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Relatório filme Eu, eu mesmo e irene

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Relatório filme: Show de Truman - O Show da Vida
Leila Lorany da Silva Coelho
Matrícula: 1522100421
Com o título original: The Truman Show, e em português Show de Truman - O Show da Vida, dirigido por Peter Weir em 1998, o filme retrata a vida de Truman Burbank, interpretado pelo ator Jim Carrey. Com isso, o filme gira em torno de Truman, um corretor de seguros que vive em uma pacata cidade e com uma rotina considerada tranquila para os padrões da época. No entanto, o personagem principal começa a perceber que sua vida pode ser uma mentira e a trama se desenvolve em meio a essa desconfiança e pela busca por respostas. 
O filme começa com uma reflexão do idealizador do programa Christof que transmite a vida de Truman, na qual pontua o cansaço dos telespectadores em relação da superficialidade e artificialidade dos programas, como se a vida real, sem roteiros e imprevisível, fosse uma nova forma de entretenimento. Isso acontece nos dias de hoje, em que realities shows tomam mais espaços das emissoras de televisão com grandes recordes de audiência. É interessante ressaltar os relatos da atriz que faz o papel da esposa de Truman e do ator que faz seu melhor amigo, ambos trazem suas impressões sobre o programa e evidenciam que a vida no programa é algo ideal, só que controlável, diferente da vida real que não podemos controlar, sendo difícil distinguir a vida pública e privada.
Diante disto, a vida de Truman foi transmitida desde seu nascimento, a cidade em que vive é um cenário e as pessoas são atores que fazem com que o protagonista não desconfie que sua vida é uma mentira. Todos os dias acontece a mesma rotina, passa pelas mesmas pessoas na rua, escuta as mesmas músicas, vai à banca de jornal até chegar no trabalho. Entre essa rotina há anúncios de marketing que patrocinam o programa, apontando uma lógica capitalista.
Para Truman, as coisas começam a mudar quando uma das luzes do estúdio caí próximo ao personagem, a partir desse momento começa a ficar desconfiado. No entanto, como a vida dele foi totalmente controlada, o programa fica tentando mudar seu foco, para que esqueça e não pense nesses detalhes que apontam a falsidade de sua vida. Um dos artifícios que eles usavam era a influência do melhor amigo, da mãe e da esposa. 
Assim como qualquer pessoa, Truman tem sonhos, que no caso é de viajar, conhecer lugares diferentes, porém, sempre arrumam um jeito para que ele não consiga. Uma das formas foi o desenvolvimento de pequenos traumas que o impedem de seguir seu sonho, como a morte do pai em alto mar, o medo de cachorro. Esse ponto mostra a perversidade e egoísmo do criador do programa, no qual foram criadas fragilidades que fizeram o protagonista ficar paralisado. A memória traumática surge ao ver o mar, fazendo que reviva qualquer sentimento relacionado ao trauma, com isso surge uma série de gatilhos angustiantes que o impedem de seguir em frente.
No entanto, a vontade de mudança e os acontecimentos que fazem com que desconfie daquela realidade, começa a permear seu cotidiano. As lembranças de um amor que teve quando jovem ficam mais latentes e começa a refletir constantemente sobre tudo que aconteceu, assim como também presta mais atenção nos detalhes ao seu redor. Nesse sentido, ocorre pequenos acontecimentos como o retorno do pai tirado rapidamente de cena, a chuva artificial que caí apenas nele e que, ao se mover, não o acompanha, o rádio que transmite seus passos.
Então, começa a prestar atenção que as pessoas são as mesmas, os carros, as falas, as cores dos objetos, seu trabalho, tudo muito perfeito e ideal. Diante disto, começa a fazer coisas imprevisíveis e nota que as pessoas não o observam, que não prestam atenção no que faz, entra em um lugar que não tinha entrado e ver um falso elevador. Ao ir atrás do amigo, que o leva para a praia, expõe as percepções sobre sua vida, e a forma que ela parece ser controlada e avisa que vai sumir por um tempo. 
O programa de televisão que mais gosta traz reflexões como forma de o induzir à uma vida perfeita, numa cidade perfeita e com amigos. Como o que já tivesse fosse o suficiente para uma vida feliz. Mas, ao ver o álbum do seu casamento, percebe que na foto a esposa está com dedo cruzado. Inicia-se, mais uma vez, a busca por respostas, tenta sair da cidade em que não ver mais sentido e é burlado pelo programa, não tendo êxito.
