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Livro Serviço social para estudantes e profissionais assistentes sociais

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0 
 
 1 
 
 
Cristiano Costa de Carvalho 
ORGANIZADOR 
 
Neilando Alves Pimenta 
COLABORADOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teófilo Otoni – 2021 
 
 2 
 
 
Copyrigth ©: Autores diversos 
Projeto gráfico: Núcleo de Investigação Científica e Extensão (NICE) 
Diagramação: André Vitor G. e Núcleo de Investigação Científica e Extensão (NICE) 
Capa: André Vitor Gonçalves e Núcleo de Investigação Científica e Extensão (NICE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS PRESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma 
ou por qualquer meio sem a citação dos autores. A violação dos direitos de autor (Lei 
Federal 9.610/1998) é crime previsto no art. 184 do Código Penal. 
 
 
Temas contemporâneos no processo de trabalho do Serviço Social/ Cristiano 
Costa de Carvalho, (Org.). - Teófilo Otoni - Editora NICE, Dezembro/2021. 
 
223 f. 
 
Vários autores. 
ISBN 978-65-994641-6-4. 
E-book 
 
 
1. Serviço Social. 2. Assistente Social. 3. Direitos 
Humanos. 4. Trabalho profissional. 5. Política Social. 
 
 
 
CDD-361.981 
 3 
SUMÁRIO 
 
 
SOBRE OS AUTORES..................................................................................................................5 
 
PREFÁCIO 
Kênia A. Figueiredo.....................................................................................................................10 
 
APRESENTAÇÃO 
Cristiano Costa de Carvalho.......................................................................................................13 
 
BLOCO 01 - TEMAS EMERGENTES E O SERVIÇO SOCIAL 
 
Capítulo 01 - CRISE E CRÍTICA DA PANDEMIA DA COVID-19 E O SERVIÇO SOCIAL 
Marisaura dos Santos Cardoso 
Cristiano Costa de Carvalho.......................................................................................................16 
 
Capítulo 02 - APROXIMAÇÕES TEÓRICAS SOBRE FLUXOS MIGRATÓRIOS 
MOTIVADOS PELO ENSINO SUPERIOR E OS REFLEXOS DA CRISE SANITÁRIA 
PROVOCADA PELA COVID-19: BRASIL-PORTUGAL 
Fabrícia Cristina de Castro Maciel .............................................................................................33 
 
Capítulo 03 - VULNERABILIDADES DA POPULAÇÃO LGBTQIA+: A SITUAÇÃO DAS 
TRAVESTIS E DAS MULHERES TRANS NO CONTEXTO PANDÊMICO 
Renato Tadeu Veroneze.............................................................................................................51 
 
Capítulo 04 - POBREZA E AUXÍLIO EMERGENCIAL EM TEMPOS DE COVID-19 
Leni Maria Pereira Silva 
Alan Farley Prates Oliveira 
Luciney Sebastião da Silva.........................................................................................................72 
 
 
BLOCO 02 – MUNDO DO TRABALHO, TÉCNICAS E INTERVENÇÕES DO SERVIÇO 
SOCIAL 
 
Capítulo 05 - SOFRIMENTO ÉTICO-POLÍTICO EM TRABALHO PRECÁRIO 
Leni Maria Pereira Silva 
Luciney Sebastião da Silva.........................................................................................................97 
 
Capítulo 06 - ESTUDO SOCIOECONÔMICO: NOTAS PARA SUA EXECUÇÃO NO 
SERVIÇO SOCIAL 
Ludson Rocha Martins...............................................................................................................118 
 
Capítulo 07 - PROTOCOLO DO ACOMPANHAMENTO (DO SERVIÇO SOCIAL) AO 
PACIENTE DURANTE O PROCESSO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR E PÓS-ALTA. 
Gesiene Aparecida Cordeiro Reis............................................................................................137 
 4 
 
Capítulo 08 - NOTAS E REFLEXÕES SOBRE A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL 
NO CAMPO SÓCIO-JURÍDICO 
Cibelle Dória da Cunha Bueno................................................................................................152 
 
 
BLOCO 03 – DEMANDAS E COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS 
 
Capítulo 09 - CIDADANIA, REPÚBLICA E DEMOCRACIA NO BRASIL: 
CONTRIBUIÇÕES PARA COMPREENDERMOS O DEBATE EM TORNO DO 
CONTROLE SOCIAL E DA PARTICIPAÇÃO POPULAR 
Marisaura dos Santos Cardoso...............................................................................................164 
 
Capítulo 10 - SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS: UM ESTUDO SOBRE AS 
PRODUÇÕES BIBLIOGRÁFICAS. 
Maria José de Oliveira Lima 
Viviane Arcanjo de Oliveira....................................................................................................176 
 
Capítulo 11 - A ASSESSORIA/CONSULTORIA EM SERVIÇO SOCIAL: um espaço sócio 
ocupacional em expansão para o trabalho profissional 
Rosângela M A Soares..........................................................................................................184 
 
Capítulo 12 - A POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS COMO POSSÍVEL ESTRATÉGIA 
ÉTICA NOS ATENDIMENTOS DE ASSISTENTES SOCIAIS EM INSTITUIÇÕES DE 
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL 
Carla Cristina Cangussu 
Marisnei Souza Dourado 
Verita Perpétua Saraiva.........................................................................................................195 
 
Capítulo 13 - OS DIREITOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: 
CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA CONSULTÓRIO DE RUA DE BELO HORIZONTE - 
MG. 
Carla Cristina Alves Cangussú 
Cristiano Costa de Carvalho 
Luisa Maria Furbeta Boeri 
Verita Perpétua Saraiva...........................................................................................................207 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
SOBRE OS AUTORES 
 
 
Alan Farley Prates Oliveira 
 
Mestrando em Serviço Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PUCSP. E-
mail: alanfarleyp@gmail.com 
 
Carla Cristina Cangussu 
 
Estudante de Serviço Social pelo Centro Universitário UNA. Integrante do Laboratório de 
Direitos Humanos (LabDH) e Escritório do Serviço de Assistência Judiciária da Una 
(ESAJUNA), participa do Grupo de estudo e pesquisas sobre formação, exercício e 
prática profissional do Serviço Social. 
 
Cibelle Dória da Cunha 
 
Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
Mestre em Serviço Social, Trabalho e Questão Social pela Universidade Estadual do 
Ceará - UECE, Pós-graduada em Serviço Social, Políticas Públicas e Direitos Sociais pela 
Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Bacharel em Serviço Social pelo Centro 
Universitário UNA de Belo Horizonte / MG. Docente do Departamento de Serviço Social 
da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP e Universidade Estadual de Minas Gerais 
– UEMG. Pesquisadora e gerente de Projetos na Visão Mundial. E-mail: 
cibelledoria@gmail.com 
 
Cristiano Costa de Carvalho 
 
Assistente social com graduação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 
(PUC-MG), Mestre em Gestão Social, educação e desenvolvimento local pelo Centro 
Universitário Una com especialização em Serviço Social: Direitos Sociais e Competências 
Profissionais pela Universidade de Brasília (UnB) e Intervenção Psicossocial no Contexto 
das Políticas Públicas, pelo Centro Universitário Una. Doutorando pelo Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). 
Experiência profissional na área da saúde, onde atuei no Hospital das Clínicas da UFMG 
(HC/UFMG). Assistente Social na Prefeitura de Belo Horizonte na área da Saúde atuando 
como Referência Técnica na Gerência de Assistência, Epidemiologia e Regulação na 
Regional Centro-Sul. Professor e coordenador do Curso de pós-graduação em 
Instrumentalidade e Técnicas-Operativas em Serviço Social da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (PUC Minas). 
 
 
 
 
 6 
Fabrícia Cristina de Castro Maciel 
 
Doutora em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de mesquita Filho” – 
UNESP/FRANCA; Mestre em Administração Pública: gestão de políticas sociais pela 
Fundação João Pinheiro; Graduada em Serviço Social pela Universidade Católica de 
Minas Gerais. Professora da Universidade Lusófona do Porto. Orcid: 
https://orcid.org/0000-0002-3001-5276. 
 
Gesiene Aparecida Cordeiro Reis 
 
Possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais (2007) e Pós-GraduaçãoLatu sensu em Administração e Planejamento de 
Projetos Sociais - Universidade Veiga de Almeida RJ / Instituto Aleixo BH (2008). Pós-
graduação Latu Sensu em Gestão de Instituição Federal de Educação Superior pela 
Universidade Federal de Minas Gerais (2013). Mestrado em Promoção da Saúde e 
Prevenção da Violência pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas 
Gerais no Programa Promoção da Saúde e Prevenção da Violência (2019). Integrante do 
Núcleo de Promoção da Saúde e Paz e do Programa "Para Elas, Por Elas, Por Eles e Por 
Nós" da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é 
Assistente Social efetiva na Universidade Federal de Minas Gerais, lotada no Hospital das 
Clínicas/UFMG também Assistente Social efetiva na Prefeitura de Belo Horizonte na área 
da Saúde atuando como Referência Técnica na Gerência de Assistência, Epidemiologia e 
Regulação na Regional Centro-Sul. 
 
Kênia Augusta Figueiredo 
 
Assistente Social, professora Adjunta do Departamento de Serviço Social e da Pós-
Graduação em Política Social da Universidade de Brasília - UnB. Doutora pela Faculdade 
de Comunicação/UnB, na linha de pesquisa sobre Política de Comunicação e Cultura. 
Mestre em Serviço Social e políticas sociais pela Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro - UERJ. Coordena o Grupo de pesquisa estudos, pesquisa e extensão sobre 
Comunicação pública e Assistência Social (Compass) vinculado ao Departamento de 
Serviço Social (SER/UnB). Participa do Grupo de Pesquisa Trabalho, Educação e 
Discriminação (TEDis/PPGPS/SER/UnB) e do Laboratório de Políticas de Comunicação 
(LapCom/Fac/UnB). Coordena o grupo interdepartamental de Extensão "FALAS-ICH", 
vinculado ao Instituto de Ciências Humanas da UnB. Integrante do Grupo de Estudos 
sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (GEDAI) e colaboradora da disciplina 
Mobilização Pública e Direitos Animais. Realiza pesquisa sobre comunicação pública da 
política de Assistência Social em tempos do Corovid-19 no Brasil, com destaque para o 
Distrito Federal. 
 
