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Slides de Aula Unidade I RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO BRASIL

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Profa. Dra. Neusa Meirelles
UNIDADE I
Relações Étnico-Raciais 
no Brasil
 Neste momento, nesta primeira abordagem sobre o termo raça, deve-se enfatizar 
que não se trata de diferenciar biologicamente os seres humanos, uma vez que as 
vertentes teóricas construídas a partir do século XVI já foram superadas pela 
perspectiva de que há uma só raça humana. A constituição genética indica isso. 
Portanto, que fique bem claro: não existem “raças humanas”, no plural: os 
humanos constituem, todos, uma só raça humana.
Ponto de partida
 Flores (2008, p. 24) lembra que, para a genética, a espécie humana Homo sapiens
não pode ser dividida em grupos biológicos distintos e separados. 
 A diversidade biológica é muito pequena quando analisada com as experiências e 
as situações ambientais e culturais. Por isso, é importante lembrar que todos os 
humanos são parentes, mas todos são diferentes.
Para a genética, não há raças humanas
 Nilma Bentes (apud MUNANGA; GOMES, 2006, p. 176) afirma: “a identificação 
de raças é, na realidade, uma construção social, política e cultural, produzida 
no interior das relações sociais e de poder ao longo do processo histórico. Não 
significa, de forma alguma, um dado da natureza. É no contexto da cultura que nós 
aprendemos a enxergar as raças. Isso significa que aprendemos a ver negros e 
brancos como diferentes na forma como somos educados e socializados, a ponto 
dessas ditas diferenças serem introjetadas em nossa forma de ser e ver o outro, 
na nossa subjetividade, nas relações sociais mais amplas”.
Raça, construção social e política
 Essas questões permitem distinguir o significado social e cultural que está 
sendo utilizado com o conceito raça, qual conotação atribuída ao seu emprego, 
negativo ou racista, ou um caráter positivo para a compreensão da história e o 
reconhecimento da presença do negro, por exemplo, na sociedade brasileira.
Em qual situação, por quê, para quê e por quem o conceito de raça?
 Segundo o Dicionário de Relações Étnicas e Raciais (apud CASHMORE, 
2000, p. 196), trata-se de:
 Um grupo possuidor de algum grau de coerência e solidariedade, composto por 
pessoas conscientes, pelo menos em forma latente, de terem origens e interesses 
comuns. Um grupo étnico não é mero agrupamento de pessoas ou de um setor da 
população, mas uma agregação consciente de pessoas unidas ou proximamente 
relacionadas por experiências compartilhadas.
E etnia, qual o conceito?
a) Endógena – partindo do sujeito, significa seu posicionamento, pertencimento, 
opção, escolha, autodenominação do sujeito, tendo por referência determinado 
grupo étnico, pertencimento. 
b) Exógena – diz respeito também aos significados atribuídos por outros grupos. 
Para Poutignat e Streiff-Fenart (1998, p. 142): “É esta relação dialética entre as 
definições exógena e endógena da pertença étnica que transforma a etnicidade 
em um processo dinâmico, sempre sujeito à redefinição e à recomposição”.
Etnia, duas dimensões:
 Conforme Flores (2008, p. 27), etnicidade designa “o sentimento de pertencimento 
a uma etnia”, abrangendo as crenças em uma identidade comum, especialmente 
por parte dos grupos sociais que foram historicamente subordinados aos 
imperialismos universalistas (romano, europeu, norte-americano etc.).
Etnicidade e pertencimento a uma etnia
 Saliência ou realce, noção que permite identificação do sujeito em meio a 
possíveis outros; remete a um conjunto de recursos disponíveis ao sujeito para a 
ação social nas situações em que ele se encontra e pessoas com quem interage. 
Assim, o sujeito pode manipular sua própria identidade, salientando os aspectos 
que lhe sejam mais vantajosos naquele contexto.
