Buscar

Anemia Megaloblástica aplásica - Tut 3

Prévia do material em texto

EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 
 
Tutorial 3 – mod XI – Suspeita clínica 
Anemias megaloblástica + aplasica
Anemias Megaloblásticas 
- Decorrentes da deficiência de vitamina B12 
(cobalamina) ou folatos. Faz parte das anemias 
macrocíticas (eritrócitos grandes VCM > 98). 
- São prevalentes e tem uma carga significativa de 
morbidade. 
- Os eritroblastos da MO tem um atraso na maturação do 
núcleo em relação ao citoplasma. Esse defeito é gerado 
pela assincronia de maturação do núcleo e a síntese 
defeituosa de DNA que é causada pela deficiência de 
B12 ou folato. 
- Megaloblastos são células defeituosas reconhecidas 
pelos macrófagos da MO, sendo destruídas por eles. 
- Os folatos e a cobalamina são necessários para a 
manutenção do metabolismo dos metacarbonos, que 
envolve a transferência de grupos em reações 
enzimáticas para síntese de pirimidina e purina. Logo, a 
deficiência de folato ou cobalamina gera uma 
característica bioquímica comum no defeito na síntese de 
DNA, com crescimento celular desequilibrado e divisão 
celular prejudicada. 
- A hematopoese megaloblástica se expressa com 
anemia, com defeito global na síntese de DNA em todas 
as células em proliferação. 
- A reposição vitamínica é curativa e a identificação 
precisa da deficiência vitamínica é essencial. No caso da 
cobalamina, o conhecimento da causa da deficiência dita 
a dose e a duração do tratamento e da reposição. 
ETIOLOGIA 
 Deficiência de cobalamina (B12) 
 Deficiência de folato 
 Distúrbios congênitos da síntese de DNA 
(Anemia megaloblástica responsiva à tiamina) 
EPIDEMIOLOGIA 
Cobalamina 
- É uma vitamina de coloração avermelhada, solúvel em 
água, com cobalto substituindo o ferro no centro do anel 
pirrólicos. 
- Dose diária recomendada de 2,4μg para homens e não 
grávidas, 2,6 μg para grávidas, 2,8 para lactantes, e 1,5-
2 para crianças entre 9-18 anos. Dieta normal tem 
excesso de B12 e, relação às necessidades diárias. 
- A cobalamina é produzida na natureza apenas por 
micro-organismos e os seres humanos a recebem 
somente da dieta ou da produção interna de bactérias 
intestinais. 
- Cobalamina é estocada nos tecidos. A deficiência 
dietética pode levar de 5-10 anos para se tornar evidente. 
Precisam de 3-4 anos para depletar os estoques se a 
vitamina for mal absorvida, interferindo na circulação 
êntero-hepática que faz reabsorção de 75% da vitamina 
secretada na bile. 
Folatos 
- Sintetizados por micro-organismos e plantas. Ricas 
fontes alimentares incluem os vegetais de folhas verdes, 
feijões, frutas, leveduras, cogumelos e proteínas de 
origem animal. Aqui, encontra-se na forma de 
poliglutamato. 
- Maior reserva de folato no corpo está no fígado, 
responsável por metade das reservas. Vai ser secretado 
na bile para ser absorvido no ID. 
- São substâncias sensíveis a altas temperaturas e o 
cozimento >15min pode destruir 50-95% do folato dos 
alimentos. 
FISIOPATOLOGIA/ETIOLOGIA 
Cobalamina 
Fisiologia normal 
- Está presente nos alimentos como coenzimas e ligada 
a proteínas. No estômago, a digestão peptídica em baixo 
pH é um pré-requisito para liberar cobalamina da 
proteína. 
- Depois, ela se liga a uma proteína ligante, a proteína R, 
secretada na saliva e no suco gástrico. Estes complexos, 
junto com o fator intrínseco livre (produzido pelas células 
parietais) passam pela segunda parte do duodeno, onde 
as proteases do pâncreas degradam a proteína R, 
permitindo transferência da cobalamina para o fator 
intrínseco. 
- Complexo vai do jejuno para o íleo, se liga a receptores 
de fator intrínseco-cobalamina. 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 
 
