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Lesão do tecido saudável pela resposta imune

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Lesão do tecido saudável pela resposta 
imune
APRESENTAÇÃO
Eventualmente, o nosso sistema imune engana-se e inicia respostas exageradas a antígenos 
inofensivos (hipersensibilidade) ou a elementos próprios (autoimunidade).
Dentre as doenças mais representativas, dá-se grande destaque ao lúpus eritematoso sistêmico, 
doenças reumáticas, esclerose múltipla e diabetes tipo 1.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Contrastar as reações hipersensíveis às autoimunes;•
Identificar os mecanismos que levam às reações autoimunes;•
Indicar as principais doenças autoimunes.•
DESAFIO
A Artrite Reumatoide é uma doença crônica, inflamatória, cuja principal característica é a 
inflamação das articulações. Relacione os principais efeitos ambientais que podem levar ao 
surgimento dessa enfermidade.
Acesse:
Cartilha Artrite Reumatoide
INFOGRÁFICO
Veja o material que reúne uma série de lesões do tecido saudável que foram causadas pela 
resposta imune inadequada.
https://www.reumatologia.org.br/download/artrite-reumatoide-2/
CONTEÚDO DO LIVRO
As doenças conhecidas como doenças autoimunes e muitos tipos diferentes têm sido descritos. 
Elas não são raras; aproximadamente 5% da população dos países desenvolvidos apresentam 
uma ou mais dessas condições, e a sua incidência está aumentando. As doenças autoimunes 
podem ser causadas por anticorpos, que alteram a função fisiológica normal, ou por células T 
inflamatórias, que danificam as células ou os tecidos sadios, a uma taxa que está além da 
capacidade de reparo do organismo. Quando o tecido-alvo está envolvido em funções rotineiras 
essenciais, a doença autoimune pode se tornar uma ameaça para a vida.
Para conhecer mais sobre este assunto, leia o capítulo selecionado "Lesão do tecido saudável 
pela resposta imune" presente na obra O Sistema Imune de Peter Parham (Artmed, 2011).
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Catalogação na publicação Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
P229s Parham, Peter. 
 O sistema imune [recurso eletrônico] / Peter Parham ; 
 [tradução: Christian Viezzer ... et al.] ; revisão técnica: Denise 
 Cantarelli Machado. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto 
 Alegre : Artmed, 2011.
 
 Editado também como livro impresso em 2011.
 ISBN 978-85-363-2678-8
 1. Imunologia. 2. Sistema imune. I. Título. 
CDU 577.27
Equipe de tradução:
Christian Viezzer (Cap. 8)
Biólogo.
Mestre em Engenharia e Tecnologia de Materiais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Doutorando em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais – UFRGS.
Denise C. Machado (Cap. 5, 6, 7, 11 e 16, iniciais, respostas, índice)
Bióloga.
Mestre em Genética – UFRGS.
Doutora em Imunologia pela University of Sheffield, UK.
Professora da Faculdade de Medicina e pesquisadora do Instituto de Pesquisas Biomédicas – PUCRS.
Florencia María Barbé-Tuana (Cap. 14 e 15)
Bioquímica.
Mestre e doutora em Ciências Médicas: Nefrologia Básica – UFRGS.
Gaby Renard (Cap. 10)
Médica veterinária.
Mestre e doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica – UFRGS.
Pesquisadora da Quatro G Pesquisa e Desenvolvimento Ltda, TECNOPUC.
Lucien Peroni Gualdi (Cap. 9 e 12, glossário)
Fisioterapeuta.
Mestre e doutoranda em Pediatria e Saúde da Criança – PUCRS e Nationwide Children’s Hospital, Ohio State University.
Paula Müssnich de Freitas (Cap. 13)
Bióloga.
Mestre e doutoranda em Gerontologia Biomédica – PUCRS e Università degli Studi di Napoli Federico II.
Rivo Fischer (Cap. 1, 2, 3 e 4)
Mestre e doutor em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Vimos como a hipersensibilidade aos antígenos inócuos do meio ambiente leva à 
doença aguda ou crônica, dependendo do tipo de antígeno e da frequência de expo-
sição a ele (ver Capítulo 12). Neste capítulo, outro conjunto de doenças crônicas será 
considerado, aquelas doenças causadas pela imunidade adaptativa que se tornam 
erroneamente dirigidas às células e aos tecidos sadios do organismo. As doenças 
conhecidas como doenças autoimunes e muitos tipos diferentes têm sido descritos. 
