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GOVERNANÇA E REGULAÇÕES DA INTERNET NO BRASIL E NO MUNDO 6

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AULA 6 
GOVERNANÇA E 
REGULAÇÕES DA INTERNET 
NO BRASIL E NO MUNDO 
Prof. Armando Kolbe Júnior 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Olá, seja bem-vindo à nossa disciplina! 
Nesta aula, trataremos inicialmente sobre a Governança da Internet no 
Brasil (Tema 1), abordaremos algumas questões sobre as implicações da 
Governança da Internet para as Políticas Públicas (Tema 2), dentro desse cenário 
apreciaremos as perspectivas e comparações entre o Brasil e alguns outros 
países (Tema 3), analisaremos a regulação da Internet frente aos Direitos 
Humanos (Tema 4) e, finalmente, veremos os números da regulação da Rede no 
Brasil (Tema 5). 
Mãos à obra! 
TEMA 1 – GOVERNANÇA DA INTERNET NO BRASIL 
A notabilidade de “governança da Internet” foi celebrada na segunda fase1 
da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI)2 (WSIS em inglês, 
World Summit on the Information Society), e na visão por eles avalizada 
pressupõe “o pleno envolvimento de governos, setor privado, sociedade civil e 
organizações internacionais” (parágrafo 29 da Agenda de Túnis) (WSIS, 2005). 
Prenunciando que os diversos “stakeholders” no processo possuem 
papéis e autoridades distinguidos, o conceito de multissetorialismo abriga 
harmonia variável de combinações possíveis, identicamente legítimas, 
objetivando tratar de questões de condição diferentes. 
Quando o assunto é defesa cibernética, por exemplo, as 
responsabilidades dos governos obrigam que estes atores exerçam papéis de 
liderança, e é desejável, e até mesmo essencial, o envolvimento de setores não 
governamentais. 
Quanto às questões técnicas e operacionais, alternativamente, entende-
se que a disposição inicial venha dos setores não governamentais, 
 
1
“A Resolução 56/183 (21 de dezembro de 2001), da Assembleia Geral da ONU, aprovou a 
realização da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI) em duas fases. A 
primeira fase aconteceu em Genebra de 10 a 12 de dezembro de 2003, e a segunda fase 
aconteceu em Túnis, de 16 a 18 de novembro de 2005. O objetivo da primeira fase era 
desenvolver e fomentar uma declaração clara de vontade política e de tomar medidas concretas 
para estabelecer as bases para uma sociedade da informação para todos, refletindo todos os 
diferentes interesses em jogo. Mais de 19000 participantes de 174 países participaram do 
encontro e de eventos relacionados” (Kurbalija, 2016, p. 20). Disponível em: 
<http://www.itu.int/wsis/basic/about.html>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
2
Disponível em: <https://www.itu.int/net/wsis/docs2/tunis/off/6rev1.html>. Acesso em: 5 abr. 
2020. 
 
 
3 
particularmente das comunidades técnica e acadêmica, mesmo que os governos 
preservem responsabilidades relacionadas ao impacto das decisões alcançadas 
em matéria de políticas públicas (Brasil, [S.d.]). 
Cabe ao Brasil o papel de destaque nos debates internacionais que 
abordam o tema de governança da Internet. Essa capacidade de atuação e 
autoridade tem a ver principalmente com a adoção de modelo de gestão 
multissetorial de particularidades ligadas à utilização e à governança da Internet, 
consolidado no Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Esse modelo 
nacional é tido como sendo um dos melhores exemplos de “mecanismo 
doméstico de corte multissetorial para tratamento de assuntos afetos à Internet, 
tendo, até mesmo, servido de inspiração e/ou referência para numerosos países 
e agrupamentos, inclusive a UE e a OCDE” (Brasil, [S.d.]). 
A participação do Brasil tem sido muito ativa e com isso acaba 
influenciando um debate internacional sobre questões da governança da 
Internet. Duas edições do Fórum de Governança da Internet-IGF foram 
realizadas no Brasil, Rio de Janeiro, em 2007, e João Pessoa, em 2015. Esse 
fórum foi estabelecido pela WSIS como espaço para argumentações, utilizando 
o modelo multissetorial, de assuntos correlatos à Internet e sua governança. 
Além disso, o Brasil tem papel de destaque nos trabalhos da Corporação da 
Internet para Atribuição de Nomes e Números-ICANN3. 
Quando são debatidos temas que se relacionam aos direitos humanos, a 
segurança, a infraestrutura a diversidade cultural e linguística, etc., em qualquer 
instância, seja a nível internacional e regional, o chamado “ecossistema da 
governança da Internet” envolve dezenas de organizações, foros, processos e 
diálogos (Brasil, [S.d.]). 
Saiba mais 
Veja mais sobre o assunto nesse material sobre uma introdução à 
Governança da Internet no Brasil, disponível no link: 
<https://cgi.br/media/docs/publicacoes/1/CadernoCGIbr_Uma_Introducao_a_Go
vernanca_da_Internet.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
 
 
 
