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Apostila Completa_PSICOLOGIA SOCIAL

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1 
APOSTILA DE ESTUDOS – PSICOLOGIA SOCIAL – PRIMEIRO BIMESTRE. 
Profa. Jéssica Lira. 
 
 
 INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL 
 
• O QUE É? 
 
PSICOLOGIA + SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICO + LOGIA 
 
Psiquê: Logos: 
Anima = ALMA Logia: Lógica = 
 
“Aquilo que nos “discurso, narrativa, 
dá vida”. Pensamento, estudo” 
1. Concernente a uma comunidade, a uma 
sociedade humana, ao relacionamento 
entre indivíduos, etc. 
2. Propenso a viver em sociedade; 
sociável, gregário. 
3. Concernente à sociedade ou próprio 
dela. 
 
Latim: sociãlis. 
Latim: que pertence à uma companhia; 
uma associação; relacionado a 
sociedade; do que é dividido, 
compartilhado, relacionado. 
 Segundo a maioria dos autores da Psicologia Social, o objeto específico de estudo da Psicologia 
Social é a interação entre o social e o sujeito, como se eles fossem dicotomizados. Todavia, Freud 
(1921), nos diz: 
“A oposição entre psicologia individual e psicologia social ou das massas, que à primeira vista pode nos 
parecer muito significativa, perde muito de sua nitidez ao ser examinada mais a fundo. É verdade que a 
psicologia individual está orientada para o ser humano singular e investiga os caminhos pelos quais ele busca 
alcançar a satisfação de suas moções de impulso, só que ao fazê-lo, apenas raramente, sob determinadas 
condições excepcionais, ela desconsidera as relações desse indivíduo com outros. Na vida psíquica do 
indivíduo, o outro entra em consideração de maneira bem regular como modelo, objeto, ajudante e 
adversário, e, por isso, desde o princípio, a psicologia individual também é ao mesmo tempo psicologia 
social nesse sentido ampliado, porém inteiramente legítimo.” (PSICOLOGIA DAS MASSAS E 
ANÁLISE DO EU) 
 Meyers (2000): “(...) (Psicologia Social) trata-se do estudo científico da maneira como as pessoas 
pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras”. 
 A Psicologia Social nasce da indagação, da dúvida que paira sobre a interação humana. 
- Por que nos afiliamos a um determinado grupo? 
- Por que temos uma necessidade grupal? 
- Conseguiríamos viver sem o social? 
 
 
 
 2 
WILLIAM MCDOUGALL + EDWARD ALSWORTH 
 (Psicólogo) (Sociólogo) 
 
 
 
 
 
 
 
▪ GUSTAVE LEBON 
 
“Psychologie des foules”: conceitos fundamentais da Psicologia Social. 
 
 
As características individuais são secundárias quando os sujeitos estão inseridos 
em uma massa. 
 
 Influenciou Freud em “Psicologia das massas e análise do Eu”. 
 
▪ KURT LEWIN 
 
“Teoria de Campo”: não é a realidade em si o que importa, mas o que o sujeito 
interpreta desta realidade. 
 
“Teoria da dinâmica de Grupo”: tensão entre interdependência e influência mútua 
entre as pessoas e os grupos. 
 
 Foi o precursor das dinâmicas grupais. Tal técnica fez muito sucesso no 
âmbito organizacional/empresarial. 
 
Temáticas abordadas: 
- Coesão dos grupos (condições necessárias para sua manutenção); 
- Pressões e padrão do grupo (manter a fidelidade); 
- Motivos individuais e objetivos do grupo (o que, de fato, garante a fidelidade); 
- Liderança e realização do grupo (carisma e força de convencimento); 
- Propriedades estruturais dos grupos (padrões de comunicação, desempenho de 
papéis, relações de poder, etc). 
 
 PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL 
 
- O homem não pode ser 
fragmentado; tem que ser 
visto como ser completo. 
- Influências de Darwin e 
Galton. 
- A questão da sugestão de 
Gabriel Tarde; 
- Juntamente com McDougall, 
foi um dos primeiros a usar o 
termo “Psicologia Social”, em 
1908. 
 3 
- Meio universitário brasileiro: responsável pela disseminação da Psicologia 
Social. 
 
Intermédio de: 
R. Briquet (1935): privilegia os fatores psicológicos que motivaram o 
comportamento social. 
 
+ 
 
A. Ramos (1936) 
 + 
 F. J. de Oliveira Viana (1942). 
 
 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DA PSICOLOGIA SOCIAL E 
SUAS MATRIZES: 
 
- Método de observação; 
- Método correlacional: mede-se o fenômeno pela relação. Ex: crianças 
violentas podem ter relação com o número de imagens violentas que as 
mesmas consumem. 
- Método experimental; 
- Métodos não-ortodoxos: 
• Pesquisa-ação: atua-se dentro da pesquisa; 
• Análise da linguagem ordinária: como introjetamos e lidamos com as 
palavras comuns e seus respectivos significados subjetivos. Indaga-se o 
sentido das palavras como “justiça”, “democracia”, “personalidade”, etc. 
 
 O EU SOCIAL EM GRUPOS, PROCESSOS GRUPAIS E 
RELAÇÕES INTERNACIONAIS. 
 
• Grupos: fundante da Psicologia Social. 
• Primeiros estudos: final do séc. XIX – Psicologia da Massas/Psicologia das 
Multidões (Gustave Le Bon – Psychologie des Foules) 
• Revolução Francesa: responsável pelos questionamentos sobre as massas. (O que 
teria sido capaz de mobilizar tamanha quantidade de pessoas?) 
• “Qual fenômeno psicológico possibilitaria a coesão das massas?” 
• Na sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de interações 
recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido como uma coleção de várias 
pessoas que compartilham certas características, interajam uns com os outros, 
 4 
aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo e compartilhem uma 
identidade comum – para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se 
percebam de alguma forma afiliados ao grupo (GALLIANO, 1981). 
• “O alicerce de toda sociedade é constituído por um agregado de indivíduos, que 
constitui a matéria-prima de que a sociedade, como tal, poderá surgir.” 
• Participação em um grupo: contágio das emoções e intensificação. Emoções 
circulam pela multidão. Sujeitos que fazem parte de grupos têm suas sensações e 
emoções mais aguçadas. Estes sujeitos se comportam de maneira diferente quando 
estão em grupos. 
• Para que os grupos funcionem, é necessário que o acordo de um sistema social 
seja respeitado por todos os integrantes, todavia, é nula a possibilidade dos 
sujeitos jamais se encontrarem em situações de conflito. 
(LINTON, 2000). 
 
• Variáveis ideológicas, situacionais e cognitivas moldam tudo aquilo que 
conhecemos como identidade social e as relações intergrupais. 
• Grupo: diferentes concepções! 
- “(...) conjunto de elementos que participam na identificação dos seus membros” 
(Marisa Zavalloni, 1972). 
- “(...) é um quadro de interdependência, visto que as características que permitem 
a identificação dos membros dos grupos adquirem o seu significado através da 
comparação social” (Henry Tajfel, 1972). 
- “(...) a situação a um universo simbólico comum, que define as posições relativas 
dos grupos (Jean-Claude Deschamps, 1982). 
- “(...) grupos são pequenas organizações de indivíduos que, possuindo objetivos 
comuns, desenvolvem ações na direção desses objetivos” (Ana Bock, 2002). 
• Sobre a formação dos grupos: 
- Solidariedade mecânica: a afiliação a um grupo que independe de nossa vontade; 
- Solidariedade orgânica: nos afiliamos a um grupo por escolha pessoal. 
(Émile Durkheim) 
• Os objetivos dos grupos estão sempre acima dos objetivos individuais de seus 
membros. 
• Os grupos sociais são pequenas organizações de indivíduos que, possuindo 
objetivos comuns, desenvolvem ações na direção desses objetivos. Como forma 
de preservação da organização, possuem normas! 
(BOCK, 2002). 
 
5 
▪ PROCESSO GRUPAL1: 
Historicamente, sabe-se que o vocábulo groppo ou “grupo” surgiuno século 
XVII. Referia-se ao ato de retratar, artisticamente, um conjunto de pessoas. 
Regina Duarte Benevides de Barros (1994) diz que foi somente no século XVIII 
que o termo passou a significar “reunião de pessoas”. A mesma autora afirma que 
o termo pode estar ligado tanto a ideia de “laço, coesão” quanto a de “círculo” (p. 
83). Tanto a sociologia quanto a psicologia têm demonstrado interesse no estudo 
dos pequenos grupos sociais, pensando o “grupo” como uma intermediação entre 
o “indivíduo” e a “massa”. 
 
Como funciona o processo grupal? Quando pensamos em processo grupal não estamos nos 
referindo ao grupo como uma entidade acabada. Estamos pensando o grupo como um projeto, 
como um eterno vir-a-ser. Pensando como Sartre e Lapassade (1982) este processo é dialético. É 
constituído pela eterna tensão entre a serialidade e a totalidade. Há uma ameaça constante da 
dissolução do grupo e a volta à serialidade, onde cada integrante assume e afirma a sua 
individualidade sendo mais um na presença dos demais. Ao mesmo tempo há uma busca constante 
da totalidade, onde cada um dos integrantes participa com os demais, introjeta-os e dá sentido à 
relação estabelecida. Cada integrante se afirma e assume a totalidade do grupo. 
 
