Buscar

Costa e Oliveira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ARTIGO ORIGINAL 		 
O Jet Lag Social e riscos relacionados para a saúde humana
Henrique Marton Costa
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Dpto. Ciências Biológicas
Câmpus Assis/SP
Bruno Henrique de Oliveira
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Dpto. Ciências Biológicas
Câmpus Assis/SP
RESUMO
Diante de uma sociedade industrializada como a nossa, a necessidade de se trabalhar dia e noite vem comprometendo o sono de muitas pessoas, perturbações no sono podem resultar os mais diversos tipos de problemas como o aumento da obesidade, imunodeficiência, alterações de humor, risco de desenvolvimento de diabetes, hipertensão entre outros. O objetivo deste trabalho foi reunir, a partir da literatura científica, as mais recentes informações relacionando todos os efeitos causados pela privação de sono que resultam no Jet Lag Social (JLS), fenômeno cada dia mais presente na vida da sociedade contemporânea, e aqui em especial os estudantes universitários. O termo ‘Jet Lag Social’ ainda é muito novo no meio cientifico, muitos estudos precisam ser feitos para aumentar as informações acerca de seus efeitos à saúde, mas a relevância desses estudos deve contribuir bastante no futuro, agora a divulgação científica deve fazer o seu papel e a importância do sono, ganhar espaço nas políticas de ações públicas na saúde, e novos estímulos devem surgir para estimular novas pesquisas tanto no âmbito acadêmico como científico, e só assim será possível prevenir e combater todos esses males que já acometem grande parte da população no mundo todo, e essas pessoas nem mesmo sabem.
Palavras-Chave: Ritmos biológicos; Cronobiologia; Estudantes; Obesidade; Depressão.
INTRODUÇÃO
A cronobiologia é uma ciência emergente e que está em expansão, a percepção de seu objeto que são os ritmos biológicos e as características temporais da matéria viva remete à milênios, tendo uma das primeiras descrições detalhadas por Andróstenes de Thasos em 325 a.C. (TURGORINS, 1983), historiador que descreveu com uma riqueza de detalhes movimentos periódicos diários das folhas de tamarindo (Tamatindus indicus).
Esta ciência possui duas principais vertentes, a primeira se preocupa com fenômenos cíclicos que ocorrem na natureza, como as estações do ano, as fases da lua e das marés; e a segunda se atenta com a ritmicidade dos ciclos biofisiológicos que ocorrem no homem, o que em parte responde o porquê dessa ciência ter demorado a surgir, uma vez que fez oposição à teoria homeostática de Walter B. Cannon que teoriza que o corpo do ser humano tende a permanecer em equilíbrio constante, e que toda variação é devido a uma perturbação externa. No entanto, as flutuações de um sistema biológico são a essência da cronobiologia e não podem ser entendidas como meras perturbações, mas sim como processos de adaptações dentro de um ambiente variável (BROWN, 1982).
Uma das principais contribuições dessa ciência foi o descobrimento de um relógio biológico interno que atua de forma a controlar e regular a ação de todos os órgãos, sistemas e processos fisiológicos, funcionando de maneira rítmica em ciclos específicos. Neste estudo, daremos ênfase especial aos mecanismos que se repetem em aproximadamente 24 horas, os ciclos circadianos. Há exemplo desses ciclos podemos citar o horário de dormir e acordar (ciclo vigília-sono), a temperatura do corpo, horários das refeições e a concentração de certos hormônios como o cortisol, melatonina, leptina e insulina (SCHEER et al., 2009). Suas flutuações ocorrem de maneira rítmica e coordenada, no entanto, algumas práticas e hábitos humanos podem causar uma desregulação na sua periodicidade. Esta desregulação é evidenciada na diferença do tempo de sono nos dias de trabalho dos dias livres, uma alteração denominada pelos autores como Jet Lag Social (JLS). Seu cálculo pode ser feito subtraindo o período médio do sono nos dias livres do período médio do sono nos dias de trabalho (WITTMANN et al., 2006 e ROENNEBERG et al., 2007).
Na prática, o ‘Jet Lag’ ocorre quando uma pessoa faz um voo transmeridional, atravessando diversos fusos em um curto espaço de tempo, resultando em uma dessincronização interna na sua ritmicidade fisiológica com o tempo físico do novo fuso-horário, sendo então caracterizado pelo mal-estar que é sentido pelas pessoas em dias subsequentes a essas viagens. No entanto, o Jet Lag Social é muito mais comum do que se pensa, pois ele ocorre de diversas formas, como acordar no meio da noite, ao acender a luz seu ritmo biológico pode ser afetado, bem como o dormir e levantar muito tarde aos finais de semana, ou trabalhos em turnos alternados, são exemplos de situações em que esse fenômeno ocorre (KANTERMANN et al., 2014).
Com o mundo industrializado a redução da duração do sono tornou-se um hábito. O relógio social impõe exigências na sociedade e, juntamente com a menor exposição à luz natural, geram um débito semanal de sono, seja em trabalhadores ou estudantes, e esse débito acaba sendo compensado nos dias livres, comumente finais de semana. Este comportamento é motivo de preocupação, logo que hábitos de sono insalubres quase sempre vêm acompanhados com substâncias psicoativas, como a cafeína, a nicotina e o álcool. Estes fatores a longo prazo afetam negativamente a saúde, bem como tem efeito direto no rendimento dos estudos (SILVA et al., 2016). Não é incomum estudantes comprometerem noites de sono para se adequarem aos horários impostos pela universidade, ou a vida noturna se apresentando como o principal meio de socialização entre jovens universitários. Mesmo aqueles que preferem ficar em casa ficam nas redes sociais até muito tarde, tendo que levantar cedo no dia seguinte utilizando o despertador, de forma a não respeitar os processos fisiológicos naturais que preparam o corpo para o despertar.
