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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 3 – mod XI – Suspeita clínica Anemias megaloblástica + aplasica Anemias Megaloblásticas - Decorrentes da deficiência de vitamina B12 (cobalamina) ou folatos. Faz parte das anemias macrocíticas (eritrócitos grandes VCM > 98). - São prevalentes e tem uma carga significativa de morbidade. - Os eritroblastos da MO tem um atraso na maturação do núcleo em relação ao citoplasma. Esse defeito é gerado pela assincronia de maturação do núcleo e a síntese defeituosa de DNA que é causada pela deficiência de B12 ou folato. - Megaloblastos são células defeituosas reconhecidas pelos macrófagos da MO, sendo destruídas por eles. - Os folatos e a cobalamina são necessários para a manutenção do metabolismo dos metacarbonos, que envolve a transferência de grupos em reações enzimáticas para síntese de pirimidina e purina. Logo, a deficiência de folato ou cobalamina gera uma característica bioquímica comum no defeito na síntese de DNA, com crescimento celular desequilibrado e divisão celular prejudicada. - A hematopoese megaloblástica se expressa com anemia, com defeito global na síntese de DNA em todas as células em proliferação. - A reposição vitamínica é curativa e a identificação precisa da deficiência vitamínica é essencial. No caso da cobalamina, o conhecimento da causa da deficiência dita a dose e a duração do tratamento e da reposição. ETIOLOGIA Deficiência de cobalamina (B12) Deficiência de folato Distúrbios congênitos da síntese de DNA (Anemia megaloblástica responsiva à tiamina) EPIDEMIOLOGIA Cobalamina - É uma vitamina de coloração avermelhada, solúvel em água, com cobalto substituindo o ferro no centro do anel pirrólicos. - Dose diária recomendada de 2,4μg para homens e não grávidas, 2,6 μg para grávidas, 2,8 para lactantes, e 1,5- 2 para crianças entre 9-18 anos. Dieta normal tem excesso de B12 e, relação às necessidades diárias. - A cobalamina é produzida na natureza apenas por micro-organismos e os seres humanos a recebem somente da dieta ou da produção interna de bactérias intestinais. - Cobalamina é estocada nos tecidos. A deficiência dietética pode levar de 5-10 anos para se tornar evidente. Precisam de 3-4 anos para depletar os estoques se a vitamina for mal absorvida, interferindo na circulação êntero-hepática que faz reabsorção de 75% da vitamina secretada na bile. Folatos - Sintetizados por micro-organismos e plantas. Ricas fontes alimentares incluem os vegetais de folhas verdes, feijões, frutas, leveduras, cogumelos e proteínas de origem animal. Aqui, encontra-se na forma de poliglutamato. - Maior reserva de folato no corpo está no fígado, responsável por metade das reservas. Vai ser secretado na bile para ser absorvido no ID. - São substâncias sensíveis a altas temperaturas e o cozimento >15min pode destruir 50-95% do folato dos alimentos. FISIOPATOLOGIA/ETIOLOGIA Cobalamina Fisiologia normal - Está presente nos alimentos como coenzimas e ligada a proteínas. No estômago, a digestão peptídica em baixo pH é um pré-requisito para liberar cobalamina da proteína. - Depois, ela se liga a uma proteína ligante, a proteína R, secretada na saliva e no suco gástrico. Estes complexos, junto com o fator intrínseco livre (produzido pelas células parietais) passam pela segunda parte do duodeno, onde as proteases do pâncreas degradam a proteína R, permitindo transferência da cobalamina para o fator intrínseco. - Complexo vai do jejuno para o íleo, se liga a receptores de fator intrínseco-cobalamina. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 - Nos enterócitos, cobalamina é transferida para transcobalamina II. A proteína transcobalamina I se liga 75% a cobalamina sérica faz o estoque desta no sangue. - Uma 3ª proteína, transcobalamina III se liga a análogos da cobalamina que são secretados pelo fígado na bile para excreção fecal eficiente. - Metilcobalamina é uma coenzima que catalisa a formação da metionina com a ajuda da Homocisteína. - Há grandes reservas de B12 no fígado, ao contrário do folato, durando bastante, sendo necessário 10-15a com dieta pobre em cobalamina para haver sinais clínicos de deficiência. Patogênese - A anemia perniciosa é o que geralmente causa deficiência de B12 nos países ocidentais. Em menor frequência, é causada pelo veganismo, gastrectomia e doenças do intestino delgado. - Não há síndrome de deficiência de B12 como resultado de consumo excessivo ou perda da vitamina, sendo que inevitavelmente a deficiência leva ao menos 2 anos para se desenvolver. Esse é o tempo necessário para que haja a depleção de depósitos. - Na anemia perniciosa, o evento primário é a destruição autoimune e a atrofia das células da mucosa parietal gástrica, levando a ausência do fator intrínseco e ácido clorídrico, com uma grave má absorção e a deficiência de cobalamina. - Nesses pctes, são encontrados anticorpos antifator intrínseco. Geralmente acontece aos 60 anos, > FEM. - Parede do estômago fica delgada, com infiltração de linfócitos e plasmócitos. - Deficiência nutricional (vegetarianos, veganos) - A gastrina sérica aumenta, podendo gerar infecções por H. pylori e consequente gastrite atrófica. Pode haver hipocloridria, lesão pelo uso de IBP. - Perda/atrofia de mucosa gástrica (deficiência de moléculas de fator intrínseco). - Ligação inadequada da cobalamina ao fator intrínseco (hiperproliferação bacteriana, usurpa cobalamina antes que ela se ligue ao fator intrínseco). - 90% dos pctes apresenta anticorpos plasmáticos contra as células parietais, dirigidos contra a H+/K+ ATPase e 50% anticorpos tipo I ou anticorpos que bloqueiam o fator intrínseco, inibindo a ligação deste com a vitamina B12. 30% tem um segundo anticorpo-IF que irá inibir a ligação do complexo no íleo intestinal. - Eventos anormais no intestino que impedem absorção de cobalamina. - Protease pancreática inadequada (inativação, insuficiente) não tem quebra de proteína R. - Distúrbios do transporte de cobalamina, incluindo metabólicos, onde não usadas pelas células. Resultam em má absorção. Ex: Metformina diminui secreção ácida e do fator intrínseco, podendo inibir transporte de cobalamina. - Óxido nítrico é capaz de inativar rápido a B12 no organismo. Folatos Fisiologia normal - Metade do folato nos alimentos é biodisponível; 85% do ácido fólico adicionado aos alimentos ou é ingerido como suplemento tem biodisponibilidade. - O nível sérico normal de folato é mantido por sua ingestão dietética e pela eficiente circulação êntero- hepática. - O int delgado consegue absorver o ácido fólico ñ modificado, mas o folato dos alimentos precisa ser reduzido antes de ser transportado. - Essas porções do ID tem as enzimas carboxipeptidases, que convertem o poliglutamato em mono ou diglutamato, permitindo sua pronta absorção. - Folato presente no plasma sob a forma de ácido fólico ou metil-tetrahidrofolato (metil-THF), geralmente ligado a proteínas. - Quando penetra nas células, o grupo metil vai ser retirado pela metionina sintase, liberando o THF como poliglutamato (forma ativa). - O folato tem como função transferir metileno para aceptores que formarão as bases nitrogenadas do DNA. - O metil-THF é convertido em metileno, que poderá ser usado no ciclo de timidilato para sintetizar timidina e DNA. Além disso, a B12 vai ser importante para fazer a manutenção do folato no meio intracelular (conversão do MHTF -> HTF) Patologia - Causas nutricionais: + comum Ingestão dietética diminuída (tentam se manter por até 4m) o Idade avançada, asilos, pobreza, fome, dietas especiais, anemia do leite de cabra Aumento da necessidade (gravidez, lactação, prematuridade, infância) o Patologias: doenças hematológicas, CA, doenças inflamatórias (Chron, artrite,psoríase, ...) - Mulheres com curto tempo entre gestações consecutivas, grávidas de gêmeos ou que sofrem de hiperêmese gravídica não são capazes de manter estoques adequados de folato: nascimento de bebês