Elas não são raras; aproximadamente 5% da população dos países desenvolvidos 
apresentam uma ou mais dessas condições, e a sua incidência está aumentando. 
As doenças autoimunes podem ser causadas por anticorpos, que alteram a função 
fisiológica normal, ou por células T inflamatórias, que danificam as células ou os 
tecidos sadios, a uma taxa que está além da capacidade de reparo do organismo. 
Quando o tecido-alvo está envolvido em funções rotineiras essenciais, a doença au-
toimune pode se tornar uma ameaça para a vida.
As doenças autoimunes são causadas por respostas imunes adaptativas indeseja-
das, representam falhas no mecanismo que mantém a autotolerância – impede o 
ataque às próprias células ou tecidos – nas populações de células B e T circulantes. 
Apesar de se saber muito a respeito dos efeitos das doenças autoimunes, pouco se 
sabe sobre os eventos que interrompem a tolerância e causam a resposta autoimu-
ne. A primeira parte deste capítulo descreve algumas das doenças autoimunes mais 
comuns; a segunda parte discute alguns dos fatores para predisposição a doenças 
autoimunes e como eles podem levar a uma interrupção da tolerância e levar à 
doença.
Doenças autoimunes
Existem muitas doenças crônicas nas quais o sistema imune está ativo, com fre-
quência fazendo com que o tecido afetado torne-se inflamado e anormalmente in-
filtrado por linfócitos e outros leucócitos, mas no qual parece não haver infecção ati-
va associada. Essas doenças são causadas pelo próprio sistema imune que ataca as 
células e os tecidos do organismo como se eles estivessem infectados, causando um 
comprometimento crônico dos tecidos e das funções dos órgãos. As doenças crôni-
cas desse tipo são coletivamente conhecidas como doenças autoimunes, porque são 
causadas pelas respostas imunes dirigidas para o componente autólogo (próprio) 
do organismo. A resposta imune que produz uma doença autoimune é chamada de 
resposta autoimune e produz um estado de autoimunidade.
As doenças autoimunes variam amplamente em relação aos tecidos que atacam e 
aos sintomas que causam. Algumas são localizadas em um determinado tipo celu-
lar ou órgão, outras atacam sistemicamente. Na maioria das doenças autoimunes, a 
Capítulo 13
Lesão do tecido saudável pela 
resposta imune
400 Peter Parham
incidência difere entre homens e mulheres, sendo as mulheres mais frequentemen-
te afetadas. Uma característica típica dessas doenças é a presença de anticorpos e 
células T específicas para antígenos expressos pelo tecido-alvo. Estes antígenos são 
denominados autoantígenos e são um subtipo de antígenos próprios; os efetores da 
imunidade adaptativa que os reconhecem são conhecidos como autoanticorpos e 
células T autoimunes. O mecanismo de reconhecimento do antígeno e das funções 
efetoras na autoimunidade são os mesmos que aqueles usados para responder aos 
patógenos e aos antígenos ambientais; as respostas são prejudiciais devido a uma 
variedade de mecanismos efetores imunes.
13-1 Em indivíduos saudáveis, o sistema imune é tolerante 
aos antígenos próprios
Ao longo do capítulo anterior, encontramos mecanismos que impedem as cé-
lulas e os tecidos saudáveis do organismo de estimular a resposta imune ou de 
serem atacados pelos mecanismos efetores da resposta imune. Juntamente, es-
ses mecanismos tornam o sistema imune autotolerante. As proteínas reguladoras 
no sangue e nas superfícies celulares impedem a fixação do complemento nas 
células humanas e o reconhecimento de moléculas da imunidade inata que fo-
ram selecionados, há mais de cem milhões de anos, para distinguir componentes 
microbianos de componentes humanos (ver Capítulo 2). Para as células B e as 
células T da imunidade adaptativa, que aleatoriamente evoluíram novos recep-
tores a todo momento, há uma grande variedade de mecanismos que eliminam 
ou inibem as células que expressamreceptores reativos aos antígenos próprios 
(Figura 13.1).
A seleção negativa das células T no timo e das células B na medula óssea elimina os 
linfócitos portadores de receptores autorreativos antes que eles possam deixar os 
órgãos linfoides primários – o fenômeno de tolerância central (ver Capítulos 6 e 7). 
