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As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de -se. Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, incluindo o do ambiente profissional, há uma base interna de diferenças que englobam ências anteriores, gostos, crenças, valores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a modalidade de duais criam um “certo” clima entre as pessoas e tem forte influência nal e na produtividade. Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidades de dar e receber feedback, retorno ou resposta crítica aos comportamentos do outro. Quando as diferenças são negadas e suprimidas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e “fofocas”. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. O relacionamento interpessoal poderá então, tornar-se e energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado de entropia do sistema e final dissolução do grupo. É neste sentido, trumentalizando o aluno e/ou aluna para os processos envolvidos na dinâmica das relações interpessoais com vistas à gestão de pessoal nas organizações. Para isso, apresentará as categorias de interação entre soais. Refletirá os aspectos envolvidos na convivência humana com base no indivíduo como ser biopsicossocial e seus reflexos no contexto das vem a comunicação intra e interpessoal e sua importância no contexto das relações interpessoais refletindo assim, na gestão de pessoal. Os conteúdos abordarão também os fenômenos humanos da autopercepção e heteropercepção; empatia, autoestima e seus impactos nas relações tado a conhecer e compreender a prática do feedback no relacionamento cias de metodologias para o aprimoramento da competência interpessoal com aplicabilidade na gestão de pessoal. As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação entre os seres humanos, pois o ser humano não vive em círculo fechado, porque é na As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação entre os seres humanos, pois o ser humano não vive em cír- culo fechado, porque é na relação com o outro que o seu eu constrói- -se. Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, incluindo o do ambiente profissional, há uma base interna de diferenças que englobam conhecimentos, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, experi- ências anteriores, gostos, crenças, valores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento entre os membros do grupo, colegas de trabalho, supe- riores e subordinados. A maneira de lidar com as diferenças indivi- duais criam um “certo” clima entre as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente nos processos de comuni- cação, no relacionamento interpessoal, no comportamento organizacio- nal e na produtividade. Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidades de dar e receber feedback, retorno ou resposta crítica aos comportamentos do outro. Quando as diferenças são negadas e suprimidas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e “fofocas”. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. O relacionamento interpessoal poderá então, tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com integração de esforços, conjugando as energias, conheci- mentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a tão buscada sinergia. Ou assim, tender a tornar-se muito tenso, conflitivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado de entropia do sistema e final dissolução do grupo. É neste sentido, que a disciplina de Gestão de Pessoal contribuirá refletindo e ins- trumentalizando o aluno e/ou aluna para os processos envolvidos na dinâmica das relações interpessoais com vistas à gestão de pessoal nas organizações. Para isso, apresentará as categorias de interação entre os seres humanos, desenvolvidas em decorrência das relações interpes- soais. Refletirá os aspectos envolvidos na convivência humana com base no indivíduo como ser biopsicossocial e seus reflexos no contexto das organizações. Proporcionará o reconhecimento dos processos que envol- vem a comunicação intra e interpessoal e sua importância no contexto das relações interpessoais refletindo assim, na gestão de pessoal. Os conteúdos abordarão também os fenômenos humanos da autopercepção e heteropercepção; empatia, autoestima e seus impactos nas relações interpessoais na vida e na gestão de pessoal. Ainda, será possibili- tado a conhecer e compreender a prática do feedback no relacionamento interpessoal com vista a sua prática na gestão de pessoal e vivên- cias de metodologias para o aprimoramento da competência interpessoal com aplicabilidade na gestão de pessoal. As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação entre os seres humanos, pois o ser humano não vive em círculo fechado, porque é na relação com o outro que o seu eu constrói-se. Quando uma pessoa come da situação. O relacionamento interpessoal poderá então, tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em mentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a tão buscada sinergia. Ou assim, tender a tornar-se muito tenso, conflitivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado da situação. O relacionamento interpessoal poderá então, tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com integração de esforços, conjugando as energias, conheci- mentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a tão buscada sinergia. Ou assim, tender a tornar-se muito tenso, conflitivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado de entropia do sistema e final dissolução do grupo. É neste sentido, que a disciplina de Gestão de Pessoal contribuirá refletindo e ins- trumentalizando o aluno e/ou aluna para os processos envolvidos na dinâmica das relações interpessoais com vistas à gestão de pessoal nas GESTÃO DE PE SSOAL Marcos cesar lomba 1a Edição / Outubro / 2011 Impressão em São Paulo - SP Editora Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 L839g Lomba, Marcos Cesar. Gestão de pessoal. / Marcos Cesar Lomba. – São Paulo: Know How, 2011. 148 p.: 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-119-5 1. Gestão de pessoas. 2. Gestão. 3. Comunicação interpessoal. 4. Relação interpessoal. I. Título. CDD – 658.3 GESTÃO DE PESSOAL Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Marcos Cesar Lomba Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Vitor Bioni Bertollini Revisão Ortográfica Célia Ferreira Pinto Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Esp. Maria de Lourdes Araujo 1ª Edição: Outubro de 2011 Impressão em São Paulo/SPCopyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação entre os seres humanos, pois o ser humano não vive em cír- culo fechado, porque é na relação com o outro que o seu eu constrói-se. Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, incluindo o do ambiente profissional, há uma base interna de diferenças que englobam co- nhecimentos, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, experiências anteriores, gostos, crenças, va- lores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são encaradas e tratadas de- termina a modalidade de relacionamento entre os membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subordinados. A maneira de lidar com as diferenças in- dividuais criam um “certo” clima entre as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal, no comportamento or- ganizacional e na produtividade. Se as diferenças são aceitas e tratadas em aber- to, a comunicação flui fácil, em dupla direção, as pes- soas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidades de dar e receber feedback, retorno ou resposta crítica aos comportamentos do outro. Quando as diferenças são negadas e supri- midas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e “fofocas”. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. O relacionamento interpessoal poderá en- tão, tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com integração de esforços, conjugando as energias, co- nhecimentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a tão buscada siner- gia. Ou assim, tender a tornar-se muito tenso, confli- tivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado de entropia do sistema e final dissolução do grupo. É neste sentido, que a disciplina de Gestão de Pessoal contribuirá refletindo e instrumentalizan- do o aluno e/ou aluna para os processos envolvidos na dinâmica das relações interpessoais com vistas à gestão de pessoal nas organizações. Para isso, apre- sentará as categorias de interação entre os seres hu- manos, desenvolvidas em decorrência das relações interpessoais. Refletirá os aspectos envolvidos na convivência humana com base no indivíduo como ser biopsicossocial e seus reflexos no contexto das organizações. Proporcionará o reconhecimento dos processos que envolvem a comunicação intra e inter- pessoal e sua importância no contexto das relações interpessoais refletindo assim, na gestão de pessoal. Os conteúdos abordarão também os fenô- menos humanos da autopercepção e heteropercep- ção; empatia, autoestima e seus impactos nas relações interpessoais na vida e na gestão de pessoal. Ainda, será possibilitado a conhecer e compreender a prá- tica do feedback no relacionamento interpessoal com vista a sua prática na gestão de pessoal e vivências de metodologias para o aprimoramento da competência interpessoal com aplicabilidade