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INTRODUÇÃO E NEUROTRANSMISSÃO: SNA E SOMÁTICO 
 
 
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INTRODUÇÃO E 
NEUROTRANSMISSÃO: 
SNA E SOMÁTICO 
FARMACOLOGIA 
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INTRODUÇÃO E 
NEUROTRANSMISSÃO: 
SNA E SOMÁTICO 
CONTEÚDO: João Victor Ferreira Araújo 
CURADORIA: Thayssa Tavares da Silva Cunha 
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INTRODUÇÃO E NEUROTRANSMISSÃO: SNA E SOMÁTICO 
 
 
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SUMÁRIO 
ANATOMIA E CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS ................................. 6 
TIPOS DE SINAPSE NO SISTEMA NERVOSO .......................................... 8 
SINAPSE ADRENÉRGICA .............................................................................. 9 
RECEPTORES ADRENÉRGICOS ................................................................ 11 
Receptores α ................................................................................................................ 11 
Receptores β ................................................................................................................ 13 
AGONISTAS ADRENÉRGICOS ................................................................... 15 
Catecolaminas ............................................................................................................. 15 
Aminas não-catecólicas ........................................................................................... 15 
Substituições no nitrogênio amínico ..................................................................... 16 
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS .......................................................... 17 
Principais bloqueadores α-adrenérgicos ............................................................. 17 
Bloqueadores β-adrenérgicos ................................................................................ 19 
SINAPSE COLINÉRGICA ............................................................................. 25 
RERECEPTORES COLINÉRGICOS (COLINORECEPTORES) ................. 27 
Receptores muscarínicos ......................................................................................... 27 
Receptores nicotínicos .............................................................................................. 28 
AGONISTAS COLINÉRGICOS..................................................................... 28 
Betanecol ...................................................................................................................... 29 
Carbacol (carbamilcolina) ......................................................................................... 29 
Pilorcapina .................................................................................................................... 30 
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ANTIMUSCARÍNICOS .................................................................................. 30 
Bloqueadores ganglionares ..................................................................................... 32 
ANTICOLINESTERÁSICOS .......................................................................... 33 
BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES ................................................ 35 
Bloqueadores não despolarizantes (competitivos) .......................................... 35 
Bloqueadores despolarizantes ............................................................................... 36 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 39 
 
 
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O Sistema Nervoso é dividido em dois sis-
temas principais, sendo eles o Sistema 
Nervoso Central (SNC, composto pelo en-
céfalo e medula espinal) e o Sistema Ner-
voso Periférico (SNP, que são os tecidos 
fora do SNC). A porção motora ou eferente 
do sistema nervoso (i. e., aquela que se es-
tende para fora do SNC) pode ser subdivi-
dida, ainda, em outras duas, sendo elas a 
autônoma (SNA) e somática (SNS). 
Como o nome sugere, o SNA é autônomo, 
então isso significa que ele realiza ações 
que independem da nossa vontade. Há um 
bom motivo para isso, pois entre as princi-
pais funções estão aquelas relacionadas 
ao controle visceral, como o débito cardí-
aco, controle de fluxo sanguíneo e a diges-
tão. Já o SNS é aquele que regula a mus-
culatura esquelética, portanto, representa 
a parte do sistema nervoso que pode ser 
controlada por nós de forma consciente. 
O que determina a classificação do SNA é 
unicamente a anatomia dos sistemas e não 
os neurotransmissores liberados nas ter-
minações nervosas ou mesmo o tipo de 
efeito (excitatório ou inibitório) 
(KATZUNG; TREVOR, 2017). Dessa forma, 
o SNA pode ser classificado em: simpático 
(SNSP, região toracolombar) e parassim-
pático (SNPS, região craniossacral). 
Guarde bem essa informação, pois são al-
gumas das principais dúvidas que se 
apresentam quando estudamos a fisiolo-
gia do SNA. 
A ativação do SNSP é considerada o meio 
pelo qual o organismo atinge um estado de 
capacidade máxima de trabalho como 
aqueles vistos em situações de luta e fuga. 
Nesses casos, há uma necessidade de au-
mentar vigorosamente a atividade da mus-
culatura esquelética, assegurar o fluxo 
sanguíneo adequado por meio do aumento 
da frequência cardíaca, entre outras fun-
ções que necessitam de ações imediatas. 
Já o SNPS está relacionado aos processos 
de assimilação de energia (consumo de ali-
mentos, digestão e absorção). Esses pro-
cessos funcionam com o organismo em re-
pouso, sendo necessários pouco volume 
respiratório e baixa atividade cardíaca 
(HEINZ, 2017). Logo abaixo acrescenta-
mos uma figura que descreve os efeitos no 
organismo em resposta a estímulos do 
SNSP e SNPS, mas fique tranquilo que 
abordaremos o assunto com mais detalhes 
nos próximos tópicos: 
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ANATOMIA E CLASSIFICAÇÃO 
DOS NEURÔNIOS 
Já que falamos sobre o sistema nervoso, 
seria importante abordar um pouco da 
anatomia do neurônio, a principal célula 
desse sistema responsável por transmitir 
informação. Há uma aulinha específica so-
bre isso no Jaleko, então faremos um breve 
resumo aqui: 
Os neurônios possuem três funções bási-
cas, que são a de (1) receber sinais, (2) in-
tegrar sinais, no sentido de repassar ou 
não o impulso nervoso e (3) se comunicar 
com o seu alvo, que pode ser uma célula (p. 
ex., outro neurônio) ou glândula. Sobre as 
estruturas do neurônio, será do nosso inte-
resse saber o que é o corpo celular, den-
drito, axônio, mielina, terminal axonal e 
gânglio: 
 
 
 
 
 