A eficiência da tolerância central é aumentada por proteínas tecido-específicas que 
participam da seleção negativa no timo, por meio da atividade do fator de transcri-
ção AIRE (ver Seção 7-12, p. 202). Estas células autorreativas que escapam da dele-
ção pela tolerância central e entram na circulação periférica podem se tornar não 
responsivas por meio da indução de um estado de anergia ou por meio da supressão 
ativa pelas células T reguladoras.
Outro método que impede que a resposta imune seja produzida contra alguns 
antígenos próprios é que eles podem ser sequestrados para os sítios imunologi-
camente privilegiados, que não são acessíveis aos leucócitos circulantes. Os exem-
plos destes sítios são o cérebro, os olhos e os testículos. Durante a gravidez, o útero 
é um sítio imunologicamente privilegiado, onde o feto não é exposto aos leucóci-
tos maternos. Na evolução dos mamíferos para reprodução placentária, esta foi 
uma necessidade, pois as células fetais expressam moléculas do HLA de classe I e 
II paternas, contra as células B e T maternas que têm o potencial de realizar uma 
forte resposta alorreativa.
13-2 Doenças imunes são causadas pela perda da tolerância 
aos antígenos próprios
Sempre que as células efetoras e as moléculas do sistema imune entram em um teci-
do infectado para combater um patógeno, há uma inevitável destruição das células 
não infectadas e lesão dos tecidos saudáveis. Uma considerável extensão de sinto-
mas e patologia das doenças infecciosas é devido às atividades do sistema imune e 
não do patógeno, e muitos dos medicamentos que tomamos para aliviar os sinto-
mas da doença são para inibir a inflamação e outras reações imunes. Normalmente, 
após eliminação bem-sucedida do patógeno, a resposta inflamatória é eliminada e 
as células T efetoras também morrem ou são inativadas para tornarem-se células de 
memória. No local da infecção, as células mortas e os restos celulares serão removi-
dos, e o tecido reconstruído, processos nos quais as células do sistema imune, como 
os macrófagos e as células T γ:δ, estão intimamente envolvidas.
Mecanismos que contribuem
para a autotolerância imunológica
Seleção negativa na medula óssea e no timo
Expressão de proteínas tecido-específicas no timo
Os linfócitos não têm acesso a alguns tecidos
Supressão das respostas autoimunes pelas
células T reguladoras
Indução de anergia nas células B e T autorreativas
Figura 13.1 Mecanismos que contri-
buem para a autotolerância imuno-
lógica.
O Sistema Imune 401
As doenças autoimunes ocorrem quando alguns aspectos da autotolerância são 
perdidos, e a resposta imune adaptativa é direcionada contra os componentes nor-
mais do organismo humano saudável. Em essência, a resposta luta para eliminar os 
antígenos-alvo do organismo e, até que esse objetivo seja atingido, o paciente mor-
re ou ocorre uma inflamação crônica e infiltração de linfócitos nos tecidos onde os 
antígenos-alvo são expressos. Isso interfere profundamente com a função do tecido. 
Embora os mecanismos reguladores do sistema imune respondam a esta situação 
e possam promover um alívio temporário entre os episódios da doença, as doen-
ças autoimunes são raramente resolvidas ou curadas. Elas são doenças crônicas nas 
quais a resposta imune permanece suspensa na sua fase destrutiva e nunca chega à 
reconstituição.
13-3 Mecanismos efetores da autoimunidade lembram 
aqueles que causam as reações de hipersensibilidade
Assim como as reações de hipersensibilidade descritas no Capítulo 12, as doenças 
autoimunes podem ser classificadas de acordo com o tipo de mecanismo efetor 
imunológico que causa a doença (Figura 13.2). Três tipos de doenças autoimunes 
correspondem à hipersensibilidade do tipo de II, III e IV. Nenhuma doença autoi-
mune é causada por IgE, a fonte das reações de hipersensibilidade do tipo I. As 
doenças autoimunes correspondentes à hipersensibilidade do tipo II (ver Seção 
12-17, p. 386) são causadas por anticorpos dirigidos contra os componentes da su-
perfície celular ou da matriz extracelular. Aqueles correspondentes à hipersensibili-
dade do tipo III (ver Seção 12-19, p. 389) são causados pela formação de complexos 
imunes solúveis que se depositam nos tecidos, e aqueles correspondentes à hiper-
sensibilidade do tipo IV (ver Seção 12-22, p. 392) são causados por células T efetoras. 
As doenças autoimunes desses três tipos estão descritas na Figura 13.2.
