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Nicolas Martins 2025.1 - Farmacologia I Aula 05 FÁRMACOS COLINÉRGICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS InaaaaaatroINTRODUÇÃOaaaaaaaaa São fármacos que modulam o SNA Parassimpático. 1. Anticolinesterásicos: Inibe a enzima que degrada a acetilcolina, aumenta a biodisponibilidade de ACH. 2.Colinérgicos: Estimulam os receptores de ACH. aaaaaORGANIZAÇÃO DO SNAaaaaaa Basicamente é importante recordarmos que no sistema parassimpático a �bra pré ganglionar é longa e a �bra pós ganglionar é curta, diferente do que observamos no sistema simpático, onde a �bra pré ganglionar é curta e a pós ganglionar é longa. Os principais neurotransmissores são a acetilcolina e a norepinefrina. E esses possuem receptores colinérgicos nicotínicos e muscarínicos. Ambos os sistemas, simpático e parassimpático, têm gânglios onde o neurotransmissor é a Ach da fibra pré-ganglionar, que interage com receptores nicotínicos; Além disso, é o neurotransmissor predominante nos nervos parassimpáticos pós-ganglionares, onde atua em receptores muscarínicos e nicotínicos musculares. A NE é o principal neurotransmissor dos nervos simpáticos pós-ganglionares, atuando em receptores α e β adrenérgicos. ⇒ Receptores muscarínicos: São receptores metabotrópicos, ou seja, acoplados a ptn G, são eles: M1, M2, M3, M4 e M5. Sendo os ímpares (M1, M3 e M5) excitatórios acoplados a ptn Gq, e atuam abrindo os canais de Na+ e Ca2+ e fechando os canais de K+ e os pares (M2 e M4) inibitórios associados a ptn Gi, atuam abrindo os canais de K+ . ⇒ Receptores nicotínicos: São receptores ionotrópicos, sendo eles o Nn (neuronal) e Nm (muscular). aaREVISANDO A FISIOLOGIA DO SNAa Podemos dividir nosso Sistema nervoso convencionalmente em sistema nervoso central ( SNC, Cérebro e medula espinal ) e sistema nervoso periférico ( SNP, Tecidos neuronais fora do SNC ) A porção motora ( eferente ) do sistema nervoso pode ainda ser subdividida em duas porções principais: autônoma e somática. O Sistema nervoso autônomo ( SNA ) é um sistema independente e suas atividades não se encontram sob controle consciente direto. Ele vai estar ligado primariamente a funções viscerais, como nosso débito cardíaco, distribuição do fluxo sanguíneo e digestão, que são mecanismos fisiológicos básicos para sustentar a vida. A subdivisão somática está ligada a funções conscientemente controladas, como movimentos, respiração e postura; Ambos esses sistemas têm influxos aferentes ( sensoriais ) importantes que vão fornecer informações relativas aos nossos ambientes interno e externo e modificam todo o afluxo motor por meio de arcos reflexos de tamanho e complexidade variável. Podemos dizer que o sistema nervoso divide com o sistema endócrino propriedade como a integração de alto nível do cérebro, capacidade de influenciar processos em regiões distantes do corpo e o uso extenso de retroalimentação negativa, além de que a transmissão química ocorre entre as células nervosas, e entre elas e as células efetoras. A transmissão química é efetuada através de pequenas quantidades de determinada substância transmissoras dos terminais nervosos para dentro das fendas sinápticas. Pelo uso de fármacos que mimetizam ou bloqueiam as ações dos transmissores químicos, podemos modificar seletivamente muitas das nossas funções autônomas, desde afetar a musculatura cardíaca até a secreção de glândulas exócrinas. Fármacos autonômicos são extremamente úteis em nossa vida clínica mas infelizmente muitos deles possuem efeitos indesejados como efeitos colaterais Uma classificação tradicional do nosso SNA é baseado nas moléculas transmissoras primárias - Acetilcolina ou Norepinefrina - liberadas de seus botões