Etnicidade, saliência, realce, diferenciação
 O nazismo não foi a primeira e única manifestação extremada de racismo no 
século XX; houve vários outros genocídios, como o armênio, do Cambodja, em 
Ruanda, no stalinismo. Em todos houve uma política deliberada de extermínio de 
população por diferenças étnicas, religiosas, culturais, políticas. Todos foram 
demonstração de intolerância e autoritarismo por parte de governos e 
partidos políticos.
Nazismo, genocídio e formas de racismo 
 Enfim, xenofobia, políticas anti-imigratórias, fundamentalistas, além de sentimentos 
como homofobia, islamofobia, conservadorismo, sexismo etc., são posturas 
associadas ao racismo, portanto, são discriminatórias, de exclusão, e se baseiam 
sempre em características ou traços definidos pela natureza, seja em relação à 
nacionalidade, raça, sexo, religião ou orientação sexual. São exemplos de mau 
uso da ciência.
Justificativa para o racismo, um engodo, pseudociência
 Gilberto Freyre descreveu um povo brasileiro miscigenado, misturado e mestiço, 
enfatizando a presença do negro e do índio em todos os aspectos da cultura 
brasileira, em suposta “convivência harmoniosa” das três raças. Desde a 
publicação de Casa-Grande & Senzala, a construção da identidade brasileira 
incorporou a visão (deturpada) de Gilberto Freyre, que minimizou conflitos raciais 
e o racismo em favor da suposta longa história de “harmonia” entre as três raças, 
mas especialmente entre senhores e escravas, na “produção” dos mestiços...
O mito da “democracia racial” brasileira, convívio harmonioso?
Como é possível explicar que Gilberto Freyre tenha se equivocado ao analisar 
a convivência entre senhor e escravaria no contexto das relações entre casa-grande 
e senzala? Escolha a alternativa correta.
a) Ele não se equivocou: seu foco foi dirigido apenas para o escravo doméstico, 
e não deixou de apontar a submissão sexual, estupro e outras atitudes.
b) Em seu tempo as ciências sociais ainda não contavam com metodologia 
mais acurada.
c) As relações entre casa-grande e senzala não eram tão agressivas, o que 
é atestado pelos vários filhos bastardos dos senhores.
d) Ele era um conservador, por isso não pretendia 
analisar com isenção.
e) Ele fez o que pôde fazer ou o que podia fazer.
Interatividade
Como é possível explicar que Gilberto Freyre tenha se equivocado ao analisar 
a convivência entre senhor e escravaria no contexto das relações entre casa-grande 
e senzala? Escolha a alternativa correta.
a) Ele não se equivocou: seu foco foi dirigido apenas para o escravo doméstico, 
e não deixou de apontar a submissão sexual, estupro e outras atitudes.
b) Em seu tempo as ciências sociais ainda não contavam com metodologia 
mais acurada.
c) As relações entre casa-grande e senzala não eram tão agressivas, o que 
é atestado pelos vários filhos bastardos dos senhores.
d) Ele era um conservador, por isso não pretendia 
analisar com isenção.
e) Ele fez o que pôde fazer ou o que podia fazer.
Resposta
 Em seu livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque descreve a cordialidade do homem 
brasileiro, não como pacífico ou “educado”, mas valendo-se da palavra latina cor, 
cordis, que significa coração. Isso significa que seus atos são pautados pelas 
emoções (e não pela razão), pela informalidade nas relações sociais (e não pela 
atitude formalista, respeitadora e zelosa perante a lei) e pela falta de limites entre 
o público e o privado (o que gera atitudes próximas ao que se denominou 
“o jeitinho brasileiro”).
O homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda
 Inúmeras publicações procuraram mostrar que, no Brasil, as relações pessoais 
são mais decisivas nas ocorrências cotidianas do que a formalidade das leis 
universais. Para resolver os conflitos com a lei, o brasileiro sempre busca uma 
via intermediária, uma solução “mais ou menos”, um “jeitinho”, um caminho mais 
“pragmático”, mais rápido, informal.