prematuros e de baixo peso. - Má absorção de folato Fármacos: IBF, Sulfassalazina, álcool Hereditária: transporte defeituoso EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 - Transporte inadequado, com defeito - Utilização celular inadequada (deficiência enzimática) - Fármacos: álcool Sulfassalazina, pirimetamina, trimeto+sulfa - Perda urinária excessiva de folato - Os estoques de folato geralmente não duram muito, logo os sinais se desenvolvem cerca de 4-5 meses após o início das perdas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Geralmente é uma doença insidiosa com sintomas e sinais gradativamente progressivos de anemia. - Geralmente os pctes assintomáticos são diagnosticados pelo hemograma, que foi pedido por outros motivos. - O pcte pode ter icterícia leve (coloração amarelo-limão quando combinado com anemia) pelo excesso de catabolismo de Hb resultante do aumento da eritropoese ineficaz na medula óssea. Sintomas GI: B12 pode levar a glossite (dor, inchaço, sensibilidade, perda da papila ou hiperssensibilidade). O folato pode causar úlceras orais. Isso pq as células do TGI são sensíveis a falta de ácidos nucleicos causada pela deficiência dessas vitaminas. - Estomatite Angular (quelite angular). - Sintomas leves de má absorção: perda de peso. Fraqueza. - Púrpura decorrente de trombocitopenia e hiperpigmentação generalizada (condição rara). - Aparecimento precoce de cabelos grisalhos. Sinais neurológicos: devido a uma alteração na produção da mielina. - Nefropatia (APENAS POR B12): afeta nervos sensitivos periféricos e cordões da medula espinal (degeneração). Pode haver parestesia, dormência nas extremidades, dificuldade para andar, podendo cair em ambientes escuros, falta de sensibilidade à vibração de alta frequência. - Pode haver Sd cerebelares, Sd de Parkinson, convulsões. Sintomas psiquiátricos: depressão, insônia, mal-estar geral, demência. Defeito do Tubo Neural - A deficiência de folato ou de B12 na mãe, predispõe defeitos no tubo neural do feto: anencefalia, espinha bífida ou encefalocele. - Quanto menores os níveis de folato sérico ou de eritrócitos e os níveis séricos de B12 maternos (mesmo quando ainda dentro dos limites de referência) há maior incidência dessa patologia. - A suplementação com ácido fólico na ocasião da concepção e no ínicio da gestação diminui em 75% a incidência da doença. Outras alterações teciduais - Esterelidade (tanto em deficiência de B12 como de folato): frequente em ambos os sexos. - Hiperpigmentação generalizada reversível - Diminuição da atividade osteoblástica (apenas na deficiência de B12). DIAGNÓSTICO - Anemia, reconhecer se a megaloblástica está presente; ver se é por falta de folato e/ou cobalamina; diagnosticar causa de base e mecanismo responsável. Hemograma - VCM maior que 98 fL e nos casos mais severos VCM de 120-140 fL. - Macrócitos ovais FIGURA 167-3: macro-ovalócitos (hemácias grandes) e hipersegmentação de neutrófilos acentuados. - Contagem de reticulócitos baixa (< 0,5%), assim como a contagem de leucócitos e plaquetas. - Neutrófilos com núcleo hipersegmentado (com 6 ou mais lobos). - Geralmente uma hemoglobina < 5g/dL - Medula óssea hipercelular, com eritroblastos grandes e com falta de maturação, mostrando uma comatina frouxa, primitiva. - Metamielócitos gigantes e com forma anormal. - Bilirrubina sérica não conjugada (bilirrubina indireta) e desidrogenase láctica estão aumentadas. DIAGNÓSTICO: DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 E FOLATO - Dosagens de Vitamina B12 e de Folato séricos. - Vitamina B12 sérica é baixa tanto na anemia megaloblástica quanto na neuropatia causada pela sua deficiência. - O folato sérico também é baixo na anemia megaloblástica, mas tende a aumentar na deficiência de B12 (aumento no volume sérico, mas no eritrócito diminui). Cobalamina Folato Diagnóst provisório > 300 > 4 Def. improvável < 200 > 4 Def. de cobalamina 200 -300 > 4 Descarta def de B12 > 300 < 2 Def. de folato < 200 < 2 