e varicosidades terminais. ⇒ Um grande número de fibras do SNA periférica sintetiza e libera acetilcolina, são fibras COLINÉRGICAS que funcionam pela liberação dessa molécula. ⇒ A maioria das fibras simpáticas pós-ganglionares liberam norepinefrina, são elas as fibras ADRENÉRGICAS, ou seja, elas funcionam por meio da norepinefrina ➤ Transmissão Colinérgica Os terminais e varicosidades dos neurônios colinérgicos tem grande número de pequenas de pequenas vesículas ligadas à membrana. concentradas perto da porção sináptica da membrana celular, bem como o número menor de vesículas grandes com núcleo denso, localizadas mais longe da membrana simpática. Essas vesículas são sintetizadas no corpo celular do neurônio inicialmente e carreadas à terminação por transporte axônico. Também podem ser recicladas várias vezes dentro da terminação. As vesículas são providas com proteínas de membrana associadas a vesículas ( VAMPs ) que acabam alinhando elas a sítios de liberação na membrana interna da célula neuronal. A acetilcolina é sintetizada a partir de um acetil-CoA e colina por meio de uma reação de catalização feita pela colina acetiltransferase. A acetil-CoA é sintetizada em mitocôndrias, presentes em grande escala na terminação nervosa. A colina é transportada do líquido extracelular para terminação nervosa por meio de um transportador de colina da membrana dependente do sódio. Este importador pode ser bloqueado por um grupo de fármacos chamados hemicolinicos. Uma vez sintetizada a acetilcolina é transportada do citoplasma para a vesícula por um transportador associado a vesícula ( VAT ) que é dirigido pelo aporte de prótons que pode ser bloqueado pelo vesamicol. A despolarização e abertura de canais de Ca ++ voltagem dependente e com o influxo de cálcio as vesículas se fundem à membrana sináptica e acabam liberando centenas de neurotransmissores para dentro da fenda sináptica. Depois da liberação a partir da terminação pré-sináptica as moléculas da acetilcolina ligam-se a um receptor colinérgico na porção pós-sináptica e ativá-lo. Por fim, toda acetilcolina liberada difunde dentro do alcance do alcance de uma molécula chamada acetilcolinesterase que degrada o neurotransmissor em colina e acetato, moléculas sem função biológica. Os subtipos primários de receptor de acetilcolina são os receptores MUSCARÍNICOS e NICOTÍNICOS. OBS.: Para se ligar ao receptor nicotínico é necessário duas moléculas de ach para abrir o canal de Na + / K +, promovendo o in�uxo e, consequentemente, a despolarização celular. OBS.2: No pré-sináptico temos receptores nicotínicos que realizam feedback positivo a �m de reforçar a ação da acetilcolina. Assim, atuam despolarizando a célula em virtude do in�uxo de carga positiva, desse modo tendo mais Ach. Quando nota-se a presença de muito Ach, ela inicia a sua interação com os receptores muscarínicos M2 e M4 que atuam diminuindo a liberação de Ach pelo neurônio pré-sináptico RESUMINDO OS RECEPTORES Receptor nicotínico: São receptores Ionotrópicos que proporcionam rápido aumento da permeabilidade ao Na + e Ca + ( despolarização ) ). Receptor muscarínico: São receptores Metabotrópicos ( GPCR ) de resposta mais lenta ( excitatórios - M1,M3,M5 - Inibitórios - M2 , M4 ) A acetilcolina vai possuir a�nidade igual tanto para receptor muscarínico quanto para nicotínico, enquanto a muscarina tem atividade excitatória apenas no receptor muscarínico e a nicotina apenas no receptor nicotínico. Já o fármaco atropina é um antagonista de receptor muscarínico apenas, enquanto o fármaco curare é o antagonista do receptor nicotínico. Localização dos receptores colinérgicos: os nicotínicos estão no gânglio e os muscarínicos nos órgãos alvo. Gânglios simpáticos e