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A PARTICIPAÇÃO DE FLORENECE NIGHTINGALE NA PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES

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Introdução
A infecção hospitalar é um agravo importante na nossa realidade que pode causar risco ao paciente, maior tempo de internação gerando mais custos e mantendo hospitais lotados. Segundo Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde (MS). Para fins de classificação epidemiológica, a infecção hospitalar é toda infecção adquirida durante a internação hospitalar (desde que não incubada previamente à internação) ou então relacionada a algum procedimento realizado no hospital (por exemplo, cirurgias), podendo manifestar-se inclusive após a alta.
A participação de FLORENECE NIGHTINGALE na prevenção das infecções 
Em 1863, a enfermeira Florence Nightingale descreveu procedimentos de cuidados relacionados aos pacientes e ao ambiente, com a finalidade de diminuir os riscos da infecção hospitalar. Florence solicitava que as enfermeiras mantivessem um sistema de relato dos óbitos hospitalares com o objetivo de avaliar o serviço. Essa atitude provavelmente constituiu-se na primeira referência à vigilância epidemiológica, tão usada atualmente nos Programas de Controle de Infecção Hospitalar. Seu colaborador, William Farr fazia a interpretação estatística dos dados.
Anos antes, em 1854, Florence e mais trinta e oito enfermeiras foram designadas para o hospital de base de Scutari, em Constantinopla, atual Istambul, ficando responsáveis por 1500 pacientes. Durante o conflito entre a Rússia e as forças aliadas da Inglaterra, França e Turquia, o hospital chegava a ter de 3.000 a 4.000 doentes e feridos de guerra. O hospital apresentava péssimas condições: não existiam sanitários, os leitos e roupas de cama eram insuficientes, não havia bacia, sabão ou toalhas, as pessoas comiam com as mãos e a taxa de mortalidade era de 42%. Florence, então, abriu cozinhas, lavanderias, melhorou as condições sanitárias, e fazia rondas à noite levando assistência e conforto aos pacientes. Reduziu, assim, as taxas de mortalidade de 42,7% para 2,2%. Em vista disso, após a guerra da Criméia, retornou a Londres como heroína, e em 1860 inaugurou "The Nightingale School for Nurse". Publicou mais de 100 trabalhos, sendo "Notes on Nursing" o mais valioso. Após suas observações, valorizaram-se pacientes e condições ambientais como: limpeza, iluminação natural, ventilação, odores, calor, ruidos, sistema de esgoto, mais do que simplesmente a estética.
É valido referir, que no século XIX os hospitais eram desprovidos de água corrente e a de que dispunham era contaminada. Lixos e dejetos eram jogados em poços nos fundos dos terrenos, os cirurgiões limpavam suas mãos e instrumentos nos seus aventais e as roupas de cama não eram trocadas com frequência, facilitando a transmissão de doenças.
Florence Nightingale (1854-1855), na guerra da Criméia, postulou sobre a importância de pequenas enfermarias, ligadas por corredores abertos. Da mesma forma, pregou a necessidade de ambientes assépticos e muito limpos bem como explicitou a transmissão da infecção especialmente por contato com substâncias orgânicas. Em vista disso, organizou treinamento para as enfermeiras sobre limpeza e desinfecção e orientou a construção de hospitais de maneira a possibilitar maior separação entre os pacientes.
A partir desta reflexão pode-se identificar a evolução histórica das doenças infecciosas e seus mecanismos de controle. Com a evolução da tecnologia, antimicrobianos foram sendo aperfeiçoados, técnicas modernas de assistência foram sendo desenvolvidas e o tratamento das doenças assumiu alta complexidade. Por outro lado, a invasão das bactérias multirresistentes, a inserção de novas formas vivas de microrganismos e a luta contra a resistência bacteriana surgiram nesse contexto. Mesmo assim conhecimentos se consolidaram, a partir de 1928, quando Alexander Fleming observando que uma substância procedente de um fungo comum, o Pinicillium notatum, inibia o crescimento de algumas bactérias, descobria, então, a Penicilina. Durante a segunda guerra mundial, um médico alemão, Gerhard Domagk, descobriu que o grupo de substâncias denominadas sulfonamidas era efetivo contra infecções bacterianas(3). A partir de então, efetivou-se a expansão dos antimicrobianos em muitas gerações.
O advento dos antimicrobianos, no século XX, revolucionou o tratamento das infecções. Surtos de infecção por Staphylococcus aureus, nas décadas de 50 e 60, ou por gérmens gram negativos, na década de 70, em alguns países, aumentaram os custos hospitalares, originando interesse para medidas de controle de infecção hospitalar, até os dias de hoje, pois
 Infecção hospitalar
Segundo Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde (MS). Para fins de classificação epidemiológica, a infecção hospitalar é toda infecção adquirida durante a internação hospitalar (desde que não incubada previamente à internação) ou então relacionada a algum procedimento realizado no hospital (por exemplo, cirurgias), podendo manifestar-se inclusive após a alta. Atualmente, o termo infecção hospitalar tem sido substituído por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). Essa mudança abrange não só a infecção adquirida no hospital, mas também aquela relacionada a procedimentos feitos em ambulatório, durante cuidados domiciliares e à infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros).
Como iniciou a Infecção Hospitalar no Brasil
Especificamente no Brasil, as primeiras referências ao controle da contaminação hospitalar, termo utilizado na época, surgiram na década de 50, aproximadamente em 1956, com questionamentos quanto a medidas ambientais, práticas relativas aos procedimentos invasivos como as técnicas assépticas, processos de esterilização de material hospitalar e o aparecimento de microrganismos resistentes pelo uso indiscriminado de antibióticos. Nas escolas médicas, esta temática era pouco abordada, fato que persiste ainda nas instituições formadoras de profissionais de saúde.
Nas últimas décadas do Séc. XIX no Brasil, os índices de infecção verificados entre os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos chegavam a até 90% e suas causas se relacionavam a falta de regras básicas de higiene e de isolamento dos doentes portadores de doenças infecciosas, causando o que se denominavam na época de “gangrenas dos hospitais”, representando a principal causa de mortalidade nos hospitais brasileiros.
Os primeiros relatos no país quanto à ocorrência de infecção hospitalar, surgiram na década de 50, e, embora se utilizasse o termo “contaminação hospitalar”, referiam como causas a esterilização do material hospitalar, o uso indiscriminado de antibióticos e o surgimento de microrganismos resistentes.