 
 
 
 
 
 7 
Leni Maria Pereira Silva 
 
Doutora em Ciências Sociais UERJ (2016). Mestre em Desenvolvimento Social –
Unimontes (2012). Especialista em Intervenção Social junto a Família nas Faculdades 
Santo Agostinho (FACISA), Graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Docente do curso de Serviço Social da Universidade 
Estadual de Montes Claros. Membro do Núcleo de estudo das infâncias e adolescências 
(NINA), membro do observatório do empoderamento feminino (OEF). 
 
Luciney Sebastião da Silva 
 
Possui Mestrado em Filosofia (Estética e Filosofia da Arte) pela Universidade Federal de 
Ouro Preto (2014). Especialização em Filosofia (Tópicos Especiais em Filosofia Moderna 
e Contemporânea) pela Universidade Estadual de Montes Claros (2009). Especialização 
em Gestão Pública Municipal pela Faculdade Santo Agostinho (2006). Especialização em 
Psicanálise pela Facitec. Bacharelado e licenciatura em Filosofia pela Pontifícia 
Universidade Católica de Minas Gerais (2002). Atualmente é professor da Associação de 
Ensino Vale do Gorutuba - FAVAG; da Universidade Estadual de Montes Claros - 
UNIMONTES. Tem experiência em docência na área de Filosofia, com ênfase em 
Iniciação Filosófica, Ética, Filosofia da Educação, Filosofia Política. 
 
Luisa Maria Furbeta Boeri 
 
Enfermeira (UEMG), especialista em Saúde da Família e Enfermagem em Emergência 
pela Escola de Enfermagem da UFMG. Atualmente é gerente em uma unidade básica de 
saúde na Prefeitura de Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. 
 
Ludson Rocha Martins 
 
Assistente social, atuando na Prefeitura Municipal de Nova Lima. Graduado em Serviço 
Social pelo Centro Universitário UNA, e Mestre em Serviço Social pela Universidade 
Federal de Juiz de Fora (UFJF). Investiga a temática dos fundamentos do Serviço Social, 
associada à questão da legitimidade no âmbito da teoria das profissões; possui, ainda, 
interesse no estudo dos problemas de gênero e da democracia e professor no curso de 
pós-graduação em Instrumentalidade e Técnicas-Operativas em Serviço Social da 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). 
 
Maria José de Oliveira Lima 
 
Assistente Social, doutora em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho, docente do Departamento de Serviço Social na Faculdade de Ciências 
Humanas e Sociais UNESP/Franca. Líder do Grupo de estudos e pesquisas Gestão 
Socioambiental e a Interface com a Questão Social - GESTA 
 
 
 
 8 
Marisaura dos Santos Cardoso 
 
Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local no Centro Universitário 
UNA (2016). Pós-graduação Lato sensu em Seguridade Social e Mercado de Trabalho 
pelo Instituto de Educação Continuada - IEC - PUC Minas (2010) e em Serviço Social pela 
Universidade de Brasília - UnB (2010), graduação em Serviço Social pela Pontifícia 
Universidade Católica de Minas Gerais (2008); Professora no curso de graduação em 
Serviço social do Centro Universitário UNA e no curso de pós-graduação em 
Instrumentalidade e Técnicas-Operativas em Serviço Social da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (PUC Minas). 
 
Marisnei Souza Dourado 
 
Gerente de Assistência Social da Fump/UFMG. Possui graduação em Serviço Social pela 
Universidade Católica do Salvador (UCSal), especialização Interdisciplinar em 
Adolescência e especialização em Saúde Mental da infância e adolescência pela 
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, especialização em Gestão Estratégica 
de Pessoas pela Faculdade Senac Minas, Mestrado em Administração pela Centro 
Universitário Unihorizontes. É membro do LaPPEEI (Laboratório de Políticas e Práticas 
em Educação Especial e Inclusão, vinculado ao CNPQ). Desenvolve atualmente 
pesquisas na área de educação especial e de políticas de educação inclusiva, atuando 
principalmente com os seguintes temas: educação inclusiva, educação especial, 
assistência estudantil e ensino superior. 
 
Renato Tadeu Veroneze 
 
Assistente social, especialista em Educação, Didática e Metodologia no Ensino Superior, 
especialista em Filosofia Contemporânea, mestre, doutor e pós-doutorando em Serviço 
Social, membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Identidade (NEPI) da PUC-SP, 
coordenado pela Profª. Drª. Maria Lúcia Martinelli e membro do Comitê Científico de 
Serviço Social do Centro de Investigação de Estudos Transdisciplinares (CET) Latino-
Americano da Bolívia. 
 
Rosângela M A Soares 
 
Bacharel em Serviço Social, Centro Universitário UNA, especialista em Instrumentalidade, 
Instrumentos e técnicas em Serviço Social pelo Centro Universitário UNA. 
 
Verita Perpétua Saraiva 
 
Estudante de Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC 
Minas). Foi integrante do Laboratório de Direitos Humanos (LabDH) e Escritório do 
Serviço de Assistência Judiciária da Una (ESAJUNA), participa do Grupo de estudo e 
pesquisas sobre formação, exercício e prática profissional do Serviço Social. Atualmente 
é estagiária de Serviço Social no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). 
 
 9 
Viviane Arcanjo de Oliveira 
 
Mestranda em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(UNESP/ Franca), especialista em Saúde Publica com enfase em atendimentos em 
Urgência e Trauma, através do Programa de Residência Multiprofissional do Hospital 
Municipal Odilon Behrens. Assistente Social pelo Centro Universitário UNA, Membro do 
Conselho Regional de Serviço Social do Estado de Minas Gerais - CRESS 6ª Região 
(2014/2017), atuando de maneira orgânica nas Comissões de Trabalho e Formação 
Profissional e na Comissão Ampliada de Ética e Direitos Humanos gestão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
PREFÁCIO 
 
Temas Contemporâneos no Processo de Trabalho do Serviço Social desperta em 
nós leitoras/es uma compreensão compartilhada por Louise Michel em “O pai Remmy”1 
de que a “humanidadeainda é muito frágil, mas um dia será grande se as pessoas que 
têm inteligência (...) sentirem bater no peito e vibrar na inteligência o coração e a mente 
de uma geração inteira”. 
Certamente temos em nossas mãos um material fruto da capacidade reflexiva e 
critica de profissionais e estudantes dispostas/os a contribuir para ampliar nosso 
entendimento sobre temas emergentes extremamente atuais e a relação destes com o 
Serviço Social tanto no que tange ao fazer profissional quanto à própria condição de 
trabalhador/a. Esse arsenal de conhecimentos produzido em sua maioria por jovens 
pesquisadores traz a marca dos desafios vivenciados nesse contexto de profundas 
transformações no mundo do trabalho onde as tecnologias digitais de informação e 
comunicação são meio e fim para o capital. 
É imperativo refletirmos sobre as transformações societárias e seus rebatimentos 
nas profissões, como nos exortou José Paulo Netto (1996). Esse tempo de esgotamento 
estrutural do capitalismo sob a batuta do neoliberalismo aliado ao neoconservadorismo 
aprofunda a superexploração das e dos trabalhadoras/es, substitui o trabalho vivo por 
trabalho morto e reduz o papel do Estado que vem promovendo concomitantemente o 
desmonte das políticas sociais. Trata-se da banalização generalizada da vida. Como num 
efeito cascata a violação dos direitos humanos compromete os direitos dos animais, a 
flora, as águas...o meio ambiente em sua totalidade, ferindo de morte toda forma de vida 
no planeta. 
Por isso tão importante as análises de totalidade que partem de uma singularidade, 
considerando as particularidades. A observação de Behring e Santos (2009, p. 277) nos 
chamaram a atenção sobre a relação que nas últimas décadas, sob hegemonia 
neoliberal, se passou a ser estabelecida na dinâmica entre questão social e direitos. 
Segundo as autoras “prevalece, nos dias atuais, ampla disseminação da concepção 
teórica fundada na ideia de que a política e o direito fundam a sociedade”. 
 