Fonte: Karen (2016). 
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• Corpo celular: região mais 
volumosa do neurônio que contém 
o núcleo e é responsável pela 
síntese da maioria das proteínas 
neuronais; 
• Dendrito: são considerados 
prolongamentos finos eramificados, cuja função é receber o 
impulso nervoso e transmiti-lo para 
o corpo celular ou soma. Perceba 
que o dendrito é a região onde os 
estímulos nervosos chegam 
primeiro. Logo, se o estímulo for 
excitatório, o neurônio transmitirá o 
impulso nervoso, e se inibitório, a 
transmissão pelo dendrito não 
ocorrerá ou será feita de forma 
reduzida; 
• Axônio: também é considerado um 
prolongamento do neurônio, mas 
com o objetivo de permitir a 
continuidade do impulso nervoso. A 
diferença anatômica para o dendrito 
é que ele é composto por um único 
prolongamento, quando comparado 
aos vários desse último, além de ter 
um comprimento maior; 
• Mielina ou bainha de mielina: é 
constituída por uma capa de tecido 
lipídico (principalmente 
esfingolipídios), mas o que importa 
pra gente são esses espaços sem a 
Fonte: Khan Academy (2020). 
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mielina chamados de nódulos de 
Ranvier. O impulso nervoso, em vez 
de percorrer diretamente todo o 
axônio, saltará por esses espaços 
da mielina. Isso fará com que ele 
seja transmitido de forma mais 
rápida; 
• Terminal axonal: terminal significa 
fim e axonal, bom… Vocês já devem 
saber. Também é chamado de 
arborização terminal; sua função é a 
de se comunicar com os dendritos 
de outros neurônios e/ou com a 
placa motora, que é a região onde 
os nervos entram em contato com 
os músculos para permitir ações 
como a contração muscular. 
TIPOS DE SINAPSE NO SISTEMA 
NERVOSO 
Apesar de terem um mecanismo geral na 
transmissão das sinapses, há algumas di-
ferenças entre as sinapses somáticas, sim-
páticas e parassimpáticas que precisam 
ser evidenciadas. 
Na sinapse somática, bem como nas de-
mais, os neurônios são conectados direta-
mente às células musculares esqueléticas, 
além de serem mielinizados em todo o pro-
cesso devido à necessidade de uma res-
posta mais rápida. Quando você queima 
um dedo no fogão, rapidamente retira o 
dedo do local que está quente, sendo até 
mesmo uma ação instintiva, não é ver-
dade? Se essa ação ocorresse de forma 
lenta, o efeito seria mais grave, daí a im-
portância de se ter uma transmissão ner-
vosa mais rápida. 
Em relação a sinapse parassimpática, o 
neurônio pré-ganglionar é longo e o pós-
ganglionar, curto. Isso faz com que a res-
posta ao impulso nervoso seja mais locali-
zada, no sentido de ter um efeito mais res-
trito, devido ao gânglio se encontrar mais 
próximo do órgão-alvo. 
Por último, a sinapse simpática representa 
o contrário da parassimpática (no sentido 
anatômico): o neurônio pré-ganglionar é 
curto e o pós-ganglionar, longo. Esse ar-
ranjo permite que a resposta possua um 
caráter mais difuso, podendo, então, ser 
generalizada para outros neurônios. Se 
fossemos exemplificar, a sinapse paras-
simpática seria capaz de modificar o es-
tado de uma única glândula, enquanto a 
parassimpática permitiria interagir com vá-
rias estruturas de uma só vez, como na 
contração de diversos vasos sanguíneos 
(vasoconstricção). Afinal, você não contrai 
só um vaso e sim milhares de uma vez 
quando é necessário. A imagem a seguir 
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ilustra com mais detalhes a sinapse entre 
os diferentes tipos de neurônios: 
Atenção: nas sinapses simpática e paras-
simpática, haverá, entre o neurônio pré-
ganglionar e o pós-ganglionar, o uso de re-
ceptores nicotínicos, cuja acetilcolina 
(ACh) é o principal representante nos dois 
casos (ela será abordada nos tópicos se-
guintes, mas você pode ver alguns de seus 
principais efeitos neste artigo no blog do 
Jaleko https://blog.jaleko.com.br/sistema-
nervoso-parassimpatico-a-atuacao-da-
acetilcolina/). A diferença se encontra entre 
as sinapses do neurônio pós-ganglionar 
com o órgão-alvo: enquanto a sinapse pa-
rassimpática ocorrerá com atuação da ace-
tilcolina, a sinapse simpática necessitará, 
ainda, da atuação da norepinefrina (opa, 
temos um artigo pra ela também! 
https://blog.jaleko.com.br/noradrenalina-
tudo-o-que-voce-precisa-saber/). 
SINAPSE ADRENÉRGICA 
Os fármacos adrenérgicos atuam em re-
ceptores que são estimulados pela norepi-
nefrina (também chamada de noradrena-
lina), epinefrina e dopamina (não aborda-
remos a dopamina no nosso resumo, mas 
você pode conferir um artigo bem com-
pleto sobre ela aqui 
https://blog.jaleko.com.br/dopamina-tudo-
o-que-voce-precisa-saber/). Esses recep-
tores são denominados receptores 
The Autonomic Nervous System. Retirado de Cliffs Notes 
https://www.cliffsnotes.com/study-guides/anatomy-and-physiology/the-
nervous-system/the-autonomic-nervous-system 
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adrenérgicos ou adrenoceptores. Os fár-
macos que ativam os receptores adrenér-
gicos são denominados simpaticomiméti-
cos (mimético = imitação), e os que blo-
queiam a ativação dos receptores adrenér-
gicos, simpaticolíticos. 
Como os processos fisiológicos nesses ter-
minais nervosos são sítios de ação de vá-
rios medicamos, seja para ativar ou inibir a 
atividade desses neurotransmissores, 
abordaremos a síntese da noradrenalina 
mais abaixo. 
A neurotransmissão dos neurônios adre-
nérgicos envolve as seguintes etapas: (1) 
síntese, (2) armazenamento, (3) liberação 
e (4) ligação da norepinefrina com o recep-
tor, seguido da (5) remoção do neurotrans-
missor da fenda sináptica. 
• Síntese de norepinefrina: a tirosina 
é transportada para dentro do neu-
rônio adrenérgico por um carrega-
dor, onde é hidroxilada em di-hidro-
xifenilalanina (Dopa) pela tirosina 
hidroxilase (esta é a etapa que limita 
a velocidade na formação de nore-
pinefrina, pois, sem esses precurso-
res, a norepinefrina não é sinteti-
zada). Então a Dopa é descarboxi-
lada pela enzima dopa descarboxi-
lase formando dopamina; 
• Armazenamento da norepinefrina 
em vesículas: a dopamina, então, é 
transportada para dentro de vesícu-
las sinápticas por um sistema trans-
portador de aminas. Esse sistema é 
bloqueado pela reserpina (medica-
mento). Em seguida, a dopamina é 
hidroxilada pela enzima dopamina 
hidroxilase e dá origem a norepine-
frina; 
• Liberação de norepinefrina: a che-
gada do potencial de ação na junção 
neuromuscular (JNM) inicia a en-
trada de íons cálcio do líquido extra-
celular para o axoplasma (o cito-
plasma do axônio). O aumento no 
cálcio promove a fusão das vesícu-
las sinápticas com a membrana ce-
lular, que sofre exocitose para expe-
lir seu conteúdo na sinapse. Fárma-
cos como a guanetidina bloqueiam 
essa liberação; 
• Ligação aos receptores: a norepi-
nefrina liberada das vesículas si-
nápticas difunde-se para o espaço 
sináptico e se liga aos receptores 
pós-sinápticos no órgão efetor ou 
aos receptores pré-sinápticos no 
terminal nervoso. A ligação da nore-
pinefrina aos receptores inicia uma 
cascata de eventos no interior da 
célula, resultando na formação dos 
mensageiros intracelulares (como o 
AMPc), que atua como intermediá-
rio (transdutor) na comunicação 
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entre o neurotransmissor e a ação 
gerada no interior da célula efetora; 
• Remoção da norepinefrina: a nore-
pinefrina pode se difundir para fora 
do espaço sináptico e entrar na cir-
culação sistêmica; ser metabolizadaa metabólitos inativos pela catecol-
O-metil-transferase (COMT) no es-
paço sináptico; ou sofrer captação 
de volta para o neurônio. A capta-
ção pela membrana neuronal en-
volve um transportador de norepi-
nefrina dependente de sódio-clo-
reto (Na+/Cl-) (NET) que pode ser 
inibido pelos antidepressivos tricí-
clicos como a imipramina, pelos ini-
bidores da captação de serotonina e 
norepinefrina como a duloxetina, 
ou pela cocaína. A captação da no-
repinefrina para o interior do neurô-
nio pré-sináptico representa o prin-
cipal mecanismo para encerrar seus 
efeitos; 
• Possíveis destinos da norepine-
frina captada: logo que a norepine-
frina entra no citoplasma do neurô-
nio adrenérgico, ela pode ser cap-
tada para o interior das vesículas 
sinápticas através do sistema 
transportador de aminas e seques-
trada para ser liberada novamente 
em outro potencial de ação. Alter-
nativamente, a norepinefrina pode 
ser oxidada pela monoaminoxidase 
(MAO) presente na mitocôndria 
neuronal. 
Na imagem a seguir são descritos os prin-
cipais processos envolvendo a síntese, li-
beração e a recaptação da norepinefrina 
de um neurônio adrenérgico. 
RECEPTORES ADRENÉRGICOS 
Também conhecidos como adrenorecep-
tores, constituem os receptores das cate-
colaminas ligados à proteína G. Os recep-
tores α (alfa) e β (beta), bem como os seus 
subtipos, representam uma das principais 
classes de receptores adrenérgicos, pois 
estão presentes em várias células do nosso 
organismo e são alvos da epinefrina, nore-
pinefrina e isoproterenol. Vejamos a defi-
nição e seus principais efeitos (KAREN, 
2016): 
Receptores α 
Apresentam respostas fracas ao agonista 
sintético isoproterenol, mas respondem 
bem às catecolaminas naturais como a epi-
nefrina e norepinefrina. A ordem de potên-
cia e afinidade é epinefrina ≥ norepinefrina 
>> isoproterenol. Os adrenoceptores α são 
subdivididos em dois grupos, α1 e α2, com 
base nas suas afinidades por agonistas e 
α-bloqueadores. Por exemplo, os α1-re-
ceptores têm maior afinidade pela fenile-
frina que os receptores α2. Ao contrário, a 
clonidina se liga seletivamente aos 
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receptores α2 e tem um efeito menor nos 
receptores α1. 
• α1: estão presentes na membrana 
pós-sináptica dos órgãos efetores e 
intermedeiam vários dos efeitos 
clássicos envolvendo a contração 
de músculo liso. A ativação dos 
receptores α1 inicia uma série de 
reações por meio da fosfolipase C 
ativada pela proteína G, resultando 
na formação do segundo 
mensageiro inositol-1,4,5-trifosfato 
(IP3) e de diacilglicerol (DAG). O IP3 
inicia a liberação de Ca2+ do retículo 
endoplasmático para o citosol, e o 
DAG ativa outras proteínas no 
interior da célula (se ficou com 
dúvida sobre todos esses nomes, 
passa lá no nosso curso de 
Bioquímica 
https://www.jaleko.com.br/curso/bi
Fonte: Karen (2016). 
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oquimica para revisar alguns 
conceitos); 
• α2: controlam a liberação de 
norepinefrina nas terminações de 
nervos simpáticos pré-sinápticos. 
Quando um nervo simpático 
adrenérgico é estimulado, parte da 
norepinefrina liberada é recaptada e 
reage com os receptores α2 na 
membrana pré-sináptica. A 
estimulação dos receptores α2 
promove uma retroalimentação 
inibitória e inibe a liberação 
adicional de norepinefrina do 
neurônio adrenérgico estimulado. 
Essa ação inibitória serve como 
mecanismo local para modular a 
saída de norepinefrina quando há 
atividade simpática elevada, o que 
faz com que, nesses casos, os 
receptores atuem como 
autorreceptores inibitórios (quando 
receptor inibe a liberação do seu 
neurotransmissor equivalente). 
Receptores α2 também são 
encontrados em neurônios pré-
sinápticos parassimpáticos. A 
norepinefrina liberada do neurônio 
pré-sináptico pode se difundir para 
esses receptores e interagir com 
eles, inibindo a liberação de 
acetilcolina (ACh). Dessa vez, seu 
comportamento será de 
heteroreceptor inibitório 
(receptores que inibem a atividade 
de neurotransmissores diferentes 
dos seus alvos); 
• Subdivisões adicionais: Os 
receptores α1 e α2 são classificados 
adicionalmente em α1A, α1B, α1C, α1D, 
bem como em α2A, α2B e α2C. Essa 
classificação estendida é necessária 
para classificar a seletividade de 
alguns fármacos. Por exemplo, a 
tansulosina é um antagonista 
seletivo de α1A e é usada para o 
tratamento da hiperplasia benigna 
de próstata 
(https://blog.jaleko.com.br/hiperplas
ia-prostatica-benigna-e-cancer-
de-prostata-qual-a-diferenca/). Ela 
tem menos efeitos adversos 
cardiovasculares porque visa 
receptores do subtipo α1A 
encontrados principalmente no 
trato urinário e na próstata, e não 
afeta o subtipo α1B encontrado nos 
vasos sanguíneos. 
Receptores β 
Respostas aos receptores β diferem dos 
receptores α e são caracterizadas por uma 
intensa resposta ao isoproterenol, com 
pouca sensibilidade para epinefrina e no-
repinefrina. Para os receptores β, a ordem 
de potência é isoproterenol > epinefrina > 
norepinefrina. Os adrenoceptores β podem 
ser subdivididos em três principais 
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subgrupos, β1, β2, e β3, com base nas suas 
afinidades por agonistas e antagonistas 
adrenérgicos. Os receptores β1 tem afini-
dade praticamente igual por epinefrina e 
norepinefrina, e os receptores β2 têm maior 
afinidade pela epinefrina se comparado a 
norepinefrina. Assim, tecidos com predo-
minância de receptores β2 (como os vasos 
dos músculos esqueléticos) são particular-
mente responsivos aos efeitos da epine-
frina circulante liberada pela medula da 
glândula suprarrenal. Os receptores β3 es-
tão envolvidos na lipólise e também em 
efeitos no músculo detrusor da bexiga. A 
ligação de um neurotransmissor a qual-
quer dos três receptores β resulta na ativa-
ção de adenililciclase e aumenta a concen-
tração do AMPc. 
Os órgãos e tecidos inervados adrenergi-
camente, em geral, têm um tipo de recep-
tor predominante. Por exemplo, tecidos 
como os vasos dos músculos esqueléticos 
possuem receptores α1 e β2, mas os β2 
predominam. Outros tecidos podem ter 
quase exclusivamente um tipo de receptor, 
como é o caso do coração que contém pre-
dominantemente receptores β1. 
É útil organizar as respostas fisiológicas à 
estimulação adrenérgica de acordo com o 
tipo de receptor, pois vários fármacos esti-
mulam ou bloqueiam preferencialmente al-
gum tipo. De modo geral, a estimulação de 
receptores α1 caracteristicamente provoca 
vasoconstrição (particularmente na pele e 
nas vísceras abdominais) e aumento na re-
sistência periférica total e na pressão arte-
rial; e a estimulação dos receptores β1 
causa estimulação cardíaca (aumento na 
frequência e na contratilidade), ao passo 
que a estimulação dos receptores β2 pro-
duz vasodilatação e relaxamento dos mús-
culos lisos. 
Na figura seguinte há um compilado dos 
principais efeitos mediados pelos recepto-
res α e β: 
Fonte: Karen (2016). 
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AGONISTAS ADRENÉRGICOS 
A maioria dos fármacos adrenérgicos é de-
rivada da β-feniletilamina (figura ao lado). 
Substituições no anel benzênico ou na ca-
deia lateral produzem compostos com va-
riadascapacidades de diferenciar entre os 
adrenoceptores α e β, além da capacidade 
de adentrar no SNC. Abaixo destacamos 
as principais classes de interesse dos ago-
nistas adrenérgicos (KAREN, 2016): 
 
