermínio de população por diferenças étnicas, religiosas, culturais, políticas. Todos foram demonstração de intolerância e autoritarismo por parte de governos e partidos políticos. Nazismo, genocídio e formas de racismo Enfim, xenofobia, políticas anti-imigratórias, fundamentalistas, além de sentimentos como homofobia, islamofobia, conservadorismo, sexismo etc., são posturas associadas ao racismo, portanto, são discriminatórias, de exclusão, e se baseiam sempre em características ou traços definidos pela natureza, seja em relação à nacionalidade, raça, sexo, religião ou orientação sexual. São exemplos de mau uso da ciência. Justificativa para o racismo, um engodo, pseudociência Gilberto Freyre descreveu um povo brasileiro miscigenado, misturado e mestiço, enfatizando a presença do negro e do índio em todos os aspectos da cultura brasileira, em suposta “convivência harmoniosa” das três raças. Desde a publicação de Casa-Grande & Senzala, a construção da identidade brasileira incorporou a visão (deturpada) de Gilberto Freyre, que minimizou conflitos raciais e o racismo em favor da suposta longa história de “harmonia” entre as três raças, mas especialmente entre senhores e escravas, na “produção” dos mestiços... O mito da “democracia racial” brasileira, convívio harmonioso? Como é possível explicar que Gilberto Freyre tenha se equivocado ao analisar a convivência entre senhor e escravaria no contexto das relações entre casa-grande e senzala? Escolha a alternativa correta. a) Ele não se equivocou: seu foco foi dirigido apenas para o escravo doméstico, e não deixou de apontar a submissão sexual, estupro e outras atitudes. b) Em seu tempo as ciências sociais ainda não contavam com metodologia mais acurada. c) As relações entre casa-grande e senzala não eram tão agressivas, o que é atestado pelos vários filhos bastardos dos senhores. d) Ele era um conservador, por isso não pretendia analisar com isenção. e) Ele fez o que pôde fazer ou o que podia fazer. Interatividade Como é possível explicar que Gilberto Freyre tenha se equivocado ao analisar a convivência entre senhor e escravaria no contexto das relações entre casa-grande e senzala? Escolha a alternativa correta. a) Ele não se equivocou: seu foco foi dirigido apenas para o escravo doméstico, e não deixou de apontar a submissão sexual, estupro e outras atitudes. b) Em seu tempo as ciências sociais ainda não contavam com metodologia mais acurada. c) As relações entre casa-grande e senzala não eram tão agressivas, o que é atestado pelos vários filhos bastardos dos senhores. d) Ele era um conservador, por isso não pretendia analisar com isenção. e) Ele fez o que pôde fazer ou o que podia fazer. Resposta Em seu livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque descreve a cordialidade do homem brasileiro, não como pacífico ou “educado”, mas valendo-se da palavra latina cor, cordis, que significa coração. Isso significa que seus atos são pautados pelas emoções (e não pela razão), pela informalidade nas relações sociais (e não pela atitude formalista, respeitadora e zelosa perante a lei) e pela falta de limites entre o público e o privado (o que gera atitudes próximas ao que se denominou “o jeitinho brasileiro”). O homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda Inúmeras publicações procuraram mostrar que, no Brasil, as relações pessoais são mais decisivas nas ocorrências cotidianas do que a formalidade das leis universais. Para resolver os conflitos com a lei, o brasileiro sempre busca uma via intermediária, uma solução “mais ou menos”, um “jeitinho”, um caminho mais “pragmático”, mais rápido, informal. O “jeitinho brasileiro” O preconceito está na cabeça das pessoas, mas não necessariamente se manifesta em atitudes concretas, estas são chamadas de discriminação. Assim, pode-se perfeitamente imaginar que uma pessoa preconceituosa se controle para não cometer práticas discriminatórias em relação aosnegros, ou que não queira expressar publicamente seus pensamentos racistas devido à pressão social que possa existir a esse respeito. Todavia, examinando sob a ótica da igualdade social, muito há que ser feito para uma distribuição equitativa de direitos e oportunidades entre brancos, índios e negros. Pressupostos do racismo: hierarquização, inferiorização e preconceito Para aperfeiçoar a investigação dos distintos contingentes populacionais, no Censo de 2010, o IBGE introduziu critérios como: pertencimento étnico, a língua falada no domicílio e a localização geográfica; critérios considerados de identificação de população indígena nos censos nacionais de diversos países. Os dados obtidos mostraram que os negros se concentram nas