Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL VOLUME ÚNICO COMUM CAS IMPRESSO NA GRÁFICA DA EEAR MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS VOLUME ÚNICO Apostila da Disciplina Comunicação e Comportamento Interpessoal do Curso de Aperfeiçoamento de Graduados – CAS. Edições(es): 1a Edição: TEN PSC RICELI – 2019 2a Edição: TEN PSC RICELI – 2020 3a Edição: TEN PSC RICELI – 2021 Revisor(es) Pedagógico(s): 2T PED ÉRICA – 2022 AP PED S. RODRIGUES - 2022 Revisor(es) Estilístico – gramatical: AP MRM LILIAN – 2022 Revisor(es) de Diagramação: 2S SML FABIO – 2022 GUARATINGUETÁ - SP 2022 2OTEN PSC RICELLI SUMÁRIO APRESENTAÇÃO........................................................................................................................7 CAPÍTULO 1 - AS ESPECIFICIDADES DA COMUNICAÇÃO.........................................12 TÓPICO 1.1 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO................................................................12 TÓPICO 1.2 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE DUAS VIAS...................................14 TÓPICO 1.3 - PROBLEMAS POTENCIAIS DE COMUNICAÇÃO DE DUAS VIAS......16 TÓPICO 1.4 - FILTRAGEM NA COMUNICAÇÃO.............................................................18 TÓPICO 1.5 - PERCEPÇÃO DE CADA PESSOA.................................................................19 TÓPICO 1.6 - BARREIRAS PSICOLÓGICAS......................................................................21 TÓPICO 1.7 - MEIOS DE COMUNICAÇÕES.......................................................................22 TÓPICO 1.8 - OS DOCUMENTOS ESCRITOS E OS MEIOS ELETRÔNICOS..............27 TÓPICO 1.9 - CARACTERÍSTICAS DA BOA COMUNICAÇÃO.....................................28 TÓPICO 1.10 - A IMPORTÂNCIA DE SABER OUVIR.......................................................30 CAPÍTULO 2 - RELACIONAMENTO INTERPESSOAL....................................................33 TÓPICO 2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS...........33 TÓPICO 2.2 - POR QUE FORMAMOS RELACIONAMENTOS?.....................................34 TÓPICO 2.3 - COMO DESENVOLVER E MANTER RELACIONAMENTOS?..............38 TÓPICO 2.4 - DIFERENÇAS INDIVIDUAIS.........................................................................40 TÓPICO 2.5 - TIPOS DE COMPORTAMENTOS NAS RELAÇÕES.................................41 CAPÍTULO 3 - JANELA DE JOHARI E RELAÇÕES INTERPESSOAIS NOS GRUPOS .......................................................................................................................................................55 TÓPICO 3.1 - AUTORREVELAÇÃO E A JANELA DE JOHARI......................................55 TÓPICO 3.2 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS NOS GRUPOS...........................................59 TÓPICO 3.3 - COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL............................................................63 TÓPICO 3.4 - COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL...............................................68 TÓPICO 3.5 - OS TERMOS TÉCNICOS DE CADA PROFISSÃO.....................................70 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................75 REFERÊNCIAS...........................................................................................................................76 EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 77 / / 7878 APRESENTAÇÃO Prezado(a) Aluno(a), parabéns por sua matrícula neste Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS). Trata-se de um grande momento em sua carreira. Possivelmente você já teve contato com parte dos assuntos que serão tratados nesta apostila. Entretanto, o que se pretende é sistematizar esse conhecimento de forma a capacitá-lo para exercer as atribuições de um graduado em sua posição hierárquica, em que serão exigidos conhecimentos e habilidades para assessorar superiores e orientar equipes compostas por militares mais modernos. Recomenda-se que estude atentamente todo o conteúdo disponibilizado, até mesmo aquele que já tenha conhecimento. Isso contribuirá para que se aproprie, de foma mais efetiva dos assuntos tratados. É importante destacar que você será o protagonista na construção de sua aprendizagem; desse modo, é necessário que desenvolva uma rotina de estudo e mantenha-se atento às etapas do curso. Segue uma sugestão de roteiro para seus estudos. 1) Registre suas observações iniciais sobre o texto destacando os pontos mais relevantes. 2) Identifique de 3 a 5 palavras-chave e faça breves anotações sobre cada uma delas. 3) Compare o texto a outras leituras que você já tenha realizado sobre assuntos similares (Quais correlações e associações você pode fazer com relação ao texto? Faça breves anotações, infográficos ou desenhos. 4) Experimente decompor o texto em tópicos acrescidos de um breve comentário. Após ter feito essa decomposição, faça um resumo, reconstruindo o texto com suas próprias palavras a partir dos tópicos. 5) Estabeleça um diálogo sobre o texto utilizando o fórum entre pares no AVA. Você poderá construir um “mapa mental” sobre o assunto estudado. 6) Faça uso do material complementar disponível na Biblioteca Virtual no AVA. Votos de sucesso em seus estudos! EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 99 / / 7878 ESTRUTURA DA DISCIPLINA A disciplina “Comunicação e Comportamento Interpessoal” pertencente ao Campo Técnico Especializado e à área das Ciências Sociais Aplicadas, tem como objetivos específicos: a) Caracterizar a comunicação, seus meios e a importância do saber ouvir (Cn); b) Identificar a boa comunicação, a filtragem e as percepções das pessoas no processo de comunicação (Cp); c) Identificar as principais características da comunicação no ambiente de trabalho (Cn); d) Compreender os tipos de comportamentos voltados ao relacionamento interpessoal (Cp); e) Identificar as características do relacionamento interpessoal e do ser humano como ser social (Cn); e f) Descrever a autorrevelação, a janela de JOHARI e as formas de relacionamento interpessoal nos grupos (Cn). Buscando atingir os objetivos específicos, a disciplina contará com uma carga horária de 34 (trinta e quatro) tempos para instrução e 04 (quatro) tempos para avaliação, distribuídos em 03 (três) unidades didáticas: 1) Comunicação Interpessoal 2) Comunicação no ambiente de trabalho 3) Relacionamento interpessoal, autorrevelação e a janela de JOHARI EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 1010 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR A Unidade 1 está estruturada da seguinte forma: 1. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Objetivos específicos da Unidade 1: a) Caracterizar a comunicação, seus meios e a importância do saber ouvir (Cn); e b) Identificar a boa comunicação, a filtragem e as percepções das pessoas no processo de comunicação (Cp). SUBUNIDADE OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS 1. AS ESPECIFICIDADES DA COMUNICAÇÃO E O “SABER OUVIR” a) Apontar os princípios do processo de comunicação (Cn); b) Enumerar os meios de comunicação (Cn); e c) Distinguir a importância do saber ouvir no contexto pessoal e fora desse contexto (Cp). 2. A BOA COMUNICAÇÃO a) Destacar a filtragem na comunicação (Cn); b) Caracterizar as percepções de cada pessoa no processo de comunicação (Cn); e c) Descrever as características da boa comunicação (Cp). A Unidade 2 está assim estruturada: 2. COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO Objetivos específicos da Unidade 2: a) Identificar as principais características dacomunicação no ambiente de trabalho (Cn) SUBUNIDADE OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS 1. AMBIENTE DE TRABALHO E O COMUNICAR-SE a) Caracterizar o uso de termos técnicos nas profissões (Cn); b) Enumerar os meios de comunicação (Cn); e c) Identificar a comunicação institucional (Cn). EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 1111 / / 7878 Por fim, a Unidade 3 está estruturada da seguinte forma: 3. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL, AUTORREVELAÇÃO E A JANELA DE JOHARI Objetivos específicos da Unidade 3: a) Compreender os tipos de comportamentos voltados ao relacionamento interpessoal (Cp); b) Identificar as características do relacionamento interpessoal e do ser humano como ser social (Cn); e c) Descrever a autorrevelação, a janela de JOHARI e as formas de relacionamento interpessoal nos grupos (Cn). SUBUNIDADE OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS 1. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E O SER SOCIAL a) Descrever as características principais do histórico das relações interpessoais (Cn); b) Identificar as características na formação de relacionamentos (Cn); c) Apontar o ser humano como ser social (Cn); e d) Identificar as formas de desenvolver e manter relacionamentos (Cn). 2. TIPOS DE COMPORTAMENTOS a) Apontar os tipos de comportamentos voltados ao relacionamento interpessoal (Cn); e b) Distinguir os tipos de comportamentos no contexto das relações interpessoais (Cp). 