 
Catecolaminas 
 
São aminas simpaticomiméticas que con-
têm o grupo 3,4-dihidroxibenzeno (p. ex., 
epinefrina, norepinefrina, isoproterenol e 
dopamina). Esses compostos comparti-
lham as seguintes características: 
• Alta potência: as catecolaminas 
com grupos –OH nas posições 3 e 4 
do anel benzênico mostram a maior 
potência na ativação direta dos 
receptores α e β; 
• Inativação rápida: são 
metabolizadas pela COMT pós-
sinapticamente e pela MAO 
intraneuronalmente, bem como pela 
COMT e pela MAO na parede 
intestinal e pela MAO no fígado. 
Assim, as catecolaminas têm um 
curto período de ação quando 
administradas parenteralmente e 
são inativadas (portanto, ineficazes) 
quando administradas por via oral; 
• Escassa penetração no SNC: por 
serem polares, não penetram com 
facilidade no SNC. Apesar dessa 
característica, a maioria das 
catecolaminas tem alguns efeitos 
clínicos (p. ex., ansiedade, tremores 
e cefaleias) que são atribuídos à 
ação sobre o SNC. 
 
Aminas não-catecólicas 
Compostos que não contém grupos hidro-
xicatecólicos possuem meias-vidas mais 
longas, pois não são inativados pela 
COMT. Incluem-se fenilefrina, efedrina e 
anfetamina. Esses fármacos são substra-
tos que possuem pouca interação com a 
MAO (responsável por sua inativação) e, 
assim, têm seu mecanismo de ação prolon-
gado. A elevada lipossolubilidade de várias 
aminas não-catecólicas permite maior 
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INTRODUÇÃO E NEUROTRANSMISSÃO: SNA E SOMÁTICO 
 
 
16 
 
acesso ao SNC (devido à ausência dos gru-
pos hidroxila, que são polares). 
Substituições no nitrogênio amínico 
A natureza do substituinte no nitrogênio 
amínico é importante na determinação da 
seletividade β do agonista adrenérgico. 
Por exemplo, a epinefrina, com um substi-
tuto –CH3 no nitrogênio amínico, é mais 
potente nos receptores β do que a norepi-
nefrina, que tem uma amina não substitu-
ída. De forma similar, o isoproterenol, que 
tem um substituto isopropila –CH(CH3)2 no 
nitrogênio amínico é um forte β-agonista 
com pouca atividade α. 
Agora que abordamos as principais clas-
ses dos agonistas adrenérgicos, vejamos 
os seus mecanismos de ação (KAREN, 
2016): 
• Agonistas de ação direta: atuam 
diretamente nos receptores α ou β, 
produzindo efeitos similares aos 
resultantes da estimulação dos 
nervos simpáticos ou da liberação 
de epinefrina da medula 
suprarrenal. Exemplos de agonistas 
de ação direta incluem epinefrina, 
norepinefrina, isoproterenol e 
fenilefrina; 
• Agonistas de ação indireta: podem 
bloquear a recaptação de 
norepinefrina (impedindo-a de ser 
degradada) ou promover sua 
liberação das reservas 
citoplasmáticas ou das vesículas 
dos neurônios adrenérgicos. A 
norepinefrina, então, atravessa a 
sinapse e se liga aos receptores α 
ou β. Exemplos de inibidores da 
captação e de liberadores de 
norepinefrina são a cocaína e as 
anfetaminas, respectivamente; 
• Agonistas de ação mista: a 
efedrina e seu estereoisômero, 
pseudoefedrina, estimulam os 
adrenoceptores diretamente e 
liberam norepinefrina do neurônio 
adrenérgico. 
 
Na figura abaixo é ilustrado o mecanismo 
de ação dos diferentes agonistas adrenér-
gicos. 
 Fonte: Karen (2016). 
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ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 
Os antagonistas adrenérgicos (também 
denominados bloqueadores adrenérgicos 
ou simpaticolíticos), como todos os fárma-
cos antagonistas, são substâncias que se 
ligam aos receptores, mas não causam ne-
nhum efeito intracelular por esse contato. 
Esses fármacos atuam se ligando reversí-
vel ou irreversivelmente aos adrenocepto-
res, evitando, assim, sua ativação pelas ca-
tecolaminas endógenas (os conceitos de 
agonismo e antagonismo farmacológico 
foram abordados no módulo de farmacolo-
gia https://www.jaleko.com.br/curso/far-
macologia. Se ficou com dúvida sobre al-
gum deles, dá uma revisada lá no nosso 
site). Como os agonistas, os antagonistas 
adrenérgicos são classificados de acordo 
com suas afinidades relativas aos recepto-
res α ou β no SNSP. 
Os fármacos que bloqueiam os adreno-
ceptores α afetam bruscamente a pressão 
arterial. Como o controle simpático normal 
dos vasos ocorre em grande parte por 
ações dos agonistas nos receptores α-
adrenérgicos, o bloqueio desses recepto-
res reduz o tônus simpático dos vasos 
sanguíneos, resultando em menor resis-
tência vascular periférica. Isso induz a ta-
quicardia reflexa, fenômeno em que o co-
ração aumenta sua frequência para tentar 
regular a pressão sanguínea quando ela 
diminui drasticamente. A intensidade da 
resposta dependerá do tônus simpático 
do indivíduo quando o fármaco é adminis-
trado. 
Principais bloqueadores α-adrenérgicos 
1) Fenoxibenzamina: a fenoxibenzamina 
não é seletiva e se liga covalentemente aos 
receptores α1 e α2. O bloqueio é irreversível 
e não-competitivo, e o único mecanismo 
que o organismo pode usar para anular o 
bloqueio é sintetizar novos adrenocepto-
res, o que exige o tempo de um ou mais 
dias. Por isso, as ações da fenoxibenza-
mina duram cerca de 24 horas (KAREN, 
2016). 
• Efeitos cardiovasculares: 
bloqueando os receptores α, a 
fenoxibenzamina impede a 
vasoconstrição dos vasos 
sanguíneos periféricos pela ação 
das catecolaminas endógenas. A 
capacidade de bloquear receptores 
α2 inibitórios pré-sinápticos no 
coração pode contribuir para o 
aumento do débito cardíaco (o 
bloqueio desses receptores resulta 
em maior liberação de 
norepinefrina, que estimula os β1-
receptores no coração, aumentando 
o débito cardíaco). Assim, o fármaco 
não consegue manter a pressão 
arterial baixa na hipertensão e não é 
mais indicado para esse objetivo; 
• Reversão da epinefrina: todos os 
bloqueadores α-adrenérgicos 
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revertem as ações α-agonistas da 
epinefrina. Por exemplo, a ação 
vasoconstritora é interrompida, mas 
a vasodilatação dos demais leitos 
vasculares causado por estimulação 
dos adrenoceptores β2 não é 
bloqueada. Por isso, na presença de 
fenoxibenzamina, a pressão arterial 
sistêmica diminui em resposta à 
epinefrina (as ações da 
norepinefrina não são revertidas, 
mas diminuídas, pois a 
norepinefrina quase não tem ação 
β-agonista na musculatura lisa dos 
vasos).; 
• Usos terapêuticos: a 
fenoxibenzamina é usada no 
tratamento do feocromocitoma, um 
tumor de células derivadas da 
suprarrenal secretor de 
catecolamina. Ela pode ser usada 
antes da remoção cirúrgica do 
tumor para prevenir crise 
hipertensiva e é útil no manejo 
crônico de tumores não-operáveis. 
2) Fentolamina: em contraste com a feno-
xibenzamina, a fentolamina produz blo-
queio competitivo dos receptores α1 e α2 
que dura cerca de 4 horas após injeção 
única. Como a fenoxibenzamina, a fentola-
mina provoca hipotensão postural e rever-
são da epinefrina. A estimulação cardíaca 
reflexa e a taquicardia induzidas por fento-
lamina são mediadas pelo reflexo 
barorreceptor (mediadores de pressão ar-
terial) e pelo bloqueio dos receptores α2 
dos nervos simpáticos cardíacos. A fento-
lamina também pode causar arritmias e 
dor anginosa, sendo contraindicada em 
pacientes com doença arterial coronariana. 
Ela é usada no tratamento de curta dura-
ção do feocromocitoma, assim como de 
forma localpara prevenir a necrose dermal 
após extravasamento de norepinefrina (p. 
ex., na aplicação de vasopressores). 
3) Prazosina, terazosina, doxazosina, 
tansulosina e alfuzosina: prazosina, tera-
zosina e doxazosina são bloqueadores 
competitivos seletivos de receptores α1. 
Em contraste com a fenoxibenzamina e a 
fentolamina, eles são úteis no tratamento 
da hipertensão. Tansulosina e alfuzosina 
são exemplos de outros antagonistas α1-
seletivos indicados no tratamento da hi-
perplasia benigna da próstata (HBP). A bi-
otransformação leva a produtos inativos 
que são excretados na urina, exceto os da 
doxazosina, que aparecem nas fezes. En-
tre esses fármacos, a doxazosina é o de 
ação mais longa. 
No quadro abaixo fizemos um resumo dos 
principais fármacos que possuem ativi-
dade simpaticolítica: 
 