Nas últimas décadas, nos Estados Unidos, ocorreu uma diminuição na duração do sono médio entre 1,5 e 2 horas, influenciando nas patologias do sono que já afetam aproximadamente 70 milhões de norte-americanos (CRISPIM et al., 2007 e ROENNEBERG, 2013). Embora o papel do sono ainda não esteja totalmente claro, sabem-se algumas das suas contribuições para o organismo: conservação do metabolismo energético, aprendizado e memória por meio da plasticidade neural, termorregulação e restauração de componentes celulares (BRINKMAN e SAHRMA, 2018). Estudos revelaram que a privação do sono gera efeitos negativos ao organismo, tais como: aumento de ingestão de alimentos, aumento da obesidade, imunodeficiência, alterações de humor e o risco de desenvolvimento de câncer (CRISPIM et al., 2007; BEAR, CONNORS e PARADISO, 2001; STRAIF et al., 2007 e CARDOSO et al., 2009). O Jet Lag Social é facilmente observado em trabalhadores de turnos, a literatura mostra efeitos nocivos dessa rotina de trabalho que, por acabar criando a privação do sono, pode causar doenças cardiovasculares e metabólicas (PAN et al., 2011 e GUO et al., 2013). Em 2007, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (AIPC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizou uma avaliação sobre a carcinogenicidade do trabalho em turno (STRAIF et al., 2007), demonstrando um aumento do risco de câncer de mama em enfermeiras e aeromoças que tiveram perturbações constantes no relógio biológico. A imunodeficiência pode ser conduzida pela supressão da melatonina, que é causada pela privação do sono. Desta forma, pesquisadores concluíram que um trabalho que envolva a privação do sono é potencialmente cancerígeno para os seres humanos (MEGDAL et al., 2005 e STRAIF et al., 2007).
Mesmo a literatura se possuindo várias descobertas em relação ao sono, algumas perguntas básicas como: quanto tempo de sono é o ideal? Qual o papel dos fatores genéticos e ambientais na determinação de padrões de sono ideal? Como o estilo de vida tem afetado a saúde e comportamento das novas gerações? Ainda não estão bem esclarecidas. Para tentar entender um pouco melhor estas e outras dúvidas, é proposto à comunidade científica a realização de um grandioso, ambicioso, eabrangente projeto de estudo do comportamento do sono em humanos. Pesquisadores destacam que uma simples melhoria na correspondência entre o relógio biológico e social já é suficiente para poder contribuir com a prevenção e o tratamento de eventos de risco à saúde humana (WITTMANN et al., 2006 e ROENNEBERG et al., 2012).
MÉTODOS
Este trabalho realizou uma intensa busca em periódicos da área de cronobiologia e ritmos biológicos para melhor descrever os principais motivos e causas do Jet Lag Social na sociedade moderna, com ênfase nas consequências do estilo de vida contemporânea na saúde humana.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O sono e o relógio biológico
Se levarmos em consideração uma pessoa comum que vive por noventa anos, ela passa 36% desse tempo dormindo. E é bem conhecido alguns benefícios que o sono traz para o organismo, sendo alguns intuitivos, outros nem tanto, como a recuperação e processamento cerebral, armazenamento, invocação e consolidação da memória, entre outros (DIEKELMANN e BORN, 2010). Algo também muito importante é o efeito que o sono tem no processo de criatividade, onde já sabemos que se uma pessoa aprende uma tarefa e fica privada de sono ela não consegue reter o aprendizado e, caso durma, isso será possível bem como sua criatividade para soluções de tarefas complexas (VAN DER WERF et al., 2009; WOLFSON e CARSKADON, 2003 e CURCIO, FERRARA e DE GENNARO, 2006).
Por outro lado, uma pessoa que não dorme o suficiente deve sentir o efeito da sonolência, bem como cansaço, estresse e até mesmo depressão (ELLER et al., 2006). A sensação de sonolência que pode ser relacionada com um menor tempo de sono ou má qualidade do sono aumenta a probabilidade de uma pessoa se acidentar no trabalho ou durante o tempo de lazer (LEGER et al., 2014). Muitos estudos indicam que o tempo médio de sono recomendando é na faixa de 7-8 horas (BELLEC e BRESLOW, 1972; FREDERICK, FREDERICHS e CLARK, 1988 e OWENS, 2014), porém, logo que o corpo não é uma máquina, é dinâmico, cada pessoa possui uma individualidade, uns precisam dormir menos e outros mais, tudo isso pode ser entendido melhor se entendermos como funciona a dinâmica dos ritmos biológicos, objeto de estudo da cronobiologia.
A cronobiologia é uma ciência que estuda as características temporais da matéria viva, estando incluso os ritmos biológicos, que são oscilações periódicas encontradas nos seres vivos, isso tudo é devido ao relógio biológico endógeno, também chamado de circadiano. O relógio biológico funciona como um marca-passo, funcionando de maneira cíclica, que através de vias nervosas transmite sua oscilação a diversas estruturas do corpo impondo seu ritmo a essas estruturas, controlando diversos níveis fisiológicos, genes e comportamentos complexos.
Em mamíferos, este relógio biológico endógeno está localizado na região do hipotálamo. Dois aglomerados de neurônios podem ser encontrados, sendo a representação neurológica do relógio biológico, conhecidos como núcleos supraquiasmáticos (NSQ) (REPPERT e WEAVER, 2001). Sabendo disso, podemos entender melhor a importância de respeitar o tempo individual de sono de cada pessoa, que varia conforme a genética de cada um, mas que possuem ciclos específicos que devem ser respeitados. Este ciclo biológico individual, se interrompido, pode causar uma dessincronização entre os diversos ritmos do organismo. Estudos indicam que mais de 60% dos estudantes universitários tem um sono de baixa qualidade e isso tudo é causado pela necessidade de acordar no horário do despertador, resultando em sonolência diurna e aumento de problemas de saúde física e psicológica (LUND et al., 2010 e SING e WONG, 2010).
Com uma diversidade de estudos comprovando os efeitos da privação do sono em seres humanos, fica claro a necessidade de conhecer os efeitos que podem ser causados por um fenômeno chamado Jet Lag Social (JLS), que é a dessincronização dos ritmos endógenos, que traz problemas na vida escolar de milhões de alunos em todo o mundo, bem como danos à saúde, principalmente a pessoas que realizam trabalhos em turnos alternados.
Jet Lag Social em estudantes e seus protocolos de medições
Antes de comentar os efeitos que o JLS acarreta à vida estudantil, é importante ter em mente como o cronotipo individual pode estar contribuindo para um menor ou maior efeito sobre o indivíduo. O cronotipo é a preferência circadiana que um indivíduo tem em organizar a sua ritmicidade biológica, como sono, horário de se alimentar e desempenhar suas principais atividades cotidianas. Assim o JLS atua é um marcador de ruptura do ritmo circadiano, que atesta o estresse fisiológico crônico.
A presença do JLS em estudantes é bastante comum e a forma mais imediata de suspeitar de sua ocorrência é através do desempenho escolar onde as notas acabam por evidenciar sua ocorrência. Lin e Yi (2015) estudaram a correlação do JLS com o baixo desempenho escolar em alunos do ensino médio. Esta pesquisa foi realizada através de questões subjetivas abertas, levando à uma análise superficial, pois o cálculo do JLS foi realizado subtraindo-se a hora de dormir dos dias da semana pelo horário de dormir dos finais de semana. Um novo estudo, realizado em latitudes médias, observou um vínculo do JLS com menor desempenho cognitivo e menor média das notas em alunos do ensino médio do leste de Madrid na Espanha (DÍAZ-MORALES e ESCRIBANO, 2015).
