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• Enfermidade infecciosa, causada por bactéria do gênero Brucella • Doença da reprodução, Enfermidade de importância econômica e em Saúde Pública • Zoonose: a infecção humana está relacionada com a prevalência da infecção nos reservatórios animais, principalmente bovinos • Febre de Malta, Febre do Mediterrâneo, Febre de Gibraltar, Doença das mil faces, Febre ondulante • Doença de Bang, Aborto contagioso, Aborto infeccioso, Aborto epizoótico (bovinos); Abscesso de cernelha, Mal da cruz, Mal da nuca (equinos); Epididimite dos carneiros. Brucella abortus - brucelose bovina • Endêmica em todo Brasil. Prevalência mais alta em gado leiteiro, e animais sexualmente maduros • Doença que afeta a reprodução e cursa com perdas econômicas no rebanho afetado • Causa enfermidade em bovinos e bubalinos, mas pode ser transmitida para equinos, caprinos, ovinos, cães • Espécie relacionada com a maioria das infecções humanas: zoonose ocupacional TRANSMISSÃO • Fonte de infecção: Animal infectado, principalmente vaca ou novilha gestante. (Portadores por toda a vida!) • Vias de eliminação: feto abortado, placenta e líquidos fetais. Secreções vaginais, leite e sêmen. Urina e fezes. Exsudato do abscesso de cernelha (equinos). • Transmissão por contato direto ou ingestão de água e alimentos contaminados (pasto, forragem). Monta natural, Inseminação artificial. • Porta de entrada: mucosa digestiva (oral), pele lesada Sinais Clínicos • Período de incubação: 2 semanas a 6 meses • Aborto: principal sintoma da brucelose, geralmente no terço final da gestação • Retenção de placenta, metrite, aumento do intervalo entre partos • Em touros: orquite, epididimite, atrofia testicular, infertilidade • Outros sinais: artrites, higromas • Infecção assintomática: animais portadores - Depois de um ou dois anos, os abortos podem cessar: fase crônica • Depois que ocorre o aborto ou parto, as brucelas migram para os gânglios e glândulas mamárias, onde podem permanecer durante anos • Letalidade: menor que 1%. PREVENÇÃO • Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal – PNCEBT - Tem como objetivo, baixar a prevalência e a incidência da brucelose e da tuberculose, visando a erradicação • Vacinação obrigatória de fêmeas de 3 a 8 meses de idade • Eliminação de animais positivos • Controle de trânsito de animais * Medidas sanitárias aplicadas à população de bovinos e bubalinos* Vacinação contra Brucelose – PNCEBT • Duas vacinas disponíveis no Brasil: cepas B 19 e cepa RB 51 • Utilizada somente em fêmeas • Efetuada sob responsabilidade de MV cadastrado • Patogênica para humanos - infecção acidental Vacinação contra Brucelose - cepa B19 • Vacina viva liofilizada, elaborada com amostra 19 de Brucella abortus (B19) • Vacinação obrigatória em fêmeas bovina e bubalina, de 3 a 8 meses de idade (Art. 9° IN 10 MAPA/2017) • Proibida a utilização em machos de qualquer idade • Comprovação obrigatória ao Serviço Veterinário Estadual, no mínimo, uma vez por semestre (Art 1° Res SEAPPA RJ 43/2008) • Proibida a utilização em fêmeas com idade superior a oito meses • Previne abortos e confere proteção de 70-80%; diminui a quantidade de organismos patogênicos eliminados no ambiente pelos animais infectados • Induz a formação de anticorpos aglutinantes que podem persistir por 90 a 120 dias, ou mais: pode gerar reação positiva em provas diagnósticas de rotina (falsos positivos) • Fêmeas vacinadas com a cepa B19 devem ser marcadas na face esquerda com o último número do ano da vacinação Vacinação contra Brucelose - cepa B51 • Vacina viva, liofilizada, amostra RB51 • Pode substituir a vacinação com a cepa B19, em bezerras de 3 a 8 meses da espécie bovina • Pode ser utilizada em fêmeas com idade superior a 8 meses • Baixo índice de ocorrência de abortos, se utilizada em fêmeas gestantes • Vacina não indutora da formação de anticorpos aglutinantes: não vai gerar reação positiva nas provas diagnósticas de rotina • Fêmeas vacinadas com a amostra RB51 deverão ser marcadas com um V, na face esquerda • Não pode ser utilizada em machos Vacinação: Procedimentos importantes para evitar infecção acidental e contaminação ambiental Diagnóstico da Brucelose bovina – PNCEBT • Teste do Antígeno AcidificadoTamponado (AAT): teste de rotina • Teste do 2 Mercapto Etanol (2 Me) • Teste de Polarização Fluorescente (FPA) • Teste de Fixação De Complemento • Teste do Anel em Leite • Realizado em: - fêmeas com idade ≥ a 24 meses, se vacinadas com a B19 - fêmeas com idade ≥ a 8 meses, se vacinadas com a RB51 ou não vacinadas - machos com idade ≥ a 8 meses, destinados à reprodução • AAT: a presença de qualquer aglutinação classifica o animal como reagente ao teste • Amostras colhidas pelo MV habilitado Conduta em animais positivos – PNCEBT • IN MAPA nº 50/2013: A brucelose bovina é uma enfermidade de notificação obrigatória de todo caso confirmado • IN 10/2017 Art. 44: Os focos de brucelose deverão ser oficialmente informados pelo serviço veterinário oficial (SVO) às autoridades locais de saúde humana Saúde Pública • A ocorrência de casos humanos de brucelose está relacionada com a presença de casos nos animais. As fontes de infecção e o biótipo variam conforme a região geográfica • Mais de meio milhão de casos novos em humanos reconhecidos anualmente • Enfermidade de caráter predominantemente ocupacional, citada na lista de doenças relacionadas ao trabalho, na Portaria n 1.339/1999 do Ministério da Saúde (CID 10 - A23) • Mais prevalente em trabalhadores rurais que lidam com animais, médicos veterinários e auxiliares, funcionários de matadouros, técnicos de laboratórios • Brucelose no homem: febre contínua ou intermitente cefaleia, sudorese profusa, calafrios, artralgias, alterações genitourinárias, infertilidade, depressão, perda de peso e mal-estar generalizado. • A enfermidade pode durar dias, meses ou se tornar crônica e deixar sequelas graves em sistemas cardiovascular, gastrointestinal e neurológico. • Transmissão: - Contato direto com placenta, feto, e demais produtos do aborto (ou parto); - Ingestão de leite cru e derivados (queijo, manteigas, cremes, sorvetes) feitos com leite não pasteurizados; Acidentes durante a vacinação (autoinoculação ou aerossol; Acidentes durante a vacinação (autoinoculação ou aerossol). • Enfermidade neurológica que afeta o sistema nervoso central, progressiva e de evolução fatal, causada pelo vírus da raiva. • Raiva dos herbívoros ocorre nos bovinos, bubalinos, equinos, ovinos ou caprinos. • Importância em sanidade bovina, como zoonose e economicamente. • A raiva bovina na América Latina causa prejuízos anuais de centenas de milhões de dólares, provocados pela morte de animais e gastos indiretos, como vacinação de bovinos, tratamentos pós-exposição de pessoas que tiveram contato com animais suspeitos, gastos com atendimentos veterinários, descarte de carcaças, etc . • Conhecida como Raiva dos herbívoros ou Raiva rural, Raiva paralítica, Raiva desmondina. • No Brasil a raiva dos herbívoros pode ser considerada endêmica e em graus diferenciados, de acordo com a região. Os principais fatores que contribuem para a ocorrência de raiva no Brasil são: - aumento da oferta de alimento, representado pelo significativo crescimento dos rebanhos; - modificações ambientais, como desmatamento, para formação de pastos, construção de rodovias e de hidroelétricas, que alteraram o ambiente em que os morcegos viviam, obrigando os a procurar novas áreas e outras fontes de alimentação; - oferta de abrigos artificiais, representados pelas construções, como túneis, cisternas, casas abandonadas, bueiros, fornos de carvão desativados e outros; - atuação insatisfatória, em