parassimpáticos, tecidos inervados pelo parassimpático + glândulas sudoríparas, SNC e placas motoras esqueléticas. Receptores nicotínicos O receptor nicotínico precisa de 2 acetilcolinas ligadas simultaneamente para abrir o canal de sódio e ocorre a despolarização. Sabemos que existem pelo menos três tipos de receptores nicotínicos: Nm - muscular (esquelético), - Nn ganglionar (periférico) e do SNC (central). Receptores muscarínicos Os receptores muscarínicos podem ser divididos em inibitórios e excitatórios. Os inibitórios são os M2 e M4 e os excitatórios são os M1, M3 e M5. ⇒ No �nal da cascata dos receptores inibitórioseles acabam promovendo a abertura de canais de potássio, ou seja, a célula perde potássio (e�uxo), acaba �cando hiperpolarizada a de�agração de um novo potencial �ca mais di�ícil. Na cascata dos receptores excitatórios vai ocorrer o bloqueio de canais de e�uxo de potássio e abertura de canais de sódio, o que acaba por excitar a célula. 1. M1: gânglios, algumas glândulas e SNC; 2. M2: miocárdio, músculo liso e SNC; 3. M3: músculo liso, glândulas e SNC; 4. M4: SNC; 5. M5: SNC, músculo liso e glândulas. aFARMACOLOGIA DOS COLINÉRGICOS Os fármacos colinérgicos, os estimulantes de receptores de acetilcolina e os inibidores de colinesterase compõem um grupo de fármacos que mimetizam a acetilcolina. Os estimulantes dos colinoceptores podem ser classificados farmacologicamente de acordo com seu espectro de ação, conforme o tipo de receptor que irá ativas - muscarínico ou nicotínico . Os colinomiméticos também são classificados por seu mecanismo de ação, já que alguns se ligam diretamente e ativam colinoceptores e outros agem indiretamente pela inibição da hidrólise, ou seja, da degradação da acetilcolina. Desse modo, podem atuar: 1. Na síntese da acetilcolina 2. Na captação da Ach para dentro das vesículas 3. Na ligação da Ach com seu receptor 4. Na liberação da Ach na fenda sináptica 5. Na recaptação da Ach, seja na sua degradação ou na internalização dela INIBIDORES DA SÍNTESE, ARMAZENAMENTO OU LIBERAÇÃO DA ACETILCOLINA HEMICOLÍNIO = Bloqueia o importante sódio/ colina, e desse modo, limita a síntese das reservas de AcH que está disponível para liberação. Bloqueia a síntese da acetilcolina TOXINA BOTULÍNICA = Degrada as proteínas de ancoramento, desse modo, acaba impedindo a liberação da AcH presente na fenda sináptica e, consequentemente, a fusão das vesículas com a membrana pré sináptica. Bloqueia a liberação VESAMICOL = Bloqueia o canal que permite a entrada da acetilcolina nas vesicular pelo co transporte de H+ INIBIDORES DA COLINESTERASE As ações da acetilcolina liberada de nervos motores autônomos e somáticas são terminadas pela hidrólise enzimática da molécula. A hidrólise é realizada pela ação da acetilcolinesterase, que está presente em altas concentrações nas sinapses colinérgicas. Os colinomiméticos de ação indireta possuem então o seu efeito primário no sítio ativo dessa enzima, embora alguns também apresentam ações diretas em receptores nicotínicos. As diferenças principais entre membros do grupo são químicas e farmacocinéticas - as propriedades farmacodinâmicas são quase idênticas Todos os inibidores de colinesterase aumentam a concentração de acetilcolina endógena nos colinoceptores por inibição da acetilcolinesterase. Porém, os detalhes moleculares da interação com vão acabar variando de acordo com o grupo químico que pertencem. ⇒ Edrofônio = Ligam-se reversivelmente de forma eletrostática e por ligação de hidrogênio ao sítio ativo, assim impedem o acesso da acetilcolina. O complexo inibidor-enzima acaba não envolvendo uma ligação covalente tendo uma ação de curta duração. Atuam na JNM sendo o seu principal uso no diagnóstico de