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Fonte: Karen (2016). 
Bloqueadores β-adrenérgicos 
Todos os β-bloqueadores disponíveis para 
a clínica são antagonistas competitivos 
(KAREN, 2016). Os β-bloqueadores não-
seletivos atuam em receptores β1 e β2, ao 
passo que os β-antagonistas cardiossele-
tivos bloqueiam, principalmente, os recep-
tores β1. Esses fármacos também diferem 
na atividade simpaticomimética intrínseca 
(ASI), nos efeitos no SNC, no bloqueio dos 
receptores simpáticos, na vasodilatação e 
na farmacocinética. Embora todos os β-
bloqueadores reduzam a pressão arterial, 
eles não causam hipotensão postural, pois 
os adrenoceptores α permanecem funcio-
nais. Por isso, o controle simpático normal 
dos vasos é mantido. Os β-bloqueadores 
são eficazes no tratamento de hipertensão, 
angina, arritmias cardíacas, infarto do mio-
cárdio, insuficiência cardíaca, hipertiroi-
dismo e glaucoma. Também são usados na 
profilaxia das enxaquecas. 
 
1) Propranolol 
O propranolol bloqueia os receptores β1 e 
β2 com a mesma afinidade (não sendo, 
portanto, seletivo). Existem no mercado 
preparações de liberação sustentada para 
administração uma vez ao dia. 
• Ações 
Sistema cardiovascular: o 
propranolol diminui o débito 
cardíaco, tendo efeitos 
cronotrópicos e inotrópicos 
negativos (i. e., diminuem a 
frequência e a força do coração, 
respectivamente). Ele deprime 
diretamente a atividade dos nodos 
α-bloqueadores β-bloqueadores 
Alfuzosina Acebutolol 
Doxazosina Atenolol 
Fenoxibenzamina Betaxolol 
Fentolamina Bisoprolol 
Ioimbina Carteolol 
Prazosina Carvedilol 
Tansulosina Esmolol 
Terazosina Labetalol 
 Metoprolol 
 Nadolol 
 Nebivolol 
 Penbutolol 
 Pindolol 
 Propranolol 
 Timolol 
Os nomes da maioria dos β-
bloqueadores terminam em olol, 
exceto alguns como o labetalol e 
carvedilol, que também 
bloqueiam receptores α. 
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sinoatrial e atrioventricular. Em 
geral, a bradicardia limita a sua 
dosagem. Os β-bloqueadores são 
eficazes para atenuar as arritmias 
cardíacas supraventriculares, mas, 
em geral, não são eficazes contra as 
arritmias ventriculares (exceto as 
induzidas pelo exercício físico); 
 
Vasoconstrição periférica: o 
bloqueio não-seletivo dos 
receptores β impede a 
vasodilatação nos músculos 
esqueléticos mediada pelos 
receptores β2 e aumenta a 
resistência vascular periférica. A 
redução do débito cardíaco 
produzida por todos os β-
bloqueadores leva à diminuição da 
pressão arterial, o que desencadeia 
vasoconstrição periférica reflexa e 
se reflete na redução do fluxo de 
sangue na periferia; 
 
Broncoconstrição: o bloqueio dos 
receptores β2 nos pulmões dos 
pacientes suscetíveis causa 
contração da musculatura lisa 
bronquiolar. Isso pode precipitar 
agravamento em pacientes com 
doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC) ou asma. Por isso, os β-
bloqueadores, em particular os não-
seletivos, são contraindicados em 
pacientes com DPOC ou asma; 
 
Distúrbios no metabolismo da 
glicose: o bloqueio β diminui a 
glicogenólise e a secreção de 
glucagon. Por isso, se o propranolol 
é dado a um paciente diabético sob 
tratamento com insulina, é essencial 
monitorar a glicemia dele, tendo em 
vista que poderá ocorrer 
hipoglicemia acentuada após a 
injeção de insulina. 
 
• Usos terapêuticos 
Hipertensão: o propranolol não 
diminui a pressão arterial em 
pessoas com pressão sanguínea 
normal. Ele diminui a pressão 
arterial na hipertensão por diversos 
mecanismos: o mecanismo primário 
é a redução do débito cardíaco, mas 
a inibição da liberação de renina 
pelos rins, a diminuição na 
resistência periférica total no seu 
uso prolongado e a redução do 
efluxo simpático do SNC também 
contribuem para o efeito anti-
hipertensivo; 
 
Angina de peito: o propranolol 
diminui o oxigênio exigido pelo 
coração e, por isso, é eficaz na 
redução da dor torácica de esforço, 
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que é comum na angina. Assim, ele 
é útil no tratamento crônico da 
angina estável; 
 
Infarto do miocárdio: o propranolol 
e outros β-bloqueadores têm efeito 
protetor no miocárdio. Assim, o 
paciente que teve um infarto pode 
ser protegido contra um segundo 
ataque com o uso profilático dos β-
bloqueadores. Além disso, a 
administração de um β-bloqueador 
imediatamente após o infarto reduz 
seu tamanho e acelera a 
recuperação. O mecanismo para 
esses efeitos pode ser o bloqueio 
das ações de catecolaminas 
circulantes, que aumentariam a 
demanda de oxigênio em um 
músculo cardíaco já bastante 
isquêmico. O propranolol também 
reduz a incidência de morte súbita 
por arritmia após o infarto. 
• Farmacocinética 
Após administração oral, o propra-
nolol é absorvido quase que em sua 
totalidade. Está sujeito ao efeito de 
primeira passagem, e apenas cerca 
de 25% da dose administrada al-
cança a circulação. O volume de dis-
tribuição do propranolol é muito 
amplo (4 L/kg), e facilmente atra-
vessa a barreira hematencefálica 
devido a sua lipossolubilidade alta. 
O propranolol é extensamente bio-
transformado, e a maioria dos me-
tabólitos é excretada na urina. 
 
• Efeitos adversos 
Broncoconstrição: o propranolol 
pode causar broncoconstrição sig-
nificativa devido ao bloqueio dos re-
ceptores β2. Mortes por asfixia fo-
ram registradas em pacientes as-
máticos que inadvertidamente re-
ceberam o fármaco. Por isso, o pro-
pranolol é contraindicado em paci-
entes com DPOC ou asma; 
Arritmias: o tratamento com β-
bloqueadores nunca deve ser 
interrompido abruptamente, devido 
ao risco de precipitar arritmias 
cardíacas, que podem ser graves. 
Os β-bloqueadores devem ser 
retirados gradualmente ao longo de 
algumas semanas (desmame 
farmacológico). O tratamento de 
longa duração com o β-antagonista 
leva à supersensibilização do 
receptor β. Ao suspender o 
tratamento, esse número 
aumentado de receptores pode 
agravar a angina e/ou a 
hipertensão; 
 
Distúrbios no metabolismo: O 
bloqueio β diminui a glicogenólise e 
a secreção de glucagon. Pode 
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ocorrer hipoglicemia de jejum. 
Outrossim, os β-bloqueadores 
podem prevenir os efeitos 
contrarreguladores das 
catecolaminas durante a 
hipoglicemia. Dessa forma, a 
percepção de sintomas de 
hipoglicemia, como tremores, 
taquicardia e nervosismo, são 
embotados pelos β-bloqueadores; 
 
Efeitos no SNC: o propranolol tem 
numerosos efeitos mediados pelo 
SNC, incluindodepressão, tonturas, 
letargia, fadiga, fraqueza, distúrbios 
visuais, alucinações, perda de 
memória de curta duração, 
fragilidade emocional, sonhos 
intensos (incluindo pesadelos) e 
depressão. Menos efeitos no SNC 
são vistos com β-bloqueadores 
mais hidrofílicos (p. ex., atenolol), 
pois não atravessam tão facilmente 
a barreira hematencefálica; 
 