▪ Diferenças entre Massa, Multidão e Grupo: 
 
Massa: empregado por Freud, Ortega Y Gasset e os frankfurtianos. Análises 
empreendidas a partir do século XX: status acadêmico-científico. Não 
estruturado, mais amplo. 
Multidão: empregado pelos primeiros investigadores, ainda no século XIX 
(Tarde; LeBon; Sighele; Moscovici). 
Grupo: tem a característica de ser mais fechado, mais estruturado. Origem no 
renascimento italiano. Importado da Itália para a França, no final do século XVII, 
para designar: “toda reunião de pessoas vivas”. 
 
▪ O EU SOCIAL2: em suma, o funcionamento sociológico dos sujeitos. 
 
 
 TEMAS ATUAIS EM PSICOLOGIA SOCIAL 
 
- Fenômenos da Psicologia Social Contemporânea: o que interessa à ciência 
psicológica contemporânea? Quais fenômenos estão alarmantes em nossa 
sociedade? 
- Percepção Social e Comportamento Social: 
Na psicologia, perceber é ter consciência de um objeto que se fez presente através de 
sensações. Enfatizando: Entende-se que os estímulos sejam indispensáveis à 
ocorrência da percepção. Entretanto, o processo perceptivo não transcorre de maneira 
linear, ou seja, do estímulo à consciência, através dos sentidos físicos. Há indicações 
(teóricas e empíricas) de que os percebedores, longe de serem passivos, deixando-se 
 
1 Ler o capítulo “O processo grupal”, do livro “Psicologia Social Contemporânea”, de Maria da Graça 
Correa Jacques. 
2 Ler o texto de George Herbert MEAD, intitulado: “O Eu social”. No link: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672008000200020 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672008000200020
 6 
controlar completamente pelo objeto, participam ativamente na produção de 
percepções. É a subjetividade do processo perceptivo (Krüger, 1986). 
 
“Como nos enxergam?” “O que pensam ao meu respeito?” 
Tais questionamentos não são meramente ingênuos, dizem respeito a uma 
necessidade de poder e controle. 
 
• Pontos essenciais da Percepção Social: 
a) Seletividade; 
b) Constância; 
c) Organizável; 
d) Significativo; 
e) Categorizável; 
f) Afetuosidade. 
 
 
 INFLUÊNCIA SOCIAL: 
 
- Por que seguimos atitudes e ações sem que quiséssemos anteriormente? 
- Por que não questionamos determinadas ações quando estamos inseridos em um grupo? 
- Qual a diferença entre Conformidade Informativa e Conformidade Normativa? 
Conformidade Informativa: Esta forma de influência tem a ver com aquele famoso 
ditado: “Fulano de tal é um Maria vai com as outras’!” Ou seja, quando não se sabe o que 
fazer, muitas vezes consultamos a biblioteca “comportamento dos outros”. Quem nunca, 
ao não saber o que fazer, procurou saber como as pessoas costumavam agir naquela 
determinada situação? Particularmente, esta forma de influência é muito corriqueira no 
mercado de trabalho, já que o profissional iniciante tende a buscar saber com os mais 
experientes o que fazer para não cometer erros. 
 
Conformidade Normativa: Esta forma de influência social é basicamente diferente da 
anterior, pois, enquanto esta última acontece quando as pessoas estão confusas e buscam 
informação, a influência social normativa se caracteriza pela necessidade de aceitação 
pelo grupo e/ou líder que segue. Muitas vezes, tal conformidade se contrapõe ao modelo 
anterior. 
Este tipo de conformidade é o que explica o fato de nós, muitas vezes, nos colocarmos 
em perigo para fazer algo “insensato”. Por exemplo, a vida de rachas de automóveis não 
se trata de um processo regido pela conformidade informativa. Os jovens que praticam 
este tipo de ato, não entram por se sentirem confusos e buscarem nos outros formas de 
agir, mas pela necessidade de nos sentirmos pertencentes a um grupo e destacados neles. 
Afinal, somos seres sociais e temos uma necessidade inata de sermos aceitos nos grupos 
que escolhemos estar. 
 
 
 AGRESSÃO, VIOLÊNCIA E ALTRUÍSMO 
 
- Qual a diferença entre estes significantes? 
- O que significa Altruísmo? Isto existe? 
- Disseminar a discussão! Termos práticos. 
- Textos: “Considerações atuais sobre os tempos de guerra e morte” (1915); “Por que a 
Guerra?” (1932) – ambos de Freud. 
 
 7 
 CRENÇAS, ATITUDES E VALORES 
 
 
De acordo com Krüger (1986), crenças são proposições que, na sua formulação 
mais simples, afirmam ou negam uma relação entre dois objetos concretos ou abstratos, 
ou entre um objeto e algum possível atributo deste. Assim, põe-se de lado por limitada, a 
interpretação de que crenças são conjeturas ou declarações baseadas na fé. Além disso, e 
a rigor, no estudo psicossociológico das crenças, não importa considerá-las sob a 
perspectiva epistemológica da verdade. 
Ao menos em primeira linha. Aos psicólogos sociais interessa considerá-las na sua 
origem, na formação e estrutura de sistemas de crenças e, sobretudo, quanto ao grau de 
aceitação subjetiva de tais proposições, além da influência que exercem sobre o 
comportamento. 
 
Considerando os processos cognitivos, que dão origem ao produto psicológico chamado 
“crenças”, Daryl J. Bem, no livro Self-Perception Theory, caracterizou as crenças e as 
atitudes em quatro atividades humanas: 
1. O pensar; 
2. O sentir; 
3. O se comportar e 
4. O interagir com outras pessoas. 
 
 
 ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO 
 
▪ Estereótipos Sociais: 
Houaiss: s.m. imagem preconcebida de alguém ou algo, baseada num modelo ou 
numa generalização. 
Estereótipos Julgamentos e Avaliações: geralmente associados a 
características como “raças”, “gêneros”, “aparência física”, “origem – 
geográfica ou social”, “identidade religiosa”, “política”, “étnica”, “sexual”. 
O que nos interessa? Processos intrapsíquicos associados aos estereótipos, em 
detrimento dos aspectos puramente sociais. 
 
• Estereótipos: crenças sobre características pessoais atribuímos a indivíduos ou 
grupos. 
- Imputação de certas características a pessoas pertencentes a determinados 
grupos, aos quais se atribuem determinados aspectos típicos. 
• Etimologia (grego): Stereos + Túpos: “rígido” + “traço” 
 
 
 Como moldam-se os estereótipos? 
- Por definição, resultado do cruzamento de fatores ligados ao: 
- Processamento de informação; 
- Fatores Motivacionais e de identidade; 
- Fatores ligados à dinâmica social das relações entre os grupos; 
- Fatores ideológicos. 
(MONTEIRO; VALA, 2006) 
 8 
• Lippmann – Public Opinion – 1922 – considerado como iniciador da concepção 
contemporânea dos estereótipos e de suas funções psicossociais. Lippmann foi 
considerado como um teórico com ideias inovadoras. 
• Para Lippmann: estereótipos são fotografias dentro de nossas cabeças e são frutos 
de uma simplificaçãoda realidade. 
• No cotidiano não reagimos diretamente às pessoas e aos acontecimentos tal como 
se apresentam a nós mesmos. Mas sim a representações simplificadas da 
realidade. 
(LIPPMANN, 1922) 
 
• Estereótipo: atribuição de traços a membros de grupos. 
• À época, estereótipos eram tidos/vistos como uma forma inferior de pensamento. 
• Estereótipos - primeiros psicólogos: projeções de fantasias indesejáveis ou 
deslocamentos de tendências agressivas para os membros de outros grupos, ou de 
subprodutos de certas síndromes de personalidade associados ao racismo, ao 
autoritarismo, ou à xenofobia (Adorno, Frenkel-Brunswick, Levison e Sanford, 
1950). 
• Lippmann: estereótipos NÃO são danosos por si só. 
- Processo normal e necessário; 
- Categorias se baseiam numa correspondência entre etiquetas psicológicas (ex: 
brancos; negros; homens; mulheres). 
- Onde poderia haver problema? Quando tais indícios estereotípicos de tipo 
perceptivo associam-se a outros marcados por valores sociais (preguiçoso; 
agressivo; hospitaleiro, etc.) 
- Para Katz e Braly (1933;1935): estereótipos são crenças que nos são transmitidas 
pelos agentes de socialização (pais, escolas, mídias, etc.), o que explicaria o 
consenso existente em relação aos grupos sociais, à sua independência do 
conhecimento real dos membros desses grupos e à sua dependência do contexto 
histórico e cultural. 
 - Ex: mulheres – afetuosas, emotivas, submissas ou dependentes; 
 Homens – audaciosos, desinibidos, desorganizados ou autoritários. 
• Estereótipos e componentes projetivos: 
• Projetivos: motivações dos observadores, distorções cognitivas; 
• Verídicos: informações obtidas nos contatos com os membros dos grupos 
estereotipados. 
 9 
• Processo de socialização: dividimos as pessoas por categorias, o que faz com que 
negligenciemos as características próprias de cada sujeito. 
• Estereótipos: supergeneralização. 
• Em suma: estereótipos simplificam o complexo mundo social (MICHENER et al., 
2005) 
• “Ao julgarmos os outros (e mais ainda quando os outros são membros do nosso 
grupo) estamos sempre a julgar-nos, no mínimo por comparação implícita, a nós 
próprios). O conhecimento da nossa pertença a uma categoria implica um 
componente avaliativo e emocional no processo de julgamento: o valor que 
atribuímos aos grupos é também o valor que atribuímos a nós próprios enquanto 
membros desse grupo (PAÉZ, 2006)”. 
 