regiões mais pobres economicamente, como Norte e Nordeste. A maioria da população branca está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, de melhores condições econômicas. Todavia, nos dados nacionais, os brancos não chegam a 49% da população. Os indígenas estão espalhados pelas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e não como se imagina, isolados na floresta amazônica. Brasileiros e a autoidentificação étnico-racial Uma comparação revela situação mais favorável aos brancos: entre os 10,0% mais pobres, 25,4% se declararam brancos, enquanto 73,7% eram pretos e pardos. Essa relação se inverte entre o 1,0% mais rico: 82,7% eram pessoas brancas e apenas 15,0% eram de cor preta e parda. Vale a pena registrar que em 1998, entre o 1,0% mais rico, a proporção dos que se declararam pretos e pardos era muito menor (8,2%). Rendimento familiar: brancos, negros e pardos Na cultura indígena, o trabalho tem valor de uso, está no resultado que promove para a comunidade. Assim, o sujeito só existe ao fazer parte de, e ser útil ao coletivo, visto que sua constituição identitária é coletiva e não individualista como a que vigora na sociedade capitalista. Os mais de 200 grupos indígenas existentes apresentam culturas distintas e, embora índios, têm participação na vida nacional, incorporando vários itens da cultura envolvente ao cotidiano indígena (PAES, 2005, p. 458). Rendimentos: a especificidade da cultura indígena Os dados do Censo de 2010 mostram a quase totalidade da população indígena, cerca de 96%, na idade acima de 10 anos, vivendo em terras indígenas, com rendimento inferior a um salário mínimo. Na verdade, 97% dos índios vivendo em terras indígenas não têm nenhum tipo de rendimento e, entre os que vivem fora dessas terras, o percentual sem nenhum rendimento é de 68,7% (dados do Censo de 2010). Rendimentos, sociedades indígenas a) Durante o processo de colonização do Brasil, a escravização do negro foi “preferível” à do índio, pois aquele sempre fora mais “passivo”, “aceitando” de forma mais mansa sua própria escravização. b) O negro, por ser mais “preguiçoso”, acomodava-se à sua condição de escravo, o que fez com que permanecesse nela por quase quatrocentos anos. c) Os negros estão na situação em que estão atualmente porque querem, porque não têm “competência” para “conquistar” o que os brancos conquistaram. Falsas explicações para a escravização do negro a) Será mesmo que alguém pode se “acomodar” à condição de escravizado ou toda a história da resistência negra sempre foi propositalmente esquecida pelos historiadores? b) Será que o negro realmente “aceitou passivamente” sua escravização ou se organizou em inúmeros movimentos ao longo da história colonial, imperial e republicana brasileira, movimentos esses nunca citados nos livros de História? c) Será que as estatísticas confirmam a “superioridade” e a “competência” do branco em relação à “falta de capacidade” do negro ou são o reflexo da sociedade brasileira desigual, aristocrática e racista? Questionando as falsas explicações: Os africanos nunca foram “passivos”, “pacíficos” ou “acomodados”: resistiram ao modelo colonial, organizaram “quilombos”, importante demonstração de que eles pretendiam construir, no Brasil, outro modelo de sociedade, aberta a todos, desmontando a estrutura escravocrata, implantando, em seu lugar, “outra forma de vida, outra estrutura política na qual se encontraram todos os tipos oprimidos” (MUNANGA; GOMES, 2006). Passividade dos negros? Mais um engodo Comparando resultados de 2001 a 2010, verifica-se que nesses dez anos houve avanços na inclusão de negros na sociedade brasileira, mas os números não são de modo algum condizentes com as demandas sociais. Fica claro que todas as condições de desigualdade às quais negros e indígenas estão sujeitos demandam uma atuação mais efetiva por parte dos órgãos governamentais e também da iniciativa privada, visando favorecer oportunidades para inclusão desses segmentos sociais que já pagaram tão caro nos séculos de exclusão e racismo. Então, serão acomodados? Observe esses dados do IBGE e escolha a alternativa que os explica. a) A população branca é mais racional, por isso adota práticas de controle populacional. b) A mortalidade é maior entre os brancos, são mais sensíveis às condições climáticas. Interatividade Período Brancos Pretos Pardos Indígenas 1998-2003 -2,1 +0,2 +2,9 -0,2 2003-2008 -4,7 +0,9 +2,4 +0,3 1998-2008 -5,7 +1,1 +4,5 +0,1 c) Considerando que os acréscimos de crescimento populacional dos segmentos não brancos somados dão o decréscimo da população total (5,7), houve maior identificação da população, inserção nos segmentos não