A partir de 1968 surgem as primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) no país, vinculadas a instituições de ensino inicialmente. Em 1976, o governo determina a necessidade de criação de CCIH nos hospitais próprios da previdência, mas a medida não causa impacto pela falta de fiscalização.
A década de 80 caracteriza-se por um grande avanço no controle de infecção, ocorrendo vários eventos relativos ao tema, levando a criação de várias CCIH nos hospitais brasileiros.
Em 1983, o Ministério da Saúde, pressionado pelos fatos veiculados na imprensa relativos a casos de infecções hospitalares, emitiu a Portaria MS nº 196/1986 que recomendava aos hospitais brasileiros a criação de CCIH.
Em 1985, a morte do recém-eleito Presidente da República, Tancredo Neves, por septicemia devido a uma infecção pós-cirúrgica, causou grande repercussão nacional, corroborando para que o Ministério da Saúde implementasse ações e projetos que mudassem o panorama e os rumos do controle de infecção no país. Desencadearam-se ações como o levantamento das instituições brasileiras que já tinham CCIH operacionalizadas, capacitação de multiplicadores, intercâmbio de conhecimentos entre os profissionais de saúde, elaboração de manuais e normas técnicas. Em 1989 ocorreu o I Congresso Brasileiro sobre Infecção Hospitalar em São Paulo, como consequênciado desenvolvimento desse conhecimento entre os profissionais e na constituição de um novo mercado de trabalho que se criava.
Os anos 90 marcaram um progressivo desgaste no Programa de Controle de Infecção Hospitalar Brasileiro, mesmo com a publicação da Portaria MS nº 930/1992. A política de descentralização das ações de saúde, amparada pela Lei nº 8.080/1990, provocou a fragmentação e dispersão das bases de apoio em controle de infecção hospitalar do Ministério da Saúde.
O efeito dessa descentralização culminou na formação de núcleos de profissionais em alguns Estados com o intento de manter trocas de experiências, dando origem a várias associações de profissionais em controle de infecção.
Em consequência do não cumprimento da Portaria MS nº 930/1992 por grande parte dos hospitais brasileiros, o Ministério da Saúde emitiu a Lei Federal nº 9.431/1997 que determinava a obrigatoriedade de manutenção de Programas de Controle de Infecção Hospitalar em todos os hospitais do país, mas vetava a obrigatoriedade de serviços de controle de infecção e busca ativa de casos.
Quase dez anos após a emissão da Lei Federal nº 9.431, o Ministério da Saúde emite a Portaria nº. 2.616/1998, ainda em vigor, que mantém a obrigatoriedade da existência de um PCIH em todos os hospitais do país, trata da organização e competências da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar -CCIH  e do Programa de Controle de Infecção Hospitalar -PCIH, estabelece os conceitos e critérios diagnósticos das Infecções Hospitalares, dá orientações sobre a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares e seus indicadores, faz recomendações sobre a higiene das mãos e  enfatiza a observância de publicações anteriores do Ministério da Saúde quanto ao uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia.
Com a necessidade de centralizar ações de regulação de alimentos e medicamentos inicialmente e, posteriormente, de produtos e serviços de interesse da saúde, em 1999 foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), autarquia ligada ao Ministério da Saúde, em cujas atribuições inclui também o controle de infecção hospitalar em nível federal, com suporte às Secretarias Estaduais por meio de apoio técnico, capacitações, expedição de normas e legislações, consolidação de informações e promoção da socialização das informações pertinentes.
Para a instrumentalização mais efetiva das ações de fiscalização sanitária no monitoramento das ações de Controle das Infecções nos estabelecimentos hospitalares, a ANVISA emitiu a Resolução RDC nº. 48/2000, para estabelecer a sistemática para avaliação/inspeção dos Programas de Controle de Infecção Hospitalar. Serviu para dar suporte à fiscalização sanitária e aos profissionais das CCIH dos hospitais.
Sabe-se que a prevenção e o controle da infecção hospitalar é uma ação de todos os trabalhadores da comunidade hospitalar, e não apenas das CCIHs. No entanto, são estes os órgãos que têm a representatividade legal para tanto. Além disto, os trabalhadores que compõem estas comissões, têm o conhecimento mínimo necessário para desencadear, nos demais trabalhadores, ações voltadas às infecções hospitalares. A produção e reprodução de conhecimentos sobre esta temática, a partir destes trabalhadores, faz com que o trabalho seja organizado no sentido da prevenção, de forma a reduzir a ocorrência de casos de infecção hospitalar e de melhorar a qualidade da assistência e a qualidade de vida dos pacientes/clientes e seus familiares e dos próprios trabalhadores.
- O que é Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH? A CCIH diz respeito a um grupo de profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designado para, juntamente com a Direção do Hospital, planejar, elaborar, implementar, manter e avaliar o Programa de Controle de Infecção Hospitalar – um conjunto de ações desenvolvidas com o objetivo de reduzir ao máximo possível a incidência das infecções hospitalares. A CCIH deve ser adequada às características e necessidades do Estabelecimento de Assistência à Saúde – EAS, sendo constituída de membros consultores e executores.
- Quais ações são desempenhadas pela CCIH/SCIH? Entre as ações que são desempenhadas pela CCIH/SCIH destacam-se as seguintes: • Realização da vigilância epidemiológica para detecção de casos de infecção hospitalar, seguindo critérios de diagnósticos previamente estabelecidos, a fim de entender sua ocorrência e planejar ações de melhoria em conjunto com a direção hospitalar e equipe assistencial; 
• Elaboração de diretrizes para a prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde, que devem sem incorporadas nas normas e rotinas de atendimento ao paciente e serviços de apoio, com o objetivo de diminuir os riscos de ocorrência de uma infecção relacionada à assistência à saúde. Colaboração no treinamento de todos os profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções hospitalares; 
• Elaboração de orientações para prescrição adequada de antibióticos e implantação de ações que contribuam para o controle de seu uso, evitando que os mesmos sejam prescritos de maneira indevida; 
• Estabelecimento de recomendações quanto às medidas de precaução e isolamento para pacientes com doenças transmissíveis ou portadores de bactérias resistentes a antibióticos, a fim de reduzir o risco de transmissão desses agentes entre pacientes ou profissionais de saúde; 
• Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para a aquisição correta de materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física dos estabelecimentos de saúde.