▪ Modelos em duas etapas do processamento cognitivo de estereótipos: 
▪ Processamento automático: ocorre todas as vezes em que um estímulo 
apropriado é encontrado. O processamento automático ocorre sem a sua 
conscientização. 
▪ Processamento controlado: ocorre com a conscientização... Como quando você 
resolve desconsiderar a informação estereotipada que foi levada à mente. 
Schneider, W., & Shiffrin, R. M. (1977) 
 
• Em Aroldo Rodrigues (2007), o conceito é um pouco diferenciado: 
• Ativação automática: crenças muito disseminadas culturalmente nos sobrevém 
à mente assim que nos deparamos com certas pessoas em dadas circunstâncias. 
• Ativação controlada: após o que foi tido como automático, o sujeito pode refletir 
e reavaliar sua 1ª impressão; Põe um freio no processo de discriminação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Experimento realizado por Katz e Braly (1933) - Princeton; Ferreira e Rodrigues (1968) - PUC Rio. 
Como alunos de psicologia eram vistos por seus colegas universitários. 
(AROLDO, R. et al, 2007). 
 
 10 
• Estereótipo, atribuição e gênero: 
• HOMEM VERSUS MULHERES: 
 O que são? Quem são? Como se diferenciam? 
 
• Sobre gênero: Judith Butler (Problemas de Gênero) e Paul Beatriz Preciado 
(Manifesto Contrassexual). 
• Problemas com a estereotipagem: quando os estereótipos cristalizados se 
chocam com outra verdade na realidade exterior. 
 
 
• Mulheres que não querem ser mães; 
• Homens que querem ser donos de casa. 
• Diversos experimentos sobre comportamentos masculinos e femininos. Como se 
portam, como são e como as pessoas os percebem. 
 
- DISCUSSÃO: crianças criadas com “gênero neutro”, o que você pensa 
sobre isto? 
 
▪ A QUESTÃO DO PRECONCEITO: 
 
• Definição por psicólogos sociais: 
“O preconceito é uma atitude. As atitudes são constituídas de três elementos: 
componente afetivo, ou emocional, representando tanto o tipo de emoção ligada 
à atitude (como, por ex., raiva, calor humano) como a extremidade da atitude (por 
ex: ligeiro desconforto, hostilidade declarada); um componente cognitivo, 
envolvendo as crenças ou pensamentos (cognições) que formam a atitude; e um 
componente comportamental, relacionado às ações do indivíduo – as pessoas não 
mantêm simplesmente atitudes; habitualmente, agem inspiradas por elas.” 
(ARONSON; WILSON; AKET, 2012) 
 
• Preconceito: comportamento social mais geral e o mais perigoso. Afeta TODAS 
as pessoas. Todos somos vítimas e todos somos algozes, em pequena ou larga 
escala. 
• Nenhum de nós escapa totalmente incólume dos efeitos do preconceito. É um 
problema de e para toda a humanidade. 
• Caso O. J. Simpson: divisor social e não legal. 
• Caso Hudson: law and order SVU: extinção do caso por motivos de incapacidade 
de neutralidade frente a militância ideológica. 
 
• Em geral (tanto no senso comum, quanto na própria ciência), preconceito é 
atribuído apenas para atitudes negativas. 
• Ex: alguém apresenta um amigo e informa que a nacionalidade do amigo é alemã. 
Com isso, ocorrem duas respostas: 
1. Nossa, então você é adepto do nazismo! 
2. Que legal, então você é extremamente educado e objetivo! 
 
 
 11 
Qualquer grupo social – e não apenas as minorias – pode ser alvo de preconceito. 
Além disso, estamos diante de uma via de mão dupla, com sentimentos hostis 
fluindo também das minorias para maiorias. 
Albinos caçados na Tanzânia: são sequestrados e são até assassinados por sua 
condição. 
 
• O que causa o preconceito? 
- A maioria dos psicólogos sociais concordam que os aspectos específicos do 
preconceito têm de ser aprendidos. (Raw, ep. Law and order SVU). 
- Estudo realizado por Meg Rohan e Mark Zanna: entendimento sobre o saber 
popular: “a maçã jamais cai longe da árvore” – examinaram atitudes e valores 
entre os pais e seus filhos adultos. 
- Entretanto, houve choque de informações: era mais fácil para as crianças 
recepcionarem valores igualitários apresentados pelos pais, que os puramente 
desiguais. Por que isto se dá? 
 
 
• The nature of prejudice (Gordon Allport, 1954): - Preconceitos arraigados e 
a dificuldade de eliminá-los. 
 
 
• Sr. B: “o problema com os judeus é que eles só cuidam de seu próprio grupo.” 
• Sr. C: “mas os registros da campanha do tesouro comunitário mostram que eles 
contribuíram mais generosamente, em proporção a seu número para as obras 
beneficentes da comunidade do que os não-judeus.” 
• Sr. B: “Isso mostra que eles estão tentando sempre comprar a boa vontade e 
intrometer-se nos assuntos cristãos. Eles não pensam em outra coisa que não em 
dinheiro. Esse é o motivo por que há tantos banqueiros judeus.” 
• Sr. C: “Mas um estudo recente mostrou que o percentual de judeus no ramo 
bancário é insignificante, muito menor do que o percentual de não-judeus”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A mente do fanático é como a pupila do olho. Quanto mais luz recebe, 
mais se contrai (Oliver Wendell Holmes Jr., 1901) 
• Categorização social: nós versus eles! 
- “(...) o primeiro passo no preconceito é a criação de grupos – isto é, a categorização de algumas 
pessoas em um grupo, com base em certas características, e de outras em um grupo diferente, 
baseando-se em suas características diferentes” (ARONSON, 2012) 
- Qual o mecanismo que cria esse preconceito de intragrupo, ou seja, sentimentos positivos por sujeitos 
pertencentes do nosso grupo? Tajfel (1912) afirma que o motivo está ligado a questão da auto estima. 
Não basta acreditar que é superior, é necessáriofazer com que acreditem que o outro é inferior. 
 
• Para Aroldo Rodrigues (2007) há 4 maneiras que poderíamos utilizar para classificar o preconceito: 
a) Competição e conflitos econômicos e políticos; 
b) Causas sociais do preconceito, a aprendizagem social, conformidade e categorização social; 
c) O papel do “bode expiatório”; 
d) Fatores da personalidade. 
 
 12 
o O papel do bode expiatório: 
“(...) quando frustrados ou infelizes, as pessoas tendem a deslocar a agressão para 
grupos de quem não gostam, são visíveis e relativamente impotentes”. 
Ex: Alemanha Quebrada Alemanha nazista. 
 
 
Judeus 
 Tendo em vista que é difícil lutar contra o resto do mundo. 
▪ DISCRIMINAÇÃO: componente do preconceito 
 
É a ação (a partir do preconceito). 
“Crenças estereotipadas resultam frequentemente em tratamento injusto. 
Chamamos isso de discriminação, definida como ação negativa injustificada ou 
prejudicial contra membros de um grupo, simplesmente porque pertencem a este 
grupo”. 
 
• Discriminação: sentimentos hostis somados a crenças estereotipadas deságuam 
numa atenção que pode variar de um tratamento diferenciado a expressões verbais 
de desprezo e a atos manifestos de agressividade (RODRIGUES, 2007). 
 
 
▪ ATITUDES: 
 
De acordo com Aronson, Wilson & Akert (2002), a maioria dos psicólogos sociais define 
atitude como avaliações que fazemos de pessoas, objetos e ideias (Eagly & Chaiken, 
1993; 1998; Olson & Zanna, 1993; Petty, Wegener & Fabrigar, 1997; Petty & Wegener, 
1998). Atitudes são avaliações no sentido do que consistem em uma reação positiva ou 
negativa a alguma coisa. 
 
 
Dentro do componente “atitude”, há três subclasses que a compõem e que são de 
suma importância: afetos (sentimentos), comportamentos, cognição. 
 
Afetos: Em relação ao lado afetivo das atitudes, Aronson, Wilson e Akert (2002) 
explicam como surgem a base afetiva das atitudes. Na verdade, elas têm várias fontes. 
Em primeiro lugar, podem originar-se nos valores dos indivíduos, tais como crenças 
religiosas e valores morais básicos. Os sentimentos das pessoas sobre assuntos tais como 
aborto, pena de morte e sexo antes do casamento baseiam-se, muitas vezes, mais em seus 
valores do que no exame frio dos fatos. A função dessas atitudes não é tanto pintar um 
quadro exato do mundo quanto expressar e validar nosso sistema básico de valores (Katz, 
1960; Maio & Olson, 1995; Schwartz, 1992; Smith, Bruner & White, 1956; Snyder & 
DeBono, 1989). 
 