O “jeitinho brasileiro”
 O preconceito está na cabeça das pessoas, mas não necessariamente se 
manifesta em atitudes concretas, estas são chamadas de discriminação. Assim, 
pode-se perfeitamente imaginar que uma pessoa preconceituosa se controle para 
não cometer práticas discriminatórias em relação aosnegros, ou que não queira 
expressar publicamente seus pensamentos racistas devido à pressão social que 
possa existir a esse respeito. Todavia, examinando sob a ótica da igualdade social, 
muito há que ser feito para uma distribuição equitativa de direitos e oportunidades 
entre brancos, índios e negros.
Pressupostos do racismo: hierarquização, inferiorização e preconceito
 Para aperfeiçoar a investigação dos distintos contingentes populacionais, no 
Censo de 2010, o IBGE introduziu critérios como: pertencimento étnico, a língua 
falada no domicílio e a localização geográfica; critérios considerados de 
identificação de população indígena nos censos nacionais de diversos países. Os 
dados obtidos mostraram que os negros se concentram nas regiões mais pobres 
economicamente, como Norte e Nordeste. A maioria da população branca está 
concentrada nas regiões Sul e Sudeste, de melhores condições econômicas. 
 Todavia, nos dados nacionais, os brancos não chegam 
a 49% da população. Os indígenas estão espalhados 
pelas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e não como se 
imagina, isolados na floresta amazônica.
Brasileiros e a autoidentificação étnico-racial
 Uma comparação revela situação mais favorável aos brancos: entre os 10,0% 
mais pobres, 25,4% se declararam brancos, enquanto 73,7% eram pretos e 
pardos. Essa relação se inverte entre o 1,0% mais rico: 82,7% eram pessoas 
brancas e apenas 15,0% eram de cor preta e parda. Vale a pena registrar que em 
1998, entre o 1,0% mais rico, a proporção dos que se declararam pretos e pardos 
era muito menor (8,2%).
Rendimento familiar: brancos, negros e pardos
 Na cultura indígena, o trabalho tem valor de uso, está no resultado que promove 
para a comunidade. Assim, o sujeito só existe ao fazer parte de, e ser útil ao 
coletivo, visto que sua constituição identitária é coletiva e não individualista como 
a que vigora na sociedade capitalista. Os mais de 200 grupos indígenas existentes 
apresentam culturas distintas e, embora índios, têm participação na vida nacional, 
incorporando vários itens da cultura envolvente ao cotidiano indígena 
(PAES, 2005, p. 458).
Rendimentos: a especificidade da cultura indígena
 Os dados do Censo de 2010 mostram a quase totalidade da população indígena, 
cerca de 96%, na idade acima de 10 anos, vivendo em terras indígenas, com 
rendimento inferior a um salário mínimo. Na verdade, 97% dos índios vivendo em 
terras indígenas não têm nenhum tipo de rendimento e, entre os que vivem fora 
dessas terras, o percentual sem nenhum rendimento é de 68,7% (dados 
do Censo de 2010).
Rendimentos, sociedades indígenas
a) Durante o processo de colonização do Brasil, a escravização do negro foi 
“preferível” à do índio, pois aquele sempre fora mais “passivo”, “aceitando” 
de forma mais mansa sua própria escravização.
b) O negro, por ser mais “preguiçoso”, acomodava-se à sua condição de escravo, 
o que fez com que permanecesse nela por quase quatrocentos anos. 
c) Os negros estão na situação em que estão atualmente porque querem, porque 
não têm “competência” para “conquistar” o que os brancos conquistaram.
Falsas explicações para a escravização do negro
a) Será mesmo que alguém pode se “acomodar” à condição de escravizado 
ou toda a história da resistência negra sempre foi propositalmente esquecida 
pelos historiadores?
b) Será que o negro realmente “aceitou passivamente” sua escravização ou se 
organizou em inúmeros movimentos ao longo da história colonial, imperial e 
republicana brasileira, movimentos esses nunca citados nos livros de História?
c) Será que as estatísticas confirmam a “superioridade” e 
a “competência” do branco em relação à “falta de 
capacidade” do negro ou são o reflexo da sociedade 
brasileira desigual, aristocrática e racista?