É obrigatório que os serviços de saúde tenham uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar? A Lei Federal n° 6.431, de 06 de janeiro de 1997, instituiu a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), sendo esse um conjunto de ações a serem desenvolvidas com o objetivo de reduzir ao máximo a incidência e a gravidade das infecções. Em 12 de maio de 1998, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n° 2.616, regulamentando a criação das CCIH. Essa Portaria define critérios para organização das CCIH, bem como para o diagnóstico das infecções hospitalares, orientações sobre a vigilância das infecções hospitalares, recomendações sobre a higiene das mãos e outros temas como: o uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia. Ainda, segundo o Artigo 6° dessa mesma portaria, o regulamento deve ser adotado em todo o território nacional pelas pessoas jurídicas e físicas, de direito público e privado, envolvidas nas atividades hospitalares de assistência à saúde.
 Quais os profissionais que participam de uma CCIH? É necessário que os profissionais que participam de uma CCIH possuam treinamento para a atuação nessa área. Há exigência legal para manutenção de pelo menos um médico e um profissional enfermeiro na CCIH de cada hospital. Isso está regulamentado em portaria do Ministério da Saúde. 
Outros profissionais do hospital também devem participar da CCIH. Eles contribuem para a padronização correta dos procedimentos a serem executados. Esses profissionais devem possuir formação de nível superior e são: farmacêuticos, microbiologistas, epidemiologistas, representantes médicos da área cirúrgica, clínica e obstétrica. Representantes da administração do hospital também devem atuar na CCIH para garantir a estrutura necessária para a implantação das recomendações.
- O uso de solução alcoólica para a higienização das mãos (álcool em gel) substitui a instalação de lavatórios ou pias com água corrente? Não, essas ações são complementares. Os equipamentos para a higiene das mãos devem ser instalados obedecendo às proporções e características determinadas pela Resolução RDC 50, de 2002, Item 6 – Condições Ambientais de Controle de Infecção - e pelo Manual de Higienização das Mãos, Segurança do Paciente em Serviços de Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. 9- É obrigatória a disponibilidade da preparação alcoólicapara fricção antisséptica das mãos, além da pia/lavatório com água corrente? Sim. A Resolução RDC Nº 42, de 25 de outubro de 2010, torna obrigatória a disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do país em diversos setores dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – EAS. 
Apenas hospitais de grande porte necessitam ter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar/Serviço de Controle de Infecção Hospitalar? Todos os serviços de assistência à saúde devem possuir uma CCIH/SCIH (hospitais, clínicas e hospital-dia, UPAS, UBS). Ainda que exista um risco maior de se contrair uma infecção em estabelecimentos de alta complexidade, o paciente é sempre vulnerável independente do local de atendimento. 
Setores e competência da C.C.IH
Para maior dinamismo e eficácia dos trabalhos, a Comissão pode ser estruturada em vários setores com atribuições definidas, a saber:
- Setor normativo: ao qual compete estudar e aprovar os recursos usados ou a serem usados para o controle e profilaxia de infecções.
- Setor informativo e de estatística: compete notificar todos os casos de infecção ou sugestivos a infecção e as transgressões das normas e rotinas da C.C.I.H., ao setor executivo e fiscalizador.
- Setor executivo e fiscalizador: ao qual compete executar, fazer executar e fiscalizar as normas estabelecidas e aprovadas pelo setor normativo.
- Setor laboratorial: ao qual compete executar testes laboratoriais, quer esclarecedores de diagnóstico ou de controle geral.
A introdução destes setores na estrutura da C.C.I.H. não significa maior número de participantes na Comissão, mas uma maior organização e divisão de responsabilidade. Os membros constituintes poderão fazer parte de vários setores.
 Controle do ambiente -As ações da C.C.I.H. devem estar planejadas para manter o controle das infecções em todas as áreas do ambiente hospitalar, dando, porém, prioridade às áreas críticas. Assim os esforços da Comissão estarão voltados para:
- Elaboração, controle e atualização de normas e rotinas referentes à limpeza e desinfecção dos ambientes, estabelecendo a frequência, tipo de desinfetante, dando ênfase especial às áreas críticas: centros cirúrgico, obstétrico, berçário, sala de recuperação pós anestésica, unidade de terapia intensiva, pediatria, isolamento, serviço de Nutrição e Dietética.
· Programas de treinamento e atualização sobre limpeza e desinfecção de ambiente.
· Controle das desinfecções concorrentes.
· Controle das desinfecções terminais
Controle de pessoal -A maioria dos autores consideram o elemento humano, servidores do hospital, visitantes e em particular o paciente, como sendo a maior fonte de infecção hospitalar. É também sabido, no que se refere aos servidores, que, independente da escala hierárquica, aqueles que estão em contato direto com o paciente são fontes de infecção hospitalar.
A atenção da C.C.I.H. deve estar voltada para os três aspectos de pessoal e programar suas ações no sentido de proteger esta mesma população, bem como prevenir e combater os agentes infecciosos.
Cada hospital através de sua C.C.I.H. deve estabelecer as prioridades e a frequência dos exames que julgar necessários ao controle sanitário de seu pessoal, levando em consideração as fontes de infecção e tipos de agentes identificados e as possibilidades de recursos materiais e humanos do Serviço de Análises Clínicas.
Entre outras atividades no controle de pessoal a Comissão deverá executar:
Em relação ao paciente:
· Controle permanente de qualquer caso suspeito ou confirmado através da investigação epidemiológica.
· Educação para a Saúde dos pacientes internados e de ambulatório; supervisão e controle do comportamento esperado.
· Isolamento de todos os pacientes com suspeita ou infecção instalada.
· Supervisão e controle da realização dos exames indicados na admissão estabelecidos pela Comissão: cultura de secreção de orofaringe, de lesões cutâneas, e exame de fazes.
· Supervisão do preparo do campo operatório em pacientes cirúrgicos.
Em relação aos visitantes:
· De Educação para a Saúde.
· Controle dos horários e número de visitas por paciente.
· Limitação de idade para visitantes.
· Orientação sobre a transmissão de infecções e infecção cruzada.
Em relação aos servidores:
· Programas permanentes de profilaxia, controle de infecções hospitalares.
· Programas de Educação para a Saúde.
· Treinamento de todos os servidores na prática de técnicas assépticas desde o Servente de limpeza até o Administrador no sentido de proteger, prevenir e controlar as infecções.