alguns estados brasileiros, na execução do Programa Estadual de Controle da Raiva dos HerbívorosETIOLOGIA • Gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae • Variante 3, identificada em morcegos hematófagos • Vírus é neurotrópico que provoca doença aguda do SNC caracterizada por encefalomielite. EPIDEMIOLOGIA • O ciclo epidemiológico da raiva dos herbívoros é o ciclo rural • Reservatórios do VR no ciclo rural: morcegos e mamíferos silvestres terrestres. Porém, o principal reservatório e fonte de infecção para os herbívoros, são morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus. • Os herbívoros são hospedeiros acidentais e finais do VR: baixa a nula probabilidade de transmissão para outros animas TRANSMISSÃO • Transmissão direta pecutânea através da inoculação de saliva de animais infectados com o VR • No Brasil a raiva dos herbívoros e transmitida, principalmente, pela inoculação do vírus presente na saliva de morcegos hematófagos infectados durante a mordedura alimentar (para ingerir sangue dos hospedeiros). • Morcegos hematófagos são da Família Phyllostomidae, Subfamília Desmodontinae: Gênero Desmudus: Desmodus rotundus: se alimentam de mamíferos PATOGENIA • Após a inoculação, pode ocorrer um período variável de replicação viral no tecido conjuntivo e muscular circunvizinhos no ponto de inoculação, e somente depois disseminação para o SNC. • As partículas também podem penetrar diretamente nos nervos periféricos, sem replicação prévia nos tecidos não nervoso. • Ocorre penetração das partículas de vírus no receptor de acetilcolina (AchR), dos axônios das junções neuromotoras. • O VR atinge então, os nervos periféricos, progredindo centripetamente em direção ao SNC, seguindo o fluxo axoplasmático retrógrado, com deslocamento de 100-400 mm por dia. • No SNC, as partículas alcançam as células neuronais do tronco cerebral, hipocampo, tálamo, medula e do cerebelo. • As lesões de encefalomielite pelo VR são caracterizadas pela infiltração perivascular de células mononucleares, gliose focal e regional e neuronofagia. Ocorre degeneração do neurônio, e desmielinização. • Agrupamentos de proteínas virais formando corpúsculos de inclusões intracitoplasmáticas – os corpúsculos de Negri, podem ser encontrados nos citoplasmas dos neurônios e células de Purkinje, no cerebelo • Período de incubação: em média até 45 dias. Variável, dependendo de fatores como carga viral inoculada, ponto de inoculação, extensão da mordedura, inervação local, idade, imunocompetência do animal etc. Pode chagar a 2 meses • Alcançando o SNC e após intensa replicação, os vírus seguem centrifugamente para o sistema nervoso periférico e autônomo, alcançando órgãos como o pulmão, o coração, os rins, a bexiga, o útero, os testículos, o folículo piloso e, principalmente, as glândulas salivares, sendo eliminados pela saliva. SINTOMAS Bovinos: • Início: mudança de comportamento como isolamento voluntário do animal, apatia, não acompanham rebanho, vocalização (mugidos) constates, etc., • Perda de apetite, anorexia • Incoordenação motora, andar cambaleante, movimentos desordenados da cabeça, perda propioceptiva, dismetria. Pode haver salivação abundante • Decúbito lateral: ao entrar em decúbito lateral, consegue mais se levantar • Movimentos de pedalagem, opistótono, • Dificuldade respiratória, asfixia e morte • Evolução dos sinais clínicos: 3 a 10, podendo chegar a 15 dias DIAGNÓSTICO • Não existem sinais clínicos específicos nem lesões macroscópicas patognomônicas: a confirmação de um caso suspeito de raiva deve se basear sempre em diagnóstico laboratorial. • Raiva: notificação imediata ao SVO (Serviço veterinário oficial) de qualquer caso suspeito (Categoria 2 da IN nº 50/2013). • Material: coletar amostras do SNC (cerebelo, medula espinhal, tronco encefálico, hipocampo, córtex cerebral), armazená-las