brancos. d) Pretos e pardos são mais sensuais que brancos, por isso lideram o crescimento populacional, têm muitos filhos. e) Os dados mostram a falência dos programas de controle populacional, dado que pardos e pretos não aceitam controlar sua própria sexualidade. Interatividade Observe esses dados do IBGE e escolha a alternativa que os explica. c) Considerando que os acréscimos de crescimento populacional dos segmentos não brancos somados dão o decréscimo da população total (5,7), houve maior identificação da população, inserção nos segmentos não brancos. Resposta Período Brancos Pretos Pardos Indígenas 1998-2003 -2,1 +0,2 +2,9 -0,2 2003-2008 -4,7 +0,9 +2,4 +0,3 1998-2008 -5,7 +1,1 +4,5 +0,1 Para uma nova condição afrodescendente são necessárias ações afirmativas que busquem acelerar um processo histórico que, por si só, talvez demorasse décadas, séculos ou até milênios para acontecer, tendo em vista a “inércia histórica”, ou seja, a força de oposição que o passado de discriminações, desigualdades e racismo tem e que gera resistências aos esforços advindos de ações individuais. Movimentos negros na luta contra o racismo Integram um longo processo de lutas, muitas delas do período pré-abolicionista, no século XIX ou até no século XVI, início da colonização brasileira e da escravização de africanos. Em muitos episódios, os negros resistiram ao modelo colonial, mas também no período posterior à abolição, dado que as desigualdades sociais entre brancos e negros continuaram a existir, mesmo após a “libertação” dos escravizados. Movimentos negros contemporâneos e luta contra desigualdades As expressões “escravizados” e “escravizadores” são preferíveis às usuais “escravos” e “senhores” para enfatizar, no estudo da história do Brasil, os processos de exploração das populações africanas trazidas por portugueses para o continente americano como mercadorias no contexto do capitalismo mercantil. A escola, como espaço de formação, é um excelente lugar para se promover ações afirmativas, a começar pela reformulação de conceitos sobre as populações negras, seu papel na formação do Brasil, suas trajetórias, lutas e conquistas. Observação importante Segundo Guimarães (2009, p. 172), é preciso reconhecer a presença de um “racismo institucional”, ou seja, afirmar que “há mecanismo de discriminação inscrito na operação do sistema social e que funciona, até certo ponto, à revelia dos indivíduos”.Nesse sentido, as ações afirmativas são uma espécie de “discriminação ao contrário”. A presença de um “racismo institucional” O primeiro encontro entre portugueses e indígenas, nas praias brasileiras, é recriado por Darcy Ribeiro em O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (1995), exibindo evidentes contrastes e conflitos que só seriam aprofundados no processo de colonização. Era o confronto entre selvageria e civilização: “os navegantes, barbudos, hirsutos, fedentos de meses de navegação oceânica [...] os índios, vestidos da nudez emplumada, esplêndidos de vigor e beleza...”. Mas, se inicialmente os índios eram vistos como uma gente bela e inocente, logo viraram objeto de cobiça, desrespeito e escravização. Povos indígenas, os primeiros tempos O conflito entre indígenas e europeus, segundo Darcy Ribeiro (1995, p. 30), se dava em todos os níveis, mas predominantemente: a) No biótico, como uma guerra bacteriológica travada pelas pestes que o branco trazia no corpo e eram mortais para as populações indenes; b) No ecológico, pela disputa do território, matas e riquezas para outros usos; c) No econômico e social, pela escravização do índio, pela mercantilização das relações de produção, que articulou os novos mundos ao velho mundo europeu como provedores de gêneros exóticos, cativos etc. O conflito em três níveis distintos Segundo Darcy Ribeiro (1995), à Igreja Católica coube a tutela dos índios por meio principalmente das irmandades franciscanas e jesuítas, que viam nos indígenas a possibilidade de expansão dos seus rebanhos e domínios, recuperação do espaço perdido para os protestantes na Europa. Para o colono, os braços dos índios deviam produzir o que os enricasse, ajudados por mundanos curas regulares dispostos a sacramentar a cidade terrena, dando a Deus o que é de Deus e ao rei o que ele reclamava. Contradição de interesses entre Igreja Católica e colonos O conflito abriu espaço para o avanço do extermínio e a escravização dos nativos: os regulamentos, ao mesmo tempo em que proibiam o cativeiro de índios, o instituíam, admitindo várias possibilidades para escravização (RIBEIRO, 1995, p. 101). Por fim, os religiosos se aliaram aos colonizadores, justificando suas consciências com o argumento de que