- Nos enterócitos, cobalamina é transferida para 
transcobalamina II. A proteína transcobalamina I se liga 
75% a cobalamina sérica faz o estoque desta no sangue. 
- Uma 3ª proteína, transcobalamina III se liga a análogos 
da cobalamina que são secretados pelo fígado na bile 
para excreção fecal eficiente. 
- Metilcobalamina é uma coenzima que catalisa a 
formação da metionina com a ajuda da Homocisteína. 
- Há grandes reservas de B12 no fígado, ao contrário do 
folato, durando bastante, sendo necessário 10-15a com 
dieta pobre em cobalamina para haver sinais clínicos de 
deficiência. 
Patogênese 
- A anemia perniciosa é o que geralmente causa 
deficiência de B12 nos países ocidentais. Em menor 
frequência, é causada pelo veganismo, gastrectomia e 
doenças do intestino delgado. 
- Não há síndrome de deficiência de B12 como resultado 
de consumo excessivo ou perda da vitamina, sendo que 
inevitavelmente a deficiência leva ao menos 2 anos para 
se desenvolver. Esse é o tempo necessário para que haja 
a depleção de depósitos. 
- Na anemia perniciosa, o evento primário é a destruição 
autoimune e a atrofia das células da mucosa parietal 
gástrica, levando a ausência do fator intrínseco e ácido 
clorídrico, com uma grave má absorção e a deficiência de 
cobalamina. 
- Nesses pctes, são encontrados anticorpos 
antifator intrínseco. Geralmente acontece aos 60 
anos, > FEM. 
- Parede do estômago fica delgada, com 
infiltração de linfócitos e plasmócitos. 
- Deficiência nutricional (vegetarianos, veganos) 
- A gastrina sérica aumenta, podendo gerar infecções por 
H. pylori e consequente gastrite atrófica. Pode haver 
hipocloridria, lesão pelo uso de IBP. 
- Perda/atrofia de mucosa gástrica (deficiência de 
moléculas de fator intrínseco). 
- Ligação inadequada da cobalamina ao fator intrínseco 
(hiperproliferação bacteriana, usurpa cobalamina antes 
que ela se ligue ao fator intrínseco). 
- 90% dos pctes apresenta anticorpos plasmáticos contra 
as células parietais, dirigidos contra a H+/K+ ATPase e 
50% anticorpos tipo I ou anticorpos que bloqueiam o fator 
intrínseco, inibindo a ligação deste com a vitamina B12. 
30% tem um segundo anticorpo-IF que irá inibir a ligação 
do complexo no íleo intestinal. 
- Eventos anormais no intestino que impedem absorção 
de cobalamina. 
- Protease pancreática inadequada (inativação, 
insuficiente) não tem quebra de proteína R. 
- Distúrbios do transporte de cobalamina, incluindo 
metabólicos, onde não usadas pelas células. Resultam 
em má absorção. Ex: Metformina diminui secreção ácida 
e do fator intrínseco, podendo inibir transporte de 
cobalamina. 
- Óxido nítrico é capaz de inativar rápido a B12 no 
organismo. 
Folatos 
Fisiologia normal 
- Metade do folato nos alimentos é biodisponível; 85% do 
ácido fólico adicionado aos alimentos ou é ingerido como 
suplemento tem biodisponibilidade. 
- O nível sérico normal de folato é mantido por sua 
ingestão dietética e pela eficiente circulação êntero-
hepática. 
- O int delgado consegue absorver o ácido fólico ñ 
modificado, mas o folato dos alimentos precisa ser 
reduzido antes de ser transportado. 
- Essas porções do ID tem as enzimas 
carboxipeptidases, que convertem o poliglutamato em 
mono ou diglutamato, permitindo sua pronta absorção. 
- Folato presente no plasma sob a forma de ácido fólico 
ou metil-tetrahidrofolato (metil-THF), geralmente ligado a 
proteínas. 
- Quando penetra nas células, o grupo metil vai ser 
retirado pela metionina sintase, liberando o THF como 
poliglutamato (forma ativa). 
- O folato tem como função transferir metileno para 
aceptores que formarão as bases nitrogenadas do DNA. 
- O metil-THF é convertido em metileno, que poderá ser 
usado no ciclo de timidilato para sintetizar timidina e 
DNA. 
Além disso, a B12 vai ser importante para fazer a 
manutenção do folato no meio intracelular (conversão do 
MHTF -> HTF) 
Patologia 
- Causas nutricionais: + comum 
 Ingestão dietética diminuída (tentam se manter 
por até 4m) 
o Idade avançada, asilos, pobreza, fome, 
dietas especiais, anemia do leite de 
cabra 
 Aumento da necessidade (gravidez, lactação, 
prematuridade, infância) 
o Patologias: doenças hematológicas, CA, 
doenças inflamatórias (Chron, artrite,psoríase, ...) 
- Mulheres com curto tempo entre gestações 
consecutivas, grávidas de gêmeos ou que sofrem de 
hiperêmese gravídica não são capazes de manter 
estoques adequados de folato: nascimento de bebês 
prematuros e de baixo peso. 
- Má absorção de folato 
 Fármacos: IBF, Sulfassalazina, álcool 
 Hereditária: transporte defeituoso 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 
 