congeladas ou refrigeradas e enviar para a rede laboratorial o mais rapido possível. O MV deve utilizar equipamento de proteção individual e instrumental apropriados. • Prova de Imunofluorescência direta - PID: prova de eleição e referência - Técnica de Anticorpos Fluorescentes para detectar a reação Ag-Ac usa como sistema indicador uma substância fluorescente - Realizada nas amostras de SNC coletadas - Rápida, muito sensível (95%) e específica • Prova biológica: realizada somente se a PID der negativo: inoculação do material em camundongos ou cultivo celular. Aguardar até 30 dias • Histopatologia: revela uma mieloencefalite não purulenta (não específica). A visualização de corpúsculo de Negri ocorre somente em 70% a 80% de amostras positivas. • OBS: Todo material (amostras de SNC) oriundo de bovino de mais de 24 meses de idade que tenha apresentado sinais neurológicos, que tenha sido negativo para raiva pela PID e pela PB, deve ser encaminhado para diagnóstico de Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB (BSE) Prevenção e controle • Vacinação - Obrigatória em focos e perifocos: Conforme legislação estadual, obrigatória em áreas de risco - Vacina para herbívoros, vírus morto. - A partir de 3 meses de idade. Repetir com 30 dias, em primo vacinados. Reforço anual. - SC ou IM - Vacinas com padrão e qualidade - central de selagem SINDAN. Venda e distribuição controladas. • Uso de pasta anticoagulante (vampiricida) ao redor faz mordeduras recentes de animais agredidos por morcegos hematófagos: Método seletivo indireto • Notificação e Atendimento a focos • Educação em saúde • Doença Priônicas: causada por Prions • Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis – EET: grupo complexo de doenças neurodegerativas, que afetam pessoas e animais, e acometem gravemente toda a estrutura do sistema nervoso central • Causadas pelo acúmulo de uma proteína anormal, que se origina a partir de uma alteração de uma proteína normal do hospedeiro. • Ocorrem em muitas espécies diferentes, e no homem • Formas adquiridas e hereditárias ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB: • Enfermidade degenerativa, crônica e transmissível, do sistema nervoso central de bovinos • Alterações histológicas espongiformes no sistema nervoso central • Doença fatal e com longo período de incubação, caracterizada clinicamente por nervosismo, reação exagerada a estímulos externos e dificuldade de locomoção. • Acomete, principalmente, bovinos leiteiros, entre 3 e 6 nos de idade. • Conhecida como Doença da vaca louca • Enfermidade nunca registrada no Brasil (forma típica) – classificação do BR é “risco insignificante” • OBS: ocorrência de casos atípicos (tipo H) em maio de 2019, em MG, em 2021 em MG • A doença já foi relatada em bovinos de cerca de 20 países, embora acima de 90% dos casos tenha ocorrido na Inglaterra ETIOLOGIA • Príon (PrPc) é uma proteína normal encontrada em diversas células, mas em muita quantidade nas células do tecido nervoso central. São proteínas responsáveis pela ativação de determinadas proteínas, amadurecimento e prolongamento de neurônios, e modulação de respostas imunes. Entretanto, devido à capacidade inata de converterem suas estruturas, podem se tornar patogênicos, sendo agentes causadores de doenças crônicas e degenerativas do sistema nervoso central: as encefalopatias espongiformes. • PrPc: PrP celular (sem alteração) • O agente causador da EEB é o PrPsc que é uma proteína alterada, derivada da proteína normal (PrPc), encontrada nas células do tecido nervoso central. • PrPsc: replicação e acúmulo nas células do sistema nervoso central, depositada de forma anormal e em excesso no cérebro, medula espinhal e muitos nervos e tecidos periféricos: agente etiológico da EEB • Perfil molecular: - tipo C: EEB clássica, que causa a doença clínica - tipo C: EEB