O uso de questionários de autoavaliação podem levar a resultados que apresentam alto grau de oscilação. Para maior confiabilidade dos resultados é necessário adotar técnicas metodológicas padronizadas para seguir com a mensuração do JLS, como, por exemplo, o questionário de Munique. O Questionário de Cronotipo de Munique (MCTQ, de Munich Chronotype Questionnaire, em inglês), foi criado com o objetivo de descobrir e mensurar o cronotipo (ROENNEBERG, 2003), baseando-se na fase de sono individuais, o que o possibilita calcular o JLS. Para fazer esse cálculo subtrai-se o ponto médio de sono dos dias livres (MSF) pelo ponto médio de sono dos dias de trabalho (MST). Para calcular o ponto médio do sono divide-se o valor da duração do sono por dois.
Além da padronização do questionário, com o uso do MCTQ, a popularização da tecnologia em smartphones nos dá uma nova gama de possibilidades. O uso de aplicativos especialmente desenvolvidos para a mensuração do tempo e qualidade do sono possibilita uma aquisição de dados preciosos para a medicina do sono e cronobiologistas. O tempo de sono não é mais importante do que a qualidade e momentos do sono que o paciente passa durante a noite (OHAYON et al., 2017)
Não é somente em relação ao desempenho acadêmico que preocupa, mas outros sintomas podem ser observados em estudantes submetidos ao JLS, como por exemplo no estudo de Randler e Vollmer (2013) que encontraram maior tendência de comportamento agressivo, físico e verbal em estudantes de graduação com maior JLS, mesmos resultados encontrados por Muro e col. (2011).
Quando pensamos nos efeitos do JLS e na confusão que este fenômeno causa na ritmicidade biológica que ocorre em diversos sistemas, não se pode deixar de fora o que isso pode afetar na alimentação. O estudo de Silva e col. (2016), avaliou a qualidade da dieta em alunos de graduação e concluiu que o cronotipo, o JLS e débito de sono percebido podem influenciar o tipo e a quantidade de alguns grupos de alimentos consumidos durante as refeições. Quanto maior o Jet Lag Social, menor o consumo de alimentos saudáveis e maior o consumo de alimentos industrializados, como refrigerantes e carboidratos. 
Problemas de saúde relacionados ao Jet Lag Social
Obesidade
Um dos principais efeitos na saúde humana relacionados ao JLS é a obesidade. Este assunto, relacionado, é citado 13 vezes na base de dados PubMed, sendo 7 apenas nos últimos dois anos. Dois artigos merecem atenção especial. O primeiro, o trabalho de Roennenberg (2012), é considerado um pioneiro do tema e tem apenas 10 anos de sua publicação. Este estudo consistiu em analisar o grande banco de dados do Questionário do Cronotipo de Muniquecom o objetivo de verificar se o tempo de sono e o JLS poderiam estar relacionados com o índice de massa corpórea (IMC) em humanos. Com a análise dos dados foi possível concluir que um período de sono curto, consequente de um maior JLS, estava relacionado com o maior índice de IMC, ou seja, o IMC é colocado inversamente à qualidade do sono. Sua conclusão suscita e fundamenta discussões muito importantes, como por exemplo a implementação do horário de verão, onde as pessoas acordam mais cedo, e o menor tempo de sono possibilita um maior nível de JLS, contribuindo diretamente para a obesidade. Outro estudo ajuda a compreender está relação sono/IMC, correlacionando o sono de curta duração com a diminuição dos níveis de leptina e o aumento dos níveis de grelina, hormônios de saciedade e fome, respectivamente (SPIEGEL et al., 2004), proporcionando um descontrole hormonal decorrente do JLS. 
Em outro estudo, Johnsen e col. (2013), investigando uma população de quase 7 mil pessoas com idades de 30 a 65 anos, no norte da Noruega, teve como objetivo investigar a relação da obesidade com o tempo de sono, cronotipo e JLS. Este estudo foi mais complexo, incluindo variáveis de estilo de vida, de saúde e fatores biológicos dos entrevistados. A conclusão que esse trabalho chegou foi que para prevenir a obesidade o tempo ideal de sono seria de 8 a 9 horas, porém atribuiu este dado aos outros fatores, excluindo a relação com o JLS. Zwart e col. (2018), também não encontraram nenhuma associação significativa entre JLS e mudanças nas características relacionadas à obesidade em adolescentes ao longo de um ano. Por outro lado, Anothaisintawee e col. (2018), em estudo com idosos pré-diabéticos, demonstraram que o aumento de cada hora no JLS foi associado com um aumento no IMC de 0,56 kg/m2.
Embora os estudos de Roennenberg (2012) e Anothaisintawee e col. (2018) constatarem uma correlação entre o aumento de peso em função do JLS, em relação as pessoas que se enquadram no sobrepeso (IMC acima ou igual à 25), outros estudos não chegaram à mesma conclusão (JOHNSEN et al., 2013 e ZWART et al., 2018). Uma possível resposta pode ser devido à obtenção não padronizada dos dados, no primeiro caso eles foram auto coletados, enquanto no segundo os dados foram coletados por uma equipe. Assim, é importante dizer que nenhum dos estudos foi feito de forma rigorosa a controlar os resultados de consumo de energia, gasto energético ou gordura corporal, sendo assim é compreensível a impossibilidade de determinar se o Jet Lag Social pode ou não alterar o IMC com o aumento de ingestão de energia ou sua diminuição de forma a afetar o metabolismo, levando a um crescente armazenamento de gordura.
No entanto, um estudo realizado por Parsons e col. (2015) com a participação de 815 trabalhadores, traz informações mais precisas sobre a obesidade e sua relação com a desregulação do sono, associando o JLS com inúmeras medidas clinicamente avaliadas de disfunção metabólica. Foram distinguidos indivíduos obesos metabolicamente saudáveis de insalubres, e os maiores valores de JLS foram encontrados em indivíduos obesos insalubres, sendo associado com taxas de hemoglobina glicada elevada e um indicador de inflamação, concluindo que viver contra o relógio biológico causa danos de ordem metabólica à saúde.
Muitos fatores podem afetar o risco de obesidade, dentre eles, a duração do sono (TAHERI et al., 2004 e NIELSEN, DANIELSEN e SORENSEN, 2011). Sabemos que a interrupção dos ritmos circadianos mostrou alterar a obesidade e os fenótipos associados a metabólitos em camundongos e humanos (BASS e TAKAHASHI, 2010 e REUTRAKUL e VAN CAUTER, 2014). Resta saber em que medida o JLS pode estar influenciando o risco de doenças metabólicas. É provável que ele tenha consequências crônicas para o metabolismo, devido às manifestações de um sistema circadiano desalinhado, ainda em processo de avaliação pela comunidade científica. 