1 Louise Michel nasceu na França, em 1830. Foi professora primária, militante, escritora, poeta, sendo uma das 
principais lideranças da Comuna de Paris em 1871. “Pensem na mulher inteligente, crítica, corajosa, solidária, justa e 
revolucionária. Alguém que nunca perdeu a capacidade de se indignar com as injustiças do mundo, sobretudo no que 
diz respeito à violência e à opressão contra os animais e as pessoas em situação de vulnerabilidade mulheres, viúvas, 
crianças, órfãos, operários e colonizados”. Luciana Carvalho Fonseca, no Prefácio da tradução para o português do 
livro “Contos e lendas” de Louise Michel. Acesse em: https://www.linkedin.com/posts/luciana-carvalho-fonseca-
8360314_louise-michel-contos-e-lendas-ema-livros-activity-6883781886380908544-eVu4 
https://www.linkedin.com/posts/luciana-carvalho-fonseca-8360314_louise-michel-contos-e-lendas-ema-livros-activity-6883781886380908544-eVu4
https://www.linkedin.com/posts/luciana-carvalho-fonseca-8360314_louise-michel-contos-e-lendas-ema-livros-activity-6883781886380908544-eVu4
 11 
Não se trata de negar a importância de lutar por direitos e pelos espaços 
democráticos de decisão, mas de compreender que o deslocamento do reconhecimento 
do trabalho como o ato fundante da existência humana esvazia a relação entre as 
classes, nos deixando com a visão ofuscada em relação a construção da hegemonia da 
classe dominante. Sem o reconhecimento do que somos e de nossa identidade coletiva 
os elementos que geram propulsão às políticas sociais se esvai uma vez que as mesmas 
decorrem da “luta dos trabalhadores urbanos e rurais pela apropriação da riqueza 
socialmente produzida, sendo as demandas articuladas junto ao Estado e patronato que 
no enfrentamento da questão social, formulam as políticas sociais” (Raichelis, 2000, p. 
60). 
Compreendido que o modo capitalista de produção não organiza somente a 
economia, mas também as relações, temos presenciado com destaque para o último 
período como o Estado burguês está sempre pronto para “reverter as formas 
democráticas em formas abertamente autocráticas, na medida em que seus interesses 
econômicos corporativos se vejam real ou potencialmente ameaçados” (Gramsci, 2007, p. 
41-42 apud IASI 2019, p. 426). E assim temos percebido que a cada reforma vão nos 
esvaziando de nossa identidade de classe trabalhadora, vide a uberização, o pregão, o 
Home Care, a/o colaborador e outras formas de precarização do trabalho. 
Na luta cotidiana pela manutenção das nossas vidas a classe dominante, com seu 
acúmulo em transformar suas questões como algo universal, nos faz acreditar que a crise 
estrutural do capitalismo tem relação com o quanto o Estado aplica em políticas sociais, 
sendo essas mesmas uma alternativa do próprio para a mediação dos conflitos entre o 
capital e o trabalho. Na verdade, o que eles querem é se apropriar vorazmente do fundo 
público (Behring, 2021) que existe pela tributação das/os trabalhadores/as para atender 
necessidades comuns como: saúde, educação, proteção às crianças, adolescentes, 
jovens, idosos, mulheres, população LGBTQIA+, povo negro, povos originários e etc. 
É disso que este livro trata: dos desafios de pertencer à classe trabalhadora e estar 
à serviço das/os trabalhadores/as em espaços socio ocupacionais de mediação dos 
conflitos de classe. Certamente, ao “desenrolar o novelo” a/o leitor/a será convidado a 
refletir e também conhecer intervenções técnica-operativas alicerçadas em sólidos 
referenciais teórico-metodológico e ético-político. Muito tem sido feito e muito temos a 
fazer. A pandemia do Covid-19 já é em si um marco na história da humanidade visto sua 
gravidade e extensão, mas também é um acelerador da crise estrutural e de mudanças 
que estavam em curso. Contudo, não é sua causa. Daí que devemos concordar e nos unir 
ao Emicida quando diz: “É um mundo cão pra nóis, perder não é opção, certo?” 
 12 
Vamos em frente, pois a história tem começo, mas não tem fim. 
 
Kênia A. Figueiredo 
Planalto Central do Brasil, 13/01/2022. 
 
Bibliografia 
 
BEHRING, Elaine Rossetti. Fundo Público. Valor e Política Social. 1.ed. São Paulo. 
Cortez Editora. 2021. 
 
BEHRING, Elaine Rossetti. SANTOS, Silvana Mara Morais dos. Questão social e direitos. 
In: CFESS/ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. 
Brasília, 2009. 
 
IASSI, Mauro Luis. Cinco Teses sobre a formação brasileira (notas de estudos guiadas 
pelo pessimismo da razão e uma conclusão animada pelo otimismo da prática). Serv. 
Soc. Soc. (136) • Sep-Dec 2019. E-book. https://doi.org/10.1590/0101-6628.187. Acesso 
em 16/06/2021. 
 
NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social. Serviço Social e 
Sociedade, n. 50, ed. Cortez, São Paulo, 1996. 
 
RAICHELES, Rachel D. Desafios da gestão democrática das Políticas Sociais. In: 
Cfess/Abepss/Cead-UnB. Caderno de capacitação em Serviço Social e Política Social 
– Módulo 3. Brasília: UnB, 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
APRESENTAÇÃO 
 
O presente livro representa uma parte do conjunto de intencionalidades e esforços da 
Faculdade Alfa em contribuir com o desenvolvimento do nordeste mineiro. A instituição de ensino 
possui abrangência, ações, programas e projetos nos municípios de Aimorés, Almenara, Ataléia, 
Campanário, Capelinha, Catuji, Felisburgo, Franciscópolis, Inhapim, Itaipé, Ladainha, Padre 
Paraíso, Pavão, Ponto dos Volantes, Poté e Teófilo Otoni. 
A extensão promovida pela Faculdade Alfa é provocada a todo momento a estar 
sintonizada com a realidade local e regional, o que exige dos diversos sujeitos, implementar ações 
que ampliem e compartilhem os saberes produzidos dentro da instituição com o entorno. O 
conhecimento produzido e compartilhado com o público externo ao universo acadêmico, não só 
contribui para uma formação profissional do estudante, mas, sobretudo, para sua formação 
humanista, como um cidadão atuante no processo de transformação social.As novas configurações societárias e as particularidades do Vale do Mucuri, Jequitinhonha 
e região impõem novos desafios para uma instituição de ensino que está comprometida com uma 
formação superior de qualidade, e que, por este motivo, trabalha para formar profissionais 
qualificados que atuarão no mercado de trabalho com competência técnica, capazes de 
compreender e analisar as múltiplas expressões do contexto regional e local, sejam elas de ordem 
política, econômica, cultural, socioespacial e ambiental, para que possam atuar com a criatividade 
e com a resolutividade esperadas utilizando-se dos recursos e dos potenciais existentes na 
região. 
A Faculdade Alfa reconhece o Serviço Social como uma área que forma profissionais 
competentes para atuarem nos mais diversos espaços sócio-ocupacionais. O assistente social 
possui formação intelectual, crítica e rigorosa, capaz de utilizar um instrumental científico 
multidisciplinar das Ciências Humanas e Sociais para análise e intervenção nas diversas refrações 
da “questão social”. Esta profissão, e tem ganhado força e notoriedade na região tendo em vista a 
sua capacidade para intervir na realidade social desenvolvendo ações e estratégias de 
enfrentamento dos problemas sociais que afetam a vida da população. 
Com o crescimento da profissão na região, a instituição de ensino convidou profissionais 
acadêmicos, estudiosos da área para produzir uma coletânea de artigos sobre o Serviço Social e 
temas que são pertinentes a área. A publicação que ora apresentamos é fruto deste trabalho e da 
contribuição desses estudiosos que se dedicam em aprofundar seus conhecimentos sobre uma 
profissão em constante movimento de defesa, conservação e ampliação dos direitos sociais, 
culturais, econômicos e políticos. 
 14 
A produção deste livro foi cuidadosamente organizada para proporcionar uma leitura crítica 
e reflexiva acerca de TEMAS CONTEMPORÂNEOS RELACIONADOS COM O SERVIÇO 
SOCIAL, os quais apontam para as consequentes alterações como aquelas que são perceptíveis 
no mundo do trabalho, bem como a relação da profissão com Estado, com a sociedade e com as 
políticas sociais. Os textos contribuem para refletirmos sobre a atuação profissional no contexto 
da pandemia da Covid-19, o que nos proporciona a compreensão do tempo presente. 
Esperamos que esta obra possa contribuir com os profissionais inseridos nas mais 
diversas áreas como: saúde, assistência social, educação, habitação, lazer, sociojurídico, dentre 
outros, e que assumem um importante trabalho de potencializar as ações de planejamento, 
gestão, administração e execução de programas, projetos e serviços, procurando romper com o 
imediatismo, com o tarefismo e com o senso comum tão prejudiciais à profissão. 
Esta obra é direcionada aos profissionais em formação e aos já “formados”, que pretendem 
continuar o seu processo de estudo e de aprendizado. O livro oferece contribuições para as 
reflexões voltadas para as políticas públicas e áreas correlatas. Entendemos que a formação 
permanente compreende o processo em que o sujeito desenvolve as capacidades de reflexão-
crítica sobre sua prática pedagógica, superando concepções e posturas de um saber-fazer 
bancário para construir um saber-fazer que seja promotor das mudanças necessárias à 
sociedade. 
Como nos diz a Profa. Dra. Ana Maria de Vasconcelos, “É pelo conjunto da prática dos 
Assistentes Sociais que a profissão de Serviço Social é reconhecida ou não, valorizada ou não, 
respeitada ou não, conquistando sua autonomia ou não” (Vasconcelos, 2006, p. 245). 
 
Prof. Cristiano Costa de Carvalho 
Cidadão de Teófilo Otoni e assistente social. 
 
 
REFERÊNCIA 
 
VASCONCELOS, Ana Maria de. Serviço Social e Práticas Democráticas na Saúde. In Serviço 
Social e Saúde: Formação e trabalho profissional. ABEPSS/OPAS/OMS/MS/Cortez. 2006, p. 242 
– 
 
 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMAS EMERGENTES E O SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
 
 
CRISE E CRÍTICA DA PANDEMIA DA COVID-19 
E O SERVIÇO SOCIAL 
 
Marisaura dos Santos Cardoso 
Cristiano Costa de Carvalho 
 
 
Resumo: O artigo tem como objetivo discutir a crise da pandemia da COVID-19 e a crise atual da 
economia, expressões da contradição interna do modo de produção capitalista, trazendo elementos para 
refletirmos sobre o trabalho do assistente social. A pandemia que se alastrou em escala planetária é o 
acelerador da crise estrutural, mas não sua causa. O esgotamento estrutural do capitalismo iniciou-se em 
1960, e as bibliografias revelam o quanto ele tem se empenhado para criar as condições adequadas, a fim 
de ampliar a superexploração dos trabalhadores, ao substituir trabalho vivo por trabalho morto. Como 
consequências deste movimento, têm-se a ampliação do exército industrial de reserva, a submissão da 
classe trabalhadora aos baixos salários, à instabilidade e à ausência de direitos. A pandemia encontrou um 
Brasil em crise, que retorna ao mapa da fome, congela gastos sociais e adota como mecanismos de 
combate à doença, a ignorância e o negacionismo. Isso tudo tem um preço, mas o que a população 
enfrenta, faz parte de um projeto de genocídio em massa. Esperamos que esta leitura contribua para 
evidenciar a lógica perversa e encarnada na dinâmica do capital mobilizando-o, à medida que o sofrimento 
e o desamparo se aprofundam. Como profissão que atua nas expressões da questão social, o assistente 
social tem sido afetado, não só pelos desafios enfrentados, mas pelas respostas profissionais, diante da 
escassez de políticas e da inoperância dos governantes, ante ao flagelo sofrido pela população, todos os 
dias. A pandemia só acentuou esse poço de tragédias e de profundas disparidades de classe, raça, etnia e 
gênero. 
 