· Controle dos exames periódicos estabelecidos pela comissão no ato da admissão dos servidores.
· Controle periódico da saúde dos servidores e pesquisa bacteriológica de material de nasofaringe, pele, fezes, mãos, de acordo com a necessidade sentida Elaboração, supervisão e atualização de rotinas referentes às técnicas de assepsia: degermação, desinfecção, sanificação, desinfestação, higiene, limpeza, esterilização, escovação das mãos, uso de aventais, máscaras, pró-pés, manipulação de medicamentos, eliminação do material de curativos, de dejetos, de secreções do paciente e do lixo em geral.
· Transporte, separação e lavagem da roupa, cobertores e colchões, sujos e/ou contaminados;
· Objetos utilizados nos cuidados higiênicos dos pacientes;
· Limpeza e desinfecção de pratos, copos e talheres, de uso comum dos pacientes;
· Limpeza, desinfecção e esterilização de todo o equipamento e material hospitalar, como por exemplo: máscaras, nebulizadores, cânulas de traqueotomia, bolsas de água quente e gelo, aspiradores, frascos de drenagem, respiradores artificiais, seringas, agulhas, material cirúrgico, aparelhos de anestesia, cateteres e sondas;
· Empacotamento de material e instrumental a ser esterilizado;
· Controle periódico do funcionamento dos aparelhos de esterilização e câmaras frigorificas;
· Lavagem e preparo de alimentos crus, frutas e demais gêneros alimentícios;
· Destino das sobras de alimentos.	
 Na maioria dos hospitais brasileiros, desinfetantes e antissépticos são escolhidos em função do preço, de avaliações bacteriológicas inadequadas como exposição de placas de meio de cultura ou de preferências individuais subjetivas, pois as empresas não declaram a composição quantitativa de seus produtos.
Embora se saiba que as soluções desinfetantes e antissépticas podem sofrer contaminação, acarretando infecções graves e, até mesmo fatais, e/ou ainda apresentarem-se com atividade antimicrobiana não satisfatória ou mesmo nula, não é dada a devida atenção a esse problema.
Cabe, portanto, à C.C.I.H.:
· A seleção dos produtos químicos - germicidas, desinfetantes, antissépticos, agentes de limpeza;
· O controle da sua aquisição e emprego;
· O teste bacteriológico periódico;
· A elaboração de normas e rotinas quanto ao uso dos mesmos.
 Elaboração de Normas e rotinas:As normas estabelecem em princípios científicos e de autoridade o que e como deve ser feita em determinada situação.
Vários aspectos importantes devem ser considerados, como:
· Normas da organização da C.C.I.H.
· Normas referentes ao Pessoal.
· Normas referentes ao orçamento.
· Normas referentes ao relacionamento interno e externo de comissão.
· Normas técnicas relacionadas às características e classificação das infecções. 
 Rotinas: As rotinas consistem na descrição sistematizada dos passos a serem dados para a execução das ações componentes de uma atividade. São o produto do estudo e vivência adquiridas nas rotinas diárias, no trabalho de planejamento, na orientação e no treinamento do pessoal.
A C.C.I.H. é responsável pela elaboração de rotinas administrativas, relacionadas ao material, equipamento, produtos químicos e procedimentos.
Investigação epidemiológica:
A vigilância epidemiológica possibilita a tomada de decisões corretas em tempo oportuno.
A C.C.I.H. atuará através de:
· Levantamento e análise de um conjunto de indicadores:
· Taxa de incidência e de prevalência de infecções hospitalares; taxa de infecção em cirurgias não contaminadas· Taxa de infecção em cirurgias potencialmente contaminadas;
· Taxa de letalidade por infecções hospitalares;
· Taxa de infecção por microrganismo específico
· Coeficientes de sensibilidade aos antimicrobianos;
· Índice de consumo de antimicrobianos; Notificação compulsória pelos médicos, dos casos de infecção mediante preenchimento de Ficha de Notificação de Infecções, constante de todos os prontuários; 
· Identificação, pelos enfermeiros, dos prontuários de pacientes em uso de aritimicrobianos, com ou sem infecção;
· Encaminhamento, após alta, dos prontuários dos pacientes.
· Pesquisas periódicas de prevalência de infecção; Levantamentos bacteriológicos da frequência e dos coeficientes de sensibilidade de microrganismos isolados em pacientes, visitantes e funcionários;
· Levantamento e controle do consumo de antimicrobianos
Este conjunto de ações de investigação epidemiológica dá à C.C.I.H. maior possibilidade de controle das infecções, e consequentemente de eliminar as causas.
 Reuniões periódicas. Periodicamente a C.C.I.H. deve reunir-se para analisar e avaliar programas, número, natureza e quantidade de infecções e programar novas ações. Para que os objetivos da C.C.I.H., sejam atingidos, é imprescindível a participação nestas reuniões de representantes médicos, enfermeiros, chefes de serviço, principalmente quando novas medidas deverão ser implantadas.
 Áreas críticas do hospital: A C.C.I.H. deve preocupar-se com todas as áreas, considerando o Hospital com uma unidade. Algumas áreas, porém, pela finalidade a que se destinam, merecem atenção especial, tais como: 
·  Berçário;
· Centro cirúrgico;
· Centro obstétrico;
· Centro de recuperação pós-anestésica;
· Unidade de terapia intensiva;
· Centro de material e esterilização;
· Pediatria;
· Isolamento;
· Serviço de nutrição e dietética;
· Lavanderia
O Administrador na C.C.I.H: O Administrador do hospital, responsável pela segurança dos pacientes conscientizado da gravidade do problema da infecção hospitalar, deve, não somente incentivar a criação da C.C.I.H., como também, tomar parte da mesma.
Entre as suas atividades como membro da comissão, destacam-se:
· Manter um serviço de vigilância sanitária para o pessoal;
· Oferecer condições para identificação dos agentes etiológicos pelos Serviços de Análises Clínicas;
· Estimular os serviços médicos, de enfermagem, Nutrição e Dietética, Lavanderia, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento a tomarem parte na elaboração de normas e rotinas referentes à prevenção e controle das infecções;
· Estabelecer critérios exigentes para a indicação dos responsáveis pelos Serviços de Limpeza e Lavanderia, para através da qualificação destes, reduzir a freqüência das infecções:
· Permitir a compra de antissépticos e desinfetantes que atendam os critérios estabelecidos pela Comissão;
· Tomar compulsória, a notificação das infecções à C.C.I.H. pelos profissionais da equipe de saúde;
· Dar condições materiais e humanas para que a comissão possa desenvolver seus trabalhos;
· Assessorar nas construções e reformas do Hospital para facilitar a implantação das medidas de redução de infecções.