Interações: os fármacos que 
interferem ou inibem a 
biotransformação do propranolol, 
como cimetidina, fluoxetina, 
paroxetina e ritonavir, podem 
potencializar seus efeitos anti-
hipertensivos. Aqueles que, ao 
contrário, estimulam ou induzem a 
sua biotransformação, como 
barbitúricos, fenitoína e rifampicina, 
podem reduzir seus efeitos. 
2) Nadolol e timolol 
O nadolol e o timolol também bloqueiam os 
adrenoceptores β1 e β2 e são mais potentes 
que o propranolol. O nadolol tem uma du-
ração de ação muito longa. O timolol reduz 
a produção de humor aquoso. Ele é usado 
topicamente no tratamento do glaucoma 
de ângulo aberto crônico e, às vezes, no 
tratamento sistêmico de hipertensão. 
3) Acebutolol, atenolol, betaxolol, biso-
prolol, esmolol, metoprolol e nebivolol 
Fármacos que bloqueiam preferencial-
mente os receptores β1 (antagonistas sele-
tivos) minimizam a indesejada bronco-
constrição (efeito β2) observada com o uso 
do propranolol em pacientes asmáticos. Os 
β-bloqueadores cardiosseletivos, como 
acebutolol, atenolol e metoprolol, antago-
nizam os receptores β1 em doses de 50 a 
100 vezes menores do que as necessárias 
para bloquear os receptores β2. Essa cardi-
osseletividade é mais pronunciada nas do-
ses baixas e se perde nas doses elevadas. 
Como a seletividade β1 desses fármacos se 
perde com doses altas, eles podem anta-
gonizar os receptores β2. 
• Ações: reduzem a pressão arterial 
na hipertensão e aumentam a 
tolerância ao exercício na angina. O 
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esmolol tem meia-vida curta devido 
à biotransformação de uma ligação 
éster. Está disponível apenas para 
via intravenosa (IV) e é usado para 
controlar a pressão arterial ou o 
ritmo cardíaco durante 
procedimentos cirúrgicos ou 
diagnósticos. Em contraste com o 
propranolol, os β-bloqueadores 
cardioespecíficos têm menos 
efeitos na função pulmonar, na 
resistência periférica e no 
metabolismo de carboidratos; 
• Usos terapêuticos: os β-
bloqueadores cardiosseletivos são 
úteis em pacientes hipertensos com 
função respiratória comprometida. 
Esses fármacos também são 
utilizados no tratamento de 
primeira opção contra a angina 
crônica estável. 
4) Acebutolol e pindolol 
• Ações 
Sistema cardiovascular: Acebutolol 
(β1-antagonista seletivo) e pindolol 
(β-bloqueador não-seletivo) não 
são antagonistas puros. Esses fár-
macos também têm a capacidade 
de estimular fracamente os recep-
tores β1 e β2 por terem leve ativi-
dade simpaticomimética intrínseca 
(ASI). Esses agonistas parciais esti-
mulam o receptor β ao qual se 
ligam, mas inibem a estimulação 
pelas catecolaminas endógenas 
mais potentes, epinefrina e norepi-
nefrina. O resultado dessas ações 
opostas é um efeito bem diminuído 
na frequência e no débito cardíaco 
se comparado ao efeito de β-blo-
queadores sem ASI; 
Uso terapêutico na hipertensão: os 
β-bloqueadores com ASI são 
eficazes em pacientes hipertensos 
com bradicardia moderada, pois 
uma redução adicional da 
frequência cardíaca com esses 
fármacos é menos pronunciada. 
Apesar disso, os β-bloqueadores 
com ASI não são usados na angina 
estável ou nas arritmias devido ao 
efeito agonista parcial. 
5) Labetalol e carvedilol 
• Ações: o labetalol e o carvedilol 
são β-bloqueadores com ações 
α1-bloqueadoras concomitantes 
que produzem vasodilatação 
periférica, atuando como 
antagonistas de adrenoceptores 
α e β e reduzindo a pressão 
arterial. Eles contrastam com 
outros β-bloqueadores que 
produzem vasoconstrição 
periférica inicial e, por isso, são 
úteis no tratamento de 
pacientes hipertensos para os 
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quais o aumento da resistência 
vascular periférica é indesejável; 
• Usos terapêuticos na hipertensão 
e na insuficiência cardíaca: o 
labetalol é usado como alternativa à 
metildopa no tratamento da 
hipertensão induzida pela gestação. 
 
O labetalol por via IV também é 
usado no tratamento de 
emergências hipertensivas porque 
reduz a pressão arterial 
rapidamente. Os β-bloqueadores 
não devem ser usados em pacientes 
com exacerbação aguda da 
 
 insuficiência cardíaca, pois podem 
piorar a condição. Entretanto, o 
carvedilol, bem como metoprolol e 
bisoprolol, são benéficos em 
pacientes com insuficiência 
cardíaca crônica estável; 
• Efeitos adversos: hipotensão 
ortostática e tonturas são 
associadas com o bloqueio α1. 
 
No quadro abaixo se encontra um resumo 
dos principais efeitos dos β-antagonistas 
adrenérgicos: 
 
 
 
Fármaco Especificidade do receptor Usos terapêuticos 
Propranolol β1, β2 
Hipertensão, enxaqueca, hipertiroidismo, 
angina pectoris e infarto do miocárdio 
Nadolol e Pindolol¹ β1, β2 Hipertensão 
Timolol β1, β2 Hipertensão e glaucoma 
Atenolol, Bisoprolol2, 
Esmolol, Metropolol2 
β1, Hipertensão, angina, infarto do miocárdio 
Acebutolol1 β1 Hipertensão 
Nebivolol β1, NO↑ Hipertensão 
Carvedilol2 e Labetalol α1, β1, β2 Hipertensão 
1Acebutolol e pindolol também são agonistas parciais. 
2Bisoprolol, metoprolol e carvedilol também são usados no tratamento da insuficiência 
cardíaca. NO↑ significa aumento de óxido nítrico. 
Fonte: Karen (2016). 
 
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SINAPSE COLINÉRGICA 
A neurotransmissão nos neurônios coli-
nérgicos envolve seis etapas sequenciais: 
1) síntese, 2) armazenamento, 3) liberação, 
4) ligação da ACh ao receptor, 5) degrada-
ção do neurotransmissor na fenda sináp-
tica e 6) reciclagem de colina e acetato. 
Abaixo são abordadas cada uma delas em 
detalhes: 
• Síntese de ACh: a colina é 
transportada do líquido extracelular 
para o citoplasma do neurônio 
colinérgico por um sistema 
carregador dependente de energia 
que cotransporta sódio e pode ser 
inibido por um hemicolínio 
(fármacos que bloqueiam a 
recaptação de colina). A colina tem 
um nitrogênio quaternário e carrega 
permanentemente uma carga 
positiva; dessa forma, não 
consegue se difundir, sozinha, 
através da membrana. A captação 
da colina representa o passo 
limitante da síntese de ACh, pois, 
quanto menos colina for recaptada, 
menos ACh será produzida. A 
colina-acetiltransferase catalisa a 
reação da colina com a 
acetilcoenzima A (CoA) para formar 
a ACh no citosol; 
• Armazenamento da ACh: a ACh é 
empacotada em vesículas pré-
sinápticas por um processo de 
transporte ativo acoplado ao efluxo 
de prótons. A vesícula madura 
contém não só ACh, mas também a 
adenosina trifosfato (ATP) e 
proteoglicanos; 
• Liberação da ACh: quando um 
potencial de ação, propagado por 
canais de sódio voltagem-
dependentes, chega ao terminal 
nervoso, abrem-se canais de cálcio 
voltagem-dependentes na 
membrana pré-sináptica, causando 
um aumento na concentração de 
cálcio intracelular. Níveis elevados 
de cálcio promovem a fusão das 
vesículas sinápticas com a 
membrana celular e a liberação do 
seu conteúdo no espaço sináptico; 
• Ligação com o receptor: a ACh 
liberada das vesículas sinápticas se 
difunde através do espaço sináptico 
e se liga a receptores pós-
sinápticos na célula-alvo, ao 
receptor pré-sináptico na 
membrana do neurônio que liberou 
a ACh oua outros receptores-alvo 
pré-sinápticos. Os receptores pós-
sinápticos colinérgicos na superfície 
dos órgãos efetores são divididos 
em duas classes: muscarínicos e 
nicotínicos (abordados no próximo 
tópico). A ligação ao receptor leva a 
uma resposta fisiológica no interior 
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da célula, como o início de um 
impulso nervoso na fibra pós-
ganglionar ou a ativação de 
enzimas específicas nas células 
efetoras mediadas por moléculas 
segundas mensageiras; 
• Degradação da ACh: o sinal no 
local efetor pós-juncional termina 
rapidamente devido à hidrólise da 
ACh pela acetilcolinesterase 
(AChE), formando colina e acetato 
na fenda sináptica; 
• Reciclagem da colina: a colina pode 
ser recaptada por um sistema de 
captação de alta afinidade acoplado 
ao sódio que transporta a molécula 
de volta para o neurônio. No local, 
ela é acetilada em ACh, que é 
armazenada até ser liberação por 
um potencial de ação subsequente. 
Para finalizar, segue um esquema sobre a 
síntese e liberação da acetilcolina por um 
neurônio colinérgico: 
 