Def. de B12 + folato ou só folato > 300 2 - 4 Def de folato ou anemia ñ associada a falta de vitamina EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - Há alguns exames específicos para identificação da causa de deficiência, tanto de vitamina B12 quanto de folato (ex: má absorção ou falta de vitamina na dieta). - Por participar das reações de síntese da Homocisteína e Ácido Metilmalônico, essas substâncias podem ser usadas em alguns labs para ver a deficiência de B12. Ambas estão aumentadas na def. de B12, porém o aumento da Homocisteína sem o do ácido metilmalônico ocorre na maioria das deficiências de folato. Sangue periférico Medula óssea Global Pancitopenia Hiperplasia Eritroide Anemia Hiperplasia eritroide Macrocitose Eritropoese ineficaz Eritroblastos, megaloblastos Macroeritroblastos Reticulócitos >3% Megaloblastos Diseritropoese Granulócitos Granulocitopenia Metamielócitos gigantes Neutrófilos hipersegmentado Plaquetas Plaquetopenia Alterações morfológicas de megariócitos Se tem macrocitose, pedir labs B12 e folato. - MO tenta compensar a anemia fazendo uma hiperplasia eritroide, pois não está conseguindo fazer um transporte direito. - Tem um predomínio de megacariócito sobre as plaquetas pois devido a hiperplasia eritrocitária, não há espaço para estas. - No sangue tem produção de células, hemácias grandes (pancitopenia). - RDW aumentado pois há hemácias grandes, com um volume variado. TRATAMENTO - A maioria dos casos necessita apenas de tratamento com a vitamina apropriada. - Deve-se tratar a etiologia de qualquer deficiência vitamínica também. - Essas vitaminas não devem nunca ser prescritas isoladamente, salvo se a deficiência de B12 tiver sido excluída com segurança, pois se houver def. de B12 ela pode ser mascarada e a suplementação com folato ameniza a anemia, mas não reverte os danos neurológicos e pode até piorar. - Em pctes com anemia grave, é necessário tratamento com urgência, podendo ser mais seguro iniciar o tratamento com ambas as vitaminas e depois coletar o sangue para as dosagens de B12 e de folato. - Transfusões de sangue devem ser evitadas, se possível, pois podem causar sobrecarga circulatória. - O pcte já se sente melhor após 24 a 48 horas do tratamento com a vitamina correta, com notável aumento do apetite e bem-estar eufórico. - A Hb deve aumentar em 2-3 g/dL a cada quinzena. - A contagem de leucócitos e plaquetas normaliza em 7- 10 dias e a medula torna-se normoblástica em cerca de 48 horas. Mas pode haver mielócitos gigantes durante 12 dias. - O dano à medula espinal é irreversível. - A duração da terapia depende da persistência da causa inicial da deficiência. A reposição vitalícia é necessária para indivíduos com uma condição que não é revertida CIANOCOBALAMINA (hidroxicobalamina) - Entra como coenzima nos processos metabólicos de síntese proteica e metabolismo de outros compostos, atuando também na hematopoeise. - Um esquema agressivo com 1mg dia, depois 1xsem por 2sem, 1xsem por 4sem, 1mg mês/vida. Via IM ou SUBC. - Pode ser feito uso oral após reabastecimento por via parenteral. FOLATO ORAL (ÁCIDO FÓLICO) - É essencial para síntese de nucleoproteínas e para a formação normal de hemácias. Na anemia megaloblástica, ele estimula produção de hemácias, leucócitos e plaquetas. - Varia de 1-5mg por dia. Dose suficiente mesmo se houver má absorção, pois está acima da dose dietética recomendada. - Para causas reversíveis, a administração é de 1-4 meses ou até ter evidência hematológica de recuperação. - Reposição vitalícia:anemias hemolíticas, diálise, ... PROFILAXIA - A vitamina B12 deve ser administrada periodicamente em pctes com gastrectomia total ou ressecção ileal, e em bebês cuja mãe tem deficiência de B12. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Ácido fólico: gravidez 0,2-0,5mg/dia (aumentando ingestão de ácido fólico em alimentos ou suplementados com folato ou recebendo ácido fólico) -> evitar deformações no tubo neural do feto. Também é administrado em pctes em diálise crônica, com anemia hemolítica severa e melofibrose e em crianças prematuras. - A suplementação de ácido fólico, B12 está associada a redução de fratura nos quadris, reduz taxa de declínio cognitivo em idosos, entre outros inúmeros benefícios. - Em junho de 2004, tornou-se imprescindível a fortificação das farinhas de trigo e milho com 150μg de ácido fólico para cada 100g de produto. Em 2010, 150μg/100g na farinha de mandioca. Estudos demonstraram redução dos defeitos do tubo neural. - Além disso, se parar pra pensar em países que sofrem com fome e pobreza, a farinha e as massas são os alimentos mais acessíveis com essas vitaminas. ANEMIAS MACROCÍTICAS NÃO MEGALOBLÁSTICAS - O abuso de álcool é a causa mais frequente de aumento do VCM, na ausência de anemia. - A anemia hemolítica é uma causa importante de anemia macrocítica. - Deve ser feito então: anamnese, exame físico, provas de função hepática e tireoidiana, exame da medula óssea para mielodisplasia, aplasia ou mieloma. - Causas de macrocitose além da anemia megaloblástica: Abuso de álcool Hepatopatia Hipotireoidismo Síndromes mielodisplásicas Fármacos citotóxicos Anemia aplástica Gravidez Tabagismo Reticulocitose Esplenectomia Paraproteinemia Anemia Aplásica - Doença marcada pelo surgimento da pancitopenia, ou seja, redução das três séries de células hematológicas da periferia: hemácias, leucócitos e plaquetas. - Sendo assim, a anemia aplásica é definida como um estado de pancitopenia associada a uma biopsia da medula óssea acelular ou hipocelular contendo menos de 30% do espaço medular ocupado por células hematopoiéticas, sendo que o restante da medula é composto apenas de células adiposas. EPIDEMIOLOGIA - Há 2 picos nessa doença: o primeiro é entre a segunda e a terceira década de vida, e o segundo pico ocorre em idosos. - Há maior incidência em países asiáticos. - Não há prevalência por sexo. - No Brasil, a incidência anual é de 2,4 casos por milhão. - Fatores de risco independentes: baixa renda e contato com derivados da sulfonamida. - Pode acometer pctes jovens numa forma grave e com alta letalidade. ETIOLOGIA - Pode ser classificada como adquirida ou hereditária. As formas adquiridas podem ser: - Em 50% dos casos a anemia aplásica adquirida não tem causa conhecida, sendo chamada de Anemia Aplásica Idiopática. O restante é dividido em: (1) Radiação Ionizante: produção de grandes quantidades de radicais livres derivados de oxigênio, promovendo quebra de cadeias de DNA. Ocorre em acidentes nucleares, radiação de serviços de radiodiagnóstico ou radioterapia. (2) Benzeno e outros produtos químicos (ex: inseticidas): benzeno é um derivado do petróleo e utilizado como solvente. Trabalhadores expostos ao benzeno, geralmente apresentam alterações no hemograma, mas raramente evoluem para anemia aplásica. A principal alteração é: anemia seguida de trombocitopenia. (3) Drogas (cloranfenicol, fenilbutazona e quimioterápicos): pode ocorrer por drogas dose- dependentes ou por doses-independentes (reações inesperadas). No último grupo a droga mais importante é o Cloranfenicol. Alguns ATB também, como estrepto, tetra, ampi, sulfas; além de anti-histamínicos, metildopa e outros... (4) Infecções virais (hepatites), mononucleose infecciosa (Vírus Epstein-Barr), infecção por HIV: O principal é o vírus da hepatite, que é um novo vírus da hepatite (não A, B, C, G). (5) Reação transfusional enxerto vs. Hospedeiro. - Pode haver também na gravidez, porém geralmente há regressão espontânea, com o quadro terminando com o fim da gestação. PATOGÊNESE - Ocorre geralmente devido uma lesão da célula troncro - Injúria tipo I: aplasia idiopática, anemia de Fanconi, lesão por radiação ionizante, benzeno, cloranfenicol. - Injúria tipo II (mais tardia). - As duas injúrias possuem características autoimunes e dependem de linfócitos T ricos em interferon gama (citocina capaz de induzir a apoptose nas células progenitoras da medula óssea). - Anemia de