Palavras-chaves: Crise do capitalismo. Pandemia da Covid-19. Mercado financeiro. Trabalho precarizado. 
Serviço Social. 
 
 
INTRODUÇÃO 
O ponto de partida para a reflexão que se propõe através deste artigo é a 
acumulação do capital em sua face mais aguda, as transformações históricas que 
fortalecem a vocação do capital para aprofundar o desenvolvimento desigual de classes e 
de nações, através da financeirização, para expandir os limites de acumulação e ampliar 
as margens de lucros das grandes corporações internacionais. 
O discurso neoliberal traduz as suas demandas em políticas a serem adotadas 
pelos Estados para benefício próprio, contrapondo-se a qualquer tipo de promoção do 
bem-estar social e de qualquer agente que tenha a intenção de implementá-la. O mercado 
das finanças tornou-se uma instância autônoma e o seu funcionamento e dominação 
conta com o efetivo respaldo do Estado e de grandes potências internacionais para 
avançar em seu empreendimento de geração de superlucros, sem o intermédio dos 
trabalhadores. 
CAPÍTULO 
1 
 17 
O trabalho é o mais afetado por essa dinâmica predatória do capital em crise 
estrutural, e a pandemia da COVID-19 apenas evidenciou de forma assustadora, o que já 
ocorre, como o sucateamento e a destruição das forças produtivas. Com ameaças à 
saúde pública, a COVID-19 está produzindo impactos econômicos e sociais graves que 
afetam os meios de subsistência e o bem-estar de bilhões de pessoas, produzindo 
mudanças de forma mais rápida e avassaladora, com isso, intensifica as graves 
consequências já existentes na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. O modelo 
econômico neoliberal sinaliza o seu fracasso, bem antes do aparecimento da COVID-19, 
mas no caso brasileiro, ele conta com total apoio dos últimos governos brasileiros, 
principalmente o de Michel Temer e o do ultraneoliberal Bolsonaro / Guedes. 
Ao reunir elementos para refletirmos sobre a dinâmica do capitalismo 
contemporâneo e suas determinações estruturais e conjunturais, pretendemos nos 
aproximar de um arguto panorama do que vem se processando no mundo do trabalho, 
em tempos de pandemia e de crise econômica,e os impactos para o trabalho de 
assistentes sociais. Buscamos apontar as mudanças promovidas no conteúdo e nas 
modalidades do trabalho profissional, ao desnudar os desafios e os dilemas vivenciados 
pelos profissionais, bem como as múltiplas expressões e determinações da precarização 
do trabalho profissional, no contexto atual. 
 
A ‘não crise’ da COVID-19 
A crise provocada pela COVID-19, assim como outras situações de catástrofe, é 
concebida comumente como consequências causadas por fatores externos ao 
capitalismo. É habitual tratar doenças pandêmicas como causas puramente biológicas, de 
tal forma que elas são encaradas como algo natural e não uma disfunção de ordem 
social, econômica e política. 
 
Segundo o clarão da ideologia dominante, a presidente da Comissão Europeia, 
Úrsula von der Leyen, não foi a última a dizer que era preciso enfrentar um choque 
externo e simétrico que atinge empresas em bom estado e saúde. [...] Palavras 
semelhantes saíram da pena do economista francês Jean-Marc Daniel [...], para 
quem a dimensão endógena da recessão mundial doravante inevitável não tem 
importância. A queda da atividade se deve [...] a um choque exógeno (JAPPE et 
all, 2020, p. 32). 
 
Os defensores de uma visão exógena sobre a doença irão ressaltar que antes da 
COVID-19, a economia estava em bom estado de saúde e as causas da crise não têm 
ressonância na dinâmica do capitalismo. O objetivo desses defensores é afastar qualquer 
responsabilidade à “corrida tresloucada da economia”, e assim, blindar o sistema de 
qualquer crítica que possa afetar a ordem social (JAPPE et all, 2020, p. 32). 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 18 
Para Jappe et all, (2020), as doenças e infecções virais são como todas, 
provocadas por fatores biológicos, entretanto, as pandemias são consequências da forma 
como a sociedade está organizada, pois “o biológico para a humanidade só existe 
embutido na trama das relações sociohistóricas. Isso porque o indivíduo não é exterior à 
sociedade [...] constitui-se nela e por ela” (p. 32). O que se observa, a partir da visão dos 
autores (2020), é que há uma consciência subjetiva do homem pós-moderno, que oculta 
os indivíduos do contexto social onde estão inseridos, que descontextualiza os problemas 
sociais, deslocando-os para o reino da biologia e da natureza. Dessa forma, a ordem 
social vigente está “isenta” de qualquer responsabilidade pelo surgimento dos problemas 
sociais. 
As epidemias são “grandes personagens da história”. Desde os primórdios, já havia 
uma forte relação entre elas e a vida social. O mesmo se pode afirmar da relação entre a 
COVID-19 e o capitalismo atual, uma vez que esta doença é um produto da vida social 
que o sustenta. O termo “catástrofe socionatural” é empregado pelos autores (2020) para 
denominar as relações entre o plano biológico e o social, para evocar as devastações 
relacionadas às mudanças climáticas e para designar o momento presente afetado por 
uma pandemia em escala mundial. 
O vírus é o detonador de uma bomba causadora do agravamento da crise 
estrutural global subjacente à contradição do capitalismo que adotou um regime de 
acumulação estruturado pela antecipação da produção de mais valor de futuro, por meio 
do endividamento generalizado, do vilipêndio dos trabalhadores, acentuados por uma 
crise sanitária que só acelerou esse processo. 
A pandemia despertou a figura do Estado que ressurge, após décadas de um 
neoliberalismo aparentemente exitoso. Muitos saudaram esse retorno. A pandemia 
mostrou de forma clara o caráter nefasto das políticas neoliberais com seus cortes 
implementados nos serviços públicos e nas políticas sociais, provocando o caos social, e 
milhares de mortos que se multiplicam todos os dias, por conta das condições precárias 
de hospitais e dos poucos aparatos de saúde pública (JAPPE et all, 2020). Nos termos 
dos autores, “O Leviatã ressurge, não apenas como o guardião da guerra de todos contra 
todos, mas como o único capaz de vencer a “guerra” contra o inimigo invisível [...]” (p. 12). 
Em vários países, os Estados assumiram o seu papel de administradores da crise e 
tomaram as medidas necessárias para salvaguardar a população, fortalecer a economia e 
garantir serviços de saúde para o enfrentamento da pandemia. A intervenção estatal, no 
contexto das duas crises, sanitária e econômica, dividiu opiniões como as daqueles que 
defendem “apaixonadamente”, o poder do Estado, sendo este, o único capaz de “salvar 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 19 
vidas”. Já as opiniões contrárias a esta ideia criticam suas ações, pois elas obstaculizam 
o desenvolvimento econômico, desta feita, os contrários alinham-se aos fanáticos da 
economia “[...] para quem as mortes de pessoas contam menos do que as perdas da 
bolsa de valores [...]” (p. 12). 
É importante lembrar que o Estado e a economia exercem uma relação de 
complementaridade hostil. Ambos são parte de uma totalidade social que se orienta pela 
necessidade incessante de reprodução do capital, o qual encontra sua substância na 
força de trabalho para a manutenção do sistema de exploração, e por isso, é preciso 
garantir a vida de parte da população (JAPPE, et all, 2020). 
Os autores (2020) alertam para o fato de que boa parte dessa força de trabalho 
declina a cada avanço tecnológico, e a vida de homens e mulheres torna-se supérflua, um 
objeto a ser descartado. E é por tudo isso, que os acontecimentos recentes só podem ser 
compreendidos se inserirmos a “crise do vírus”, no contexto mais amplo do processo de 
crise do capitalismo que tem se confrontado com seus limites históricos internos, como: “a 
desvalorização do valor e a redução irreversível de parte do trabalho vivo”, e externos, 
como: “o esgotamento dos recursos naturais e a ameaça do colapso ambiental” (p. 13). O 
fato é que o capital fictício procura se salvar, quando ele se apropria daquilo que os 
autores chamam de “massa de valor futuro”, mas que não durará para sempre. 
Entretanto, na tentativa de manter em curso, a dinâmica de acumulação, os Estados têm 
assumido o setor privado na produção do capital fictício, já faz tempo. 
Ao se estabelecer em 2,4%, em 2019, a crise econômica global teve seu pior 
desempenho desde a crise financeira de 2008. O crescimento do PIB desacelerou-se em 
90% em todo mundo, desde os países avançados até os emergentes. O próprio Fundo 
Monetário Internacional (FMI) criou uma expressão para denominar esse fenômeno do 
baixo crescimento de “desaceleração sincronizada” (JAPPE, et all, 2020, p. 21). 
A economia mundial, segundo os autores (2020), encontra-se em estado de 
deterioração no plano da acumulação real, e esse processo de crise não se iniciou, em 
2020, sob efeito da crise dos subprimes. Essa crise econômica atual origina-se de uma 
contradição inerente ao próprio capitalismo. A compulsão pela produtividade é parte 
imanente da dinâmica do capitalismo e afeta toda cadeia produtiva. Presenciamos o 
esgotamento de um modelo que afasta massivamente da esfera de produção, a força de 
trabalho e explora ao máximo toda sua capacidade produtiva. Nas palavras dos autores, 
 