Fonte: Karen (2016) 
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RERECEPTORES COLINÉRGICOS 
(COLINORECEPTORES) 
Enquanto na sinapse adrenérgica havia 
apenas o receptor do tipo adrenérgico (α e 
β), na sinapse colinérgica existirá dois: re-
ceptores muscarínicos e nicotínicos. A di-
ferença entre ambos se dá com base em 
suas afinidades para fármacos que mime-
tizam a ação da acetilcolina (fármacos co-
linomiméticos) e possuem esse nome de-
vido aos alcaloides que originalmente eram 
utilizados na sua identificação: muscarina 
e nicotina, respectivamente. 
Receptores muscarínicos 
Pertencem à classe dos receptores acopla-
dos à proteína G (receptores metabotrópi-
cos). Esses receptores, além de se ligarem 
à ACh, reconhecem a muscarina, um alca-
loide que está presente em certos cogu-
melos venenosos. Porém, os receptores 
muscarínicos apresentam baixa afinidade 
pela nicotina. Há cinco subclasses de re-
ceptores muscarínicos (do M1 ao M5). 
Contudo, somente os receptores M1, M2 e 
M3 foram caracterizados funcionalmente 
até o momento (KAREN, 2016). 
• Localização dos receptores 
muscarínicos: localizam-se em 
gânglios do sistema nervoso 
periférico e em órgãos efetores 
autônomos, como coração, 
músculos lisos, cérebro e glândulas 
exócrinas. Os cinco subtipos são 
encontrados nos neurônios, mas os 
receptores M1 também estão nas 
células parietais gástricas; M2, nas 
células cardíacas e nos músculos 
lisos; e M3, na bexiga, glândulas 
exócrinas e no músculo liso. 
Fármacos com ações muscarínicas 
preferencialmente estimulam 
receptores muscarínicos nesses 
tecidos, mas, em concentrações 
elevadas, podem mostrar alguma 
atividade em receptores nicotínicos; 
• Mecanismos de transdução do 
sinal pela ACh: mecanismos 
moleculares diferentes transmitem 
o sinal gerado na ocupação do 
receptor pela ACh. Por exemplo, 
quando os receptores M1 ou M3 
são ativados, o receptor sofre uma 
mudança conformacional e interage 
com uma proteína G, designada Gq, 
a qual, por sua vez, ativa a 
fosfolipase C. Isso leva à produção 
de segundos mensageiros trifosfato 
(1,4,5) de inositol (IP3) e 
diacilglicerol (DAG). O IP3 causa 
aumento no Ca2+ intracelular. O 
cálcio, então, pode estimular, inibir 
enzimas, hiperpolarizacão, 
excreção ou contração. Em 
contraste, a ativação do subtipo M2 
no músculo cardíaco estimula a 
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proteína G, denominada Gi, a qual 
inibe a adenililciclase (participa da 
conversão entre o ATP e AMPc, 
importante na despolarização 
neuronal) e aumenta a condutância 
do K+. O coração responde 
diminuindo a velocidade e a força de 
contração. 
Receptores nicotínicos 
Os receptores nicotínicos, além de ligarem 
a ACh, reconhecem a nicotina, mas têm 
baixa afinidade pela muscarina. O receptor 
nicotínico é composto de cinco subunida-
des e funciona como um canal iônico dis-
parado pelo ligante. A ligação de duas mo-
léculas de ACh provoca uma alteração 
conformacional que permite a entrada de 
íons sódio, resultando na despolarização 
da célula efetora. A nicotina em concentra-
ção baixa estimula o receptor; em concen-
tração alta, o bloqueia. Os receptores nico-
tínicos estão localizados no SNC, na su-
prarrenal, nos gânglios autônomos e na 
JNM dos músculos esqueléticos. 
AGONISTAS COLINÉRGICOS 
Os agonistas colinérgicos mimetizam os 
efeitos da ACh ligando-se diretamente aos 
colinoceptores (muscarínicos ou nicotíni-
cos). Estes fármacos podem ser classifica-
dos em dois grupos: os de ação direta ou 
indireta. Todos os fármacos colinérgicos 
de ação direta têm efeitos mais 
prolongados que a ACh. Alguns dos fár-
macos terapeuticamente mais úteis (pilo-
carpina e betanecol) se ligam preferenci-
almente aos receptores muscarínicos, e al-
gumas vezes são referidos como fármacos 
muscarínicos (os receptores muscarínicos 
estão localizados principalmente, mas não 
exclusivamente, nas junções neuroefeto-
ras do sistema nervoso parassimpático). 
A acetilcolina é um composto amônio qua-
ternário que não consegue penetrar mem-
branas. Embora seja o neurotransmissor 
de nervos parassimpáticos e somáticos, 
bem como dos gânglios autônomos, não 
tem tanta importância terapêutica devido à 
sua multiplicidade de ações (que provoca 
efeitos difusos) e à sua rápida inativação 
pelas colinesterases. A ACh tem atividade 
muscarínica e nicotínica. Suas ações in-
cluem os itens descritos a seguir: 
• Diminuição da frequência e do 
débito cardíaco: as ações da ACh 
no coração mimetizam os efeitos da 
estimulação vagal. Por exemplo, se 
injetada por via intravenosa (IV), a 
ACh produz uma breve redução na 
frequência cardíaca (cronotropismo 
negativo) e no volume sistólico 
como resultado da redução da 
frequência de descargas no nó 
sinoatrial (NSA); 
• Diminuição da pressão arterial: a 
injeção de ACh causa vasodilatação 
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e diminuição da pressão sanguínea 
por mecanismo indireto. A ACh 
ativa receptores M3 situados nas 
células endoteliais que cobrem o 
músculo liso dos vasos sanguíneos. 
Isso resulta na produção de óxido 
nítrico (NO) a partir da arginina. O 
NO, então, difunde-se até as células 
musculares lisas dos vasos para 
estimular a produção de 
proteinocinase G, levando à 
hiperpolarização e ao relaxamento 
do músculo liso por meio da inibição 
da fosfodiesterase-3; 
• Outras ações: no trato 
gastrintestinal (TGI), a ACh 
aumenta a secreção salivar e 
estimula as secreções e a 
motilidade intestinal. As secreções 
bronquiais também são 
aumentadas. No trato geniturinário, 
a ACh aumenta o tônus do músculo 
detrusor, causando micção. No olho, 
a ACh estimula a contração do 
músculo ciliar para a visão próxima 
e contrai o esfíncter da pupila, 
causando miose (constrição 
acentuada da pupila). A ACh (em 
solução a 1%) é instilada na câmara 
anterior do olho para produzir 
miose durante cirurgias oftálmicas. 
 
Agora que relembramos um pouco dos 
efeitos da ACh no organismo, vejamos al-
guns fármacos que possuem ação seme-
lhante a ela que serão úteis na prática clí-
nica: 
Betanecol 
 
É um éster carbamila não substituído rela-
cionado estruturalmente com a ACh. O be-
tanecolnão é hidrolisado pela AChE (de-
vido à esterificação do ácido carbâmico), 
embora seja inativado por meio de hidró-
lise por outras esterases. Ele não tem 
ações nicotínicas (pela presença do grupo 
metila), mas apresenta forte atividade 
muscarínica. Suas principais ações são na 
musculatura lisa da bexiga urinária e no 
TGI. Tem duração de ação de cerca de 1 
hora. 
Carbacol (carbamilcolina) 
O carbacol apresenta ações muscarínicas e 
nicotínicas. Como o betanecol, o carbacol é 
um éster do ácido carbâmico e um subs-
trato deficiente para a AchE (no sentido de 
ser um alvo menos seletivo para a enzima 
que comparado a ACh). Ele é biotransfor-
mado por outras esterases, mas em uma 
velocidade muito menor. 
• Ações: o carbacol tem amplos 
efeitos nos sistemas cardiovascular 
e gastrintestinal devido à sua 
atividade estimulante ganglionar, 
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podendo primeiro estimular e 
depois deprimir esses sistemas. Ele 
pode causar liberação de epinefrina 
da suprarrenal por sua ação 
nicotínica. Instilado localmente no 
olho, o carbacol mimetiza os efeitos 
da ACh, causando miose e espasmo 
de acomodação, no qual o músculo 
ciliar permanece em um estado 
constante de contração; 
• Usos terapêuticos: devido a sua 
alta potência, inespecificidade por 
receptor e duração de ação 
relativamente longa, o carbacol 
raras vezes é usado em terapêutica, 
exceto no olho, como fármaco 
miótico no tratamento do glaucoma 
por causar contração pupilar e 
diminuição da pressão intraocular. 
Pilorcapina 
 
O alcaloide pilocarpina é uma amina terci-
ária resistente à hidrólise pela AChE. Com-
parada com a ACh e seus derivados, a pi-
locarpina é muito menos potente; porém, 
por não possuir carga elétrica e penetra no 
SNC nas dosagens terapêuticas. A pilocar-
pina apresenta atividade muscarínica e é 
usada primariamente em oftalmologia. 
 