Os trabalhos citados mostram certa discordância de resultados, possivelmente devido aos diferentes métodos utilizados, como já discutido. Porém, demonstram uma importância na avaliação do JLS no estilo de vida moderno e como ele pode estar envolvido, direta e indiretamente, nos fatores metabólicos. Neste momento das pesquisas do sono e da obesidade, é fundamental frisar a importância do sono neste fator de saúde pública e como esta linha de pesquisa, ainda nova e pouco explorada, pode contribuir para novas avaliação de como os fatores ambientais modernos influenciam a qualidade de vida.
Metabolismo
Em relação ao metabolismo serão citados dois estudos que investigaram desordens metabólicas com o JLS (KANTERMANN et al., 2010 e WONG et al., 2015) e sua importância para o estilo de vida contemporâneo, aproveitando o momento em que estão emergindo estudos feitos com trabalhadores em turnos alternados, como aqueles que investigam diferenças no cronotipo, preferências circadianas e sono (MERIKANTO, LAHTI e PUOLIJOKI, 2013), e evidências do aumento de problemas metabólicos nesses trabalhadores (KNUTSSON, 2003 e KANTERMANN et al., 2010).
O trabalho de Wong e col. (2015) reuniu um total de 447 pessoas (homens e mulheres) na faixa de 30 a 54 anos, todos eles sendo trabalhadores em turnos alternados. O JLS foi calculado pela diferença do ponto médio de sono dos dias de trabalho e dias livres. Com os resultados foi possível concluir que o JLS está relacionado a um menor nível de colesterol de alta densidade (HDL), maior insulina plasmática em jejum, resistência à insulina e adiposidade. Esses achados sugerem que um desalinhamento do tempo de sono está associado com fatores de risco que predispõem ao diabetes e a doença cardiovascular aterosclerótica.
O objetivo principal deste estudo foi analisar os efeitos do JLS, que ocorre devido as discrepâncias entre o ritmo circadiano endógeno e horas de sono impostas pelas obrigações sociais, em especial associar componentes metabólicos que causam risco de doenças de viés metabólico. A literatura já alerta que perturbações no ritmo circadiano contribuem para tais riscos, como por exemplo distúrbios do sono aumentam o risco de doenças cardiometabólicas (JENNINGS, MULDOON e HALL, 2007 e HALL et al., 2008).
Por outro lado, a pesquisa de Kantermann (2014), envolvendo 43 trabalhadores homens, com idade média de 43 anos, trabalhadores experientes com pelo menos 5 anos de profissão, constatou que nem o cronotipo e nem o JLS apresentaram diferenças na hora de verificar os marcadores sanguíneos de risco metabólico. Foram realizadas análises metabólicas como vitamina D, glicose plasmática, insulina e lipoproteínas entre outros marcadores sanguíneos. Este resultado pode ser resultado uma análise em pequeno número amostral. Outros estudos concordam com os resultados de Wong e col. (2015), correlacionando o JLS com os problemas metabólicos em trabalhadores de turno (KNUTSSON, 2003 e KANTERMANN et al., 2010), evidenciando os riscos que o trabalho por turnos impõe, proporcionando uma ruptura habitual no sistema circadiano, estando ligado ao aumento da incidência de doenças cardiometabólicas e desalinhamento circadiano alterando assim vários processos metabólicos.
Doenças cardiovasculares
Sabendo que o Sistema Nervoso Central regula os ritmos circadianos (BUIJS, 2006), apresentamos aqui estudos em que variáveis como leptina, glicose plasmática, tolerância a glicose entre outras que estão relacionadas com doenças cardiovasculares.
O trabalho de Frank e Scheer (2009) trata de um estudo laboratorial que fez um procedimento de desalinhamento circadiano para simular o que ocorre com o JLS ou com o trabalho por turnos. Essa comparação pode ser feita pois os sintomas são semelhantes: queixas gastrointestinais, fadiga e sonolência durante os períodos de vigília e falta de sono durante as tentativas de sono diurno (KNUTSSON, 2003). Para a pesquisa foram avaliados os efeitos do desalinhamento circadiano em várias situações comportamentais, sendo eles ciclos comportamentais (jejum/alimentação e sono/vigília) e ciclos circadianos endógenos.Dez adultos (5 homens e 5 mulheres) foram submetidos a um protocolo laboratorial de 10 dias comendo e dormindo de acordo com as fases circadianas até ficarem em livre curso com o dia ajustado para 28 horas. Todas as refeições eram isocalóricas e administradas de 7 em 7 horas. As mensurações dos níveis de leptina, insulina, glicose, cortisol, pressão arterial e frequência cardíaca foram realizadas de hora em hora. 
Com o seguimento do protocolo experimental que resultou no desalinhamento circadiano induzido, verificou-se que todas as variáveis estudadas se mostraram alteradas, a leptina apresentou um pico após a última refeição coincidindo com o início do sono programado, sendo sistematicamente menor quando comparada com um ciclo normal. A glicose foi 6% maior e a insulina aumentou em 22%, bem como o cortisol que apresentou um padrão invertido quando analisado no padrão comportamental de sono/vigília. Quando feito inicialmente o procedimento para a análise circadiana normal nenhuma das 10 pessoas apresentou sinais de intolerância à glicose, mas quando ocorreu o desalinhamento máximo, 3 pessoas apresentaram um estado pré-diabético.
Os resultados potências desse estudo levaram ao aumento sistemático da glicose pós-prandial, insulina e da média da pressão arterial, diminuições sistemáticas na leptina e eficiência do sono e inversão completa do ciclo do cortisol. O cortisol anormalmente elevado no final da vigília e início do sono pode contribuir para resistência à insulina e hiperglicemia, e a ineficiência do sono que leva a sua diminuição contribui para o diabetes e hipertensão (KNUTSSON et al, 2006 e GANGWISCH, 2006)
O estudo de Gonnissen e col. (2012), em se tratando dos efeitos causados por JLS, se diferencia de muitos outros estudos pelo fato de ter sido realizado com pessoas aparentemente saudáveis, visto que a maioria dos estudos investiga trabalhadores de turnos alternados ou pacientes. Neste estudo foi investigado a prevalência do JLS e sua associação com um perfil endócrino adverso e de risco cardiovascular. Os autores acreditam que este perfil de risco inclui distúrbios de eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), inatividade física, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, com base em observações anteriores em trabalhadores em turnos bem como estudos experimentais (SCHEER et al., 2009; GONNISSEN et al., 2012 e KANTERMANN et al., 2013). 