quanto mais escravos fossem capturados, mais almas entrariam para a Igreja e seriam “salvas”, e passaram a acompanhar as tropas de captura dos índios. Interesses em conflito: Igreja Católica e Projeto Colonial (Colonos e Coroa) A colonização avançava para o interior do país e os índios iam sendo empurrados mais para a região central, processo que impôs às comunidades indígenas abandono de suas terras, escassez de alimentos, longas jornadas com idosos e crianças, disputa de terras com outros grupos, gerando guerras interétnicas e, por fim, extermínio de etnias inteiras em nome de levar uma ocupação “civilizada” às novas terras. Colonização e extermínio dos povos indígenas Baniwa (2006, p. 70-74) aponta três períodos: 1. Indigenismo governamental tutelar – com duração de quase um século, caracterizado pela criação e forte presença do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), criado em 1910 sob forte influência positivista, posteriormente foi reformulado para se tornar a Fundação Nacional do Índio (Funai), criada em 1967 e atuante até os dias de hoje. Política indigenista pós-colonial, período 1 Fortemente marcada pela ideia vigente da “relativa incapacidade dos índios”, razão pela qual eles deveriam ficar sob a “tutela” do Estado. A tutela aqui não é entendida como necessidade de proteção e assistência social aos índios, como de forma comum e errônea é definida pelos defensores do princípio da tutela oficial, mas como a incapacidade civil e intelectual dos índios. Política indigenista, atuação do SPI Uma modalidade de relacionamento entre Estado e população indígena foi denominada “indigenista”. Quando ocorreu e qual a característica desse relacionamento? Escolha a alternativa correta. a) Foi durante a ditadura Vargas, sob comando do General Rondon, de caráter pacifista. b) O indigenismo foi conduzido por Darcy Ribeiro, era pacifista e positivista. c) O indigenismo significava a assimilação dos povos indígenas ao território nacional. d) O indigenismo caracterizou uma política de inclusão social e cultural dos indígenas à sociedade brasileira. e) O indigenismo foi uma política de influência positivista (Rondon) voltada para a tutela indígena, conduzida pelo SPI, destinada a promover a assimilação cultural. Interatividade Uma modalidade de relacionamento entre Estado e população indígena foi denominada “indigenista”. Quando ocorreu e qual a característica desse relacionamento? Escolha a alternativa correta. a) Foi durante a ditadura Vargas, sob comando do General Rondon, de caráter pacifista. b) O indigenismo foi conduzido por Darcy Ribeiro, era pacifista e positivista. c) O indigenismo significava a assimilação dos povos indígenas ao território nacional. d) O indigenismo caracterizou uma política de inclusão social e cultural dos indígenas à sociedade brasileira. e) O indigenismo foi uma política de influência positivista (Rondon) voltada para a tutela indígena, conduzida pelo SPI, destinada a promover a assimilação cultural. Resposta “Integração e assimilação cultural” dos povos indígenas sob a tutela do Estado, o que, na prática, significava a efetiva e inexorável apropriação de suas terras e a negação de suas etnicidades e identidades. Os índios deveriam, o mais rápido possível, ser integrados à sociedade nacional, precisariam viver de maneira igual à dos brancos, nas cidades ou nas vilas, deixando de ser índios para abrir caminho à ocupação de suas terras pelos não índios, sob o argumento e a justificativa da necessidade de expansão das fronteiras agrícolas para o desenvolvimento econômico do país. Política indigenista paralela, assimilação 2. Indigenismo não governamental – teve início em 1970, caracterizando-se pela introdução de dois novos atores nas relações com os grupos indígenas: a Igreja Católica renovada e as organizações civis ligadas a setores progressistas da academia (grupos de pesquisa ligados às universidades). Movimento indígena contemporâneo, período 2 3. Indigenismo governamental contemporâneo – após 1988, ocorreu a ampliação da relação do Estado com os povos indígenas, a partir da criação de diversos órgãos em vários ministérios para atuarem junto aos povos indígenas, quebrando a hegemonia da Funai. Movimento indígena contemporâneo, período 3 No contexto das mudanças políticas que ocorreram com a promulgação da Constituição de 1988, houve uma ampliação dos órgãos públicos, com políticas de atendimento voltadas para os grupos indígenas, isso tornou possível a diversificação das orientações e metodologias das políticas propostas; desde então, não é mais cabível pensar em programas para os povos indígenas sem sua participação e controle social. Movimento