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Doenças Emergentes e Reemergentes

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Doenças Emergentes e Reemergentes 
 
Definição 
→ Doenças emergentes: 
O surgimento de novas doenças devido à 
ocorrência de novos agentes etiológicos, cepas 
ou mecanismos de transmissão, alterações nos 
agentes já existentes (com aumento na 
virulência ou patogenicidade) e a introdução de 
agentes em novas áreas até então consideradas 
indenes, que são fatores potencialmente 
geradores de epidemias, além do 
desenvolvimento de novas técnicas que 
permitem a detecção dessas novas doenças, 
estimularam a elaboração de conceitos que 
buscassem caracterizar esses processos e 
contribuir para a sua detecção, prevenção e 
controle. 
→ Doenças reemergentes: 
Da mesma forma, o ressurgimento de doenças 
até então consideradas controladas também 
representaria um risco de produção de 
epidemias, dado que a população de um 
determinado território poderia estar 
susceptível, dependendo do período em que o 
agente estivesse sem circular ou com reduzida 
circulação nesse espaço 
 
LOCAL 
AFETADO 
ANO DOENÇA 
Mundo Década de 80 AIDS 
EUA e Europa 1986 a 1992 Tuberculose 
Américas Década de 80 Dengue e Cólera 
EUA 1993 Síndrome Hemolítica Urêmica 
Reino Unido 1999 Encefalite Espongiforme 
humana 
Mundo Década de 50 e 90 Resistencia antimicrobiana 
EUA 2001 Antraz 
Mundo 2003 Síndrome Respiratória Aguda 
(SARS) 
EUA 1999 a 2003 Febre do Nilo Ocidental 
Ásia 2004 até hoje Influenza aviária de alta 
patogenicidade 
 
 
 
 
 
Emergências de saúde publica 
 
Os eventos que podem se constituir 
emergências, portanto, não estão restritos às 
doenças infecciosas (podem incluir eventos de 
natureza química, radio nuclear ou desastres) 
nem se limitam à ocorrência de danos à saúde 
da população (caso ou óbito por determinada 
doença), mas incluem fatores de risco para sua 
ocorrência. 
Para a análise dos eventos que podem se 
constituir uma emergência de saúde pública de 
importância internacional, são avaliados alguns 
critérios de forma contextualizada para uma 
população, tempo e espaço específicos, além de 
considerar aspectos relacionados com a 
probabilidade de restrições internacionais ao 
trânsito de pessoas, bens e mercadorias e ao 
comércio internacional. Para essa finalidade, foi 
desenvolvido um instrumento que conta com 
instrutivo para sua aplicação e inclui um 
algoritmo, com algumas perguntas que apoiam 
a interpretação dos eventos sob análise. 
No Brasil, esse conceito foi adaptado 
para detecção, análise e resposta às potenciais 
emergências de importância nacional, ou seja, 
que apresentam risco de disseminação ou 
propagação no território nacional. 
Em 2011, foi publicado Decreto 
Presidencial nº 7.616, por meio do qual foram 
definidas três situações que poderiam 
caracterizar uma emergência de saúde pública: 
1. Epidemiológicas (surtos e epidemias); 
2. Desastres; 
3. Desassistência. 
 
 
 
Doenças Emergentes e Reemergentes 
 
Evidencia-se que, exceto na ocorrência 
de desastres, a definição de emergência de 
saúde pública se aplicaria somente quando da 
ocorrência de danos à saúde, ou seja, outras 
situações de risco não seriam consideradas 
emergências. 
 
Doenças infecciosas no Brasil do séc. XX 
Na primeira década do século XX, 50% 
dos óbitos associavam-se às infecções, metade 
atribuída às diarreias, 10% à tuberculose, com 
taxas elevadas também devidas à pneumonia, 
difteria, febre tifoide e varíola. Em 1908, a 
varíola havia provocado a morte de 1% da 
população da cidade do Rio de Janeiro. Na 
década seguinte, diminuiu significativamente a 
mortalidade por essa doença. Esse fato 
decorreu, possivelmente, da introdução do vírus 
da varíola minor, provavelmente originário da 
África que, em função de sua baixa 
patogenicidade e elevada infectividade, 
conseguiu erradicar o vírus major do território 
nacional. 
O declínio da mortalidade por infecções 
tornou-se expressivo a partir da década de 
1980, acompanhando a evolução favorável de 
alguns indicadores de saúde, sociais e 
demográficos brasileiros. 
 