- Transporte inadequado, com defeito 
- Utilização celular inadequada (deficiência enzimática) 
- Fármacos: álcool Sulfassalazina, pirimetamina, 
trimeto+sulfa 
- Perda urinária excessiva de folato 
- Os estoques de folato geralmente não duram muito, 
logo os sinais se desenvolvem cerca de 4-5 meses após 
o início das perdas. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Geralmente é uma doença insidiosa com sintomas e 
sinais gradativamente progressivos de anemia. 
- Geralmente os pctes assintomáticos são diagnosticados 
pelo hemograma, que foi pedido por outros motivos. 
- O pcte pode ter icterícia leve (coloração amarelo-limão 
quando combinado com anemia) pelo excesso de 
catabolismo de Hb resultante do aumento da eritropoese 
ineficaz na medula óssea. 
Sintomas GI: B12 pode levar a glossite (dor, inchaço, 
sensibilidade, perda da papila ou hiperssensibilidade). O 
folato pode causar úlceras orais. Isso pq as células do 
TGI são sensíveis a falta de ácidos nucleicos causada 
pela deficiência dessas vitaminas. 
- Estomatite Angular (quelite angular). 
- Sintomas leves de má absorção: perda de peso. 
Fraqueza. 
- Púrpura decorrente de trombocitopenia e 
hiperpigmentação generalizada (condição rara). 
- Aparecimento precoce de cabelos grisalhos. 
Sinais neurológicos: devido a uma alteração na produção 
da mielina. 
- Nefropatia (APENAS POR B12): afeta nervos sensitivos 
periféricos e cordões da medula espinal (degeneração). 
Pode haver parestesia, dormência nas extremidades, 
dificuldade para andar, podendo cair em ambientes 
escuros, falta de sensibilidade à vibração de alta 
frequência. 
- Pode haver Sd cerebelares, Sd de Parkinson, 
convulsões. 
Sintomas psiquiátricos: depressão, insônia, mal-estar 
geral, demência. 
Defeito do Tubo Neural 
- A deficiência de folato ou de B12 na mãe, predispõe 
defeitos no tubo neural do feto: anencefalia, espinha 
bífida ou encefalocele. 
- Quanto menores os níveis de folato sérico ou de 
eritrócitos e os níveis séricos de B12 maternos (mesmo 
quando ainda dentro dos limites de referência) há maior 
incidência dessa patologia. 
- A suplementação com ácido fólico na ocasião da 
concepção e no ínicio da gestação diminui em 75% a 
incidência da doença. 
Outras alterações teciduais 
- Esterelidade (tanto em deficiência de B12 como de 
folato): frequente em ambos os sexos. 
- Hiperpigmentação generalizada reversível 
- Diminuição da atividade osteoblástica (apenas na 
deficiência de B12). 
DIAGNÓSTICO 
- Anemia, reconhecer se a megaloblástica está presente; 
ver se é por falta de folato e/ou cobalamina; diagnosticar 
causa de base e mecanismo responsável. 
Hemograma 
- VCM maior que 98 fL e nos casos mais severos VCM 
de 120-140 fL. 
 - Macrócitos ovais 
FIGURA 167-3: macro-ovalócitos (hemácias grandes) e 
hipersegmentação de neutrófilos acentuados. 
- Contagem de reticulócitos baixa (< 0,5%), assim como 
a contagem de leucócitos e plaquetas. 
- Neutrófilos com núcleo hipersegmentado (com 6 ou 
mais lobos). 
- Geralmente uma hemoglobina < 5g/dL 
- Medula óssea hipercelular, com eritroblastos grandes e 
com falta de maturação, mostrando uma comatina frouxa, 
primitiva. 
- Metamielócitos gigantes e com forma anormal. 
- Bilirrubina sérica não conjugada (bilirrubina indireta) e 
desidrogenase láctica estão aumentadas. 
DIAGNÓSTICO: DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 E 
FOLATO 
- Dosagens de Vitamina B12 e de Folato séricos. 
- Vitamina B12 sérica é baixa tanto na anemia 
megaloblástica quanto na neuropatia causada pela sua 
deficiência. 
- O folato sérico também é baixo na anemia 
megaloblástica, mas tende a aumentar na deficiência de 
B12 (aumento no volume sérico, mas no eritrócito 
diminui). 
Cobalamina Folato Diagnóst provisório 
> 300 > 4 Def. improvável 
< 200 > 4 Def. de cobalamina 
200 -300 > 4 Descarta def de B12 
> 300 < 2 Def. de folato 
< 200 < 2 Def. de B12 + folato ou só 
folato 
> 300 2 - 4 Def de folato ou anemia ñ 
associada a falta de vitamina 
 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 
 