atípica, assintomática • extremamente resistente a inativação pelo calor, radiação ultra violeta, proteases e produtos químicos. • sensíveis a disruptores de gorduras, como: fenol, soda, éter, hipoclorito Na, fluorocarbonos TRANSMISSÃO • através da ingestão de produtos deorigem animal provenientes de carcaças infectadas pelo PrPsc • Material de risco: encéfalo, olhos, amídalas, medula espinhal e intestino, desde o duodeno até o reto, de bovinos infectados • Transmissão vertical: possibilidade muito reduzida • A ingestão de menos que um grama de cérebro de um animal contaminado é suficiente para produzir a doença. SINAIS CLÍNICOS – EEB clássica (típica) • Período de incubação: 2 a 8 anos, média 5 anos • Alterações de comportamento: o animal se lambe frequentemente; agressividade, nervosismo, apreensão • Hiperestesia, hipersensibilidade ao toque e a ruídos. • Dificuldades posturais, ataxia • Paralisia progressiva • Andar em círculos • Movimentos oculares assimétricos (nistagmos) • Duração 3 semanas a 6 meses, podendo chagar a 1 ano SINAIS CLÍNICOS – EEB atípica • Normalmente é assintomática, • Associada a bovinos caídos e/ou submetidos ao abate de emergência em frigoríficos (vigilância de EET) • Maioria dos casos descritos em animais maiores de 8 anos. DIAGNÓSTICO • Diagnóstico laboratorial realizado em amostras do sistema nervoso central do animal (exame: post mortem em tecido nervoso) • Coletar amostras do SNC dos bovinos suspeitos (ou utilização de amostras de do SNC de bovinos de mais de 24 meses que tiveram diagóstico negativo para raiva ) • Não existem lesões macroscópicas diretamente relacionadas à doença • Tecido específico de eleição para o diagnóstico : tronco encefálico resfriado ou congelado • Elisa: técnica oficial de rotina para o diagnóstico da EEB no Brasil: detecção da forma anormal do príon (PrPsc) • Imunohistoquimica: confirmatório: detecção da proteína (PrPsc) oistoquímica • Lesão histológica específica: lesões degenerativas, simétricas e bilaterais e localizam-se em certas regiões da substância cinzenta do tronco encefálico. Essas alterações caracterizam-se basicamente por vacúolos que dão o aspecto espongiforme à substância encefálica PROFILAXIA • Não há tratamento ou vacina • Controle de produtos e utilizados de alimentos para ruminantes: proibição do fornecimento, para os ruminantes, de alimentos que contenham proteínas de origem animal, como rações, cama de aviário, resíduos a exploração de suínos, farinhas de animais, etc • Não importar ruminantes e seus produtos de países considerados de risco para a EEB, • Realizar diagnóstico para EEB em amostras de TE de bovinos de mais de 24 meses que testaram negativos para raiva • Encefalite aguda e altamente fatal, que afeta bovinos. • Meningoencefalite herpética • Caracteriza-se por provocar quadro de meningoencefalite muitas vezes associada à necrose do córtex cerebral. • Bovinos são considerados os hospedeiros naturais do BHV-5 • Afeta principalmente bovinos jovens submetidos a situações de estresse: reativação de infecções latentes • BHV 1: rinotraqueíte infecciosa bovina – reação cruzada em sorologias e proteção vacinal • A doença ocorre tanto na forma de surtos como de casos isolados e a morbidade varia de 0,05 a 25% • No Brasil, existem vários relatos em diferentes estados, porém é pouco notificada • Diagnóstico diferencial para raiva em bovinos • Relacionada com reativação da virulência de uma infecção latente, em casos de baixa imunidade como desmana, transporte, e outras causas de stress • Estreita reação sorológica cruzada com BHV-1 ETIOLOGIA • (BHV-5): vírus DNA de cadeia dupla, com envelope, pertencente à família Hespesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae* gênero Varicellovírus • habilidade de estabelecer latência em neurônios dos gânglios sensoriais após a infecção aguda PATOGENIA • A