na gestão de pessoal. Plano de Estudos Unidade 1 A Dinâmica das Relações Interpessoais Unidade 2 Competência Interpessoal Unidade 3 Comunicação como Forma de Interação Unidade 4 Autopercepção e Heteropercepção Unidade 5 Prática do Feedback Unidade 6 Vivências de Metodologias para o Aprimoramento da Compreensão Interpessoal Referências sumário 09 11 29 45 75 95 107 146 9 plano de estudos Ementa Compreensão dos processos envolvidos na dinâmica das relações interpessoais: comunicação intra e inter- pessoal, autopercepção e heteropercepção, empatia, saber ouvir, autoestima, prática do feedback no rela- cionamento interpessoal. Vivência de metodologias para o aprimoramento da competência interpessoal. Competências • Conhecer e compreender os processos envolvidos na dinâmica das relações interpessoais e sua impor- tância na gestão de pessoal; • Reconhecer os processos que envolvem a comuni- cação intra e interpessoal e sua importância na gestão de pessoal; • Compreender os fenômenos humanos da auto- percepção e heteropercepção; empatia, autoestima e seus impactos nas relações interpessoais na vida e na gestão de pessoal; • Conhecer e compreender a prática do feedback no relacionamento interpessoal com vista a sua aplicabi- lidade na gestão de pessoal; • Conhecer vivências de metodologias para o aprimo- ramento da competência interpessoal para sua aplica- bilidade na gestão de pessoal. 10 Habilidades • Exercer positivamente a dinâmica das relações in- terpessoais com consciência e plenitude na vida pes- soal e na gestão de pessoal; • Utilizar os fenômenos humanos da autopercepção e heteropercepção; empatia, autoestima de forma a impactar positivamente as relações interpessoais na vida e na gestão de pessoal; • Estabelecer nas ações de gestão de pessoal, nas orga- nizações em que se insere, a prática contínua de feedback. • Aplicar vivências de metodologias para o aprimora- mento da competência interpessoal na gestão de pessoal. Carga Horária: 30 horas 11 Unidade 1 A Dinâmica d as Relações Int erpessoais Nesta primeira unidade, refletiremos os processos envolvidos na dinâmica das relações inter- pessoais, bem como sua importância nas organiza- ções com vista à gestão de pessoal. 13 As modificações, que o homem tem pro- vocado no ambiente em que vive, têm gerado um problema de adaptação contínua, principalmente no ajustamento às outras pessoas, grupos e sociedades em geral. Há uma perceptível defasagem entre o pro- gresso tecnológico e humano reconhecida nos sen- timentos de perplexidade, inadequação, alienação e despersonalização do indivíduo que conforme Mos- covici (2005), o gestor é educador em qualquer ní- vel que exerça liderança e não apenas chefia de um grupo de pessoas. Dentre os seus papéis sociais, está o de conduzir pessoas sendo esta uma função educa- tiva, pois o gestor “que vê os outros como pessoas e não apenas como instrumentos de produção, passa a exercer função educativa que permite o desenvolvi- mento dos subordinados como pessoas.” (MOSCO- VICI, 2005, p. 20) A cultura industrializada e urbana em que vi- vemos imprime, ainda hoje, uma tendência no relacio- namento social, a tratar a outra pessoa como objeto, o qual pode ser possuído e manipulado. Esta tendência manipulativa refletia-se como prática generalizada, até recentemente, nas relações patrão-empregado, chefe- -subordinado, professor-aluno, médico-paciente, pai- -filho, marido-mulher. A nova ética humanística, resultante de ideias de pensadores como Martin Buber, Carl Rogers, Rollo 14 May, Jean-Paul Sartre, Erich Fromm e outros, e de ino- vações sociais da educação de laboratório, da comuni- dade terapêutica, dos grupos de encontro, enfatiza que uma pessoa só despersonaliza outras pessoas à custa de seu próprio humanismo. O relacionamento huma- no é precioso demais em suas potencialidades para ser reduzido ao nível de funcionamento de uma máquina. A dimensão interpessoal transcende os estreitos limi- tes da avançada tecnologia e, também, pode e deve desenvolver-se com intuição e criatividade. 1.1 Entendendo as Relações Interpessoais As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação entre os se- res humanos. O ser humanonão vive em círculo fechado, pois é na relação com o outro que o seu eu constrói-se. As interações com o outro se concentram, principalmente, em três categorias, que conforme Chanlat (2007a): Inicialmente, podem consistir em um face a face com um pequeno número de pessoas, denominada relação self-outro (EU/OUTRO) que consti- tui a relação social básica. 15 Por sua vez, a relação ego-massa aquela que um indivíduo pode manter com a multidão. Por fim, pode referir-se à relação que um grupo man- tém com outro grupo, a relação nós a nós, consti- tuindo o universo das relações sociais, objeto de estu- dos no campo da sociologia e da antropologia social. Estes três diferentes tipos de interação contribuem cada um à sua maneira para construir certa ordem. O primeiro, segundo Gooffam (1988 apud CHANLAT, 2007a) é o universo relacional da face a face, que coloca em jogo atores, atividades, rituais, gestos, convenções, palavras e papéis num quadro es- paço-temporal determinado. A noção de face remete de um lado à fisionomia, à expressão, e de outro lado, à estima de si próprio. No contexto organizacional, produz um grande número de situações deste gênero. Basta pensar em numerosas reuniões, encontros quo- tidianos, entrevistas entre superiores e subordinados, trocas de informações entre colegas, conversas de corredor etc. O segundo tipo de interação é um universo relacional efêmero e muito circunscrito no tempo, que pressupõe a existência de uma multidão onde as re- lações que se estabelecem são mais de ordem de fu- são do que de qualquer outro tipo de interação. Nas 16 organizações, tal interação pode ser vista por ocasião de manifestações que mobilizam o pessoal no todo ou em parte – greves, desfiles, ocupação de fábrica, as- sembleias gerais, mas também manifestações sindicais políticas, esportivas ou religiosas. (CHANLAT, 2007) O terceiro e último tipo relaciona-se com a esfera das identidades coletivas que delimitam as ori- gens sociais dos indivíduos, onipresente igualmente nas organizações. Ele cria numerosas relações e cli- vagens nós-eles/elas que recortam universos sociais distintos: direção superior-base, executivo-operário, grupos sócio-profissionais, universo masculino-fe- minino, nacional-estrangeiro, velho-jovem etc. Estas relações sociais, colocando em jogo as relações de poder e de significados, contribuem para edificar o que segundo o autor qualifica-se de ordem organi- zacional. (CHANLAT, 2007a) Esses três grandes tipos de interação podem ser formais, isto é, codificados por um conjunto de regras e procedimentos explícitos, estabelecidos em um quadro claramente definido, ou ainda informais, originários de relações que são tecidas espontanea- mente nos locais de trabalho; a realidade combinando sem cessar as duas formas, conclui Chanlat (2007). Para existir, este mundo da interação neces- sita e coloca em jogo certo número de mecanismos ou modos de comunicação, ritos de interação e de processos psíquicos com estrita relação entre si. 17 No ambiente de trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas, há atividades predetermi- nadas a serem executadas, bem como interações e sentimentos recomendados, tais como: comunicação, cooperação, respeito, amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados inicialmente e então – inevi- tavelmente – os sentimentos influenciarão as intera- ções e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coope- ração, que na visão de Moscovici (2005) repercuti- rão, favoravelmente, nas atividades e ensejarão maior produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das in- terações, ao afastamento, à menor comunicação, re- percutindo desfavoravelmente nas atividades, com provável queda de produtividade. Esse ciclo “atividades-interações-sentimen- tos”, não se relaciona diretamente com a competên- cia técnica de cada pessoa. “Profissionais competen- tes individualmente podem render muito abaixo de sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho”, explica Moscovici (2005, p. 34). 18 Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma base interna de diferenças que englobam conhecimentos, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, experiência anterior, gostos, crenças, valores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sen- timentos em relação a cada situação compartilhada. (MOSCOVICI, 2005) Ainda, de acordo com Moscovici (2005), essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a mo- dalidade de relacionamento entre membros do gru- po, colegas de trabalho, superiores e subordinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, es- tabelece-se uma modalidade de relacionamento dife- rente daquela em que não há respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A maneira de lidar com diferenças indivi- duais cria um “certo” clima entre as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, princi- palmente nos processos de comunicação, no re- lacionamento interpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla direção, 19 as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidades de dar e receber feedba- ck, retorno ou resposta crítica dos comportamentos, assuntos sobre o outro. Quando as diferenças são negadas e supri- midas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e “fofocas”. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. O relacionamento interpessoal pode: [...] tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com in- tegração de esforços, conjugando as energias, conheci- mentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a tão buscada sinergia. Ou, então, tender a tornar-se muito tenso, confli- tivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado de entropia do sistema e final dissolução do grupo. (MOSCOVICI, 2005, p.34) Relações interpessoais e clima de grupo in- fluenciam-se recíproca e circularmente, caracterizando um ambiente agradável e estimulante, ou desagradável e averso, ou neutro e monótono. Cada modalidade traz satisfações ou insatisfações pessoais ou grupais. 20 1.2 Eu e os Outros Como trabalhar bem com outros? Como en- tender os outros e fazer-se entender? Porque os ou- tros não conseguem ver o que eu vejo, como eu vejo? Por que não percebem a clareza de minhas intenções e ações? Por que os outros interpretam erroneamente meus atos e palavras e complicam tudo? Por que não podemos ser objetivos no trabalho e deixar proble- mas pessoais de fora? Não seria mais prático deixar as emoções e sentimentos de lado? Quem já não pensou assim, alguma vez, em algum momento ou situação? Desde sempre, a convivência humana é difícil e desafiante. Escritores e poetas, através dos tempos, têm abordado a problemática do relacionamento hu- mano. Sartre, em sua admirável peça teatral Huis Clos, faz a famosa afirmação “O inferno são os outros...” Estaremos, realmente, condenados a so- frer com os outros? Ou podemos ter esperanças de alcançar uma convivência razoavelmente satis- fatória e produtiva? Para entender todo esse contexto é impres- cindível ter consciênciade que o indivíduo é por de- finição um ser biopsicossocial, tríplice origem que lhe confere uma complexidade. (MORAM, 1973; REFFIÉ, 1976 apud CHANLAT, 2007a) Se for possível estudar o indivíduo isola- 21 damente, sem um dos três aspectos, na realidade é sempre difícil ignorar os dois outros. O biológico, o psíquico e o social contribuem cada um a seu modo, para a edificação da ordem individual, a colocar o indivíduo enquanto pode influenciar o psíquico, e mesmo o componente social. Por exemplo, uma pes- soa atingida por uma perturbação funcional qualquer pode rever sua posição no trabalho, suas atividades e suas relações sociais. O inverso é igualmente verdadeiro – o psí- quico e o social podem ter consequências biológicas. Por exemplo, uma pessoa de certa identidade cultural pode encontrar-se em uma situação paradoxal de alte- ridade, entrando em contato com outra cultura. Esta situação de aculturação antagônica pode provocar, às vezes, disfunções psíquicas ou orgânicas. (BATESON, 1979: DEVEREUX, 1972 apud CHANLAT, 2007a) SER HUMANO Social Psíquico Biológico Figura 1: Composição biopsicossocial do ser humano Fonte: elaboração própria 22 Esta tríplice composição está presente quan- do se estudam os seres humanos nas organizações. Na escala individual, o biológico, o psíquico e o so- cial exercem um papel, mais ou menos, importante segundo o contexto e as pessoas envolvidas. A herança biológica, os traços de caráter, a história pessoal, as origens socioculturais deixam sua marca ao sabor dos eventos e condutas individuais. A realidade humana observada neste nível, conjugando sutilmente estes três elementos, explica em certa me- dida porque em situações organizacionais similares, alguns se comportarão ou reagirão diferentemente no plano individual – o conformismo ou a revolta, a aceitação ou a crítica, a resistência ou a autodestrui- ção têm suas raízes em grande parte no arcabouço biopsicossocial de cada um, ou seja, o eu é indissoci- ável da própria história, da própria experiência e das vivências. (CHANLAT, 2007a) Pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais entram em contato: comuni- cam-se, simpatizam e sentem atrações, antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito, competem, colaboram, desenvolvem afeto. (MOSCOVICI, 2005) Essas interferências ou reações, voluntá- rias ou involuntárias, intencionais ou inintencionais, constituem o processo de interação humana em que 23 cada pessoa na presença de outra pessoa não fica in- diferente a essa situação de presença estimuladora. Conforme Moscovici (2005, p. 32): “O processo de interação humana é complexo e ocor- re permanentemente entre pessoas, sob forma de com- portamentos manifestos e não-manifestos, verbais e não-verbais, pensamentos, sentimentos, reações men- tais e/ou físico-corporais.” Assim, um olhar, um sorriso, um gesto, uma postura corporal, um deslocamento físico de apro- ximação ou afastamento constituem formas não- -verbais de interação entre pessoas. Mesmo quando alguém vira as costas ou fica em silêncio, isto também é interação – e tem um significado, pois comunica algo aos outros. O fato de “sentir” a presença dos outros já é interação. Há alguns anos, a imagem de um indivíduo massacrado pelo coletivo, socialmente determinado, cede progressivamente lugar para outra representa- ção: “Aquela de um indivíduo que participa da cons- trução e destruição da realidade, de uma pessoa que é ao mesmo tempo sujeito em ato e um ator de sua historicidade.” (CHANLAT, 2007a, p. 46) Dentro desta perspectiva Chanlat (2007, p.46) concorda com Coulon (1987) que argumenta 24 que “um membro não é apenas uma pessoa que res- pira e que pensa, é uma pessoa dotada de um con- junto de procedimentos, de métodos, de atividades, de vivências...” e conclui: “torna capaz de inventar dispositivos de adaptação para dar sentido ao mundo que a cerca.” Pensar nesses processos de interação e como ocorrem, é fundamental para entender o ser humano e seu posicionamento dentro das organizações. 1.3 A Primeira Impressão O contato inicial entre pessoas gera a chama- da “primeira impressão”, o impacto que cada um causa ao outro. Essa primeira impressão está condicionada a um conjunto de fatores psicológicos da experiência anterior de cada pessoa, suas expectativas e motivação no momento e a própria situação do encontro. Primeiras impressões poderão ser muito di- ferentes se certos preconceitos prevalecerem ou não, se as predisposições do momento forem favoráveis ou não à aceitação de diferenças no outro e se o contexto for formal ou informal, de trabalho neutro ou de ansiedade e poder assimétrico, tal como, por exemplo, uma entrevista para solicitar emprego, ou promoção, ou outras vantagens 25 Quando a primeira impressão é positiva de ambos os lados, haverá uma tendência a estabelecer relações de simpatia e aproximação que facilitarão o relaciona- mento interpessoal e as atividades em comum. No caso de assimetria de percepções iniciais, isto é, impacto positivo de um lado, mas sem reciprocidade, o relacionamento tende a ser difícil, tenso, exigindo um esforço de ambas as partes para um conhecimento maior que possa modificar aquela primeira impres- são. (MOSCOVICI, 2005) Quantas vezes geramos e recebemos primei- ras impressões errôneas que nos trazem dificuldades e aborrecimentos desnecessários, porque não nos dispomos a rever e, portanto, confirmar ou modifi- car aquela impressão. Quando isto acontece, natural- mente, ao longo de uma convivência forçada, como na situação de trabalho, por exemplo, percebemos, então, quanto tempo precioso e quanta energia per- demos por não tomar a iniciativa de procurar conhe- cer melhor o outro e examinar as próprias atitudes e preconceitos, com a intenção de desfazer impressões negativas não-realísticas. É muito cômodo jogar a culpa no outro pela situação equívoca, mas a realidade mostra a nossa par- cela de responsabilidade nos eventos interpessoais. Não há processos unilaterais na interação 26 humana: tudo que acontece no relacionamento inter- pessoal decorre de duas fontes: eu e outro (s). 1) Indique e justifique dois tipos de interferência que a cultura urbana e industrial exercem sobre as rela- ções interpessoais do nosso tempo. 2) As relações interpessoais desenvolvem-se em de- corrência do processo de interação entre os seres hu- manos. Essas interações com o outro se concentram, principalmente, em três categorias, conforme Chan- lat (2007): relação self-outro, a relação ego-massa e a relação nós a nós. Contextualize essas categorias de interações. 3) Atividades-interações-sentimentos, foi indicado por Moscovici (2005) como um ciclo nas relações interpessoais, que segundo a autora não se relaciona diretamente com a competência técnica de cada pes- soa, dentro de uma organização. O que a autora quer dizer com esta afirmação? 27 4) Desde sempre, a convivência humana é difícil e desafiante. Escritores e poetas, através dos tempos, têm abordado a problemática do relacionamento hu- mano. Estaremos, realmente, condenados a sofrer com os outros? Ou podemos ter esperanças de al- cançar uma convivência razoavelmente satisfatória e produtiva? Contextualize as reflexões acima, com base no conteúdo abordado. 