Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Modelos de Atenção à Saúde Etapa 2 Alberto Lima Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-ND https://www.brasildefato.com.br/2019/09/18/artigo-or-dissolucao-do-instituto-municipal-de-estrategia-de-saude-da-familia/ https://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/ Qual o conceito de Saúde atual? Histórico da compreensão do processo saúde-adoecimento • Teoria mística: doença como fenômeno sobrenatural • Ambiente: doença como consequência das alterações ambientais (Hipócrates) Histórico da compreensão do processo saúde-adoecimento • Teoria dos miasmas: doença causada por gazes emanados da águas, ar, terra. • Teoria da unicausalidade: Pasteur e o agente etiológico. • Epidemiologia: multicausalidade Como os modos de vida e saúde interferem na forma de organizar os serviços de saúde? Modos de vida e saúde • Condições de vida: condições materiais necessárias à subsistência, relacionadas à nutrição, à habitação, ao saneamento básico e às condições do meio ambiente. • Estilo de vida: formas social e culturalmente determinadas de vida, que se expressam no padrão alimentar, no dispêndio energético cotidiano no trabalho e no esporte, hábitos como fumo, álcool e lazer (possas, 1989:197) Existem diferentes grupos populacionais, que exigem ações e serviços diferenciados Componentes de um Sistema de Saúde • POLÍTICO – Modelo de Gestão • ECONÔMICO – Modelo de Financiamento • MÉDICO – Modelo Assistencial Sistemas de Saúde devem ser competentes para enfrentar as necessidades de saúde da população • Que população? • Quais as doenças mais frequentes? • Quais as necessidades? • De que morre essa população? • Quais serviços existem no território? Sistemas de Saúde devem ser competentes para enfrentar as necessidades de saúde da população A SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA • Redução da fertilidade • Envelhecimento populacional A MORTALIDADE • Doenças cardiovasculares, câncer e causas externas A MORBIDADE (tripla carga) • Doenças agudas, doenças crônicas • Causas externas TRIPLA As diferenças entre as condições agudas e as condições crônicas CONDIÇÕES AGUDAS •Duração limitada •Manifestação abrupta •Autolimitadas •Diagnóstico e prognóstico usualmente precisos •Intervenção usualmente efetiva •Resultado: a cura CONDIÇÕES CRÔNICAS •Duração longa •Manifestação gradual •Não autolimitadas •Diagnóstico e prognóstico usualmente incertos •Intervenção usualmente com alguma incerteza •Resultado: o cuidado A formação médica tem efeitos na forma da assistência à saúde? Principais Características da Medicina Flexneriana (Relatório de Flexner, 1911) • Ênfase na atenção médica individual, secundarizando a promoção à saúde e prevenção; • Organização da assistência médica em especialidades; Principais Características da Medicina Flexneriana (Relatório de Flexner, 1911) • Valorização do ambiente hospitalar em detrimento da assistência ambulatorial; • Educação médica separando as disciplinas do ciclo básico (anatomia, bioquímica, fisiologia, etc) e profissional, sendo este realizado nos hospitais de ensino. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND https://biogeocarlos.blogspot.com/2009/03/visita-la-exposicion-body-worlds.html https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Medicina • têm o propósito de promover uma formação médica mais geral, humanista e crítica com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, dignidade humana e saúde integral da população. As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Medicina • ser orientada pelas necessidades de saúde dos indivíduos e das populações; • usar metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do conhecimento e a integração dos conteúdos de ensino, pesquisa, extensão e assistência; • promover a integração e interdisciplinaridade aprendendo e atuando em equipes multiprofissionais; As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Medicina • Ter a presença de ciências sociais e discussões em temas fundamentais para a formação ética do estudante como a segurança do paciente e a diversidade na garantia de direitos sociais, debatendo questões de gênero, etnia, entre outras condições; • prever a inserção do aluno na rede de serviços de saúde desde as séries iniciais da formação e ao longo de todo o curso proporcionando ao estudante oportunidade de lidar com problemas reais assumindo responsabilidades crescentes; • dar centralidade para o ensino da atenção básica organizado e coordenado pela área de Medicina de Família e Comunidade e fortalecer também áreas como a atenção às urgências e saúde mental. O que são modelos de atenção à saúde? modelos de atenção à saúde (ou modelo assistencial) “O modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços de saúde e o Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las.”