via olfatória é a principal via de acesso do vírus aos SNC: disseminação centrípeta do vírus através de dendritos do nervo trigêmeo, que se originam na faringe e tonsilas, e através do trato olfatório. • A infecção do tronco encefálico ocorre 5 dias após infecção, e do córtex, 11dias após • Os sinais clínicos desenvolvem-se de 10 a 11 dias após a infecção OBS: o BHV-1 se replica de maneira similar, na mucosa nasal, após a inoculação, mas induz a rinotraqueíte. • As principais alterações no SNC: encefalite e meningite não-supurativa, manguitos perivasculares, satelitose, neuroniofagia, gliose, hemorragias, necrose e edema. • O BHV-5 causa infecção latente tanto no gânglio trigêminal quanto no SNC, de animais que sobrevivem à infecção inicial (aguda): reativação da infecção TRANSMISSÃO • Eliminação por secreções nasais e orais e a infecção através da penetração pela mucosa nasal é considerada a rota natural da infecção • O pico de eliminação do vírus ocorre entre os dias 4 e 7 pós-infecção, o que pode ocorrer antes mesmo do aparecimento das lesões no sistema nervoso central. SINAIS CLÍNICOS • Inicialmente: depressão profunda e incapacidade na apreensão de alimentos ou ingestão de água • Corrimento nasal e conjuntivite. • salivação excessiva, paralisia da língua, • Andar em círculos, cegueira, • deficiência proprioceptiva acentuada com perda dos reflexos auditivos e cutâneos, hipermetria, trismo, • tremores na região do pescoço, movimento de propulsão, convulsões, • Opistótono, • decúbito prolongado com dificuldade para voltar a estação, • decúbito esternal evoluindo para decúbito lateral permanente e morte Evolução: 1 a 15 dias, maioria com evolução de 2 a 3 dias DIAGNÓSTICO • Achados de necropsia – macroscopia: Variáveis: desde a ausência de alterações macroscópicas, até congestão dos vasos meníngeos, achatamento das circunvoluções cerebrais, até focos multifocais de malacia caracterizados por áreas amareladas ou acinzentadas deprimidas no córtex cerebral, e hemorragia submeningena. • A hemorragia submeningeana pode ser a principal alteração macroscópica presente em alguns casos • Confirmação laboratorial: Associar achados epidemiológicos, clínicos, de necropsia e histopatológicos. • Excluir raiva • Isolamento do vírus em cultivo celular células: imunofluorescência e detecção de antígenos virais em seções do encéfalo ou em células descamadas presentes nas secreções nasais. • PCR em tecidos do SNC – Sorologia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Raiva, Listeriose, Abcessos cerebrais, Poliencefalomalácia não infecciosa, Encefalopatias hepáticas. PREVENÇÃO • Não existe tratamento • Prevenção de introdução de animais positivos • Em rebanhos infectados: prevenção de stress para não reativação de casos clínicos • Utilização de vacinas contra o BHV 1: proteção cruzada visto que o BHV-1 e o BHV-5 são antigenicamente muito semelhantes: utilizar preventivamente em bezerros antes do desmame, ou até para reduzir as perdas causadas por BHV-5 durante surtos de doença neurológica • Não existem vacinas específicas e eficazes contra o HVB 5 • enfermidades com sinais neurológicos, causadas por toxinas produzidas por bactérias do Gênero Clostridium • As Clostridioses são, geralmente, enfermidades de alta letalidade, superagudas ou agudas, não são contagiosas (infecção/intoxicação com fonte de infecção ambiental), de difícil tratamento, impossíveis de erradicar, de distribuição mundial, enfermidades esporádicas ou endêmicas com surtos epidêmicos • Habitat natural: solo, água • Encontrados no trato digestivo, fezes ➔ homem e demais espécies animais • Produtores de toxina (exotoxinas) e enzimas • Grupo Invasor (ação das toxinas e ação direta nos tecidos) e Não Invasor (patogenicidade por produção de toxinas) • Resistência: forma esporulada: muito resistentes à dessecação, desinfetantes