O resultado da pesquisa mostrou que os participantes com nível de JLS maior que 2 horas tiveram níveis de cortisol aumentados, dormiram menos nos dias de semana e foram menos ativos fisicamente em comparação com o grupo que teve menos de 1 hora de JLS. Este foi o primeiro estudo a mostrar que o JLS está associado ao aumento da frequência cardíaca em repouso em participantes saudáveis, o que sugere ativação aumentada do sistema nervoso simpático, juntamente com a descoberta no aumento da ativação no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), sugerindo que os efeitos negativos do JLS são impulsionados por um aumento da resposta ao estresse (BJORNTORP, 2001).
Em linhas gerais o JLS está associado com um quadro adverso endócrino e risco cardiovascular em pessoas aparentemente saudáveis. Esse perfil adverso coloca essas pessoas em risco de desenvolvimento de doenças metabólicas bem como transtornos mentais, incluindo diabetes e depressão (SCHEER et al., 2009; GONNISSEN et al., 2012; VYAS et al., 2012; CACIARI et al., 2013 e LEPROULT, HOLMBACK e VAN CAUTER, 2014).
Depressão
As relações entre o relógio circadiano e temas relacionados a saúde mental tem sido amplamente documentada (FOSTER e WULFF, 2005; SCHEER et al., 2009; SELVI et al., 2010 e WULFF et al., 2010). Episódios de depressão tem mostrado influência nos padrões anormais do comportamento sono/vigília, como alteração na secreção de cortisol, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), bem como outros parâmetros endócrino-metabólicos (SORIA e URRETAVIZCAYA, 2009).
As hipóteses mais conhecidas relacionadas a transtornos depressivos, sugerem que o indivíduo com depressão tende a dormir mais tarde em relação a indivíduos saudáveis (KURCZEWSKA et al., 2021). Também é conhecido no meio acadêmico que o desalinhamento circadiano, causado em grande parte pelo JLS, é mais comum e mais propenso a desenvolver sintomas depressivos em pessoas que vivem em ambientes urbanos (LAM et al., 2021 e RAHILL et al., 2022). O relógio circadiano em populações urbanas é atrasado em comparação com as populações rurais (Roennenberg, 2007), muito em função das pressões sociais presentes em maior escala nas cidades.
Dada a importância dos sintomas depressivos subclínicos em saúde pública, aqui será relatado as publicações que relacionam o desalinhamento circadiano com os sintomas depressivos, considerando o JLS como um fator de risco para a depressão. É comum a correlação de depressão com insônia (HSU et al., 2016), porém estudos detalhados têm mostrado que a relação é invertida, processos de insônia podem levar à acentuação da depressão (CASEMENT et al., 2016).
O primeiro trabalho a ser comentado é o de Levandovisk (2011), conduzido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A pesquisa foi realizada com uma população rural de cerca de 4000 pessoas entre homens e mulheres de 18 a 65 anos, abrangendo um total de 12 municípios do Vale do Taquari (RS/Brasil). Os dados da pesquisa foram coletados através de questionários, em especial o MCTQ para fazer o cálculo do JLS, e o questionário de Beck (IDB) (1996), que avalia efeitos cognitivos, afetivos e sintomas somáticos de depressão através de dados auto relatados (LASA et al., 2000).
Para a análise dos dados, os grupos estudados foram divididos em 4 faixas etárias, 18-30, 31-40, 41-50 e >50 anos. A grande maioria dos entrevistados (84%) não apresentaram sintomas depressivos. Dos 16% restantes, as mulheres apresentaram maiores sintomas em todas as faixas etárias, corroborando com resultados anteriores (CAMOZZATO et al., 2007). A faixa etária de 31-40 apresentou maior número de pessoas com sintomas leves à graves de depressão, e as pessoas que apresentaram um JLS >2 foram as que alcançaram maiores níveis no questionário de Beck, indicando uma relação direta entre o JLS e a depressão. Essa descoberta é de fundamental relevância uma vez que é estabelecida a relação JLS–depressão, dormir melhor é uma estratégia fundamental tanto para a prevenção quanto para o combate à depressão, bem como outras estratégias e tratamentos que visem a sincronizar o relógio circadiano de forma a reduzir ao máximo os impactos ocasionados pelo seu desalinhamento.
O segundo trabalho apresentado é o de Borisenkov e col. (2015), com a pesquisa feita no norte da Rússia abrangendo um total de 5 cidades. As informações foram auto coletas para um estudo de características do sono, através dos questionários MCTQ, para medição do JLS, e o Questionário de Avaliação de Padrões Sazonais (QAPS), para investigar as influencias que os fatores do inverno causam na depressão em humanos. A pesquisa foi realizada com um total de 3435 adolescentes de 10 a 20 anos (1517 homens e 1918 mulheres), em um total de 28 escolas. O objetivo desta pesquisa foi descobrir relações entre coordenadas geográficas e a prevalência da depressão invernal, comparando características do sono de jovens com e sem os efeitos da depressão invernal.
O trabalho apresenta como principais resultados os efeitos da depressão invernal, afetando 20% das pessoas investigadas, descobriu-se um padrão em que a depressão invernal era mais frequente em mulheres jovens, em maior latitude norte e longitude oeste. As características mais pronunciadas da depressão foram nos dias letivos, onde foi encontrado atraso no ritmo sono-vigília e presença do JLS.
É evidente que segundo a hipótese do desalinhamento circadiano e tomados em conjunto os resultados desses estudos, existem ligações diretas entre JLS e depressão, seja a de inverno que afeta adolescentes que vivem nas regiões geográficas do norte do mundo, ou a depressão comum que afeta pessoas de todas as idades. Adepressão é uma doença muito presente na sociedade contemporânea, seus efeitos persistem por longos prazos e os tratamentos com antidepressivos dos mais diversos tipos são uma das formas de tratamentos mais comuns. A relação direta estabelecida entre JLS–depressão permite uma vasta possibilidade de tratamentos focados em melhorar a qualidade do sono, de forma a combater a depressão e seus efeitos nas suas diferentes formas de manifestação, o que torna trabalhos como este extremamente pertinentes e relevantes para os problemas de saúde para toda uma sociedade.