5) O contato inicial entre pessoas gera a chamada “primeira impressão”, o impacto que cada um causa ao outro. Essa primeira impressão está condicionada a um conjunto de fatores psicológicos e da experiên- cia anterior de cada pessoa. Quais são as consequên- cias dessa “primeira impressão” quando o impacto é: a) positivo b) negativo 29 Unidade 2 COMPETÊNCIA INTERPESSOAL Nesta segunda unidade, apresentaremos os aspectosque envolvem a competência interpessoal e as formas de sua aquisição, compreendendo assim a sua importância nas organizações dentro das pers- pectivas da gestão de pessoal. 31 Em que consiste esta competência? Segundo Moscovici (2005, p. 36) “Competência interpessoal é a habilidade de lidar efi cazmente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessida- des de cada uma e às exigências da situação.” Para Argyris (1968, apud MOSCOVICI, 2005), é a habilidade de lidar efi cazmente com rela- ções interpessoais de acordo com três critérios: a) Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação. b) Habilidade de resolver realmente os problemas interpessoais, de tal modo que não haja regressões. c) Solução alcançada de tal forma que as pessoas envolvidas continuem trabalhando juntas tão efi cien- temente, pelo menos, como quando começaram a re- solver seus problemas. Dois componentes da competência inter- pessoal assumem importância capital: a percepção e a habilidade propriamente ditas. O processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acu- 32 rada da situação interpessoal. Isto significa um longo processo de crescimento pessoal, abrangendo auto- percepção, autoconscientização e autoaceitação como pré-requisitos de possibilidades de percepção mais realística dos outros e da situação interpessoal. Esse treinamento perceptivo não se realiza espontânea nem facilmente, mas requer treinamento especial, demorado, e muitas vezes sofrido, exigindo coragem e disponibilidade psicológica do treinando no exercício de receber feedback. O autoconhecimento só pode ser obti- do com a ajuda dos outros, por meio de feedback, o qual precisa ser elaborado para autoaceitação de componentes do eu cego, que representa nossas ca- racterísticas de comportamento que são facilmente percebidas pelos outros, mas das quais, geralmente, não estamos cientes. Se o indivíduo tem percepção acurada da situação interpessoal, primeiro passa a observar para poder agir de forma adequada e rea- lística. (MOSCOVICI, 2005) A habilidade de lidar com situações inter- pessoais engloba várias habilidades, entre as quais: flexibilidade perceptiva e comportamental, que sig- nifica procurar ver vários ângulos ou aspectos da mesma situação e atuar de forma diferenciada, não- -rotineira, experimentando novas condutas percebi- das como alternativas de ação. Desenvolve-se, con- comitantemente, a capacidade criativa para soluções 33 ou propostas menos convencionais, com resultados duplamente compensadores: da resolução dos pro- blemas e da autorrealização pelo próprio ato de cria- ção, altamente gratifi cante para as necessidades do ego (estima), na hierarquia de Maslow. A Teoria de Maslow propõe a Hierarquia das Necessidades – relacionada ao comportamento moti- vacional do indivíduo - é uma das mais consideradas sobre motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos relacionam-se a uma hierarquia de valores que são representadas através de uma pirâmide. Em sua base estão as necessidades fi siológicas e no topo, as necessidades de autorrealização. Tais necessidades ganham importância em fases diversas da vida do indivíduo e necessitam ser ultrapassadas para gerar satisfação, havendo assim uma necessidade constante de empenho para que se possa alcançar o topo. Figura: Pirâmide de Maslow Fonte: Disponível em <http://info.mega6.com.br/2011/>motivacao-e-a-teoria-de-maslow/ Pirâmide de Maslow Figura: Pirâmide de Maslow Pirâmide de Maslow Autor- realização Autoestima Necessidades Sociais Necessidades de Segurança Necessidades Fisiológicas Básicas 34 Outras habilidades consistem em dar e re- ceber feedback, sem o que não se constrói um relacio- namento humano autêntico, conducente ao encontro eu-tu, de pessoa a pessoa, ao invés da relação eu-isto, de sujeito a objeto, na concepção de Martin Buber. (1970 apud MOSCOVICI, 2005) Assim, ampliam-se a capacidade perceptiva e o repertório comportamental do indivíduo saindo dos limites estreitos da conduta estereotipada do dia a dia. Outro componente da competência inter- pessoal refere-se ao relacionamento em si e com- preende a dimensão emocional-afetiva, predomi- nantemente. Vários autores preocupam-se com esse aspecto, entre os quais W. Bennis (1972 apud MOS- COVICI, 2005), que o expõe por meio de sua matriz de conteúdo/motivação, na qual indica a combinação ideal: verdade/amor. Num relacionamento em médio prazo, é preciso considerar o conteúdo cognitivo e a relação afetiva em qualquer situação de conflito interpessoal. Muitas vezes, a solução é viável para o conteúdo cog- nitivo, mas afeta a relação afetiva. O equilíbrio desses dois componentes é que fará com que o relaciona- mento não sofra danos (às vezes irreversíveis), e até se torne mais forte e verdadeiro. Assim, a competência interpessoal, é re- sultante de: 35 “percepção acurada realística das situações interpesso- ais e de habilidades específicas comportamentais que conduzem a consequências significativas no relacio- namento duradouro e autêntico, satisfatório para as pessoas envolvidas.” (MOSCOVICI, 2005, p.38) 2.1 A Importância da Competência Interpessoal no Mundo do Trabalho A competência técnica para cada profissio- nal não é posta em dúvida, claramente todos reco- nhecem que o profissional precisa ser competente em sua área específica de atividade. A competência interpessoal, porém, só é reconhecida para algumas categorias profissionais notórias, tais como assistência social, psicoterapia, magistério, vendas, serviços de atendimento ao pú- blico, em geral. Em cada profissão, na verdade, os dois ti- pos de competência são necessários, embora em proporções diferentes. O problema consiste em dis- cernir e aprender qual a proporção adequada para prover serviços de alta qualidade, ou seja, para um desempenho superior. 36 Cada tipo ou dimensão de competência é in- terdependente de outra. Assim, a maneira pela qual um gerente, advogado, médico faz as perguntas (ten- do ou não estabelecido um “clima” psicológico favo- rável e uma relação de confi ança) pode infl uenciar as informações que recebe. Neste exemplo, a compe- tência interpessoal (processo) é tão importante quan- to à competência técnica de formular as perguntas adequadas (conteúdo das perguntas). Se a competência técnica pode ser adquirida através de cursos, seminários, leituras e experiência ou prática, a competência interpessoal necessita trei- namento especial de laboratório. A afi rmação de Moscovici (2005, p. 35), dei- xa claro que: A liderança e a participação efi caz em grupo de- pendem essencialmente da competência interpessoal do líder e dos membros. O trabalho em equipe só terá expressão real e verdadeira, se e quando os membros do grupo desenvolverem sua competência interpessoal, o que lhes permitirá alcançar a tão desejada e propalada sinergia, em seus esforços co- laborativos, para obter muito mais que a simples soma das competências técnicas individuais como resultado conjunto do grupo. 37 Assim, consegue-se entender a importância em exercer a competência interpessoal no ambiente de trabalho, pois sem esse atributo pessoal, a possibi- lidade do fracasso, nos objetivos do grupo em que se está inserido, fi ca evidente, comprometendo assim a manutenção do mesmo e do indivíduo neste ambiente. 2.2 A Janela de JOHARI É difícil entender a complexidade da perso- nalidade humana, especialmente em suas relações com os outros. Os quatro retângulos abaixo poderão aju- dar-nos a conceituar o processo da percepção de um indivíduo em relação a si mesmo e aos outros. A representação de áreas da personalidade é chamada de Janela Johari, idealizada por Joseph Luft e Harry Ingham (1961, apud MOSCOVICI, 2005),para ilustrar as relações interpessoais e os processos de aprendizagem em grupo. Dessa forma: A área I (o eu aberto) constitui o nosso com- portamento em muitas atividades, conhecido por nós e por qualquer um que nos observe. Este compor- tamento varia grandemente conforme nossa estima- tiva do que é correto em um ambiente específi co e 38 com diferentes grupos de pessoas. Esta área limita-se àquilo de que nossos parentes e amigos estão côns- cios e ao que nós consideramos óbvio, tais como nossas características, nossa maneira de falar, nossa atitude geral, algumas de nossas habilidades etc. A área II (o eu cego) representa nossas ca- racterísticas de comportamento que são facilmente percebidas pelos outros, mas das quais, geralmente, não estamos cientes. Por exemplo, alguma manifes- tação nervosa, nosso comportamento sob tensão, nossas reações agressivas em relação a subordina- dos, nosso desprezo por aqueles que discordam de nós etc. Podemos especular por que estes padrões de comportamento permanecem desconhecidos para nós e, no entanto, são óbvios aos outros. Há evidências de que é nessa área que, frequentemen- te, somos mais críticos com o comportamento dos outros sem percebermos que nos estamos compor- tando da mesma forma. A área III (o eu secreto) representa as coisas sobre nós mesmos que conhecemos, mas que escon- demos dos outros. Estas podem variar desde assun- tos inconsequentes até os de grande importância. Numa situação fechada, ou relativamente autoritária, é provável que haja muito mais deste aspecto do que numa situação aberta. A pessoa que conta tudo sobre si mesma a alguém totalmente estranho, ou a um vizi- nho, pode estar agindo assim por incapacidade de co- 39 municação satisfatória com pessoas que signifi cam, afetivamente, muito para ela. É nesta área e na área II que algumas mo- difi cações podem ser seguidas entre indivíduos tra- balhando juntos, experimentalmente com espírito de cooperação e compreensão. Conhecido pelo EU Não conhecido pelo EU Conhecido pelos outros I “ EU ABERTO” II “EU CEGO” Conhecido pelos outros III “EU SE CRETO” IV “EU DESCONHE- CIDO” Figura 2: A janela de Johari (apud MOSCOVICI, 2005, p.43) A área IV (o eu desconhecido) inclui coisas das quais não estamos cônscios e das quais nem os ou- tros o estão. Constitui-se de memórias de infância, potencialidades latentes e aspectos desconhecidos da dinâmica intrapessoal. Algumas coisas estão muito escondidas e talvez nunca se tornem conscientes; ou- tras mais superfi ciais e com o aumento de abertura e feedback poderão tornar-se conscientes. 