glaucoma ⇒ Neostigmina = Pertence ao mesmo grupo que a Fisostigmina é um fármaco com ação de tempo médio, atuando na JNM. Quando utilizada pela via IV atuam revertendo o bloqueio neuromuscular competitivo, aumenta a biodisponibilidade de acetilcolina que acaba competindo pelo sitio de ligação no receptor Nm. Quando utilizada via Oral é para o tratamento de miastenia gravis, para que bloqueie a acetilcolinesterase e assim mantenha a estimulação dos poucos receptores presentes na placa motora ⇒ Fisostigmina = É um fármaco de média duração. Geralmente é usada na forma de colírio para o tratamento de glaucoma, facilitando o fluxo de líquido e proporcionando a diminuição da pressão intraocular ⇒ Piridostigmina = Tempo de ação é médio atuando na JNM sendo usado por via oral no tratamento de miastenia gravis, possuindo uma melhor absorção e um tempo de ação mais prolongado que a a neostigmina ( entre os dois esse é o de escolha ) Todas as três substâncias que são citadas abaixo possuem uma ação longa e acabam intensificando os efeitos colinérgicos, elas bloqueiam de forma IRREVERSÍVEL fazendo uma ligação covalente. Além disso, são altamente lipossolúveis tendo como efeitos adversos: Fasciculação muscular pelo excesso de acetilcolina, excesso de secreção salivar, gástrica, bradicardia e hipotensão, pele seca e miose ⇒ Ecotiofato = Utilizado na forma de colírio para o tratamento de Glaucoma. Pode causar efeitos sistêmicos ⇒ Paration = Causa envenenamento em seres humanos. É convertido em metabólito ativo pela substituição do enxofre por oxigênio ⇒ Di�os: É um organofosforado altamente tóxico. Usado na forma de colírio para o tratamento de Glaucoma OBS.: Carbamatos e Organofosforado interagem com sítio esterásico e as Aminas ligação não covalente no sítio FÁRMACO USO DURAÇÃO Edrofônio ( Amina ) Miastenia gravis, Íleo paralítico Curta ( 5-15 minutos ) Neostigmina ( Carbamato ) Reversão do Bloqueio JNM ( IV ) Miastenia Gravis (Oral) Média ( 0,5-4 horas ) Piridostigmina ( Carbamato ) Miastenia Gravis Média ( 4-6 horas ) Fisostigmina ( Carbamato ) Glaucoma Média ( 0,5 - 2 horas ) Ecotiofato Glaucoma Longa ( Ligação irreversível - 100 horas ) Efeitos Sistêmicos Os efeitos farmacológicos desses fármacos são mais proeminentes no sistema cardiovascular e no sistema gastrointestinal, no olho e na JNM. Como a sua ação primária consiste basicamente em ampliar as ação da acetilcolina endógena, os efeitos são semelhantes ( mas não idênticos!!) aos dos colinomiméticos de ação direta 1. SNC = Fármacos lipossolúveis podem atravessar a BHC e em altas concentrações podem acabar causando convulsões generalizadas, que podem ser seguidas de coma ou parada respiratória. Em baixas concentrações causam alterações do EEG - Excitação, levando a convulsões - Depressão, levando a perda de consciência - Insuficiencia respiratoria - Efeitos decorrem de estimulação muscarínica, que para ser bloqueado, ou seja, reverter intoxicação, usa-se um antagonista - Uso potencial para demencia senil, disfunção cognitiva e doença de Alzheimer 2. Olho, Trato respiratório, Trato gastrointestinal, trato urinário = Os efeitos dos inibidores de colinesterase nesses sistemas orgânicos, todos bem inervados pelo sistema parassimpático são muito similares aos agonistas colinérgicos ( ação direta ) que são a contração ( miose ) por ação no esfíncter muscular da Íris e Contração para visão de perto por ação na musculatura ciliar 3. Sistema Cardiovascular = Esse fármacos podem aumentar a atividade em gânglios simpáticos e parassimpáticos suprindo o coração, e nos receptores nas células neuroefetoras ( musculatura cardíaca e lisa vascular) que recebem a inervação colinérgica No coração, predominam os efeitos parassimpáticos. Desse