e calor • Toxinfecção causada por toxinas produzidas pelo Clostridium tetani. • Ocorre, geralmente, como sequela de ferimentos. • Caracterizada clinicamente por hiperestesia, tetania e convulsões. • Distribuição mundial. • Hospedeiros ➔ todas as espécies de animais domésticos. Eqüinos, mais susceptíveis do que bovinos. Caprinos, ovinos. • Esporos ➔ presentesno solo e fezes dos animais. • Porta de entrada: feridas penetrantes e profundas (esporos latentes); vias genitais (durante o parto, castrações), descornas, caudectomia, corte de umbigo. • Letalidade alta, principalmente em ruminantes jovens e equinos PATOGENIA • C. tetani (esporos) permanece no local da introdução • Proliferam e produzem neurotoxinas quando as condições ambientais (principalmente anaerobiose) forem favoráveis: - Tetanolisina: promove disseminação da infecção (promove necrose tecidual local) - Tetanospasmina: se difunde até o sistema vascular, onde se distribui, até atingir área pré-sináptica das placas motoras, onde interferem na liberação de neurotransmissores e provoca hiperexcitabilidade • As neurotoxinas podem ser absorvidas pelos nervos motores e periféricos da região e, via ascendente, atingem a medula (SNC). • Causa potencialização dos estímulos sensoriais,espasmos e contrações tônicas da musculatura voluntária • Nenhuma lesão estrutural é produzida • Morte por asfixia ➔ paralisia dos músculos respiratórios SINAIS CLÍNICOS • Período de incubação ➔ 1 a 3 semanas até meses • Começa com aumento generalizado de rigidez muscular acompanhada por tremor muscular. • Com o aumento a tetania muscular: membros em abdução (“posição de cavalete”) • Trismo: restrição dos movimentos mandibulares, dificuldade em abrir a boca • Prolapso de terceira pálpebra • Orelhas eretas (em tesoura) • Expressão ansiosa e alerta: dilatação das narinas • Cauda rígida (“cauda em bandeira”) • Resposta exageradas aos estímulos normais • Rigidez dos membros posteriores: dificuldade de marcha, andar errante e instável, quedas frequentes com dificuldade de retornar a estação. • Opistótono • Convulsões estimuladas por som e toque e espontâneas, na fase final. • A maioria dos casos sem tratamento, evolui para o óbito, sendo que a evolução varia entre as espécies: equinos e bovinos, entre 5 e 10 dias; enquanto ovinos e caprinos, 3 e 4 dias. Prognóstico reservado: • Evolução: maioria evolui para óbito, sendo que a evolução varia entre as espécies: - equinos e bovinos, entre 5 e 10 dias; - ovinos e caprinos, 3 e 4 dias DIAGNÓSTICO • Não há achados macroscópicos ou histológicos • Anamnese ➔ história recente de feridas, lesão acidental ou cirúrgica são achados característicos • Exame clínico: tetania • Coloração de Gram de fragmento da lesão: não conclusivo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Laminite aguda, Meningite cerebroespinhal, Tetania da lactação das vacas, Raiva, Enterotoxemia dos cordeiros TRATAMENTO • Equinos e ovinos ➔ resposta pequena, letalidade de até80% • Bovinos ➔ frequentemente se recuperam Deve ser realizado logo nos primeiros sinais clínicos. • Princípios: Eliminar a bactéria ➔ antibióticos e desinfecção da ferida Neutralizar as toxinas ➔ Soro anti-tetânico Relaxar a tetania e controlar os espasmos musculares ➔ miorrelaxantes Tratamento suporte como hidratação e nutrição são fundamentais para um tratamento eficaz. PREVENÇÃO • Tratamento de feridas cirúrgicas (pós operatórios eficientes), e acidentais • Soro antitetânico antes de intervenções cirúrgicas, principalmente em equinos • Vacinas • É uma intoxicação altamente fatal, não febril, causada pela ingestão de toxinas produzidas pelo Clostridium botulinum • Acomete principalmente bovinos e ovinos se caracterizando clinicamente por paralisia flácida. • Grandes perdas econômicas no Brasil, principalmente em função do número de animais mortos todos os