 
 
Houve a coexistência das infecções com 
outros problemas de saúde, como doenças 
crônico-degenerativas, efeitos da violência, 
doenças de origem ambiental e ocupacional. 
De 1980 a 1993, a mortalidade pelas 
infecções reduziu-se em 52%, principalmente 
relacionada com a expressiva redução das 
diarreias. As pneumonias, isoladamente, 
passaram a ter as taxas de mortalidade mais 
altas. Houve também redução da mortalidade 
provocada por algumas doenças 
imunopreveníveis, como a poliomielite, que não 
ocorre desde 1989. O sarampo diminuiu 
expressivamente sua incidência. 
As ações de combate aos triatomíneos 
praticamente bloquearam a transmissão 
vetorial da doença de Chagas. Muitos 
problemas, entretanto, não apresentam solução, 
como a expansão da malária na Amazônia, com 
500.000 casos novos/ano, da leishmaniose no 
Nordeste e Sudeste e a permanência de 
esquistossomose, hanseníase e tuberculose. 
Verifica-se o fenômeno de reintrodução de 
doenças como cólera e dengue. O Aedes 
aegypti ocorreu em praticamente todas as 
cidades brasileiras, associado à febre amarela 
silvestre. 
Acrescenta-se a esse cenário o impacto 
de infecções novas, como as associadas ao vírus 
da imunodeficiência humana (HIV) e vírus da 
leucemia linfoma T humano (VLTH I), com altas 
prevalências em algumas regiões; a febre 
purpúrica brasileira, associada a um mutante 
do Haemophilus influenzae; o vírus do papiloma 
humano; a encefalite associada ao vírus rocio; 
ou febre hemorrágica devida ao vírus sabiá. 
 
 
 
 
Doenças Emergentes e Reemergentes 
 
Erradicação 
A erradicação de uma doença 
transmissível, objetivo raramente atingível, 
implica a extinção planetária do seu agente 
etiológico e a impossibilidade de sua 
reintrodução, sendo desnecessária qualquer 
medida de prevenção. É o que ocorreu com a 
varíola. A eliminação de uma doença constitui 
alternativa próxima da erradicação, mais viável 
e que se obtém pela cessação da sua transmissão 
em extensa área geográfica, mantendo-se o risco 
de sua reintrodução. O controle de uma doença 
representa a convivência com certos níveis 
toleráveis de acometimento humano. 
É fundamental a manutenção contínua 
de medidas de controle sobre os serviços de 
saúde, sejam epidemiológicos ou clínicos, com o 
objetivo de surpreender precocemente riscos 
de retomo da doença, assim como avaliar o 
resultado das ações realizadas em seu combate, 
quanto às possíveis mudanças 
comportamentais dos agentes etiológicos. As 
propostas de erradicação mais importantes, 
além da varíola, são as dos vírus pólio e do 
sarampo, que se encontra em estágio avançado 
de êxito. 
 
 
 
Reemergencia 
Muitas das doenças ausentes nos países 
desenvolvidos e que passaram a preocupar pela 
permanência ou intensificação de sua 
ocorrência estavam presentes em países do 
Terceiro Mundo, com significativa impressão 
em suas populações. A reintrodução de doenças 
coincide com o modelo de desenvolvimento 
econômico das sociedades atuais, baseado na 
exploração do trabalho, com competição, 
solidão, menos capacidade efetiva, tensão social 
e ação predatória sobre o meio ambiente, com 
desmatamento de florestas. 
 
A ampliação do consumo de 
conservantes industriais, a fome, a desnutrição, 
o sobrepeso, a despreocupação, em muitas 
sociedades, com crescentes desigualdades 
sociais, a pobreza, a miséria, o desemprego, as 
condições de vida das populações pobres em 
meio urbano ou rural constituem fatores 
fundamentais sobre como o hospedeiro 
responde às agressões de seu meio interno. 
O rápido processo de urbanização, com 
migrações de grandes contingentes 
populacionais das áreas rurais para as urbanas, 
associou-se à ausência de saneamento básico e, 
em consequência, o descuido com a higiene 
pessoal doméstica. Nas cidades superpovoadas, 
é também insuficiente a coleta de lixo, 
propiciandoterreno fértil para a propagação de 
doenças. 
Doenças Emergentes e Reemergentes 
 
