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Behaviorismo ⇨ Bases Históricas, nivelamento, comportamento e outros conceitos ⇦ ⇨ Livro 1 : Skinner - Ciência e Comportamento Humano - Cap 1 e 2. Cap 1: A ciência pode ajudar? Cap 2: Uma ciência do comportamento ⇨ Texto 2 : O Behaviorismo Metodológico e suas relações com o Mentalismo e o Behaviorismo Radical. O Behaviorismo surgiu, no começo deste século, como uma proposta para a Psicologia tomar como seu objetivo de estudo o comportamento ele próprio, e não como indicador de alguma outra coisa, ou seja, como indício da existência de um fenômeno que se expressaria através do comportamento. Surgiu como reação às posições, então dominantes, de que a Psicologia deveria estudar a mente ou a consciência dos homens. Dizíamos que o Behaviorismo surgiu em oposição ao Mentalismo e ao Introspeccionismo, mas, de fato, isso só é verdade na obra de behavioristas clássicos como Watson e Guthrie. Em fins do século passado a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos, em medidas, em definições claras, em demonstração e experimentação. Esta influência se fez sentir na Psicologia, no começo deste século, com a proposta behaviorista feita por Watson: "Por que não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de estudo da Psicologia?" O Operacionismo : É um resultado direto da influência do Positivismo Lógico sobre a Física. Afirma que, se somente tenho acesso às informações que meus sentidos trazem, então a linguagem pela qual expresso e estruturo essas informações é o mais importante em ciência. Assim, a definição dos conceitos é fundamental, e definir é descrever as operações envolvidas no processo de medir o conceito. Essa descrição deve ser objetiva e referir-se a termos observáveis ou deve ser redutível – através de operações lógicas – a tais termos. [em contraste, note-se a posição de Skinner (1945), para quem definição operacional resume-se a uma análise funcional do comportamento verbal envolvido nos termos a serem definidos (Day, 1980,1983)]. "Observação", pois, tornou-se um termo e uma operação fundamental para o Behaviorismo: ela define a categoria "comportamento", seu objeto de estudo. Comportamento é o observável e, por definição, observável pelo outro, isto é, externamente observável. Comportamento, para ser objeto de estudo do behaviorista, deve ocorrer afetando os sentidos do outro, deve poder ser contado e medido pelo outro. ⇨ Mas o que é comportamento? O Comportamento não era visto, no século passado, como mais uma função biológica, isto é, própria do organismo vivo, e que se realiza em seu contato com o ambiente em que vive, como o respirar, o dirigir. Dentro de uma Física newtoniana mecanicista da época, todo fenômeno devia ter uma causa (uma concepção funcionalista falaria em condições), e como Watson rejeitava a mente como causa, se a causa do comportamento não poderia ser a mente, então esta deveria ser algo externo ao organismo, a saber, o Ambiente. Na verdade Watson não se libertou da concepção dualista de homem. Se para a Escolástica o corpo precisa ser animado pela alma, e para o Mentalismo o comportamento é expressão da mente, para Watson ele é produto da instigação do estímulo. ⇨ Texto 3 : O behaviorismo radical e a psicologia como ciência. B. F. Skinner (1904-1990) é reconhecido como o principal autor do behaviorismo radical. O que, de fato, diferencia as duas alternativas (a mentalista e a behaviorista) é a natureza que cada uma delas atribui aos fenômenos envolvidos na privacidade; em uma visão behaviorista, esses fenômenos têm a mesma natureza que os demais fenômenos que constituem o homem: são fenômenos físicos, materiais; em uma visão mentalista, ao contrário, esses fenômenos são de natureza diferente da natureza dos demais fenômenos que constituem o homem: não são de natureza física, são de natureza mental ou psíquica e seria isso que os distinguiria como objeto de estudo à parte. ⇨ Texto 4 : Behaviorismo: uma proposta de estudo do comportamento ⇨ Causas do Comportamento ⇦ ⇨ Texto 20 : Questões referentes à causalidade e eventos privados No behaviorismo radical, termos como causalidade, causa ou causação referem-se apenas às relações funcionais entre