[...] o que solapa estrutural e irreversivelmente o capitalismo não é a baixa 
tendencial da taxa média de lucro [...], o que asfixia o capitalismo, é a diminuição 
absoluta do trabalho vivo implicado no processo de produção imediato e a 
consequente queda da massa de mais valor social [...] (p. 22). 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 20 
Os mecanismos de compensação que foram utilizados nos “Trinta Anos Gloriosos” 
(1945-75) para equilibrar a expansão dos mercados e a redução do trabalho abstrato 
decorrente do aumento da produtividade não funcionam mais, desde o surgimento e o 
avanço da tecnologia e da informática no setor produtivo, substituindo mão de obra. 
Dessa forma, o nível de produtividade foi atingidoe o trabalho imediato implicado na 
produção enquanto a fonte que produz valor se esvai cada vez mais. O capital atinge seu 
limite interno de expropriação da mais valia (JAPPE, et all, 2020). 
A cada nível de produtividade, o capitalismo necessita cada vez menos de trabalho 
vivo, mesmo diante de uma quantidade crescente de riqueza. Por este motivo, o 
capitalismo substitui o trabalho humano em todos os setores da exploração empresarial, 
por tecnologias e maquinários, ele não tem mais outro caminho, devido a concorrência em 
que cada empresa tenta esmagar seu competidor com a redução do preço de 
mercadorias. Nas palavras dos autores, o capitalismo é como “uma sociedade 
autodestrutiva ou autofágica” (JAPPE, 2017 apud JAPPE, et all, 2020, p. 23). 
O processo fundamental de crise do capitalismo tornou-se um processo de 
“dessubstancialização” de sua própria substância (p. 23). Minado por sua própria 
contradição interna, a partir do fim dos anos de 1970, e sob a égide neoliberal, o 
capitalismo, para sobreviver, reestrutura-se em um novo regime de acumulação fundado 
na produção de capital fictício, em outros termos, na antecipação de uma produção futura 
de mais-valor, que ao final não será capaz de frear a compulsão do sistema. 
O mercado financeiro abdicou do papel clássico de combustível ou de agente 
impulsionador do capitalismo, para se tornar a sua entidade autorreferencial, o próprio 
motor de um regime de acumulação fictícia. Esta entidade acumula montanhas de títulos 
que chegam a termo por outras montanhas de títulos ainda maiores, para evitar um 
provável prejuízo que pode derruir seu investimento (JAPPE, et all, 2020). 
Desde os anos 1980, a economia neoliberal tem sido uma sucessão de bolhas de 
especulação e ondas de dívidas cada vez mais crescentes, mostrando o fracasso do 
modelo, quando neste mesmo período, a crise da dívida nocauteou o desenvolvimento 
em inúmeros países do Terceiro Mundo. Desde então, o capitalismo mundial vivenciou 
quatro ondas de dívidas (JAPPE, et all, 2020). 
As duas primeiras ondas ocorreram na América Latina e na Ásia. A terceira onda 
foi nos Estados e na Europa com a grande bolha especulativa das ações de alta 
tecnologia, a bolha “doctom” ou “ponto.com” que estourou em 2000. A política de baixa 
taxa de juros do Banco Central norte americano utilizada para amortecer os reflexos 
negativos da crise, desencadeou as circunstâncias para a crise imobiliária que estourou 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 21 
em 2007-2008. A quarta onda para conter a crise provocada pela onda anterior fez com 
que os bancos centrais de vários países agissem como “bombeiros” para tentar conter a 
nova crise que se instaurou. 
Desde 2008, com o objetivo de retomar os rumos da economia, os Estados 
injetaram 15 trilhões a juros negativos em papéis da dívida, gerando um déficit 
orçamentário de enormes proporções. Os bancos centrais repassaram para o mercado 
financeiro, o “combustível necessário” para fortalecer e ampliar a sua capacidade de 
acumulação. “Essas políticas permitiram a formação de uma megabolha de liquidez que 
constituiu a base do desenvolvimento econômico, aparentemente estável da última 
década (JAPPE, et all, 2020, p. 25). 
O setor público tornou-se o multiplicador do capital fictício, e a megabolha estatal 
mundial amparou-se nas obrigações ou nos créditos acordados e fornecidos pelos 
governantes de vários países, fazendo do Estado um bom refúgio, pois o risco do 
mercado receber um calote é mínimo. A megabolha estatal sustenta-se na crença de que 
os Estados possuem capacidade de arrecadação quando a economia estiver em situação 
melhor no futuro (JAPPE, et all, 2020). 
As dívidas atuais do setor privado não são oriundas de empréstimos imobiliários ou 
hipotecas como foi em 2008. Elas são provenientes de empréstimos das próprias 
empresas que aumentaram o endividamento mundial em 322% do PIB global, no terceiro 
trimestre de 2019, com consequências alarmantes para o desenvolvimento dos países 
emergentes, que sofrem com as baixas taxas de crescimento. Parte da bolha das 
matérias-primas que explodiu, em 2015, refletiu negativamente nos países periféricos, 
como Brasil, que entraram em recessão e vivenciaram grandes perdas de capital, fazendo 
com que as crises cíclicas do capitalismo se constituíssem num problema sistêmico sem 
possibilidade de superação (JAPPE, et all, 2020). 
A crise do mercado financeiro vai refletir diretamente no mercado de trabalho o 
qual será impactado com a redução de força viva dos trabalhadores e trabalhadoras, 
substituída por máquinas e pela informatização que, a partir de então, desobrigam a 
produção de mercadorias da subordinação da habilidade operária para tornar-se uma 
aplicação da tecnologia e da informatização. 
 
As mudanças do trabalho na era do capitalismo digital e informacional 
 
A reestruturação produtiva permanente que se instaurou a partir da década de 
1970, e se intensificou a partir de 2008, caracterizada pela expansão de redes de 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 22 
subcontratações, salários flexíveis, células de produção, times de trabalho, trabalho 
polivalente e multifuncional, submete milhões de pessoas a ocupações intermitentes, 
esporádicas e eventuais e ao aumento do desemprego. Trabalhadoras e trabalhadores 
são vitimados por uma precarização ampliada e multiforme. Em vários setores, em 
especial, o setor de serviços em que se desenvolve uma rotina de alta rotatividade 
associada a pouca qualificação e a baixa remuneração da força de trabalho. Em contexto 
de crise e de recessão ocorre uma erosão devastadora dos empregos, uma corrosão e 
destruição dos direitos trabalhistas. Amplia-se o tempo de trabalho não pago e, sobretudo, 
com reformas trabalhistas, submete os trabalhadores às demandas de mercado. 
Para que possamos compreender como os processos de precarização estrutural do 
trabalho se desenvolveram no contexto brasileiro, é preciso apreender os principais 
significados da contrarreforma trabalhista em curso, num cenário de intensificação e 
aprofundamento do neoliberalismo e de sua reorganização produtiva (ANTUNES e 
PRAUN, 2020). 
No bojo da contrarreforma trabalhista implementada no Brasil, a partir de 
mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), alterando regras relativas ao 
contrato por tempo determinado, ampliou-se a terceirização dos trabalhadores que antes 
estava restrita às atividades-meio. As alterações do ponto de vista legal nas leis que 
regulamentam o trabalho produziram impactos qualitativos na estruturação e na dinâmica 
das relações de trabalho. Essas alterações incidem no nível e na composição dos 
empregos, afetando, de forma direta, a capacidade de mobilização e de organização 
sindical enfraquecendo os sindicatos ainda mais, para deixarem o caminho livre, sem 
resistência dos trabalhadores (ANTUNES e PRAUN, 2020). 
A segurança jurídica e de flexibilidade são noções que estão relacionadas em 
quatro dimensões da reforma trabalhista, e revelam o quanto elas correspondem à nova 
dinâmica do mercado, às finanças globais, aos impulsos da tecnologia da informação 
digital que invadiu o mundo da produção em seu sentido mais amplo. 
A primeira dimensão refere-se à “prevalência do negociado sobre o legislado”. Esta 
dimensão é a espinha dorsal da contrarreforma trabalhista, e ela abre caminho a uma 
ampla flexibilização das normas trabalhistas, por meio de acordos ou convenções 
coletivas, incluindo as situações nas quais passam a ser validados, os acordos individuais 
(p. 182). 
A instituição deste dispositivo viabiliza uma situação de alto desemprego e 
fechamento de postos de trabalho. Instituição de condições laborais cada vez mais 
rebaixadas e a legalização de formas ilegais nas relações trabalhistas. A prevalência do 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 23negociado sobre o legislado propicia às corporações mundiais acentuar a precarização do 
trabalho a condições que sejam compatíveis com a viabilização de superlucros, agora sob 
a égide da segurança jurídica instituída pela contrarreforma (ANTUNES e PRAUN, 2020). 
A segunda dimensão está relacionada à “supressão dos poros de não trabalho” nas 
jornadas de trabalho, contribuindo para a diminuição dos intervalos laborais e para 
ampliação da flexibilização do trabalho por meio dos “bancos de horas”. Este dispositivo 
favoreceu a aplicação de jornadas parciais adotadas através dos acordos individuais entre 
patrões e trabalhadores. Nessa mesma direção, diversificaram-se os vínculos contratuais 
com a introdução do trabalho intermitente que submete o trabalhador aos interesses das 
empresas, sem a garantia de que o trabalho terá durabilidade (ANTUNES e PRAUN, 
2020, p.183). 
A Lei nº 13.467 de 2017 instituiu, em capítulo específico da CLT, sobre a 
modalidade do teletrabalho que pode ser realizado por meio de contrato por tempo 
determinado ou indeterminado. Geralmente, o teletrabalho é realizado fora das 
dependências da empresa, com uso de suporte tecnológico. Vale destacar que o capítulo 
II-A não detalha e nem regula questões básicas como as responsabilidades relativas a 
equipamentos tecnológicos e a infraestrutura necessária à execução da atividade 
profissional. O teletrabalho, no aspecto relativo à regulação da jornada diária não é 
mencionado na legislação, e as precauções a serem tomadas, a fim de evitar doenças e 
acidentes de trabalho, por exemplo, ficam a cargo do trabalhador, conforme sustenta o 
artigo 75-E (ANTUNES e PRAUN, 2020). 
 