DISCUSSÃO
Considerando a análise de todos os estudos apresentados, o JLS afeta o desempenho cognitivo levando a um menor desempenho escolar (DÍAZ-MORALES e ESCRIBANO, 2015), bem como uma tendência a um maior comportamento agressivo, seja físico ou verbal (OHAVON et al., 2017). A curta duração do sono, consequentemente o maior nível de JLS diminui os níveis de leptina e aumenta os níveis de grelina, contribuindo muito com o risco de obesidade (SPIEGEL et al., 2004). A dessincronização na ritmicidade endógena altera o perfil de diversos hormônios colocando as pessoas em risco de desenvolver doenças metabólicas, bem como transtornos mentais, incluindo diabetes tipo II e depressão (SCHEER et al., 2009; GONNISSEN et al., 2012; VYAS et al., 2012; CACIARI et al., 2013 e LEPROULT, HOLMBACK e VAN CAUTER, 2014).
O termo ‘Jet Lag Social’ ainda é muito novo no meio cientifico, muitos estudos precisam ser feitos para aumentar as informações acerca de seus efeitos à saúde, mas a relevância desses estudos deve contribuir bastante no futuro, agora a divulgação científica deve fazer o seu papel e a importância do sono, ganhar espaço nas políticas de ações públicas na saúde, e novos estímulos devem surgir para estimular novas pesquisas tanto no âmbito acadêmico como científico, porque só assim será possível prevenir e combater todos esses males que já acometem grande parte da população no mundo todo, e essas pessoas nem mesmo sabem.
CONCLUSÃO
Neste trabalho discutimos o impacto do JLS no bem-estar e na saúde humana. De acordo com esses estudos, o JLS parece estar associado a um menor desempenho acadêmico e/ou laboral durante os dias de escola/trabalho. Além disso, as pessoas que sofrem de JLSL podem estar em maior risco de desenvolver um perfil metabólico adverso envolvendo, entre outros, alterações na regulação do cortisol e dislipidemia e distúrbios relacionados ao metabolismo, como obesidade e diabetes. Além disso, alguns estudos disponíveis indicam a existência de associação entre o JLS os débitos cardiovasculares. Com relação à associação entre JLS e depressão, resultados conflitantes foram publicados. Em conclusão, estão aumentando as evidências de que o jet lag social, como o trabalho noturno, é um fator de risco à saúde e predispõe a doenças mais tarde na vida. No entanto, nossa compreensão de como a exposição crônica ao JLS acaba se traduzindo em morbidade, bem como informações de como esses efeitos podem ser neutralizados ou reduzidos por estratégias de intervenção ainda é limitado e apresenta algumas lacunas consideráveis.
Assim, dada a alta incidência de JLS na sociedade moderna, mesmo um aumento relativamente pequeno no risco à saúde terá um impacto significativo na saúde pública. Portanto, estratégias sociais e individuais devem ser aplicadas para neutralizar os seus efeitos adversos. Por exemplo, os países devem adotar o horário padrão em vez do horário de verão para neutralizar parcialmente a incidência de JLS, principalmente nos mais idosos. Um ponto que o Brasil já adota desde 2018. Além disso, horários flexíveis de escola/trabalho podem ser uma maneira de diminuir as horas de JLS, como foi demonstrado pelos estudos recentes que pesquisaram pessoas durante a pandemia de COVID-19 (KORMAN et al., 2020; LEONE, SIGMAN e GOLOMBEK, 2020 e BLUME, SCHMIDT e CAJOCHEN, 2020). A restrição social em vigor durante o confinamento do COVID-19 contribuiu para minimizar a divergência entre os horários de sono/atividade impostos pelas obrigações sociais e os promovidos pelo relógio circadiano do corpo. Estratégias individuais também podem ser úteis. Por exemplo, aumentar a exposição à luz azul pela manhã e diminuí-la à noite pode ajudar a mudar o relógio circadiano para uma fase anterior de arrastamento para se ajustar melhor aos horários sociais (SUDY et al., 2019). A aplicação de estratégias sociais e individuais para neutralizar os efeitos do Jet Lag Social podem melhorar a qualidade de vida no futuro.
REFERÊNCIAS
Anothaisintawee T, Lertrattananon D, Thamakaison S, Thakkinstian A, Reutrakul S. The Relationship Among Morningness-Eveningness, Sleep Duration, Social Jetlag, and Body Mass Index in Asian Patients With Prediabetes. Front Endocrinol (Lausanne). v. 15;9:435, 2018.
Bass J, Takahashi JS. Circadian integration of metabolism and energetics. Science. v.330, p.1349–1354, 2010.
Bear MF, Connors BW & Paradiso MA. Exploring the brain. Neuroscience. v.2, 2001.
Beck AT, Steer RA, Ball R, Ranieri W. Comparison of Beck Depression Inventories -IA and -II in psychiatric outpatients. J. Pers. Assess. v. 67, p. 588–597, 1996.
Bellec NB, Breslow L. Relationship of physical health status and health practices. Prevent Med. v.1 p.490-421, 1972.
Bjorntorp P. Do stress reactions cause abdominal obesity and comorbidities? Obes Rev. v. 2, p. 73-86, 2001.
Blume, C.; Schmidt, M.H.; Cajochen, C. Effects of the COVID-19 lockdown on human sleep and rest-activity rhythms. Curr. Biol. v. 30, R795–R797, 2020. 
Brinkman JE, Sharma S. Physiology, Sleep Stat Pearls. 2018.
Brown, FM. Rhythmicity as an emerging variable for psychology. Rhythmic aspects of behavior. p. 3-38, 1982.
Buijs RM, et al. Organization of circadian functions: Interaction with the body progress. Brain Res. v 153 p.341–360, 2006.
Caciari T, Tomei G, De Sio S, Capozzella A, Schifano MP, Trove L, Casale T, Cardella C, Tomei F, and Rosati MV. Evaluation of some cardiovascular risk parameters in health professionals exposed to night work. Annali di Igiene: Medicina Preventiva e di Comunita v.25 p.23-30, 2013.
Camozzato AL, Hidalgo MP, Souza S, Chaves ML. Association among items from the self-report version of the Hamilton Depression Scale (Carroll Rating Scale) and respondents’ sex. Psychol. Rep. v. 101, p. 291–301, 2007.
Cardoso HC, Bueno FCC, Mata JC, Alves APR, Jochims I, Vaz Filho IHR & Hanna MM. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica. v. 33(3) p.349-355, 2009.
Casement MD, Keenan KE, Hipwell AE, Guyer AE, Forbes EE. Neural Reward Processing Mediates the Relationship between Insomnia Symptoms and Depression in Adolescence. Sleep. v. 1, p. 439-47, 2016.
Crispim CA, Zalcman I, Dáttilo M, Padilha HG, Tufik S, Mello MT. Relação entre sono e obesidade: uma revisão da literatura. Arq Bras Endocrinol Metab. v.51/7 p.1041-1049, 2007.
Curcio G, Ferrara M, De Gennaro L. Sleep loss, learning capacity and academic performance. Sleep Medicine Reviews. v.10 p.323e37, 2006.