 A chefia de Enfermagem na C.C.I.H: A Enfermagem representa papel importante no controle de infecções porque mantém maior contato com os pacientes. Assim, a Enfermagem através de sua chefia, poderá prestar valiosa colaboração à C.C.I.H. assumindo responsabilidades como as que seguem:
· Cooperação consciente na elaboração das normas, rotinas e técnicas adotadas pela Comissão;
· Orientação e supervisão do pessoal na execução das normas e rotinas elaboradas pela comissão;
· Elaboração das normas e rotinas referentes às técnicas de Enfermagem;
· Realização de trabalhos de investigação para certificar-se da observância das normas e rotinas;
· Programação e realização de cursos de atualização no que concerne à prevenção e a controle de infecções;
· Assessoria nas construções e reformas do Hospital para possibilitar a implantação das medidas de prevenção e controle das infecções;
· Ampliação dos conhecimentos sobre antissépticos e desinfetantes;
· Conscientização dos pacientes, visitantes e servidores sobre os perigos das infecções hospitalares e a importância de sua participação na prevenção das mesmas.
RECOMENDAÇÕES: Considerando as vantagens que oferece a redução das infecções hospitalares, entre outras diminuição do risco de mortalidade e morbidade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pacientes o que resulta na maior rotatividade dos leitos, recomenda-se:
 Aos órgãos deliberativos das Instituições de Saúde que:
· Criem Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, a curto e médio prazo levando em consideração os problemas específicos de infecção de cada Unidade Hospitalar;
· Promovam cursos para Administradores, sobre infecção hospitalar, conscientizando-os do problema;
· Forneçam os subsídios necessários a manutenção do funcionamento das C.C.I.H. em nível adequado.
 Aos administradores dos Hospitais que:
· Mantenham-se atualizados sobre o problema das infecções hospitalares;
· Participem das C.C.LH dos seus hospitais;
· Apoiem e estimulem os membros da comissão;
· Liberem elementos participantes da Comissão, para suas atividades, de acordo com o volume de seus trabalhos;
· Providenciem recursos materiais e financeiros para garantir o funcionamento da Comissão;
· Colaborem na educação e orientação formal e informal, permanente e obrigatória, de todos os servidores do hospital através de programas de atualização e/ou de treinamento.
 Considerando a importância da existência de normas e rotinas que determinem a atuação do pessoal de Enfermagem na execução de procedimentos técnicos; a necessidade da orientação e supervisão na execução das mesmas, recomenda-se:
Aos chefes de Serviços de Enfermagem que:
· Tomem parte ativa na Comissão designando um enfermeiro em horário integral;
· Colaborem na elaboração de normas e rotinas especificas de Enfermagem;
· Supervisionem e orientem a execução fiel das mesmas;
· Na atualização e treinamento do pessoal de Enfermagem.
Considerando que os servidores da Instituição de Saúde constituem a massa crítica diretamente responsável pela execução de atividades visando diminuir os riscos de infecção hospitalar, recomenda-se:
A todos os servidores do Hospital que:
· Mantenham-se atualizados sobre o problema das infecções hospitalares;
· Participem dos cursos de atualização e/ou treinamento oferecidos;
· Cumpram rigorosamente as normas estabelecidas pela comissão;
· Sigam rigorosamente as rotinas estabelecidas pela comissão.
 Considerando que as Instituições de saúde se caracterizam como "campo" de elevada importância na formação de futuros profissionais da área da saúde e que a presença de acadêmicos deverá contribuir para manutenção no controle das infecções hospitalares recomenda-se:
As Instituições de Ensino que:
· Instruam seus professores e alunos acerca das normas e rotinas estabelecidas pela comissão;
· Providenciem para que as mesmas sejam rigorosamente cumpridas pelos corpo docente e discente.
CRITÉRIOS PARA IDENTIICAÇAO DE INFECÇÕES HOSPITALARES
I - INFECÇÃO NAO INSTITUCIONAL, não hospitalar ou comunitária, define-se como a Infecção constatada no ato da admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital.
II - INFECÇÃO INSTITUCIONAL, hospitalar ou nosocominal, define-se como. Qualquer infecção que não tenha sido diagnosticada no ato da admissão do paciente e que tenha se manifestado durante a internação ou mesmo depois da alta quando puder ser correlacionada com a hospitalização.
III - CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO INSTITUCIONAL
1. Normas gerais
· Quando, depois de internado com infecção comunitária, o paciente apresentar sinais e sintomas clínicos de uma infecção em local diferente, ainda quando se tratar do mesmo germe, o, caso deverá. ser classificado como infecção hospitalar.
· Quando, no mesmo local da infecção diagnosticada no ingresso do paciente no hospital, for isolado um geme diferente, ocaso deverá ser considerado como infecção hospitalar.
2- Infecção urinária
· Assintomática: confirma-se o diagnóstico com a presença de 100.00 micro-organismos por mililitro de urina, recente, na ausência de qualquer sintoma clinico. Caso o paciente tenha tido admitido com bacteriúria e a cultura posterior revelar a existência de um micro-organismo diferente em número significativo, será considerada infecção urinária institucional.
· Sintomática: confirma-se quando forem registrados pelo menos um dos seguintes elementos: a) 10.00 germes por mililitro de urina recente; b) presença de germes em esfregaço. de urina. recente não centrifugada corada pelo Gram; c) pruria, revelando número superior a 10 piócitos por campo.
3-Infecções respiratória
· Do trato respiratório superior: manifestações clínicas do nariz, garganta ou ouvido, boladas ou combinadas.
· Do trato respiratório inferior: sinais é, sintomas clínicos, como tosse, dor pleural, febre e outras secreções, são consideradas suficientes para o diagnóstico, mesmo na ausência de exames radiológicos ou cultura, de escarro. A existência de escarro purulento, com ou sem Isolamento de micro-organismo patogênico com exame radiológico compatível, configura caso de infecção institucional.
4- Gastroenterites institucionais: nos casos em que o período de incubação for conhecido (salmonelose, por exemplo) somente serão considerados casos de infecção institucional aqueles em que o tempo de internação for superior ao tempo de incubação da doença.
