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O Direito Empresarial, ou Direito Comercial, é um ramo do Direito que tem como objetivo cuidar o exercício da atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços, a chamada empresa. No que se refere a Constituição Federal, a carta magna dispôs que a exploração de atividades econômicas deve ser atribuída à iniciativa privada. Portanto, aos particulares fica o papel primordial, reservando ao Estado apenas uma função supletiva. Isso quer dizer que, ao contrário do contencioso judicial, ele faz análises antecipadas do negócio e procura ter ações preventivas para poupar problema aos clientes. Seu objeto de estudo é resolver os conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas. ● EVOLUÇÃO HISTÓRICA A afirmação e a expansão do capitalismo se deram, em grande medida, por meio do comércio. → Primeiro o comércio interior e terrestre; → Depois o comércio internacional, além-mar; → E hoje, a navegação suplantou o tempo e o espaço e existe o e-commerce. → Fase Primitiva (Antiguidade): ↳ A troca era a versão original do comércio, a qual evoluiu para a modalidade de compra e venda e intermediação, decorrente do surgimento da moeda. ↳ O Código Legal (instituído por Urnamu), o Código de Hamurabi e o Corpus Juris Civilis são exemplos de ativismo estatal na regulação do comércio. → Fase Subjetiva: ↳ O direito comercial dessa fase era criado por corporações de ofício, as quais, por terem uma estrutura corporativa e classista, tiveram a força política e a econômica necessárias ao estabelecimento de regras próprias para os comerciantes. ↳ Comerciante era quem estava matriculado em uma corporação de ofício. → Fase Objetiva: ↳ Transformou-se em um ramo do direito aplicável a determinados atos, não a determinadas pessoas. Tais atos estariam elencados em legislação comercial e quem fizesse da sua profissão o exercício deles seria alcançado pelo direito comercial. → Fase Subjetiva Moderna ou Empresarial: ↳ O direito empresarial incide na atividade tida como econômica. O objeto do direito é estável, a atividade (empresa). Todavia, apesar de incidir sobre a empresa (objeto), os reflexos jurídicos dos negócios recairão sobre os sujeitos titulares das empresas (empresários e sociedades empresárias). ● BREVE HISTÓRICO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL A instalação da corte portuguesa no Brasil e a abertura dos portos ao comércio estrangeiro, decretada pela Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, marcaram o início da história do direito comercial brasileiro. Com a independência do Brasil, que veio a ocorrer em 1822, surgiu a necessidade inadiável de uma legislação própria. Diante disso, a Assembleia Constituinte e Legislativa, eleita em 1823, para suprir a carência de leis nacionais sobre o comércio no território nacional, determinou a aplicação da legislação comercial de Portugal, porém, o Brasil desse período vivia uma notável ascensão econômica. O tráfego mercantil tomava proporções, e não havia uma legislação homogênea o bastante para garanti-lo. Exigia-se um código comercial que pudesse suprir as lacunas da legislação esparsa então existente e capaz de assegurar a regularidade dos tratos comerciais. Em 1832, foi nomeada uma comissão para a elaboração do Código Mercantil. Somente em 1º de julho de 1850, foi publicado o Código Comercial. O código projetado continha 1.299 artigos, compreendidos em três partes: → A primeira tratava das pessoas do comércio, dos contratos e das obrigações; → A segunda tratava do comércio marítimo; → A terceira tratava das quebras. O código acolhia implicitamente a teoria dos atos de comércio. Tanto que o Regulamento n. 737 de 1850 enumerou as atividades sujeitas aos tribunais do comércio. Mantinha-se a separação entre direito civil e direito comercial, de molde que as atividades com fins lucrativos, descritas como atos de comércio, submetiam-se ao direito comercial, ao passo que as demais, lucrativas ou não, submetiam-se ao direito civil. A teoria dos atos de comércio reinou até o Código Civil de 2002, quando passou a vigorar a teoria da empresa, de origem italiana. → Princípios e regras da Constituição Federal aplicáveis; → O Código Comercial, o Código Civil, bem como tratados e convenções sobre matéria empresarial; → Normas-princípio expressamente enunciadas, como a função social do contrato e a preservação da empresa; → As regras prescritas pelos decretos, instruções e regulamentos editados