Díaz-Morales JF, Escribano C. Social jetlag, academic achievement and cognitive performance: understanding gender/sex differences. Chronobiol Int. v.32(6) p.822–831, 2015.
Diekelmann S, Born J, The memory function of sleep. Nature Reviews Neuroscience v.11, p.114-126, 2010.
Eller T, Aluoja A, Vasar V, Veldi M. Symptoms of anxiety and depression in Estonian medical students with sleep problems. Depression and Anxiety. v.23 p.250e6, 2006.
Foster RG, Wulff K. The rhythm of rest and excess. Nature Reviews Neuroscience. v. 6, p. 407–414, 2005.
Frederick T, Frederichs RR, Clark VA. Personal health habits and symptoms of depression at the community level. Prevent Med. v. 17 p.173-182, 1988.
Gangwisch JE, et al. Short sleep duration as a risk factor for hypertension: Analyses of the first National Health and Nutrition Examination Survey. Hypertension. v. 47 p.833–839, 2006. 
Gonnissen HK, Rutters F, Mazuy C, Martens EA, Adam TC, and Westerterp-Plantenga MS. Effect of a phase advance and phase delay of the24-h cycle on energy. Biol Psychol. v.91 p. 334-341, 2012.
Guo WY, Liu Y, Huang X, Rong Y, He M, Wang Y, Yuan J, Wu T & Chen W The Effects of Shift Work on Sleeping Quality, Hypertension and Diabetes in Retired, PLoS ONE 8(8):e71107, 2013.
Hall MH, Muldoon MF, Jennings JR, Buysse DJ, Flory JD, Manuck SB. Self-reported sleep duration is associated with the metabolic syndrome in midlife adults. Sleep. v. 31 p. 635–643, 2008.
Hsu CH, Chen YL, Pei D, Yu SM, Liu IC. Depression as the Primary Cause of Insomnia and Excessive Daytime Sleepiness in a Family with Multiple Cases of Spinocerebellar Ataxia. Sleep Med. 2016 15;12(7):1059-61. 
Jennings JR, Muldoon MF, Hall M, Buysse DJ, Manuck SB. Selfreported sleep quality is associated with the metabolic syndrome. Sleep. v. 30 p.219–223, 2007.
Johnsen MT, Wynn R, Bratlid T. Optimal sleep duration in the subarctic with respect to obesity risk is 8–9 hours. PLoS One. 8(2):e56756, 2013.
Kantermann T, Duboutay F, Haubruge D, et al. The direction of shiftwork rotation impacts metabolic risk independent of chronotype and social jetlag–an exploratory pilot study. Chronobiol Int. v. 31(10) p. 1139–1145, 2014.
Kantermann T, Duboutay F, Haubruge D, Kerkhofs M, Schmidt-Trucksäss A, Skene DJ. Atherosclerotic risk and social jetlag in rotating shiftworkers: first evidence from a pilot study. Work. v. 46(3) p. 273–282, 2013.
Kantermann T, Juda, C. Vetter, and T. Roenneberg, Shiftwork research – where do we stand, where should we go? Sleep and Biological Rhythms v. 8(2) p.95-105, 2010.
Knutson KL, Ryden AM, Mander BA, Van Cauter E. Role of sleep duration and quality in the risk and severity of type 2 diabetes mellitus. Arch Intern Med. v.166 p.1768– 1774, 2006.
Knutsson A. Health disorders of shift workers. Occup Med. v.53 p.103–8, 2003.
Korman, M.; Tkachev, V.; Reis, C.; Komada, Y.; Kitamura, S.; Gubin, D.; Kumar, V.; Roenneberg, T. COVID-19-mandated social restrictions unveil the impact of social time pressure on sleep and body clock. Sci. Rep. 2020, 10, 22225.
Kurczewskaa E, Ferensztajn-Rochowiak E, Rybakowski F, Michalak M, Rybakowski J. Treatment-resistant depression: Neurobiological correlates and the effect of sleep deprivation with sleep phase advance for the augmentation of pharmacotherapy. The World Journal of Biological Psychiatry. v. 22, p. 59-69, 2021.
Lam CS, Yu BYM, Cheung DST, Cheung T, Lam SC, Chung KF, Ho FYY, Yeung WF. Sleep and Mood Disturbances during the COVID-19 Outbreak in an Urban Chinese Population in Hong Kong: A Longitudinal Study of the Second and Third Waves of the Outbreak. Int. J. Environ. Res. Public Health, v. 18, p. 8444.
Lasa L, Ayuso-Mateos JL, Vazquez-Barquero JL, Diez-Manrique FJ, Dowrick CF. The use of the Beck Depression Inventory to screen for depression in the general population: a preliminar analysis. J. Affect. Disord. v. 57, p. 261–265, 2000.
Leger D., B. Virginie, M. Maurice, P.P. Ohayon, E. Philippe, M. Arnaud, C. Mounir and F. Brice. Insomnia and accidents: Cross-sectional study (EQUINOX) on Sleep-related home, work and car accidents in 5293 subjects with insomnia from 10 countries. J Sleep Res. v.23 p.143-152, 2014.
Leone, M.J.; Sigman, M.; Golombek, D.A. Effects of lockdown on human sleep and chronotype during the COVID-19 pandemic. Curr. Biol. 2020, 30, R930–R931.
Leproult R, Holmback U, and Van Cauter E. Circadian misalignment augments markers of insulin resistance and inflammation, independently of sleep loss. Diabetes. v. 63 p.1860-1869, 2014.
Levandovski R, Dantas G, Fernandes LC, et al. Depression scores associate with chronotype and social jetlag in a rural population. Chronobiol. v. 28(9) p.771–778, 2011.
Lin WH, Yi CC. Unhealthy sleep practices, conduct problems, and daytime functioning during adolescence. J Youth Adolesc. v. 44(2), p. 431–446, 2015.
Lund HG, Reider BD, Whiting AB, Prichard JR. Sleep patterns and predictors of disturbed sleep in a large population of college students. Journal of Adolescent Health. v. 46 p.124e32, 2010.
Megdal SP, Kroenke CH, Laden F, Pukkala E & Schernhammer ES. Night work and breast cancer risk: A systematic review and meta-analysis. European Journal of Cancer. V. 41 p.2023–2032, 2005.
Merikanto I, Lahti T, Puolijoki H, et al. Associations of chronotypeand sleep with cardiovascular diseases and type 2 diabetes. Chronobiol Int. v. 30 p.470–477, 2013.
MURO A, GOMÀ-I-FREIXANET M , ADAN A, & CLADELLAS R. Circadian typology, age, and the Alternative Five-Factor Personality model in an adult women sample. Chronobiology International v. 28 p. 690 – 696, 2011.