3
 Disponível em: <http://icannlac.org/PO/nombres-asignados>. Acesso em: 5 abr. 2020. 
 
 
4 
TEMA 2 – IMPLICAÇÕES DA GOVERNANÇA DA INTERNET PARA AS 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
Alguns autores consideram a governança da internet como sendo uma 
área de estudos reconhecida como estratégica, devido ao seu posicionamento 
de centralidade social e econômica atingido pela internet, expansão contínua de 
sua extensão. 
A Organização das Nações Unidas (ONU), no contexto da Cúpula da 
Sociedade da Informação (World Summit on the Information Society, WSIS), no 
ano de 2005, cria o grupo de trabalho sobre governança da internet. Contendo 
em seu propósito “aspectos técnicos da infraestrutura de telecomunicações até 
temas como liberdade de expressão, cibersegurança, privacidade, acessibilidade 
e propriedade intelectual” (GRAF, 2013). Ainda hoje é um desafio descrever e 
definir quais são os aspectos básicos, tanto técnicos quanto institucionais, 
abrangidos no funcionamento da internet e, principalmente, suas consequências 
quando abordamos políticas públicas. 
O vocábulo “recursos críticos da internet” se tornou corriqueiro em 
conjunto com o termo governança. Aparece de forma constante nos documentos 
oficiais da ONU incluindo o sistema de nomes de domínio (Domain Name 
System – DNS), os servidores raiz e o conjunto de endereços IP (Internet 
Protocol), protocolo de internet. Recursos estes determinantes para o correto 
funcionamento da internet, por manifestar algum tipo de escassez, podendo até 
ser de natureza lógica. 
Podemos nos utilizar de um exemplo, sobre o esgotamento do número de 
endereços IP e o trânsito entre os padrões IPv4 e IPv6. Este endereço IP é 
conhecido como o protocolo mais básico de funcionamento da internet. Sua 
usabilidade se dá ao fato de servir como um identificador único, que possibilita, 
partindo de um sistema globalmente coordenado, localizar websites e os 
dispositivos conectados à internet. Por exemplo, quando digitarmos 
“www.uninter.com” em um navegador, será convertido para 104.22.52.154, que 
é um endereço IP, numérico, utilizado no estabelecimento da comunicação com 
o servidor, em que fica hospedado o conteúdo daquele site, sendo essencial no 
acesso e transmissão de dados e informações na internet. 
 
 
5 
Esse sistema, o de endereços IP, foi formulado na década de 1980 (IPv4), 
e suporta em sua plenitude 4 bilhões4 de endereços, quantidade insuficiente 
para a continuada expansão da rede. Essa escassez poderá ser solucionada, 
partindo da adoção progressiva da versão IPV6 do protocolo, mais atual, que 
disponibilizará um número indescritível de endereços IP. 
“Por receio de subestimar o imponderável, o campo destinado aos 
endereços foi aumentado para 128 bits, o que permite 3,4 x 1038 combinações. 
Para se ter uma ideia da grandeza desse número, se o dividirmos pela superfície 
total da terra, teremos cerca de 6 x 1023 endereços por metro quadrado” 
(Gimenez, 2010). 
Essa quantidade possibilitará mais conexão de dispositivos, viabilizando a 
Internet das Coisas (IoT), entretanto pode trazer consequências na questão de 
gestão de privacidade, pois cada dispositivo receberá um IP fixo e, combinando 
com outrasinformações, facilitará a identificação dos usuários. 
Quando ocorre a tradução do endereço web digitado para o IP, é um 
processo que faz parte do “sistema de nomes de domínio” (Domain Name 
System, ou DNS). São treze os servidores raiz que fazem parte dessa 
arquitetura, e dez estão localizados nos EUA. 
Existe muita tensão entre os modelos de governança: multilateralismo e 
multisetorialismo. O primeiro defende a governança centrada no poder estatal e 
o segundo modelo visa distribuir o poder decisório entre os diferentes atores 
interessados (stakeholders) e a questão primordial de quem deve definir política 
pública para a internet como um todo. 
Em 2005, a liderança do Brasil articulou as críticas à hegemonia dos EUA, 
defendendo o processo de governança mais tradicional, e até mesmo a União 
Europeia, tradicionalmente parceira dos EUA, emitiu um documento criticando a 
posição dos EUA. Os EUA responderam prontamente, e seu congresso definiu 
que a “ICANN deveria continuar com suas responsabilidades relativas à 
administração da internet, inclusive sobre as funções IANA” (GRAF, 2013). Os 
EUA embasaram seu apelo na manutenção da internet livre de governos, pois, 
de acordo com eles, “o modelo multilateral de governança daria demasiado 
poder aos países não democráticos e causaria prejuízos à liberdade na rede” 
(GRAF, 2013). 
 