- Há alguns exames específicos para identificação da 
causa de deficiência, tanto de vitamina B12 quanto de 
folato (ex: má absorção ou falta de vitamina na dieta). 
- Por participar das reações de síntese da Homocisteína 
e Ácido Metilmalônico, essas substâncias podem ser 
usadas em alguns labs para ver a deficiência de B12. 
Ambas estão aumentadas na def. de B12, porém o 
aumento da Homocisteína sem o do ácido metilmalônico 
ocorre na maioria das deficiências de folato. 
 
 Sangue 
periférico 
Medula óssea 
Global Pancitopenia Hiperplasia 
Eritroide Anemia Hiperplasia eritroide 
Macrocitose Eritropoese ineficaz 
Eritroblastos, 
megaloblastos 
Macroeritroblastos 
Reticulócitos 
>3% 
Megaloblastos 
 Diseritropoese 
Granulócitos Granulocitopenia Metamielócitos 
gigantes 
Neutrófilos 
hipersegmentado 
 
Plaquetas Plaquetopenia Alterações 
morfológicas de 
megariócitos 
Se tem macrocitose, pedir labs B12 e folato. 
- MO tenta compensar a anemia fazendo uma hiperplasia 
eritroide, pois não está conseguindo fazer um transporte 
direito. 
- Tem um predomínio de megacariócito sobre as 
plaquetas pois devido a hiperplasia eritrocitária, não há 
espaço para estas. 
- No sangue tem produção de células, hemácias grandes 
(pancitopenia). 
- RDW aumentado pois há hemácias grandes, com um 
volume variado. 
TRATAMENTO 
- A maioria dos casos necessita apenas de tratamento 
com a vitamina apropriada. 
- Deve-se tratar a etiologia de qualquer deficiência 
vitamínica também. 
- Essas vitaminas não devem nunca ser prescritas 
isoladamente, salvo se a deficiência de B12 tiver sido 
excluída com segurança, pois se houver def. de B12 ela 
pode ser mascarada e a suplementação com folato 
ameniza a anemia, mas não reverte os danos 
neurológicos e pode até piorar. 
- Em pctes com anemia grave, é necessário tratamento 
com urgência, podendo ser mais seguro iniciar o 
tratamento com ambas as vitaminas e depois coletar o 
sangue para as dosagens de B12 e de folato. 
- Transfusões de sangue devem ser evitadas, se 
possível, pois podem causar sobrecarga circulatória. 
- O pcte já se sente melhor após 24 a 48 horas do 
tratamento com a vitamina correta, com notável aumento 
do apetite e bem-estar eufórico. 
- A Hb deve aumentar em 2-3 g/dL a cada quinzena. 
- A contagem de leucócitos e plaquetas normaliza em 7-
10 dias e a medula torna-se normoblástica em cerca de 
48 horas. Mas pode haver mielócitos gigantes durante 12 
dias. 
- O dano à medula espinal é irreversível. 
- A duração da terapia depende da persistência da causa 
inicial da deficiência. A reposição vitalícia é necessária 