ANTIMUSCARÍNICOS 
Comumente denominados de fármacos 
anticolinérgicos, os fármacos antimuscarí-
nicos bloqueiam os receptores muscaríni-
cos, causando inibição das funções musca-
rínicas. Além disso, bloqueiam os poucos 
neurônios simpáticos excepcionais que 
são colinérgicos, como os que inervam as 
glândulas salivares e sudoríparas. Como 
não bloqueiam os receptores nicotínicos, 
os fármacos antimuscarínicos têm pouca 
ou nenhuma ação nas JNMs ou nos gân-
glios autônomos. 
• Atropina: é um alcaloide amino-ter-
ciário da beladona com alta afini-
dade pelos receptores muscaríni-
cos. Liga-se competitivamente à 
ACh e impede sua ligação a esses 
receptores. A atropina atua central 
e perifericamente. Em geral, seus 
efeitos duram cerca de 4 horas, ex-
ceto quando é aplicada topicamente 
no olho, onde seu efeito pode durar 
dias. Os órgãos neuroefetores têm 
sensibilidade variável à atropina. Os 
efeitos inibidores mais intensos 
ocorrem nos brônquios e nas secre-
ções de suor e saliva. A atropina 
tem ações no: 
• Olho: a atropina bloqueia toda a 
atividade muscarínica no olho, 
resultando em midríase persistente 
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(dilatação da pupila), ausência de 
resposta à luz e cicloplegia 
(incapacidade de focar a visão para 
perto); 
• Trato gastrintestinal (TGI): A 
atropina (na forma do isômero ativo, 
l-hiosciamina) pode ser usada como 
antiespasmódico para reduzir a 
atividade do TGI. Atropina e 
escopolamina (abordada em 
seguida) são provavelmente os 
antiespasmódicos mais potentes 
disponíveis. Embora a motilidade 
gástrica seja reduzida, a produção 
de ácido clorídrico não é afetada de 
forma significativa. Portanto, a 
atropina não é eficaz no tratamento 
da úlcera péptica (a pirenzepina, 
um antagonista muscarínico M1, 
reduz a secreção gástrica em doses 
que não antagonizam outros 
sistemas); 
• Sistema cardiovascular: a atropina 
produz efeitos divergentes no 
sistema cardiovascular, 
dependendo da dose. Em doses 
baixas, o efeito predominante é a 
diminuição da frequência cardíaca. 
Esse efeito resulta do bloqueio dos 
receptores M1 nos neurônios pré-
juncionais (ou pré-sinápticos) 
inibitórios, permitindo o aumento da 
liberação de ACh. Dosagens mais 
altas de atropina causam aumento 
progressivo na frequência cardíaca 
pelo bloqueio dos receptores M2 no 
nódulo sinoatrial. 
2) Escopolamina: A escopolamina – outro 
alcaloide amino-terciário de origem vege-
tal – produz efeitos periféricos similares 
aos da atropina. Contudo, a escopolamina 
tem maior ação no SNC (ao contrário da 
atropina, onde os efeitos no SNC são ob-
servados em dosagens terapêuticas) e du-
ração de ação mais longa. 
• Ações: A escopolamina é um dos 
fármacos anticinetóticos (fármacos 
que previnem a náusea e vômito) 
mais eficazes disponíveis. Ela 
também tem o efeito incomum de 
bloquear a memória de curta 
duração. Ao contrário da atropina, a 
escopolamina produz sedação, 
mas, em doses mais elevadas, pode 
produzir excitação. Ela pode causar 
euforia e é sujeita a abuso; 
• Usos terapêuticos: o uso 
terapêutico da escopolamina é 
limitado à prevenção da cinetose 
(enjoo causado por movimento [p. 
ex., andar de carro]) e de náuseas e 
êmeses pós-cirúrgicas. Contra a 
cinetose, está disponível como 
adesivo tópico, eficaz por até 3 dias. 
 