4
 Disponível em: <http://www.unesp.br/aci/debate/140710-joserobertobollisgimenez.php>. Acesso 
em: 5 abr. 2020. 
 
 
6 
A Internet só existe por causa dos protocolos, e ocorre uma disputa 
centrada no desenvolvimento dos padrões técnicos que definem as operações 
básicas do seu funcionamento, que vão desde conjuntos de regras, protocolos, 
ou especificações objetivando construir interoperabilidade5. É necessária uma 
dimensão comum e compartilhada para que os mais diferentes dispositivos 
operem conjuntamente. Para a continuidade de funcionamento de uma 
infraestrutura como a da internet, é necessário o funcionamento de inúmeros 
padrões, que são ao mesmo tempo técnicos e políticos. Não unicamente por 
tratarem da interoperabilidade da rede, mas sim porque podem ser projetados 
para auxiliar nas reflexões políticas, defendendo valores, assegurando ou 
diminuindo os direitos dos usuários. 
Os aspectos ligados à segurança também têm sido alvo de discussões de 
governança. O então analista de infraestrutura Edward Snowden, no ano de 
2013, após ter trabalhado como terceirizado na National Security Agency (NSA), 
demonstrou ao mundo mecanismos de vigilância e espionagem do governo dos 
EUA, colaborando no entendimento dos riscos que ocorrem quando se 
negligencia valores como transparência e accountability na governança da 
internet. 
Os documentos que foram compartilhados por Snowden foram tornados 
públicos por Glenn Greenwald, e demostram como ocorre de forma maciça a 
coleta de dados e metadados da NSA. Dados como o tempo de ligação 
demandado e a respectiva localização, além de conteúdos como mensagens de 
voz, e-mails de cidadãos dos EUA, além de outras partes do mundo, sem a 
devida justificativa com base em denúncias ou ordens judiciais. 
Tanto a invasão de redes privadas como o acesso não autorizado a 
dados pessoais são uma constante ameaça na cibersegurança, além dos worms 
e vírus, bem como ataques à infraestrutura crítica da rede. Apesar de ser 
distribuída a responsabilidade de prevenir e combater tais ataques, a iniciativa 
privada tem papel central. Cabe às organizações a responsabilidade em 
disponibilizar avisos e atualizações de hardware e software quando são 
identificadas vulnerabilidades em seus produtos. 
A riqueza de detalhes disponibilizados nos documentos transparecidos 
por Snowden são questionadores da integridade e segurança desse modelo. Na 
declaração da operação FAIRVIEW, onde foi obtido acesso às informações de 
 
5
 Trabalhar em conjunto. 
 
 
7 
cidadãos de outros países, expuseram relações entre organizações americanas 
e o governo: 
Parceiro corporativo desde 1985, com o acesso a cabos, roteadores, 
switches int. [internacionais]. O parceiro opera nos EUA, mas tem 
acesso à informação que transita na nação e, por meio de suas 
relações corporativas, fornece acessos únicos a outras empresas de 
telecomunicações e ISPs [provedores de serviços de internet]. (GRAF, 
2013). 
Além de diversos outros ataques à segurança internacional, o Brasil é 
citado como alvo em várias situações. Alguns exemplos: 
 Operação OAKSTAR, relações entre o governo americano e empresas 
foram estabelecidas para coleta de dados do Brasil e da Colômbia; 
 Operação canadense OLYMPIA de espionagem sobre o Ministério de 
Minas e Energia do Brasil de ciência do governo americano; 
 Juntamente com México e outros países, o Brasil circula numa lista 
confidencial cujo título é “Amigos, inimigos ou problemas?”; 
 A Venezuela também é citada como alvo de espionagem na América 
Latina, além de interceptação direta de políticos, como o então 
candidato e depois presidente do México Enrique Peña, e a presidenta 
do Brasil à época, Dilma Rousseff”. (GRAF, 2013). 
 O Marco Civil da Internet se encontra entre as reações da América Latina 
às ações de espionagem. Entre suas prerrogativas está em coibir o acesso às 
informações pessoais quando não acompanhado de mandado judicial. Monitorar 
o cumprimento de tais regulamentações é um dos grandes desafios na 
atualidade, de uma internet que garanta a privacidade, a liberdade de expressão 
e demais direitos fundamentais dos cidadãos. 
 A perene necessidade de que haja o letramento digital da sociedade, na 
busca de maior autonomia dos cidadãos, no enfrentamento a situações de 
afronta à liberdade de expressão e à privacidade. O público precisa entender a 
tecnologia e a necessidade de que estarmos circundados por artefatos de 
vigilância são fundamentais não unicamente ao cidadão comum, bem como 
àqueles que tomam decisões, proporcionando a garantia ao cumprimento de 
direitos básicos, muito desrespeitados atualmente. 
Devemos ter mais compreensão da governança da internet como campo 
de política pública, em que ocorrem disputas fundamentais relativas à 
democracia, em entender qual é o papel do Estado e o consequente 
fortalecimento da esfera pública, em que é estabelecida limitação de 
 