para indivíduos com uma condição que não é revertida 
CIANOCOBALAMINA (hidroxicobalamina) 
- Entra como coenzima nos processos metabólicos de 
síntese proteica e metabolismo de outros compostos, 
atuando também na hematopoeise. 
- Um esquema agressivo com 1mg dia, depois 1xsem por 
2sem, 1xsem por 4sem, 1mg mês/vida. Via IM ou SUBC. 
- Pode ser feito uso oral após reabastecimento por via 
parenteral. 
FOLATO ORAL (ÁCIDO FÓLICO) 
- É essencial para síntese de nucleoproteínas e para a 
formação normal de hemácias. Na anemia 
megaloblástica, ele estimula produção de hemácias, 
leucócitos e plaquetas. 
- Varia de 1-5mg por dia. Dose suficiente mesmo se 
houver má absorção, pois está acima da dose dietética 
recomendada. 
- Para causas reversíveis, a administração é de 1-4 
meses ou até ter evidência hematológica de 
recuperação. 
- Reposição vitalícia:anemias hemolíticas, diálise, ... 
PROFILAXIA 
- A vitamina B12 deve ser administrada periodicamente 
em pctes com gastrectomia total ou ressecção ileal, e em 
bebês cuja mãe tem deficiência de B12. 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 
 
- Ácido fólico: gravidez 0,2-0,5mg/dia (aumentando 
ingestão de ácido fólico em alimentos ou suplementados 
com folato ou recebendo ácido fólico) -> evitar 
deformações no tubo neural do feto. Também é 
administrado em pctes em diálise crônica, com anemia 
hemolítica severa e melofibrose e em crianças 
prematuras. 
- A suplementação de ácido fólico, B12 está associada a 
redução de fratura nos quadris, reduz taxa de declínio 
cognitivo em idosos, entre outros inúmeros benefícios. 
- Em junho de 2004, tornou-se imprescindível a 
fortificação das farinhas de trigo e milho com 150μg de 
ácido fólico para cada 100g de produto. Em 2010, 
150μg/100g na farinha de mandioca. Estudos 
demonstraram redução dos defeitos do tubo neural. 
- Além disso, se parar pra pensar em países que sofrem 
com fome e pobreza, a farinha e as massas são os 
alimentos mais acessíveis com essas vitaminas. 
ANEMIAS MACROCÍTICAS NÃO 
MEGALOBLÁSTICAS 
- O abuso de álcool é a causa mais frequente de aumento 
do VCM, na ausência de anemia. 
- A anemia hemolítica é uma causa importante de anemia 
macrocítica. 
- Deve ser feito então: anamnese, exame físico, provas 
de função hepática e tireoidiana, exame da medula óssea 
para mielodisplasia, aplasia ou mieloma. 
- Causas de macrocitose além da anemia 
megaloblástica: 
 Abuso de álcool 
 Hepatopatia 
 Hipotireoidismo 
 Síndromes mielodisplásicas 
 Fármacos citotóxicos 
 Anemia aplástica 
 Gravidez 
 Tabagismo 
 Reticulocitose 
 Esplenectomia 
 Paraproteinemia 
 
