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Trabalho de Hermenêutica - Formas de Manifestação do Direito

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UNIÃO PIONEIRA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (UPIS)
CAMPUS ASA SUL - DISTRITO FEDERAL
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: HERMENÊUTICA
PROFESSOR: BRUNO RODRIGUES
ESTUDANTES:
Ana Catarina F. D. de Oliveira - 21153076-0
Any Caroline Xavier Silva - 22153021-5 
Gustavo Fragoso - 15153030
Heloísa Pereira da Silva - 22153022-3
Júlia Lopes Sousa - 22153014-2
Sidney Curcino da Silva - 19251017-7
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO DIREITO: OS ENUNCIADOS JURÍDICOS: Linguagem comum e técnica, linguagem jurídica, Dimensão axiológica do Direito, Tridimensionalidade do Direito e Postura valorativa do intérprete e do aplicador do Direito
Brasília, DF
2022
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO DIREITO
	Cada ciência possui uma linguagem, conforme leciona Miguel REALE (2001) que postula que os juristas falam uma linguagem própria e devem ter orgulho de sua linguagem multimilenar, dignidade que bem poucas ciências podem invocar. Em seu livro, o digno professor faz uma análise da palavra “competência”, que possui no mundo jurídico, um sentido técnico especial. Pelos seus ensinamentos, pode-se dizer que um juiz é competente para julgar as causas, quando por força de dispositivos legais da organização judiciária, tem poder para examinar e resolver determinados casos, porque competência, juridicamente falando, é “a medida ou a extensão da jurisdição” (REALE, 2001).
	A linguagem é um conjunto de signos naturais e artificiais (CRUZ, 2002). 	O Direito é constituído de um conjunto de normas, expressadas por meio de textos escritos e transmissão oral que também formam um tipo de linguagem. Quando se fala de linguagem, é preciso lembrar que existem três aspectos relevantes: a sintática (signo + signo); a semântica (signo + referente - a imagem convencionada culturalmente), e por fim, a pragmática (signo + contexto e usuário), (CRUZ, 2002).
Quando se tenta analisar o tipo de linguagem utilizada no Direito é preciso saber que existem dois tipos: natural e técnica. A linguagem natural tem por característica, o instrumento de comunicação por excelência entre os seres humanos, não se preocupando com o rigor científico ou técnico, formando assim, uma linguagem espontânea (CRUZ, 2002).	Por outro prisma, a linguagem técnica tem um caráter científico, com signos determinados, ainda que sua base seja a linguagem natural.
Dimensão axiológica do Direito
	A interpretação axiológica guia a interpretação jurídica, (SOUTO, COUTINI, ROGÉRIO, EBAID, 2017). Ocorre que o Direito não se interpreta por si só, e para que ele seja aplicado, é necessário que seja feita uma interpretação. É importante salientar que cada teórico da constituição é importante para compor a dimensão axiológica do Direito. Um dos primeiros teóricos a se dedicar ao estudo da constituição foi Aristóteles. O consagrado filósofo enveredou-se no estudo das artes, da política, da ética e do Direito. De acordo com Albergaria (2011), acredita-se que Aristóteles tenha escrito 158 Constituições, contudo, apenas a Constituição de Atenas (1879 d.C.) fora descoberta.
Após a Revolução Francesa, e com o surgimento do Código Napoleônico, a Escola da Exegese se torna uma das primeiras correntes de pensamento juspositivista na França do século XIX (LIMA, 2008), exercendo, ainda hoje, influência nas práticas jurídicas dos países de tradição romano-germânica. Nesta escola, a interpretação era apenas gramatical, pois para os estudiosos desta época, o código era claro e preciso, (FRANCO, 2022).
A Escola Histórica do Direito é uma escola que aprecia a jurisprudência, pois defendem a ideia de que o Direito se formava não somente pelo código, mas pelas tradições, pelas lendas, pela religião, pelos costumes. Buscavam na história dos povos a construção do Direito. O maior nome desta importante escola é o respeitado jurista Friedrich Carl Von Savigny (1779 – 1861), responsável pela criação e pelo desenvolvimento do conceito de relação jurídica. Para Savigny, o direito é uma ciência que deve ser construída histórica e filosoficamente, e o seu país não se encontrava em condições culturais particularmente felizes que possibilitasse uma codificação, pois estavam passando por um período de decadência, principalmente no que diz respeito à ciência jurídica, (Bobbio, p. 61, 1909). Com esse pensamento, a Escola Histórica de Direito diverge da Escola da exegese, (FRANCO, 2022).
Outro importante nome é Ferdinand Lassalle. De origem judaica, foi considerado um precursor da social-democracia alemã. Cunhou o conceito sociológico. Em seu livro “Que é uma Constituição?” onde defende que uma Constituição só é legítima se representar o efetivo poder social. Essa é uma obra fantástica, escrita também em linguagem simples, de fácil acesso. A constituição para Ferdinand Lassalle, necessariamente precisa de uma aprovação legislativa, ou seja, também tem que ser lei. A Constituição é a forma dos fatores reais do poder que regem um país, (FRANCO, 2022).