Comportamento: A atitude baseada no comportamento tem como fundamento as 
observações que fazemos sobre como nos comportamos em relação ao objeto da atitude. 
Essa explicação pode parecer um pouco esquisita: como sabemos o modo de nos 
comportar, se já não sabemos como nos sentimos? De acordo com a teoria da 
autopercepção, de Daryl Bem (1972), as pessoas, em certas circunstâncias, não sabem 
como se sentem, até que observem como se comportam. Suponhamos, por exemplo, que 
você pergunte a uma amiga se gosta muito de praticar exercícios físicos. Se ela responde 
 13 
“Bem, acho que gosto, porque estou sempre saindo para uma corrida ou indo a academia 
malhar um pouco”, diríamos que ela tem atitude baseada no comportamento, isto é, 
baseia-se mais na observação do comportamento que pratica do que em suas cognições 
ou afetos (Aronson, Wilson & Akert, 2002). 
 
Cognição: De acordo com Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000), as crenças e demais 
componentes cognitivos (conhecimento, maneira de encarar o objeto e etc.) relativos ao 
objeto de uma atitude constituem o componente cognitivo de atitude. Em relação a este 
exemplo dado, provavelmente, o lado emocional seja até mais forte que o cognitivo, mas 
que também existe este lado. 
 
o RESUMOS E DIFERENCIAÇÕES: 
 
• Preconceito: é um fenômeno difuso, presente em todas as sociedades do mundo. 
Os psicólogos sociais definem preconceito como uma atitude hostil ou negativa 
contra um grupo identificável de pessoas, baseada exclusivamente em sua 
pertença ao grupo. 
• Estereótipo: é o componente cognitivo da atitude preconceituosa, definido como 
uma generalização do grupo, pela qual características idênticas são atribuídas a 
praticamente todos os seus membros. 
(ARONSON, 2012) 
• Discriminação: é o componente comportamental da atitude preconceituosa, 
definido como ação negativa ou prejudicial injustificada contra membros de um 
grupo pelo simples fato de dele fazerem parte. 
Os processos de cognição social são elementos importantes na criação e na 
manutenção de estereótipos e preconceitos. 
A categorização das pessoas em grupos leva à formação de intragrupos e 
extragrupos. Tendenciosidade do intragrupo: olhar positivo dos seus membros e 
negativo para todo o resto. 
(ARONSON, 2012). 
 
 
 CONFLITO E NEGOCIAÇÃO ENTRE GRUPOS: 
 
• Razões apontadas para a emergência de fenômenos de conflito e 
discriminação entre grupos sociais: 
- Limitação de recursos; 
- Incompatibilidade dos objetivos; 
- Assimetria do poder. 
 
• A gênese dos conflitos entre grupos: 
- Preconceito. 
- Por que as pessoas deslizam com tanta facilidade para o preconceito, seja ele 
racial, religioso, político, social ou sexual? 
- Segundo Allport (1972): por dois ingredientes básicos – generalização e 
hostilidade errônea. 
 
 14 
• Generalização ou Processo de categorização: 
- Aquilo que nos permite pensar, bem como as categorias que ele vai gerando, 
constituem a base do pré-conceito normal. 
- “Os fatores que levam as pessoas a formar atitudes preconceituosas não são 
individuais. Pelo contrário, esta formação está inteiramente ligada a ser membro 
de um grupo – a adotar o grupo e os seus valores (normas), como o mais 
importante ponto de ancoragem para regular a experiência e o comportamento 
(SHERIF & SHERIF, 1953)”. 
 
• Hostilidade: 
- Allport rejeita a tese freudiana de impulsos agressivos; 
- A hostilidade, para ele, é mais uma capacidade reativa aprendida. 
- Há diferentes graus de intensidade: 
1. Verbalização negativa: verbalizar seus preconceitos. 
2. Evitamento: evitar contato com pessoas de grupos que hostilizam. 
3. Discriminação: membros de grupos hostilizados são excluídos. 
4. Ataque físico: hostilidade traduzida em violência física. 
5. Exterminação: os linchamentos, os massacres, os programas de genocídio étnico 
(eliminação dos negros americanos pelo KKK; eliminação dos judeus e ciganos 
pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães); religioso 
(eliminação de grupos heríticos e de judeus pelos tribunais da Inquisição na Idade 
Média). Assistir: Silêncio (Scorsese). 
 
 A NEGOCIAÇÃO DOS CONFLITOS! 
 
• Para além do contato socialmente apoiado e da construção de objetivos 
superordenados, existem outras formas de tentar resolver a situação de 
conflito que se geram entre dois grupos: 
• Dominação: imposição unilateral da solução; 
• Submissão: cedência de uma das partes às exigências da outra; 
• Inação: o tempo ajudará e as partes decidem não fazer nada; 
• Mediação por uma terceira parte: alguém não envolvido no conflito auxilia na 
comunicação; 
• Negociação: dois ou mais grupos com conflitos de interesses procuram encontrar 
uma plataforma de acordo que evite a confrontação direta e, eventualmente, 
violenta através de uma sequencia de exigências e de cedências daquilo que as 
opõe. 
 
 
 A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS. 
 
• “Afinal, agora que os conheço, acho que não somos tão diferentes como 
julgávamos”. 
• Contato entre membros de grupos distintos: descoberta de semelhanças. 
• Mesmo grupos que apresentassem conflitos e discriminação arraigada, quando há 
objetivos específicos a serem atingidos, eles se unem e o contato se traduziria 
 15 
numa tarefa de cooperação para atingir um objetivo desejável para ambos os 
grupos. 
 
▪ Possíveisquebras de preconceitos e estereótipos enraizados! 
 
• Contato; 
• Cooperação; 
• Interdependência; 
• Objetivo comum. 
(ARONSON, 2012) 
 
 IDEOLOGIA: 
- Termo cunhado pelo filósofo francês Destutt de Tracy, no final do século 
XVII. 
- Etimologia: Idea (aparência) + Logia (estudo). 
 
 QUESTÕES NORTEADORES? 
1. O que podemos entender como Ideologia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que é ideologia? Existem várias definições possíveis para o termo. O sentido marxista 
talvez seja ainda um dos mais utilizados e se refere a uma falsa consciência de classe, além 
de outros sentidos. Outro conceito de ideologia, o do dicionário Houaiss (2001, p. 1565), se 
refere a "um conjunto de ideias, crenças e atitudes que representam entendimentos sobre o 
mundo social e político". Vamos, no entanto, entender o termo seguindo o raciocínio de 
Geertz em seu texto. Num primeiro sentido, político, trata-se de uma visão normalmente 
dualista que opõe um "nós" aos "eles", sendo esses últimos encarados normalmente como 
perversos. Nessa visão fica subentendida uma ideia central: quem não está conosco está 
contra nós. 
 
A ideologia, como posição psíquica e coletiva, nunca morre. A posição ideológica se forma 
cada vez que o espaço psíquico de um sujeito, de um grupo ou de uma instituição é ameaçado 
em seus fundamentos, em seu conjunto de certezas, em suas crenças e nas representações da 
causalidade impostas pela visão/concepção de mundo que a justifica. 
Três componentes encontram-se associados em uma configuração notável sobre a 
ideologia: a Ideia onipotente (que ocupa o lugar de princípio de realidade), o Ideal, que 
fundamente sua crença, e o Ídolo, que, como uma divindade, os protege e aos quais é preciso 
servir sem interrupção nem ambiguidade. A fidelidade imperativa a esta trindade antes 
simbólica corresponde à exclusão de qualquer outra forma de pensamento. A ideologia é 
uma construção sistemática, edificada como defesa contra a dúvida e o desconhecido; ela 
pretende fornecer uma explicação universal e total segundo um princípio único de 
causalidade. 
 16 
2. Todos temos Ideologia(s)? 
- Uma ideologia é um conjunto de ideias. É um discurso. 
Logo, como todo discurso, a ideologia é uma totalidade 
racional organizada (em sua expressão clássica), ou seja, 
tem premissas, tem um desenvolvimento lógico e tem 
conclusões de ordem teórico-prática. 
- Uma ideologia pode ser discutida. 
- A partir destes aspectos, pergunto-vos: todos nós temos 
ideologias? Caso sim, por quê? 
3. De que maneira a Ideologia torna-se prejudicial para nossa 
interação social? 
4. É possível pensar em ideologia singular, sem 
necessariamente o atravessamento de visões alheias? 
5. A teoria da ideologia é, em resumo, psicológica? 
 