E o idealizador do programa usa o retorno do pai de Truman, como um motivo que o faça não querer mais pensar em sair, o que gera uma cena com recordes de audiência. Todos os telespectadores param para o momento, tornando o programa cada vez mais um sucesso e fazendo com que Truman voltasse a ser o mesmo de antes. Na entrevista que Christof realiza para um jornalista, fica claro que a vida que Truman leva é um ideal para muitos, as pessoas podem ter aquela vida comprando os produtos, pois tudo no cenário é comercializado. 
Porém, Truman ainda busca o sentido para sua vida, viver o amor antigo, sair da ilha e vencer seus traumas. Até que some das câmeras e é encontrado navegando, deixando todos apreensivos, pois nesse momento não há como ser controlado. Mesmo diante da tempestade artificial, Truman não desiste e persiste até encontrar o fim do cenário. Assim, ao chegar comprova que tudo que vinha desconfiando estava correto e que sua vida foi controlada. Christof ainda tenta usar de artimanhas sentimentais, mas Truman se despede e vai embora, pondo fim ao programa. Interessante pontuar que os telespectadores torceram, assistiram apreensivos e depois do fim do programa retomam suas vidas normais, buscam outras coisas para assistir, sem que haja reflexões sobre o que aconteceu e toda problemática que cercava o Show de Truman.
Diante do exposto, é possível perceber que o Show de Truman traz algumas reflexões sobre a contemporaneidade, entre elas a visão de uma sociedade ideal, com comportamentos, estética e moral tidos como corretos. No caso, esse ideal foi construído numa sociedade capitalista e de consumo, em que a vida fictícia de um personagem moldado desde criança é mais desejável do que a vida real, baseado nas diferenças sociais, individualidade, subjetividade e a construção histórica de cada pessoa.
Outro ponto é o uso do marketing para incentivar o consumo de produtos, o que direciona ao poder capitalista na sociedade, que para ter uma vida próxima ao ideal, se faz necessário ter produtos que se aproxime do que é almejado pelo capitalismo. Não é apenas sobre ter, é ter o que os outros têm, e isso fica visível por todo filme. Atualmente as redes sociais alimentam padrões de vida e de necessidades que muitas vezes é girada pelo consumismo, a vida instagramável, que em segundos os influencers vendem suas publis, incentivam uma vida almejada por muitos. Fica parecendo que a vida gira em torno dessa lógica de publicidade, curtidas e seguidores, dando novos sentidos a uma vida consumista e fora da realidade de muitos.
Nesse sentido, Truman era humano e ser pensante, e ainda que moldado pelo Christof ao longo da vida, a mente dele não foi totalmente induzida pela programação ideal em que vivia. Tinha sua essência e ao perceber que algo havia errado, buscou suas verdades e principalmente um sentido para uma vida fora dos padrões previsíveis que vivia. 
Assim, sua filosofia pessoal foi de buscar respostas para o que lhe afligia, não ficou apenas nas evidências dentro do seu cotidiano, que de certa forma o levava para a padronização de uma vida. Ao começar a compreender quem era e que mundo era aquele, foi possível reunir percepções e evidências que existia algo além daquilo que foi imposto cotidianamente. Com isso, suas atitudes filosóficas de forma crítica, o impulsionaram pela busca da verdade e algum sentido para a vida, na busca por respostas. A história de Truman se assemelha ao Mito da Caverna de Platão, diante da busca pela liberdade, mostrando que viver é ir além do que é imposto, mas para isso se faz necessário sair da caverna.
Portanto, o filme traz reflexões importantes, como: quais os limites éticos do homem dianteda necessidade de gerar entretenimento e lucro? Truman foi violado desde seu nascimento, não teve direito de escolhas, não sabia que sua vida estava sendo exposta cotidianamente, seu trabalho, casamento e amigos, tudo era uma farsa, menos a essência que tinha e que o fez buscar a saída, de forma solitária, daquele mundo que não fazia mais sentido. 
Embora seja uma obra ficcional e do ano de 98, assemelha-se muito a realidade diante da rapidez das informações e acesso as mais diversas redes sociais, que geram algoritmos que nos faz consumir mais e mais. Esses algoritmos sabem o que gostamos, o que consumimos, onde vamos. É como se soubesse o que pensamos e sem perceber estamos sendo conduzidos por eles, que ditam o que comemos, os lugares que frequentamos, nossas roupas, nossos padrões de beleza e ideias de vida. Nesse sentido, cabe a reflexão: será se não estamos vivendo como Truman?

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