No artigo de SOUTO, COUTINI, ROGÉRIO, EBAID, (2017), é possível ver a interpretação das normas e incidências axiológicas através do pensamento de Kelsen, uma concepção que distanciava qualquer influência de valores na aplicabilidade do Direito, o que resulta na pureza e no positivismo jurídico. Outra forma de interpretar, trazida pelos pesquisadores supracitados, é o pensamento Hartiano. Hart deixa evidente a moralidade atrelada ao direito. Para o jurista, a função do Direito criminal é impor o princípio moral e nada mais.
	Continuando a lista de teóricos que interpretam o direito, temos o pensamento Dworkiniano. Ronald Dworkin buscou desenvolver métodos interpretativos, para potencializar, positivamente, a aplicabilidade do Direito nos casos concretos, ou seja, a subsunção. Buscou elaborar uma filosofia liberal do Direito, preocupando-se, acima de tudo, com o princípio da igualdade, remetendo-o ao entendimento moral de que, na própria igualdade que tanto se espera o limite que deve ser imposto à liberdade coletiva, 5 ou seja, de toda a sociedade na qual o ser humano está imerso.
Tridimensionalidade do Direito.
Segundo essa teoria, o Direito é composto por três dimensões: a dimensão normativa (o Direito é entendido como ordenamento), dimensão fática, (o Direito é tido como realidade social histórico-cultural) dimensão axiológica, (o Direito é valorativo). É como Miguel Reale propôs a interação entre esses três fatores que alcançou reconhecimento internacional entre os grandes nomes do Direito atual, (MARTINS, 2010).
O fato, valor e norma.
	A partir da teoria criada por Miguel Reale que pressupõe que fato, valor e norma estão sempre presentes e correlacionados em qualquer expressão da vida jurídica. (MARTINS, 2010). Por essa teoria, filósofos, juristas, sociólogos vão estudar em conjunto o Direito, pois estão relacionados à realidade da vida. Pelos ensinamentos de Martins (2010), uma sentença judicial deve ser apreendida segundo uma experiência axiológica concreta e não apenas como um ato lógico que é resultado de um silogismo. É dessa forma que Reale evidencia que “é necessário aprofundar o estudo dessa “experiência normativa”, para não nos perdemos em cogitações abstratas, julgando erroneamente que a vida do Direito possa ser reduzida a uma simples inferência de Lógica formal, como a um silogismo, cuja conclusão resulta da simples posição das duas premissas. O Direito é a ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na medida do bem comum, (REALE, 2001, p.55).
	Para REALE (2001), o Direito é apenas um ramo do conhecimento que não pode ser analisado de maneira distante, mas sim de forma que os elementos fato, valor e norma estejam integrados e se envolvam de maneira dinâmica para se alcançar o resultado científico satisfatório e justo.
A maior preocupação do teórico ao criar sua visão tridimensional do Direito foi a de passar a sociedade que não dá para imaginar as leis, o ordenamento que deve ser seguido por um povo, sem levar em conta a cultura, os hábitos, os eventos sociais, o dia a dia social, é indispensável para a criação das leis justas que o Fato Socialesteja englobado no processo de aprimoramento das Normas, e tudo isso juntamente com a aplicação valorativa, que pode se dizer que é a Justiça propriamente dita. (MARTINS, 2010). 
 O Direito, (REALE, 2001), não visa a ordenar as relações dos indivíduos entre si para satisfação apenas dos indivíduos, mas, ao contrário, para realizar uma convivência ordenada, o que se traduz na expressão: "bem comum". No mundo jurídico, nenhuma sentença é a Justiça, mas um momento de Justiça. Se o valor e o fato se mantêm distintos, exigindo-se reciprocamente, em condicionalidade recíproca, podemos dizer que há entre eles um nexo ou laço de polaridade e de implicação. (MARTINS, 2010).
Para Reale, (2001), cada esforço humano de realização de valores é sempre uma tentativa e não uma conclusão. Em um processo, nascem dois processos, denominado “processo dialético de implicação e polaridade”, ou “processo dialético de complementariedade”, peculiar a cultura. Por essa razão, informa Martins (2010), o Direito é compreendido pelo resultado de um movimento dialético, de um roteiro que está sendo escrito a cada minuto, submetido às mudanças e aos acontecimentos que oscilam todo tempo. É com esta visão que as normas devem ser analisadas, visando atender as expectativas do universo axiológico e com o objetivo de alcançar o bem comum de toda a sociedade. 
A tridimensionalidade, ao analisar a experiência jurídica visa atualizar os valores e aperfeiçoar o ordenamento jurídico para adequá-los às novas exigências da sociedade. Portanto a teoria tridimensional do Direito está inserida num processo essencialmente dialético, onde as regras jurídicas são compostas do material vivo da história, pois a realidade cultural e histórica de uma sociedade é resultado das experiências do homem no meio em que vive, (MARTINS, 2010).