Questionando as falsas explicações:
 Os africanos nunca foram “passivos”, “pacíficos” ou “acomodados”: resistiram ao 
modelo colonial, organizaram “quilombos”, importante demonstração de que eles 
pretendiam construir, no Brasil, outro modelo de sociedade, aberta a todos, 
desmontando a estrutura escravocrata, implantando, em seu lugar, “outra forma 
de vida, outra estrutura política na qual se encontraram todos os tipos oprimidos” 
(MUNANGA; GOMES, 2006).
Passividade dos negros? Mais um engodo
 Comparando resultados de 2001 a 2010, verifica-se que nesses dez anos houve 
avanços na inclusão de negros na sociedade brasileira, mas os números não são 
de modo algum condizentes com as demandas sociais. Fica claro que todas as 
condições de desigualdade às quais negros e indígenas estão sujeitos demandam 
uma atuação mais efetiva por parte dos órgãos governamentais e também da 
iniciativa privada, visando favorecer oportunidades para inclusão desses 
segmentos sociais que já pagaram tão caro nos séculos de exclusão e racismo.
Então, serão acomodados?
Observe esses dados do IBGE e escolha a alternativa que os explica. 
a) A população branca é mais racional, por isso adota práticas de 
controle populacional. 
b) A mortalidade é maior entre os brancos, são mais 
sensíveis às condições climáticas.
Interatividade
Período Brancos Pretos Pardos Indígenas
1998-2003 -2,1 +0,2 +2,9 -0,2
2003-2008 -4,7 +0,9 +2,4 +0,3
1998-2008 -5,7 +1,1 +4,5 +0,1
c) Considerando que os acréscimos de crescimento populacional dos segmentos 
não brancos somados dão o decréscimo da população total (5,7), houve maior 
identificação da população, inserção nos segmentos não brancos.
d) Pretos e pardos são mais sensuais que brancos, por isso lideram o crescimento 
populacional, têm muitos filhos.
e) Os dados mostram a falência dos programas de controle populacional, dado que 
pardos e pretos não aceitam controlar sua própria sexualidade.
Interatividade
Observe esses dados do IBGE e escolha a alternativa que os explica. 
c) Considerando que os acréscimos de crescimento 
populacional dos segmentos não brancos somados 
dão o decréscimo da população total (5,7), houve 
maior identificação da população, inserção nos 
segmentos não brancos.
Resposta
Período Brancos Pretos Pardos Indígenas
1998-2003 -2,1 +0,2 +2,9 -0,2
2003-2008 -4,7 +0,9 +2,4 +0,3
1998-2008 -5,7 +1,1 +4,5 +0,1
 Para uma nova condição afrodescendente são necessárias ações afirmativas 
que busquem acelerar um processo histórico que, por si só, talvez demorasse 
décadas, séculos ou até milênios para acontecer, tendo em vista a “inércia 
histórica”, ou seja, a força de oposição que o passado de discriminações, 
desigualdades e racismo tem e que gera resistências aos esforços advindos 
de ações individuais.
Movimentos negros na luta contra o racismo 
 Integram um longo processo de lutas, muitas delas do período pré-abolicionista, 
no século XIX ou até no século XVI, início da colonização brasileira e da 
escravização de africanos. Em muitos episódios, os negros resistiram ao modelo 
colonial, mas também no período posterior à abolição, dado que as desigualdades 
sociais entre brancos e negros continuaram a existir, mesmo após a “libertação” 
dos escravizados.
Movimentos negros contemporâneos e luta contra desigualdades
 As expressões “escravizados” e “escravizadores” são preferíveis às usuais 
“escravos” e “senhores” para enfatizar, no estudo da história do Brasil, os 
processos de exploração das populações africanas trazidas por portugueses para 
o continente americano como mercadorias no contexto do capitalismo mercantil. 
A escola, como espaço de formação, é um excelente lugar para se promover 
ações afirmativas, a começar pela reformulação de conceitos sobre as populações 
negras, seu papel na formação do Brasil, suas trajetórias, lutas e conquistas.