Fatores determinantes 
Esse impacto tem sido mais forte devido 
ao predomínio do modelo de atenção à saúde 
baseado na doença e no indivíduo, com 
aplicação desajuizada de tecnologias de alto 
custo e descuido na aplicação de critérios 
racionais para favorecer a utilização equitativa 
dos serviços. Acrescentam-se a tudo isso: a 
antibioticoterapia indiscriminada; 
automedicação; associações e erros potenciais 
da terapêutica medicamentosa, que levam à 
resistência de muitos microrganismos, situação 
perigosa e mais grave que o aparecimento de 
novas doenças. 
O surgimento de microrganismos 
resistentes aos antimicrobianos ocorre em 
velocidade infinitamente maior do que o 
aumento da capacidade do complexo industrial 
e de pesquisa biomédica em produzir novos 
agentes anti-infecciosos. 
Os pesticidas tornaram os insetos 
transmissores de doenças mais resistentes aos 
inseticidas utilizados, alteraram seu 
comportamento e sua biologia, modificaram os 
mecanismos reguladores da biodiversidade e 
contaminaram a água consumida por seres 
humanos e animais. Os aplicadores dessas 
substâncias também se contaminaram. 
Os pesticidas ainda contribuíram para 
tornar os solos estéreis, pois destroem 
microrganismos imprescindíveis à manutenção 
de sua fertilidade natural. A consequência foi o 
desequilíbrio biológico, que empurra para 
dentro das habitações humanas os insetos 
transmissores de doenças. A exploração de 
novos nichos ecológicos constitui-se em outro 
fator de risco para a emergência ou 
ressurgimento de doenças. 
 
 
 
Perfil das doenças infecciosas no Brasil 
 
Vários são os problemas que surgiram 
nos últimos anos relacionados com doenças 
infecciosas. Os destaques são a dengue, a 
síndrome de imunodeficiência adquirida, as 
hepatites, a resistência microbiana, a influenza, 
o movimento demográfico brasileiro - com 
aumento significativo e rápido da população 
idosa -, as febres hemorrágicas, a cólera e a 
expansão de problemas ligados aos transplantes 
de órgãos e tecidos. 
→ Tuberculose 
A tuberculose, apesar da existência de 
instrumentos eficazes para seu controle, 
permanece em níveis muito elevados e é 
agravada pela emergência da síndrome de 
imunodeficiência adquirida. 
→ Malária 
A malária, de grande relevância na região 
amazônica, condiciona-se às políticas de 
desenvolvimento econômico em harmonia com 
o equilíbrio ambiental. O surgimento de drogas 
antimalarígenas e de imunobiológicos eficazes 
são condicionantes de bom desempenho dos 
programas de controle dessa enfermidade. 
 
 
 
 
 
Doenças Emergentes e Reemergentes 
 
→ AIDS 
A síndrome de imunodeficiência 
adquirida parece tender à estabilização de sua 
incidência, com queda acentuada da 
mortalidade pela introdução de novas drogas. 
Continuará exigindo priorização de seu controle 
e destinação adequada de recursos. 
 
→ Dengue 
A dengue desponta como a questão com 
maior potencial de gravidade e, até aqui, sem 
estratégias consistentes para seu controle. Sua 
dimensão e gravidade não se restringem ao 
âmbito exclusivamente nacional, pois abrangem 
inúmeros países em diferentes continentes. Seu 
controle efetivo está condicionado a decisões 
internacionais, de grande complexidade política 
e de resultados pouco seguros, ao menos 
enquanto não se dispuser de imunobiológicos 
eficaz. 
A circulação no Brasil de três sorotipos 
de vírus de dengue cria condições para a 
epidemia hemorrágica da doença, com risco de 
difícil enfrentamento. A ampla distribuição, no 
território nacional, do Aedes aegypti é alerta 
para que medidas oportunas sejam tomadas 
para evitar-se a possível reintrodução da febre 
amarela urbana. 
 
→ Febre amarela 
Episódios recentes de febre amarela 
silvestre, em áreas próximas de centros urbanos 
na região Norte, constituem alerta para que se 
inicie programa nacional de imunização contra 
a doença e que se constituam estoques 
estratégicos de imunobiológicos, com vistas a 
possíveis situações de emergência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medidas para impedir a expressão das 
doenças emergentes e reemergentes 
 
→ Potencializar a comunicação e a 
informação em saúde pública, 
envolvendo toda a população, 
respeitando características regionais, 
afirmando medidas preventivas 
referentes às doenças infecciosas 
emergentes; 
→ Avaliar as intervenções de maneira 
permanente; 
→ Usar tecnologia apropriada e localmente 
acessível, sob enfoque preventivo e de 
promoção de saúde; 
→ Implementar políticas para uso racional 
de antibióticos; 
→ Entender as variabilidades que todos os 
agentes vivos possuem para permitir a 
sua própria existência, sabendo que a 
força genética de preservação das 
espécies é muito mais potente que a 
"inteligência" humana; 
→ Buscar o equilíbrio com a natureza, 
respeitando o planeta, seus recursos, a 
aparente finitude de sua disponibilidade 
para a vida; 
→ Encontrar a harmonia da solidariedade 
que potencializa o afeto e distribui com 
equanimidade os bens sociais 
renováveis, preservando a perspectiva 
de vida adequada e digna para todos.

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