 
8 
participação de agentes locais latino-americanos e de outras regiões (GRAF, 
2013). 
Saiba mais 
Conheça a matéria sobre Espionagem, ameaças de morte e exílio: O 
famoso caso de Edward Snowden, clicando nesse link: 
<https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-caso-
edward-snowden.phtml>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
TEMA 3 – PERSPECTIVA COMPARADA ENTRE BRASIL E OUTROS PAÍSES 
Os equipamentos cibernéticos e computadores são uma pequena parte 
de um controle diuturno formado por tecnologias de poder. Foram selecionadas 
categorias consideradas fundamentais para analisar as tentativas de controle 
nos processos de regulamentação da internet dos países selecionados: “a 
neutralidade de rede, o direito à privacidade dos cidadãos internautas e as 
questões relacionadas à vigilância e à segurança e, por fim, a discussão dos 
direitos autorais sob a lógica da propriedade intelectual” (Segurado e colab., 
2015). 
3.1 Brasil 
Ocorreu o debate para a elaboração de um projeto colaborativo de Marco 
Civil da Internet do Brasil, no segundo semestre de 2009. Aconteceu como 
reação às iniciativas de vigilância na internet, em particular ao projeto 
apresentado pelo senador Eduardo Azeredo. O projeto do senador foi conhecido 
como AI-5 Digital, alusivo ao ato institucional n. 5, imposto pelos militares em 
1967. 
Depois de elaborada sua primeira versão, esse projeto foi debatido em 
uma sequência de audiências públicas em diversos estados, contando com o 
envolvimento da sociedade civil.Foi causador de muita controvérsia e 
resistência dos setores envolvidos às empresas de telecomunicações, que eram 
oposicionistas, especialmente ao princípio da neutralidade de rede, porque 
afetariam seus modelos de negócios. Três anos, foi o tempo de tramitação do 
projeto, tendo muita polêmica e mobilizando inúmeros setores da sociedade civil, 
na tentativa de garantir a manutenção dos princípios fundamentais da proposta. 
 
 
9 
Ao falarmos sobre uma internet neutra, fica estabelecido que nenhum tipo de 
pacote de dados terá prioridade em relação a outro. 
A aprovação do Marco Civil tem sido considerada como vitória pelos 
inúmeros setores envolvidos na construção do projeto. Os próximos passos 
estratégicos para a governança global da internet tem na nova legislação a 
referência para os debates atuais e que virão. 
3.2 Chile 
O Chile foi o primeiro país que aprovou uma lei que regulamentasse a 
internet com base no princípio de neutralidade na rede, isso em 2010. Esta lei 
promoveu a reestruturação das relações que envolvem o Estado, as empresas 
de telecomunicações, os provedores e os usuários da internet, levando em conta 
que a neutralidade de rede demonstra que as empresas que são provedoras de 
internet não devem atuar no tráfego de informações na rede. 
Esse processo de elaboração e aprovação da lei de regulamentação da 
internet chilena contou com a participação de parlamentares, das 
organizações não governamentais ONG META e Neutralidad Sí, da 
Subsecretaria de Telecomunicações (Subtel do Chile), da Asociación 
de Proveedores de Internet, da Asociación de Telefonía Móvil e de 
usuários interessados em contribuir e debater os efeitos das mudanças 
na rede. (Segurado e colab., 2015) 
Os envolvidos nesse processo de elaboração da lei tinham como 
preocupação o poder exercido pelas empresas de telecomunicação no 
gerenciamento do fluxo de conteúdos na rede, e creem que esta incapacidade 
de gerenciar poderá ser ameaça à inovação, ao compartilhamento, ao direito à 
liberdade de informação e à privacidade dos dados. Queriam substituir a cultura 
de liberdade que imperava até então na rede pela cultura da permissão. 
Todo novo protocolo ou aplicação poderá ser bloqueado pelas 
Operadoras de Telecom com o argumento de que não faz parte de sua 
política de tráfego. Será impossível inventar um protocolo sem ter as 
Teles como sócias ou, no mínimo, sem a sua autorização (Segurado e 
colab., 2015). 
No ano de 2007, surgiu o grupo da ONG META, que em sua composição 
constavam ativistas que principiaram a campanha “Neutralidad Sí”, defendendo 
a inclusão da neutralidade de rede na legislação chilena. Diversas organizações, 
envolvendo a imprensa tradicional, sites de tecnologia e as redes sociais, foram 
escolhidas para divulgar a campanha “Nuevos derechos de los usuarios de 
 