modo, os inibidores de colinesterase mimetizam os efeitos de ativação do nervo vago do coração. São produzidos efeitos cronotrópicos, dromotropicos e inotrópicos negativos, o que proporciona a queda do DC. O débito cardíaco em queda é atribuível a bradicardia, contratilidade atrial diminuindo e alguma redução da contratilidade ventricular. O último efeito resulta na inibição pré-juncional da liberação de norepinefrina, bem como dos efeitos simpáticos na pós-juncional Os inibidores da colinesterase tem efeitos mínimos na musculatura lisa vascular, porque a maioria dos leitos vasculares carece de inervação parassimpática. Em doses moderadas acabam causando aumento da Resistência vascular sistêmica e da PA. A Atropina ( Um Bloqueador muscarínico ) , atuando no SNC e SNP, pode prevenir o aumento da PA e da norepinefrina plasmática Desse modo, podemos resumir os efeitos cardiovasculares em Bradicardia modesta, queda do DC e resistência vascular aumentada, o que pode ocasionar a elevação da PA ( Assim, em pacientes com Alzheimer hipertensos, o tratamento com essa classe farmacológico deve ser feito com monitorização da pressão sanguínea paraajuste da dose de terapia anti-hipertensiva Em doses elevadas ( tóxicas ) ocorre bradicardia acentuada, diminuição significativa do DC e hipotensão sobrevém 4. Junção Neuromuscular = Esses fármacos possuem importantes efeitos terapêuticos e tóxicos na junção neuromuscular da musculatura esquelética, Em concentração mais baixas (terapêuticas) prolongam moderadamente e acabam intensificando as ações da acetilcolina liberada de maneira fisiológica. Isso aumenta a força de contração, sobretudo naqueles músculos enfraquecidos por agentes bloqueadores neuromusculares semelhantes ao curare, ou por miastenia gravis. Em concentração mais alta o acúmulo de acetilcolina pode resultar na fibrilação de fibras musculares. O disparo antidrômico ( afeta a condutividade ) do neurônio motor também pode ocorrer, resultando em fasciculações que afetam a unidade motora como um todo. Com a inibição acentuada ocorre bloqueio neuromuscular despolarizante, que pode ser seguido por uma fase de bloqueio de não despolarizante. - Descargas repetidas na fibra muscular - Prolonga o potencial da placa motora - Aumenta tensão de contração espasmódica de um músculo em resposta ao nervo motor - Em doses elevadas: Contrações espasmódicas e bloqueio por despolarização. Sendo esse bloqueio devido a ligação da acetilcolina, aumentando cada vez mais e tornando também a célula cada vez mais positiva. Desse modo, a célula não consegue repolarizar, mantendo-se despolarizada. A toxicidade dos Anticolinesterásicos pode levar a desmielinização grave de nervos periféricos, acarretando o desenvolvimento de fraqueza e perda de sensibilidade, Essa toxicidade é causada por aquele irreversíveis que realizam ligação covalente AGONISTAS COLINÉRGICOS Os fármacos colinomiméticos de ação direta ligam-se a receptores muscarínicos ou nicotínicos e os ativam. Enquanto aqueles de ação direta, como foi visto anteriormente, produzem seus efeitos primários pela hidrólise da acetilcolinesterase. Os ésteres de colina são mal absorvidos e mal distribuídos no SNC. Porém, todos são hidrolisados no TGI ( e menos ativos via oral ). Seu mecanismo de ação consiste do sistema nervoso parassimpático modificando a função orgânica por meio de dois mecanismos principais. No primeiro, a acetilcolina liberada de nervos parassimpáticos ativa receptores muscarínicos em células efetoras alterando a função orgânica diretamente. No segundo a acetilcolina liberada de nervos parassimpáticos interage com os receptores muscarínicos, a fim de inibir a liberação de neurotransmissor. Por esse mecanismo, a