Postura valorativa do intérprete e do aplicador do Direito
	Pelos ensinamentos de Reale (2001), com o advento do Código Civil de Napoleão, surge o Código Civil, como expressão da vontade comum, não admitindo qualquer concorrência por parte dos usos e costumes e, também, por parte de elaborações legislativas particulares. A lei desponta como plano tão alto que passou a ser a única fonte de direito. O problema da Ciência do Direito resolveu-se, de certa maneira, no problema da interpretação melhor da lei. Para Reale (2001), haviam duas verdades paralelas: o Direito positivo é a lei; e, uma outra: a Ciência do Direito depende da interpretação da lei segundo processos lógicos adequados. Foi por este motivo que a Escola da Exegese foi criada, pois a lei passou a ser objeto de estudos sistemáticos. Para esta corrente, a lei positiva era a ferramenta onde se encontra a possibilidade de solucionar todos os eventuais casos ou ocorrências da vida social. Tudo está em saber interpretar o Direito, informa Reale (2001).
	Em oposição à Escola da Exegese, a Escola Histórica de Savigny foi inspiração para a chamada Interpretação histórica.
Sustentaram vários mestres que a lei é algo que representa uma realidade cultural, ou, para evitarmos a palavra cultura, que ainda não era empregada nesse sentido, - era uma realidade histórica que se situava, por conseguinte, na progressão do tempo. Uma lei nasce obedecendo a certos ditames, a determinadas aspirações da sociedade, interpretadas pelos que a elaboram, mas o seu significado não é imutável. (REALE, 2001, p. 264).
	Uma compreensão progressiva da lei surgiu, movimento em oposição a interpretação histórica, Chamaram-se "pandectistas" os juristas germânicos que construíram, na segunda metade do século passado, uma poderosa Técnica ou Dogmática Jurídica. A "Escola dos Pandectistas", na Alemanha, corresponde, até certo ponto, à "Escola da Exegese", na França, no que se refere ao primado da norma legal e às técnicas de sua interpretação, (REALE, 2001).
	E por fim, a presente pesquisa falará sobre a Hermenêutica estrutural, uma vertente cujo primeiro cuidado consiste em saber qual a finalidade social da lei, no seu todo, pois é o fim que possibilita penetrar na estrutura de suas significações particulares, (REALE, 2001).
Estas considerações visam pôr em realce os seguintes pontos essenciais da hermenêutica estrutural: a) toda interpretação jurídica é de natureza teleológica (finalística) fundada na consistência axiológica (valorativa) do Direito; b) toda interpretação jurídica dá-se numa estrutura de significações, e não de forma isolada; c) cada preceito significa algo situado no todo do ordenamento jurídico. Essa interpretação segue os ensinamentos postulados por Jhering.
REFERÊNCIAS
ALBERGARIA, Bruno. História do Direito: evolução das leis, fatos e pensamentos. SP, Atlas, 2011.
CRUZ, Kelly Graziely. Linguagem: Qual a sua importância no Mundo Jurídico. 2002. Direito em debate.
FRANCO, Ana Catarina. Uma dança entre a história e a Teoria da Constituição. Portal Jurídico Viver Direito. Janeiro, 2022. Disponível em: https://viverdireito.net/2022/01/21/uma-danca-entre-a-historia-e-a-teoria-da-constituicao/
Acesso em: 12/04/2022.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Tradução: João Baptista Machado. 1960.
LIMA, Iara Menezes. Escola da Exegese. Revista Brasileira de Estudos Políticos, v. 97, jan. a jun. de 2008, pp. 105-122.
MARTINS, Paulo César Borges. Teoria Tridimensional do Direito. Revista âmbito jurídico. 2010. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-77/teoria-tridimensional-do-direito/#:~:text=Segundo%20essa%20teoria%2C%20o%20Direito,onde%20o%20Direito%20%C3%A9%20valorativo.
 Acesso em: 12/04/2022.
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25ª ed. 2001.
SOUTO, F.V.; COUTINI, ROGÉRIO, EBAID. Dimensão axiológica do Direito: Valores no multiverso Jurídico. Colloquium Sociallis, 2017. Disponível em: http://www.unoeste.br/site/enepe/2016/suplementos/area/Socialis/Direito/DIMENS%C3%83O%20AXIOL%C3%93GICA%20DO%20DIREITO%20VALORES%20NO%20MULTIVERSO%20JUR%C3%8DDICO.pdf
 Acesso em: 12/04/2022.
DIMENSÃO AXIOLÓGICA DO DIREITO: VALORES NO MULTIVERSO JURÍDICO Fabiana Vergílio Souto, Israel Matheus Cardozo Silva Coutini, Thais Fernanda Silva Rogério, Ana Augusta Rodrigues Westin Ebaid.
http://www.unoeste.br/site/enepe/2016/suplementos/area/Socialis/Direito/DIMENS%C3%83O%20AXIOL%C3%93GICA%20DO%20DIREITO%20VALORES%20NO%20MULTIVERSO%20JUR%C3%8DDICO.pdf
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-77/teoria-tridimensional-do-direito/#:~:text=Segundo%20essa%20teoria%2C%20o%20Direito,onde%20o%20Direito%20%C3%A9%20valorativo.

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