 
10 
Internet en Chile”, cujo objetivo era esclarecer o maior número de pessoas sobre 
os riscos de se perder a neutralidade de rede. 
O projeto de lei foi aprovado por unanimidade. Na ocasião as empresas 
de telecomunicação fizeram um lobby muito acirrado no senado, e muitas 
modificações ‘nocivas’ ao projeto foram introduzidas no texto. Felizmente foram 
revertidas muitas dessas modificações. Essa lei demonstra diversas 
transformações nos fluxos de informações da rede. 
3.3 Espanha 
Frente à crise financeira de 2010, foi promulgada em março desse ano a 
lei de regulamentação da internet espanhola, reputada como Lei Sinde-Wert, 
estava ligada ao projeto político de economia sustentável do país. 
Essa lei entrou em vigor em março de 2012, foi concebida pela ministra 
anterior da Cultura da Espanha Ángeles Gonzáles-Sinde e, posteriormente, 
reformada e aprovada pelo seu sucessor, o ministro José Ignacio Wert. Visa a 
uma economia produtiva e competitiva, partindo do engrandecimento de 
estratégias sustentáveis que atuem em diferentes áreas da sociedade. 
Nesta lei está previsto a instauração de uma Comissão de Propriedade 
Intelectual, aparato criado junto ao Ministério da Cultura, buscando a 
intensificação da vigilância dos conteúdos disponíveis na web, 
buscando combater a pirataria. Nessa lei estão incluídas questões da 
propriedade intelectual para as empresas provedoras de internet e 
imposição de punições se houver violação dos direitos autorais. 
Os provedores passaram a ser obrigados a ceder ao Estado os dados 
necessários para a identificação do internauta infrator, aumentado o 
controle estatal dos usuários e do fluxo de conteúdos da rede. Dessa 
forma, por meio da Comissão de Propriedade Intelectual, o Estado 
pode interromper o acesso à internet dos infratores e retirar os 
conteúdos que violem a propriedade intelectual de terceiros. (Segurado 
e colab., 2015) 
O principal argumento para a criação da lei foi que a falta de controle das 
informações que circulam na rede inviabiliza a exploração econômica da 
propriedade imaterial, ocorrendo prejuízos ao desenvolvimento econômico do 
país, pois impedir a cópia livre, privilegiando o direito autoral, poderia garantir a 
sustentabilidade de um setor econômico, prejudicado pela ação de piratas 
virtuais, inclusive dificultando investigações de crimes cibernéticos. 
A promulgação e a implementação da lei de economia sustentável 
levaram a IIPA a parabenizar a Espanha na edição de 2012 do relatório 
“Special 301”. A inserção da Espanha na “Priority Watch List” foi 
apenas uma das ações em prol da propriedade intelectual, segundo a 
revelação contida na publicação de documentos sigilosos do Wikileaks 
pelo jornal El País. (Segurado e colab., 2015) 
 
 
11 
 
As denúncias apontavam que houve pressão por parte do governo 
Obama sobre o governo espanhol de José Luís Zapatero. Os documentos 
divulgam que, desde 2004, os EUA pressionavam a Espanha, sendo 
recomendados a seguirem o exemplo do presidente francês, Nicolas Sarkozy. 
A promulgação da lei espanhola também se integra ao marco 
regulatório da internet dos Estados-nações da Eurozona. O marco 
confia aos Estados a função reguladora do fluxo de conteúdos da rede, 
autorizando-os à retirada, sem prévia autorização judicial, do acesso de 
qualquer usuário que viole os direitos autorais. Após a aprovação da 
lei, jornalistas, blogueiros, usuários, profissionais e provedores de 
internet escreveram colaborativamente o ‘Manifesto em Defesa dos 
Direitos Fundamentais na Internet’. (Segurado e colab., 2015). 
Esse manifesto se espalhou pelo mundo instigando a população 
espanhola a questionar o Partido Popular e o Partido Socialista Espanhol, 
apoiadores da aprovação da lei. 
A rejeição promoveu a campanha “#NoLesVotes”, promulgada pelo 
movimento que se colocava contra o sistema representativo e exigia nova lei 
eleitoral. Houve crescimento do movimento, incorporando demandas outras, “de 
novas organizações político-culturais, que culminaram no Movimento 15M, no 
qual uma multidão de “indignados” ocupou as ruas clamando por ‘¡Democracia 
real ya!’” (Segurado e colab., 2015). 
3.4 França 
Em junho de 2009, com o objetivo de controlar a disseminação de 
conteúdos ilegais na rede, foi promulgada a Lei de Criação e Internet, ou Lei 
Hadopi, sendo internacionalmente conhecida como uma das mais ríspidas 
legislações nessa área. O principal dispositivo de controle é a “Haute Autorité 
pour la Diffusion des Oeuvres et la Protection des Droits sur Internet (Hadopi – 
alta autoridade para a difusão de obras e a proteção de direitos na internet)” 
(Segurado e colab., 2015), autoridade pública que monitora o fluxo de conteúdos 
da rede e incentivo ao download legal. 
Seu funcionamento ocorre, basicamente, da seguinte maneira: detectada 
a infração de um usuário, a Hadopi instiga o provedor de internet, que é 
considerado como quem detém a responsabilidade pelo usuário, solicitando os 
dados armazenados e processados, tais como número de telefone, histórico de 
navegação, e-mail e outros dados que auxiliem na identificaçãodos usuários. 
 