A autoimunidade correspondente à reação de hipersensibilidade do tipo II é fre-
quentemente dirigida contra as células sanguíneas. Na anemia hemolítica autoi-
mune, os anticorpos IgG e IgM se ligam aos componentes da superfície dos eritró-
citos, onde ativam o complemento pela via clássica, desencadeando a destruição 
das hemácias. A ativação completa da via clássica leva à formação do complexo de 
ataque à membrana e hemólise – lise das hemácias. Alternativamente, os eritróci-
tos revestidos com anticorpos e C3b são eliminados da circulação, principalmente 
pelos receptores de Fc e receptores do complemento nos fagócitos do baço (Figura 
13.3). Todos os mecanismos levam a uma redução na contagem das hemácias. Essa 
condição é denominada anemia, um termo derivado da palavra grega que significa 
“sem sangue”.
Os leucócitos também podem ser alvo dos autoanticorpos e da ativação do comple-
mento. Como as células nucleadas são menos suscetíveis que os eritrócitos à lise 
mediada pelo complemento, o principal efeito da ativação do complemento é faci-
litar a eliminação dos leucócitos no baço mediada pelos fagócitos. Os pacientes que 
produzem anticorpos contra os antígenos de superfície dos neutrófilos apresentam 
números reduzidos de neutrófilos circulantes, um estado denominado neutrope-
nia. As células sanguíneas que apresentam anticorpo e complemento ligados ainda 
são capazes de funcionar, de modo que o tratamento usado para pacientes com au-
toimunidade crônica contra as células sanguíneas é a esplenectomia, que reduz a 
velocidade na qual as células opsonizadas são eliminadas do sangue.
As respostas de anticorpos contra os componentes da matriz extracelular são raras, 
mas podem ser muito nocivas quando ocorrem. Na síndrome de Goodpasture, a 
IgG é produzida contra a cadeia α3 do colágeno tipo IV, o colágeno encontrado nas 
membranas basais de todo o organismo. Os anticorpos se depositam ao longo das 
membranas basais dos glomérulos e dos túbulos renais, desencadeando uma res-
posta inflamatória no tecido renal (Figura 13.4). Essas membranas basais são parte 
essencial do mecanismo renal de filtração sanguínea e, à medida que IgG e as célu-
las inflamatórias se acumulam, a função renal torna-se progressivamente reduzida, 
levando à insuficiência renal e à morte, se não for tratada. O tratamento envolve a 
troca de plasma para remover os anticorpos existentes e os fármacos imunossupres-
402 Peter Parham
sores para prevenir a formação de novos anticorpos. Embora os autoanticorpos se-
jam depositados nas membranas basais de outros órgãos, a alta pressão de filtragem 
do sangue pelos glomérulos renais é a função vital mais sensível aos seus efeitos. Na 
verdade, a lesão renal pelo sistema imune é responsável por um quarto de todos os 
casos de falência renal terminal.
A glomerulonefrite também pode ser uma consequência de doenças autoimunes 
que produzem complexos imunes solúveis, como nas reações de hipersensibilida-
de do tipo III. Na doença lúpus eritematoso sistêmico (LES), a IgG produzida con-
tra macromoléculas intracelulares comuns forma complexos solúveis com esses 
Figura 13.2 Uma seleção de doenças 
autoimunes, os sintomas que elas cau-
sam e os autoantígenos associados à 
resposta imune. As doenças autoimunes 
são classificadasnos tipos II, III e IV, pois 
os efeitos da lesão tecidual são similares 
àqueles das reações de hipersensibilidade 
do tipo II, III e IV (Capítulo 12). (snRNP, 
ribonucleoproteína nuclear pequena; 
scRNP, ribonucleoproteína citoplasmática 
pequena.)