 Para Adorno e Horkheimer, a “análise do significado da ideologia no 
conjunto da sociedade é substituída pelas considerações a respeito da sua 
superfície, isto é, sobre a distribuição estatística de certas opiniões. 
 Para Zizek, ideologia não é resumir-se em um estereótipo ou em uma ideia 
acabada, mas sim entender que por traz daquela imagem ideológica, já um 
ser humano integral, amplo, subjetivo e holístico. 
 Questões práticas: 
- Escola Francesa intitulada “Les idéologues” (Os ideólogos), cujo 
principal expoente era Destutt de Tracy cunhou a palavra “ideologia”. 
- Para Destutt de Tracy o primordial era que: “a sua ciência das ideias, ou 
seja, a ideologia, deveria conjugar a certeza e a segurança, como a 
matemática e a física. O rigor metódico da ciência deveria pôr fim, de uma 
vez para sempre, à arbitrariedade e à variabilidade indiferente das opiniões 
que a grande filosofia sempre censurou, desde Platão”. 
- Dois momentos cruciais: o conceito de ideologia, em um primeiro 
momento (com Destutt) atuou também nas lutas políticas efetivas. Num 
segundo momento, a teoria da ideologia funde-se em um radical 
irracionalismo. 
- Napoleão acusa a teoria ideológica como a principal responsável pelos 
regimes sanguinários que se instalaram na França. 
- As ideologias se refletem, por sua vez, e repercutem sobre a realidade 
social. 
- A ideologia, em sentido estrito, dá-se onde regem relações de poder que 
não são intrinsecamente transparentes, mediatas e, nesse sentido, até 
atenuadas. 
 
 
 
“(...) o rótulo de ideologia que se lhes pode apor, em virtude do conceito total de ideologia, documenta nem 
tanto a possibilidade de conciliar a crítica com a falsa consciência mas, sobretudo, a fúria contra tudo o que, 
mesmo na forma de reflexão ideal, e por mais impotente que se torne, exige a possibilidade de conciliar a 
crítica com a falsa consciência mas, sobretudo, a fúria contra tudo o que, mesmo na forma de reflexão ideal, 
e por mais importante que se torne, exige a possibilidade de uma ordem melhor do que a existente. Foi 
corretamente observado que quem manifesta desprezo por tais conceitos chamados ideológicos refere-se, na 
maioria dos casos, ao objeto que quer significar e não ao abuso do símbolo conceptual.” 
 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cazuza – Ideologia: 
Meu partido 
É um coração partido 
E as ilusões estão todas perdidas 
Os meus sonhos foram todos vendidos 
Tão barato que eu nem acredito 
Eu nem acredito ah 
Que aquele garoto que ia mudar o 
mundo 
Mudar o mundo 
Frequenta agora as festas do "Grand 
Monde" 
Meus heróis morreram de overdose 
Eh, meus inimigos estão no poder 
Ideologia 
Eu quero uma pra viver 
Ideologia 
Eu quero uma pra viver 
O meu tesão 
Agora é risco de vida 
Meu sex and drugs não tem nenhum 
rock 'n' roll 
Eu vou pagar a conta do analista 
Pra nunca mais ter que saber quem eu 
sou 
Saber quem eu sou 
Pois aquele garoto que ia mudar o 
mundo 
Mudar o mundo 
Agora assiste à tudo em cima do muro, 
em cima do muro 
Meus heróis morreram de overdose eh 
Meus inimigos estão no poder 
Ideologia 
Eu quero uma pra viver 
Ideologia 
Pra viver 
Pois aquele garoto que ia mudar o 
mundo 
Mudar o mundo 
Agora assiste a tudo em cima do muro, 
em cima do muro 
Meus heróis morreram de overdose eh 
Meus inimigos estão no poder 
Ideologia 
Eu quero uma pra viver 
Ideologia 
Eu quero uma pra viver 
Viver, viver, viver 
Ideologia 
Pra viver 
Ideologia 
Eu quero uma viver! 
 18 
 Ideologia é construída? “Se a determinação e compreensão das realidades 
ideológicas pressupõem a construção teórica de uma ideologia, então, 
inversamente e em igual medida, a definição de ideologia depende do que 
efetivamente atua como produto ideológico”. 
 A ideologia é necessariamente uma compreensão forçada da realidade para 
dentro de uma única dimensão? 
- Há um medo genuíno que ao se averiguar mais de perto os pressupostos da 
ideologia, reconheçamos que ela simplesmente é uma expressão de um desejo 
central que não comporta em si os aspectos que não caibam no padrão escolhido 
e idealizado. 
 
- A maior ambição de ideólogo é criar uma ideologia que faça transcender a 
distinção de aparência e realidade, fazendo com que esta copie tão bem aquela 
que se torne indiscernível dela e acabe por se transformar nela efetivamente. 
 
 RELAÇÕES SOCIAIS: Altruísmo x Comportamento Antissocial. 
Filme: A corrente do Bem (dica!). 
- Por que, em âmbito social, o altruísmo é importante? E como nos auxilia para um melhor 
desenvolvimento de nossa sociedade? Como o altruísmo poderia ser um comportamento 
pró-social? 
I. O QUE É ALTRUÍSMO? 
 
 
 
 
 
 
 
- De acordo com os dicionários, significa: sentimento de quem põe o interesse alheio 
acima do seu próprio. Neste sentido, podemos considerar que se trata do construto 
inversamente proporcional do egoísmo, que, segundo o mesmo dicionário, significa: 
amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios. 
 
- O termo altruísmo foi cunhado por A. Comte (1798-1857) e seencontra no bojo do seu 
Sistema de Política Positiva, referindo uma forma de benevolência que se oporia ao 
egoísmo. 
ETIMOLOGIA: 
Essa palavra vem do Francês 
ALTRUISME, “ausência de egoísmo, 
interesse para com os outros”, 
popularizado cerca de 1830 
pelo filósofo Auguste Comte, a partir 
de AUTRUI, “relativo aos outros”, do 
Latim ALTER, “outro”. 
ETIMOLOGIA: 
A palavra “altruísmo” tem a sua origem no 
latim “ALTER”, que por sua vez deriva 
de “ALTERUM”, costumeiramente 
abreviado para “ALTRUM” que, em 
tradução livre para o português, significa “o 
outro”, ou seja, “amor para com os outros 
(próximos)”. 
 19 
- Atualmente, na Psicologia Social, a expressão comportamento altruísta designa 
condutas que se caracterizam pela intenção de ajudar ou beneficiar outra pessoa (ou 
pessoas), sem expectativa de recompensa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Não podemos discutir a própria origem da palavra altruísmo 
em relação com a significação que se quer fazer dela em ações 
sociais em nossa cultura? Será mesmo que o ALTRUÍSMO, em 
sua máxima potência é real? Existe? É possível? 
 
▪ Para Hebb (1971), autor dos mais significativos no contexto do neobehaviorismo, 
o comportamento altruísta é intrinsecamente motivado, independendo, portanto, 
de reforços externos; e, mais importante, não resultaria da aprendizagem social, 
mas sim da história natural da espécie, por seu intrínseco valor de 
sobrevivência. 
▪ Perceba, aluno, como a própria descrição do que significaria altruísmo em uma 
abordagem behaviorista, por exemplo, é contraditória em si só. Afinal, se é uma 
questão genuinamente intrínseca a determinados sujeitos, por que deveria ser com 
um viés de sobrevivência? A contradição está posta! 
▪ O mais interessante é perceber é que muitos psicólogos sociais reconhecem esta 
contradição e ainda assim produzem materiais com a afirmação de que o genuíno 
A palavra altruísmo vem do francês altruisme, que se tornou uma palavra conhecida por 
causa do filósofo Auguste Comte. Altruísmo sempre esteve associado a fazer o bem aos 
outros. A raiz da palavra altruisme é autre, que significa “outro” ou “diferente” em 
francês. Autre vem do latim alter, que tem o mesmo significado. Foi provavelmente a 
partir da raiz em latim que a palavra altruísmo ganhou um “l”. 
Assim, a palavra altruísmo coloca a atenção no outro, não em mim. A ênfase do altruísmo 
é cuidar dos outros, não somente de nossos próprios interesses. O oposto de altruísmo é 
egoísmo. 
O altruísmo era um conceito importante da filosofia de Auguste Comte. Ele acreditava 
que cada pessoa tinha o deve moral de colocar o bem dos outros acima de seu próprio 
bem. Assim, o altruísta deveria procurar beneficiar o máximo possível de pessoas com 
suas ações, sem considerar seu próprio bem. Cada um deveria esquecer de si mesmo para 
ajudar os outros. 
Vários outros filósofos usaram a palavra altruísmo com significados ligeiramente 
diferentes da ideia original de Auguste Comte. No entanto, todos usam altruísmo no 
sentido de cuidar e se preocupar com os outros, sem pensar apenas no benefício próprio. 
Hoje em dia, altruísmo é usado normalmente com o significado de alguém que faz o 
bem a outros, sem procurar ganhar com isso. 
 
 20 
altruísmo é real e possível parta parcela da população. Vejam o reconhecimento 
da contradição por alguns teóricos da psicologia social logo abaixo: 
 
“De acordo com Aronson, Wilson & Akert (2002), ajudar pode ser recompensador de 
muitas maneiras, tal como aliviar o sofrimento de uma pessoa na rua. Uma massa 
considerável de provas indica que as pessoas ficam excitadas perturbadas quando veem 
outra pessoa sofrer, e que ajudam, pelo menos em parte, para aliviar o seu próprio 
sofrimento (Dovidio, 1984; Dovidio, Pilivin, Gaertner, Schoeder & Clark, 1991; 
Eisenberg & Fabes, 1991). A ajudar os outros, obtemos recompensas tais como aprovação 
social e aumento do nosso sentimento de valor próprio.” 
 