40 MUDANÇAS NOS QUADRANTES Num grupo novo, a área I, do eu aberto, muito pequena, há pouca interação livre e espontâ- nea. Com o desenvolvimento dos processos de gru- po, ela cresce, pois os membros sentem-se mais livres para agir autenticamente. A área III decresce propor- cionalmente ao crescimento da área I, uma vez que, num clima de crescente confiança recíproca, há me- nos necessidade de esconder ou negar pensamentos e sentimentos. Uma área maior de atividade livre nos mem- bros do grupo diminuirá receios e tensões e propi- ciará possibilidades de orientar os recursos do grupo para a tarefa propriamente dita. Isto significa maior receptividade a informações, opiniões e ideias novas, em si mesmo ou em referência aos processos especí- ficos de grupo. O fato de esconder ou negar comportamen- tos, ideias e sentimentos durante o processo interati- vo exige certo dispêndio constante de energia e, por isso a redução da área III (o eu secreto) implica me- nor mobilização de energia para a defesa deste terri- tório. Assim, um número maior de necessidades do indivíduo pode encontrar expressão e maiores serão as probabilidades de o indivíduo ficar satisfeito com seu trabalho e de participar plenamente nas ativida- des do grupo. 41 A área II (o eu cego) leva mais tempo a reduzir- -se porque, usualmente, há fortes razões de ordem psi- cológica para a recusa em ver o que se faz ou sente. É importante frisar que uma mudança em um dos quadrantes provoca modificações em todos os demais. A insegurança tende a diminuir a lucidez e a confiança recíproca, a aumentá-la. O modelo gráfico Janela Johari permite apreciar o fluxo de informações decorrentes de duas fontes – eu e outros – bem como as tendências in- dividuais que facilitam ou dificultam a direção e a extensão deste fluxo. Os processos principais que re- gulam o fluxo interpessoal eu-outros, determinando o tamanho e o formato de cada área da Janela, são os seguintes (MOSCOVICI, 2005): a) Busca de feedback: consiste em solicitar e receber reações dos outros, em termos verbais ou não-verbais, para conhecer como o seu comporta- mento está afetando os outros, isto é, ver-se com os olhos dos outros. b) Autoexposição: consiste em dar feedback aos outros, revelando seus próprios pensamentos, per- cepções e sentimentos de como o comportamento dos outros o está afetando. A utilização desses dois processos de for- 42 ma equilibrada e ampla propicia desenvolvimento individual e de competência interpessoal. Conquan- to, teoricamente, os dois processos possam ser usa- dos igualmente, isto não ocorre nas situações reais, onde um deles é preferido em detrimento do outro, trazendo, assim, um estado de desequilíbrio que se manifesta por tensões, hostilidades e ressentimentos, prejudiciais ao relacionamento e à produtividade. No exame do traçado da Janela Johari, o ta- manho e a forma das áreas merecem atenção, espe- cialmente em se tratando de pessoas que lidam profis- sionalmente com grupos e desempenham o papel de líderes. As implicações desses aspectos são altamente relevantes pelo significado do tipo de relacionamen- to que mantém com os outros e suas consequências diretas e indiretas, em termos de satisfação pessoal e produtividade no trabalho. Uma área livre muito reduzida pode signifi- car inibição e restrição de comunicação no relaciona- mento, resultantes, geralmente, de uma de duas fon- tes de motivação opostas: de um lado, insegurança, e de outro lado desejo de controlar os outros. Quanto maior a área livre, provavelmente maior será também a produtividade, apoiada em relacionamento satis- fatório. Quando esta área é pequena, indica partici- pação mínima da pessoa numa relação de trabalho e passa a influenciar os sentimentos das outras pessoas e seu grau de investimento emocional e energético 43 nas atividades a serem executadas em comum. O desequilíbrio nas áreas da Janela pode apre- sentar-se no sentido vertical ou no sentido horizontal, revelando sempre uma superutilização de um dos pro- cessos e subutilização do outro, com suas consequên- cias prováveis em termos de reações emocionais nega- tivas e disfuncionalidade da dinâmica interpessoal. Os processos de solicitar feedback e de auto- exposição podem revelar preferências consistentes em sua utilização no comportamento interpessoal. Estas tendências, representadas graficamen- te na Janela Johari, mostram aspectos importantes do relacionamento eu-outros sob a forma de estilos in- terpessoais de comunicação. Buscar o aprimoramento da utilização desta ferramenta, a Janela de Johari com o objetivo de influir na gestão de pessoas, tendo como base as relações in- terpessoais na organização, é um passo fundamental na conquista do sucesso enquanto líder na gestão. 44 1) Em que consiste a competência interpessoal? 2) A que critérios atribui-se a competência interpessoal? 3) Dois componentes da competência interpessoal assumem importância capital. A que componentes são referidos? Contextualize sua resposta. 4) Por que a competência interpessoal é tão impor- tante quanto à competência técnica no ambiente profissional? 5) O que vem a ser a Janela de Johari e qual sua con- tribuição no processo da aquisição da competênciainterpessoal? 45 Unidade 3 COMUNICAÇÃO COMO FORMA DE INT ERAÇÃO Nesta terceira unidade, apresentaremos os aspectos que envolvem a comunicação como forma de interação, a comunicação intrapessoal e interpes- soal, bem como as formas dos atos comunicacio- nais, compreendendo assim a sua importância nas relações interpessoais nas organizações com vistas à gestão de pessoal. 47 Nada mais apropriado como começar esta unidade com este pequeno trecho de Moran (1998, p. 5), através do qual expressa singularmente a impor- tância da comunicação como processo de interação entre os seres humanos: Comunicamo-nos para humanizar-nos, para tornar- -nos mais equilibrados, abertos, sensíveis, positivos; para aprender, desenvolver e realizar, em todos os níveis possíveis, nossas melhores qualidades pessoais, profissionais, intelectuais, emocionais, familiares, estéticas. Comunicamo-nos para sentir o prazer de estar juntos, para mostrar aos outros que temos valor e para sentir-nos valorizados, acolhidos, produtivos. (MORAN, 1998, p.5) Como o ser humano dialoga, e todo compor- tamento é comunicação, toda interação, qualquer que seja, supõe por definição um modo de comunicação, isto é, um conjunto de disposições verbais e não-ver- bais que se encarregam de exprimir, traduzir, registrar, em uma palavra, de dizer o que uns querem comunicar aos outros durante uma relação. (CHANLAT, 2007a) Ao mesmo tempo, locutor, ouvinte e inter- locutor, todo indivíduo exprime no quadro da inte- ração ao mesmo tempo o que ele é, o que faz, o que pensa, o que sabe, o que deseja, o que gosta, assim 48 agindo, coloca-se cada vez mais como pessoa. Moran (1998) reforça ainda que, comunica- mo-nos na busca de integrar o eu dividido, as tensões que nos dispersam, os antagonismos que nos atraem para várias direções; na busca da integração de todas as dimensões dentro e fora de nós, do pessoal ao es- trutural, passando pelo grupal. Para inserir-nos, para ser aceitos e interagir em vários espaços significati- vos, em vários tipos de comunidades: comunidades de afeto e segurança (amizade, família); comunidades de trabalho, de aprendizado, de lazer, de fé; comu- nidades de locais, nacionais e internacionais; comu- nidades presenciais e virtuais. Esse conhecimento e expressão acontecem em um processo interativo, de ida e volta, de interferência mútua, de mudanças al- ternativas, que cria novas relações, situações, estrutu- ras pessoais, interpessoais e sociais. O ato da comunicação pode ser comparado ao da respiração: o ser humano não para de comunicar-se, mas poucas vezes se dá conta disso. Processo ininter- rupto, complexo e multifacetado, a comunicação apre- senta desafios teóricos e metodológicos aos pesquisa- dores que se dispõem a entendê-la. (SANTOS, 2008) 49 Mas, afinal de contas, o que significa “Comunicação”? Muito mais do que a mera troca de informações, os processos comunicativos abarcam a utilização (e mui- tas vezes, a criação) de códigos, a interação dos indiví- duos, o emprego de tecnologia e a intersecção com nor- mas culturais e sociais. Esses processos também estão