Doença de Graves
Miastenia grave
Diabetes tipo 2
(diabetes resistente à insulina)
Hipoglicemia
Receptor do hormônio
estimulante da tireoide
Receptor de acetilcolina
Receptor de insulina (antagonista)
Receptor de insulina (agonista)
Hipertireoidismo
Hiperglicemia, cetoacidose
Hipoglicemia
Antígenos da parede celular
estreptocócica. Os anticorpos
fazem reação cruzada com
o músculo cardíaco
Anemia hemolítica
autoimune
Púrpura trombocitopênica
autoimune
Pênfigo vulgar
Febre reumática aguda
Integrina plaquetária
gpIIb: IIIa
Caderina epidérmica
Destruição das hemácias pelo
complemento e fagócitos,
anemia
Sangramento anormal
Formação de bolhas na pele
Artrite, miocardite,
fibrose tardia das
válvulas cardíacas
Glomerulonefrite,
hemorragia pulmonar
Fraqueza progressiva
Síndrome de
Goodpasture
Domínio não colagenoso do
colágeno tipo IV da
membrana basal
Antígenos do grupo sanguíneo
Rh, antígeno I
Diabetes tipo 1 (diabetes melito
dependente de insulina)
Artrite reumatoide
Esclerose múltipla
Antígeno de células
β-pancreáticas
Antígeno desconhecido
da articulação sinovial
Proteína básica da mielina,
proteína proteolipídeo
AutoantígenoDoença autoimune
Anticorpo contra antígenos da superfície celular ou da matriz (tipo II)
Consequência
Destruição das células β
Inflamação e destruição
articular
Degeneração cerebral,
paralisia
Doença mediada por células T (tipo IV)
Doença por complexos imunes (tipo III)
Endocardite bacteriana
subaguda
Crioglobulinemia
essencial mista
Lúpus eritematoso
sistêmico
Antígeno bacteriano
Complexos de IgG para o
fator reumatoide (com ou
sem antígenos da hepatite C)
DNA, histonas, ribossomas,
snRNP, scRNP
Glomerulonefrite
Vasculite sistêmica
Glomerulonefrite,
vasculite, artrite
O Sistema Imune 403
autoantígenos quando eles são liberados das células danificadas. A glomerulone-
frite causada pela deposição de complexos imunes nos capilares sanguíneos dos 
glomérulos renais pode levar à morte. A imunidade mediada por células T do tipo 
observado nas reações de hipersensibilidade do tipo IV é responsável pelo dano 
causado ao pâncreas no diabetes tipo 1 (também conhecido como diabetes meli-
to dependende de insulina, ou DMDI), às articulações na artrite reumatoide e ao 
cérebro na esclerose múltipla. Todas essas três doenças, assim como o LES, serão 
descritas em mais detalhes nas seções posteriores.
13-4 As glândulas endócrinas contêm células especializadas 
que são alvos da autoimunidade órgão-específica
As propriedades características das glândulas endócrinas tornam-as particular-
mente suscetíveis ao envolvimento nas doenças autoimunes. Primeiro, a função 
de uma glândula endócrina, a síntese e secreção de um determinado hormônio, 
envolve proteínas específicas do seu tecido, que não são expressas em outras 
células ou tecidos. Segundo, como elas secretam seus hormônios na circulação 
sanguínea, o tecido endócrino é bem vascularizado, o que facilita as interações 
com as células e as moléculas do sistema imune. A perda da função endócrina tem 
Figura 13.3 Três mecanismos destro-
em as hemácias na anemia hemolítica 
autoimune.
Figura 13.4 Autoanticorpos específicos para o colágeno tipo IV 
reagem com a membrana basal do glomérulo renal, causando a 
síndrome de Goodpasture. Os quadros mostram secções do corpús-
culo renal em biópsia seriada retirada de um paciente com síndrome de 
Goodpasture. No quadro a, o glomérulo é corado por imunofluorescência 
detectando a deposição de IgG. Anticorpos contra a membrana basal 
glomerular são depositados de forma linear (corados em verde) ao longo 
da membrana basal glomerular. Os autoanticorpos causam a ativação local 
das células portadoras dos receptores Fc, a ativação do complemento e o 
influxo de neutrófilos. O quadro b mostra a coloração com hematoxilina 
e eosina de uma secção do corpúsculo renal, mostrando que o glomérulo 
é comprimido pela formação de uma crescente (C) proliferação de células 
mononucleares dentro da cápsula de Bowman (B) e que há um influxo de 
neutrófilos (N) para a zona glomerular. Imagens cortesia de M. Thompson 
e D. Evans.
Ativação do complemento
e células CR1+ no baço
Fagocitose e destruição
dos eritrócitos
Fagocitose e destruição
dos eritrócitos
Células FcR+ no baço
Lise e destruição dos eritrócitos
Ativação do complemento
e hemólise intravascular
Os eritrócitos ligam os autoanticorpos antieritrócitos
E
a
b
C
BN
C
BN
 
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR
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EXERCÍCIOS
1) Qual o mecanismo falho que dá origem ao processo autoimune?