5-Infecções cutâneas institucionais
· Infecções em queimados: o simples isolamento de micro-organismos patogênicos é insuficiente para o diagnóstico, tornando-se Indispensável a existência de secreção purulenta na lesão bem como sinais de bacteriemla, para caracterizar a infecção.
· Infecções cirúrgicas: qualquer ferida cirúrgica que drene material purulento, com ou sem cultura positiva, deve ser considerada como uma infecção institucional, independente de cogitação quanto à origem dos micro-organismos, se endógenos ou exógenos.
· Outras infecções cutâneas: dermatites, úlceras de decúbito, quando desenvolvidas depois da admissão do paciente, serão classificadas como infecções institucionais. Em pacientes admitidos com infecções cutâneas ou subcutâneas, o isolamento de um micro-organismo diferente deverá constituir elemento para classificar o caso como infecção institucional.
6. Outras infecções hospitalares
· Bacteriemias: ocorrendo depois da admissão do paciente, documentadas com cultura, devem ser classificadas como infecção hospitalar.
· Infecções por cateter intravenoso ou agulha: drenagem purulenta depois de manipulação e emprego de cateter intravenoso ou punção, deve ser considerada infecção hospitalar, mesmo na ausência de cultura positiva.
· Endometrites: ocorrendo durante a internação, devem ser consideradas institucionais, caracterizando-se por supuração cervical acompanhada de cultura positiva de germe patogênico ou de manifestação sistêmica de infecção.
· Infecções intra-abdominais: apendicites, colecistites e diverti-ticulites não devem ser consideradas infecções institucionais.
Indicadores de Infecção Hospitalar em hospitais:	
Trata-se de um estudo transversal e descritivo, realizado nas CCIH dos serviços de saúde do município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil, recrutados pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), categorizados em: hospitais públicos, privados ou filantrópicos, gerais ou especializados, com leitos de internação. Identificaram-se 16 CCIH, mas a amostra foi composta de 14 serviços devido à recusa de duas instituições em participar.
Os dados foram coletados no período de dezembro de 2015 a janeiro de 2016, por meio de entrevista estruturada aos membros das CCIH de cada serviço participante, aliada à análise dos documentos referentes ao PCIH apresentados na visita à instituição, depois do contato e autorização formal do diretor.
Como instrumentos para coleta de dados, foram utilizados indicadores construídos e validados os quais abordam indicador de avaliação da estrutura técnico-operacional do PCIH (PCET), diretrizes operacionais de prevenção e controle de IH (PCDO), sistema de vigilância epidemiológica de IH (PCVE) e atividades de controle e prevenção de IH (PCCP).
Esses instrumentos apresentam uma classificação própria para a fundamentação teórico-científica e uma pontuação de relevância para cada item de avaliação, obtida por consenso dos especialistas durante validação, para cálculo de conformidade. Além do cálculo de conformidade total e não conformidade, foi considerada a conformidade parcial quando os serviços de saúde apresentaram apenas parte da documentação exigida ou apresentaram documentação desatualizada, assim como o critério “não se aplica” para os itens não disponíveis nos serviços avaliados.
Para a caracterização dos serviços de saúde participantes em relação ao porte, tipo de atendimento, certificação de qualidade, natureza jurídica, disponibilidade de UTI, composição e estrutura da CCIH, foram utilizados instrumentos previamente formulados-cujas questões foram organizadas para melhor atendimento aos objetivos desta pesquisa..
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob o Parecer n.º 1.327.464/2015 (CAAE − 49127215.0.0000.0021), de acordo com a Resolução 466/12.
RESULTADOS:
Entre os 14 hospitais que participaram da pesquisa, 57,14% eram gerais, 64,28% de pequeno porte e 50,00% de entidade mantenedora privada. Apenas uma instituição (7,14%) apresentou certificação de qualidade em saúde, concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), nível I. Em relação à disponibilidade de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), houve predomínio de unidades adultas (57,10%), bem como de instituições que não contavam com UTI (35,70%).
Todos os hospitais tinham CCIH constituída (100%), em 64,20% deles por um período superior a 9 anos. Tais CCIH eram compostas de funcionários do próprio hospital, os terceirizados realizavam apenas a alguns Serviços de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), os quais também contavam com o apoio de estagiários de enfermagem. Os médicos atuavam, em média, havia 6 anos na maioria das CCIH, e os enfermeiros, 3 anos.
Ao se aplicarem os instrumentos para a avaliação dos processos referentes ao PCIH dos hospitais, os melhores resultados foram evidenciados nos indicadores referentes à estrutura técnico-operacional (PCET) e ao sistema de vigilância epidemiológica de IH (PCVE), com médias de conformidade de 80,58% e 81,59%, respectivamente.
Os indicadores referentes às diretrizes operacionais (PCDO) e às ações de prevenção e controle de infecção (PCCP) apresentaram, de maneira geral, resultados abaixo do esperado, com respectivas médias de conformidade de 60,77% e 63,44%, distantes da média recomendada (100,0%).
Identificou-se ainda que não há uniformidade nas rotinas implantadas nos hospitais, pois em cada indicador houve variações significativas entre os itens avaliados, alguns deles com resultados excelentes, e outros, aquém do ideal.
Ao considerar a conformidade de cada item do instrumento que avaliou a estrutura técnico-operacional do PCIH, identificou-se que as maiores inadequações referiram-se à não existência de profissionais de nível superior exclusivos para as atividades de prevenção e controle de infecções, além de o espaço físico destinado ao setor não estar adequado. Tais itens estão em desacordo com a legislação vigente.
DISCUSSÃO
A presente pesquisa evidenciou que os indicadores de estrutura e processo dos PCIH nas instituições hospitalares estudadas apresentaram, de maneira geral, resultados abaixo do esperado, correspondente a 100%. O melhor desempenho foi obtido dos indicadores de avaliação da estrutura técnico-operacional e do indicador de avaliação do sistema de vigilância epidemiológica.
Nessa conjuntura, a adoção de indicadores de avaliação dos PCIH dos hospitais de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, tornou-se uma importante ferramenta que evidenciouque as CCIH, em sua maioria, estavam constituídas conforme legislação vigente, embora os PCIH precisem ser adequados no tocante às diretrizes operacionais e atividades relacionadas à prevenção e ao controle da IH, ambos com conformidade próxima a 60,0%.