permeados de ideologias (visões de mundo) e são fun- damentais nas relações de poder. (SANTOS, 2008) O ser humano emprega a comunicação para expressar ideias e sentimentos, orientar-se, coagir, narrar histórias, persuadir, exercer controle, conectar- -se ao mundo, manipular, transmitir conhecimento, organizar seu pensamento e suas atitudes. A comuni- cação pressupõe sempre alguma forma de interação entre os seres humanos. Uma definição simples e frequentemente dis- seminada é a que estabelece a comunicação como uma “transmissão de informações”. Embora seja uma apre- ensão correta, peca pela superficialidade, uma vez que não esgota a potencialidade dos atos comunicativos. Para Santos (2008) vários teóricos têm res- saltado a carga simbólica embutida no processo da comunicação. Esses elementos simbólicos utilizados no ato comunicativo determinam a compreensão (ou 50 não) das mensagens, manipulam o imaginário, me- xem com a fantasia, estimulam ou influenciam de modo positivo ou negativo o receptor. Outros teóri- cos valorizam o caráter interacional da comunicação, já que o ato comunicacional humano implica a ne- cessária relação entre os participantes desse processo comunicativo, mesmo quando um dado meio (carta, telefone, rádio, e-mail etc.) é utilizado para transmitir as mensagens entre o emissor e o receptor. Todo ato comunicacional pode ser definido como (SANTOS, 2008, p. 17): Uma forma de recriação de uma data realidade capta- da por aqueles que se comunicam, a partir de seus pró- prios conceitos e preconceitos. Quando alguém formu- la e transmite uma mensagem, uma informação faz um recorte da realidade e a recria de acordo com seus princípios. Os receptores precedem da mesma forma, reelaborando os dados que recebem ou percebem (até porque, podem não reparar na mensagem emitida), decodificando-os e reconstruindo-os com os referenciais de que dispõem, de acordo com sua visão de mundo. Assim, nasce a comunicação, processo esse de plena interação entre os indivíduos e que se es- tabelece a partir da visão de mundo de cada um dos elementos envolvidos neste processo. 51 Classificação dos Atos Comunicativos SANTOS (2008) comungando com outros teóricos sobre o assunto (CHANLAT, 2007a; MO- RAN, 1998) classifi ca os atos comunicativos, indican- do que o ser humano pode empregar duas formas de comunicação: Verbal (ou digital): que pode ser oral (diálogo, palestra etc.) ou escrita (carta, literatura, jornalismo impresso etc.); Não-verbal (ou analógico): que compreende a co- municação gestual (movimentos e posicionamentos do corpo) e a pictórica (feita por meio de desenhos, fotografi as, pinturas etc). Do ponto de vista da amplitude, a comuni- cação pode ser: Subjetiva: realiza-se quando cada indivíduo pensa, medita, refl ete sobre a vida, sobre o mundo; Interpessoal/Grupal: envolve um grupo de pes- soas (vizinhas que conversam no portão, alunos e professores em sala de aula, assembleia do sindicato, 52 comício, reuniões no trabalho, conversa entre funcio- nários de uma organização etc); Massiva: faz-se pelo emprego de meios de comuni- cação, como o jornal ou a televisão, que têm maior alcance e atingem um grande número de receptores (a exemplo da transmissão da cerimônia do Oscar, que aglutina milhões de telespectadores em diversos países). Os meios de comunicação de massa amplifi - cam a comunicação. As duas primeiras constituem os microam- bientes da comunicação, enquanto a terceira cria os macroambientes da comunicação. Por fi m, em todo processo de comunicação encontram-se presentes os seguintes elementos: Interlocutores: aqueles que emitem e a quem se des- tina a comunicação; Mensagens: sequência de sinais transmitidos, que formam signos a serem organizados por meio de có- digos compreendidos pelo receptor; Meio: os mais diversos meios através dos quais po- derão ser transmitidas as mensagens, fala/voz, meios impressos, digitais, entre outros. Contexto: onde o ato comunicativo realiza-se do ponto de vista histórico, social, cultural etc. 53 Comunicação Não-verbal Ao lado dos atos comunicacionais que se re- alizam com o uso da linguagem verbal (seja falada ou escrita), existe a outra forma de comunicação pela qual os seres humanos expressam-se sem precisar de elementos verbais. A comunicação não-verbal é, portanto, o ato comunicacional que se efetua entre pessoas por meios que não a palavra. Em um processo de comunicação interpessoal estão envolvidos diversos elementos que contribuem (e, em determinados casos, até atrapa- lham) para a conversação: além da linguagem verbal usada na conversa, os interlocutores gesticulam, as- sumem posições e fazem movimentoscorporais que têm signifi cações. (SANTOS, 2008) Na comunicação interpessoal, conforme SANTOS (2008), interagem os elementos: Linguísticos (verbais, vocais): como a fala, a con- versa entre (dois colegas de trabalho), o discurso de um político que participa de um comício, a aula de um professor a seus alunos, a palestra feita por um pesquisador a uma plateia interessada; Paralinguísticos (não-verbais): que podem ser vo- cais, como o tom de voz, ou não-vocais, a exemplo da postura assumida pelos interlocutores durante o ato comunicativo; 54 Extralinguísticos (também chamados de indé- xicos): como a roupa usada pelos interlocutores. As pessoas teriam confi ança em um médico que as atendesse com a roupa suja de sangue? Ou fariam aplicações fi nanceiras com um gerente de banco que se apresentasse com vestimentas puídas? Cinésicos (não-verbais, não-vocais): que englo- bam os gestos e os movimentos corporais. A comunicação não-verbal pode repetir a informação verbal (ser redundante), contradizer o sistema verbal (quando o interlocutor diz algo com palavras, mas seu corpo ou seu gestual afi rma outra coisa), substituir o código verbal (um ato comunicati- vo que se vale apenas de gestos e posturas corporais e prescinde de elementos verbais para ser compre- endido), complementar o código verbal, enfatizar a mensagem verbal e também regular o fl uxo comu- nicativo, com o uso de marcadores conversacionais vocais não-verbais (interjeições, murmúrios, que as pessoas empregam, por exemplo, em uma conversa- ção telefônica, com o intuito de manter o diálogo). E, mesmo sendo mais natural do que a linguagem articulada (verbal), a comunicação não-verbal pode ser descrita por meio de signos linguísticos. Em muitos casos, a comunicação não-verbal pode até 55 não ser percebida, mas está presente em processos de comunicação e interfere em seu efeito. A comunica- ção do corpo é constituída por mensagens que atuam sobre a sensibilidade do receptor, anunciando ou de- nunciando o que ele realmente pensa. (SANTOS, 2008, p. 32) Esse comportamento expressivo do ser humano é determinado por respostas psicofi sioló- gicas e também por aspectos culturais, a partir de conjuntos de signos e códigos empregados em uma determinada sociedade. Assim, o comportamento comunicacional é então, condicionado por diversos fatores (SAN- TOS, 2008): Biofísicos e Psicológicos: o sexo e a idade infl uen- ciam nos gestos feitos e nas posturas assumidas pelos interlocutores. Homens e mulheres têm comunica- ções gestuais diferentes, assim como o estado emo- cional da pessoa (alegria, raiva, tristeza) determina a linguagem corporal; Ambientais: o ambiente socioeconômico faz com que os indivíduos adotem determinada linguagem corporal; Sociais: as pessoas adotam comportamentos comu- 56 nicacionais distintos em cada grupo social que fre- quentam. Entre familiares, os gestos e posturas dife- rem daqueles que são empregados com os amigos ou perante os colegas de trabalho; Educacionais: a escola reforça as normas que condicionam o comportamento comunicacional do indivíduo; Culturais: as sociedades engendram normas para o uso da linguagem do corpo. Da mesma forma, gru- pos que cultivam valores e tradições morais e religio- sos rígidos fazem gestos mais contidos e assumem posturas mais estáticas. Os participantes de um ato comunicativo são avaliados constantemente por seus interlocuto- res. Um gesto que não obedeça aos padrões culturais estabelecidos pode ser mal interpretado ou criar situ- ações embaraçosas. Por este motivo, para expressar- -se corretamente em um país estrangeiro ou em gru- po social diferente, é preciso, além do conhecimento da língua local, dominar também as normas que de- terminam a linguagem corporal. Ter fl uência cultural é ser capaz de entender e produzir comportamentos não-verbais característi- cos de uma sociedade. Os gestos e a linguagem cor- poral têm signifi cações as mais variadas dependendo da cultura na qual são empregados. Na China, por 57 exemplo, deve-se usar a mão, e não apenas um dedo para apontar. Já os holandeses chupam o polegar para indicar que alguém está falando uma mentira. Chanlat (2007a, p. 38) complementa o en- tendimento sobre a comunicação não-verbal contex- tualizando que: Constitui outro modo ao mesmo tempo particular, complementar e simultâneo da comunicação, este modo de comunicação envolve, ao mesmo tempo, ele- mentos contextuais, isto é, elementos mimogestuais (mímicas, movimentos corporais etc.), e elementos vocais (timbre de voz, entonação etc.), que acompa- nham o texto falado propriamente dito, e os elemen- tos contextuais, que reagrupam todos os marcadores e índices de contextualização: espaços corporais, distintivos de origem (vestuário, insígnias, uniformes etc.) e marcadores relacionados (signos hierárquicos, sobrenomes etc.). O conjunto destes marcadores as- sociados às características espaciais e temporais do lugar onde se situa o ato de comunicação, define o contexto situacional. Assim, “texto” e “contexto” associam-se para constituir o enunciado total da linguagem hete- rogênea formada pela sinergia dos três subsistemas – “verbal, vocal e gestual”. Este enunciado total só 58 terá significação em determinado contexto organiza- cional. (CHANLAT, 2007a) A aparência física e os movimentos do cor- po desempenham um papel em nosso relacionamen- to social: eles exprimem uma parte de cada um de nós e, percebido pelas outras pessoas, permitem cap- tar certas características de nosso modo de agir. Sem darmo-nos conta, utilizamo-nos desse procedimento na vida cotidiana, particularmente quando procura- mos convencer ou agradar a alguém. Já na Antiguidade, os tratados de retórica co- tejavam os méritos respectivos dos gestos e da pala- vra. Hoje, políticos buscam, através de treinamento, aprimorar sua expressão diante das câmaras; executi- vos fazem estágios que visam desenvolver seu “po- tencial não-verbal”; psicólogos, através de técnicas de “afirmação do eu”, ensinam aos tímidos como se mostrarem mais seguros de si; e publicam-se livros que permitem identificar, na expressão fisionômica e na postura das pessoas, os sinais da sinceridade ou da mentira. (CHANLAT, 2007a) A imagem que nós transmitimos através dos sinais corporais exerce um efeito sobre as demais pessoas: esse efeito pode vir a ser importante na vida cotidiana, na escola, na empresa, bem como nas mais diversas formas de organização. Se para existir, toda interação necessita de um modo de comunicação, que coloca igualmen- 59 te em jogo alguma forma de ritualização que não é exclusiva do ser humano, mas nele toma formas bem particulares, quando a expressão ritualização é considerada em sua dimensão antropológica, como sublinhou com ênfase Goffman (1974b, 1988 apud CHANLAT, 2007a, p. 39), “a vida quotidiana é o te- atro permanente de tal ritualização.” Os ritos de interação, mobilizam todo um conjunto de obrigações, de expectativas e de figurações, têm por função preservar a face de cada um ou ainda restituí-la quando perdida durante um reencontro. As sociedades para manterem-se como tais, devem mobilizar seus membros para torná-los parti- cipantes de reencontros autocontrolados. O ritual de comunicação é um dos meios de conduzir o indivíduo a este objetivo: sendo ensinado a ser atento, a prender-se a seu eu e a expressar este eu habilidoso e seguro. Estes são alguns comportamentos elementares que é preciso desenvolver numa pessoa para que ela possa interagir. (CHANLAT, 2007a) Em outras palavras, a polidez, o tato, a cor- tesia são meios universais para exprimir e assegurar o que se qualificou de reciprocidade conveniente. Em um nível mais ontológico, estes ritos, protegendo- -nos e protegendo o outro, têm por função assegurar a perenidade da confiança mútua. (GIDDENS, 1987 apud CHANLAT, 2007a) Chanlat (2007a)afirma que sem esta ritu- 60 alização das relações quotidianas, a existência seria insustentável. As situações de crise confirmam-nos, cons- tantemente, tanto em nível das sociedades, quanto ao nível das organizações que os ritos de interação, como os rituais coletivos, contribuem significativamente para a manutenção da sociabilidade, transformando-se as- sim em verdadeiros indicadores do estado qualitativo das relações humanas. (CHANLAT, 2007a) Com base em outros teóricos, Chanlat (2007a) informa que: Toda, clivagem, necessidades de proteção e de trans- ferências negativas que podem estabelecer-se em re- lação a alguns objetos, o que é possível, pela própria obrigatoriedade de viver-se e trabalhar com os ou- tros, é a tentativa arriscada e retomada quotidia- namente de uma comunicação que não choque nem confronte violentamente os mecanismos de seguran- ça narcisista e as necessidades de identidade dos indivíduos, ou seja, que estabeleça um equilíbrio entre o reconhecimento desejado e o desejo de fazer- -se reconhecer de cada um. (ENRIQUEZ, 1983 apud CHANLAT, 2007a, p. 39) Toda comunicação jamais é totalmente enfáti- ca. A significação que se dá a alguns gestos, a algumas 61 palavras, deve sempre ser inserida nos quadros psíqui- cos, onde surgiram. Agindo desta maneira, podemos aprender melhor alguns comportamentos que pode- riam parecer à primeira vista ambíguos, paradoxais e mesmo totalmente irracionais. A tomada de consciên- cia de tais processos tem o mérito de lembrar a todos e a cada um que a afetividade é uma dimensão incontor- nável das relações humanas, seja face a face, em grupo ou na multidão. (CHANLAT, 2007b) 3.1 Comunicação Intrapessoal O campo onde se decide, realmente, a co- municação é o pessoal, o intrapessoal, que interfere profundamente nas outras formas de comunicação. Aprendemos pela comunicação pessoal, que se desenvolve dentro de nós e que conforme Moran (1998) representam: Nossas falas internas, os diálogos tensos entre as vá- rias tendências, às vezes conflitantes, a fala emocio- nal e a racional, a fala consciente e a inconsciente, a fala do passado e a do presente, as falas introjetadas e as novas fala, as falas do desejo e as do medo, as do real e as do imaginário, as que provêm da infor- mação e as que provêm da ação, a comunicação das sensações, das intuições e das ideias. A comunicação 62 mais difícil é a intrapessoal: conseguir expressar as múltiplas vozes que se manifestam em nós, coordená- -las, integrá-las e orientá-las para uma vivência cada vez mais enriquecedora. (MORAN, 1998, p. 38) Vivemos contradições radicais, entre o ins- tinto selvagem e a sua sublimação, entre o primitivo e o cultural. Pela comunicação intrapessoal procuramos equilibrar as nossas contradições, comunicar-nos en- tre o nosso universo organizado e o desorganizado, o visível e o invisível, entre o que controlamos e o que nos escapa. Comunicamo-nos melhor se aprendemos a dialogar com as nossas tendências contraditórias. (MORAN, 1998) Na comunicação intrapessoal definem-se os verdadeiros processos. Só o indivíduo sabe se está sendo coerente ou se está representando, mostrando- -se diferentemente de como se vê. Aqui, coerência como adequação entre a percepção do indivíduo e a sua ação, não aquela de verdade definitiva. Evolui-se quando se aceita como é e procura modificar-se, se não mascara seus sentimentos e suas percepções. E na medida em que constata que está manipulando in- formações, procura revê-las, aproximando-as da sua observação, do seu referencial. (MORAN, 1998) “Comunicar-se pessoalmente é aceitar as inúmeras dificuldades em sermos coerentes, em vi- 63 venciar o que racionalizamos, em assumir o lado negro, complicado, da nossa existência.” (MO- RAN, 1998, p. 39) Os processos de comunicação podem ser au- tênticos e inautênticos, de acordo com Moran (1998): Autênticos: quando há uma correspondência entre o que se percebe e o que se comunica; inautênticos, quando o indivíduo oculta-se (ou tenta ocultar-se através de palavras ou de máscaras), quando repre- senta personagens que não são seus, ou quando os outros também se escondem. Quando se consegue desenvolver processos de comunicação autênticos, aprende-se mais, evolui-se mais, ampliam-se os horizontes emocionais e intelec- tuais de forma poderosa. Se predominarem nas pes- soas processos de comunicação inautênticos, cresce-se cada vez menos, perder-se a confi ança nos outros e principalmente em si mesmo. (MORAN, 1998) 3.2 Comunicação Interpessoal A comunicação interpessoal cria com outras 64 pessoas novas realidades, modificando a forma com que se veem, ajudando a perceber melhor um mes- mo assunto, a modificar algum aspecto do mundo de cada pessoa. Pode-se criar um novo produto, um novo enfoque no campo intelectual, um novo merca- do, uma nova relação afetiva, provocando modifica- ção nas pessoas que se envolvem com esse processo de comunicação. Na visão de Moran (1998, p. 41): Muitas pessoas não se comunicam realmente, dis- torcem, buscam compensações.” E ainda: “Não trocam porque não são livres para trocar, ou trocam distorções, trocam ressentimentos, trocam emoções mal resolvidas, buscando compensações. Quanto mais livre é a pessoa, melhor se comunica. (MORAN, 1998, p. 41) Aprende-se e evolui-se pela comunicação com os outros pelas múltiplas formas de comuni- cação interpessoal. Através desta comunicação, nós, seres humanos, recebemos informações, afeto, críti- cas, visões de mundo, interações e fazemos o mes- mo com os outros. Servimos aos outros de espelho e espelhamo-nos neles e por meio deles. Captamos nos demais o que nos interessa, o que tem a ver co- nosco, o que desejamos e odiamos, o que nos atrai 65 e o que nos repugna, mas que se relaciona conosco. (MORAN, 1998) Pela comunicação interpessoal expressamos o melhor de nós e buscamos também o nosso eixo, encontrar- -nos, compreender-nos a partir de como os outros nos veem. Aprendemos a confi ar e a desconfi ar, a amar, a odiar, a sentir e a compreender, a dar-nos e a fe- char-nos. Pela comunicação interpessoal procuramos o que nos falta, encontramo-nos ou escondemos de nós mesmos, nos realizamos e frustramos, triunfa- mos e fracassamos. (MORAN, 1998, p. 42) Há comunicações interpessoais superfi ciais, episódicas, temporárias, dirigidas para objetivos es- pecífi cos e há outras mais profundas, ricas, estáveis, intensas, decisivas. Outro elemento fundamental no processo da comu- nicação interpessoal é a postura, que por sua vez, é o modo de manter-se o corpo, compondo seus movi- mentos, que fornecem indícios de sentimentos e in- tenções. Pela postura adotada pelos participantes de um ato comunicacional interpessoal pode-se perce- ber se eles estão abertos ou fechados para a inclusão de outros interlocutores. 