A) a) Seleção positiva no timo
B) b) Seleção duplo positiva no timo
C) c) Seleção negativa no timo
D) d) Hematopoiese na medula óssea
E) e) Apresentação de antígenos por APC
2) Quais os anticorpos envolvidos nos processos destrutivos da anemia hemolítica 
autoimune?
A) a) IgD e IgG
B) b) IgM e IgD
C) c) IgA e IgG
D) d) IgA e IgM
E) e) IgG e IgM
3) Na _____________, a resposta autoimune está focalizada na produção de anticorpos e 
os sintomas são causados por anticorpos que se ligam ao receptor do TSH. 
Mimetizando o ligante natural, os anticorpos ligados causam uma superprodução 
crônica de hormônios da tireoide.
A) a) Doença de graves
B) b) Doença de Hashimoto
C) c) Síndrome de Goodpasture
D) d) Pênfigo Vulgar
E) e) N.D.A.
4) Em pacientes com diabetes tipo 1, as respostas de anticorpos e de células T são 
produzidas contra a insulina, a descarboxilase do acido glutâmico e 
outras proteínas especializadas da célula β pancreática. Ainda não se sabe 
qual destas respostas causa a doença. Acredita-se que as células _____ 
específicas para algumas proteínas exclusivas das células β mediam sua 
destruição, reduzindo gradualmente o número de células secretoras de 
insulina.
A) a) β
B) b) Linfócito B
C) c) T CD4
D) d) T CD8
E) e) Natural Killer
5) Lisa Montague, dezessete anos, pratica piano de 3 a 4 horas por dia enquanto se 
prepara para audição da faculdade de música. Algumas de suas peças 
exigem atividade muscular com os braços sustentado, e ela começou a 
encontrar dificuldade em tocar, embora anteriormente tenha tido 
facilidade para isso. Quando também começou a ter dificuldade de 
deglutição e mastigação, ela avisou à mãe, que a levou para a 
emergência, onde o médico percebeu as pálpebras caídas e limitação da 
motilidade ocular. Um eletromiograma detectou uma deficiência de 
transmissão do nervo ao músculo. A administração de piridostigmina 
melhorou rapidamente os sintomas de Lisa. Qual dos seguintes 
resultados dos testes sanguíneos seria mais coerente com a sua 
condição?
A) a) Fator reumatoide elevado
B) b) Anticorpos antiproteína básica da mielina elevados
C) c) Anticorpos antirreceptor da acetilcolina elevados
D) d) Domínio não colagenoso do colágeno tipo IV da membrana basal
E) e) Anticorpos anti-Rh elevados
NA PRÁTICA
 
 
O gene regulador autoimune AIRE promove a expressão de alguns antígenos tecido-
específicos em células medulares tímicas, causando a deleção de timócitos imaturos que 
podem reagir a esses antígenos. Apesar de o timo expressar muitos genes e, assim, 
proteínas próprias, comuns a todas as células, não está claro como antígenos que são 
específicos a tecidos especializados, como a retina ou o ovário (primeira figura), acessam o 
timo para promover a seleção negativa de timócitos autorreativos imaturos.
 
Recentemente, descobriu-se que um gene chamado AIRE promove a expressão de muitas 
proteínas tecido-específicasem células medulares tímicas. Alguns timócitos em 
desenvolvimento serão capazes de reconhecer esses antígenos tecido-específicos (segunda 
figura). Peptídeos dessas proteínas são apresentados a timócitos em desenvolvimento e sofrem 
seleção negativa no timo (terceira figura), causando a deleção dessas células. Na ausência de 
AIRE, essa deleção não ocorre, e, em vez disso, os timócitos autorreativos amadurecem e 
podem ser exportados para a periferia (quarta figura), onde podem causar doença autoimune. 
Além disso, pessoas e camundongos que falham em expressar AIRE desenvolvem uma 
síndrome autoimune chamada APECED, ou poliendocrinopatia autoimune, candidíase, distrofia 
ectodérmica.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Leia o capítulo "Autoimunidade e Transplante" do livro MURPHY, Kenneth. 
Imunobiologia de Janeway, 8th Edition. ArtMed, 01/2014.
Também leiam da página 406 à 412 da obra PARHAM, Peter. O Sistema Imune. 3rd 
Edition. AMGH, 01/2011.
Tratamento do pênfigo vulgar oral com corticosteróides tópico e sistêmico associados a 
dapsona e pentoxifilina.
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