[...] a exclusão do teletrabalho do capítulo que regula a duração da jornada de 
trabalho [...] aponta, claramente, para a instituição do trabalho sem limites, sem 
direito à desconexão, alheio a qualquer proteção (ANTUNES e PRAUN, 2020, p. 
185). 
 
Segundo os dois autores (2020), as alterações implementadas na legislação 
trabalhista brasileira buscam, portanto, instituir dispositivos “hiperflexibilizadores” das 
relações de trabalho e a heterogeneidade das formas de flexibilização convenientemente 
utilizadas, roubando o tempo do trabalhador dentro e fora das empresas, impondo-lhes 
ritmo, produtividade e intensidade de trabalho que são constantemente acentuados. 
Associa-se a esse cenário, o aparecimento de uma nova onda de mudanças tecnológicas 
que se manifestam na “Indústria 4.0” (p. 185). 
A terceira dimensão, segundo os autores (2020), diz respeito à “fragmentação, 
fragilização e restrição da capacidade coletiva de negociação” existentes, antes de 2017, 
mas que se acentuaram com as mudanças na legislação trabalhista. De um lado, essas 
mudanças almejam legalizar um conjunto de dispositivos que reforçam a flexibilização e a 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 24 
precarização das relações de trabalho, bem como ampliam as mais variadas formas de 
contratação cada vez mais flexíveis e precarizadas da força de trabalho, proporcionando a 
fragmentação da classe trabalhadora e a desestruturação efetiva das forças sindicais (p. 
187). 
A quarta dimensão diz respeito aos distintos mecanismos que inviabilizam o acesso 
dos trabalhadores e trabalhadoras à Justiça do trabalho. A segurança jurídica para o 
empresariado viabiliza-se pela tentativa de impedir o acesso dos trabalhadores e das 
trabalhadoras ao recurso jurídico, o que favorece a desresponsabilização da classe 
patronal e a “burla dos direitos trabalhistas”. Tais mecanismos caminham na contramão 
da “noção do direito de acesso à justiça, como direito fundamental, condição e 
possibilidade do próprio exercício de direitos sociais” (ANTUNES e PRAUN, 2020, p. 188). 
O advento das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e a especialização 
e flexibilização das relações de trabalho não lograram a tão prometida era auspiciosa por 
seus defensores. Pelo contrário, presenciamos a precarização paulatina do trabalho, 
intensificada de forma drástica com a crise estrutural de 2008, generalizando a supressão 
dos direitos a grande parte dos trabalhadores. 
O trabalho reconfigurou-se com os avanços dessas novas tecnologias digitais, da 
inteligência artificial e da chamada “Indústria 4.0”. A flexibilização deixa transparecer a 
sua essência que abriga uma gama de novas e velhas formas de exploração da força de 
trabalho. A “Indústria 4.0” é um conjunto de propostas tecnológicas de produção que faz 
parte de uma política econômica, científica e tecnológica que reage ante à redução da 
participação da indústria manufatureira no produto interno bruto dos países capitalistas 
centrais, tendo em vista os menores índices de investimento em bens de capital com 
impactos negativos à balança comercial de seus produtos (PINTO, 2020). 
A crise dos subprimes que se iniciou nos Estados Unidos, 2007, agravou o quadro 
regressivo das indústrias manufatureiras, provocando a emersão de plataformas que sob 
a orientação de entidades públicas e privadas passam a ser implementadas no setor 
produtivo. A Indústria 4.0 origina-se, na Alemanha, a partir de iniciativas governamentais 
para o desenvolvimento de alta tecnologia de produção de bens de consumo: big data, 
internet das coisas, inteligência artificial e muito mais. Ela engloba automação e a 
tecnologia da informação, além das principais inovações tecnológicas desses campos 
(PINTO, 2020). 
A indústria 4.0 dá um salto tecnológico ao elevar automação no setor produtivo à 
máxima potência, permitindo aos robôs desempenharem funções cada vez mais 
complexas, e aos algoritmos fazerem com que as máquinas analisem dados em uma 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 25 
velocidade sobrehumana, tornando a tecnologia industrial mais rápida, inteligente e 
precisa. 
O termo indústria 4.0 surgiu de um projeto de um grupo de trabalho presidido por 
Siegfried Dais e Henning Kagermann, que em 2012, apresentaram um relatório de 
recomendações para o governo alemão, planejando a implementação e desenvolvimento 
do que chamaram de indústria 4.0. Segundo este grupo, o projeto está alicerçado em seis 
princípios tais como: Tempo real que está relacionado com a capacidade de coleta e 
tratamento de dados de forma instantânea, permitindo uma tomada de decisão qualificada 
em tempo real. Virtualização que se trata de uma reprodução virtual do ambiente fabril, só 
que mais inteligente graças aos sensores espalhados em toda a planta para rastrear e 
monitorar de forma remota todos os seus processos. Descentralização diz respeito à ideia 
de que a máquina é responsável pela tomada de decisão, devido à sua capacidade de 
autoajuste e avaliação das necessidades da fábrica em tempo real, fornecendo 
informações sobre seus ciclos de trabalho. Orientação a serviços está relacionada a um 
conceito em que softwares são orientados a disponibilizarem soluções como serviços 
conectados com toda a indústria. Modularidade diz respeito a uma estruturação das 
fábricas, em módulos, de forma que eles sejam acoplados e desacoplados segundo a 
demanda fabril, oferecendo mais flexibilidade na condução das tarefas laborais. 
Interoperabilidade que diz respeito à capacidade das empresas para se comunicarem 
entre si. (FIA, 2020). 
Segundo Pinto (2020) a Indústria 4.0 sugere padrões de tecnologias, modelos e 
referências que orientem políticas tecnológicas ao país. Um estudo de Tommaso Pardi, 
Martin Krzywdzinski e Boy Luethje, citado pelo autor (2020), ressalta que, 
 
de uma perspectiva política, a Indústria 4.0 é uma campanha para mobilizar 
fundos públicos significativos e investimentos privados para a modernização e 
inovação tecnológica. Uma motivação importante [...] é a percepção de que a 
Alemanha é forte na manufatura, mas no campo das tecnologias da informação 
sofre a ameaça de ficar para trás dos Estados Unidos, além de países como a 
China (PINTO,2020, p. 198). 
 
A preocupação desses estudiosos é com a necessidade do governo alemão 
atentar-se para o desenvolvimento de estratégias de promoção do avanço tecnológico no 
setor produtivo, para que o setor industrial deste país possa competir com os demais 
países, a partir do conhecimento avançado que possui sobre manufatura combinado com 
as tecnologias de informação (TI). Portanto, tem-se no horizonte alemão, a criação de 
fábricas inteligentes, as “smart factories” estruturadas através de sistemas “ciberfísicos” 
com alto nível de autorregulação da automação do trabalho humano, tanto o manual, 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 26 
quanto o intelectual, através da “internet of things” (IoT)2 – internet das coisas – que 
permite às empresas uma conexão em rede entre diferentes máquinas e componentes 
com a integração da TI, possibilitando, ainda, a coleta, a organização e a análise de 
dados, e processos de produção em tempo virtualmente real. Do ponto de vista da 
assistência, os novos sistemas, dotam de processamento computacional e conexão à 
internet, os equipamentos como tablets e celulares, relógios e luvas, (Smart watches3, 
Smart glovers4, etc), fornecendo informações aos trabalhadores durante as jornadas de 
trabalho (PINTO, 2020). 
Na esteira da Indústria 4.0, o trabalho uberizado cresce de forma assustadora, com 
surgimento das plataformas digitais de trabalho, e produz oportunidades de lucros, cada 
vez maiores, para as empresas de aplicativos, e na outra ponta iceberg, a precarização e 
a baixa aquisição de renda, sem garantias, nem estabilidades aos trabalhadores e às 
trabalhadoras. 
 As plataformas digitais de trabalho quintuplicaram-se, em todo o mundo, na última 
década, segundo o último relatório: “World Employment and Social Outlook. The role of 
digital labour platforms in transforming the world of work” da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT). De acordo com o relatório, as plataformas digitais oferecem novas 
oportunidades de trabalho, para homens, mulheres, pessoas com deficiência, jovens e 
pessoas marginalizadas pelo mercado de trabalho tradicional. Elas permitem que as 
empresas tenham acesso a uma força de trabalho ampla, flexível e com habilidades 
variadas, enquanto expandem sua base de clientes. 
A ideia de liberdade e flexibilidade propagadas pelas empresas de aplicativos 
(trabalhar quando e onde quiser) constitui na transferência deliberada dos riscos para 
aumentar o controle sobre a força de trabalho, “pois essa liberdade significa ausência de 
salário garantido e do incremento de custos fixos que se convertem em responsabilidade 
dos trabalhadores” (ANTUNES e FILGUEIRAS, 2020, p 66). 
O relatório menciona dois tipos principais de plataformas digitais de trabalho: as 
plataformas online baseadas na web, nas quais as tarefas são realizadas online e 
 