Observação importante
 Segundo Guimarães (2009, p. 172), é preciso reconhecer a presença de um 
“racismo institucional”, ou seja, afirmar que “há mecanismo de discriminação 
inscrito na operação do sistema social e que funciona, até certo ponto, à revelia 
dos indivíduos”.Nesse sentido, as ações afirmativas são uma espécie de 
“discriminação ao contrário”.
A presença de um “racismo institucional”
 O primeiro encontro entre portugueses e indígenas, nas praias brasileiras, é 
recriado por Darcy Ribeiro em O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil
(1995), exibindo evidentes contrastes e conflitos que só seriam aprofundados no 
processo de colonização. Era o confronto entre selvageria e civilização: 
“os navegantes, barbudos, hirsutos, fedentos de meses de navegação oceânica 
[...] os índios, vestidos da nudez emplumada, esplêndidos de vigor e beleza...”. 
Mas, se inicialmente os índios eram vistos como uma gente bela e inocente, logo 
viraram objeto de cobiça, desrespeito e escravização.
Povos indígenas, os primeiros tempos
 O conflito entre indígenas e europeus, segundo Darcy Ribeiro (1995, p. 30), 
se dava em todos os níveis, mas predominantemente:
a) No biótico, como uma guerra bacteriológica travada pelas pestes que o branco 
trazia no corpo e eram mortais para as populações indenes;
b) No ecológico, pela disputa do território, matas e riquezas para outros usos;
c) No econômico e social, pela escravização do índio, pela mercantilização das
relações de produção, que articulou os novos mundos ao velho mundo europeu 
como provedores de gêneros exóticos, cativos etc.
O conflito em três níveis distintos
 Segundo Darcy Ribeiro (1995), à Igreja Católica coube a tutela dos índios por meio 
principalmente das irmandades franciscanas e jesuítas, que viam nos indígenas a 
possibilidade de expansão dos seus rebanhos e domínios, recuperação do espaço 
perdido para os protestantes na Europa. Para o colono, os braços dos índios 
deviam produzir o que os enricasse, ajudados por mundanos curas regulares 
dispostos a sacramentar a cidade terrena, dando a Deus o que é de Deus e 
ao rei o que ele reclamava.
Contradição de interesses entre Igreja Católica e colonos
 O conflito abriu espaço para o avanço do extermínio e a escravização dos nativos: 
os regulamentos, ao mesmo tempo em que proibiam o cativeiro de índios, 
o instituíam, admitindo várias possibilidades para escravização (RIBEIRO, 
1995, p. 101). Por fim, os religiosos se aliaram aos colonizadores, justificando suas 
consciências com o argumento de que quanto mais escravos fossem capturados, 
mais almas entrariam para a Igreja e seriam “salvas”, e passaram a acompanhar 
as tropas de captura dos índios.
Interesses em conflito: Igreja Católica e Projeto Colonial 
(Colonos e Coroa)
 A colonização avançava para o interior do país e os índios iam sendo empurrados 
mais para a região central, processo que impôs às comunidades indígenas 
abandono de suas terras, escassez de alimentos, longas jornadas com idosos e 
crianças, disputa de terras com outros grupos, gerando guerras interétnicas e, 
por fim, extermínio de etnias inteiras em nome de levar uma ocupação “civilizada” 
às novas terras.
Colonização e extermínio dos povos indígenas
Baniwa (2006, p. 70-74) aponta três períodos:
1. Indigenismo governamental tutelar – com duração de quase um século, 
caracterizado pela criação e forte presença do Serviço de Proteção ao Índio 
(SPI), criado em 1910 sob forte influência positivista, posteriormente foi 
reformulado para se tornar a Fundação Nacional do Índio (Funai), criada 
em 1967 e atuante até os dias de hoje.
Política indigenista pós-colonial, período 1
 Fortemente marcada pela ideia vigente da “relativa incapacidade dos índios”, 
razão pela qual eles deveriam ficar sob a “tutela” do Estado. A tutela aqui não é 
entendida como necessidade de proteção e assistência social aos índios, como de 
forma comum e errônea é definida pelos defensores do princípio da tutela oficial, 
mas como a incapacidade civil e intelectual dos índios.