pelas autoridades competentes; → As normas provenientes de auto regulação e as consuetudinárias (costume). Como o direito empresarial é uma área ampla e que dá liberdade ao advogado e ao empresário de explorar e desenvolver o negócio que deseja, há princípios fundamentais que ajudam a nortear sua execução. → Princípio da dignidade humana: O princípio da dignidade da pessoa humana se refere à garantia das necessidades vitais de cada indivíduo, ou seja, um valor intrínseco como um todo. ... Um dos valores fundamentais está o da dignidade da pessoa humana, que tem como foco a garantia da vida digna, presente no art. 1º, inc. III da Constituição Federal de 1988. → Princípio da função social da empresa: Embora a empresa seja privada e tenha como intuito visar o lucro do empresário, é necessário que ela tenha um apelo social, assumindo uma responsabilidade de cunho comunitário. Dessa forma, de maneira nenhuma os valores sociais do trabalho podem ser feridos, e a dignidade da pessoa humana precisa ser preservada. Não basta apenas respeitar o direito do consumidor, mas é necessário pensar em contribuir para o desenvolvimento de áreas econômicas como: econômica, social, cultural e, até mesmo com o meio ambiente (art. 5º, inc. XXIII da CF/88). → Princípio da preservação da empresa: A conservação da empresa embasa-se na importância da continuidade das atividades de produção de riquezas pela circulação de bens ou prestação de serviços como um valor a ser protegido, e reconhece os efeitos negativos da extinção de uma atividade empresarial, que acarreta prejuízos não só aos investidores, como a toda a sociedade. Cabe, porém, ressaltar que a preservação da atividade empresarial não se confunde com a preservação da sociedade empresária. É que a teoria da empresa consagrou a distinção estanque entre empresa e empresário. E é a atividade desenvolvida (empresa) que merece proteção especial do Estado em razão de todos os benefícios que produz. → Princípio da livre iniciativa: Na livre iniciativa, o empresário tem liberdade para exercer sua iniciativa privada. É considerado como direito fundamental pelo fato de permitir ao cidadão o direito de acesso à produção de bens e serviços por conta, risco e iniciativa própria do cidadão que empreende qualquer atividade econômica. Ou seja, o empreendedor tem liberdade de explorar qualquer nicho que deseja, desde que de forma lícita. Isso não significa que ele poderá fazer tudo da forma que desejar. Em alguns momentos o estado deve intervir como agente regulador para manter o controle e o bem comum a todos. Intrinsecamente ligado ao princípio da livre-iniciativa, tem- se o princípio da livre-concorrência. Ambos são complementares, mas, enquanto a livre- iniciativa aponta para a liberdade política, que lhe serve de fundamento, a livre-concorrência significa a possibilidade de os agentes econômicos poderem atuar sem embaraços juridicamente justificáveis, em determinado mercado. → Princípio da livre concorrência: O princípio da livre-concorrência, introduzido na ordem constitucional pela carta de 1988, preceitua que todos podem livremente concorrer, com lealdade, no mercado, visando à produção, à circulação e ao consumo de bens e serviços Possui caráter instrumental, assegurando que a fixação dos preços das mercadorias e serviços não deve resultar de atos cogentes da autoridade administrativa, mas simdo livre jogo das forças na disputa de clientela, conforme o oscilar da economia de mercado. Tal princípio visa a impedir que o poder econômico domine o mercado, que a avalanche capitalista, impulsionada pelo lucro, concentre o poder econômico de maneira antissocial e, pois, abusiva. Com efeito, esse princípio exige do Estado uma atitude proativa no mercado para coibir excessos por meio de tratamento desigual aos desiguais, na medida em que se desigualam, porquanto um tratamento uniforme, por exemplo, a Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (... incisos) empresas de grande e de pequeno porte, ocasionará concorrência desleal. O art. 170 da Constituição Federal (fala sobre a livre iniciativa e a livre concorrência) assegura aos brasileiros e residentes no país o direito de se estabelecer como empresário. Mas isto não quer dizer que o Estado tem controle zero sobre o mercado. No Brasil, há um controle sobre a concorrência, com o intuito de evitar que a livre iniciativa leve o país à alguma forma de capitalismo selvagem, pois os concorrentes – empresas livres para