eventos. O behaviorismo radical considera que eventos privados existem em relação com eventos públicos. Têm, portanto, o mesmo estatuto ontológico dos eventos públicos, motivo pelo qual não foram descartados. O único problema com eles resume-se na dificuldade em acessá-los (Skinner, 1974), uma questão de ordem epistemológica e não ontológica. Mentalismo e Behaviorismo Radical ⇨ Skinner (1945/1984, 1974, 1989 a) procura demonstrar que a mente não pode explicar, apropriadamente, o comportamento. Por isso, costuma-se dizer que o behaviorismo radical nega ou refuta a mente. É preciso esclarecer, entretanto, que a mente por ele refutada é a mente imaterial, que atua como um agente criador ou propulsor e que evoca comportamentos. Uma mente que permanece na penumbra e que não é publicamente observável. E mais, não é acessível à intervenção. Em outras palavras, ele refuta a mente tal como concebida pelo mentalismo, uma das filosofias da mente. Skinner (1989ª) considera que "o que é a mente e o que ela faz são coisas ainda longe de ser esclarecidas" (p.22). Ele busca, então, outro caminho que permita um avanço na compreensão da mente. ⇨ Como a mente poderia, por exemplo, agir sobre o corpo para fazê-lo comportar-se? Como parte das respostas a essas questões, Skinner (1974) introduz uma de suas teses fundamentais na análise de eventos privados: aquilo que se observa via introspecção não são eventos mentais de natureza não física, mas o próprio corpo do observador, estados ou condições corporais ou, ainda, o corpo se comportando. Trata-se de eventos privados, porque acessíveis apenas à própria pessoa, mas ele enfatiza a natureza corporal (e portanto física) desses eventos, passando a denominá-los como o "mundo sob a pele" (p. 21). Continuando, ele levanta questões de ordem metodológica. Sendo a mente acessível apenas por introspecção ou inferência, a mesma poderia até permitir a predição de comportamentos mas não o seu controle. Seria possível prever a ocorrência de certos comportamentos que tendem a acompanhar determinados sentimentos e estados da mente, mas, na impossibilidade de intervir diretamente sobre estes e alterá-los (investigando-os como variáveis independentes), não haverá como promover os comportamentos de interesse (possíveis variáveis dependentes). Uma ciência desse tipo serviria apenas para a contemplação e não seria aplicável na solução de problemas humanos, um sério obstáculo para a concepção pragmática de ciência amplamente defendida por Skinner (1953/1998, 1957, 1974). Ele argumenta, ainda, que explicações mentalistas não favorecem as pesquisas porque as pessoas entendem que o comportamento já está explicado e param de fazer perguntas. "Explicações mentalistas acalmam a curiosidade e levam à paralisação da pesquisa" (1974, p.14). Quando aquilo que uma pessoa faz é atribuído a algo que lhe ocorre no íntimo, cessa a investigação Análise comportamental de fenômenos mentais ⇨ Skinner (1945/1984, 1974), empenhou-se em compreender a mente conforme seu modelo operante de análise do comportamento, fazendo inúmeras análises ou interpretações de eventos mentais, em termos comportamentais. ⇨ Análise comportamental da vontade - Muitos comportamentos são explicados por um ato de vontade; por exemplo, diz-se que a pessoa agiu de determinada forma porque teve vontade. Nesse caso, supõe-se que a vontade produz comportamento. Em uma análise comportamental, uma explicação desse tipo levanta o problema do determinismo. Com efeito, esses atos parecem espontâneos, parece que a vontade surge do nada; e mais, tal explicação sugere que uma vontade - um evento mental sem dimensões físicas - possa produzir consequências físicas, o organismo se comportando. No caso de uma análise científica, Skinner sugere um rastreamento de enunciados leigos e uma busca da compreensãode seus determinantes ambientais. Para exemplificar, enquanto o leigo se contenta com uma explicação do tipo "ele foi candidato novamente devido à sua vontade de poder", o cientista continuaria a perguntar, rastreando o enunciado, "qual a origem da vontade de poder?" No behaviorismo radical a resposta é procurada nas contingências ambientais anteriores à ocorrência da vontade. Sobre a explicação baseada em ato de vontade, Skinner (1974) afirma: O comportamento é satisfatoriamente explicado na medida em que não tivermos necessidade de explicar o ato de vontade. Mas as condições que determinam a forma de probabilidade de um operante estão na história da pessoa. Uma vez que não estão ostensivamente representadas no ambiente atual, são facilmente negligenciadas. Do ponto de vista científico defendido pelo behaviorismo radical, alguém dizer que tem ou possui "vontade" não implica que guarde dentro de si um evento mental ou algo causador de comportamento, implica apenas a constatação de que o comportamento em questão possui probabilidade alta de ocorrer em certas condições apropriadas. Mas indica ainda mais: que o corpo da pessoa, ao entrar em contato com as contingências operantes anteriores, responsáveis por tornar os seus comportamentos mais prováveis, responde a essas contingências; e a pessoa sente os seus efeitos, percebe de imediato as alterações corporais relacionadas com a probabilidade de se comportar e então diz "ter vontade", provavelmente, sob o controle desses efeitos. Ao dizer que tem vontade a pessoa descreve um fato que ocorre com o seu corpo, e não um fato mental. Entretanto, esse sentimento, um evento privado, não explica a ação, um evento público; sentir ou ter vontade de poder não explica as ações. Ambos tiveram origem nas mesmas contingências vigorosas de reforçamento positivo. É neste sentido que Skinner (1953/1998, 1974) situa "o início da ação causal" no ambiente. Sobre a análise comportamental dos usos de termos que se referem à mente, Skinner (1989a) observa que sentimentos e estados mentais tendem a ser tomados como causas de comportamentos públicos por ocorrerem ou se iniciarem imediatamente antes deles. Mas esse é um modo mecanicista de se interpretar o comportamento. A definição de comportamento operante, sendo funcional (relacional) e histórica, não pressupõe que as causas antecedentes devam ser imediatas. Com o modelo operante, muda-se completamente a direção na qual se buscam as explicações para o comportamento, possibilitando, desse modo, o procedimento acima de rastrear as contingências ambientais públicas, principalmente as passadas. No behaviorismo radical, a alteração da ordem e do papel de cada elo da cadeia causal fica assim: o ambiente assume o papel iniciador da causalidade; seleciona e gera comportamento; os fenômenos mentais perdem sua condição causal, enquanto os eventos privados se tornam objeto de explicação tanto quanto os comportamentos públicos. 0 acesso a eventos privados e a natureza do autoconhecimento ⇨ Eventos qualificados como privados são aqueles acessíveis apenas ao próprio sujeito, principalmente aquilo que se observa pela introspecção. Esse é o único meio para se estabelecer contato com os eventos sensoriais, situados dentro do próprio corpo. Os três sistemas nervosos, proprioceptivo, interoceptivo e, parcialmente, o exteroceptivo, medeiam esse contato. Cabe notar que outros eventos, acessíveis pela observação direta, mas disponíveis para um único observador, também são considerados privados, por exemplo, determinados locais ou informações particulares. Eventos públicos, ao contrário, são aqueles passíveis de acesso a mais de uma pessoa. Neste caso, os eventos corporais acessíveis às observações e pesquisas fisiológicas, embora ocorram dentro do corpo, são públicos por serem acessíveis a mais de uma pessoa. ⇨ No behaviorismo radical, como afirma Skinner (1974), eventos públicos e privados são da mesma natureza, o que permite que entrem em relação funcional. A única diferença entre ambos, insiste o autor, é a acessibilidade: o fato dos eventos privados serem observáveis diretamente apenas para o próprio sujeito. Skinner (1953/1998, 1957) entende que, sem a participação de um grupo social que fale uma mesma língua e compartilhe alguma cultura comum, ao qual ele denominou comunidade verbal, não é possível conhecer o mundo privado. Isto porque ele pressupõe que, de início, o mundo privado de cada um, tal como o ambiente, não é diferenciado. Apenas com a participação da comunidade verbal é possível a cada indivíduo aprender, desde criança, a ir fazendo discriminações a respeito de eventos de seu mundo privado. Um de seus relatos ilustra essa posição: O ambiente, seja público ou privado, parece permanecer indistinto até que o organismo seja forçado a fazer uma distinção (...) o comportamento discriminativo espera pelas contingências que forçam as discriminações (...) e se uma discriminação não pode ser forçada pela comunidade, pode não aparecer nunca. (...) é a comunidade que ensina o indivíduo a "se conhecer". (1953/1998, p. 284). Em sua interpretação operante dos comportamentos verbais, Skinner (1957) propõe dividi-los de acordo com o tipo de variável que os controla. O resultado são cinco tipos de comportamento: ecóico, textual, intraverbal, mando e tato. ⇨ Texto 24: Modo causal de seleção por consequências ⇨ Texto 25: Breves considerações acerca do modelo de causalidade da terapia cognitiva e da terapia analítico-comportamental ⇨ Comportamento Verbal ⇦ O comportamento verbal está sujeito aos mesmos princípios que governam o comportamento não verbal, a única característica que o difere significativamente e o faz merecer uma análise separa é a natureza do reforço que estabelece e o mantém e que requer a mediação de outra pessoa. O comportamento verbal atua em relação a outra pessoa S E M P R E. Ele é estabelecido e mantido por reforço - mediado - ⇨ Reforço mediado : Ele deve ocorrer após uma resposta ser emitida. Sua ocorrência deve ser função do comportamento. Ela aumenta a probabilidade futura desta resposta Ela resulta da ação de outro indivíduo. ⇨ Reforço do comportamento verbal : Depende de reforço social. Requer mais reforço para ser adquirido do que para ser mantido. Existem consequências imediatas e consequência que podem ser atrasadas. É sensível a mudanças no reforço, favorecendo a modelagem ou a extinção. O papel do ouvinte - comunidade verbal. Audiência A audiência diz respeito aos estímulos discriminativos que controlam a emissão do comportamento verbal, pois sinaliza a disponibilidade do reforço provido pelo ouvinte. Além de aumentar a probabilidade de emissão do comportamento verbal, a audiência controla o repertório comportamental a ser utilizado e o tema do episódio verbal total. Quanto ao repertório, o falante adapta suas expressões verbais para que estas exerçam um controle mais preciso sobre o comportamento do ouvinte. Para análise do comportamento todo ato falho é um lapso verbal mas nem todo lapso verbal é um ato falho. ⇨ Regras e Contingências ⇦ ⇨ Texto 5: Fundamentos de Psicologia - Cap 2 Aprendizagem ⇨ O que é aprendizagem? Apren dizagem, então, é uma demonstração de comportamento novo ou modificado. É uma alteração no modo como um indivíduo responde a parcelas relevantes do mundo. No entanto, nem toda alteração na relação do orga nismo com o ambiente qualificar-se-á como aprendizagem. Certas ocorrências podem modificar temporariamente a maneira como um organismo responde. Ex: uma pessoa que acabou de assistir a um filme de terror pode responder por algum tempo de maneira exacerbada a certos ruídos, mesmo àqueles com os quais está familiarizada. Aprendizagem é qualquer mudança duradoura na maneira como os orga nismos respondem ao ambiente. Assim, a “mudança na relação organismo -ambiente” que caracteriza a aprendi zagem pode ser tanto a modificação de uma relação estímulo-resposta preexistente como o estabelecimento de uma relação estímulo-resposta nova. As relações entre estímulose respostas não são todas iguais. Alguns estímulos estão fortemente vinculados a uma resposta, de modo que a resposta ocorre praticamente toda vez que o organismo entra em contato com o estí mulo (como a contração da pupila no contato com uma fonte de iluminação intensa). Outras respostas, embora claramente ligadas a certo estímulo, não acontecem sempre que o estímulo está presente (como abrir a porta da gela deira) e ainda podem se relacionar com outros estímulos. A Análise do Comportamento costuma dividir as relações comportamentais em duas categorias - “comportamento respondente” e “comportamento operante”, dependendo das correlações entre eventos ambientais e comportamentais que as descrevem. ⇨ Comportamento respondente : O termo “comportamento respondente” é usado em Análise do Comportamento para se referir aos compor tamentos conhecidos como reflexos, costumeiramente caracterizados como reações involuntárias do organismo a certos eventos. Em termos analítico-comportamentais, são caracterizadas por uma reação alta mente provável do organismo a um estímulo específico do ambiente. Sob condições ótimas, a resposta ocorrerá toda vez que o organismo entrar em contato com o estímulo. Diante de uma relação estímulo-resposta, um analista do comportamento dirá que o estímulo eliciou a resposta reflexa. Eliciar é o termo usado para dizer que a resposta foi provocada pelo estímulo. Quando a resposta reflexa do organismo a determinado estímulo não precisou ser aprendida, usa-se o termo incondicionado ou primário (Ex.: Os seres humanos não precisam aprender a contrair a pupila diante de uma luz intensa) para se referir tanto ao estímulo quanto à resposta. ⇨ Comportamento operante : A Análise do Compor tamento descreve o comportamento operante por meio da tríplice contingência, que envolve não só a resposta e a consequência, mas ainda o contexto em que ocorrem. Consideremos o exemplo de chutar uma bola. O que chamamos de resposta, ‘chutar bola”, se pensarmos bem, já é uma relação entre estímulos e respostas: como seria possível chutar uma bola na ausência de uma bola? Ainda assim, a presença da bola nem sempre vai evocar respostas de “chutar bola”. Imaginemos que tenhamos observado que a criança em questão normalmente chuta a bola quando há um adulto presente, que se engaja em chutar a bola de volta. Então, a relação comportamental, nesse caso, inclui a presença da bola e de um adulto. Essa relação será modificada dependendo das consequências. Se o adulto costumeiramente se engajar em jogar bola com a criança, chutar a bola sob aquelas condições será mais provável no futuro. Por outro lado, se aquele adulto estiver rotineiramente cansado e não brincar com a criança, a relação será enfraquecida. SD é o estímulo antecedente (estímulo discriminativo), R a resposta e SR o es tímulo reforçador. Trata-se de um processo que existe devido ao que vai acontecer após uma tomada de decisão. Esta classe de comportamentos recebe o nome de Operante devido ao fato de que quando ocorrem “operam” o meio, modificando-o e alterando os comportamentos. Processos Básicos de Aprendizagem ⇨ Condicionamento respondente: REFLEXO INCONDICIONADO Alimento na boca (US) → Salivação (UR) CONDICIONAMENTO RESPONDENTE Som (NS) + Alimento na boca (US) → Salivação (UR) REFLEXO CONDICIONADO Som(CS) + Salivação(CR) Esquema do processo de condicionamento respondente. As siglas usadas significam: US, estímulo incondicionado; UR, res posta incondicionada; NS, estímulo neutro; CS(conditioned stimu lus), estímulo condicionado; CR (conditioned response), resposta con dicionada. O que Pavlov fazia era tocar um som (estí mulo neutro) sempre que colocava alimento na boca do cão (estímulo incondicionado), coletando as gotas de saliva produzidas (resposta incondicionada). Esse procedimento foi feito regularmente, por alguns dias. Em seguida, Pavlov começou a apresentar o som (estímulo condicionado) sozinho, verificando a ocorrência da resposta de salivação ( resposta condicionada). O que ocorre no condiciona mento respondente, então, é que um estímulo neutro passa a eliciar uma resposta reflexa, como produto do pareamento frequente entre esse estímulo e um outro eliciador (que pode ser incondicionado ou condicionado). Quando o estímulo originalmente neutro (NS) passa a eliciar a resposta, recebe o nome de estímulo condicionado (CS). A resposta, por sua vez, embora seja semelhante à resposta eliciada incondicionalmente (UR), recebe o nome resposta condicio nada (CR), por estar sendo eliciada em decorrência de apren dizado por condicionamento, e não por uma relação inata entre estímulo e resposta ⇨ Condicionamento operante: O condicionamento operante se baseia em uma premissa bastante simples – ações que são seguidas por reforço serão reforçadas e tem mais probabilidade de ocorrer novamente no futuro. Se você contar uma história engraçada na classe e todo mundo rir, provavelmente você vai ser mais propenso a contar essa história de novo no futuro. Por outro lado, as ações que resultam em punição ou consequências indesejáveis serão enfraquecidas e terão menos probabilidade de ocorrerem novamente no futuro. Se você contar a mesma história novamente em outra classe, mas ninguém rir, desta vez, você vai ser menos propenso a repetir a história novamente no futuro. O processo de condicionamento pelo qual um orga nismo aprende a responder diferencialmente na presença ou ausência de um estímulo antecedente é chamado de discriminação. A discriminação ocorre quando o compor tamento do organismo é controlado pela presença ou ausência de determinado padrão de estimulação antece dente. Esquema do procedimento de discriminação. SD é o estímulo discriminativo, R a resposta, SR o estímulo reforçador e SA (S-delta) representa a ausência. Quando falamos do procedimento de discriminação, portanto, estamos falando que uma determinada classe de respostas é mais frequentemente seguida de uma conse quência específica na presença de um estímulo do que de outro. Isso faz com que esta classe de respostas torne-se mais provável diante do primeiro estímulo, chamado de SD, e praticamente não ocorra na presença do outro estímulo, condição chamada de SA (S- delta). ⇨ O princípio unificado do reforço Ambos os tipos de condicionamentos têm em comum o estabelecimento de uma nova relação entre estímulos e respostas. No condicionamento respondente, a corre lação entre um estímulo neutro e um estímulo eliciador faz com que o estímulo inicialmente neutro passe a eliciar a resposta reflexa. No condicionamento operante, estímulos e respostas que co ocorrem em correlação com um estímulo “eliciador” (o reforçador) passam a ocorrer juntos com mais frequência. Nos dois casos, uma relação S-R é fortalecida pela correlação com um estímulo eliciador. A diferença está nos arranjos ambientais que produzem essas relações e no controle do estímulo sobre a resposta. Reconhecendo essa afinidade, os pesquisadores Donahoe e Palmer (1994) propuseram o Princípio Unificado do Reforço. A ideia, basi camente, é que em ambos os condicionamentos ocorre o mesmo processo de fortalecimento. Em linhas gerais, o sistema nervoso dos organismos capazes de aprender está configurado de modo que os estímulos e as respostas que consistentemente ocorrem contiguamente a um estímulo eliciador terão maior probabilidade de ocorrer juntos no futuro, independente de como tais eventos se correla cionem em primeiro lugar. Dessa perspectiva, os qualifi cativos “respondente” e “operante” caracterizam os proce dimentos que o experimentador usa no laboratório para fortalecer relações entre estímulos e respostas, não tipos diferentes de comportamento. ⇨ Imprinting: O termo imprinting refere-se ao fato de o organismo agir como se tivesse gravado (ou estampado) o estímulo com o qual teve contato ao nascer. Se considerarmos a natureza da relação estímulo-resposta que se estabelece, o imprinting pode ser considerado um caso híbrido de condicionamento reflexo e condicionamento operante: embora oorganismo já nasce preparado para reagir a uma propriedade de estímulo bastante específica (o movi mento), outras propriedades do primeiro estímulo em movi mento que ele vê na vida (como cor, forma etc., essas bastante inespecíficas) passarão a controlar quaisquer comportamentos que as mantenham próximas. E como se as demais proprie dades do estímulo “estampado” adquirissem função reforçadora condicionada após um único pareamento com o evento incondicionado, o movimento, e o organismo passasse, então, a emitir, com maior probabilidade, comportamentos que mantivessem aquele estímulo presente e/ou próximo. Aprendizagem indireta Nem sempre a aprendizagem depende da exposição direta do organismo a todos os aspectos das contingência. ⇨ Aprendizagem vicariante: Também denominada aprendizagem por observação, é a aprendizagem baseada na observação de respostas emitidas por outro organismo e/ou de suas consequências. Ex: Uma das fontes de alimento dos macacos japoneses eram batatas doces, que geral mente ficavam cobertas pela areia da praia onde viviam. Por acaso, um macaco jovem derrubou batatas na água do oceano, o que limpou a areia. Em pouco tempo, os macacos jovens do grupo passaram a lavar as batatas no oceano antes de comê-las. ⇨ Aprendizagem por instrução: As instruções seriam classifi cadas como um tipo de regra. Regras são descrições verbais de contingências que podem funcionar como estímulos discriminativos ou como estímulos alteradores da função de outros estímulos, dependendo das contingências de reforço de que participam. As regras (ou instruções) podem, portanto, estabelecer comportamentos novos, antes (e mesmo sem) que se entre em contato com as contingências. Além de permitir que novos comportamentos sejam adquiridos mais rapida mente, as instruções podem estabelecer no repertório do indivíduo comportamentos adequados mesmo em situações nas quais a contingência é ineficaz, atua a longo prazo ou não pode ser contatada naturalmente. Apesar de suas evidentes vantagens, o comporta mento governado por regras apresenta uma desvantagem importante. Esse comportamento pode ser “insensível” às contingências, de modo que, quando a contingência muda, o comportamento estabelecido por regras tende a se manter inalterado, tornando-se disfuncional. Generalização primária e equivalência funcional ⇨ Generalização primária A generalização primária pode ser atribuída à similari dade física entre os estímulos novos e o estímulo discri minativo, mas há outros exemplos nos quais estímulos compartilham o controle do comportamento, embora não apresentem semelhança física; nesses casos, o compartilha mento de função depende de uma sobreposição entre as contingências de que os estímulos participam. ⇨ Equivalência funcional: As classes de eventos ambientais que compartilham funções, não devido à seme lhança perceptual, mas por participarem de contingências similares.O termo enfatiza o fato de que aqueles estí mulos compartilham a mesma função comportamental, ou seja, são equivalentes entre si no controle de alguma parcela do comportamento de um organismo. Modelagem e encadeamento de respostas Outra maneira pela qual novas relações comporta mentais se desenvolvem alicerçadas em relações estabele cidas em aprendizagens prévias é a modificação gradual da topografia de uma resposta já evocada por certa classe de estímulos. Como dito anteriormente, sempre há algum grau de variabilidade nas respostas emitidas por um orga nismo. Mesmo quando suas topografias se assemelham de uma instância para outra, é possível que ligeiras varia ções tenham efeito diferente no ambiente, seja produ zindo o reforçador com mais regularidade, seja produ zindo um evento diferente do reforçador que define a classe de respostas original. Nesses casos, o que acontece é que aquela topografia variante torna-se mais provável. Claro que também haverá variabilidade em torno da nova topografia de resposta privilegiada, de modo que outras formas variantes poderão ser fortalecidas em detrimento das anteriores, se favorecerem o contato consistente com as consequências relevantes. O efeito desses ciclos repetidos de reforçamento dife rencial de certas topografias de resposta em detrimento de outras é que o comportamento vai sendo modelado (no sentido de ter sua forma moldada mesmo) ao longo do tempo. O encade amento de respostas trata-se de um modo de aprendizagem que produz repertórios complexo com base em um conjunto de relações comportamentais previamente estabelecidas a partir de histórias de condi cionamento respondente e operante e de modelagem de respostas. Cadeias de respostas são bastante comuns. Para certos fins didáticos, podemos considerar o “comporta mento de ir para casa”, por exemplo, como se fosse um operante, mas trata-se, na verdade, de uma sequência de respostas encadeadas. O caminho para casa é tão familiar que talvez sequer reparemos que ele está dividido em uma série de pequenos percursos intercalados por alguns marcos geográficos: ir até o ponto de ônibus; pegar o ônibus X; descer na praça Y, atravessar a rua... ⇨ Texto 16: A geratividade do comportamento verbal: divergências entre as propostas de B. F. Skinner e N. Chomsky. ⇨ Texto 17: Regras e auto-regras no laboratório e na clínica Análise do Comportamento - Pesquisa, Teoria e Aplicação ⇨ Texto 18: Skinner vai ao cinema 3 - As Pontes de Madison - Regras e Contingências ⇨ Aprendizagem via Regras e Contingência (aula 03/04)
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