Política indigenista, atuação do SPI
Uma modalidade de relacionamento entre Estado e população indígena foi 
denominada “indigenista”. Quando ocorreu e qual a característica desse 
relacionamento? Escolha a alternativa correta.
a) Foi durante a ditadura Vargas, sob comando do General Rondon, 
de caráter pacifista.
b) O indigenismo foi conduzido por Darcy Ribeiro, era pacifista e positivista.
c) O indigenismo significava a assimilação dos povos indígenas 
ao território nacional.
d) O indigenismo caracterizou uma política de inclusão 
social e cultural dos indígenas à sociedade brasileira.
e) O indigenismo foi uma política de influência positivista 
(Rondon) voltada para a tutela indígena, conduzida pelo 
SPI, destinada a promover a assimilação cultural.
Interatividade
Uma modalidade de relacionamento entre Estado e população indígena foi 
denominada “indigenista”. Quando ocorreu e qual a característica desse 
relacionamento? Escolha a alternativa correta.
a) Foi durante a ditadura Vargas, sob comando do General Rondon, 
de caráter pacifista.
b) O indigenismo foi conduzido por Darcy Ribeiro, era pacifista e positivista.
c) O indigenismo significava a assimilação dos povos indígenas 
ao território nacional.
d) O indigenismo caracterizou uma política de inclusão 
social e cultural dos indígenas à sociedade brasileira.
e) O indigenismo foi uma política de influência positivista 
(Rondon) voltada para a tutela indígena, conduzida pelo 
SPI, destinada a promover a assimilação cultural.
Resposta
 “Integração e assimilação cultural” dos povos indígenas sob a tutela do Estado, 
o que, na prática, significava a efetiva e inexorável apropriação de suas terras e a 
negação de suas etnicidades e identidades. Os índios deveriam, o mais rápido 
possível, ser integrados à sociedade nacional, precisariam viver de maneira igual 
à dos brancos, nas cidades ou nas vilas, deixando de ser índios para abrir caminho 
à ocupação de suas terras pelos não índios, sob o argumento e a justificativa da 
necessidade de expansão das fronteiras agrícolas para o desenvolvimento 
econômico do país.
Política indigenista paralela, assimilação
2. Indigenismo não governamental – teve início em 1970, caracterizando-se pela 
introdução de dois novos atores nas relações com os grupos indígenas: a Igreja 
Católica renovada e as organizações civis ligadas a setores progressistas da 
academia (grupos de pesquisa ligados às universidades).
Movimento indígena contemporâneo, período 2
3. Indigenismo governamental contemporâneo – após 1988, ocorreu a ampliação 
da relação do Estado com os povos indígenas, a partir da criação de diversos 
órgãos em vários ministérios para atuarem junto aos povos indígenas, quebrando 
a hegemonia da Funai.
Movimento indígena contemporâneo, período 3
 No contexto das mudanças políticas que ocorreram com a promulgação 
da Constituição de 1988, houve uma ampliação dos órgãos públicos, com 
políticas de atendimento voltadas para os grupos indígenas, isso tornou 
possível a diversificação das orientações e metodologias das políticas 
propostas; desde então, não é mais cabível pensar em programas para 
os povos indígenas sem sua participação e controle social.
Movimento indígena contemporâneo, pós-Constituição de 1988
 Segundo Baniwa (2006, p. 76), importantes conquistas políticas e de direitos 
aconteceram após a ratificação de alguns convênios internacionais, como a 
Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ratificada pelo 
Brasil em 1993. A Convenção determina o controle social e a participação indígena 
nas instâncias decisórias, sobretudo nas que lhes dizem respeito.
Movimento indígena contemporâneo, convênios internacionais
 A Convenção também ajuda a superar um problema conceitual e de cidadania 
indígena, reconhecendo a categoria de povos aos índios, admitindo com isso o 
direito de autodeterminação sociocultural e étnica nos marcos do Estado brasileiro 
(desde que não signifique soberania territorial).