 
12 
Comprovada a violação, o usuário irá receber uma advertência por e-mail. Se for 
constatada a segunda violação, em conjunto são enviados um novo e-mail e 
uma carta de alerta sobre as consequências advindas de nova infração. 
Persistindo na prática, o usuário poderá ser acusado judicialmente. As penas 
previstas são: pagamento de multas e a interrupção do seu serviço de internet, 
além de não ser possível, durante esse período, negociações com qualquer 
empresa provedora. 
A França foi um dos primeiros países do mundo a desenvolver políticas 
em prol da propriedade intelectual, servindo de exemplo para que 
outros passassem a adotar esse modelo de política pública na área. 
(Segurado e colab., 2015) 
3.5 EUA 
A partir dos anos 1990, os EUA iniciaram discussões sobre formas de 
regulamentar a internet. Não existe uma regulamentação única em que estejam 
estabelecidas regras para a rede. O que existe são legislações fragmentadas e 
inúmeras iniciativas que têm relacionamento com o controle de acesso à rede. 
Diversas efemérides deram sequência às discussões: 
 Em 1996, foi promulgada a Communications Decency Act (lei 
de decência nas comunicações), a primeira lei com o intuito de 
coibir o chamado conteúdo indecente acessível a menores de 
18 anos no ciberespaço. 
 Em 1997, entretanto, o Supremo Tribunal encontrou nas 
disposições anti-indecência da lei certo grau de 
inconstitucionalidade. 
 Posteriormente, em 1998, foi sancionada a Digital Millennium 
Copyright Act (DMCA – lei dos direitos autorais do milênio 
digital), que criminaliza a discussão e difusão de tecnologia que 
pode ser usada para contornar os mecanismos de proteção de 
direitos autorais e torna mais fácil a ação contra suposta 
violação destes direitos na internet. 
 A Children’s Online Privacy Protection Act (COPPA – lei da 
proteção da privacidade das crianças on-line) entrou em vigor 
em 21 de abril de 2000 e se aplica ao conjunto de informações 
pessoais on-line de crianças com menos de 13 anos de idade. 
Embora as crianças menores de 13 anos possam legalmente 
dar informações pessoais com a permissão dos pais, muitos 
sites proíbem que menores utilizem todos os seus serviços 
caso não sejam maiores de 16 anos. 
 O SOPA, também conhecido como HR 3261, é um projeto de 
lei apresentado em 2011 que, conforme originalmente 
proposto, permitiria que o Departamento de Justiça dos EUA, 
bem como os detentores de direitos autorais, conseguisse 
ordens judiciais contra sites acusados de permitir ou facilitar a 
violação desses direitos. (Segurado e colab., 2015). 
Esses projetos de lei supracitados incluem maneiras de controle da 
internet, bloqueio ou desvio de DNS, identicamente às praticadas na China, no 
 
 
13 
Irã ou na Síria. Ferem inúmeros direitos, tais como o anonimato, protegido pela 
primeira emenda da Constituição. Outra questão polêmica é a concessão de um 
poder extrajudicial para a indústria cultural, cinematográfica e fonográfica, 
pressupondo dispensar ordem judicial para adotar as medidas punitivas. 
De acordo com Segurado e colab. (2015), dispõe em relação à 
neutralidade de rede, que o Brasil e o Chile são os países que apresentam as 
regulamentações mais avançadas do ponto de vista da garantia de direitos civis, 
de promoção da cidadania e do uso democrático da internet. 
Espanha e França se postam como os defensores de que haja maior 
controle dos acessos à rede e, nos EUA, obstante das grandes barreiras 
jurídicas para dispor o fim da neutralidade de rede, a Comissão Federal de 
Comunicações está desenvolvendo novas maneiras de findar esse princípio. 
Em relação à propriedade intelectual, a França é o país que mais se 
preocupa com essa temática, assumindo uma legislação mais punitiva, e 
posicionamento similar à que foi adotada pela Espanha. Nos EUA, é polêmica 
essa discussão, observando um conjunto de iniciativas para aumentar os lucros 
de provedores de internet e empresas que tenham ligação ao copyright 
(Segurado e colab., 2015). 
Saiba mais 
Para melhor entendimento, assista ao vídeo sobre Marco Civil na Internet, 
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=B0WSBfkh1h4>. Acesso em: 
16 abr. 2020. 
TEMA 4 – REGULAÇÃO DA INTERNET E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Em plena era da Indústria 4.0 com a transformação digital em seu bojo, 
vislumbramos o que alguns chamam de sociedade 5.0. Esse novo cenário, 
contemplado de inúmeras incertezas colocando uma nova dinâmica mais 
evolutiva da sociedade, alavanca o Direito para uma constante evolução e de 
suas posições filosóficas. Frente a essa constante evolução, a ponderação pode 
ser a melhor maneira de encontrar soluções para os conflitos de direitos 
fundamentais. 
É explícito que a dinâmica progressiva de nossa sociedade acarreta 
alterações na acurácia do Direito por esta mesma sociedade que não passa 
incólume pelas principais transições jusfilosóficas. 
 
 
14 
De acordo com vários autores, ostentam uma era de grandes alterações 
na interpretação do direito e que determinam uma escola de pensamento jurídica 
chamada jurisprudência dos valores ou dos princípios (Leite, 2015). 
No universo da internet eclodem situações jurídicas não declaradamente 
especificadas pelo Direito, entretanto resolvíveis pelo emprego dos princípios 
fundamentais, inclusos na Constituição Federal vigente, orientadora de toda a 
estruturação jurídico-brasileira. O neoconstitucionalismo6 promoveu a abertura 
das portas para que haja maior maleabilidade do sistema jurídico, ampliando a 
resolução de maior número de conflitos, substancialmente os ocorridos no 
ciberespaço. 
Parte dos usuários da internet, no princípio desta, pensavam que suas 
atitudes, comentários e postagens não teriam implicação jurídica, pois tinham 
para si que gozavam da defesa do puro liberalismo, situação que não encontra 
guarida racional, pois a liberdade, por mais ampla que seja, encontra limites que 
auxiliam na garantia na escalada ordenada e harmônica da sociedade e dos 
direitos fundamentais de qualquer pessoa. 
Qualquer abuso do direito de liberdade bate de frente aos outros bens 
jurídicos, tutelados pelo Direito, tais como os direitos à privacidade e de 
personalidade, além de proteger a “intimidade, a vida privada, a honra, a 
imagem, isto é, as qualidades da pessoa e de seu aspecto físico 
respectivamente” (Leite, 2015). 
É muito claro que o direito à privacidade determina um limite natural ao 
direito à informação. A violação aos direitos autorais e à propriedade intelectual 
é outro nó a ser desatado, pois nem tudo o que está na internet pertence ao 
domínio público. 
Outro imbróglio confronta-se à defesa da propriedade imaterial do autor, 
defendendo a liberdade de informação irrestrita. Contra o copyright se 
arregimentam grupos que defendem o copyleft, que é uma maneira de usar a 
legislação vigente de proteção aos direitos autorais. Concentra-se na retirada 
das barreiras ao uso, difusão e modificação de uma obra criativa, que decorrem 
convencional disposição das normas de propriedade intelectual, reivindicando 
que as mesmas liberdades sejam igualmente preservadas em versões alteradas, 
diferindo do domínio público, em que não são apresentadas tais exigências. 
 