Adiciona-se que, considerando o alto percentual de adesão (87,5%) das instituições convidadas, os resultados desta pesquisa refletem o diagnóstico dos PCIH no município, podendo ser útil para o estabelecimento de um panorama da situação desses programas no país, favorecendo a tomada de políticas públicas. Pesquisa análoga, realizada no município de Ribeirão Preto, SP, Brasil, obteve percentual de participação semelhante (81,2%).
Outras avaliações do diagnóstico dos PCIH em regiões do Brasil chegaram a resultados similares aos encontrados neste estudo, com maiores inconformidades nos mesmos indicadores. Todavia, estudo realizado no município de São Paulo, SP, Brasil, obteve, em todas as avaliações, resultados superiores aos da presente investigação e bem próximos do ideal, apesar do baixo percentual de participação das instituições convidadas (31%).
No que concerne à avaliação da estrutura técnico-operacional, seis hospitais atenderam a todos os itens avaliados em relação aos recursos humanos, administrativos e espaço físico, e uma instituição comportou-se como outlierao apresentar apenas 30,76% de conformidade, em detrimento de uma média geral de 80,58%, resultando em um elevado desvio-padrão.
Ainda no que diz respeito à avaliação da estrutura técnico-operacional, percentual elevado dos hospitais (42,8%) referiu a não disponibilidade de profissionais exclusivos e em número adequado para as atividades, além de apresentar espaço físico destinado à CCIH compartilhado com outros setores administrativos (35,7%). Esse panorama opõe-se às orientações da legislação nacional, e também é evidenciado em outros estudos realizados no Brasil. Pesquisa desenvolvida em Catalunha, Espanha, também apontou deficit de horas/profissionais para as atividades voltadas ao controle de IH, mencionando que os recursos humanos eram mínimos.
De acordo com a legislação brasileira, deve haver pelo menos dois profissionais de saúde de nível superior para cada 200 leitos trabalhando como membros executores da CCIH, ou seja, realizando as ações previstas no PCIH. A legislação orienta, ainda, que um deles seja preferencialmente um enfermeiro com jornada de 6 horas diárias. Estudo realizado em Vancouver, Canadá, aponta que o suporte de pessoal e financeiro é imprescindível para um programa de controle de infecção efetivo, além do engajamento do pessoal envolvido no processo. Nesse sentido, estudo multicêntrico realizado na Índia também reforça que oapoio institucional é fundamental para a efetiva implementação de programas de controle de infecção, por garantir recursos adequados em nível de pessoal, tarefas e organização.
A avaliação das diretrizes operacionais de prevenção e controle de infecção hospitalar, sob a forma de manuais, regimentos, resoluções e outros, revelou, por meio do instrumento PCDO, os resultados mais baixos de conformidade diante de todos os instrumentos da presente pesquisa. Houve resultados bastante discrepantes entre algumas instituições, de forma que apenas uma obteve êxito em todos os itens da avaliação, enquanto outra instituição atingiu somente 20,0%. Entre os 17 itens deste instrumento, oito apresentaram percentual de conformidade inferior a 50%, sendo as menores médias relativas às recomendações para a lavagem e higienização de roupas (21,4%) e à técnica de coleta de material para culturas (28,5%).
Esse achado é preocupante, uma vez que roupas e vários artigos (canetas, termômetros, estetoscópios e outros) utilizados para o cuidado em saúde são contaminados. Apesar da fragilidade dos estudos na área, já se comprovou a contaminação de aventais, uniformes e jalecos com bactérias resistentes isoladas de pacientes hospitalizados. Isso reforça a necessidade de recomendações e ações da CCIH para interromper e minimizar o potencial patogênico exercido por essas vestimentas.
A maior conformidade relacionou-se com a recomendação para higienização das mãos (92,80%), que, embora presente na maior parte dos hospitais participantes, deve continuar sendo enfatizada como fundamental nas estratégias de segurança do paciente e dos profissionais.
Em relação às recomendações de prevenção de infecções relacionadas aos tratos respiratório e urinário, de corrente sanguínea e sítio cirúrgico, prevaleceram hospitais com inadequações ou que não as apresentaram (60%), resultado que corrobora achados de outro estudo realizado no Brasil.
Inadequações nos critérios diagnósticos podem ocasionar taxas de incidência de infecção superior ou subestimadas, mascarando a vigilância desse agravo e comprometendo a implementação de medidas de controle da IH. As instituições de saúde são estimuladas a aderir a recomendações de consenso, oferecer educação e treinamentos adequados, além de supervisionar as equipes como estratégias de melhoria no processo de redução dos riscos.
Ainda no que concerne à avaliação de diretrizes operacionais, um número limitado de instituições apresentou rotinas escritas para orientar condutas de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais e artigos, fato alarmante, tendo em vista que desde março de 2012 existem orientações formais para a adequação dessa área nos serviços de saúde brasileiros. Reforça-se que é atribuição da CCIH supervisionar e acompanhar tais referenciais teóricos da instituição, direcionando esforços para o cumprimento correto deles.
A avaliação realizada por meio do instrumento PCVE, referente ao sistema de vigilância epidemiológica contemplado nos PCIH, apresentou resultado mais favorável nesta pesquisa, com média geral de conformidade de 81,59%. Esse resultado é superior ao de um estudo realizado no estado do Paraná, Brasil, (76,00%) e inferior a outros dois, um realizado em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, (83,72%) e outro em São Paulo, SP, Brasil (99,40%).
Nesse quesito, 10 hospitais apresentaram conformidade igual ou superior a 90,0%, um apresentou 22,3%, enquanto os demais hospitais apresentaram resultados inferiores a 60,0%. A inconformidade destacada neste instrumento refere-se ao fato de os relatórios epidemiológicos não mencionarem as intervenções realizadas e/ou necessárias diante de cada desfecho. De acordo com a Portaria n.º 2.616/98, além de todas as alterações detectadas na prática epidemiológica, é necessário descrever as estratégias adotadas para a melhoria dessa prática. Esses achados são semelhantes aos obtidos em estudos realizados em Ribeirão Preto, SP, Brasil 46,15%) e Paraná, Brasil (70,00%), mas são inferiores ao reportado por estudo realizado no município de São Paulo, Brasil (98,00%) .