Fanconi: é uma aplasia congênita, ou seja, uma doença genética que se caracteriza por forte EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 “instabilidade genômica”, isto é, o DNA das células são suscetíveis a quebras e translocações. Além da anemia aplasica, há desenvolvimento de polegares anômalos ou ausentes, baixa estatura (nanismo), manchas café com leite na pele, anomalias renais (rim pélvico), microcefalia, retardo mental. Além de risco aumentado de câncer. A aplasia da medula geralmente se manifesta por volta dos 7 anos de idade. O tratamento é feito com transplante de células tronco hematopoiéticas. - Disceratose Congênita: rara síndrome hereditária, caracterizada por anormalidades ungueais, hiperpigmentação, leucoplasia das mucosas e anemia aplásica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Quadro semelhante à de uma leucemia aguda, sendo caracterizado pela tríade: (1) Astenia (2) Hemorragia (3) Febre - Os sintomas da anemia dependem, além da sua gravidade, do seu tempo de instalação. A indisposição física, fatigabilidade e o cansaço aos esforços predominam. - Suscetibilidade a infecções - Sangramento espontâneo ou causado por pequeno trauma é consequência de plaquetopenia. - Tipo de sangramento: sangramento gengival, epistaxe (nasal), menorragia, petéquias e equimoses. - A febre será secundária à neutropenia, que se associa às infecções bacterianas e fúngicas. Pcte neutropênico é propenso a infecções por bactérias. - O exame físico revela: palidez cutâneo mucosa, petéquias na pele ou conjuntivas, equimoses, sangramento gengival ou algum sinal de infecção. - NÃO é esperada presença de hepatoesplenomegalia. DIAGNÓSTICO - Pancitopenia é a regra. Até o sangue no tubo é diferente - Anemia geralmente é moderada a grave, podendo ser normocítica ou macrocítica. - Plaquetometria pode estar baixa ou muito baixa. - Contagem reduzida de leucócitos, variando de 150/mm³ a 1.500/mm³. - Há predomínio de linfócitos com queda progressiva de neutrófilos. É considerado neutropenia quando há menos de 1.000/mm³ e neutropenia grave quando há menos de 500/mm³. - Calcula-se o número de neutrófilos: % de segmentados + bastões/ número total de leucócitos - Esfregaço de sangue: encontro de blastos (indica leucemia aguda), encontro de granulócitos jovens e eritroblastos ou hemácias nucleadas (leucoeritroblastose - indica anemia por ocupação medular). - Aspirado da medula: aquoso, hipocelularidade, com predomínio de linfócitos ou ausências de células nucleadas. - A confirmação do diagnóstico é feito pela Biopsia da Medula óssea, que irá revelar 30% do espaço medular ocupado por células e o restante por tecido adiposo. TRATAMENTO - Os principais determinantes do prognóstico são: idade e contagem de células hematológicas. - Aplasia Grave: ocorre quando pelo menos 2 dos seguintes critérios são encontrados: reticulopenia < 20.000 mm³ ou 1% na contagem corrigida/ plaquetas < 20.000 mm³ / neutrófilos < 500/mm³. - Aplasia muito grave: neutropenia inferior a 200 mm³ (1) Suspensão do fator incriminado como causa da aplasia (ex: suspensão de medicamentos, cessação imediata da exposição ao benzeno, interrupção da gravidez). (2) Terapia de Suporte: Transfusão de hemoderivados conforme necessidade (éde extrema necessidade), tratamento da síndrome de neutropenia febril. (3) Terapia Definitiva: Transplante de células tronco hematopoiéticas (se a anemia for de grave a muito grave e se o pcte for um potencial candidato para o transplante = pcte jovem com menos de 40 anos e com irmãos). - No pós-transplante: ciclosporina + metotrexane. - Em pctes acima de 40 anos, o transplante não está indicado devido ao risco de complicações. - Portanto, em pctes não candidatos ao transplante: *Globulina antimócito (ATG) - via endovenosa em infusão lenta - anticorpo que se liga a superfície de linfócitos T humanos, levando a sua destruição. * Ciclosporina: imunossupressor de linfócito T.
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