existir no mercado – não podem se controlar entre si. → Princípio da valorização do trabalho humano: A valorização do trabalho humano não significa apenas criar medidas de proteção ao trabalhador que limitem, dentre outros princípios, a livre iniciativa, mas sim admitir o trabalho e o trabalhador como principal agente de transformação da economia e meio de inserção social. → Princípio da soberania nacional: Este princípio visa garantir que o exercício de qualquer atividade econômica realizada no Brasil não entre em choque com os interesses nacionais. A noção de interesse nacional tem sido usada como ferramenta analítica e instrumento de ação política. (CRFB/1988 – art. 1, Inc. I c/c. art. 170, Inc. I) → Princípio da boa-fé objetiva: A boa-fé impõe ao empresário e à sociedade empresária o dever de “buscar a realização de seus interesses na exploração da atividade empresarial cumprindo rigorosamente a lei e adotando constante postura proba, leal, conciliatória e colaborativa”. Há, por assim dizer, legítima expectativa de que os empresários (em sentido amplo), entre si e em relação a seus consumidores, construam um padrão de conduta a permitir a conclusão dos objetivos dos negócios jurídicos que entabularem cotidianamente. Deverá haver probidade e cooperação na fase pré-contratual (da oferta), durante a execução do contrato, fase contratual propriamente dita, bem como na fase pós-contratual. Um consumidor satisfeito, potencialmente, incorporar-se-á à carteira de clientes de determinado fornecedor, se este tiver se portado de maneira cooperativa com o referido cliente. → Princípio da facilitação da defesa do consumidor: Princípio que busca incentivar o desenvolvimento das relações comerciais, bem como viabilizar o desenvolvimento econômico e o bem-estar da coletividade, tendo o consumidor como sujeito fundamental para a circulação de bens numa economia de mercado, que não pode ser visto apenas como instrumento para obtenção de lucro. (CRFB/1988 – art. 5o, XXXII c/c art. 170, V) → Princípio de defesa do meio ambiente: Princípio diretamente atrelado ao conceito de desenvolvimento sustentável no sentido de preservar aquelas coisas nas quais se sustenta o desenvolvimento. Assim, a defesa do meio ambiente está intimamente ligada ao direito à vida e, por isso, deve preponderar sobre quaisquer considerações de desenvolvimento econômico desenfreado. Dessa forma, a tutela do meio ambiente serve como mandamento aos agentes econômicos no exercício de qualquer iniciativa privada, especialmente das atividades empresariais bem como ferramenta de proteção da cidadania. → Princípio da redução das desigualdades regionais e sociais Trata-se de princípio que busca equilibrar, simultaneamente o crescimento econômico com a redução das desigualdades econômicas a fim de erradicação da pobreza e a marginalização social. Parte-se da premissa de que o processo de desenvolvimento econômico no Brasil não pode ser desenfreado. Busca-se contribuir para o estável funcionamento dos mercados com evidente função social (CRFB/1988 – art. 3o, III c/c art. 170, VII). → Princípio da busca do pleno emprego: Princípio que deve ser entendido como uma busca pela “expansão das oportunidades de emprego produtivo”. Neste sentido, busca-se propiciar trabalho a todos quantos estejam em condições de exercer atividade produtiva com pleno emprego da força de trabalho capaz. Este princípio se harmoniza com o princípio da valorização do trabalho humano, pois se impede que o princípio seja considerado apenas como mera busca quantitativa. O homem que vive sem possibilidades de emprego, em estado de escassez econômica, está impossibilitado para desenvolver suas capacidades básicas, situação que ofende a dignidade da pessoa humana, inclusive. → Princípio do tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte: Princípio que visa facilitar as atividades das microempresas e empresas de pequeno porte e, dessa forma, promove a efetivação da livre-iniciativa, bem como da livre concorrência. Diante disso, ocorre ampla abertura para o livre exercício de atividade econômica, tornando mais simples a disputa saudável pelo mercado consumidor. A diferença entre esses dois pequenos empresários é estabelecida na lei complementar no 123/2006 (alterada pela lei complementar no 128/2008). São esses os fundamentos que servem de base para todo o sistema jurídico, ou seja, os alicerces das demais normas jurídicas.
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