2 A internet das coisas, também conhecida pela sigla IoT (de Internet of Things), é um conceito que trata da conexão 
de aparelhos físicos à rede. Não se trata de ter mais dispositivos para acessar a internet, mas sim a hiperconectividade 
ajudando a melhorar o uso dos objetos. Isso acontece dentro das residências (televisão, ar condicionado, geladeira e 
campainha conectados, por exemplo), mas também nas indústrias, com máquinas gerando relatórios instantâneos de 
produção para o software de gestão na nuvem. 
³ Smart watch é o nome dado para um relógio inteligente, ou seja, um aparelho que mistura a aparência de um relógio 
de pulso tradicional com as funcionalidades de um smartphone. Em inglês, smart watch é a junção de duas palavras 
distintas: smart, que significa “inteligente”, e watch, que quer dizer “relógio”. 
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Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
4 Smart glovers: as luvas que tratam das frieiras e da osteoartrose. À primeira vista são luvas normais. Mas as smart 
glovers têm no interior, incluem uma tecnologia de aquecimento automático que as transformam numa solução 
eficaz e mais económica para o tratamento de pessoas com osteoartrose e frieiras. 
 27 
remotamente por trabalhadores e trabalhadoras, e as plataformas baseadas em 
localização, nas quais as pessoas, como motoristas de táxi ou entregadores, realizam o 
trabalho em uma localização geográfica específica. 
Os principais desafios para os seus trabalhadores estão relacionados às condições 
e à regularidade do trabalho e da renda, bem como à impossibilidade de usufruir dos 
direitos à proteção social, liberdade de associação e negociação coletiva. Além disso, a 
jornada de trabalho costuma ser longa e imprevisível. Metade dos trabalhadores de 
plataforma digital ganha menos de dois dólares americanos por hora. Existem diferenças 
salariais perceptíveis em algumas plataformas. O relatório destaca que a pandemia de 
COVID-19 pôs ainda mais em evidência muitos desses problemas como a concorrência 
desleal, a falta de transparência sobre dados e preços, as altas taxas de comissão, e a 
dificuldade das pequenas e médias empresas (PMEs) para terem acesso ao 
financiamento e à infraestrutura digital. 
As novas oportunidades criadas pelas plataformas digitais de trabalho estão 
apagando ainda mais a distinção antes bem definida entre empregados e autônomos. As 
condições de trabalho dependem em grande medida dos termos de contrato de serviço, 
que muitas vezes são determinados unilateralmente. Cada vez mais, os algoritmos estão 
substituindo os humanos na alocação, na avaliação do trabalho e na administração e 
monitoramento de trabalhadores. O relatório aponta para a necessidade de políticas 
coerentes e coordenadas frente ao fato de que as plataformas operam em diferentes 
jurisdições, a fim de garantir que elas ofereçam oportunidades de trabalho decente e 
impulsionem o crescimento de empresas sustentáveis. 
O trabalho tem sido agravado nestes últimos tempos e com o surgimento da 
COVID-19, suas consequências são cada vez mais drásticas. A crise pandêmica por 
muitos é defendido como causadora de uma crise estrutural da economia. Grupos ligados 
aos grandes setores econômicos e o mercado financeiro, atribuem à doença uma causa 
natural. A crise da COVID-19 é provocada pela dinâmica destrutiva do capital, o trabalho 
e os trabalhadores, bem como toda a população são os maiores impactados. As grandes 
corporações tendem a superar essas crises, mas o rastro de miséria e pobreza que 
deixam pelo caminho afeta a vida dos indivíduos mais vulneráveis. Na queda de braço 
com o capital, os trabalhadores serão os mais prejudicados e o Serviço Social não está 
protegido das refrações provocadas pela crise. 
 
 
 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
https://www.ilo.org/brasilia/temas/covid-19/lang--pt/index.htm
https://www.ilo.org/brasilia/temas/covid-19/lang--pt/index.htm
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Serviço Social e Coronavírus 
As principais estratégias neoliberais de enfrentamento das crises que se 
aprofundam, há pelo menos quatro décadas, provocam a corrosão ampliada da 
regulamentação das relações de trabalho, em favor de um trabalho precário e 
desregulamentado. Com a reestruturação do mercado de trabalho, reduz-se o número de 
trabalhadores contratados, amplia-se o desemprego estrutural, e deteriora-se a qualidade 
do trabalho, dos salários e das condições em que ele é exercido. 
Segundo Raichéllis (2019), o que estamos vivenciando, é a pejotização do 
trabalho, que desponta como modalidade de contratação sem vínculo empregatício 
tradicional, mas através da constituição de pessoa jurídica pelo trabalhador, com isso, 
descaracterizam-se as relações do emprego formal e desrespeita-se a legislação 
trabalhista. A uberização organiza e remunera a força de trabalho, e distancia-se da 
regularidade do salário formal e das garantias trabalhistas. Trata-se de uma contratação 
direta sem garantias sociais e com forte cultura de competição entre os ‘colaboradores’ 
em benefício das empresasde aplicativos. 
No mercado de trabalho do Serviço Social, cresce o número de profissionais 
subcontratados para exercerem um trabalho individualizado. Os assistentes sociais são 
contratados para prestarem serviço por intermédio de empresas de serviços ou de 
assessoria, de organizações não governamentais, de (falsas) cooperativas de 
trabalhadores para prestarem serviços aos Estados, especialmente em âmbito local, 
configurando o trabalho profissional privado e autônomo. Raichellis (2019) destaca, a 
ampliação das parcerias público-privadas no âmbito das políticas sociais e da 
terceirização dos serviços públicos, através da subcontratação de instituições ou 
empresas que intermediam a relação com a contratante. Os trabalhadores públicos, 
inclusive os assistentes sociais, são afetados por uma lógica gerencialista que enquadra 
os processos de trabalho a uma dinâmica direcionada ao cumprimento de metas e de 
produtividade, esvaziando do trabalho o seu conteúdo. O gerencialismo enquanto 
ideologia de gestão do capital ganha espaço e estrutura as relações de trabalho entre 
empregadores e trabalhadores. O Estado como um agente público insere-se nessa 
dinâmica a partir do momento que ele adota regras empresariais da “governança público-
privada” (p. 53). 
Este modelo gerencial estimula o assalariado a trabalhar com dispêndio máximo de 
suas energias, em troca de incentivos, sob a crença de que essas medidas resolvem o 
problema da ineficiência do Estado e aprimoram os processos de trabalho nos órgãos e 
setores públicos. O servidor público perde suas garantias trabalhistas, submete-se a 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 29 
diferentes modalidades de contratação mais precárias, menos regulamentadas e com 
salários mais baixos (Raichellis, 2019). 
Segundo a autora (2019), a flexibilização da jornada de trabalho e dos vínculos 
contratuais, a terceirização e a subcontratação de novos trabalhadores contribuem para 
deteriorar ainda mais os serviços prestados à população. O trabalho do assistente social 
não está isento dessa dinâmica racionalizadora imposta pelo gerencialismo que se 
introduziu na esfera estatal. Como consequência disto, a autora (2019) destaca a 
existência de uma tendência crescente de padronização dos processos interventivos 
apoiada pelas tecnologias e pela informatização. A intensificação do trabalho profissional 
que impõem aos assistentes sociais mais ritmo e velocidade na execução de tarefas que 
demandam tempo e que se desdobram em outras estratégias. O intuito é mensurar a 
qualidade do trabalho profissional pela eficiência nas tarefas que são desempenhadas, 
sem levar em consideração que o trabalho do assistente social é de outra natureza, por 
ser mais processual, as métricas utilizadas para o controle da eficiência no desempenho 
profissional, não se relaciona e não mensura o impacto que seu trabalho produz, na vida 
dos inidivíduos. Além disso, não podemos deixar de mencionar, que está sendo 
incorporada nos processos de trabalho, a polivalência e a lógica da produção multitarefas 
com cobranças de produtividade e de responsabilidade. 
O novo Coronavírus tem emergido questões relativas ao trabalho do assistente 
social, não só aquelas relacionadas à sua condição de trabalhador assalariado suscetível 
aos reflexos que afetam o mundo do trabalho e a classe trabalhadora, mas também, aos 
aspectos que se referem às especificidades, competências e o compromisso ético-político 
dessa profissão. 
A pandemia acelerou o processo de entrada das Tecnologias da Informação e 
Comunicação (TICs) no trabalho profissional de assistentes sociais, e esse novo recurso 
desafia a profissão, pois produz impactos no trabalho profissional, em sua relação com os 
usuários e nas condições éticas e técnicas, no sigilo e proteção das informações. O 
teletrabalho que incorpora o exercício profissional indica três pontos que precisam ser 
discutidos no âmbito da profissão: segurança do trabalhador e da população atendida, o 
dilema do acesso aos direitos pela população, e a avaliação das condições éticas e 
técnicas no contexto do teletrabalho. 
A segurança e a proteção de dados e o sigilo do atendimento são desafios do 
trabalho profissional que a inovação tecnológica não está totalmente preparada para 
enfrentar. A nota técnica do Conselho Federal de Serviço Social, que trata do 
Teletrabalho e Teleperícia dá outras orientações para assistentes sociais no contexto da 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 30 
pandemia e problematiza os limites da tecnologia no trabalho do assistente social, 
principalmente no que tange as condições éticas e técnicas, mas não só isso (CFESS, 
2020). 
O acesso aos direitos e serviços fica limitado, uma vez que as barreiras 
socioeconômicas, geracionais, comunicacionais dificultam a posse e o manejo de 
ferramentas tecnológicas para vários segmentos da população. A falsa impressão de que 
todos os indivíduos possuem dispositivo com acesso à internet, produz a falácia em torno 
da universalização de acesso às TICs. O público que é atendido por assistentes sociais 
integra uma massa da população que têm dificuldade para acessar recursos tecnológicos 
e, por conseguinte, muitos deles, não têm acesso aos serviços socioassistenciais de 
maneira remota. Nas situações em que há impossibilidade do atendimento remoto, cabe 
a reflexão sobre a necessidade do atendimento presencial, tomadas todas as medidas de 
segurança sanitária. A nota chama a atenção para o nosso compromisso com valores e 
princípios éticos em um contexto de ataque aos direitos e à vida. Para isso, as normativas 
da profissão oferecem os insumos necessários para que os assistentes sociais planejem 
e executem suas atividades, sem colocar em risco a sua vida e a dos inidvíduos com os 
quais trabalham. (CFESS, 2020). 
Sobre as condições de saúde dos trabalhadores, é importante ressaltar que as 
estratégias de intensificação do trabalho no contexto do neoliberalismo ocorrem de forma 
gradativa e ganham materialidade, à medida que o trabalho se precariza e o trabalhador 
perde sua estabilidade para fazer reivindicações. Os malefícios desse processo refletem 
na vida e na saúde dos profissionais, gerando um desgaste físico, emocional e intelectual. 
Vicente (2019) frisa que o desgaste proveniente do consumo dos corpos e dos 
potenciais psíquicos, pelo processo de trabalho e pelos constrangimentos a ele 
vinculados, leva a perda das capacidades corporais e psíquicas do trabalhador. Ela 
continua, ao destacar os vários agravos que o acometem como: “alteração do sono, 
apetite e humor, [...] síndrome de burnout, dependências químicas, depressão e suicídio” 
(p. 132). Tais agravos são experiências típicas de uma forma de organização do trabalho 
que provoca o esvaziamento significativo do seu conteúdo, potencializando a geração de 
sofrimento e de vivência depressiva. 
A vivência depressiva produz segundo a autora (2019) sentimentos de indignidade, 
inutilidade e desqualificação. Isso amplia a sensação de cansaço, pois exige um esforço 
de vontade ainda maior para desempenhar uma tarefa sem investimento material e/ou 
afetivo, alimentando uma “sensação de adoecimento intelectual, de anquilose mental, de 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 31 
paralisia da imaginação e marca o triunfo do condicionamento ao comportamento 
produtivo” (DEJOURS, 1991 apud VICENTE, 2019, p. 141). 
Com a precarização das relações de trabalho instaura-se o medo e a insegurança, 
o ressentimento e o desconforto provocados pela instabilidade. Para a autora (2019), o 
trabalhador se sente um fardo a se arrastar diariamente, além de se sentir prejudicado 
nas relações pessoais, familiares e no âmbito da afetividade. Situações como as que 
foram apresentadas por Vicente são agravadas no contexto atípico da pandemia da 
COVID-19, quando todas as situaçõesde precarização são agudizadas pela crise 
sanitária afetando os profissionais em todas as suas dimensões. E tudo isso gera o 
isolamento, a apatia e o adoecimento. 
Seguindo sua linha de raciocínio, fica claro, portanto, que a pandemia está nos 
mostrando o quanto alguns fatores de ordem socioeconômica, psicológica e biológica 
podem colocar em risco, o nível de saúde mental de indivíduos e grupos. Situações como 
as rápidas mudanças sociais, a perda de laços sociais ou familiares, as condições de 
trabalho estressantes, a instabilidade e a precarização, a discriminação e a exclusão 
social, a violência e a violação de direitos, e as pressões socioeconômicas contínuas, 
expressam-se de maneira contundente e reforçam as incertezas e provoca instabilidade 
do trabalhador. O acúmulo de demandas, o isolamento, o afastamento dos entes 
queridos, o luto, a falta de estrutura para o trabalho remoto ou a falta de equipamento 
para o trabalho presencial agravam ainda mais as condições do trabalhador e 
compromete a qualidade do seu trabalho. 
Fica evidente, o quanto é necessária a mobilização e a articulação da classe 
trabalhadora juntamente com as forças progressistas que coadunam com o mesmo 
projeto societário. Mas para isso, precisamos compreender que a luta não é individual. Os 
desafios que estão presentes e se intensificam na pandemia, inserem-se num projeto 
político de sucateamento dos trabalhadores, de destruição das conquistas trabalhistas e 
de deterioração das condições de vida, de saúde e da dignidade humana. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O debate ora realizado não esgota as questões complexas que envolvem a crise 
econômica estrutural e a crise provocada pela pandemia, mas elucida aspectos que 
relacionam essas duas crises como a organização social segundo a lógica do capitalismo 
como sua fonte e origem, de tal sorte que não foi a pandemia a causadora da crise 
econômica, mas é a dinâmica contraditória do capital que manifestou, através da 
pandemia, a sua face mais perversa. 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
 32 
O processo de reestruturação da produção do capital financeiro, por muito tempo, 
mostra um fracasso anunciado com consequências sem precedentes. A nova forma de 
acumulação e de flexibilização dos mercados, das relações de trabalho e dos direitos são 
como nos diz Raichéllis (2019), a sua expressão mais emblemática. 
As mudanças estruturais do trabalho assalariado impactaram na materialidade e na 
subjetividade dos trabalhadores, Antunes (2020) diz que o trabalho está se 
‘desantropomorfizando’, em outras palavras, o trabalho sofre mudanças estruturais 
radicais em seu modo de produção. Regido por máquinas e algoritmos, esse novo modelo 
reduz quantitativamente e qualitativamente o trabalho vivo, de tal sorte, que a classe 
trabalhadora tornou-se item supérfluo para o capital, e isso se reflete em toda a cadeia 
produtiva e afeta as profissões. Contudo, o projeto ético-político do Serviço Social 
brasileiro assume uma função estratégica na articulação e na organização da categoria 
profissional, buscando a unidade política com outras forças sociais, o que abre as 
possibilidades para o fortalecimento e resistências diante da ordem social do capital e as 
estratégias a serem efetivadas estão presentes na luta coletiva dos trabalhadores e 
trabalhadoras. 
 