Anemia Aplásica 
- Doença marcada pelo surgimento da pancitopenia, ou 
seja, redução das três séries de células hematológicas 
da periferia: hemácias, leucócitos e plaquetas. 
- Sendo assim, a anemia aplásica é definida como um 
estado de pancitopenia associada a uma biopsia da 
medula óssea acelular ou hipocelular contendo menos 
de 30% do espaço medular ocupado por células 
hematopoiéticas, sendo que o restante da medula é 
composto apenas de células adiposas. 
EPIDEMIOLOGIA 
- Há 2 picos nessa doença: o primeiro é entre a segunda 
e a terceira década de vida, e o segundo pico ocorre em 
idosos. 
- Há maior incidência em países asiáticos. 
- Não há prevalência por sexo. 
- No Brasil, a incidência anual é de 2,4 casos por milhão. 
- Fatores de risco independentes: baixa renda e contato 
com derivados da sulfonamida. 
- Pode acometer pctes jovens numa forma grave e com 
alta letalidade. 
ETIOLOGIA 
- Pode ser classificada como adquirida ou hereditária. As 
formas adquiridas podem ser: 
- Em 50% dos casos a anemia aplásica adquirida não tem 
causa conhecida, sendo chamada de Anemia Aplásica 
Idiopática. O restante é dividido em: 
(1) Radiação Ionizante: produção de grandes 
quantidades de radicais livres derivados de 
oxigênio, promovendo quebra de cadeias de DNA. 
Ocorre em acidentes nucleares, radiação de 
serviços de radiodiagnóstico ou radioterapia. 
(2) Benzeno e outros produtos químicos (ex: 
inseticidas): benzeno é um derivado do petróleo e 
utilizado como solvente. Trabalhadores expostos 
ao benzeno, geralmente apresentam alterações no 
hemograma, mas raramente evoluem para anemia 
aplásica. A principal alteração é: anemia seguida 
de trombocitopenia. 
(3) Drogas (cloranfenicol, fenilbutazona e 
quimioterápicos): pode ocorrer por drogas dose-
dependentes ou por doses-independentes 
(reações inesperadas). No último grupo a droga 
mais importante é o Cloranfenicol. Alguns ATB 
também, como estrepto, tetra, ampi, sulfas; além 
de anti-histamínicos, metildopa e outros... 
(4) Infecções virais (hepatites), mononucleose 
infecciosa (Vírus Epstein-Barr), infecção por 
HIV: O principal é o vírus da hepatite, que é um 
novo vírus da hepatite (não A, B, C, G). 
(5) Reação transfusional enxerto vs. Hospedeiro. 
- Pode haver também na gravidez, porém geralmente há 
regressão espontânea, com o quadro terminando com o 
fim da gestação. 
PATOGÊNESE 
- Ocorre geralmente devido uma lesão da célula troncro 
- Injúria tipo I: aplasia idiopática, anemia de Fanconi, 
lesão por radiação ionizante, benzeno, cloranfenicol. 
- Injúria tipo II (mais tardia). 
- As duas injúrias possuem características autoimunes 
e dependem de linfócitos T ricos em interferon gama 
(citocina capaz de induzir a apoptose nas células 
progenitoras da medula óssea). 
- Anemia de Fanconi: é uma aplasia congênita, ou seja, 
uma doença genética que se caracteriza por forte 
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 
 