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3) Ipratrópio e tiotrópio: ipratrópio e tio-
trópio são derivados quaternários da atro-
pina. Esses fármacos são como broncodi-
latadores para o tratamento de manuten-
ção do broncoespasmo associado com a 
doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC). O ipratrópio também é usado no 
tratamento agudo do broncoespasmo na 
asma. Ambos são administrados por inala-
ção. Devido às suas cargas positivas, esses 
fármacos não entram na circulação sistê-
mica e nem no SNC, isolando seus efeitos 
no sistema pulmonar. O tiotrópio é admi-
nistrado uma vez ao dia − sua principal 
vantagem sobre o ipratrópio, que requer 
dosagens de até quatro vezes ao dia. 
4) Darifenacina, fesoterodina, oxibuti-
nina, solifenacina, tolterodina e cloreto de 
tróspio: esses fármacos tipo atropina (i. e., 
sintéticos) são usados no tratamento da 
doença da bexiga superativa (ou hipera-
tiva, causada pela vontade emergente de 
urinar). Bloqueando os receptores musca-
rínicos na bexiga, diminui a pressão intra-
vesical, aumenta a capacidade da bexiga e 
diminui a frequência de suas contrações. 
Os efeitos adversos desses fármacos in-
cluem xerostomia, constipação e visão 
turva, o que limita a sua tolerância se forem 
usados continuamente. A oxibutinina está 
disponível como sistema transdérmico 
(adesivo cutâneo), que é mais bem tole-
rado porque causa menos xerostomia do 
que as formulações orais. 
Bloqueadores ganglionares 
Os bloqueadores ganglionares atuam es-
pecificamente nos receptores nicotínicos 
dos gânglios autônomos simpático e pa-
rassimpático. Alguns também bloqueiam 
os canais iônicos dos gânglios autônomos. 
Esses fármacos não mostram seletividade 
pelos gânglios parassimpático ou simpá-
tico, não sendo eficazes como antagonis-
tas neuromusculares. Assim, esses fárma-
cos bloqueiam completamente os impul-
sos do SNA nos receptores nicotínicos. 
Com exceção da nicotina, os demais fár-
macos desta categoria são antagonistas 
competitivos não-despolarizantes. A res-
posta dos bloqueadores não-despolari-
zantes é complexa e, na maior parte, im-
previsível. Por isso, o bloqueio ganglionar 
raramente é usado em terapêutica, mas 
com frequência serve como ferramenta na 
farmacologia experimental. 
Nicotina: um componente da fumaça do 
cigarro,a nicotina é considerada um ve-
neno com várias ações indesejadas. Ela 
não tem benefícios terapêuticos e é preju-
dicial à saúde. Dependendo da dose, a ni-
cotina despolariza os gânglios autônomos, 
resultando primeiro em estimulação e de-
pois em paralisia de todos os gânglios. O 
efeito estimulante é complexo e resulta do 
aumento da liberação do neurotransmissor 
devido ao seu efeito nos gânglios simpáti-
cos e parassimpáticos. Por exemplo, o 
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aumento da liberação de dopamina e nore-
pinefrina pode ser associado com prazer e 
com supressão do apetite. A resposta final 
de um sistema fisiológico é a soma dos 
efeitos estimulantes e inibitórios da nico-
tina. Os efeitos incluem aumento da pres-
são arterial e da frequência cardíaca (de-
vido à liberação do transmissor dos termi-
nais adrenérgicos e da suprarrenal) e au-
mento de peristaltismo e secreções. Em 
doses mais elevadas, a pressão arterial cai 
devido ao bloqueio ganglionar, e a ativi-
dade na musculatura do TGI e da bexiga 
cessa. 
Para tentar contornar o vício do cigarro, é 
possível utilizar agonistas parciais da nico-
tina. A varenicline, por ser um agonista 
parcial, produzirá menos efeitos colaterais 
que o cigarro comum e ainda poderá man-
ter uma sensação de prazer razoável para 
o tabagista. Com a diminuição da quanti-
dade de agonistas nicotínicos ingeridas 
durante o tratamento, o paciente consegue 
se livrar do vício gradualmente. 
Curiosidade: o ator Christian Bale, para 
assumir o papel de protagonista no filme O 
Operário (2004), precisou perder aproxi-
madamente 30 quilos, ficando apenas com 
54 quando iniciou as gravações. Ele conta 
que precisou fazer o uso de cigarros, 
mesmo não sendo fumante, para tentar di-
minuir a sensação de fome. 
ANTICOLINESTERÁSICOS 
A AChE é uma enzima que, especifica-
mente, hidrolisa a ACh a acetato e colina e, 
dessa forma, interrompe a sua ação. Loca-
liza-se no terminal nervoso, onde está li-
gada à membrana pré e pós-sináptica. Os 
inibidores da AChE (chamados de fárma-
cos anticolinesterásicos ou inibidores da 
colinesterase) promovem ações colinérgi-
cas indiretamente, prevenindo a degrada-
ção da ACh. Isso resulta em acúmulo de 
ACh na fenda sináptica e nas junções neu-
roefetoras. Portanto, esses fármacos po-
dem provocar uma resposta em todos os 
colinoceptores do organismo, incluindo os 
receptores muscarínicos e nicotínicos do 
SNA, bem como nas JNMs e no cérebro. 
1) Edrofônio: é um inibidor da AChE de 
ação curta. Ele se liga de modo reversível 
ao centro ativo da AChE, impedindo a hi-
drólise da ACh. Ele é absorvido rapida-
mente e tem duração de ação curta (10-20 
minutos) devido à eliminação renal rápida. 
É usado no diagnóstico da miastenia 
grave, uma doença autoimune causada por 
anticorpos contra o receptor nicotínico nas 
JNMs. Isso causa sua degradação e reduz 
o número de receptores disponíveis para 
interação com a ACh. 
2) Fisiostigmina: é um éster nitrogenado 
do ácido carbâmico encontrado em plan-
tas, além de ser uma amina terciária. Ela é 
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substrato da AChE, com quem forma um 
intermediário carbamilado relativamente 
estável, que, então, se torna reversivel-
mente inativado. O resultado é a potencia-
ção da atividade colinérgica em todo o or-
ganismo. 
• Ações: a fisostigmina tem uma 
ampla faixa de efeitos como 
resultado de sua ação e estimula os 
receptores muscarínicos e 
nicotínicos do SNA e os receptores 
nicotínicos da JNM. Sua duração de 
ação é de cerca de 30 minutos a 2 
horas; 
• Usos terapêuticos: aumenta a 
motilidade do intestino e da bexiga, 
sendo utilizada no tratamento de 
atonia (perda da capacidade de 
contração) nos dois órgãos. Ela é 
usada também no tratamento de 
doses excessivas de fármacos com 
ações anticolinérgicas, como a 
atropina; 
• Efeitos adversos: no SNC, a 
fisostigmina pode causar 
convulsões quando são usadas 
dosagens elevadas. Bradicardia e 
queda da pressão arterial também 
podem ocorrer. 
3) Neoestigmina: fármaco sintético que 
também é um éster do ácido carbâmico e 
inibe reversivelmente a AChE de forma si-
milar à fisostigmina. 
• Ações: ao contrário da fisostigmina, 
a neostigmina tem um nitrogênio 
quaternário; por isso, ela é mais 
polar, é pouco absorvida no TGI e 
não entra no SNC. Seu efeito nos 
músculos esqueléticos é maior do 
que o da fisostigmina e pode 
estimular a contratilidade antes de 
paralisá-la; 
• Usos terapêuticos: a neostigmina é 
usada para estimular a bexiga e o 
TGI, e também como antagonista de 
fármacos bloqueadores musculares 
competitivos. A neostigmina é 
usada ainda no tratamento 
sintomático da miastenia grave; 
• Efeitos adversos: os efeitos 
adversos da neostigmina incluem 
os da estimulação colinérgica 
generalizada, como salivação, 
rubor, redução da pressão arterial, 
náusea, dor abdominal, diarreia e 
broncoespasmo. 
4) Tacrina, donepezila, rivastigmina e ga-
lantamina: pacientes com a doença de Al-
zheimer têm deficiência (devido à degene-
ração) de neurônios colinérgicos no SNC. 
Essa observação levou ao desenvolvi-
mento de anticolinesterásicos como possí-
veis medicamentos para a perda da função 
cognitiva. A tacrina foi o primeiro disponí-
vel, mas foi substituída por outros devido à 
sua hepatotoxicidade. Apesar de donepe-
zila, rivastigmina e galantamina 
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retardarem o avanço da doença, nenhum 
evitou sua progressão. O efeito adverso 
primário desses fármacos é o distúrbio 
gastrintestinal (GI). 
BLOQUEADORES NEUROMUSCU-
LARES 
Os bloqueadores neuromusculares 
(BNMs) bloqueiam a transmissão colinér-
gica entre o terminal nervoso motor e o re-
ceptor nicotínico no músculo esquelético. 
Eles possuem alguma similaridade química 
com ACh e atuam como antagonistas (tipo 
não-despolarizante) ou como agonistas 
(tipo despolarizante) nos receptores da 
placa motora da JNM. Os BNMs são úteis 
clinicamente durante cirurgias para facili-
tar a intubação endotraqueal e oferecer re-
laxamento muscular completo em doses 
anestésicas baixas, permitindo uma recu-
peração mais rápida da anestesia e dimi-
nuindo a depressão respiratória pós-cirúr-
gica. 
Bloqueadores não despolarizantes (com-
petitivos) 
O primeiro fármaco conhecido capaz de 
bloquear a JNM foi o curare, usado pelos 
caçadores nativos da América do Sul na 
região amazônica para paralisar a caça. Na 
sequência se deu o desenvolvimento da 
tubocurarina, mas ela foi substituída por 
outros fármacos com menos efeitos 
adversos, como cisatracúrio, pancurônio, 
rocurônio e vecurônio. Os fármacos BNMs 
aumentaram significativamente a segu-
rança da anestesia, pois passou a ser ne-
cessário menos anestésico para obter rela-
xamento muscular, permitindo ao paciente 
se recuperar mais rápida e completamente 
após o procedimento. 
1) Mecanismos de ação 
• Doses baixas: os fármacos não-
despolarizantes bloqueiam 
competitivamente a ACh nos 
receptores nicotínicos. Isso significa 
que eles competem com a ACh pelo 
receptor sem estimulá-lo (atuando 
como antagonistas). Assim, esses 
fármacos impedem a 
despolarização da membrana da 
célula muscular e inibem a 
contração muscular. A ação 
competitiva pode ser superada pela 
administração de inibidores da 
colinesterase, como neostigmina e 
edrofônio, que aumentam a 
concentração de ACh na JNM. Os 
anestesiologistas empregam essa 
estratégia para diminuir a duração 
do bloqueio neuromuscular; 
• Doses elevadas: Os bloqueadoresnão-despolarizantes podem 
bloquear os canais iônicos na placa 
motora. Isso leva a um 
enfraquecimento adicional na 
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transmissão neuromuscular, 
reduzindo, assim, a possibilidade de 
os inibidores da colinesterase 
reverterem a ação dos 
bloqueadores não-despolarizantes. 
Com o bloqueio completo, o 
músculo não responde à 
estimulação elétrica direta. 
2) Ações: nem todos os músculos são 
igualmente sensíveis aos bloqueadores 
competitivos. Os músculos pequenos de 
contração rápida da face e dos olhos são 
mais suscetíveis e são paralisados pri-
meiro, seguidos de dedos, pernas, múscu-
los do pescoço e do tronco. Em seguida, 
são atingidos os músculos intercostais e, 
finalmente, o diafragma. Os músculos se 
recuperam na ordem inversa. 
3) Farmacocinética: todos os BNMs são 
injetados por via intavenosa (IV) ou, ocasi-
onalmente, por via intramuscular (IM), pois 
são ineficazes por via oral. Esses fármacos 
possuem duas ou mais aminas quaterná-
rias na sua estrutura anelar volumosa, que 
previnem sua absorção no intestino. Eles 
penetram pouco nas membranas, não en-
tram nas células e nem atravessam a bar-
reira hematencefálica. Vários desses fár-
macos não são biotransformados, e suas 
ações terminam por redistribuição. Por 
exemplo, o pancurônio é excretado inalte-
rado na urina. O cisatracúrio é degradado 
espontaneamente no plasma e por 
hidrólise de éster (o atracúrio foi substitu-
ído pelo seu isômero, cisatracúrio. Ele li-
bera histamina e é biotransformado na lau-
danosina, que pode provocar convulsões. 
O cisatracúrio, que tem as mesmas propri-
edades farmacocinéticas do atracúrio, é 
menos propenso a causar esses efeitos). 
Os aminoesteroides (vecurônio e rocurô-
nio) são desacetilados no fígado, e suas 
depurações são mais demoradas em paci-
entes com doença hepática. 
4) Efeitos adversos: em geral, esses fár-
macos são seguros, com efeitos adversos 
mínimos. O pancurônio pode aumentar a 
frequência cardíaca e a succinilcolina, a hi-
pertermia maligna. 
Bloqueadores despolarizantes 
Atuam por despolarização da membrana 
plasmática da fibra muscular, similarmente 
à ação da ACh. Entretanto, esses fármacos 
são mais resistentes à degradação pela 
acetilcolinesterase (AChE) e, assim, des-
polarizam as fibras musculares de modo 
mais persistente. A succinilcolina é um dos 
poucos relaxantes musculares despolari-
zantes usados atualmente. 
• Mecanismo de ação: a 
succinilcolina se liga ao receptor 
nicotínico e atua como a ACh, 
despolarizando a junção 
neuromuscular. Diferentemente da 
ACh, que é destruída 
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instantaneamente pela AChE, o 
fármaco despolarizante persiste em 
concentração elevada na fenda 
sináptica, permanecendo fixado ao 
receptor por um tempo maior e 
causando uma estimulação 
constante do receptor; 
• Ações: como ocorre com os 
bloqueadores competitivos, os 
músculos respiratórios são 
paralisados por último. A 
succinilcolina inicialmente provoca 
breves fasciculações no músculo, 
causando dor muscular. Isso pode 
ser evitado com administração 
prévia de pequena dose de 
bloqueador neuromuscular não 
despolarizante antes da 
succinilcolina. Em geral, a duração 
da ação da succinilcolina é 
extremamente curta, devido à 
rápida hidrólise pela 
pseudocolinesterase. Contudo, a 
succinilcolina que alcança a JNM 
não é biotransformada pela AChE, 
permitindo que o fármaco se ligue 
aos receptores nicotínicos; 
• Usos terapêuticos: devido ao 
rápido início, a succinilcolina é útil 
quando é necessária intubação 
endotraqueal rápida durante a 
indução da anestesia (a ação rápida 
é essencial quando a aspiração do 
conteúdo gástrico deve ser evitada 
durante a intubação). Ela também é 
usada durante tratamento com 
choque eletroconvulsivo; 
• Farmacocinética: a succinilcolina é 
injetada por via IV. Sua breve 
duração de ação resulta da 
redistribuição e da rápida hidrólise 
pela pseudocolinesterase do 
plasma. Por isso, algumas vezes, ela 
é administrada por infusão contínua 
para manter um efeito mais longo. 
O efeito do fármaco desaparece 
rapidamente ao ser descontinuado; 
• Efeitos adversos: hipertermia (pode 
induzir hipertermia maligna em 
pacientes suscetíveis); apneia 
(devido à deficiência de 
colinesterase plasmática ou a 
presença da forma atípica da 
enzima no organismo pode levar à 
apneia prolongada devido à 
paralisia do diafragma); 
hiperpotassemia (a succinilcolina 
aumenta a liberação de potássio 
das reservas intracelulares; pode 
ser perigoso em pacientes 
queimados ou com lesão tecidual 
extensa, nos quais o potássio é 
perdido rapidamente pelas células). 
 
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Fonte: Karen (2016). 
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REFERÊNCIAS 
HEINZ, L. Farmacologia: texto e atlas, 7ª edição. Porto Alegre: Artmed, 
2017. 
KAREN, W. Farmacologia ilustrada, 6ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2016. 
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica, 13ª edição. 
Porto Alegre: AMGH, 2017. 
KHAN ACADEMY. Visão geral da estrutura do neurônio e a sua função. 
2020. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-
biology/neuron-nervous-system/a/overview-of-neuron-structure-and-
function. 
 
 
 
 
 
 
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	ANATOMIA E CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
	TIPOS DE SINAPSE NO SISTEMA NERVOSO
	SINAPSE ADRENÉRGICA
	RECEPTORES ADRENÉRGICOS
	Receptores β
	AGONISTAS ADRENÉRGICOS
	Aminas não-catecólicas
	Substituições no nitrogênio amínico
	ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
	Principais bloqueadores α-adrenérgicos
	Bloqueadores β-adrenérgicos
	SINAPSE COLINÉRGICA
	RERECEPTORES COLINÉRGICOS (COLINORECEPTORES)
	Receptores muscarínicos
	Receptores nicotínicos
	AGONISTAS COLINÉRGICOS
	Carbacol (carbamilcolina)
	ANTIMUSCARÍNICOS
	Bloqueadores ganglionares
	ANTICOLINESTERÁSICOS
	BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES
	Bloqueadores não despolarizantes (competitivos)
	Bloqueadores despolarizantes
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