anos. • Estreita associação com ingestão de alimento mal conservado, sendo que o principal fator de risco no Brasil é a carência de FÓSFORO com predisposição para ingestão de ossos contaminados com a toxina. • O Botulismo por deficiência de fósforo ocorre, principalmente, em rebanhos criados extensivamente e com suplementação mineral inadequada ou ausente. • Caráter sazonal ➔ chuvas • Morbidade variável: depende da quantidade de toxina ingerida • Letalidade elevada • Bovinos, ovinos, caprinos, equinos, asininos e suínos (esporádico) ➔ tipos C e D, Esporos ➔ resistentes a autoclavação • Neurotoxinas produzidas ➔ A,B,C1,C2,D,E,F e G • Relativamente resistentes aos agentes químicos • Sensíveis a dessecação e ao calor ➔ 80°/10min. • Rapidamente inativadas pela luz solar direta TRANSMISSÃO • Por ingestão de toxinas, geralmente na água ou alimentos contaminados • Fontes de infecção comuns: alimentos estragados, como silagem, milho, carcaças PATOGENIA • Os esporos do C. botulinum, em condição propícia, germinam e se transformam na forma vegetativa, capaz de produzir toxinas. • A infecção (intoxicação) ocorre quando os animais ingere as toxinas são absorvidas pela corrente sanguínea e transportadas, via hematógena, até neurônios sensíveis • As toxinas vão atuar nas junções neuromusculares causando paralisia funcional motora devido ao bloqueio da liberação de acetilcolina, impedindo a passagem do impulso nervoso OBS: As toxinas não atingem o SNC, • Osteofagia • Mineralização mal feita cocho de sal descoberto • Silagem mal conservada • Feno com carcaça de roedores • Milho: excelente meio de cultura para o C. botulinum. O botulismo também é conhecido como “Mal das Palhadas” • BOTULISMO HÍDRICO • Cacimba • Carcaças contaminando solo SINAIS CLÍNICOS • Período de incubação ➔ algumas horas até 18 dias. • ➔ quantidade de toxina ingerida. • Classificação do botulismo segundo o tempo de evolução: ✓Superagudo ➔ morte em menos de 24 horas ✓Agudo ➔ entre 24 e 48 horas ✓Subagudo ➔ 3 a 7 dias ✓Crônico ➔ acima de 7 dias • Início: Ataxia (andar cambaleante, principalmente membros posteriores, progredindo para os anteriores, cabeça e pescoço) • Paresia ou paralisia dos músculos da locomoção (posteriores ➔ anteriores ➔ pescoço ➔cabeça), mastigação e deglutição. • Dificuldade respiratória ➔ respiração abdominal • Midríase • Estado mental ➔ aparentemente normal (não afete SNC) • Não há FEBRE ! Bradicardia • Diminuição tônus muscular da língua ➔ pode permanecer fora da boca • Salivação e dificuldade na apreensão e mastigação dos alimentos • Animal em decúbito ➔ cabeça apoiada no flanco • Morte ➔ parada respiratória DIAGNÓSTICO Baseia-se no quadro clínico-epidemiológico: • Histórico de deficiência de fósforo - osteofagia • Presença de carcaças na pastagem • Sinais clínicos • Não há lesões macroscópicas ou histopatológicas primárias • Exame negativo para raiva (exclusão) Laboratorial: evidenciar a presença da toxina • Material ➔ conteúdo ruminal e/ou intestinal ➔ fragmento de fígado ➔ soro sanguíneo e fezes (animal vivo) • Acondicionamento ➔ resfriado ou congelado • Testes utilizados: Bioensaio em camundongos, ELISA, PCR. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Raiva, Listeriose, HBV – 5, Polioencefalomalácea, Hipocalcemia/hipomagnesemia PROFILAXIA E CONTROLE • Eliminação de carcaças: • Cremação ➔ transformar em cinzas • Enterramento ➔ profundo • Suplementação mineral adequada (FÓSFORO) ➔ cocho coberto • Retirada dos animais do pasto problema • Evitar ➔ água estagnada • Vacinação ➔ vacinas de eficácia comprovada • De forma geral: 2 doses iniciais ➔ intervalo de 3 a 6 semanas, e revacinação anual ➔ todo o rebanho • Vacinação Estratégica: vacinar animais 15 dias antes da introdução de alimento de risco na dieta, e/ou da entrada em confinamento
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