Autodeterminação sociocultural indígena e cidadania
 Ações afirmativas são denominadas “discriminação positiva”, no sentidode 
proporcionar algumas vantagens aos grupos historicamente em desvantagem 
(e por isso considerados minorias), como negros, idosos, mulheres, indígenas, 
crianças, adolescentes etc., oferecendo-lhes facilidades temporárias para um 
acesso mais rápido aos direitos sociais básicos que lhes foram, por tanto tempo, 
sistematicamente negados. 
 Para o Direito, esse recurso é denominado “mitigação de danos”, previsto 
na legislação brasileira, inclusive.
Ações afirmativas e discriminação positiva
A força do movimento negro contra todas as formas de discriminação por raça ou 
cor e pela garantia de direitos sociais fundamentais da população afro-brasileira 
acabou se traduzindo basicamente em duas formas na legislação antirracista vigente 
no Brasil: 
a) por meio de uma legislação penal que pune todo ato discriminatório;
b) a partir da promoção de igualdade de oportunidades a grupos desfavorecidos 
socialmente, pelas chamadas ações afirmativas.
A especificidade das ações afirmativas
 De acordo com Bernardino (2002, p. 256-257): “[...] são entendidas como políticas 
públicas que pretendem corrigir desigualdades socioeconômicas procedentes de 
discriminação, atual ou histórica, sofrida por algum grupo de pessoas. Para tanto, 
concedem-se vantagens competitivas para membros de certos grupos que 
vivenciam uma situação de inferioridade a fim de que, num futuro estipulado, 
esta situação seja revertida”. 
 Assim, as políticas de ação afirmativa buscam, por 
meio de um tratamento temporariamente diferenciado, 
promover a equidade entre os grupos que compõem 
a sociedade.
Ações afirmativas, concepção 
 Estados Unidos, onde o movimento negro lutou e conseguiu a garantia de leis 
que promovessem, ao mesmo tempo: “ressarcimento” das perdas de oportunidade 
vividas pelos negros, dada a existência de políticas segregacionistas e uma 
“aceleração” do lento processo histórico para a inclusão social a curto prazo desse 
segmento populacional, bem como a ascendência de minorias étnicas, raciais e 
sexuais. São medidas paliativas, segundo Guimarães (2009, p. 170), “para 
remediar uma situação considerada socialmente indesejável”.
Origem das ações afirmativas:
As organizações não governamentais, ONGs, e os recursos tecnológicos de 
comunicação social (TICS) podem ser utilizados como reforço nos programas 
de ações afirmativas, sobretudo para indígenas? Escolha a alternativa correta.
a) Talvez, mas há a dificuldade da língua impedindo uma efetiva comunicação.
b) Podem e são utilizados, o ISA (Instituto Socioambiental) é uma ONG; todos 
os recursos de comunicação e mídias dos povos indígenas usam TICS.
c) Não devem ser utilizados, esses recursos seriam prova de assimilação 
à cultura nacional.
d) Até poderiam ser utilizados, mas faltam recursos 
para apoio às comunidades indígenas.
e) Organismos que conduzem a política indigenista 
brasileira não permitem; apenas as missões evangélicas 
os utilizam para contato com as respectivas matrizes.
Interatividade
As organizações não governamentais, ONGs, e os recursos tecnológicos de 
comunicação social (TICS) podem ser utilizados como reforço nos programas 
de ações afirmativas, sobretudo para indígenas? Escolha a alternativa correta.
a) Talvez, mas há a dificuldade da língua impedindo uma efetiva comunicação.
b) Podem e são utilizados, o ISA (Instituto Socioambiental) é uma ONG; todos 
os recursos de comunicação e mídias dos povos indígenas usam TICS.
c) Não devem ser utilizados, esses recursos seriam prova de assimilação 
à cultura nacional.
d) Até poderiam ser utilizados, mas faltam recursos 
para apoio às comunidades indígenas.
e) Organismos que conduzem a política indigenista 
brasileira não permitem; apenas as missões evangélicas 
os utilizam para contato com as respectivas matrizes.
Resposta
ATÉ A PRÓXIMA!

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