6
“O neoconstitucionalismo proclama a primazia do princípio da dignidade da pessoa humana que 
deve ser protegida e promovida pelos poderes públicos e pela sociedade” (Leite, 2015). 
 
 
15 
Outro problema é dispor o momento e a localização exata do ato ilícito, 
parecendo ser recomendável priorização da punição na esfera cível, 
possibilitando a solução de conflitos de forma mais fácil. 
A colisão de direitos fundamentais7 ocorre na internet, tornando-se 
indispensável utilizar as regras da hermenêutica constitucional, respaldando-se 
nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, optando-se pelo 
“acolhimento ético idealpara o exercício da consciência e responsabilidade, 
verificando-se que há a tendência do estabelecimento de disciplina jurídica 
própria para promover a autorregulamentação” (Leite, 2015). 
No Recurso Especial 1.117.622/RO que o Superior Tribunal de Justiça 
decidiu com base no princípio da dignidade humana (inerente às 
crianças e adolescentes) que estavam sendo vítimas de páginas 
ofensivas, reconhecendo a responsabilidade civil das mantenedoras de 
redes sociais que viabiliza e estimula a criação de páginas, devendo 
não só retirar os conteúdos ofensivos do ar, como impedi-los de chegar 
à rede. (Leite, 2015). 
Diversas polêmicas, evolvendo celebridades, foram proliferadas nas 
redes, por serem consideradas ofensas. O comediante Danilo Gentilli, em sua 
comparação no Twitter, do gorila King Kong aos jogadores de futebol. A cantora 
Rita Lee, criticando a construção do estádio do Corinthians em Itaquera. 
Devemos estar cientes que tudo que postamos hoje na rede, por qualquer 
motivo, por mais inocente que possa parecer, poderá ser usado contra nós. 
Spam, violação dos direitos patrimoniais, ações de hackers, websites 
fictícios, são os meios mais utilizados pelos criminosos. 
Recentemente na busca de se obter a regulamentação da Internet no 
Brasil, são discutidos projetos de lei que serão de suma importância para o uso 
da rede pelos brasileiros, entre eles temos o Projeto de Lei da Câmara nº 2.126, 
o “Marco civil da internet”, já discutido em nossos estudos, e o PLC nº 2.793, 
que tem como escopo a tipificação criminal dos delitos informáticos. 
O Brasil não dispõe de regulamentação específica a respeito do uso da 
internet, particularmente sobre o direito à privacidade no uso da rede, porém 
existem em trânsito alguns projetos de lei buscando a regulamentação desses 
temas. 
 
 
7
“Há de se configurar a diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais, Ingo Wolfgang 
Sarlet confere o aspecto espacial da norma o primeiro fator preponderante de distinção. O termo 
“direitos fundamentais” se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e 
positivados na esfera constitucional positiva de determinado Estado, ao passo que a expressão 
“direitos humanos” guardaria relação com os documentos de direito internacional” (Leite, 2015). 
 
 
16 
Saiba mais 
Para ampliar nossos conhecimentos, veja este artigo sobre a regulação 
da Internet e novos desafios da proteção de direitos constitucionais – O caso do 
revenge porn – disponível em: 
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/552756/001134339.pdf?se
quence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 16 abr. 2020. 
TEMA 5 – OS NÚMEROS DA REGULAÇÃO DA REDE NO BRASIL 
No ano de 2014, a Resolução da Organização das Nações Unidas/ONU 
promulgou que os direitos humanos do mundo off-line também valem para o on-
line. Frente às questões transacionais que ocorrem na rede, legislar sobre 
Internet é um tema de grande complexidade, e que transpassa todas as esferas 
da vida em sociedade (Canabarro, 2016). 
Acompanhar as resoluções de nosso parlamento, com base num 
mapeamento dos projetos de lei que circulam do Congresso Nacional, pode vir a 
representar a mentalidade do regulador a esse respeito, apesar do seu caráter 
quantitativo. O estudo foi realizado com consulta na base de dados on-line do 
Congresso Nacional, em 19 de setembro de 2016, resultando nas informações 
apresentadas a seguir. 
Os números iniciais geraram 2.897 resultados, sendo 2.270 da Câmara 
dos Deputados e 627 do Senado, e foram selecionados como relevantes 305 
projetos de lei, excetuando-se aqueles arquivados e que não tinham pertinência 
temática. E como esperado, a Câmara dos Deputados tem uma atividade maior 
que o Senado, pois o número de membros é seis vezes maior e tem pouco mais 
que o quíntuplo de projetos de lei (Canabarro, 2016). 
 