66 A forma como o corpo é posicionado, em um pro- cesso de comunicação interpessoal, também indica se as ideias formuladas por um integrante do grupo são compartilhadas ou não pelos demais participantes. Quando um homem e uma mulher estão interessa- dos um no outro, seus corpos são posicionados de maneira receptiva, mas, se o interesse parte só de um deles, o outro vai assumir uma postura fechada (cru- zando os braços e mantendo o tronco inclinado para trás) às investidas do primeiro. (SANTOS, 2008) Os sinais gestuais e posturais são igualmente influenciados por estados afetivos mais duráveis do que as emoções; permitem, portanto, atribuições re- lativas a tais estados; em outras palavras, permitem, por exemplo, estabelecer uma relação entre certo ges- to e o estado afetivo do sujeito que fez esse gesto. Nas relações interpessoais, os movimentos corporais podem exprimir o sentimento, positivo, experimen- tado em relação à outra pessoa. Assim, mais do que as opiniões expressas verbalmente, podem revelaruma atitude de discriminação social. Reciprocamen- te, os sinais gestuais e corporais podem modificar a atitude da outra pessoa em relação a quem os emite. (CHANLAT, 2007b) A disciplina que estuda o comportamento co- municacional do ser humano com vistas a lograr deter- minados objetivos, como a venda, o convencimento, a realização de um empreendimento é a neurolinguística. 67 Esta recomenda o emprego do rapport, uma prática usada principalmente por vendedores, que possibilita entrar em sintonia com o interlocutor (falar no mesmo tom de voz, assumir a mesma postura) para ganhar sua confiança. Ao imitar os gestos e assumir posições corporais do outro, falando na mesma altura de voz e igual velocidade, a possibilidade de convencer o inter- locutor é maior. (SANTOS, 2008) Os gestos são estudados por uma ciência chamada cinésica, e a proxêmica - a área do conhe- cimento que explica o uso social do espaço, a distân- cia existente entre os interlocutores, determinada por aspectos culturais (os japoneses mantêm uma distân- cia respeitosa em relação às pessoas com quem esta- belecem um ato comunicativo, enquanto o brasileiro invade o espaço do outro, inclusive tocando o corpo do interlocutor) ou sociais (as pessoas guardam dis- tância na presença de uma autoridade, como juiz ou bispo). O político, quando em campanha, aproxima- -se do eventual eleitor, mas, uma vez eleito, distancia- -se das pessoas, aumentando o espaço na hora de cumprimentá-las. (SANTOS, 2008) Além dos gestos e movimentos corporais, a comunicação não-verbal também envolve a expres- são vocal, que comporta o tom e a altura da voz, os qualificadores vocais (riso, choro) e os segregadores vocais (grunhidos, interjeições), que interferem no processo comunicativo. Esses elementos, presentes 68 na comunicação interpessoal, são paralinguísticos e enquadram-se na paracomunicação (comportamento comunicativo que não tem base na língua, mas está sincronizado à linguagem verbal). (SANTOS, 2008) Para Chanlat (2007b) os movimentos corpo- rais, em especial os gestos, são considerados como reações a estímulos externos modulados pelo estado interno do indivíduo. Assim, os movimentos podem estimular outro indivíduo ou podem responder aos movimentos que outro indivíduo tenha feito. Então, examina-se, em termos de comunicação, o valor dos movimentos expressivos – e o papel que eles exer- cem nas interações sociais. Em muitas situações de comunicação, a pro- babilidade de manifestar certo comportamento varia em função dos índices não-verbais que são captados pelo interlocutor. Falar de comunicação de uma forma ideal é praticamente impossível, mas falar da comunicação em cada momento, com cada pessoa, dentro das suas ca- racterísticas, estilos e histórias pessoais, isso é possível. A comunicação depende das partes envolvi- das, depende também do tipo de relação que se esta- belece entre elas, que para Moran (1998, p. 41): “Algumas pessoas vivem relações positivas, mais ou menos superficiais. Já outras, vivem simultaneamen- te relações negativas e positivas mais ou menos super- ficiais ou profundas.” 69 Contudo, torna-se importante, principalmen- te no ambiente de trabalho, saber conviver da melhor maneira possível com todas estas situações diferentes e simultâneas de comunicação interpessoal. Assim, as formas de expressar a autentici- dade dependem dos tipos de relações existentes. Se a interação é superficial, mostra-se uma atitude de confiança, de abertura, mas dentro do contexto li- mitado pela troca de mensagens adequadas, deixan- do o caminho aberto para mudanças de interação, mas sabe-se que muitas interações manter-se-ão sempre ocasionais. (MORAN, 1998) As interações também podem ser formais, habituais, pouco significativas, com pessoas com as quais se convive com frequência, como principal- mente no trabalho. No ambiente de trabalho é importante atentar-se que algumas pessoas pouco terão em co- mum. Contudo, deve-se fazer o possível para não se fechar as portas da comunicação, podendo ocorrer mudanças na relação, mas mantendo sempre uma interação formal. Os ambientes de trabalho e organizações di- versas possibilitam participações simultâneas de for- mas de interação negativas, com pessoas com as quais se tem problemas, que para Moran (1998, p. 42): “São as pessoas que nos criticam, que não nos acei- 70 tam ou que são muito diferentes de nós. Nessas si- tuações, é muito útil não agravar as diferenças, não enfatizar o que nos desune, não carregar nos senti- mentos negativos.” Nessas situações, deve-se procurar manter a comunicação social, manter as portas abertas para mudar a relação caso a situação presente modifique- -se. Existem formas construtivas e destrutivas de lidar com relações negativas. Há pessoas que agra- vam relações, que já são problemáticas, provocam, criticam, agridem, mexem nos sentimentos negativos próprios e alheios. Isso só piora o ambiente, a pos- sibilidade de entendimento mínimo e o crescimento pessoal e profissional. 3.3 Saber Ouvir Na comunicação poderão ocorrer resistên- cias, descompassos, mal-entendidos que redefinirão continuamente suas possibilidades e limites. Acontecerão as resistências ideológicas, de pessoas que têm universos mentais diferentes, par- cialmente incompatíveis, ou resistências intelectuais, a ideias opostas. Ainda, poderão ocorrer resistências que são emocionais, de pessoas que têm experiências negativas que interferem na sua aceitação pessoal e 71 na aceitação do outros. Alguns falam ou escrevem coisas fantásticas, mas têm dificuldades em aceitar-se, em dar-se valor ou em dar valor aos demais, princi- palmente saber ouvir. (MORAN, 1998) Também, poderão ser verificados nos pro- cessos de comunicação interpessoais descompassos, tempos de compreensão diferentes. Uma mesma mensagem pode ser significativa para alguém e, ao mesmo tempo, negativa ou indiferente para outra pessoa. Os objetivos podem estar desencontrados. Há, também, mal-entendidos. Decodificações deturpadas, atribuição de sentido, deformadas, entre a intenção do comunicador e a recepção do interlocutor. Muitos mal-entendidos acontecem de parte a parte, quando não há vontade de escutar realmente o parceiro. E para Moran (1998, p. 41): Todos estes fatores limitam as possibilidades de co- municação plena, redefinindo-a como um processo complexo, de idas e voltas, de tempos diferentes, de equilíbrios e desequilíbrios, de aproximação e afas- tamento. É no meio deste zigue-zague que vamos construindo nossas relações, nosso entendimento, nossos encontros e desencontros. Experienciamos formas de comunicação possíveis para cada um de nós em cada momento. 72 É importante estarmos atentos ao diversos tipos de comunicação que desenvolvemos com as pes- soas que nos cercam. Examinar as que nos ajudam e as que nos complicam. As relações que caminham bem e as que nos causam problemas. Buscar sermos o mais coerentes, abertos, autênticos que cada situação per- mitir, para que os outros também facilitem o processo, interajam melhor conosco e modifiquem-se treinando exaustivamente a habilidade de saber ouvir. 1) Contextualize a importância da comunicação no processo de interação entre os seres humanos. 2) Para Santos (2008) vários teóricos têm ressaltado a carga simbólica embutida no processo da comuni- cação. De que forma, esses elementos simbólicos in- fluenciam o ato comunicativo? 3) Vários teóricos comungam a classificação dos atos comunicativos. Assim, o ser humano pode empregar: a) Quais formas de comunicação? b) Do ponto de vista da amplitude, como a comuni- 73 cação pode ser? 4) Ao lado dos atos comunicacionais que se realizam com o uso da linguagem verbal (seja falada ou escri- ta), existe a outra forma de comunicação, pela qual os seres humanos expressam-se sem precisar de ele- mentos
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