liberação de acetilcolina e agonistas muscarínicos circulantes altera de forma indireta a função orgânica, modulando os efeitos dos sistemas nervosos parassimpáticos e simpáticos. Devemos lembrar que vários eventos celulares ocorrem quando receptores muscarínicos são ativados, um ou mais dos quais podem servir como segundos mensageiros para ativação muscarínica. Todos os receptores muscarínicos são acoplados à proteína G. A ligação de agonista muscarínico a um dos receptores ativa a cascata do IP3 e DAG. Os agonistas muscarínicos também aumentam as concentrações celulares de monofosfato de guanosina cíclica (GMPc). A ativação de receptores muscarínicos também aumenta o fluxo de potássio através das membranas celulares cardíacas e o diminui nas células ganglionares e de músculos lisos. Esse efeito é mediado pela ligação de uma subunidade By de proteína G ativada diretamente ao canal Por fim, a ativação dos receptores inibitórios M2 e M4 inibe a atividade da adenilatociclase. A ligação aos receptores nicotínicos promove a despolarização que se for prolongada encerra a resposta efetora promovendo um bloqueio despolarizante onde o neurônio pós ganglionar para de disparar e a células muscular relaxa 1. Ésteres de Colina ⇒ Metacolina = Fármaco com seletividade relativa para os receptores muscarínicos cardiovasculares, bem como, seletividade reduzida para os receptores nicotínicos. São utilizados para diagnóstico da asma por proporcionar uma resposta broncoconstritora intensa e redução da capacidade vital ⇒ Carbacol: Fármaco que não pode ser utilizado sistemicamente, pois ele gera uma resposta de bloqueio da ação ganglionar, simpática e parassimpática. No entanto, é um importante agente mitótico tópico ⇒ Betanecol: Fármaco altamente seletivo para receptores muscarínicos. Atuam nos tratos urinário, gastrointestinal onde aumenta a motilidade 2. Alcalóides ⇒ Pilocarpina: Fármaco do grupo das aminas terciárias, é facilmente absorvida e ultrapassa a BHE. Atua como um agonista muscarínico parcial, sendo mais utilizada na clínica como agente mitótico e sialogogo, usado no tratamento de glaucoma e xerostomia ⇒ Cevimelina = Fármaco agonista seletivo M1 e M3 possuindo menos efeitos adversos que Pilocarpina. Usado no tratamento de Xerostomia e Síndrome de Sjogren Efeitos Sistêmicos A maioria dos efeitos sistêmicos dos agonistas é facilmente prevista com o conhecimento dos efeitos da estimulação dos nervos parassimpáticos. 1. Olho Agonistas muscarínicos quando usados no saco conjuntival causam a contração do esfíncter muscular liso da íris ( miose ) e na musculatura ciliar ( acomodação ). Ambos esses efeitos facilitam o fluxo do humor aquoso para o canal de Schlemm, que drena na câmara anterior O glaucoma é uma doença que é caracterizada por pressão intraocular elevada. Os estimulantes muscarínicos e inibidores da colinesterase reduzem a pressão intraocular, causando a contração do corpo ciliar possibilitando/facilitando a drenagem do humor aquoso e, talvez, diminuindo a sua secreção. No passado, o glaucoma era tratado por agonistas diretos ( pilocarpina, metacolina, carbacol ) ou com indiretos ( fisostigmina, ecotiofato, demacário ). Para o glaucoma crônico, esses fármacos têm sido substituídos por derivados da prostaglandina e B-bloqueadores tópicos. O glaucoma de ângulo fechado agudo é uma emergência médica que, com frequência, é tratada inicialmente com medidas farmacológicas, mas que eventualmente requer cirurgia para correção permanente. O tratamento inicial, geralmente, consiste em uma combinação de um agonista muscarínico direto e outros fármacos. - Glaucoma de ângulo fechado então é um indicação clínica dos uso dos agonistas diretos em combinação com outros fármacos: Pilocarpina, Betanecol, Fisostigmina e Ecotiofato. Sendo todos usados na forma de Colírio 2. Trato Gastrointestinal e Urinário Em distúrbios clínicos que envolvem depressão da atividade de músculos lisos, sem obstrução, fármacos colinomiméticos com efeitos muscarínicos diretos ou indiretos podem ser úteis. Esses distúrbios incluem: - Íleo pós-operatório = Atonia ou paralisia do estômago ou intestino subsequente à manipulação cirúrgica ) e megacólon congênito - Retenção urinária pós-operatória, pós-parto, ou secundária a lesao por doença na medula espinal ( bexiga neurogênica ) - Colinomiméticos podem ser usados em algumas ocasiões para aumentar o tônus do esfíncter esofagiano inferior em pacientes com esofagite por refluxo, mas os inibidores de bomba de prótons geralmente são os mais indicados nessa ocasiões Em todas as ocasiões que se administra um fármaco via oral o médico deve estar seguro que não está diante de um caso de obstrução mecânica ao efluxo antes de usar o colinomimético. Nesses casos o fármaco pode exacerbar os problemas e até mesmo levar a perfuração devido a pressão aumentada. 3. Junção neuromuscular A miastenia gravis é uma doença autoimune que afeta junções neuromusculares em músculos esqueleticos. Nessa doença. são produzidos anticorpos contra a principal região imunogénica encontrada em subunidades a1 do complexo nicotinico receptor-canal reduzindo a funcionalidade do receptor. A doença grave pode afetar todos os músculos lisos, inclusive aqueles responsaveis pela respiração. A doença se assemelha à paralisia neuromuscular provocada pela tubocurarina e fármacos bloqueadores neuromusculares não-despolarizantes similares. Esses pacientes são estranhamente sensiveis afármacos curariformes e de outros que interferem na transmissão neuromuscular, como os antibioticos aminoglicosideos. Os inibidores de colinesterase - mas não os colinomimeticos de ação direta - são muito valiosos na terapia de miastenia. Os pacientes com miastenia ocular podem ser tratados com apenas inbiidores de colinesterase. Os pacientes com miastenia disseminada, ou seja, com uma paralisia disseminada são tratados com fármacos imunosupressres. - O edrofônio é usado para diagnóstico de miastenia - O edrofônio também pode ser usado para avaliar se o tratamento com inibidores de colinesterase de ação mais longa está sendo adequado, pois, em quantidades excessivas os inibidores de colinesterase os pacientes podem ficar fracos devido a um bloqueio despolarizantes nicotínico da placa terminal motora. Também podem exibir sintomas de estimulação excessiva colinérgica como dores abdominais, diarreia, salivação aumentada ). Quando em doses excessivas pequenad doses de edrofonio não produzirão efeito de alivio, ou ate mesmo piorarão a fraqueza se o paciente estiver recebendo terapia excessiva com inbidor de colinesterase. Por outro lado, se o paciente melhorar com edrofônio pode ser indicado o aumento da dose dos inibidores - A terapia a longo prazo para miastenia é geralmente feita com Piridostigmina, sendo a neostigmina uma alternativa. Os inibidores de colinesterase de ação mais longa como os organofosforados ( Malation, Paration, Sarin, Soman ) não são usados, porque a necessidade de ajuste de doses nessa doença é frequente, e esse fármacos não permitem controle fácil devido sua ação de longa duração. - O bloqueio neuromuscular é muitas vezes produzido como um complemento a anestesia cirúrgica, usando relaxantes neuromusculares não despolarizantes como o cisatracúrio e o pancurônio. Após a cirurgia, geralmente é desejável reverter essa paralisia farmacológica prontamente. Isso pode ser alcançado com facilidade pelo uso dos inibidores de colinesterase, neostigmina e edrofônio. São