 Todavia, para justificar que ainda que com todos estes pormenores 
uma atitude completamente altruísta, os psicólogos sociais 
afirmam que: 
 
Segundo Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000), a hipótese 
empatia-altruísmo, formulada por Batson, informa que a ação 
puramente altruísta pode ocorrer, com segurança, sempre que for 
percebida por um estado psicológico específico, designada por 
preocupação empática pelo outro. A preocupação empática é 
definida como uma reação emocional caracterizada por 
sentimentos como compaixão, ternura, generosidade, 
comiseração. A empatia é provocada pelo ato de tomar a 
perspectiva do outro, fazendo com que o altruísta potencial 
assuma a posição da vítima. Em outras palavras, tomar a 
perspectiva de uma pessoa resulta da percepção de vínculo com 
essa pessoa (parentesco, amizade, familiaridade, similaridade) 
ou, simplesmente, de orientações ou instruções no sentido de que 
isso seja feito (Batson & Shaw, 1991). 
 
 Como a questão do altruísmo é visto em Psicanálise? 
- Uma excelente analogia para levarmos em consideração aqui é a questão do “Homem 
Cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda. 
- A imagem do brasileiro é a de uma pessoa naturalmente simpática, extrovertida, 
prestativa, que se interessa imediatamente pelo problema do outro; de riso fácil, andar 
molenga, de tendência pacífica; amante da música, do sol e da multidão. Ainda a sua mais 
completa definição é aquela consagrada por Sérgio Buarque de Holanda: o brasileiro é o 
“homem cordial”. 
Todavia... 
- Sérgio Buarque não entende a cordialidade como bondade, generosidade ou qualquer 
outro tipo de relação benéfica. Cordialidade, em latim, vem do cordios, que significa 
 21 
coração. Logo, agir com o coração, é agir com afetos. E estes afetos acabam mascarando 
as relações de conflito e violência da nossa sociedade. Ex: qual a relação que existe entre 
a empregada doméstica e os patrões aqui no Brasil? O Brasil é um dos poucos países no 
mundo em que a empregada doméstica se torna na amiga íntima da patroa, ainda que ela 
receba um salário miserável e ainda que ela seja explorada limpando a sujeito de seus 
patrões. Assistam: “Que horas ela volta?” Filme brasileiro. “Parasita” Filme sul-
coreano. 
 
- Assim, é entendível que as relações de afeto predominam na sociedade brasileira. 
Vejam, por exemplo, que temas altamente perniciosos e danosos socialmente, por vezes, 
são tratados de maneira jocosa, sem maiores preocupações e questões. 
 
- Em meio a tudo isso, a relação de cordialidade representa exatamente uma relação social 
hipócrita, uma relação de mascaramento. Uma relação em que os afetos acabam 
colocando debaixo do tapete todos os nossos conflitos. A seguinte sentença é um exemplo 
clássico de uma profunda violência, mas que é mascarada pela dita cordialidade: “Eu 
conheci um negro de alma branca!” Percebam que a frase, a olhos nus, ingênua, é de uma 
violência impactante. E que tenta mascarar, através da cordialidade, as relações de 
conflito. 
- Poderíamos pensar nos mais variados exemplos de como esta dita cordialidade está 
intrinsecamente voltada às questões de afetos e como isto implicaria na profunda 
atmosfera de conflitos: pessoas que param em vagas para deficientes, sem sê-los; pessoas 
que furam filas; alunos que plagiam trabalhos; alunos que colam nas provas; professores 
que dormem com alunos para aprova-los no teste/semestre; homens que batem em 
mulheres porque elas o tiraram do sério e etc. Percebam que muitos destes exemplos que 
são corriqueiros e muito conhecidos de todos nós representam a figura do “Homem 
cordial”, de Holanda. O mesmo sujeito que diz que ele é um cidadão de bem, é o mesmo 
sujeito que tem uma facilidade gigante em realizar, por vezes, todas estas ações e muitas 
outras acima descritas. 
- E a questão da proporcionalidade? Importa? Ou seja, vocês acreditam que ações 
devam ser enxergadas em seus radicais ou que a depender da proporção,uma é mais 
importante que a outra? O mesmo cara que estaciona em uma vaga para deficiente, 
sem sê-lo, pode abrir a boca e julgar o político que rouba milhões do erário público? 
O que você pensa sobre isso? 
 Por que tudo isto nos é interessante para pensar o altruísmo por um viés 
psicanalítico? 
 
 
 22 
“Existem muito mais hipócritas culturais do que 
homens verdadeiramente civilizados” (FREUD, 
1915). 
 
 
- Um ponto interessante levantado por Freud é que o que está por detrás das ações 
dos sujeitos, porque aí ele vai levantar diversas questões 
(altruísmo/benevolência), é que talvez o que se esconda atrás de atitudes vistas 
como “boas socialmente” não sejam bondades genuínas e sim que eu me comporto 
bem ou pratico o bem porque necessito que isto volta-se em recompensa para mim 
também. 
- Freud (1915) afirma: “(...) um homem sempre age bem porque suas inclinações 
pulsionais o compelem a isso, e que o outro só é bom na medida em que, e 
enquanto, esse comportamento cultural for vantajoso para seus propósitos 
egoístas”. 
- Lacan, em seu seminário sobre a Transferência, afirma que devemos desconfiar 
do altruísta. 
“Não para preconizar o egoísmo, é claro, mas, se quanto a este não é necessário 
advertir o defeito, por ser evidente, o altruísta, em sua bondade, em sua piedade, no 
seu incansável querer bem ao outro pode aparecer como um virtuoso moral. “É que, de 
fato, o precioso Mitleid, o altruísmo, não passa da cobertura de uma outra coisa, e 
vocês vão observar isso sempre, sob a condição, todavia, de estarem no plano da 
análise” 
 
Lacan exemplifica o altruísta através de um obsessivo que diz casar com a pobre garota 
- alusão a uma histérica - por piedade ou respeito, “ficando ambos aborrecidos por 
muito tempo”, porquanto, contrariamente ao que explica, “o que ele respeita, o que 
ele não quer tocar, na imagem do outro, é a sua própria imagem. Se a intatilidade, a 
intocabilidade dessa imagem não fosse cuidadosamente preservada, o que surgiria seria 
simplesmente a angústia” 
 
A pessoa que se concebe altruísta não se angustia em face de uma possível maldade 
que cometeria ao deixar a pobre garota. Uma, porque ela só é “pobre” e “garota” em 
sua imaginação, e a experiência é pródiga em mostrar a dureza das “pobres garotas”; 
e outra, mais fundamental, é que a sua angústia reside no confronto ao objeto do seu 
desejo, quando ultrapassa a queixa e a insatisfação cotidiana. O difícil é que em face 
do que se quer - quando se pode querer - surge o desamparo, o Hilflosigkeit freudiano, 
o estar só frente ao seu desejo. Uma pessoa está sempre acompanhada frente ao que 
não gosta, pois a reclamação é coletiva, daí os sindicatos. A opção desejante, por sua 
vez, é solitária; ela não se explica, se faz. 
 
Há muito de altruísta no “homem cordial”, por isso nos permitirmos emparceirar Lacan 
e Buarque de Holanda. O psicanalista esclarece o que o historiador descreve como “o 
pavor de viver consigo mesmo”. 
Esse pavor, podemos entender como oriundo da dificuldade para cada pessoa de 
sustentar o seu desejo, pois sendo este singular, não compartível, surge com facilidade 
a fantasia de exclusão, de ser abandonado pelo grupo, tribo, ou bando a que pertence; 
- “vão me matar...”, é um fantasma paradigmático. 
Assim se expressa Lacan a respeito: “se a análise não conseguiu fazer com que os 
homens compreendessem que seus desejos, em primeiro lugar, não são a mesma coisa 
que suas necessidades, e, em segundo lugar, que o desejo apresenta em si mesmo um 
caráter perigoso, ameaçador para o indivíduo, que se esclarece pelo caráter 
 23 
evidentemente ameaçador que ele - o desejo - comporta para o bando; pergunto-me, 
então, para que a análise terá servido” 
 
- REFLEXÃO: após as devidas considerações, o que você acredita que de fato exista? 
Altruísmo de maneira genuína ou hipocrisia social/cultural? Como você consegue 
relacionar estes aspectos na sua vida ou de seus próximos? 
 
COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL 
 
- O que pode ser tomado como um ato antissocial? Bom, o nome é autoexplicativo! 
Todavia, como enxergamos isto em nosso dia a dia? A agressão talvez seja a mais 
evidente. E também a mais óbvia! 
- Pela nossa história, temos diversos exemplos de atos agressivos, que marcaram a nossa 
sociedade. As duas Grandes Guerras, que, com seus campos de concentração, tinham 
como um de seus objetivos, descobrir novas maneiras de execução, além das duas bombas 
nucleares, que só foram lançadas para demonstrar força e descobrir os seus efeitos; os 
ataques terroristas, que assassinam muitas pessoas no ocidente e na África; as explosões 
de criminalidade, cujos seus mais novos soldados têm sido recrutados com 8, 9 anos. 
- Poderia passar horas descrevendo das mais diversas formas como a agressão, a violência 
se expressa através de atitudes que vão contra o outro, contra o social. 
 