A avaliação das atividades de prevenção e controle de IH executada no PCIH dos hospitais, por meio do instrumento PCCP, evidenciou uma conjuntura insatisfatória no município estudado, visto que a média de conformidade foi baixa (63,4%). Somente um hospital apresentou ações em todos os setores questionados e aplicáveis à instituição (100%), e outros seis registraram média superior a 80%. Destaca-se ainda que três hospitais apresentaram desempenho inferior a 30%, limitando suas atividades apenas às Unidades de Internação, ao Centro Cirúrgico e à Farmácia. É de suma importância que as atividades da CCIH contemplem todos os setores, na tentativa de favorecer a aplicação adequada de normas e rotinas com vistas à prevenção de IH.
Outro item avaliado nos hospitais foi a participação da CCIH nas decisões técnicas para especificação e compra de produtos e correlatos, e evidenciou-se que apenas 57,10% da amostra tem essa rotina formalmente implantada. Dois hospitais (14,20%) relataram a participação da comissão, porém não apresentaram comprovação com atas de reuniões, pareceres e outros. Faz parte de um bom PCIH que a CCIH defina, juntamente com o serviço de farmácia, protocolos referentes ao uso de antimicrobianos, germicidas, materiais médico-hospitalarese outros para o serviço de saúde.
Nesse cenário, é relevante que o controle da IH não seja um programa isolado, mas sim parte integrante de uma assistência de qualidade e da segurança do paciente, visto que inúmeros desafios se fazem presentes para tornar o cuidado mais seguro, necessitando associar as práticas ao ensino e à pesquisa.
É oportuna e necessária a realização de novos estudos, com o objetivo de mapear a realidade do município para subsidiar políticas públicas de melhoria das práticas de controle de IH. É sugerido que a aplicação de indicadores de avaliação dos PCIH incorpore a rotina de avaliação nos serviços de saúde, abrangendo auditorias internas e inspeções sanitárias.
Esta pesquisa apresenta limitações inerentes ao delineamento metodológico (estudo descritivo), o qual não permite avaliar relações de causa e efeito. Adiciona-se ainda o fato de ter sido realizada em apenas um município, o que pode dificultar a generalização dos achados. Além disso, a etapa documental baseou-se em pesquisa de dados secundários e pode ser passível de imprecisões de informação.
CONCLUSÃO
A infecção hospitalar é um grave problema de saúde pública e representa um grande desafio a ser enfrentado pelo poder público para execução das ações de prevenção e controle de Infecção nas Instituições hospitalares.
A realidade de muitos hospitais ainda é deficiente sob aspectos relativos as questões sanitárias legais e normativas principalmente, quando se trata da existência de Comissões e de Programas de Infecção hospitalar para aplicação de medidas de prevenção.
As Infecções hospitalares são sérias ameaças à segurança dos pacientes hospitalizados, constituindo-se nas mais frequentes e insidiosas complicações. Ademais, contribuem para elevar as taxas de morbidade e mortalidade, aumentam os custos de hospitalização, mediante o prolongamento da permanência e gastos com procedimentos diagnósticos e terapêuticos, não negligenciando o tempo de afastamento do paciente de seu trabalho.
Em 1863, a enfermeira Florence Nightingale contribui com procedimentos de cuidados relacionados aos pacientes e ao ambiente, com a finalidade de diminuir os riscos da infecção hospitalar. Florence solicitava que as enfermeiras mantivessem um sistema de relato dos óbitos hospitalares com o objetivo de avaliar o serviço. Essa atitude provavelmente constituiu-se na primeira referência à vigilância epidemiológica, tão usada atualmente nos Programas de Controle de Infecção Hospitalar. - o problema das infecções hospitalares se reveste, na nossa realidade, de uma importância transcendental.
 No Brasil, as primeiras referências ao controle da contaminação hospitalar, termo utilizado na época, surgiram na década de 50, aproximadamente em 1956, com questionamentos quanto a medidas ambientais, práticas relativas aos procedimentos invasivos como as técnicas assépticas, processos de esterilização de material hospitalar e o aparecimento de microrganismos resistentes pelo uso indiscriminado de antibióticos. Nas escolas médicas, esta temática era pouco abordada, fato que persiste ainda nas instituições formadoras de profissionais de saúde.
Em 1985, a morte do recém-eleito Presidente da República, Tancredo Neves, por septicemia devido a uma infecção pós-cirúrgica, causou grande repercussão nacional, corroborando para que o Ministério da Saúde implementasse ações e projetos que mudassem o panorama e os rumos do controle de infecção no país. Desencadearam-se ações como o levantamento das instituições brasileiras que já tinham CCIH operacionalizadas, capacitação de multiplicadores, intercâmbio de conhecimentos entre os profissionais de saúde, elaboração de manuais e normas técnicas. Em 1989 ocorreu o I Congresso Brasileiro sobre Infecção Hospitalar em São Paulo, como consequência do desenvolvimento desse conhecimento entre os profissionais e na constituição de um novo mercado de trabalho que se criava.
Considerando o impacto das IH, é imprescindível que os hospitais constituam Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), conforme orienta a legislação brasileira, baseando-se na Portaria n.º 2.616/98, que visa à implantação e execução de Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) para reduzir os índices de infecção a um nível aceitável, tornando-se alicerce para um atendimento de excelência e de comprometimento com a segurança do paciente.
A existência de uma C.C.I.H. proporciona a elevação da qualidade da assistência aos pacientes nos níveis de promoção, proteção, recuperação e reabilitação);
Economicamente, a existência de uma C.C.LH. Elevará a produtividade em função da diminuição da média de permanência e da maior rotatividade e ocupação dos leitos;
 Independentemente do número de leitos e de profissionais lotados em cada Instituição de Saúde, é viável a implantação e funcionamento de uma C.C.LH., desde que sejam feitas adaptações de acordo com a realidade;
Enfatiza-se, assim, a necessidade de os hospitais adotarem estratégias de contínua avaliação da efetividade dos Programas de Controle de Infecção Hospitalar e o seu impacto na qualidade do cuidado em saúde, visto que tais programas são imprescindíveis para a segurança do paciente e carecem de melhorias para o aprimoramento da prática assistencial. 
Somente através de uma equipe de saúde educada treinada e cobrada quanto as recomendações de precauções é que será possível a prevenção das infecções hospitalares, sendo necessário que, todos os profissionais aceitem e cumpram todas as normas estabelecidas pela CCIH. 
Referências Bibliográficas
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www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71671978000200182
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072004000500009
http://www.saude.rs.gov.br/
wwwhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672006000500021 w.saude.pr.gov.br/arquivos/File/faq_infeccao_hospitalar_final.pdf
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