3. A AUTORREVELAÇÃO E A JANELA DE JOHARI E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NOS GRUPOS a) Conceituar a autorrevelação e a janela de JOHARI nos relacionamentos (Cn); e b) Apontar as características das relações interpessoais nos grupos (Cn). EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 1212 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR CAPÍTULO 1 - AS ESPECIFICIDADES DA COMUNICAÇÃO Olá! Ao longo da leitura, você observará algumas estratégias as quais utilizamos para facilitar a sua compreensão. Queremos que nosso contato seja proveitoso, agradável e que essa fase da sua vida seja lembrada pelo sucesso alcançado por meio de seu esforço e sua dedicação. Passaremos algumas horas juntos e a todo momento dialogaremos sobre assuntos com os quais você convive diariamente. É importante destacar que você será o “ator” na construção da própria aprendizagem, por isso leia e responda todos os questionamentos e respeite os marcadores, pois a metodologia utilizada na confecção do material busca minimizar dúvidas, produzir reflexões e desenvolver a sua aprendizagem e as habilidades necessárias. Compreender, interpretar, analisar e avaliar são pontos importantes para o eu aprendido. Esperamos que nossa convivência contribua ainda mais para seu aperfeiçoamento e a construção das habilidades necessárias para seu sucesso profissional. TÓPICO 1.1 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Iniciaremos nossa conversa tentando responder à pergunta: O que é a comunicação? Vamos descobrir juntos? Uma primeira resposta nos diz que a Comunicação é a transferência de informação e compreensão de uma pessoa para a outra. É uma forma de atingir os outros com ideias, fatos, pensamentos, sentimentos e valores. Ela é uma ponte do sentido entre as pessoas, de tal forma que elas podem compartilhar aquilo que sentem e sabem. A comunicação é um processo ou sucessão de fenômenos ligados à troca de mensagens. Durante a comunicação são transmitimos conteúdos intelectuais e/ou emocionais; esses conteúdos ocorrem simultaneamente durante a mensagem. Um aspecto importante da comunicação é que ela sempre envolve, no mínimo, duas pessoas: aquela que emite a mensagem (emissor) e aquela que recebe a mensagem (receptor) (Figura 1). EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 1313 / / 7878 Além do emissor e do receptor, existem outros elementos que compõem a comunicação, os quais estão descritos a seguir: Emissor (fonte): é o indivíduo ou grupo que emite a mensagem com ideias, informações, necessidades, ou desejos e o propósito de comunicá-los a uma pessoa ou grupo de pessoas (BERLO, 1999). Codificação: significa formular o conteúdo por meio de símbolos (palavras, gestos, etc.) e selecionar o veículo mais adequado para a transmissão da informação. O emissor precisa tentar estabelecer um significado “mútuo” (BERLO, 1999; OLIVEIRA, 2005). Mensagem: é a forma física na qual o emissor codifica a informação com o objetivo de transmiti-la a alguém. A mensagem pode ter qualquer forma que possa ser captada e compreendida por um ou mais sentidos do receptor (OLIVEIRA, 2005). Canal: é o meio de transmissão de uma pessoa a outra (a voz, papel, meios eletrônicos). O canal deve ser adequado à mensagem, para que a comunicação seja eficiente e eficaz (STONER e FREEMAN,1999; OLIVEIRA, 2005). Receptor: é a pessoa ou grupo a quem se destina a mensagem, logo ele é o alvo da comunicação. Se a mensagem não chegar ao receptor ou este não a compreender, a comunicação não acontece (BERLO, 1999). Decodificação: ocorre quando a mensagem chega e os símbolos utilizados na codificação são traduzidos em informações e sentimentos significativos pelo destinatário. O receptor deve perceber a mensagem e em seguida interpretá-la. Em geral, quanto mais a decodificação do EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) FONTE: O AUTOR (2020). FIGURA 1 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ENTRE EMISSOR E RECEPTOR 1414 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR receptor se aproxima da mensagem pretendida pelo emissor, mais eficaz será a comunicação (SOUZA e FERREIRA,1999; OLIVEIRA, 2005). E como estão nossos estudos até aqui? Vamos em frente!! Vimos até aqui alguns aspectos da comunicação e os elementos que a compõem. Na sequência, daremos continuidade ao estudo da comunicação em seus diferentes aspectos e a influência destes no comportamento interpessoal. TÓPICO 1.2 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE DUAS VIAS O processo de comunicação de duas vias é o método pelo qual o emissor atinge o receptor com a mensagem obtendo seu feedback (LOURENÇO, 2011). Esse processo requer oito etapas, independentemente se há fala de ambas ou de apenas uma das partes envolvidas na comunicação, ou ainda se esta se dá por sinais ou por qualquer outro meio. As etapas do processo de comunicação de duas vias são (DAVIS, 1996) estas: Primeira etapa: consiste em elaborar uma ideia que o emissor deseja transmitir. Segunda etapa: trata-se de codificar a ideia; nessa etapa, o emissor determina o método de transmissão para que as palavras e símbolos possam ser organizados de modo adequado ao tipo de transmissão. Terceira etapa: consiste na transmissão da mensagem elaborada por meio do método escolhido, seja este memorando, telefone ou mesmo uma visita pessoal. Os emissores também escolhem certos canais e tentam manter a comunicação livre de barreiras e de interferências, de tal forma que as mensagens tenham a oportunidade de atingir seus receptores e atrair atenções. Quarta etapa: caracteriza-se pelo recebimento da mensagem. Dessa forma, a iniciativa é transferida ao receptor, que deve estar preparado para receber a mensagem. Quinta etapa: caracteriza-se pela decodificação a mensagem, de forma que ela possa ser compreendida. O emissor deseja que ela seja compreendida pelo receptor exatamente como foi enviada. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS- COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 1515 / / 7878 Sexta etapa: consiste em aceitar ou rejeitar a mensagem, após esta ter sido obtida e decodificada pelos receptores. Os emissores, certamente, gostariam que os receptores aceitassem sua comunicação da forma pretendida, para que as atividades pudessem se desenvolver como planejadas. Entretanto, a aceitação é uma questão de escolha e grau, de modo que o receptor tenha um considerável controle sobre se vai adotar toda a mensagem ou apenas parte dela. Alguns fatores que afetam a decisão de aceitação refletem as percepções de exatidão da mensagem e da autoridade do emissor e as implicações comportamentais para o receptor. Sétima etapa: é o uso da informação pelo receptor. Este pode descartá-la, guardá-la para o futuro ou tomar qualquer outra decisão quanto ao que fazer com a informação adquirida no processo de comunicação. Esta é uma etapa crucial da ação e o receptor tem amplo controle sobre o que fazer. Oitava etapa: Ocorre quando o receptor toma conhecimento da mensagem e responde ao emissor; nesse momento ocorre então o feedback.. Nesta etapa, a curva de comunicação torna-se completa, pois existe um fluxo na mensagem entre o emissor e o receptor, e vice-versa. A comunicação de duas vias se completa e se concretiza apenas por meio do feedback. Para facilitar a compreensão do processo, podemos compará-lo a uma partida de tênis, a qual só é possível ocorrer adequadamente se a bola lançada por um dos jogadores for rebatida pelo outro jogador no lado oposto da quadra. Esse ato de rebater a bola de tênis seria o feedback na comunicação de duas vias. Nesta, o emissor envia a mensagem, e o receptor a devolve ao emissor. O resultado é o desenvolvimento da situação, o que facilita o ajustamento e a adequação das respostas anteriores do receptor (DAVIS; NEWSTRON, 2001). Por essa razão, o feedback é essencial para uma boa comunicação; ele proporciona ao receptor a possibilidade de devolver a pergunta ou aquilo que foi expresso pelo emissor de forma decodificada, favorecendo a confirmação ou a negação do que foi dito. O feedback no processo de comunicação de duas vias apresenta funções múltiplas: • Favorece a comunicação entre emissor e receptor. • Aumenta os potenciais de confiança entre emissor e receptor. • Ajuda a reduzir ou mesmo eliminar obstáculos na comunicação. • Ajusta expectativas e necessidades do emissor. • Corrige possíveis erros do processo de comunicação, etc. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 1616 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Até esse momento vimos as etapas do processo de comunicação de duas vias e várias funções do feedback. Muitas dúvidas? Animado para continuar? Vamos em frente!!! A seguir tomaremos conhecimento dos problemas nesse tipo de comunicação. TÓPICO 1.3 - PROBLEMAS POTENCIAIS DE COMUNICAÇÃO DE DUAS VIAS Apesar dos evidentes benefícios na execução do processo de comunicação de duas vias, vale ressaltar que esta não é exclusivamente benéfica. Ela também pode causar dificuldades. Como exemplo dessas dificuldades, duas pessoas podem discordar fortemente sobre algum tópico, mas só perceberão isso quando estabelecerem uma comunicação de duas vias. Quando expuserem seus diferentes pontos de vista sobre o tópico em questão, elas poderão polarizar ainda mais, assumindo posturas com defesas mais enérgicas de suas opiniões. Não obstante, a comunicação de duas vias, ao mesmo tempo que evidencia a dificuldade quanto à exposição dos pontos de vistas individuais no exemplo proposto, ajuda a compreender a natureza de suas diferenças. Outra dificuldade que pode ocorrer é a dissonância cognitiva. Esta é um conflito interno que ocorre quando as pessoas recebem informações incompatíveis com seus próprios sistemas de valor, suas decisões anteriores ou outras informações que possam ter (LOURENÇO, 2011). As pessoas, por não se sentirem à vontade com a dissonância cognitiva, tentam removê-la ou reduzi- la. Para tal, as pessoas podem tentar obter novos dados, mudar sua interpretação, reverter suas decisões ou trocar seus valores, podendo recusar-se ainda a acreditar no comando dissonante, ou racionalizá-lo. A comunicação também sofre modificações devido aos filtros utilizados para elaborar o pensamento. Esses filtros derivam das experiências anteriores, conhecimentos prévios, questões de âmbito cultural e linguagem. Quanto maior o número de pessoas em um ambiente, maior será o número de filtragem durante o processo de comunicação, e esse fato pode causar barreiras na comunicação. Pode-se observar que, durante o processo de comunicação, ocorrem diálogos inadequados e confusos com direito a distorções decorrentes de palavras ou escrita mal expressas pelo emissor. Em contrapartida o receptor precisa codificar e decodificar a mensagem, causando EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 1717 / / 7878 diversas distorções. Por essa razão, é necessário eliminar, na medida do possível, fatores que causam distorções na mensagem emitida. Observe problemas de comunicação (ruído) na Figura 2. FONTE: O AUTOR (2020). Vimos anteriormente que o processo de comunicação apresenta diversas características e também vimos as etapas do ato de se transmitir e receber mensagens. Além disso, uma pergunta que se apresenta diz respeito à filtragem na comunicação. Vejamos a seguir um pouco mais sobre isso. Vamos fazer algumas anotações! - Procure no conteúdo estudado as palavras-chave que melhor representam o que foi estudado até aqui. - Faça uma lista dessas palavras-chave seguida de um breve comentário. - A partir da leitura delas, tente reconstruir o que foi visto. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) FIGURA 2 - RUÍDO 1818 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR TÓPICO 1.4 - FILTRAGEM NA COMUNICAÇÃO Você já passou por uma situação em que, ao transmitir uma mensagem, o receptor a interpretou de uma maneira diferente da qual você quis passar? Nesse caso, diz-se que a mensagem teve a sua informação distorcida, ou ainda, que houve filtragem na comunicação. Quando uma mensagem é recebida apenas em parte ou sua informação é distorcida, a comunicação ocorre, porém há o que se chama de filtragem. Os indivíduos, em razão de suas experiências de vida, religião, educação ou perspectivas de visão do mundo, filtram as mensagens, interpretando-as como querem ou selecionando o que querem das suas informações. Assim, pode-se dizer que filtrar é distorcer a informação para atender ao interesse pessoal do emissor ou para torná-la mais aceitável ao receptor (LACOMBE, 2017). Na Figura 3 podemos observar como ocorre esse processo na comunicação. Além das distorções normalmente existentes em qualquer comunicação, em função das próprias deficiências do processo, há aquelas filtragens que são comuns nas relações entre os chefes e os seus subordinados. A seguir encontram-se algumas razões para que as filtragens nas relações entre superiores e seus os subordinados ocorram (LACOMBE, 2017). EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) FONTE: O AUTOR (2020). FIGURA 3 – PERCEPÇÃO DA REALIDADE EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 1919 / / 7878 FILTRAGEM NA COMUNICAÇÃO:INFERIOR => SUPERIOR Algumas razões: • Os subordinados querem vantagens; • Os subordinados não confiam nos superiores; • Os superiores não mostram desejo de serem informados; • Os superiores reagem emocionalmente às más notícias; e • Os subordinados são mais leais aos colegas e subordinados que aos superiores. FILTRAGEM NA COMUNICAÇÃO: SUPERIOR => INFERIOR Algumas razões: • Os superiores não percebem as necessidades dos subordinados de receberem informações que os instruiriam e os motivariam sobre aquilo que lhes cabe; • Os superiores não dão informações aos subordinados, de forma consciente ou inconsciente, para mantê-los menos informados e, portanto, mais dependentes; • Os superiores não confiam nos subordinados; • Os superiores escondem informações que acreditam que poderiam desmotivar os subordinados. Uma boa comunicação nas relações hierárquicas é capaz de motivar muito os subordinados. Saber como seu trabalho influencia os resultados da empresa é um fator muito forte de motivação. Você já passou por uma situação na qual, ao transmitir uma mensagem, o receptor a interpretou de uma maneira diferente da qual quis passar? TÓPICO 1.5 - PERCEPÇÃO DE CADA PESSOA Para a psicologia, a neurociência e as ciências cognitivas, a percepção pode ser definida como a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 2020 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR vivências passadas, ou seja, de suas memórias. Além destas, a percepção envolve também os processos mentais e outros aspectos que podem influenciar a interpretação dos dados percebidos. Por meio da percepção, um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Em outras palavras, a percepção consiste em aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos. Como os mecanismos da percepção são influenciados por vivências e capacidades individuais, ela acaba por diferir de pessoa para pessoa, constituindo-se em um dos maiores filtros que existem. De modo geral, percebemos o que queremos perceber; vemos o que esperamos ver e ouvimos o que esperamos ouvir. Para ilustrarmos a individualidade do fenômeno da percepção, observe a Figura 4. O que você vê ao observá-la? Você consegue perceber que há mais de uma imagem nela? A ilustração (Figura 4) pode ser observada de duas formas diferentes. É possível se verem na imagem dois idosos de frente um para o outro. Ou, ainda, dois homens sentados lateralmente, um com um vaso sobre a cabeça e o outro tocando um instrumento musical de corda, havendo ainda, nesse segundo plano, uma moça observando o cenário através de uma porta. Algumas pessoas conseguem observar as duas imagens na ilustração. Porém, existem aquelas que não observam mais de uma imagem na ilustração; em geral não conseguem observar a imagem de fundo. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) FONTE: O AUTOR (2020). FIGURA 4 – PERCEPÇÃO EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 2121 / / 7878 TÓPICO 1.6 - BARREIRAS PSICOLÓGICAS Ao longo do texto, falamos sobre alguns elementos que interferem na interpretação da mensagem pelo receptor, como a filtragem e a percepção. Outro aspecto que também influência a interpretação da mensagem é a tendência, inerente a todo ser humano, a fazer julgamentos, avaliações, aprovações ou reprovações sobre qualquer mensagem emitida. Esse comportamento ocorre dentro do quadro de referências (valores, crenças, preconceitos etc. que já temos internamente) que carregamos em nossa história. Para evitar essas distorções, é necessário ver o quadro de referências do interlocutor e tentar sentir como ele é sensibilizado. A frustração, por exemplo, pode se tornar uma barreira psicológica na vida de um indivíduo, tornando-o negativo, fazendo-o achar que nada tem solução, ou seja, a pessoa já tem o julgamento de que nada dará certo. De acordo com Chiavenato (2003), existem três tipos de barreiras para a comunicação: pessoais, físicas e semânticas. Essas interferências podem limitar a compreensão. As barreiras pessoais são aquelas que surgem das emoções humanas, dos valores ou de maus hábitos de escuta. Ocorrem com frequência nas situações de trabalho. Exemplo: ressentimento, mágoa, raiva, apego de alguma situação que vai influenciar a comunicação. As barreiras físicas são interferências na comunicação que residem no ambiente no qual se dá a informação. Exemplos: barulho, paredes estáticas, disposição de mesas etc. As barreiras semânticas: a semântica é a ciência do significado, em contraste com a fonética, que é a ciência dos sons. Quase toda comunicação é simbólica, isto é, efetuada por meio de símbolos (palavras, quadros, ações) que sugerem certo significado. Exemplo: o chefe fala para o seu subordinado: “Você está fazendo um trabalho dos diabos”, e o subordinado não entende o sentido da frase. Essa barreira semântica conduz à barreira emocional e bloqueia a comunicação. Mas como podemos superar essas barreiras? Para superar as barreiras pessoais, físicas e semânticas, é preciso estar atento aos símbolos de comunicação, tais como palavras, imagens, ações não verbais. Isso requer o estudo e o uso da semântica, de modo a encorajar a compreensão. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 2222 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR A maior parte das barreiras à comunicação é superável, desde que as pessoas estejam cientes de que essas barreiras potenciais existem e desenvolvam táticas para lidar com elas. Você já passou por alguma situação em que não conseguiu se comunicar e percebeu qual seria a barreira? Tente recordar de momentos como esse e identifique as barreiras que existiam ali. Para que a comunicação se torne mais eficaz, é necessário isto: ➢ Comunicar assertivamente: a mensagem será mais bem recebida se os funcionários explicarem suas ideias explícita e diretamente. ➢ Usar canais múltiplos: a comunicação por meio de todos os canais é importante, para que os funcionários possam ver, ouvir e sentir o que se deseja informar. ➢ Usar comunicação bidirecional: o envolvimento dos receptores na conversação é necessário: o diálogo que ajuda a reduzir os mal-entendidos. ➢ Exprimir-se e apoiar-se: é importante tomar cuidados com o tom de voz, os gestos, a linguagem, o uso de pausas, etc. ➢ Compreender o receptor: a compreensão leva à empatia (habilidade de ver as coisas como a outra pessoa: colocar-se no seu lugar). A empatia conduz à comunicação aprimorada, porque as pessoas desejam comunicar-se quando se sentem compreendidas. ➢ Dar e buscar “feedbacks”: procurar sempre identificar o efeito da comunicação e utilizar o resultado da análise para aperfeiçoar o processo, estabelecendo um “círculo virtuoso” de retorno e aperfeiçoamento. De forma geral, podemos dizer que exprimir as ideias com clareza, evitar distrações, respeitar o interlocutor, certificar-se de que a mensagem foi compreendida, acompanhar o resultado e buscar retorno são os princípios da boa comunicação. TÓPICO 1.7 - MEIOS DE COMUNICAÇÕES Conhecer a influência sobre o processo de comunicação é extremamente importante para que se possa obter boa comunicação nos ambientes de nosso convívio. É também importante EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTOINTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 2323 / / 7878 considerar os tipos de comunicação (verbal/não verbal, explicita/implícita) e os canais de comunicação (formais e informais). A comunicação verbal, com o uso de palavras, pode envolve maior ou menor grau de diálogo. É unilateral quando a comunicação acontece de cima para baixo, sem regresso do destinatário ao emissor; ou bilateral, se a informação passa em ambos os sentidos, do superior ao subordinado e vice-versa, formando um ciclo contínuo de mensagem – resposta. A comunicação não verbal, é a transmissão de mensagens por meios que não utilizam as palavras. O propósito desse tipo de comunicação é exprimir os sentimentos “por trás” de uma mensagem. Esta ocorre por vários meios, tais como: ambiente (espaço físico em que a mensagem ocorre), atitude física (posição do corpo, postura, gestos da mão, expressões faciais) que comunicam a atitude do emissor em relação ao receptor e/ou mensagem, apresentação pessoal (vestuário, adornos e aparência) e outras formas implícitas de comunicação. A comunicação explícita é a que se percebe por meio das palavras, dos símbolos. A comunicação implícita são as implicações “captadas” pela maneira de transmitir a mensagem. Quanto à forma de transmitir a mensagem, a comunicação pode ser oral (coloquial, mais ágil) ou escrita (maior precisão). A escolha de uma forma ou outra dependerá do tempo, do custo e da importância da mensagem e das preferências pessoais, das habilidades individuais e dos recursos do emissor. A comunicação formal é aquela enviada, transmitida e recebida por meio da hierarquia (cadeia de comando); a comunicação informal é a mensagem que circula fora dos sistemas convencionais. Os canais formais de comunicação são os caminhos oficiais para o envio de informações dentro e fora da organização. São também meios de se enviar mensagens: publicações como boletins e jornais, reuniões, memorandos escritos, correio eletrônico, quadro de avisos tradicionais e informativos mais elevados. Os canais informais são a rede de comunicação não oficial que complementa os canais formais. A chamada “rádio corredor” é o canal de comunicação mais importante, pois se refere aos caminhos tortuosos que distorcem a informação. Esse canal de comunicação pode ser usado EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 2424 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR propositalmente para disseminar informações ao longo das linhas informais (HUGUENIN, 2012). A “rádio corredor” é o principal meio de transmissão de boatos e pode criar sérios problemas. Boatos podem ser prejudiciais à moral e à produtividade (HUGUENIN, 2012). A comunicação espontânea pode ocorrer no bar, perto da praça, nos corredores e no elevador. Não se deve ter preconceito em utilizar os canais informais de comunicação, pois, muitas vezes, é por meio deles, ou seja, da informalidade de um encontro, que é possível coletar valiosas informações. Encontros não programados entre superiores e subordinados podem configurar um canal de comunicação informal eficiente e eficaz. Os superiores eficazes não restringem suas comunicações às reuniões formais; eles coletam também informações valiosas durante encontros casuais (CARVALHO, 2012). Apesar do avanço das tecnologias e das redes sociais, o contato direto ainda é o melhor e mais eficaz meio de comunicação. Existem comportamentos, voluntários ou involuntários, que somente são vistos pelo contato direto, como, por exemplo: ➢ A aparência física; ➢ Gestual; ➢ Contato visual; ➢ Cruzamento dos braços; ➢ Sorriso; ➢ Postura; ➢ Movimentos corporais; ➢ Expressão facial; e ➢ Vestimenta. Indivíduos não se comunicam somente por palavras, mas também pelo movimento do corpo. Fazer contato visual e se inclinar também representam abertura para ouvir o outro; assim como cruzar os braços, por exemplo, indica posição defensiva na maioria das vezes. Estamos tentados a tocar com frequência as pessoas com quem temos mais intimidade ou de quem EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 2525 / / 7878 gostamos mais. Todos esses comportamentos são exemplos de linguagem corporal. Quando o meio de comunicação se dá por contato direto, além da linguagem verbal, os envolvidos no processo experimentam também a linguagem corporal, um tipo de linguagem não verbal. Em geral a linguagem corporal fornece informações que os outros meios não têm condições de passar. O tom de voz também pode indicar vários sentidos na mensagem expressa. Imagine, por exemplo, que há várias entonações que podem ser dadas à pergunta: “Quem é o responsável?”. Algumas pesquisas indicaram que, em muitos casos, a expressão facial, a linguagem corporal e a entonação correspondem a 90% do conteúdo da mensagem; e as palavras, apenas 10% (LACOMBE, 2012). Falar sobre comunicação é sempre muito interessante, não acha? Percebe agora como nos comunicamos de diversas maneiras? O nosso diálogo ao longo do nosso estudo é outro exemplo disso, não concorda? Vamos fazer algumas anotações! - Procure no conteúdo estudado as palavras-chave que melhor representam o que foi estudado até aqui. - Faça uma lista dessas palavras-chave seguida de um breve comentário. - A partir da leitura delas, tente reconstruir o que foi visto. Mintzberg (1973) realizou um estudo o qual mostrou que um dirigente (supervisor/gerente) ocupa dois terços da sua atividade profissional com “trocas verbais” com seus chefes, subordinados, colegas de outras áreas e pessoas de fora da instituição. Esse estudo tem se mostrado válido ainda nos dias de hoje. Assim, o uso da palavra é o instrumento de gestão por excelência do dirigente e seu meio privilegiado de entrar em contato com os outros para obter resultados (LACOMBE, 2012). EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 2626 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Observe a Figura 5 e diga qual a sua impressão sobre ela? FONTE: O AUTOR (2020). Os contatos diretos ocorrem em palestras, encontros pessoais, conversas formais ou informais, grupos de trabalho, reuniões formais periódicas, conversas no almoço, encontros fortuitos e, até mesmo, festas e comemorações internas na empresa, na igreja ou clubes e academias. Segundo um estudo intitulado “o momento humano no trabalho”, publicado por Edward Hallowell1, a maior parte dos altos executivos se comunicam com seus subordinados por meio de correio eletrônico e correio de voz, raramente compartilham decisões por meio de contato direto. A sala dos chefes são distantes dos empregados, e reuniões ocorrem de portas fechadas com a presença somente de altos executivos. São raros os momentos em que se encontram com subordinados (estacionamento ou nos corredores da empresa), os problemas são reprimidos e difíceis de serem resolvidos sem o contato direto. A solução para uma comunicação positiva é simples: o contato pessoal; conversa com contato visual, focar na pessoa com quem se está sendo necessário proporcionar ao emissor atenção emocional, intelectual e presença física (SCARIOLI, 2017). Conforme relatam estudos psicológicos realizados em diversos países, o contato pessoal é fundamental desde a infância até a velhice, para a eficiência do trabalho como também para a saúde emocional das pessoas. Lugares que não estimulam o contato pessoal tendem a criar um 1 Edward McKey “ Ned” Hallowell é um psiquiatra americano especializadoem Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ele é o co-autor dos livros Driven to Distraction (1994) e Delivered From Distraction. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) FIGURA 5 – COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 2727 / / 7878 ambiente artificial, frio e, por vezes, estressante. Locais assim, corre o risco de perder os melhores indivíduos (Gross 2013). TÓPICO 1.8 - OS DOCUMENTOS ESCRITOS E OS MEIOS ELETRÔNICOS Notoriamente, a comunicação vem sofrendo transformações ao longo dos anos. Um dos fatores que tem causado grande impacto sobre a comunicação, causando mudanças nesta, consiste no uso de meios tecnológicos como veículos para exercê-la. Em razão desse fato, acrescentaremos a questão tecnológica da comunicação para enriquecermos ainda mais as reflexões sobre o assunto tratado nesta apostila. Os documentos escritos (relatórios, cartas, boletins, atas de reuniões, memorandos, etc.) proporcionam uma comunicação um tanto precisa, sendo um meio eficiente de comunicação, no entanto eles não devem substituir, de forma alguma, o contato direto. Neste podem-se evitar muitas distorções daquilo que se quer dizer e tem-se a possibilidade de feedback. Os meios eletrônicos têm sido extensivamente utilizados como ferramentas de comunicação nos mais variados tipos e tamanhos de organizações, sejam do setor público sejam do privado. Um exemplo da utilização de meios eletrônicos como ferramenta de comunicação: reuniões e outros eventos institucionais são frequentemente informados por intranet, por e-mail ou por redes sociais. Pode-se observar que, em reuniões, sempre existe um microcomputador com uma impressora, ou um escâner para digitalizar informações colocadas sobre papel e gravá-las em meio magnético. Contudo, é notável que os meios eletrônicos facilitam, e muito, o dia a dia, mas não se pode substituir o contato direto por eles. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) FONTE: O AUTOR (2019). FIGURA 6 – COMUNICAÇÃO ESCRITA 2828 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Que tal uma pausa para esticarmos as pernas e tomarmos uma água? Aproveite e faça uma breve reflexo: Quais pontos positivos e negativos de uma reunião onde a comunicação é feita por meio físico e outra onde é feita por meio virtual? Vamos fazer algumas anotações! - Procure no conteúdo estudado as palavras- chave que melhor representam o que foi estudado até aqui. - Faça uma lista dessas palavras-chave seguida de um breve comentário. - A partir da leitura delas, tente reconstruir o que foi visto. Agora, que tal uma pausa? Parabéns por ter avançado até aqui! Está na hora de fazer uma pausa. Lembre-se de que o descanso e a reflexão fazem parte do estudo. TÓPICO 1.9 - CARACTERÍSTICAS DA BOA COMUNICAÇÃO Algumas características são determinantes para que haja uma boa comunicação. Entre elas encontram-se estas: a capacidade de saber ouvir ao se receber uma mensagem por comunicação verbal, a linguagem adequada, seja falada seja escrita, a objetividade, a fidelidade ao pensamento original, entre outras. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 2929 / / 7878 A capacidade de ouvir é imprescindível para se gerar uma boa comunicação. Isso decorre do fato de que, nessa condição, o receptor encontra-se focado em compreender a mensagem emitida, garantindo uma interpretação mais efetiva do que o emissor deseja transmitir. Para que isso seja posto em prática, é importante que o receptor saiba permanecer em silêncio, dispensando toda sua atenção ao emissor e, no momento certo, saiba resumir aquilo que foi falado, para que não fique nenhuma dúvida do que de fato se pretendia transmitir na mensagem. Mas, de fato, quais as características de uma comunicação clara? Para uma comunicação adequada, existem algumas características a serem observadas; Objetividade Conhecimento do interlocutor (público-alvo). Compreensão do interlocutor (saber ouvir). Linguagem adequada Clareza e simplicidade. Preferência pela voz ativa. Correção. Concisão. Fidelidade ao pensamento original Tradução do pensamento nas palavras certas. Eliminação da filtragem (garantia da precisão do pensamento e se este foi captado pelo receptor). Com documentos escritos os cuidados devem ser redobrados A comunicação por meio de documentos escritos deve ser executada da forma mais criteriosa possível, evitando-se, dessa forma, problemas posteriores de interpretação do texto. Para tanto, deve-se privilegiar o uso de termos claros e simples, de modo que os leitores do texto saibam o que deve ser feito e como fazê-lo. É recomendável também evitar palavras difíceis e frases demasiadamente rebuscadas. Além disso, deve-se dar ao texto, na medida do possível, a EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 3030 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR forma da linguagem corrente, sem torná-la, contudo, coloquial, pois esta não seria a linguagem adequada para se utilizar em documentos. Deve-se ter o cuidado de, após escrever o texto, submetê-lo às correções necessárias, se for o caso, para evitar os erros gramaticais, porém sem alterar seu conteúdo básico. Para isso, é importante ter em mão uma boa gramática e um bom dicionário para consultá-los em caso de dúvidas. Eles auxiliam na ampliação do vocabulário, promovendo seu enriquecimento, sua atualização e sua modernização. Ser conciso também é importante para uma boa escrita, o que é alcançado procurando dizer apenas o estritamente necessário. Ir direto ao assunto, sem prólogos ou epílogos. Expressar-se com o menor número de frases ou palavras, omitindo expressões redundantes. Quanto mais longas as frases, mais cansativa a leitura. Além disso, quem escreve deve colocar-se no lugar do leitor, tendo-o sempre no pensamento procurando avaliar quais seriam suas maiores dificuldades no entendimento do assunto. Por fim, preferencialmente, a redação do documento deve ser feita em um dia e a revisão do texto feita em outro, quando as condicionantes de trabalho serão diferentes. É desejável também que o texto seja submetido à leitura e análise de outras pessoas antes de sua emissão, pois o que está claro para quem o redigiu pode não o estar para outras pessoas. TÓPICO 1.10 - A IMPORTÂNCIA DE SABER OUVIR No tópico anterior, discorremos sobre algumas características para se chegar a uma comunicação adequada, tendo como foco a figura do emissor. Agora abordaremos um pouco sobre a figura do receptor, como ouvinte. O saber ouvir é uma das melhores ferramentas para uma boa comunicação. Quando se focaliza a atenção no emissor, demonstra-se a ele que se está disposto a ouvi-lo e a tentar compreender, da maneira mais clara possível, sua mensagem. Dessa forma, o emissor sente-se respeitado e confortável para expressar seu pensamento. Você seria capaz de repetir o que as outras pessoas lhe disseram? Você já ouviu você mesmo? Um mau ouvinte desrespeita a presença do emissor, tende a interpretar, de forma emocional, o que ouve e, com frequência, entra em conflito com aquele que fala. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTOINTERPESSOAL 3131 / / 7878 A verdade é que todos ouvem, mas poucos ouvem bem. Poucos aprendem a arte de entrevistar. Entrevistar não se refere somente ao processo em que se submete a perguntas com a finalidade de se conseguir um emprego; ela está presente em qualquer diálogo, Na família, na escola, no trabalho, etc. deve haver entrevista. Contudo, para uma boa comunicação, deve-se deixar o entrevistado falar livremente; não fale o tempo todo. Disciplina e dedicação são determinantes para se tornar um bom ouvinte. E para desenvolver esses dois fatores deve-se • Prestar atenção ao que está sendo dito e não ao que se vai responder depois; • Permitir que os outros terminem sua fala antes de responder; e • Fazer um resumo do que foi ouvido para que o interlocutor tenha oportunidade de esclarecer sua mensagem. Existem algumas expressões que ajudam nosso emissor a falar, como, por exemplo: • Você tem mais alguma coisa a dizer? • É isso mesmo que você quis dizer? (Repetir o que foi dito). • Você pensou bem no assunto? • Você está certo do que pretende fazer? Você está interessado em ajudar a outra pessoa a falar? Se a resposta dessa pergunta for sim, você entenderá que ouvir é muito mais que apenas não falar. Você deve perceber que ouvir significa: compreender o outro, estar interessado no que está sendo dito, ajudar o outro a comunicar-se mais livremente e favorecer o desbloqueio de inibições à comunicação. Vamos fazer algumas anotações! - Procure no conteúdo estudado as palavras-chave que melhor representam o que foi estudado até aqui. - Faça uma lista dessas palavras-chave seguida de um breve comentário. - A partir da leitura delas, tente reconstruir o que foi visto. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 3232 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Agora, que tal uma pausa? Parabéns por ter avançado até aqui! Está na hora de fazer uma pausa. Lembre-se de que o descanso e a reflexão fazem parte do estudo. Está na hora de resumir! A partir de suas anotações, reconstrua com suas palavras todo o estudo em um ou dois parágrafos, ou se referir, elabore um mapa mental ou um infográfico sobre o texto. Exercícios para Aprendizagem do Capítulo. Vamos resolver alguns exercícios? Dedique-se à resolução destes exercícios para aprender cada vez mais o assunto desta disciplina. Vamos em frente! 1. A comunicação é a transferência de informação e compreensão de uma pessoa para outra. É uma forma de atingir os outros com ideias, fatos, pensamentos, sentimentos e valores. Saberia dizer quais os elementos que intervêm na comunicação? EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 3333 / / 7878 2. Estudamos que a comunicação sofre muitas modificações e interferências durante o seu processo. Quais seriam essas interferências? 3. Conhecer a influência sobre o processo de comunicação é extremamente importante para que se possa obter uma boa comunicação. Da mesma maneira, é de suma importância considerar os tipos e os canais de comunicação. Você consegue lembrar quais são eles? CAPÍTULO 2 - RELACIONAMENTO INTERPESSOAL TÓPICO 2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS No texto a seguir, passaremos por estudos históricos a fim de descrever as principais características das relações interpessoais. Você já pensou como foi a história das relações interpessoais? Vejamos um pouco então! Um grande período de nossa vida passamos nos relacionando com outras pessoas. Aqueles que evitam, por alguma razão, os contatos sociais, isolando-se, apresentam maior probabilidade de problemas psiquiátricos, tais como dependência psicoativa, alcoolismo, depressão episódica e sentem-se infelizes. A ausência de relações satisfatórias também podem prejudicar efetivamente a saúde física, causando doenças, estresse crônico e tendências ao suicídio. Estudos sobre inteligência social, sensibilidade, empatia, desenvolvimento interpessoal, assertividade e inteligência emocional são destaques na nossa sociedade atual. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 3434 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR O estudo sistemático das interações sociais teve início na psicologia com estudos sobre desenvolvimento humano e socialização (Harzem e Miles, 1978). O interesse pelo comportamento social tornou-se notório graças à aceitação e a divulgação dos estudos de Charles Darwin 1859. Suas pesquisas levaram à conclusão de que o homem é uma das espécies mais evoluídas dos acontecimentos naturais, pois sempre aprende e adapta-se a diversas situações. Você já passou por uma situação com a qual não estava acostumado e teve de se adaptar? Um dos primeiros pesquisadores sobre os relacionamentos interpessoais foi Kurt Lewin1, Segundo ele, a “produtividade de um grupo e a qualidade desses relacionamentos estão estreitamente ligados com a competência de seus membros, mas, sobretudo, com o auxílio de suas relações interpessoais” (MAILHIOT, 1976 apud DA COSTA, 2003). A teoria de Schutz refere-se às necessidades de inclusão, de controle e de afeição, seus estudos formaram a base do entendimento de “espírito de corpo”, algo muito falado nos meios militares. Quantas vezes, dentro de sua carreira militar, você já deve ter escutado esse jargão? Em geral, os autores concordam que valorizar as relações interpessoais é extremamente positivo para os membros e para as organizações, pois melhora a sua produtividade e a sua qualidade de vida. Faz-se fundamental entender, portanto, como esses relacionamentos surgem e como se desenvolvem. Neste tópico iniciamos nossos estudos com uma introdução sobre as relações interpessoais. Anteriormente, vimos a necessidade e as consequências que a falta dessas relações podem causar ao ser humano. Mas quais serão os motivos pelos quais formamos relacionamentos? Vamos ver a seguir! TÓPICO 2.2 - POR QUE FORMAMOS RELACIONAMENTOS? Muitos estudiosos sociais têm tentado responder a essa pergunta, e algumas hipóteses foram levantadas. Vamos conhecê-las? Essas hipóteses estão descritas a seguir, de acordo com Rocha, Rocha e Duran (2009). 1 Kurt Lewin era um psicólogo alemão-americano, conhecido como um dos pioneiros modernos da psicologia social, organizacional e aplicada nos Estados Unidos. 2. William Schutz psicólogo americano, em 1958, apresentou uma teoria das relações interpessoais que chamou: Fundamental Orientação Relações Interpessoais (FIRO). EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 3535 / / 7878 a) ATRAÇÃO Alguns relacionamentos iniciam por meio da atração. Isso não significa que seja apenas fisicamente. A atração também ocorre em razão de outras características, tais como semelhança e complementação. A semelhança diz respeito aos aspectos em que parecemos comportamentalmente com alguém com quem nos relacionamos, e a complementação são os aspectos, também comportamentais, que nos diferem. Algumas vezes nos relacionamos com pessoas parecidas porque isso nos traz conforto e libera um sentimento agradável como se estivéssemos “em casa”. No entanto, a semelhança também pode ser causador de divergências, proporcionando repulsa se a semelhança for muito grande, pois o que parece ser negativo na personalidade de um será também na personalidade dooutro. Assim, dependendo do número de divergências, o relacionamento pode ficar ameaçado (ROCHA, ROCHA E DURAN, 2009). Os especialistas relatam que há sentimentos de aversão mais fortes por pessoas parecidas, mas ofensivas, do que por pessoas ofensivas, mas diferentes. Isso porque provavelmente tais pessoas ameaçam nossa autoestima, levando-nos a recear que possamos ser tão desagradáveis quanto elas. A frase “os opostos se atraem” parece ir ao encontro desse comportamento descrito, pois as diferenças tendem a fortalecer os relacionamentos quando são complementares (ROCHA, ROCHA E DURAN, 2009). b) RECIPROCIDADE A reciprocidade fortalece os vínculos no começo de qualquer relacionamento, afinal somos atraídos por pessoas que gostam de nós, que nos estimulam, fatos positivos para a autoestima. Essa aproximação pode confirmar um autoconceito, por exemplo, de que somos agradáveis. c) COMPETÊNCIA As pessoas talentosas tendem a ser bastante atraentes, talvez porque esperamos que elas nos contagiem com seus dons e suas habilidades, porém essa atração ocorre quando seus defeitos também são aparentes (demonstrando que são seres humanos falhos como qualquer pessoa). Por outro lado, essas pessoas talentosas podem também nos constranger se suas habilidades forem muito além do esperado, tornando as comparações evidentes demais, deixando-nos com uma baixa autoestima. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 3636 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR d) REVELAÇÃO Pessoas que compartilham informações sobre sua história de vida, por exemplo, podem atrair pessoas para si. Essa atitude indica para algumas pessoas que somos parecidos em experiências ou em atitudes. O ato de compartilhar informações cria a sensação de confiança e respeito, aumentando a atração e o comprometimento do outro com relação a nós. e) PROXIMIDADE A proximidade ocorre com aquelas pessoas com as quais interagimos mais frequentemente, pois passamos a conhecer suas atitudes, suas habilidades e seus defeitos por meio da convivência. Isso nos faz desenvolver sentimentos profundos (positivos e/ou negativos) com essas pessoas, como, por exemplo, simpatia ou rejeição. f) INTIMIDADE Buscamos intimidade o tempo todo, por isso os relacionamentos afetivos são essenciais para nosso crescimento emocional. Porém, a intimidade não ocorre sempre da mesma forma; ela apresenta algumas dimensões que veremos adiante. A intimidade tem origem no contato, na união, na associação e no conhecimento que temos do outro, e para isso é essencial que se tenha proximidade. Rocha, Rocha e Duran (2009), descreveram 4 dimensões da intimidade, conforme relacionado a seguir: • A primeira é a física: o contato físico traz intimidade. Ações como abraços afetuosos, beijos e até brigas são exemplos desse tipo de proximidade. Todos esses contatos físicos estimulam a intimidade entre as pessoas. • A segunda é a comunhão intelectual: obviamente, nem toda troca de ideias pode ser considerada intimidade. Mas, quando dialogamos com outra pessoa e trocamos importantes ideias, surge uma espécie de intimidade a ser considerada numa relação interpessoal. • A terceira é a emocional: um envolvimento de sentimentos importantes: interdependência, amplitude, profundidade e compromisso. É a intimidade que nos valida, que nos sustenta. A intimidade emocional pode trazer validações positivas, como criar sentimentos de “você é importante, é competente”, mas também pode causar sentimentos de rejeição ou inferioridade, como “você é incompetente, você faz tudo errado”. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 3737 / / 7878 • A quarta envolve as atividades partilhadas: realizar atividades em grupo em prol de um objetivo são trocas que tendem a ser bastantes significativas, como, por exemplo, fazer parte de um time de futebol profissional. Importante ressaltar que algumas pessoas possuem os quatro níveis de intimidade (física, intelectual, emocional e atividades partilhadas), porém a maioria possui apenas uma. g) RECOMPENSAS Cientistas sociais relatam que os relacionamentos (pessoais e impessoais) constituem-se da teoria do intercâmbio social ou da troca (THIBAUT E KELLEY, 1959). Esse modelo sugere que muitas vezes procuramos pessoas que podem nos proporcionar recompensas - concretas ou emocionais - que são maiores ou iguais ao nosso custo para lidar com elas. Recompensas, aqui, são entendidas como quaisquer resultados que desejamos. Os custos são os resultados indesejáveis. E disso tudo deriva uma fórmula simples que explicaria o intercâmbio social e o motivo pelo qual formamos e mantemos relacionamentos (ROCHA, ROCHA E DURAN, 2009): Recompensas – Custos = Resultado Segundo essa teoria, rotineiramente utilizamos essa fórmula para refletirmos se vale ou não a pena nos relacionarmos com determinada pessoa. Em algum momento você já se deparou pensando se valeria a pena manter ou não a amizade com uma certa pessoa? Mesmo parecendo algo desprezível, dá-nos a impressão de ser um raciocínio bastante adequado. Importante ressaltar que custos e recompensas não existem isoladamente. Vamos fazer algumas anotações! - Procure, no conteúdo estudado, as palavras- chave que melhor representam o que foi estudado até aqui. - Faça uma lista dessas palavras-chave seguida de um breve comentário. - A partir da leitura delas, tente reconstruir o que foi visto. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 3838 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Agora, que tal uma pausa? Parabéns por ter avançado até aqui! Está na hora de fazer uma pausa. Lembre-se de que o descanso e a reflexão fazem parte do estudo. TÓPICO 2.3 - COMO DESENVOLVER E MANTER RELACIONAMENTOS? Até o momento, atentamos-nos em entender como e por que os relacionamentos interpessoais se iniciam. Agora, estudaremos como se desenvolvem e permanecem. Mark Knapp1 dividiu em 10 estágios a evolução dos relacionamentos, desde seu ponto mais alto até a queda. Outros estudiosos reduziram esse modelo em duas áreas, incluindo uma terceira, chamada de manutenção relacional, que propõe manter os relacionamentos de forma mais tranquila e satisfatória. No entanto, vamos focar nos dez estágios propostos por Knapp, os quais foram descritos por Rocha, Rocha e Duran (2009), conforme consta a seguir Estágio 1: Início — o objetivo é manifestar interesse em relacionar-se com a pessoa, com comunicação breve e seguindo fórmulas convencionais (como apertos de mão e comentários gerais). Estágio 2: Experimentação — o objetivo é reduzir a incerteza sobre a coragem de aprofundar ou não nos relacionamento. Assim, as ações são voltadas a adquirir mais informações sobre o outro. A característica principal desse estágio é o diálogo inconsequente e descompromissado. Estágio 3: Intensificação — o objetivo aqui é de um relacionamento mais íntimo. A comunicação se torna mais intensa; as maneiras de tratamento, mais profundas. As “avaliações” 1 Mark L. Knapp é professor emérito do centenário de Jesse H. Jones e professor emérito de Distinguished Teaching, na Universidade do Texas, em Austin. Ele é conhecido internacionalmente por sua pesquisa e por escrever sobre comunicação não verbal e comunicação no desenvolvimento de relacionamentos. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEARCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 3939 / / 7878 sobre o parceiro continuam. E nesse estágio que começam as expressões de sentimento de comprometimento. Estágio 4: Integração — nesse estágio, o relacionamento se aquece, e as partes começam a assumir uma identidade harmônica social. Os parceiros desenvolvem formas distintas e rituais de se comportarem. É o momento em que juntamos algumas características de nossas antigas personalidades e nos tornamos pessoas diferentes (isso porque nos tornamos membros daquela unidade). O vínculo com o outro aumenta e caracteriza um senso maior de solidariedade relacional. Estágio 5: Vinculação — esse estágio é marcado por um momento concluente no relacionamento. Aqui é gerado um impulso de acordo, e as partes farão gestos públicos simbólicos para mostrar às pessoas ao redor que o relacionamento existe. Esse fato acarretará ou não um apoio social para o relacionamento. A comprovação pública e a declaração de exclusividade fazem com que esse período seja de reflexão no relacionamento. Estágio 6: Diferenciação — nesse estágio é importante que as partes mantenham suas identidades individuais. Iniciam-se, nesse estágio, algumas estratégias para alcançar privacidade. Porém, esta não precisa ser uma etapa negativa. Basta que as partes tenham o compromisso de proporcionar ao outro a liberdade para serem indivíduos. Estágio 7: Redução — até este estágio, o relacionamento caminhava em um ritmo de crescimento. Muitos relacionamentos se asseguraram assim a vida toda. Outros decaíram até se desfazerem. Este estágio é marcado por uma diminuição de interesse e compromisso das partes. Em vez de debater uma divergência, as partes optam pelo afastamento (físico ou mental). Há portanto, um considerável prejuízo na quantidade e na qualidade da comunicação. Estágio 8: Estagnação — se o relacionamento permanece em redução, provavelmente entra neste estágio. A sensação é de morbidez. Não há inovação, nem alegrias. Os pares entram numa rotina e se comportam “como sempre se comportaram”. Essa fase pode permanecer por muito tempo se nada for feito para melhorar o relacionamento. Estágio 9: Rejeição — quando a fase anterior se torna completamente desagradável, entra-se neste estágio. O futuro aqui já está definido: esse relacionamento chegará ao fim. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 4040 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Observação: o desacreditar em um relacionamento é evitável. Basta que as partes trabalhem com seus problemas de maneira a enfrentá-los, e não a evitá-los. A comunicação é fundamental para o restabelecimento da harmonia na relação. Estágio 10: Término — inclui diálogos resumidos sobre o que ocorreu com o relacionamento e o impulso de rompê-lo. Dependendo dos sentimento dos envolvidos, este estágio pode ser curto ou prolongado e sofrido. Knapp relata que um relacionamento só pode passar por um único estágio de cada vez. O relacionamento, em algum momento, poderá manifestar características de outros estágios, mas sempre apresentará características dominantes de um só. Knapp argumenta que o movimento entre os estágios é quase sempre sequencial. No geral, os relacionamentos vão desde o primeiro estágio ao último, passo a passo, à medida que se iniciam e se deterioram, não significando que todos passarão pelos dez estágios. Muitos iniciam os relacionamentos e se fixam em algum estágio. TÓPICO 2.4 - DIFERENÇAS INDIVIDUAIS Nos tópicos anteriores, retratamos como acontecem as relações interpessoais, a importância dessas relações para a saúde física e mental das pessoas, as consequências quando tais relações não acontecem, os estágios pelos quais elas passam. Não menos importante devemos apontar as características das diferenças individuais entre as pessoas, assunto tratado neste tópico. Vamos iniciar? As pessoas têm muito em comum, mas cada pessoa no mundo é também individualmente diferente. Todas as pessoas são diferentes. Este é um fato apoiado pela ciência. A noção de diferenças individuais vem originalmente da psicologia. Desde o dia do nascimento, cada pessoa é única, e as experiências individuais depois do nascimento tendem a torná-las ainda mais diferentes. Diferenças individuais significam que a administração pode conseguir maior motivação entre os empregados tratando-os de maneiras diferentes. Se não fosse por causa das diferenças individuais, algum padrão ou receita da maneira como lidar com empregados poderia ser adotado, sendo assim requerido um mínimo de julgamento dali para diante. As diferenças EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 4141 / / 7878 individuais requerem que o enfoque dos administradores a respeito dos empregados seja individual, não estatístico. Essa crença de que cada pessoa seja diferente de todas as outras é tipicamente chamada de Lei das Diferenças Individuais (DAVIS e NEWSTROM, 1998). Ao observarmos ao nosso redor, conseguimos identificar pessoas com comportamentos totalmente diferentes. Esse fato existe decorrente das diferenças individuais. Veremos, mais à frente, alguns tipos de comportamentos existentes nas relações interpessoais. Embora existam diferenças individuais, existem necessidades básicas que influenciam a vida de todos os seres humanos e várias formas de classificar essas necessidades. A mais simples delas é dividi-las em necessidades físicas básicas (necessidades primárias) e necessidades sociais e psicológicas (necessidades secundárias). As necessidades primárias incluem alimento, água, sexo, repouso, ar e temperatura agradável. Essas necessidades nascem daqueles requisitos básicos da vida e são importantes para a sobrevivência da espécie humana. São praticamente universais entre as pessoas, mas variam de intensidade de pessoa para pessoa. As necessidades também se acham condicionadas pela prática social. As secundárias são mais vagas porque representam necessidades da mente e do espírito, em lugar das necessidades orgânicas. Muitas delas desenvolvem-se na medida em que as pessoas amadurecem (TEIXEIRA, 2015). As necessidades secundárias estão fortemente condicionadas à experiência, variam quanto ao tipo e à intensidade entre as pessoas. Estão sujeitas à mudança dentro de uma mesma pessoa e funcionam em grupo mais do que isoladamente. Estão frequentemente escondidas do reconhecimento consciente. São sentimentos vagos, mas influenciam o comportamento (TEIXEIRA, 2015). TÓPICO 2.5 - TIPOS DE COMPORTAMENTOS NAS RELAÇÕES Quais seriam as tentativas de classificar os tipos de comportamentos? As pessoas tentaram classificar os tipos de comportamentos desde o tempo de Hipócrates. Assim, torna-se evidente que o como se relacionar faz toda a diferença na vida das pessoas, em uma empresa ou instituição. Esse tema vem alcançando espaço nos estudos atuais. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 4242 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Pesquisadores da Northwestern University, nos Estados Unidos, examinaram dados de mais de 1,5 milhão de pessoas e descobriram que existe pelo menos quatro grupos distintos de comportamentos: agressivo, passivo-agressivo, passivo e assertivo. Publicado na revista Nature Human Behavior1, o estudo utilizou questionários com 44 a 300 perguntas, nos quais voluntários se candidataram para responderem troca de ter mais informações sobre a própria personalidade. Vamos então estudar um pouco mais aprofundado os quatro tipos de comportamentos citados acima. O tipo de comportamento agressivo é apresentado por pessoas que têm necessidade de dominar o outro. As pessoas com esse comportamento geralmente são indivíduos rudes, procuram intimidar as pessoas e impor suas ideias. Essas pessoas agem diariamente com desrespeito, não admitem opiniões contrárias às delas, são intolerantes e gostam de depreciar os companheiros. No ambiente de trabalho, não suportam ouvir opiniões de outros (principalmente de subordinados), não ouvem e são extremamente arrogantes. Rotineiramente, têm expressões faciais “carrancudas” e vivem nervosos. As pessoas que possuem esse tipo de comportamento têm suas relações desgastadas, apresentando gastos de energia altíssimos; a relação envolvida aqui é de “poder”, dominar o outro é de fato o mais importante. No entanto, esses indivíduos são tomados inconscientemente por uma sensação de insegurança e complexo de inferioridade; ser o detentor do “poder” traz a falsa sensação de que tudo está sob controle. O tipo de comportamento passivo-agressivo é apresentado por pessoas com comportamentos mistos; são indivíduos que procuram, a todo custo, se autoafirmar, são extremamente manipuladores, influenciam pessoas a realizar seus desejos “fazendo-se de vítima” em diversas situações. Essas pessoas possuem humor sarcástico, irritante, realizam no ambiente de trabalho “brincadeiras” de mau gosto, causando constrangimento individual ou grupal. Nas relações informais, têm a tendência de fazer chantagens emocionais para conquistar o que deseja. Geralmente são pessoas depressivas. O comportamento passivo-agressivo é um traço de personalidade que se manifesta como uma resistência difusa em satisfazer expectativas de relações interpessoais ou que envolvem a execução de tarefas, o que é caracterizado por ações negativas indiretas e oposição oculta. 1 Disponível em https://www.nature.com/natumbehav EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 4343 / / 7878 Pode-se manifestar principalmente na forma de vitimização, procrastinação, teimosia, ressentimento, azedume, ou ainda na forma de falhas repetidas/deliberadas para retardar ou impedir a concretização de pedidos ou tarefas pelos quais a pessoa é responsável. O livro "Living with the Passive-Aggressive Man" enumera alguns comportamentos que sinalizam o comportamento passivo-agressivo (WETZLER, 1992): • Ambiguidade ou discurso enigmático como forma de imprimir um sentimento de insegurança nos outros. • Atrasos e esquecimentos constantes, que operam como um modo de obter controle ou de punição. • Medo de competição. • Medo de dependência. • Medo de intimidade, que se expressa como manifestação de raiva. A desconfiança impede o passivo-agressivo de tornar-se íntimo de alguém. • Camuflagem na forma de confusão planejada. • Justificativas para falhas em trabalhos em equipe. • Má-vontade deliberada. • Procrastinação. • Mal humor ostensivo como forma de desanimar as pessoas ao redor em pedir coisas. • Respostas vitimizadoras: em vez de reconhecer as próprias fraquezas, tende a culpar os outros. Consegue identificar algumas dessas características em seu setor de trabalho? Com certeza você já se deparou com diversas situações que o fizeram pensar sobre qual o melhor comportamento a adotar. Espero que agora você utilize as informações aprendidas nesses momentos. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) 4444 / / 7878 CCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL EEAREEAR Vamos fazer algumas anotações! - Procure no conteúdo estudado as palavras- chave que melhor representam o que foi estudado até aqui. - Faça uma lista dessas palavras-chave seguida de um breve comentário. - A partir da leitura delas, tente reconstruir o que foi visto. O comportamento passivo-agressivo pode surgir como mecanismo de defesa por parte da criança em ambientes familiares nos quais não é muito seguro expressar frustração ou raiva. Quando bloqueada a expressão honesta dos sentimentos, a psique em formação da criança engendra formas de reprimir e canalizar a agressão valendo-se de formas indiretas. Crianças que reprimem profundamente sua agressividade podem nunca superar tal comportamento. Tornam-se incapazes de desenvolver estratégias para se expressar, tornam-se adultos que, debaixo de uma postura doce e frágil, ecoam intenções vingativas. Martin Kantor1 sugere três tipos de problemas que contribuem para a constituição de estratégias passivo- agressivas nos indivíduos: conflitos sobre dependência, controle e competição. O indivíduo de comportamento passivo tem como característica principal o não querer desagradar. Esse indivíduo apresenta dificuldades em dizer NÃO. No ambiente de trabalho, mesmo com o tempo escasso, a pessoa, sempre que acionada por algum colega ou chefe, adquirir tarefas extras por não saber dizer não. Essas pessoas temem conflitos, procuram, a todo custo, fugir de diálogos que causam discussões. O indivíduo com característica de personalidade passiva geralmente é confuso e sempre coloca em posição de vítima nas situações de conflito ao seu redor. Até o momento, observamos comportamentos que trazem prejuízos em suas relações; a partir de agora, vamos nos atentar às característica de personalidade mais saudável para as relações interpessoais e institucionais: o assertivo. 1 Martin Kantor, MD, é um psiquiatra treinado em Havard que tem trabalhado em consultório particular em Boston e Nova York, e atuou como professor clínico assistente de psiquiatria na Mount Sinai Medical School. EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF)EEAR – DIVISÃO DE ENSINO DE PÓS FORMAÇÃO (DEPF) EEAR EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOALCAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 4545 / / 7878 As pessoas com comportamentos assertivos são geralmente líderes, sempre estão prontos a ouvir sugestões, são bons negociadores, são pessoas diretas e que apresentam empatia com relação as situações do dia a dia e prezam pela honestidade. Em cargos de chefia, têm voz firme, porém sabem ser descontraídos e expressam ideias e sentimentos positivos. Segundo W. Shelton e S. Burton, indivíduos com características assertivas permitem que as pessoas expressem suas necessidades, seus pensamentos e seus sentimentos de forma honesta, sem violar os direitos dos outros. A empatia também é ponto marcante nos assertivos, é o sentimento de colocar-se na visão do outro, com valores dele, tendo em si capacidade de compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar, de forma objetiva e racional, o que sente o outro. Os autores citam alguns passos importantes para se ter empatia frente a um cargo de chefia: ➢ explore o interesse, saiba ouvir; ➢ explore o contato visual e facial; ➢ compartilhe informações; ➢ adote postura de receptividade; ➢ respeite e dedique-se ao outro; ➢ tome cuidado com as diferenças individuais; e ➢ tenha cuidado com o abuso do poder. Uma pessoa assertiva tem mais aptidão em se comunicar, além de expressar mais confiança e segurança para aqueles ao seu redor. A assertividade é uma característica importante para pessoas que desejam se destacar no ambiente de trabalho, no entanto desenvolver essa habilidade pode ser um grande desafio. A assertividade muitas vezes pode ser confundida com agressividade ou enfrentamento. Isso, porém, está longe do significado
Compartilhar