- Há várias formas de agressão, certo? Há agressões que são toleráveis? Se sim, 
quais? E por quê? Podemos justificar a agressão? 
 
- Freud dizia, por exemplo, que o Estado proíbe a violência não porque deseja extingui-
la, mas sim para monopoliza-la. Desta forma, o mesmo Estado que pune com pena de 
reclusão ou morte determinadas ações suas (a depender do país/estado) é o Estado que 
afirma que se você fizer isto é errado. O mesmo Estado que afirma que você não pode 
matar alguém, é o Estado que lhe fuzila, em praça pública, se você (homem) se recusa a 
ir defender o seu país em uma guerra, caso você seja convocado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existem os casos em que a sociedade apoia o ato agressivo. Esta se chama 
agressão sancionada e não é vista como negativa e tem como exemplo uma 
guerra. O soldado muito condecorado, que possui muitas homenagens de sua 
sociedade, provavelmente foi muito agressivo no conflito e deve ter matado 
muitas pessoas. 
Nos EUA, um militar que luta na Guerra é visto como herói pela sua nação. 
Todos o idolatram e ele possui algumas regalias sociais. 
 24 
 A agressão é inata? 
- Esta discussão sobre se a agressão é inerente ao ser humano foi levantada de maneira 
direta por dois filósofos: Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes. O primeiro acredita 
que o ser humano é, por natureza, bom e a agressão é aprendida no decorrer de sua vida. 
Já Hobbes, com sua celebre frase “O homem é o lobo do homem”, apresentou seu ponto 
de vista dessa história. Segundo este, a sociedade e suas leis, ao contrário do que 
acreditava Rousseau, teriam a importância de regular e frear os aspectos agressivos, que 
não nos permitiriam chegar tão longe como sociedade. 
 
- De acordo com Aronson, Wilson & Akert (2002), esta opinião mais pessimista de 
Hobbes foi refinada no século XX por Sigmund Freud (1930), que teorizou que os seres 
humanos nascem com pulsão de vida, ao qual denominou “Eros”, e outra igualmente 
poderosa pulsão de morte, chamado “Tânatos”, caracterizado por uma pulsão de morte 
que leva a ações agressivas. Sobre a pulsão de morte, escreveu Freud (1930): “A pulsão 
de morte está presente em todo ser vivo e se esforça para destruir e reduzir a vida à sua 
condição original de matéria inorgânica”(p.67). 
 
- Freud acreditava que a energia agressiva teria que se expressar de alguma maneira, a 
fim de evitar que continuasse a acumular- se e causar sintomas. A ideia de Freud pode ser 
muito apropriadamente descrita como uma teoria hidráulica – segundo a analogia com 
a pressão da água que se acumula em um recipiente. A menos que possa escoar, a agressão 
dará origem a algum tipo de explosão. De acordo com Freud, a sociedade desempenha 
uma função essencial ao regular essa pulsão e ajudar a pessoa a sublimá-la - isto é, a 
canalizar a energia destrutiva para um comportamento aceitável ou útil. 
 
- Se formos levar em consideração outro aspecto, como o de questões genéticas, podemos 
realizar leituras de cunho médico-biológicas e considerar que há aspectos genéticosque 
rondam determinadas ações que são consideradas agressivas. 
 
 Bases biológicas: 
 
- A agressividade também se correlaciona com o hormônio sexual masculino, a 
testosterona. 
 
- Os neurotransmissores alterados no processo da agressão são encontrados no Sistema 
Límbico, fisiologicamente, e isso chamou a atenção dos pesquisadores para esta área do 
Sistema Nervoso Central (SNC). E é aí que se situa o elemento topográfico e anatômico 
da agressão: o Sistema Límbico. Este é fisiologicamente relacionado ao controle e 
elaboração da maioria dos comportamentos motivados. 
 
- A chamada Amígdala é uma estrutura importantíssima da região límbica e tem um papel 
transcendente na agressividade. Também existem motivos para acreditar que a base do 
comportamento altruísta se encontra no Sistema Límbico. 
 
- O desenvolvimento do comportamento agressivo é multifatorial. Os estudos disponíveis 
evidenciam que fatores biológicos, socioambientais e a interação entre eles podem estar 
implicados no desenvolvimento do comportamento agressivo, violento e antissocial. Os 
fatores de risco biológicos com maiores índices de evidência na literatura são: 1) 
genéticos (baixa expressão do genótipo MAOA e no gene transportador de serotonina, 
 25 
polimorfismo nos genes dos receptores de dopamina [DRD2 e DRD4] e no gene 
transportador de dopamina); 2) complicações no período pré-natal (hipóxia, desnutrição 
materna e exposição ao álcool e tabaco); e 3) hipóxia pós-natal, desnutrição na infância e 
disfunções no córtex pré-frontal, relacionadas à hipoatividade serotoninérigica e à 
hiperatividade dopaminérgica, com prejuízo de funções executivas, da capacidade de 
autocontrole e da modulação inibitória do sistema límbico. 
 
 
 É possível existir uma sociedade em que a violência não esteja presente? 
 É possível que consigamos retirar de um campo externo a agressividade e a 
violência? 
 O que causa a agressão são os agentes externos que vivenciamos e 
experenciamos? A televisão, os jogos, os filmes etc.? 
 O nosso meio é o maior responsável por nossos atos violentos? 
 Só se trata de agressão quando a infligimos no outro? Existe agressão contra você 
mesmo? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
 COMO REDUZIR A VIOLÊNCIA? 
 
“O homem é o único animal que goza com a dor e o 
sofrimento alheio” (Elisabeth Roudinesco). 
 
 
I. Contato? 
II. Menos coerção e punição? Violência gera mais violência? 
III. A palavra, a linguagem é uma boa via? Colocar em fala para não colocar em 
ato? Simbolizar para não atuar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 IDENTIDADE SOCIAL, CULTURA E SUJEITO 
 
• Identidade: 
1. Qualidade do que é idêntico. 
2. Conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio 
das quais é possível individualizá-la. 
Latim: identitas: “a mesma coisa”, de idem, “o mesmo”. 
Latim: idem, igualdade e continuidade. A qualidade daquilo que é idêntico, o estado de 
uma coisa que não se modifica. 
• Social: 
1. Concernente a uma comunidade, a uma sociedade humana, ao relacionamento 
entre indivíduos, etc. 
2. Propenso a viver em sociedade; sociável, gregário. 
3. Conveniente à sociedade ou próprio dela. 
Latim: sociãlis 
Latim: que pertence a uma companhia; uma associação; relacionado a sociedade; do que 
é dividido, compartilhado, relacionado. 
- A temática da Identidade Social e das Relações Intergrupais é uma parte importante e 
crucial da Psicologia Social e que faz com que o entendimento mais intrínseco a respeito 
da noção de identidade e de nossas relações em comunidade se efetive neste campo de 
conhecimento. 
- Movimentos sociais deram início a diversos questionamentos que surgiram a partir de 
suas aparições no meio social. Assim, é correto afirmar que as reinvindicações, de 
diversas naturezas, foram as responsáveis por um estudo e um conhecimento mais 
consolidado que temos hoje. 
- Homem: o homem é um animal que difere dos demais tipos de animais pois é regido 
pela lógica psicológica, o que lhe coloca em outro patamar de vivência e experiência. 
- Sociedade: “A sociedade é um grupo de indivíduos, biologicamente distintos e 
autônomos, que pelas suas acomodações psicológicas e de comportamento se tornaram 
necessários uns aos outros, sem eliminar sua individualidade. Toda vida em sociedade é 
um compromisso entre as necessidades do indivíduo e as necessidades do grupo e tem a 
indeterminação e a instabilidade própria das situações desta natureza.” (RALPH 
LINTON, 2000 – O Homem: uma introdução à antropologia) 
 28 
Freud, O Mal Estar na Cultura, 1930: nós – sujeitos – fizemos um pacto com o social. 
Pacto este que gira em torno do fato de “abrirmos mão” de uma parte de nossa liberdade 
pulsional, em troca de um pouco de segurança e conforto. Daí a o entendimento sobre o 
fato de convivermos uns com os outros. 
- Identidade Social: conjunto de papéis que desempenhamos. Noção de pertença ao 
grupo e das representações provenientes dele. 
• “A identidade social de um indivíduo se caracteriza pelo conjunto de suas 
vinculações em um sistema social: vinculado a uma classe sexual, a uma classe 
de idade, a uma classe social, a uma nação, etc. A identidade permite que o 
indivíduo se localize em um sistema social e seja localizado socialmente.” 
(CUCHE, 1999) 
- Não existe identidade sem um ciclo contínuo de interações. O sujeito é um ser em 
conflito, cindido por excelência. Constituímo-nos nas diferenças. 
- O reconhecimento do eu se dá no momento em que aprendemos a nos diferenciar do 
outro: “passo a ser alguém quando descubro o outro – a diferença – e a falta deste 
reconhecimento não me permitiria saber quem sou”. 
- “Identidade é um fenômeno que deriva da dialética entre indivíduo e a sociedade” 
(BERGER & LUCKMANN, 1976). 
 
 CULTURA 
 
Etimologicamente: Cultura. 
• Latim: culturae, cognato do verbo “colo” – “colui” – “cultum” – “cólere”, que, por ser 
utilizado com diversos significados, formou uma grande família de palavras. 
• Alguns sentidos de “cólere”: cultivar; cuidar de; preparar; proteger; ocupar-se de; aquele 
que cultiva, que habita em; que adora os deuses. 
 
 
 CULTURA(S). 
 
• Com o passar do tempo, foi feita uma analogia entre o cuidado na construção e 
tratamento do plantio, com o desenvolvimento das capacidades intelectuais e 
educacionais das pessoas. 
 
• Homens que criam laços comuns de identidade: possuem o mesmo modo de cultivar a 
terra e as amizades, de compreender a vida e os valores de fazer e entender o culto. 
 
• “Cultura é a parte do ambiente feita pelo homem” (HERSKOVITS, 1963); 
 
29 
• O modo comum de garantir a sobrevivência de cada grupo humano, a formulação das 
estruturas de parentesco, as maneiras de formar associações, de dar sentido à vida 
constituem a cultura. 
 
• A cultura mostra, além de traços universais (comuns aos homens das diversas nações), 
as peculiaridades do estilo de vida de cada nação (cada grupo humano apresenta traços 
originais, que levam a soluções características). 
• Herskovits: cada homem faz a sua parte, no ambiente, à maneira de sua cultura, desde 
que esta seja entendida no sentido estritamente etimológico: 
- Particípio futuro do verbo cólere: aquilo que deve ser cultivado, cultuado, vivenciado, 
respeitado, vivido enfim. 
- Ademais, a cultura é direcionada pelo contorno que lhe confere a crença básica que uniu 
homens em uma nação. 
(HERSKOVITS, 1963) 
 
 
 A questão da cultura para Freud: 
 
“Como se sabe, a cultura humana – me refiro a tudo aquilo em que a vida humana se 
elevou acima de suas condições animais e se distingue da vida dos bichos; e eu me recuso 
a separar cultura [Kultur] e civilização [Zivilisation] – mostra dois lados ao observador. 
Ela abrange, por um lado, todo o saber e toda a capacidade adquiridos pelo homem com 
o fim de dominar as forças da natureza e obter seus bens para a satisfaçãodas necessidades 
humanas e, por outro, todas as instituições necessárias para regular as relações dos 
homens entre si e, em especial, a divisão dos bens acessíveis” (FREUD, 1927, p.140). 
 
 
 Diferenciações metodológicas: pessoa, indivíduo, sujeito. 
 
- Etimologicamente, pessoa deriva do latim persona, ae, “máscara de teatro; por 
extensão, papel atribuído a essa máscara, caráter, personagem [...]”. 
 
- Indivíduo (do latim individuus, a, um) significa indivisível, uno, referindo-se a um ser 
biológico cuja existência depende de sua integridade. Aplica-se, portanto, não somente 
ao homem, como a outros animais e até a plantas. 
 
- Sujeito provém do latim clássico subjectus, a, um, “colocado debaixo, em posição 
inferior”. Designava o escravo, o submisso, o vassalo, o subjugado.3 
 
3 É importante ressaltar que em psicanálise há uma questão a mais na utilização do termo, tendo em vista 
que foi introduzido enquanto noção conceitual por Jacques Lacan, psicanalista francês pós-freudiano. 
Como bem afirma Elia (2010): Será que podemos dizer que o sujeito em psicanálise é um conceito, no 
sentido científico ou filosófico do termo? Como categoria nocional elaborada teoricamente, designada por 
uma palavra que lhe dá sua unicidade, precisão e rigor, é claro que sujeito é um conceito: é isso que faz 
 
30 
 Mais do que a etimologia, importa a semântica. As palavras, em sua trajetória pelo 
tempo, vão adquirindo, independentemente de sua origem, um conteúdo 
semântico próprio, que se reveste de atributos específicos conforme a vertente 
considerada. 
 
- Em filosofia, a diferença conceitual entre pessoa e indivíduo é bem estabelecida. Para 
S.Tomás pessoa significa o que é distinto, diferentemente do indivíduo, que é indistinto. 
Outros pensadores emitiram conceitos semelhantes, que reforçam a diferenciação entre 
pessoa e indivíduo. Dentre os mais citados estão os filósofos Locke, Kant e Scheler 
 
- Em antropologia, o termo pessoa aplica-se a um ente definível positivamente; indivíduo 
ou sujeito, ao contrário, a um ente definível negativamente. 
 
- Em sociologia, pessoa é o indivíduo provido de status social, ao passo que indivíduo e 
sujeito adquiriram conotação despersonalizante, pejorativa. 
 
- Em Direito, pessoa expressa ou designa todo ser capaz ou suscetível de direitos e 
obrigações (5). As denominações de indivíduo ou sujeito raramente são usadas, a não ser 
quando se referem a réus em processos criminais ou em sessões de júri. 
 
 Em psicologia social: 
 
- Sujeito: processos de subjetivação. Modos de subjetivação. Subjetividade. 
 
- Indivíduo: versões individualistas de teorizações sobre esse ser que somos; de outro 
lado, ficaremos aprisionados na clássica dicotomia entre indivíduo e sociedade. Indivíduo 
é aplicável de muitas maneiras: dá-se o nome de indivíduo àquele que não pode ser 
subdividido, de modo nenhum, como a Unidade e como espírito; chama-se indivíduo ao 
que, por sua solidez, não pode ser dividido, como o aço; e designa-se como indivíduo 
aquele cuja predicação própria não se identifica com outras semelhantes. 
 
- Pessoa: a noção de pessoa era intrinsecamente relacional. “A pessoa, no jogo das 
relações sociais, está inserida num constante processo de negociação, desenvolvendo 
trocas simbólicas num espaço de intersubjetividade, ou mais precisamente, de 
interpessoalidade.” Para além desses jogos relacionais, a noção de pessoa – pelo menos 
na proposta de Harré – nos indica a necessidade de entender como as diversas tecnologias 
de governo, sobretudo no que diz respeito aos documentos que cristalizam identidades 
(RG, passaportes, certificados de nascimento, de batismo, de conclusão de cursos, entre 
muitos outros), integram a complexa matriz de práticas sociais que, historicamente, 
tornaram necessário teorizar sobre esse ser que somos. 
 
 
 
com que essa categoria integre o corpus teórico da psicanálise, constituindo- se, aliás, como uma das 
categorias teóricas mais essenciais deste corpus. Podemos também acrescentar que é um conceito 
lacaniano, pois foi Lacan quem o introduziu na psicanálise, já que essa categoria não é do texto de Freud e 
tampouco foi utilizada pelos pós-freudianos. 
 Podemos acompanhar uma ideia de Lacan e dizer que sujeito é uma categoria igualmente moderna, e seu 
surgimento é contemporâneo ao da ciência. Vamos observar essa proposta de Lacan para saber como o 
sujeito — nosso tema central — veio ao mundo, e verificar se ele aqui veio como um conceito. 
 
 31 
 
 EM TERMOS MAIS PRECISOS: 
 
- INDIVÍDUO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
- PESSOA: 
 
 
 
 
 33 
- SUJEITO: 
 
Os modos de subjetivação referem-se às práticas pelas quais os sujeitos se formam, 
configurando-se como um "ponto de interseção" entre os campos da arqueologia do saber 
e da genealogia do poder, discutidos pelo autor nos textos que antecedem os dois últimos 
volumes da História da sexualidade (FOUCAULT, 1985). 
 
- Deleuze afirma que: “olhando bem, isso é tão-só uma outra maneira de dizer: o sujeito 
se constitui no dado”. 
- Pode-se notar que essa consideração de Deleuze também rompe com a noção de uma 
unidade evidente atribuída ao sujeito, ou seja, com a noção de um ser prévio que 
permanece. Para ele, o sujeito não está dado, mas se constitui nos dados da experiência, 
no contato com os acontecimentos. Questionamos: como isso acontece? Nos diferentes 
encontros vividos com o outro, exercitamos nossa potência para diferenciarmos de nós 
mesmos e daqueles que nos cercam. Existem diferentes maneiras de viver tais encontros. 
Alguns deles podem passar praticamente despercebidos. Já outros são fortes, marcantes 
e até mesmo violentos. 
- O sujeito não pode ser concebido como uma entidade pronta, mas ele se constitui à 
medida que é capaz de entrar em contato com essas forças e com as diferenças que elas 
encarnam, sofrer suas ações e, em alguma medida, atribuir-lhes um sentido singularizado. 
- O sujeito, nessa perspectiva de análise, só pode ser analisado a partir de uma 
processualidade, de um vir a ser que não se estabiliza de maneira definitiva. Ele é 
construído à medida que experiencia a ação das forças que circulam no fora, e que, por 
diferentes enfrentamentos, afetam o seu corpo e passam, em parte, a circular também do 
lado de dentro. Sob essa ótica, a produção do sujeito envolve um movimento que não 
conhece sossego, pois ele não está dado de uma vez por todas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
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