. Ministério da Saúde (Brasil, 1990) modelos de atenção à saúde (ou modelo assistencial) “São formas de organização das relações entre sujeitos (profissionais de saúde e usuários) mediadas por tecnologias (materiais e não materiais) utilizadas no processo de trabalho de saúde, cujo propósito é intervir sobre problemas (danos e riscos) e necessidades sociais de saúde historicamente definidas.” (Paim, 2002) modelos de atenção à saúde (ou modelo assistencial) Organização das ações de atenção à saúde envolvendo aspectos tecnológicos e assistenciais com objetivo de enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma coletividade. Modelos Assistenciais - Brasil Modelos Assistenciais Hegemônicos Biomédico e Tecnicista Sanitarista Alternativos Não existe modelos certos ou errados, ou receitas que, quando seguidas, dão certo. Modelo Médico Hegemônico • Tecnicista, hospitalocêntrico ou flexneriano; • Concepção médica assistencial privatista; • Assistência à doença em seus aspectos individuais e biológicos (caráter assistencialista e curativo); Modelo Médico Hegemônico • Centrado no hospital, nas especialidades médicas, no uso intensivo de tecnologias duras e da demanda espontânea; • Fragmentação na atuação dos profissionais/ trabalhadores de saúde; • Enfoque é vertical e paternalista tradicional, apoiado no biologismo e mecanicismo. • Baseado na atenção médica (médico centrado); • Centrado na produção de procedimentos; • Atuação sobre as consequências da doença (curativa); Modelo Médico Hegemônico • Ênfase no indivíduo doente, isolando-o do contexto social (o paciente é objeto da ação do médico, espectador, é cuidado e curado por outros); • Desconsideração dos fatores emocionais envolvidos; • Fragmenta o cuidado em saúde (especialidades); Modelo Médico Hegemônico • Atuação desarticulada, desintegrada e pouco cuidadora; • Atendimento pouco eficaz e resolutivo; • Consome acriticamente tecnologias; • Medicaliza todas as questões; Modelo Médico Hegemônico • Não se articula com outras práticas terapêuticas ou racionalidades; • Sistema passivo: demanda espontânea ou livre escolha; • Sistema de alto custo e baixo impacto na saúde da população. Modelo Médico Hegemônico Características do Modelo Médico Hegemônico Individualismo Saúde/ doença como mercadoria Ênfase no biologismo Historicidade na prática médica Privilégio da medicina curativa; Medicalização do problema Estimulo ao consumismo médico Participação passiva ou subordinada dos consumidores Modelo Sanitarista-campanhista • Expansão em 1930 – instalação de centros e postos de saúde; • Baseado em ações pontuais e campanhas/ ações ambulatoriais; • Campanhas sanitárias, programas especiais, vigilância epidemiológica e sanitária; Modelo Sanitarista-campanhista • Programas: pré-natal, puericultura, tuberculose, hanseníase, IST; • Objeto de trabalho:modos de transmissão e fatores de risco das diversas doenças em uma perspectiva epidemiológica; • Tem enfrentado dificuldades para a promoção e proteção da saúde, bem como na prestação de uma atenção com qualidade, efetividade e equidade. Crise dos modelos Hegemônicos • Elevação dos custos (incorporação tecnológica e reorganização do processo de trabalho); • Redução de eficácia e da efetividade (mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população); • Insatisfação dos profissionais com as condições de trabalho e remuneração; • Insatisfação da população com as dificuldades de acesso, a baixa qualidade e a (des) humanização do atendimento. Superação da Crise Mudança do modelo assistencial ATENÇÃO PRIMÁRIA Modelo Alternativos • Surgem na década de 1970 – debate internacional sobre a separação dos modelos tradicionais; • Pautados em princípios e diretrizes do SUS (hierarquização e regionalização dos serviços de saúde, atendimento universal e integral, territorialização, humanização, acolhimento e ações programadas de saúde); Modelo Alternativos • São direcionados para atendimento ao indivíduo na sua singularidade, à família e à comunidade, levando-se em conta seus aspectos socioeconômicos, culturais e políticos; • Centrados nas ações programáticas da saúde, ESF, acolhimento, vigilância da saúde, movimento Cidades Saudáveis e promoção e prevenção da saúde; • Reorganização dos serviços de saúde (redes de atenção) Modelo Alternativos Ações programáticas de saúde Medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças Estratégia de Saúde da Família Ações territoriais que enfatizam atividades e de prevenção de riscos e agravos a saúde. Modelo Alternativos Acolhimento Vínculos entre profissionais – clientela com introdução de mudanças na recepção do usuário, no agendamento das consultas e na programação da prestação de serviços. Vigilância da Saúde Fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, ações de vigilância nutricional, a vigilância na área da saúde do trabalhador e a vigilância ambiental. Modelo Alternativos Cidades Saudáveis Promoção da cidadania e o envolvimento criativo de organizações “comunitárias” no planejamento e execução de ações intersetoriais dirigidas à melhoria das condições de vida e saúde. Promoção da Saúde Melhoria das condições e estilos de vida de grupos populacionais específicos, apoiando-se amplamente em atividades de educação e comunicação em saúde e na formulação de “políticas públicas saudáveis”. Desafios para os modelos alternativos • A heterogeneidade da realidade brasileira – econômica, social, geopolítica, sanitária; • A fragmentação do sistema de saúde; • A complexidade dos problemas e necessidades de mudanças estruturais; • A pouca qualificação profissional em saúde coletiva; • A lógica biologista e fragmentada da formação em saúde. O que podemos fazer para superar os desafios? Conhecer e dialogar com a população Identificar problemas do território Territorializar as informações Planejar para enfrentar os problemas Modelos Hegemônicos X Modelo Alternativos Demanda espontânea; Assistência à saúde fragmentada; Sem planejamento; Poucas ações de prevenção de doenças e promoção da saúde; Assistência integral, humanizada, com responsabilização e vínculo entre trabalhadores e usuários; Articulação das ações de demanda espontânea e demanda programada. Obrigado !
Compartilhar