“instabilidade genômica”, isto é, o DNA das células são 
suscetíveis a quebras e translocações. Além da anemia 
aplasica, há desenvolvimento de polegares anômalos ou 
ausentes, baixa estatura (nanismo), manchas café com 
leite na pele, anomalias renais (rim pélvico), microcefalia, 
retardo mental. Além de risco aumentado de câncer. A 
aplasia da medula geralmente se manifesta por volta 
dos 7 anos de idade. O tratamento é feito com transplante 
de células tronco hematopoiéticas. 
- Disceratose Congênita: rara síndrome hereditária, 
caracterizada por anormalidades ungueais, 
hiperpigmentação, leucoplasia das mucosas e anemia 
aplásica. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Quadro semelhante à de uma leucemia aguda, sendo 
caracterizado pela tríade: 
 (1) Astenia 
 (2) Hemorragia 
 (3) Febre 
- Os sintomas da anemia dependem, além da sua 
gravidade, do seu tempo de instalação. A indisposição 
física, fatigabilidade e o cansaço aos esforços 
predominam. 
- Suscetibilidade a infecções 
- Sangramento espontâneo ou causado por pequeno 
trauma é consequência de plaquetopenia. 
- Tipo de sangramento: sangramento gengival, epistaxe 
(nasal), menorragia, petéquias e equimoses. 
- A febre será secundária à neutropenia, que se associa 
às infecções bacterianas e fúngicas. Pcte neutropênico é 
propenso a infecções por bactérias. 
- O exame físico revela: palidez cutâneo mucosa, 
petéquias na pele ou conjuntivas, equimoses, 
sangramento gengival ou algum sinal de infecção. 
- NÃO é esperada presença de hepatoesplenomegalia. 
DIAGNÓSTICO 
- Pancitopenia é a regra. Até o sangue no tubo é diferente 
- Anemia geralmente é moderada a grave, podendo ser 
normocítica ou macrocítica. 
- Plaquetometria pode estar baixa ou muito baixa. 
- Contagem reduzida de leucócitos, variando de 150/mm³ 
a 1.500/mm³. 
- Há predomínio de linfócitos com queda progressiva de 
neutrófilos. É considerado neutropenia quando há 
menos de 1.000/mm³ e neutropenia grave quando há 
menos de 500/mm³. 
- Calcula-se o número de neutrófilos: 
% de segmentados + bastões/ número total de leucócitos 
- Esfregaço de sangue: encontro de blastos (indica 
leucemia aguda), encontro de granulócitos jovens e 
eritroblastos ou hemácias nucleadas (leucoeritroblastose 
- indica anemia por ocupação medular). 
- Aspirado da medula: aquoso, hipocelularidade, com 
predomínio de linfócitos ou ausências de células 
nucleadas. 
- A confirmação do diagnóstico é feito pela Biopsia da 
Medula óssea, que irá revelar 30% do espaço medular 
ocupado por células e o restante por tecido adiposo. 
TRATAMENTO 
- Os principais determinantes do prognóstico são: idade 
e contagem de células hematológicas. 
- Aplasia Grave: ocorre quando pelo menos 2 dos 
seguintes critérios são encontrados: reticulopenia < 
20.000 mm³ ou 1% na contagem corrigida/ plaquetas < 
20.000 mm³ / neutrófilos < 500/mm³. 
- Aplasia muito grave: neutropenia inferior a 200 mm³ 
(1) Suspensão do fator incriminado como causa da 
aplasia (ex: suspensão de medicamentos, cessação 
imediata da exposição ao benzeno, interrupção da 
gravidez). 
(2) Terapia de Suporte: Transfusão de hemoderivados 
conforme necessidade (éde extrema necessidade), 
tratamento da síndrome de neutropenia febril. 
(3) Terapia Definitiva: Transplante de células tronco 
hematopoiéticas (se a anemia for de grave a muito grave 
e se o pcte for um potencial candidato para o transplante 
= pcte jovem com menos de 40 anos e com irmãos). 
- No pós-transplante: ciclosporina + metotrexane. 
- Em pctes acima de 40 anos, o transplante não está 
indicado devido ao risco de complicações. 
- Portanto, em pctes não candidatos ao transplante: 
*Globulina antimócito (ATG) - via endovenosa em 
infusão lenta - anticorpo que se liga a superfície 
de linfócitos T humanos, levando a sua 
destruição. 
 * Ciclosporina: imunossupressor de linfócito T.

Continue navegando