aplicados via intravenosa ou intramuscular para efeito rápido 4. Intoxicação por fármacos antimuscarínicos A intoxicação por atropina é potencialmente letal em crianças e pode causar graves transtornos comportamentais prolongados e arritmias em adultos. O bloqueio de receptores muscarínicos produzidos por todos esses agentes é de natureza competitiva e pode ser superado pelo aumento da quantidade de acetilcolina endógena nas junções neuroefetivas. Teoricamente um inibidor de colinesterase poderia ser usado para reverter esses efeitos A fisostigmina tem sido usada com essa indicação, porém ela mesma produz efeitos indesejáveis a nível do SNC já que atravessa a barreira HEC por isso essa indicação terapêutica só é válida na presença de elevação perigosa da temperatura de taquicardia supraventricular 5. SNC A rivastigmina e outros inibidores podem ser usadas no tratamento de alzheimer TOXICIDADE Causam sinais previsíveis de excesso muscarínico quando em doses excessivas: - Contrações e desconforto abdominal, cólicas dolorosas - Náuseas, vômitos, diarreia - Aerofagia, urgência urinária - Hipotensão, vasodilatação cutânea ( rubor ) , sudorese - Cefaleia, lacrimação, miose - Broncoconstrição provocando ataque asmático CONTRAINDICAÇÕES - Úlcera péptica latente, já que o agonista estimula a contração gástrica - Asma brônquica - Bradicardia pronunciada, hipotensão, coronariopatia - Instabilidade vasomotora, epilepsia e parkinson - Obstrução ou ausência de integridade do TGI ou TGU ATIVIDADE SIMPÁTICA ATIVIDADE PARASSIMPÁTICA AÇÃO RECEPTOR AÇÃO RECEPTOR ÓRGÃO M. radial da íris M. circular da íris M. ciliar Contração (midríase) __________ Relaxa – visão longe α1 __________ β2 __________ Contração (miose) Contrai – visão perto __________ M3, M2 M3, M2 CORAÇÃO Nó sinoatrial Nó AV, átrios, His-Purkinge e ventrículos Cronotropismo + Inotropismo + Dromotropismo + β1 > β2 β1 > β2 β1 > β2 Cronotropismo – Inotropismo – Dromotropismo - M2 >> M3 M2 >> M3 M2 >> M3 VASOS SANGUÍNEOS Vasoconstrição Vasodilatação α1, α2, β1 β2 Vasodilatação (endotélio) M3 PULMÃO M. liso bronquiolar Glândulas brônquicas Broncodilatação ↑ secreção, ↓secreção β2 α1, β2 Broncoconstrição Estimula secreção M3 = M2 M3 , M2 TRATO G.I. Parede do m. liso Esfincters Secreção Plexo mioentérico Relaxamento Contração Inibição ___________ α1, α2, β1,β2 α1 α2 __________ Contração Relaxamento Estimulação Ativação M3, M2 M3, M2 M3, M2 M1 TRATO G.U. Bexiga Esfincter Útero, grávido Pênis, vesículas seminais Relaxamento Contração Relaxamento Contração Ejaculação β2 α1 β2 α1 α1 Contração Relaxamento __________ Contração Ereção M3 > M2 M3 > M2 __________ M3 M3 PELE M. liso pilomotor Glândula sudorípara Contração Aumenta secreção α1 α1 __________ Secreção generalizada __________ M3, M2 FUNÇÕES METABÓLICAS Fígado Células adiposas Rins Pâncreas (células β) Glicogenólise/gliconeogêne se Lipólise/ Inibição lipólise ↑ renina, ↓ renina Diminui secreção Aumenta secreção β1 / α1 α1, β1, β2,β3, α2 β1,α2 α2 β2 __________ __________ __________ __________ __________ __________ __________ __________ __________ __________ Inotropismo = aumento da força de contração Cronotropismo = aumento da frequência cardíaca Dromotropismo = capacidade de condução de estímulos M1, M4, M5 - SNC M2 - Coração M3 – Musculatura lisa e glândulas α1 – Vasoconstrição, secreção salivar, glicogenólise, relaxamento do músculo liso gastrointestinal, midríase. α2 – Vasoconstrição, inibição da liberação de neurotransmissores e de insulina (inibição lateral ou regulação autócrina). β1 – Taquicardia e lipólise β2 – Broncodilatação, vasodilatação, liberação de glucagon, relaxamento da musculatura lisa uterina.
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