REFERÊNCIAS 
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regulação no capitalismo contemporãneo. In.: ANTUNES, Ricardo (org.) Uberização, Trabalho 
Digital e Indústria 4.0. São Paulo: Editora Boitempo, 2020, p. 59-78. 
ANTUNES, Ricardo e PRAUN, Luci. A demolição dos direitos do trabalho na era do 
capitalismo informacional-digital. In.: ANTUNES, Ricardo (org.) Uberização, Trabalho Digital e 
Indústria 4.0. São Paulo: Editora Boitempo, 2020, p. 179-192. 
Fundação Instituto de Administração (FIA). Indústria 4.0: o que é, consequências, impactos 
positivos e negativos [Guia Completo]. Publicado em 11 nov. 2020. Disponível em: 
https://fia.com.br/blog/industria-4-0/. Acesso em 25 mar. 2021. 
JAPPE, Anselm.; AUMERCIER, Sandrine.; HOMS, Clément e ZACARIAS, Gabriel. 
Capitalismo em quarentena: notas obre a crise global. São Paulo. Editora Elefante. 2020. 
Nota Técnica do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). Teletrabalho e Teleperícia: 
orientações para assistentes sociais no contexto da pandemia. Distrito Federal. 2020. 
PINTO, Geraldo Augusto. A Indústria 4.0 na cadeia automotiva: A Mercedes-Benz em São 
Bernardo do Campo. In.: ANTUNES, Ricardo (org.) Uberização, Trabalho Digital e Indústria 
4.0. São Paulo: Editora Boitempo, 2020, p. 193-216. 
RAICHELLIS, Raquel. Serviço Social: trabalho e profissão na trama do capitalismo 
contemporâneo. In.: RAICHELLIS, Raquel; VICENTE, Damares e ALBUQUERQUE, Valéria 
(orgs). A nova morfologia do trabalho no Serviço Social. São Paulo: Editora Cortez, 2019, p. 
25-65. 
VICENTE, Damares. Serviço Social, trabalho e desgaste mental. In.: RAICHELLIS, Raquel; 
VICENTE, Damares e ALBUQUERQUE, Valéria (orgs). A nova morfologia do trabalho no 
Serviço Social. São Paulo: Editora Cortez, 2019, p. 127-149. 
World Employment and Social Outlook. The role of digital labour platforms in transforming the 
world of work. Disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---
dcomm/---publ/documents/publication/wcms_771749.pdf . Acesso 27 mar. 2020. 
Crise e crítica da pandemia da COVID-19 e o serviço social 
 
https://fia.com.br/blog/industria-4-0/
 33 
 
 
 
APROXIMAÇÕES TEÓRICAS SOBRE FLUXOS 
MIGRATÓRIOS MOTIVADOS PELO ENSINO SUPERIOR E 
OS REFLEXOS DA CRISE SANITÁRIA PROVOCADA 
PELA COVID-19: BRASIL-PORTUGAL 
 
Fabrícia Cristina de Castro Maciel 
 
Resumo: O objetivo deste artigo é alargar os conhecimentos sobre os processos migratórios e analisar os 
possíveis efeitos da crise sanitária provocada pela COVID-19 sobre as imigrações motivadas pelo interesse 
na formação em ensino superior. Coloca-se em evidência a relação Brasil-Portugal, a considerar a 
distância, seja pela perspetiva geográfica/territorial, seja pela estratégia do uso de Tecnologias Digitais de 
Informação e Comunicação (TDICs). A investigação perpassa a metodologia de tipo bibliográfico e 
documental, circunscrevendo uma natureza qualitativa. O artigo se estrutura em quatro tópicos, a identificar 
as teorias sobre os fluxos migratórios, as aproximações e nexos entre os aspetos Gerais do processo de 
mundialização do sistema do capital e as experiências imigratórias para ascender ao ensino superior. 
 
Palavras-chave: globalização; migrações (fluxos, imigração e emigração); Estado, diretos de 
cidadania; educação superior. 
 
INTRODUÇÃO 
A crise sanitária provocada pela COVID-19 alterou de forma substantiva a realidade social 
e econômica do conjunto da população mundial. Este artigo pretende analisar os possíveis efeitos 
desta crise nos fluxos migratórios originados do interesse na formação em ensino superior, pela 
perspetiva geográfica/territorial, bem como pela estratégia do uso de Tecnologias Digitais de 
Informação e Comunicação (TDICs). A investigação desta temática justifica-se tendo em vista 
tanto as medidas governamentais relacionadas os aspectos de mobilidade das populações, bem 
como o agravamento da crise econômica, influenciando os movimentos de estudantes que 
buscam uma formação superior em países diferentes de suas origens. 
Este breve artigo estrutura-se em quatro tópicos, a apresentar uma feição de 
análise da realidade social a partir da totalidade (dimensão global) para alcançar a 
CAPÍTULO 
2 
 34 
singularidade em questão que se pretendeu apreender. As aproximações e nexos entre o 
universal (os aspetos Gerais do processo de mundialização do sistema do capital) e o 
singular (neste caso, as experiências imigratórias no sentido de ascender ensino superior) 
são marcadas pelas mediações que compõem a particularidade das condições

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