Nielsen LS, Danielsen KV, Sørensen TI. Short sleep duration as a possible cause of obesity: critical analysis of the epidemiological evidence. Obes Rev. v. 12 p.78–92, 2011.
Ohayon M, Wickwire EM, Hirshkowitz M, Albert SM., Avidan A, Daly FJ, Vitiello MV. National Sleep Foundation’s sleep quality recommendations: first report. Sleep Health. v. 3(1), 6–19, 2017. 
Owens, J. Insufficient Sleep in Adolescents and Young Adults: An Update on Causes and Consequences. Pediatrics. v. 134(3) p. e921–e932, 2014. 
Pan A, Schernhammer ES, Sun Q & Hu FB. Rotating night shift work and risk of type 2 diabetes: two prospective cohort studies in women. PLoS Med 8(12):e1001141, 2011.
Parsons MJ, Moffitt TE, Gregory AM, et al. Social jetlag, obesity and metabolic disorder: investigation in a cohort study. Int J Obes (Lond). v.39(5) p. 842–848, 2015.
Rahilla GJ, Manisha J, Blanc J, Littlewood K, Salinas-Miranda A, Rice C. Self-reported sleep disturbance patterns in urban Haitians: A latent class analysis. International Journal of Mental Health. 2022.
Randler C, Vollmer C. Aggression in young adults – a matter of short sleep and social jetlag? Psychol Rep. v.113(3) p.754–765, 2013.
Reppert SM, Weaver DR. Molecular analysis of mammalian circadian rhythms. Annu Rev Physiol. V.63 p. 647-676, 2001.
Reutrakul S, Van Cauter E. Interactions between sleep, circadian function, and glucose metabolism: implications for risk and severity of diabetes. Ann N Y Acad Sci. v. 1311 p. 151–173, 2014.
Roenneberg T, Allebrandt KV, Merrow M, Vetter C. Social jetlag and obesity. Curr Biol. v.22 p. 939–943, 2012. 
Roenneberg T, Kuehnle T, Juda M, Kantermann T, Allebrandt K, Gordijn M. Epidemiology of the human circadian clock. Sleep Med Rev. v. 11 p. 429–438, 2007. 
Roenneberg T, Merrow M. Entrainment of the human circadian clock. Cold. Spring Harb. Symp. Quant. Biol. v. 72, p. 293–299, 2007.
Roenneberg T. The human sleep project. Nature. v. 498 p.427-8, 2013.
Roenneberg T, Wirz-Justice A, Merrow M. Life between clocks: daily temporal patterns of human chronotypes. J Biol Rhythms, v.18(1), p. 80-90, 2003
Rutters F, Lemmens SG, Adam TC, et al. Is social jetlag associated with an adverse endocrine, behavioral, and cardiovascular risk profile? J Biol Rhythms. v. 29, p. 377–383, 2014.
Scheer FA, Hilton MF, Mantzoros CS, and Shea SA. Adverse metabolic and cardiovascular consequences of circadian misalignment. Proc Natl Acad Sci. v. 106 p.4453-4458, 2009.
Schildknecht H. Turgorins. Hormones of the Endogenous Daily Rhythms in Higher Organized Plants-Detection, Isolation, Structure, Synthesis, and Activity. Angewandet Chemie International. Edition in English v. 22, p. 695-710, 1983.
Selvi Y, Aydin A, Boysan M, Atli A, Agargun MY, Besiroglu L. Associations between chronotype, sleep quality, suicidality, an depressive symptoms in patients with major depression and healthy controls. Chronobiol. Int. v. 27, p. 1813–1828, 2010.
Silva CM, Mota MC, Miranda MT, Paim SL, Waterhouse J, Crispim CA. Chronotype, social jetlag and sleep debt are associated with dietary intake among Brazilian undergraduate students. Chronobiol Int. v.33(6) p.740–748, 2016.
Sing C, Wong W. Prevalence of insomnia and its psychosocial correlates among college students in Hong Kong. Journal of American College Health. v.59 p.174e82, 2010.
Spiegel, K., Tasali, E., Penev, P., and Van Cauter, E. Brief communication: Sleep curtailment in healthy young men is associated with decreased leptin levels, elevated ghrelin levels,and increased hunger and appetite. Ann. Intern. Med. v.141 p.846–850, 2004.
Straif K, Baan R, Grosse Y, Secretan B, Ghissassi FEI, Bouvard V, Benbrahim-Tallaa AAL & Cogliano V. Carcinogenicity of shift-work, painting, and fire- fighting. Lancet Oncol. v. 8(12) p.1065-6, 2007.
Sűdy, Á.R.; Ella, K.; Bódizs, R.; Káldi, K. Association of social jetlag with sleep quality and autonomic cardiac control during sleep in young healthy men. Front. Neurosci. 2019, 13, 950.
Taheri S, Lin L, Austin D, Young T, Mignot E. Short sleep duration is associated with reduced leptin, elevated ghrelin, and increased body mass index. PLoS Med. p. 1:e62, 2004. 
Van Der Werf YD, Altena E, Schoonheim MM, Sanz-Arigita EJ, Vis JC, De Rijke W, et al. Sleep benefits subsequent hippocampal functioning. Nat Neurosci. v. 12 p. 122e3, 2009.
Vyas MV, Garg AX, Iansavichus AV, Costella J, Donner A, Laugsand LE, Janszky I, Mrkobrada M, Parraga G, and Hackam DG. Shift work and vascular events: systematic review and meta-analysis. Am J Clin Nutr. v. 96 p.689-697, 2012.
Wittmann M, Dinich J, Merrow M, Roenneberg T. Social jetlag: misalignment of biological and social time. Chronobiol Int. v. 23, p.497–509, 2006.
Wolfson AR, Carskadon MA. Understanding adolescents’ sleep patterns and school performance: a critical appraisal. Sleep Medicine Reviews. V. 7 p.491e506, 2003. 
Wong PM, Hasler BP, Kamarck TW, Muldoon MF, Manuck SB. Social jetlag, chronotype, and cardiometabolic risk. J Clin Endocrinol Metab. v. 100(12) p. 4612–4620, 2015.
Wulff K, Gatti S, Wettstein JG, Foster RG. Sleep and circadian rhythm disruption in psychiatric and neurodegenerative disease. Nat. Rev. Neurosci. v. 11, p. 589–599, 2010.
Zwart BJ, Beulens JWJ, Elders P, Rutters F. Pilot data on the association between social jetlag and obesity-related characteristics in Dutch adolescents over one year. Sleep Med. v 47 p. 32-35, 2018.
1

Continue navegando