indígena contemporâneo, pós-Constituição de 1988 Segundo Baniwa (2006, p. 76), importantes conquistas políticas e de direitos aconteceram após a ratificação de alguns convênios internacionais, como a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ratificada pelo Brasil em 1993. A Convenção determina o controle social e a participação indígena nas instâncias decisórias, sobretudo nas que lhes dizem respeito. Movimento indígena contemporâneo, convênios internacionais A Convenção também ajuda a superar um problema conceitual e de cidadania indígena, reconhecendo a categoria de povos aos índios, admitindo com isso o direito de autodeterminação sociocultural e étnica nos marcos do Estado brasileiro (desde que não signifique soberania territorial). Autodeterminação sociocultural indígena e cidadania Ações afirmativas são denominadas “discriminação positiva”, no sentidode proporcionar algumas vantagens aos grupos historicamente em desvantagem (e por isso considerados minorias), como negros, idosos, mulheres, indígenas, crianças, adolescentes etc., oferecendo-lhes facilidades temporárias para um acesso mais rápido aos direitos sociais básicos que lhes foram, por tanto tempo, sistematicamente negados. Para o Direito, esse recurso é denominado “mitigação de danos”, previsto na legislação brasileira, inclusive. Ações afirmativas e discriminação positiva A força do movimento negro contra todas as formas de discriminação por raça ou cor e pela garantia de direitos sociais fundamentais da população afro-brasileira acabou se traduzindo basicamente em duas formas na legislação antirracista vigente no Brasil: a) por meio de uma legislação penal que pune todo ato discriminatório; b) a partir da promoção de igualdade de oportunidades a grupos desfavorecidos socialmente, pelas chamadas ações afirmativas. A especificidade das ações afirmativas De acordo com Bernardino (2002, p. 256-257): “[...] são entendidas como políticas públicas que pretendem corrigir desigualdades socioeconômicas procedentes de discriminação, atual ou histórica, sofrida por algum grupo de pessoas. Para tanto, concedem-se vantagens competitivas para membros de certos grupos que vivenciam uma situação de inferioridade a fim de que, num futuro estipulado, esta situação seja revertida”. Assim, as políticas de ação afirmativa buscam, por meio de um tratamento temporariamente diferenciado, promover a equidade entre os grupos que compõem a sociedade. Ações afirmativas, concepção Estados Unidos, onde o movimento negro lutou e conseguiu a garantia de leis que promovessem, ao mesmo tempo: “ressarcimento” das perdas de oportunidade vividas pelos negros, dada a existência de políticas segregacionistas e uma “aceleração” do lento processo histórico para a inclusão social a curto prazo desse segmento populacional, bem como a ascendência de minorias étnicas, raciais e sexuais. São medidas paliativas, segundo Guimarães (2009, p. 170), “para remediar uma situação considerada socialmente indesejável”. Origem das ações afirmativas: As organizações não governamentais, ONGs, e os recursos tecnológicos de comunicação social (TICS) podem ser utilizados como reforço nos programas de ações afirmativas, sobretudo para indígenas? Escolha a alternativa correta. a) Talvez, mas há a dificuldade da língua impedindo uma efetiva comunicação. b) Podem e são utilizados, o ISA (Instituto Socioambiental) é uma ONG; todos os recursos de comunicação e mídias dos povos indígenas usam TICS. c) Não devem ser utilizados, esses recursos seriam prova de assimilação à cultura nacional. d) Até poderiam ser utilizados, mas faltam recursos para apoio às comunidades indígenas. e) Organismos que conduzem a política indigenista brasileira não permitem; apenas as missões evangélicas os utilizam para contato com as respectivas matrizes. Interatividade As organizações não governamentais, ONGs, e os recursos tecnológicos de comunicação social (TICS) podem ser utilizados como reforço nos programas de ações afirmativas, sobretudo para indígenas? Escolha a alternativa correta. a) Talvez, mas há a dificuldade da língua impedindo uma efetiva comunicação. b) Podem e são utilizados, o ISA (Instituto Socioambiental) é uma ONG; todos os recursos de comunicação e mídias dos povos indígenas usam TICS. c) Não devem ser utilizados, esses recursos seriam prova de assimilação à cultura nacional. d) Até poderiam ser utilizados, mas faltam recursos para apoio às comunidades indígenas. e) Organismos que conduzem a política indigenista brasileira não permitem; apenas as missões evangélicas os utilizam para contato com as respectivas matrizes. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar