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1 PÓS-EDITAL 2 DISCIPLINAS E LEIS PARTE 💀 D. Constitucional - Constituição Federal (arts. 1º-110; 125-169; 182-232; 243) - Lei 4.717/1965 - Ação Popular - Lei 7.347/1985 - Ação Civil Pública - Lei 9.507/1997 - HD - Lei 9.868/1990 - ADI/ADC - Lei 9.882/1990 - ADPF - Lei 11.417/2006 - Súmula Vinculante - Lei 12.016/2009 - MS - Lei 12.527/2011 - Lei de Acesso à Informação - Lei 13.300/2016 - MI #ATENÇÃO: NÃO ABRANGE A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL D. Penal - Código Penal D. Processual Penal - Código de Processo Penal (arts. 1º-405; 513-518; 531-538; 563-667) PARTE 💀💀 D. Tributário e Financeiro - Tributário na CF (arts. 145-162) (incluído na CF) - Lei 5.172/1966 - CTN - Financeiro na CF (arts. 163-169) (incluído na CF) - LC 101/2000 - LRF (também no conteúdo de Direito Administrativo) - Lei 4.320/1964 - Normas Gerais de Direito Financeiro D. Administrativo - Lei 8.429/1992 - Improbidade Administrativa - Lei 8.987/1995 - Serviços Públicos - Lei 9.784/1999 - Processo Administrativo - Lei 12.846/2013 - Lei Anticorrupção #ATENÇÃO: NÃO ABRANGE A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, ESTATUTO DOS POLICIAIS CIVIS E ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA D. Humanos - Declaração Universal de Direitos Humanos - Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes D. Ambiental - Arts. 182/183 da CF (incluído na CF) - Resolução do CONAMA 1/1986 - Relatório de Impacto Ambiental - Resolução do CONAMA 237/1997 - Licenciamento Ambiental - Resolução do CONAMA 378/2006 - Empreendimentos Potencialmente Causadores de Impacto Ambiental Nacional ou Regional - LC 140/2011 - Lei 6.938/1981 - Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 9.433/1997 - Política Nacional dos Recursos Hídricos - Lei 9.985/2000 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC - Lei 10.257/2001 - Estatuto da Cidade - Lei 11.284/2006 - Florestas Públicas - Lei 12.305/2010 - Resíduos Sólidos - Lei 12.651/2012 - Código Florestal #ATENÇÃO: NÃO ABRANGE A LEI 11.445/2007 Legislação Penal e Processual Penal Extravagante - Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) - Decreto-Lei 201/1967 - Lei de Crimes de Responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores - Lei 1.079/1950 - Crimes de responsabilidade - Decreto-Lei 3.688/1941 - Contravenções Penais - Lei 1.521/1951 - Crimes contra a Economia Popular - Lei 7.210/1984 - LEP - Lei 7.492/1986 - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional - Lei 7.716/1989 - Crimes de Preconceito - Lei 7.960/1989 - Prisão Temporária (também no conteúdo de Direito Processual Penal) 3 - Lei 8.069/1990 - Crimes do Eca - Lei 8.072/1990 - Crimes Hediondos - Lei 8.078/1990 - Crimes contra o Consumidor - Lei 8.137/1990 - Crimes contra a Ordem Tributária (também no conteúdo de Direito Financeiro/Tributário) - Lei 8.176/1991 - Crimes contra a Ordem Econômica - Lei 9.099/1995 - Juizados Especiais Criminais - Lei 9.296/1996 - Interceptações Telefônicas - Lei 9.455/1997 - Crime de Tortura - Lei 9.503/1997 - Crimes de Trânsito - Lei 9.605/1998 - Crimes Ambientais (também no conteúdo de Direito Ambiental) - Lei 9.609/1998 - lei do Software - Lei 9.613/1998 - Lavagem de Dinheiro - Lei 9.807/1999 - Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas - Lei 10.671/2003 - Crimes do Estatuto do Torcedor - Lei 10.741/2003 - Crimes contra o Idoso - Lei 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento - Lei 11.101/2005 - Crimes Falimentares - Lei 11.340/2006 - Lei Maria da Penha - Lei 11.343/2006 - Lei de Drogas - Lei 12.037/2009 - Identificação Criminal - Lei 12.830/2013 - Investigação Criminal Conduzida pelo Delegado de Polícia - Lei 12.850/2013 - Organizações Criminosas - Lei 12.984/2014 - Crime de discriminação aos portadores de hiv - Lei 13.146/2015 - Crimes do estatuto da pessoa com deficiência - Lei 13.869/2019 - Abuso de Autoridade #ATENÇÃO: NÃO ABRANGE AS LEIS 8.906/1994 E 9.610/1998 LEGENDA DE CORES • VERDE1: ARTIGOS, PARÁGRAFOS, INCISOS E ALÍNEAS MAIS IMPORTANTES • VERDE2: SÚMULAS • AZUL: JURISPRUDÊNCIA • AMARELO: JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ 💣 ATUALIZADO: INFORMATIVOS (1035 STF; 714 STJ) - SÚMULAS (653 STJ) 4 SUMÁRIO 1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................................................................................................................. 5 2. CÓDIGO PENAL ............................................................................................................................................................................................... 461 3. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ................................................................................................................................................................ 785 5 1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DIREITO CONSTITUCIONAL – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO SocioLógico (Fernand Lassalle) A Constituição é a soma dos fatores reais de poder que emanam da sociedade. A Constituição é um reflexo das relações de poder vigentes em determinada comunidade política. Defendia a existência duas constituições, uma real (ou efetiva) e outra escrita. - Constituição real ou efetiva: soma dos fatores reais de poder; - Constituição escrita: mera folha de papel. PolíTico (Carl SchmiTt) A Constituição decorre de uma decisão política fundamental, e se traduz na estrutura do Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos fundamentais. Faz distinção entre Constituição, que são normas vinculadas à decisão política fundamental e Leis Constitucionais, que são normas, que embora integrem o texto constitucional, são dispensáveis por não comporem a decisão política fundamental do Estado. - Constituição = BIZU: DEO: Direitos Fundamentais; Estrutura do Estado e Organização dos Poderes. Jurídico (Hans Kelsen) A Constituição é enfocada em dois sentidos: a) Lógico-jurídico: é a norma fundamental hipotética pura, cuja função é servir de fundamento lógico de validade da Constituição jurídico-positivo (plano lógico). - Norma fundamental hipotética; - Plano suposto; - Fundamento lógico-transcendental de validade da Constituição jurídico-positiva. b) Jurídico-positivo: é a norma posta, norma positiva suprema, conjunto de normas que serve para regular a criação de outras normas (plano positivo). - Norma posta, positivada; - Norma positivada suprema; - Fundamento das demais normas jurídicas. Culturalista (Meirelles Teixeira) A Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir. É uma formação objetiva de cultura. Relaciona-se com o conceito de constituição total, que apresenta, na sua complexidade intrínseca, aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu o conceito em uma perspectiva unitária. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO (José Afonso da Silva) BIZU: O SELF Elementos Orgânicos São as normas que tratam da estrutura do Estado, dispondo sobre a sua organização e funcionamento. Exs.: Título III (Da Organização do Estado); e Título IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo). Elementos Socioideológicos São as normas que revelam o compromisso da ordem constitucional. Exs.: Título II, Capítulo II (Dos Direitos Sociais); Título VII (Da Ordem Econômica e Financeira); e Título VIII (Da Ordem Social). Elementos de Estabilização Constitucional São as normas destinadas a garantir a solução dos conflitos constitucionais para assegurar a supremacia constitucional e a manutenção do próprio Estado. 6 Exs.: Título V, Capítulo I (Do Estadode Defesa e do Estado de Sítio); Arts. 34 a 36 (Intervenção nos Estados e Municípios); Emendas à Constituição; e Controle de Constitucionalidade. Elementos Limitativos São as normas que tratam dos limites de atuação do Estado, restringindo o poder de atuação de seus agentes para resguardar direitos indispensáveis à pessoa humana. Exs.: Título II, Capítulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos). Elementos Formais de Aplicabilidade São as normas destinadas a possibilitar a aplicação dos dispositivos constitucionais. Exs.: Preâmbulo; ADCT; e Art. 5º, § 1º (normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata). APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (José Afonso da Silva) Normas Constitucionais de Eficácia Plena São auto-aplicáveis e não podem ser reduzidas pelo legislador infraconstitucional. - Autoaplicáveis; - Não restringíveis; - Aplicabilidade Direta, Imediata e Integral - BIZU: IDI. Ex.: Art. 2°, CF: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário; Remédios constitucionais. Normas Constitucionais de Eficácia Contida São auto-aplicáveis, mas podem ser reduzidas pelo legislador infraconstitucional. - Autoaplicáveis; - Restringíveis; - Aplicabilidade Direta, Imediata e Não Integral - BIZU: DI. Ex.: Art. 5º, XIII, CF: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Não auto-aplicáveis, dependendo de ato infraconstitucional ou de EC posterior para inteira aplicabilidade. - Não-autoaplicáveis; - Aplicabilidade Indireta, Mediata e Reduzida - BIZU: MI. Ex.: Art. 88, CF: A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; Direito de greve do servidor público. Podem ser: 1) Normas de Princípio Institutivo ou Organizativo São aquelas que dependem de lei para dar corpo, dar estrutura às instituições, pessoas e órgãos previstos na CF. Ex.: Art. 134, § 1º, CF: Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. 2) Normas de Princípio Programático São aquelas que veiculam programas a serem implementados pelo Estado visando a realização de fins sociais. Ex.: Art. 205, CF: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 7 💀 EFEITO PARALISANTE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: o efeito ou eficácia paralisante é um efeito intrínseco das normas constitucionais, inclusive as normas constitucionais de eficácia limitada. Trata-se de um efeito mínimo que as normas constitucionais possuem de revogar normas infraconstitucionais anteriores a Constituição Federal que sejam contrárias às normas da Constituição. Dessa forma, ainda que se trate de norma constitucional de eficácia programática, por exemplo, apesar de depender de integração legislativa para a sua aplicação integral, essas normas, por si só, já possuem um efeito paralisante de revogar (não recepcionar) dispositivos pré- constitucionais que lhe sejam contrários. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL Método Hermenêutico Clássico ou Jurídico (Ernest Forsthoff) Este método considera que a Constituição é uma lei como qualquer outra, devendo ser interpretada usando as regras da hermenêutica tradicional, ou seja, os elementos literal (textual), lógico (sistemático), histórico, teleológico e genético. - Elemento literal: analisa o texto da norma em sua literalidade; - Elemento lógico: avalia a relação de cada norma com o restante da Constituição; - Elemento histórico: avalia o momento de elaboração da norma (ideologia então vigente); - Elemento teleológico: busca a sua finalidade; e - Elemento genético: investiga a origem dos conceitos empregados na Constituição. BIZU: Regras de hermenêutica tradicional: gramatical, histórico, teleológico, sistemático, genético Método Tópico-problemático ou da Tópida (Theodor Viehweg) Neste método, há prevalência do problema sobre a norma, ou seja, busca-se solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma constitucional. Este método parte das premissas seguintes: a interpretação constitucional tem caráter prático, pois busca resolver problemas concretos e a norma constitucional é aberta, de significado indeterminado (por isso, deve-se dar preferência à discussão do problema). BIZU: Prevalência do problema sobre a norma Método Hermenêutico-concretizador (Konrad Hesse) A leitura da Constituição inicia-se pela pré-compreensão do seu sentido pelo intérprete, a quem cabe aplicar a norma para a resolução de uma situação concreta. Valoriza a atividade interpretativa e as circunstâncias nas quais esta se desenvolve, promovendo uma relação entre texto e contexto, transformando a interpretação em “movimento de ir e vir” (círculo hermenêutico). BIZU: Prevalência da norma sobre o problema Método Científico-espiritual, Integrativo, Interpretativo Evolutivo ou Valorativo (Rudolf Smend) A interpretação da Constituição deve considerar a ordem ou o sistema de valores subjacentes ao texto constitucional. A Constituição deve ser interpretada como um todo, dentro da realidade do Estado. BIZU: Considera-se o “espírito da constituição”, o sistema de valores subjacente ao texto constitucional Método Normativo-estruturante ou Concretista (Friedrich Müller) Este método considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo: aquela é mais ampla que este, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto seu texto quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto). A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto. BIZU: Texto da norma x Norma jurídica. A norma jurídica deve ser interpretada de acordo com o contexto 8 Método Comparativo ou da Comparação Constitucional (Peter Häberle) Para este método a interpretação dos institutos se implementa mediante comparação nos vários ordenamentos. Estabelece-se, assim, uma comunicação entre as várias Constituições. Partindo dos 4 métodos ou elementos desenvolvidos por Savigny (gramatical, lógico, histórico e sistemático), Peter Haberle sustenta a canonização da comparação constitucional como um quinto método de interpretação. BIZU: Comparação entre Constituições PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL Princípio da Unidade Esse princípio determina que o texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais em abstrato. Assim, não há antinomias reais no texto da Constituição; as antinomias são apenas aparentes. Segundo esse princípio, na interpretação deve-se considerar a Constituição como um todo, e não se interpretarem as normas de maneira isolada. Não há hierarquida entre as normas da CF. BIZU: Evitar contradições; Não há hierarquia entre as normas da CF Princípio da Máxima Efetividade, da Eficiência ou da Interpretação Efetiva Esse princípio estabelece que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior efetividade social. Visa, portanto, a maximizar a norma, a fim de extrair dela todas as suas potencialidades. Sua utilização se dá principalmente na aplicação dosdireitos fundamentais, embora possa ser usado na interpretação de todas as normas constitucionais. Diferenças entre as categorias de normas: - Existência: é uma norma produzida por uma autoridade aparentemente competente para tal. - Validade: produzida de acordo com seu fundamento, produzido de acordo com a norma superior. - Vigência: uma norma que existe no mundo jurídico. Inicia sua vigência na sua publicação ou após a vacatio legis. - Eficácia: aptidão da norma para ser aplicada ao caso concreto (eficácia positiva) ou para invalidar norma contraria (eficácia negativa). - Efetividade: quando a norma atinge os efeitos para qual foi criado. BIZU: Efetividade social Princípio da Justeza, da Conformidade Funcional, da Correção Funcional ou da Exatidão Funcional Esse princípio determina que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a uma conclusão que subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo constituinte. Assim, este órgão não poderia alterar, pela interpretação, as competências estabelecidas pela Constituição para a União, por exemplo. BIZU: Não subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pela CF Princípio da Concordância Prática ou da Harmonização Esse princípio impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles em concreto, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É geralmente usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais. Assim, apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre manifestação do pensamento (art. 5º, IV, CF/88), este direito não é absoluto. Ele encontra limites na proteção à vida privada (art. 5º, X, CF/88), outro direito protegido constitucionalmente. BIZU: Harmonização dos bens jurídicos em conflito; Evitar sacrifício 9 Princípio do Efeito Integrador ou Eficácia Integradora Esse princípio busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência às determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. É, muitas vezes, associado ao princípio da unidade da constituição, justamente por ter como objetivo reforçar a unidade política. BIZU: Favoreçam a integração política e social Princípio da Força Normativa Esse princípio determina que toda norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia, sob pena de não ser aplicada. Estabelece, portanto, que, na interpretação constitucional, deve-se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo-lhes eficácia e permanência. São reflexos: * Efeito Transcendente * Objetivação do Controle Difuso * Relativização da Coisa Julgada BIZU: Buscar a eficácia Princípio da Convivência das Liberdades Públicas ou da Relatividade Parte da presunção que não existem princípios absolutos, pois todos encontram limites em outros princípios também consagrados na constituição. Para que as liberdades possam conviver, elas não podem ser absolutas, devem encontrar óbices. BIZU: Não existem princípios absolutos DIREITO INTERTEMPORAL As normas da constituição anterior e as normas infraconstitucionais anteriores podem sofrer algumas consequências jurídicas diversas com a instauração de uma nova ordem constitucional: Recepção A norma infraconstitucional (préconstitucional), que não contrariar a nova ordem, será recepcionada, podendo, inclusive, adquirir uma outra “roupagem”. Ex.: CTN (Código Tributário Nacional - Lei nº 5.172/66), que, embora tenha sido elaborado com natureza jurídica de lei ordinária, foi recepcionado pela nova ordem como lei complementar, sendo que os ditames que tratam das matérias previstas no art. 146, I, II e III, da CF só poderão ser alterados por lei complementar, aprovada com o quórum da maioria absoluta (art. 69). Requisitos: - estar em vigor no momento do advento da nova Constituição; - não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento anterior; - ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela foi editada (no ordenamento anterior); - ter compatibilidade somente material perante a nova Constituição, pouco importando a compatibilidade formal. Características: - no fenômeno da recepção, só se analisa a compatibilidade material perante a nova Constituição; - a lei, para ser recebida, precisa ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela foi editada; - como a análise perante o novo ordenamento é somente do ponto de vista material, uma lei pode ter sido editada como ordinária e ser recebida como complementar (“nova roupagem”); - em complemento, um ato normativo que deixe de ter previsão no novo ordenamento também poderá ser recebido. É o caso, por exemplo, do decreto-lei, que não mais existe perante o ordenamento de 1988: o Código Penal (DL n. 2.848/40) foi recebido como lei ordinária; - se incompatível, a lei anterior será revogada, não se falando em inconstitucionalidade superveniente; 10 - nesse caso, a técnica de controle ou é pelo sistema difuso ou pelo concentrado, mas, neste último caso, somente por meio da ADPF. Isso porque só se fala em ADI de uma lei editada a partir de 1988 e perante a CF/88 (contemporaneidade); - é possível, também, mudança de competência federativa para legislar, ou seja, matéria que era de competência da União pode perfeitamente passar a ser de competência legislativa dos Estados-Membros (como exemplo, citamos a instituição de região metropolitana que, na atual Constituição, passou a ser de competência estadual — art. 25, § 3.º, da CF/88), mas a recíproca não é verdadeira. Assim é possível a DESFEDERALIZAÇÃO para normas estaduais ou municipais, mas não é possível a FEDERALIZAÇÃO de normas estaduais ou municipais (Ex.: leis municipais ou estaduais não podem ser recepcionadas como leis de competência da União); - é possível, ainda, a recepção de somente parte de uma lei, como um artigo, um parágrafo etc.; - o denominado fenômeno da recepção material de normas constitucionais (com status de lei infraconstitucional) somente é admitido mediante "expressa" previsão na nova Constituição. No entanto, a recepção material de normas infraconstitucionais compatíveis com a nova constituição pode ocorrer de forma implícita ou explícita (expressa); - a recepção ou a revogação acontecem no momento da promulgação do novo texto. Entende-se, contudo, que o STF poderá modular os efeitos da decisão, declarando a partir de quando a sua decisão passa a valer. Nesse caso, a aplicação da técnica da modulação poderia se implementar tanto no controle difuso como no controle concentrado por meio da ADPF. Não recepção ou revogação É a regra. É tácita e dispensa disposição nesse sentido. Lei nova revoga lei anterior no que lhe for contrário. Desconstitucionalização As normas constitucionais são recepcionadas com status de lei infraconstitucional pela nova constituição, desde que compatível materialmente com a nova ordem e que haja previsão expressa. --> Requisitos: - deve ser compatível materialmente com a nova Constituição; - deve vir expressamente prevista na nova Constituição; Obs.: NÃO É ADOTADO NO BRASIL! Recepção Material das Normas Constitucionais É a persistência de normas constitucionais anteriores que guardam, se bem que a título secundário, a antiga qualidade de normas constitucionais. Ex.: art. 34, caput, e seu § 1º, do ADCT, que asseguram, expressamente, a continuidade da vigência de artigos da Constituição anterior, com o caráter de norma constitucional, no novo ordenamento jurídico instaurado. As referidas normas são recebidas por prazo certo, em razão de seu caráter precário, características marcantes no fenômeno da recepção material das normas constitucionais. Só será admitido se houver expressa manifestaçãoda nova Constituição; caso contrário, as normas da Constituição anterior serão revogadas. Requisitos: - deve vir expressamente previsto na nova Constituição; - são recebidas por prazo certo, em razão de seu caráter precário. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES - QUANTO À ORIGEM * Outorgadas, Impostas, Ditadoriais ou Autocráticas São aquelas impostas pelo detentor do poder político. Exs.: CF’s brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC nº 01/1969. 11 * Democráticas, Promulgadas, Votadas ou Populares (CF) São aquelas produzidas com a participação popular em regime de democracia (seja direta ou representativa). Normalmente, são fruto do trabalho de uma Assembleia Constituinte. Exs.: CF’s brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. * Cesaristas ou Bonapartistas São aquelas produzidas pelo detentor do poder político, mas dependem de ratificação popular por meio de referendo. Não há constituições brasileiras. * Dualistas ou Pactuadas São aquelas fruto de um compromisso instável de duas forças políticas rivais antagônicas. Governo/monarquia enfraquecido x Burguesia fortalecida. Não há constituições brasileiras. - QUANTO À FORMA * Escritas, Legais ou Instrumentais (CF) São aquelas produzidas em documentos formais/escritos e solenes. * Não Escritas, Históricas, Costumeiras ou Consuetudinárias São aquelas pautadas em costumes, tradições, leis esparsas e jurisprudência. #CUIDADO: as constituições não escritas também são formadas por leis e convenções. Ex.: Constituição inglesa. - QUANTO À SISTEMÁTICA * Codificadas (CF) São aquelas cujas normas se encontram inteiramente contidas em um só texto, formando um único corpo de lei. * Não Codificadas São aquelas escritas formadas por normas esparsas ou fragmentadas em vários textos. - QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO * Dogmáticas ou Sistemáticas (CF) São aquelas que são sempre escritas e elaboradas por um órgão constituinte, segundo os dogmas e valores em voga. * Históricas ou Costumeiras São aquelas que são não escritas e concebidas historicamente pela sociedade, produto de um processo social lento. São mais estáveis que as dogmáticas. Ex.: Constituição inglesa. - QUANTO AO CONTEÚDO * Materiais São aquelas identificadas por consagrarem um conjunto de normas estruturais da sociedade. São consideradas normas materialmente constitucionais as que contêm matérias típicas de uma constituição, quais sejam, estrutura do Estado, organização dos poderes e direitos e garantias fundamentais. 12 Ex.: Constituição imperial brasileira de 1824. * Formais (CF) São aquelas que podem ser definidas como o conjunto de normas jurídicas produzidas por um processo mais árduo e mais solene que o ordinário, com o propósito de tornar mais difícil a sua alteração. Esta espécie pressupõe uma constituição escrita. - QUANTO À EXTENSÃO * Analíticas, Prolixas, Extensas ou Longas (CF) São aquelas que versam sobre determinadas matérias de forma detalhada e específica. São necessariamente escritas e fruto do Constitucionalismo Contemporâneo. Ex.: Constituição de 1988 * Sintéticas, Concisas, Sumárias ou Curtas São aquelas que possuem conteúdo abreviado e versam tão somente sobre princípios gerais e regras básicas sobre organização e funcionamento do Estado. Ex.: Constituição do EUA, que possui apenas sete artigos - QUANTO À ESTABILIDADE OU MUTABILIDADE * Imutáveis, Graníticas, Intocáveis ou Permanentes São as Leis Fundamentais antigas (Código de Hamurabi e a Lei das XII Tábuas), que surgiram com a pretensão de eternidade e que, por isso, não podiam ser modificadas sob pena de maldição dos deuses. * Fixas ou Silenciosas São aquelas que só podem ser modificadas pelo mesmo poder constituinte que as elaborou, quando convocado. Ex.: Constituições francesas da época de Napoleão I. * Rígidas (CF) São aquelas que somente podem ser modificadas mediante procedimentos mais solenes e complexos que o processo legislativo ordinário. São sempre escritas, mas as escritas nem sempre são rígidas. Exs.: CF’s brasileiras de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. * Super-rígidas Classificação trazida por Alexandre de Moraes. São aquelas constituições rígidas dotadas de normas imutáveis (clausúlas pétreas). Para o autor, a CF é um exemplo desta classificação. * Semirrígidas ou Semiflexíveis São aquelas que contêm uma parte rígida e outra flexível. Ex.: Constituição imperial brasileira de 1824. * Flexíveis ou Plásticas São aquelas que permitem a modificação de suas normas por um processo idêntico ao de lei ordinária. As normas de uma Constituição flexível reduzem-se a normas legais, não possuindo nenhuma supremacia sobre as demais. 13 - QUANTO À IDEOLOGIA * Ecléticas ou Compromissórias (CF) São aquelas que procuram conciliar ideologias políticas opostas. * Ortodoxas São aquelas que adotam apenas uma ideologia política. Ex.: Constituição Soviética de 1977 (Comunismo). - QUANTO À ORIGEM DE DECRETAÇÃO * Autoconstituições (CF) São aquelas elaboradas por órgãos do próprio Estado, como a Assembleia Constituinte. * Heteroconstituições São aquelas elaboradas por órgãos de fora do Estado, seja por Organização Internacional ou por outros Estados. - QUANTO AO SISTEMA * Principiológicas (CF) São aquelas em que predominam os princípios. * Preceituais São aquelas em que predominam as regras. - QUANTO À FINALIDADE * Constituições-garantia ou Constituições-quadro São aquelas que se concentram nas limitações do poder do Estatal junto aos cidadãos (liberdade negativa). * Constituições-balanço ou Constituições-registro São aquelas que descrevem e registram, periodicamente, o grau de organização política e relações reais de poder. Fazem, de tempos em tempos, um balanço do estágio em que se encontra a evolução social. * Constituições-dirigente ou Constituições-programática (CF) São aquelas de texto extenso, que definem programas, planos e diretrizes para a atuação estatal. - QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE (CRITÉRIO ONTOLÓGICO DE KARL LOEWENSTEIN) * Normativas (CF) São aquelas que estão em consonância com a realidade social e política do Estado e são utilizadas pela população. Exs.: Constituições brasileiras de 1891, 1934 e 1946. * Nominativas ou Nominais São aquelas que não conseguiram ficar em consonância com a realidade social, mas que anseiam chegar a este estágio e alcançar a simetria entre a Constituição e a realidade. São constituições prospectivas. 14 * Semânticas São aquelas que além de não estarem em consonância com a realidade social, são feitas para beneficiar os detentores do poder, sendo os interesses sociais relegados a segundo plano. Exs.: CF’s brasileiras de 1937, 1967 e 1969. - QUANTO AO PAPEL DA CONSTITUIÇÃO OU FUNÇÃO DESEMPENHADA PELA CONSTITUIÇÃO * Constituições-lei São aqueles em que suas normas são equiparadas às demais leis do ordenamento, desprovidas de status hierárquico diferenciado. Nesse sentido, não são capazes de moldar a atuação do legislador e funcionam, apenas, como diretrizes não vinculantes. * Constituições-moldura São aqueles que são só a moldura de um quadro vazio, funcionando como limite à atuação do legislador ordinário, que não poderá atuar fora dos limites previamente estabelecidos. * Constituições-fundamento ou Constituições-total São aqueles que diferenciam as normas constitucionais das demais, na medida em que as situa num plano de superioridade valorativo que as torna cogentes para os legisladores. - QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO * Liberais São aquelas visam delimitar o exercício do poder estatal, assegurar liberdades individuais, oponíveis ao Estado. Exs.: Constituições dos EUA e da França de 1787. * Sociais(CF) Típicas de um constitucionalismo pós liberal, são aquelas que passam a consagrar em seus textos não só direitos relacionados à liberdade, mas também prerrogativas de cunho social, cultural e econômico. A atuação do Estado deixa de ser meramente negativa, como era nas Constituições liberais, para se tornar positiva. - OUTRAS CLASSIFICAÇÕES * Constituição dúctil ou suave Idealizada por Gustavo Zagrebelsky, é a constituição que cria condições para o exercício dos mais variados projetos de vida (concepções de vida digna), refletindo o pluralismo. * Constituição plástica Para Pinto Ferreira, constituição plástica é sinônimo de constituição flexível. Para Raul Machado Horta, constituição plástica é aquela dotada de uma mabealidade (são maleáveis aos influxos da realidade social, política, econômica, educacional, jurisprudencial etc). Possibilita releituras, reinterpretações de seu texto, à luz de novas realidades sociais. * Constituição expansiva Idealizada por Raul Machado Horta, indica constituições que conferem juridicidade a novas situações e estendem o tratamento jurídico de diversos outros temas já presentes nos documentos constitucionais anteriores. 15 * Constituição em branco É a constituição que não prevê regras e limites para o exercício do poder de reforma. * Constituição sem organicidade É a constituição caracterizada pela ausência de um documento único articulando e organizando as normas constitucionais, restando estas dispersas entre os diversos documentos, ou com normas constitucionais que sequer estão escritas. CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 • Origem: Promulgada • Forma: Escrita • Sistemática: Codificada • Modo de Elaboração: Dogmática • Conteúdo: Formal • Extensão: Analítica • Estabilidade: Rígida • Ideologia: Eclética • Origem de Decretação: Autoconstituição • Sistema: Principiológica • Finalidade: Dirigente • Correspondência com a Realidade: Normativa (prevalece) • Conteúdo Ideológico: Social PODER CONSTITUINTE PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO - Sinônimos: Inicial, Inaugural, Genuíno ou de 1º Grau - Conceito: É o poder de instaurar uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. - Titularidade: POVO Obs.: Joseph Sieyès, em sua obra clássica “O que é o Terceiro Estado?”, defendia que o titular do poder constituinte seria a nação (corrente minoritária). - Natureza: • Jusnaturalista: Poder de direito ou jurídico, pois eles admitem a existência de um direito natural prévio ao direito positivo. • Juspositivista: Poder de fato ou político, pois é anterior ao próprio direito, metajurídico, não integrando o mundo jurídico. Adotado! - Características: • Inicial: A Constituição é a base do ordenamento jurídico. Dá início a uma nova ordem constitucional e, simultaneamente, desconstitui (revoga) a ordem pretérita. • Autônomo: É capaz de definir o conteúdo que será implantado na nova Constituição, bem como sua estrutura e os termos de seu estabelecimento. Independe de quaisquer fatores jurídicos ou políticos externos ao exercente do poder. • Ilimitado Juridicamente: Não se submete a limitações jurídicas prévias. Obs.: Há limites naturais ao PCO! • Incondicionado: Não se submete a qualquer regra ou procedimento formal pré-fixado pelo ordenamento jurídico que o precede. • Permanente: Não se esgota quando da conclusão da constituição; ele permanece em situação de latência, sendo ativado o momento constituinte de necessária ruptura com a ordem estabelecida se apresentar novamente. 16 - Espécies: • Histórico ou Fundacional: É aquele que produz a primeira Constituição de um Estado. Ex.: CF de 1824. • Revolucionário ou Pós Fundacional: São todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e instaurando uma nova, um novo Estado. Ex.: Demais CF’s após 1824. • Material: É o responsável por definir o conteúdo fundamental da constituição, elegendo os valores a serem consagrados e a ideia de direito que irá prevalecer. No momento seguinte, essas escolhas políticas são formalizadas no plano normativo. • Formal: É o responsável por formalizar as escolhas políticas do poder constituinte material. BIZU: O poder constituinte material precede o formal. - Limitações Materiais: (Jorge Miranda) • Transcendentes: São aqueles que, advindos de imperativos do direito natural, de valores éticos ou de uma consciência jurídica coletiva, impõem-se à vontade do Estado, demarcando sua esfera de intervenção. Nesse sentido, parte da doutrina sustenta o dever de manutenção, imposto ao Poder Constituinte Originário pelo princípio da proibição de retrocesso, dos direitos fundamentais objeto de consensos sociais profundos ou diretamente ligados à dignidade da pessoa humana. • Imanentes: Estão relacionados à configuração do Estado à luz do Poder Constituinte material ou à própria identidade do Estado de que cada Constituição representa apenas um momento da marcha histórica. Referem-se a aspectos como a soberania ou a forma de Estado. É, por exemplo, o que impede que um Estado Federal, que assim quer se manter, passe a condição de Estado Unitário. • Heterônomos: São provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos como, por exemplo, as obrigações impostas ao Estado por normas de direito internacional. Sob essa perspectiva, seria vedado às futuras constituições brasileiras consagrar a pena de morte para além dos casos de guerra externa (CF, art. 5º, XLVII, "a"), ante o disposto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos que, promulgada pelo Decreto nº 678, dispõe em seu artigo 4º, § 3º: "Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido". Tal vedação encontra fundamento na proibição de retrocesso. - Direitos Adquiridos e Nova Constituição (Graus de Retroatividade): Inexiste alegação de "direitos adquiridos" perante nova Constituição, perante o trabalho do poder originário. Poder constituinte e direito adquirido. Graus de retroatividade da norma constitucional: máximo, médio ou mínimo: • retroatividade MÁXIMA OU RESTITUTÓRIA: a lei nova atinge fatos consumados. Verifica-se quando a lei nova prejudica a coisa julgada (sentença irrecorrível) ou os fatos jurídicos já consumados. Ex.: o art. 96, parágrafo único, da Carta de 1937, que permitia ao Parlamento rever a decisão do STF que declarara a inconstitucionalidade de uma lei; • retroatividade MÉDIA: a lei nova atinge os efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. Ou seja, a lei nova atinge as prestações vencidas, mas ainda não adimplidas. Ex.: lei que diminuísse a taxa de juros e se aplicasse aos já vencidos, mas não pagos (prestação vencida, mas ainda não adimplida); • retroatividade MÍNIMA, TEMPERADA OU MITIGADA: a lei nova atinge apenas os efeitos futuros dos atos jurídicos anteriores, verificados após a data em que ela entra em vigor. Trata-se de prestações futuras de negócios firmados antes do advento da nova lei. 17 Ex.: o art. 7º, IV, que, ao vedar a vinculação do salário mínimo para qualquer fim, significou que a nova regra deverá valer para fatos e prestações futuras de negócios celebrados antes de sua vigência (prestações periódicas). O STF vem se posicionando no sentido de que as normas constitucionais fruto da manifestação do poder constituinte originário têm, por regra geral, retroatividade mínima, ou seja, aplicam-se a fatos que venham a acontecer após a sua promulgação, referentes a negócios passados. Sendo regra, portanto, a retroatividade mínima, nada impede que a norma constitucional revolucionária, já que manifestação do poder constituinte originário ilimitado e incondicionado juridicamente, tenha retroatividade média ou máxima. Para tanto, contudo, deve existir expresso pedido na Constituição. #EMRESUMO: a) as normas constitucionais, porregra, têm retroatividade mínima, aplicando-se a fatos ocorridos a partir de seu advento, mesmo que relacionados a negócios celebrados no passado - ex.: art. 7º, IV; b) é possível a retroatividade máxima e média da norma introduzida pelo constituinte originário desde que haja expressa previsão, como é o caso do art. 51 do ADCT da CF/88. Nesse sentido, doutrina e jurisprudência afirmam que não há direito adquirido contra a nova Constituição; c) por outro lado, as Constituições Estaduais (poder constituinte derivado decorrente - limitado juridicamente) e demais dispositivos legais, vale dizer, as leis infraconstitucionais, bem como as emendas à Constituição (fruto do poder constituinte derivado reformador, também limitado juridicamente), estão sujeitos à observância do princípio constitucional da irretroatividade da lei (retroatividade mínima) (art. 5º, XXXVI — “lei” em sentido amplo), com pequenas exceções, como a regra da lei penal nova que beneficia o réu (nesse sentido, cf. AI 292.979-ED, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 19.12.2002). PODER CONSTITUINTE DERIVADO - Sinônimos: Instituído, constituído, secundário, de 2º grau, remanescente. - Conceito: O poder constituinte derivado é criado e instituído pelo originário. Ao contrário de seu “criador”, que é, do ponto de vista jurídico, ilimitado, incondicionado, inicial, o derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos. - Natureza: Poder de direito ou jurídico, pois deve obedecer às limitações impostas pelo PCO. - Características: • Subordinado: Retira fundamento de validade da CF. • Condicionado: Precisa respeitar a forma pré-determinada para sua criação, que se encontra na CF. • Limitado: Encontra limites na CF. - Espécies: Reformador (art. 60, CF); Revisor (art. 3º, ADCT); e Decorrente (art. 25, CF e art. 11, ADCT). 18 1. Poder Constituinte Derivado REFORMADOR (PCDR) - Conceito: É responsável pelas alterações no texto constitucional segundo as regras instituídas pelo Poder Constituinte Originário. - Natureza Jurídica: Poder de direito ou jurídico - Limitações: a. Expressas a.1. Formais ou Procedimentais • Subjetivas - Iniciativa: (art. 60, caput, I, II e III) Um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; Presidente da República; mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando- se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. • Objetivas - Discursão e Votação: (art. 60, § 2º) Será discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, sendo aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos membros. BIZU: 2C + 2T +3/5V - Promulgação: (art. 60, § 3º) pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. - Proposta de EC rejeitada ou prejudicada: (art. 60, § 5º) Proposta de Emenda rejeitada ou prejudicada não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (princípio da irrepetibilidade). a.2. Circunstanciais (art. 60, § 1º) intervenção federal; estado de defesa; estado de sítio. a.3. Materiais ou Substanciais (art. 60, § 4º) - Cláusulas Pétreas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico. a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais. Obs.: Não há limitações TEMPORAIS ao PCDR! b. Implícitas (doutrina) - impossibilidade de se alterar o titular do poder constituinte originário; - impossibilidade de se alterar o titular do poder constituinte derivado reformador; - proibição de se violar as limitações expressas (aqui reside a impossibilidade da teoria da dupla revisão). 2. Poder Constituinte Derivado REVISOR (PCDREV) - Conceito: Poder encarregado de fazer a revisão constitucional. Via extraordinária de alteração da CT, utilizado para alterações gerais. O poder revisor só é exercido uma única vez, como o foi em 1994, tendo dele resultado em seis Emendas Constitucionais de revisão. Uma vez exercido, o poder revisor teve sua eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. 19 - Previsão: Art. 3º, do ADCT: “Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.” Revisão Constitucional: - Realizada: após 5 anos da promulgação da CF; - quórum de votação: maioria absoluta dos membros do CN; - sessão: unicameral. - Limitações • Temporais: 5 anos • Materiais: Idem as limitações do poder reformador - cláusulas pétreas (doutrina) 3. Poder Constituinte Derivado DECORRENTE (PCDD) - Conceito: É a capacidade conferida pelo poder originário aos Estados Membros, enquanto entidades integrantes da federação, para elaborarem e alterar suas próprias constituições. - Características: - Poder de direito ou jurídico, instituído pela Constituição, possuidor de natureza jurídica; - Limitado (ou subordinado), - Condicionado, e - Secundário ou de 2° grau. - Limitações: • Sensíveis: São os que representam a essência da organização constitucional da federação brasileira e estabelecem limites à autonomia organizatória dos Estados- membros (CF, art. 34, VII, “a” a “e”). • Extensíveis: São os que consagram normas centrais organizatórias para a União que se estendem aos Estados, por previsão constitucional expressa (CF, arts. 28 e 75) ou implícita (CF, art. 58, § 3º; arts. 59 e ss.) • Estabelecidos ou Organizatórios: São os que restringem a capacidade organizatória dos Estados federados por meio de limitações expressas (CF, art. 37) ou implícitas (CF, art. 21) PODER CONSTITUINTE DIFUSO O poder constituinte difuso pode ser caracterizado como um poder de fato e que serve de fundamento para os mecanismos de atuação da mutação constitucional. Se por um lado a mudança implementada pelo poder constituinte derivado reformador se verifica de modo formal, palpável, por intermédio das emendas à Constituição, a modificação produzida pelo poder constituinte difuso se instrumentaliza de modo informal e espontâneo, como verdadeiro poder de fato, e que decorre dos fatores sociais, políticos e econômicos, encontrando-se em estado de latência. Trata-se de processo informal de mudança da Constituição, alterando-se o seu sentido interpretativo, e não o seu texto, que permanece intacto e com a mesma literalidade. PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL Trata-se de um poder destinado a elaborar uma constituição supranacional, apta a vincular os Estados ajustados sob o seu comando e fundamentada na vontade do povo- cidadão universal, seu verdadeiro titular. Este poder é considerado constituinte por ter a força de criar uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em que 20 reorganiza a estrutura de cada um dos Estados que adere ao direito comunitário e submete as constituições nacionais ao seu poder supremo. O poder constituinte supranacional busca a sua fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de soberania. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO PREÂMBULO CORPO FIXO (PARTE DOGMÁTICA) ADCT (ATOS DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS) Representa os objetivos/finalidade É a parte mais importante – art. 1º ao 250 É norma constitucional transitória, excepcional Desprovido de normatividade (âmbito da política) Possui normatividade Possui normatividade Não é parâmetro para o controle de constitucionalidade É parâmetro para o controle de constitucionalidade É parâmetro para o controle de constitucionalidade PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituirum Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. PREÂMBULO CONSTITUCIONAL - O preâmbulo é um elemento formal de aplicabilidade. - O preâmbulo não pode, por si só, servir de parâmetro de controle da constitucionalidade de uma norma. - O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e, dessa forma, norteia a interpretação do texto constitucional. - Em termos estritamente formais, o Preâmbulo é uma espécie de introdução ao texto constitucional, um resumo dos direitos que permearão a textualização a seguir, apresentando o processo que resultou na elaboração da Constituição e o núcleo de valores e princípios de uma nação. - O termo "assegurar" constante no Preâmbulo da CF/88 constitui-se no marco da ruptura com o regime anterior e garante a instalação e asseguramento jurídico dos direitos listados em seguida e até então não dotados de força normativa constitucional suficiente para serem respeitados, sendo eles o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça. - A invocação à proteção de Deus, constante do Preâmbulo da Constituição da República vigente, não tem força normativa, não sendo de reprodução obrigatória pelos Estados. - Para o STF o preâmbulo constitucional situa-se no domínio da política e reflete a posição ideológica do constituinte. Logo, não contém relevância jurídica, não tem força normativa, sendo mero vetor interpretativo das normas constitucionais, não servindo como parâmetro para o controle de constitucionalidade. TEORIAS QUANTO À NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO: 1. Teoria da Irrelevância Jurídica: O preâmbulo está no âmbito da política, portanto, não possui relevância jurídica. Adotada! 2. Teoria da Plena Eficácia: O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais. 3. Teoria da Relevância Jurídica Indireta ou Específica: O preâmbulo faz parte das características jurídicas da Constituição Federal, entretanto, não deve ser confundido com as demais normas jurídicas desta. 21 - Natureza jurídica do preâmbulo. O preâmbulo não se situa no âmbito do Direito, mas sim no domínio da política. Ele apenas reflete a posição ideológica do constituinte. Desse modo, o preâmbulo não possui relevância jurídica. Vale ressaltar, ainda, que o preâmbulo não constitui norma central da Constituição, não sendo de reprodução obrigatória nas Constituições dos Estados-membros. A invocação a Deus, presente no preâmbulo da CF/88, reflete um sentimento religioso. Isso não faz, contudo, que o Brasil deixe de ser um Estado Laico. O Brasil é um Estado Laico, ou seja, um Estado em que há Liberdade de consciência e de crença, onde ninguêm é privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica. A invocação da proteção de Deus contida no preâmbulo da CF/88 não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual não tendo força normativa. Se a Constituição estadual não tiver esta expressão, não há qualquer inconstitucionalidade nisso. STF. Plenário. ADI 2076. Rel. Min. Carlos Velloso. Julgado em 15/08/2002. TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO e tem como FUNDAMENTOS: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. República Federativa do Brasil Forma de Estado Federado As duas iniciais formam FE de Federação Forma de Governo Republicano FOGO na República Sistema de Governo Presidencialista SIGO o Presidente Regime de Governo Democrático REGO Democrático Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Poder Função Típica Função Atípica Legislativo - Legislar - Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Poder Executivo Nat. Executiva: ao dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias e licenças a servidores; Nat. Jurisdicional: Senado, quando julga o PR nos crimes de responsabilidade (art. 52, I, CF). Executivo - Administrar - Pratica de atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos administrativos Nat. Legislativa: PR, quando adota Medida Provisória, com força de lei (art. 62, CF); Nat. Jurisdicional: Executivo julga, apreciando defesas e recursos administrativos. Judiciário - Julgar Nat. Executiva: quando concede férias e licenças aos magistrados e serventuários (art. 96, I, “f”, CF); Nat. Legislativa: regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, “a”, CF). 22 Art. 3º Constituem OBJETIVOS FUNDAMENTAIS da República Federativa do Brasil: Obs.: Norma constitucional de eficácia LIMITADA DE PRINCÍPIO PROGRAMÁTICO I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes PRINCÍPIOS: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América LATINA, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. #CUIDADO: Não é povos da América do SUL e não visa à formação de uma comunidade do MERCOSUL. FUNDAMENTOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS PRINCÍPIOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Soberania; Cidadania; Dignidade da pessoa humana; Valores sociais do trabalho e da libre iniciativa; Pluralismo político. Construir uma sociedade livre, justa e solidária; Garantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Promover o bem estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Autodeterminação dos povos; Independência nacional; Não-intervenção; Concessão de asilo político; Prevalência dos direitos humanos; Igualdade entre os Estados; Defesa da paz; Repúdio ao terrorismo e ao racismo; Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; Solução pacífica dos conflitos. BIZU: “SoCiDiVaPlu” BIZU: “ConGaErPro”; Regra do verbo. BIZU: “AIndNãoConPreIDeReCoS” 23 TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS X GARANTIAS Direitos Bens e vantagens prescritos na norma constitucional. Garantias Instrumentos utilizados parae assegurar o exercício dos direitos. TITULARIDADE • Pessoas físicas: brasileiros e estrangeiros (residentes e não-residentes) • Pessoas jurídicas CATEGORIAS • Direitos e deveres individuais e coletivos • Direitos sociais • Direitos de nacionalidade • Direitos políticos • Partidos políticos TEORIA DOS LIMITES DOS LIMITES Em razão da proteção ao núcleo essencial dos direitos fundamentais, é limitada a ação do legislador que restringue esses direitos. Podem ser impostas restrições aos direitos fundamentais, mas o núcleo essencial não pode ser afetado. Essa teoria, umbilicalmente unida ao princípio da proteção do núcleo essencial, visa a evitar a limitação total de um direito fundamental a ponto de esse vir a ter seu núcleo esvaziado. Nesse diapasão, esclarece a doutrina a existência de duas teorias: 1. Teoria Absoluta: o núcleo essencial dos direitos fundamentais opera como unidade substancial autônoma, ou seja, independe de situação concreta para que esteja salvo de eventual decisão legislativa. 2. Teoria Relativa: o núcleo essencial deve ser definido para cada caso, de acordo com o objetivo da norma que venha a restringir o direito. CARACTERÍSTICAS Historicidade Possuem caráter histórico, nascendo com o cristianismo, passando pelas diversas revoluções e chegando aos dias atuais. Universalidade Destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os seres humanos. Relatividade Os direitos fundamentais não são absolutos (relatividade), havendo, muitas vezes, no caso concreto, confronto, conflito de interesses, o que é resolvido por um juízo de ponderação ou pelo princípio da proporcionalidade. Concorrência Podem ser exercidos cumulativamente uns com os outros. Irrenunciabilidade Eles podem ser nunca exercidos, mas nunca poderão ser renunciados. Inalienabilidade Como são conferidos a todos, são indisponíveis; não se pode aliená-los por não terem conteúdo econômico- patrimonial. Imprescritibilidade Não são perdidos se não forem usados. DIREITOS DO HOMEM X DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS Direitos do Homem Conjunto de direitos humanos naturais, não escritos ou não positivados, mas que decorrem da ideia de humanidade. Direitos Humanos Conjunto de valores e direitos positivados na ordem internacional para a proteção da dignidade da pessoa. Direitos Fundamentais Conjunto de valores e direitos positivados na ordem interna de determinado país para a proteção da dignidade da pessoa. DIMENSÕES/GERAÇÕES 1ª Dimensão • Valor-Fonte: liberdade • Tipo de Estado: liberal 24 • Direitos: Políticos e Civis - BIZU: PC • Prestações Estatais: direitos negativos (abstenção Estatal) • Exemplos: liberdade de reunião e locomoção 2ª Dimensão • Valor-Fonte: igualdade • Tipo de Estado: social • Direitos: Econômicos, Sociais e Culturais - BIZU: ESC • Prestações Estatais: direitos positivos (prestação Estatal) • Exemplos: saúde e previdência social 3ª Dimensão • Valor-Fonte: fraternidade • Tipo de Estado: coletivo • Direitos: Coletivos e Difusos - BIZU: CD • Prestações Estatais: dever de toda a comunidade • Exemplos: meio ambiente e consumidor 4ª Dimensão • Engrenharia genética (Norberto Bobbio) • Direito à informação, democracia direta e pluralismo (Paulo Bonavides) 5ª Dimensão • Direito à paz (Paulo Bonavides) TEORIA DOS STATUS DE JELLINEK (Desenvolvida por Georg Jellinek na segunda métade do séxulo XIX e apresentada por Robert Alexy em seu livro “Teoria dos Direitos Fundamentais”, a Teoria dos Status de Jellinek busca explicar o papel dos Direitos Fundamentais nas relações entre o Estado e o particular) Status Passivo ou Subjectionis O indivíduo em posição de subordinação aos Poderes Públicos, vinculando-se ao Estado por mandamentos e proibições. O indivíduo aparece como detentor de deveres perante o Estado. BIZU: Sujeição do particular frente ao Estado. Status Negativo ou Libertatis O indivíduo, por possuir personalidade, goza de um espaço de liberdade diante das ingerências do Poder Público. Direito de garantir uma abstenção do Estado, de negar uma intervenção. BIZU: Defesa do particular frente ao Estado. Status Ativo ou Activus O indivíduo tem direito de participar ativamente da vida do Estado, de se inserir na tomada de decisão do Estado. Ex.: voto. BIZU: Participação do particular na tomada de decisões. Status Positivo ou Civitatis O indivíduo tem direito de exigir do Estado uma atuação positiva, uma intervenção prestacional. BIZU: Prestação do Estado ao particular. DIMENSÕES (SUBJETIVA X OBJETIVA) Dimensão Subjetiva Os direitos fundamentais, são direitos exigíveis perante o Estado: as pessoas podem exigir que o Estado se abstenha de intervir indevidamente na esfera privada (direitos de 1ª geração) ou que o Estado atue ofertando prestações positivas, através de políticas e serviços públicos (direitos de 2ª geração). Dimensão Objetiva Os direitos fundamentais são vistos como enunciados dotados de alta carga valorativa: eles são qualificados como princípios estruturantes do Estado, cuja eficácia se irradia por todo o ordenamento jurídico. Aplica-se às aplicações e interpretações dos direitos fundamentais. EFICÁCIAS Eficácia Vertical É aplicada às relações entre o Estado e o particular, que se encontra em uma relação de subordinação quanto ao Estado. BIZU: Estado x Particular Eficácia Horizontal É chamada de horizontal, pois não existe subordinação, mas sim uma coordenação, uma igualdade entre as partes da relação. BIZU: Particular x Particular 25 Eficácia Diagonal É aplicada às relações em que há um desequilíbrio entre os particulares, é um desequilíbrio fático, a exemplo das relações entre patrões e empregados, entre banco e consumidores. BIZU: Particular x Particular Vulnerável REGRAS X PRINCÍPIOS Regras • Mandados de determinação • Aplicado por subsunção • Técnica do "tudo ou nada" • Buscam fundamento nos princípios • Possuem reduzido grau de abstração e indeterminabilidade • Aplicação direta e imediata Princípios • Mandados de otimização • Aplicado por ponderação de interesses • Técnica do "mais ou menos" • Constituem a ratio das regras • Possuem elevado grau de abstração e de indeterminabilidade • Dependem da interpretação Art. 5º TODOS são iguais perante a lei, SEM DISTINÇÃO de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade, nos termos seguintes: BIZU: “V.I.L.P.S” Direito à VIDA Dimensão NEGATIVA Consiste no direito assegurado a todo e qualquer ser humano de permanecer vivo. Trata-se, aqui, de direito de defesa que confere ao indivíduo status negativo (em sentido amplo), ou seja, direito à não intervenção em sua existência física por parte do Estado e de outros particulares. A proibição da pena de morte (CF, art. 5. º, XLVII, "a") é uma posição jurídica específica que o integra em sua acepção negativa. Dimensão POSITIVA É associada ao direito à existência digna, no sentido de ser assegurado ao indivíduo o acesso a bens e utilidades indispensáveis para uma vida em condições minimamente dignas. Essa acepção, no entanto, não se limita à garantia do mínimo existencial, atuando também no sentido de assegurar ao indivíduo pretensões de caráter material e jurídico. Nesse sentido, impõe aos poderes públicos o dever de adotar medidas positivas de proteção da vida. Direito à IGUALDADE Concepção FORMAL Correspondente à noção de que todos os homens são iguais, não importa o conteúdo do tratamento dispensado, nem as condições ou circunstâncias de cada indivíduo. Reduzido a este sentido, o princípio da igualdade se converte, de certo modo, numa simplesexigência de generalidade e de prevalência da lei em face da jurisdição e da administração. Concepção MATERIAL Representa o tratamento igual dos iguais e o tratamento desigual daqueles em situações desiguais. Por essa concepção, a igualdade deve adotar critérios distintivos justos e razoáveis, de modo que os poderes públicos devem adotar medidas concretas para reduzir ou compensar desigualdades. 26 I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; - É inconstitucional lei que preveja requisitos diferentes entre homens e mulheres para que recebam pensão por morte. É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres (art. 5º, I, da CF/88), a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou companheiros/companheiras (art. 201, V, da CF/88). STF. Plenário. RE 659424/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 457) (Info 994). II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (P. DA LEGALIDADE) Princípio da LEGALIDADE Aspectos - Positivo • aplicável à Administração Pública • só poderá atuar quando a lei determinar ou autorizar - Negativo • aplicável ao particular • podem fazer tudo o que não estiver proibido em lei Exceções • Medidas provisórias (art. 62, CF) • Estado de defesa (art. 136, CF) • Estado de sítio (art. 137, CF) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Obs.: Norma constitucional de eficácia PLENA IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo VEDADO o anonimato; - É inconstitucional a resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe a comercialização e o uso dos testes psicológicos para indivíduos que não sejam psicólogos. Ao restringirem a comercialização e o uso de testes psicológicos aos profissionais regularmente inscritos no Conselho Federal de Psicologia (CFP), o inciso III e os §§ 1º e 2º do art. 18 da Resolução 2/2003-CFP acabaram por instituir disciplina desproporcional e ofensiva aos postulados constitucionais relativos à liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV, IX e XIV, da CF/88) e de liberdade de acesso à informação (art. 220, da CF/88). STF. Plenário. ADI 3481/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021 (Info 1008). V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (DIREITO DE RESPOSTA) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, NA FORMA DA LEI, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (DIREITO A LIBERDADE RELIGIOSA) - Estados e Municípios podem restringir temporariamente atividades religiosas coletivas presenciais a fim de evitar a proliferação da Covid-19. #IMPORTANTE #COVID É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais atividades religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço da pandemia da Covid- 19. STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012). - É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção filosófica. #IMPORTANTE #COVID É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória 27 determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003). - É constitucional lei estadual que permite o sacrifício de animais em cultos de religiões de matriz africana. #IMPORTANTE É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. STF. Plenário. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 28/3/2019 (Info 935). VII - é assegurada, NOS TERMOS DA LEI, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, SALVO se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; (ESCUSA OU OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA) - É possível que o candidato a concurso público consiga a alteração das datas e horários previstos no edital por motivos religiosos, desde que cumpridos alguns requisitos. #IMPORTANTE Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível a realização de etapas de concurso público em datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000). - É possível que o servidor público cumpra seus deveres funcionais em dias alternativos por motivos religiosos, desde que cumpridos alguns requisitos. #IMPORTANTE Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível à Administração Pública, inclusive durante o estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, não se caracterize o desvirtuamento do exercício de suas funções e não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000). IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, INDEPENDENTEMENTE de censura ou licença; - Emissora de TV pode ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo Ministério da Justiça. Segundo decidiu o STF, é inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. Assim, o Estado não pode determinar que os programas somente possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados. A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória) (STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016). Vale ressaltar, no entanto, que a liberdade de expressão, como todo direito ou garantia constitucional, exige responsabilidade no seu exercício, de modo que as emissoras deverão resguardar, em sua programação, as cautelas necessárias às peculiaridades do público infanto-juvenil. Logo, a despeito de ser a classificação da programação apenas indicativa e não proibir a sua veiculação em horáriosdiversos daquele recomendado, cabe 28 ao Poder Judiciário controlar eventuais abusos e violações ao direito à programação sadia, previsto no art. 221 da CF/88. Diante disso, é possível, ao menos em tese, que uma emissora de televisão seja condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo órgão competente, desde que fique constatado que essa conduta afrontou gravemente os valores e interesses coletivos fundamentais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.463-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/11/2019 (Info 663). - Biografias: autorização prévia e liberdade de expressão. #IMPORTANTE Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes: “É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789). X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; - A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à intimidade. #IMPORTANTE A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61.302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020 (Info 678). - A MP 954/2020 exorbitou dos limites traçados pela Constituição ao autorizar a disponibilização dos dados pessoais de todos os consumidores dos serviços STFC e SMP, pelos respectivos operadores, ao IBGE. #COVID A MP 954/2020 determinava que, durante a emergência de saúde decorrente do covid-19, as empresas de telefonia fixa e móvel deveriam fornecer ao IBGE os dados dos seus clientes: relação dos nomes, números de telefone e endereços. Segundo a MP, essas informações seriam utilizadas para a produção das estatísticas oficial, com o objetivo de realizar entrevistas não presenciais com os clientes das empresas. As informações disciplinadas pela MP 954/2020 configuram dados pessoais e, portanto, estão protegidas pelas cláusulas constitucionais que asseguram a liberdade individual (art. 5º, caput), a privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade (art. 5º, X e XII). Sua manipulação e tratamento deverão respeitar esses direitos e os limites estabelecidos pela Constituição. A MP 954/2020 exorbitou dos limites traçados pela Constituição porque diz que os dados serão utilizados exclusivamente para a produção estatística oficial, mas não delimita o objeto da estatística a ser produzida, nem a finalidade específica ou a sua amplitude. A MP 954/2020 não apresenta também mecanismos técnico ou administrativo para proteger os dados pessoais de acessos não autorizados, vazamentos acidentais ou utilização indevida. Diante disso, constata-se que a MP violou a garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF), em sua dimensão substantiva (princípio da proporcionalidade). 29 STF. Plenário. ADI 6387, ADI 6388, ADI 6389, ADI 6390 e ADI 6393 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 6 e 7/5/2020 (Info 976). XI - a CASA é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, SALVO em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO (EXCEÇÕES) Durante o DIA/NOITE • com o consentimento do morador • flagrante delito • desastre • prestar socorro Apenas durante DIA • determinação judicial - Parâmetros para a validade da entrada forçada em domicílio sem mandado judicial. #IMPORTANTE A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori", que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgado 4-5/11/2015 (repercussão geral) (lnfo 806). - Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou consentimento do morador. #IMPORTANTE O ingresso regular da polícia no domicilio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar abordagem policial em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS. Rel. Min. Rogério Schietti Cruz. Julgado em 20/4/2017 (Info 606). - Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia. #IMPORTANTE A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666). STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623). - Na hipótese de suspeita de flagrância delitiva, qual a exigência, em termos de standard probatório, para que policiais ingressem no domicílio do suspeito sem mandado judicial? #IMPORTANTE A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo. Principais conclusões do STJ: 1) Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito. 2) O tráfico ilícito de entorpecentes,
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