 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO22.png> 
<https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO12.pn> 
 
 
17 
Antes da expansão comercial da Internet no Brasil, existiam proposições 
normativas com o objetivo de cobrir o “gap” regulatório em torno das TIs, abrindo 
discussões iniciadas pelo legislador brasileiro mesmo antes da sua expansão 
comercial. 
O divisor de águas, no tocante à regulação da Internet no Brasil é a Lei 
12.965/2014, e um olhar não podia desconsiderar como o Congresso se 
comportou antes e depois da Lei 12.9625/2014. 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO3.png> 
<https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO4.png>. 
 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO51.png> 
<https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO6.png>. 
Isolada ou associadamente, verifica-se o quão responsivo é o parlamento 
brasileiro aos temas de comoção social, focando na vida dos brasileiros online. 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO7.PNG>. 
 
 
18 
“As linhas verdes tracejadas no gráfico representam, respectivamente, a 
promulgação e a publicação do Decreto de regulamentação do Marco Civil da 
Internet” (Canabarro, 2016). 
Normas de caráter punitivo: Este termo não é por acaso em substituição à 
terminologia “penal”, sendo suficientemente amplo na classificação dos projetos 
de lei que não só criam tipos penais, como também aqueles que criam 
mecanismos para investigação. 
 
 
 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO8.png> 
<https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO9.png>. 
 
 
 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO102.png> 
<https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO111.png>. 
 
 
19 
 
 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO121.png> 
<https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO13.png>. 
Para mensuração, poderíamos analisar outro elemento: “as pautas que 
têm atraído forte atenção midiática nos últimos tempos e, em seguida, checar 
como elas evoluíram após terem saído dos holofotes da imprensa” (Canabarro, 
2016). 
 
Fonte: <https://observatoriodainternet.br/assets/media/tinymce/GRAFICO14.png>. 
A franquia de dados é a que detém o maior número de ocorrências, 
seguida da privacidade e, em terceiro lugar, bloqueio de aplicações. 
Devemos permanentemente observar as ações do Legislativo, esperando 
que o ambiente regulatório e legal no Brasil mantenha a dinâmica da Internet 
 
 
20 
como espaço de colaboração, como disposto pelo Comitê Gestor da Internet no 
Brasil, atendendo os anseios e necessidades dos cidadãos. 
Saiba mais 
Aproveite para ler um estudo da Universidade de Oxford, que aponta a 
manipulação política pela internet em 70 países, no link a seguir: 
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-09/estudo-aponta-
manipulacao-politica-pela-internet-em-70-paises-em-2019>. Acesso em: 16 abr. 
2020. 
Nesta aula, foi possível rever algumas questões sobre Governança da 
Internet no Brasil, quais as implicações ocorrem para as políticas públicas, além 
de uma comparação com outros países. Pudemos relacionar a regulação da 
internet e os direitos fundamentais e vislumbrar alguns números da regulação da 
internet no Brasil. 
Até a próxima! 
 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
BASTOS, A. Direito Digital: guia da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais 
(LGPD). Disponível em: <https://blog.sajadv.com.br/direito-digital-lei-de-protecao-
de-dados/>. Acesso em: 1 abr. 2020. 
BRASIL. Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. 
Acesso em: 31 mar. 2020. 
DIREITO DIGITAL. LGPD: 11 conceitos de proteção de dados que você precisa 
conhecer. Disponível em: <https://assisemendes.com.br/blog/lgpd-conceitos/>.Acesso em: 31 mar. 2020. 
DRZ. Diferenças entre a GDPR e a LGPD. Disponível em: 
<https://www.drz.global/blog/diferencas-entre-a-gdpr-e-a-lgpd>. Acesso em: 1 abr. 
2020. 
MATTIUZZO, M.; HADDAD, F.; PONCE, P. P. Proteção de dados em setores 
regulados – Clipping. Disponível em: 
<https://www.ferraznet.com.br/blog/protecao-de-dados-em-setores-regulados>. 
Acesso em: 1 abr. 2020. 
SALDANHA, J. Os fundamentos da Proteção de Dados Pessoais de acordo 
com a LGPD. Disponível em: <https://triplait.com/os-fundamentos-da-protecao-
de-dados-pessoais/>. Acesso em: 31 mar. 2020. 
SANDER, G. Principais conceitos da LGPD. Disponível em: 
<https://sisqualis.com.br/conceitos-lgpd/>. Acesso em: 31 mar. 2020. 
TEIXEIRA, J. P. F. LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados . [S.l: s.n.], 2019. 
Disponível em: 
<https://joaopedrofteixeira.jusbrasil.com.br/artigos/753086549/lgpd-101-
comentarios-a-lei-geral-de-protecao-de-dados?ref=feed>. Acesso em: 31 mar. 
2020.

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