Buscar

A2 de direito contratual-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE DIREITO
Leticia dos Reis de Miranda
Atividade individual avaliativa de Direito Contratual (A2)
Rio de Janeiro – RJ
2021
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata-se de um estudo de caso com um importante tema para o âmbito do Direito Civil. Antes de dar o parecer jurídico sobre o conflito, e visando fundamentar as respostas da maneira mais clara possível, primeiramente, serão traçados os aspectos gerais de cada questão, com os respectivos dispositivos legais que regulam tais matérias, seguido de posicionamentos doutrinários acerca dos assuntos. Posteriormente, serão feitos comentário acerca da solução mais adequada para resolver os problemas, com base na lei e na doutrina. Por fim, para complementar este estudo, é de extrema importância apresentar uma jurisprudência sobre o tema proposto.
2. ASPECTOS GERAIS 
No caso em 	questão, um homem, chamado Antônio, comprou um automóvel de Benedito, e agindo de boa-fé, transferiu o domínio para o seu nome junto ao órgão competente. Entretanto, pouco tempo após a compra, uma financeira apreendeu o veículo, amparada em ação de busca e apreensão ajuizada por esta contra Benedito, uma vez que constatou-se que a documentação do automóvel havia sido adulterada. 
O foco principal deste estudo, é explicar contra quem Antônio deverá ajuizar a ação ao propor ação de indenização para receber o valor pago pelo carro, e se deverá fundamentá-la no vício redibitório, na evicção ou na fraude contra credores.
Embora o enunciado não deixe claro se Benedito agiu de má-fé ou não, é importante explicar que caso ele tivesse ciência da adulteração do documento, seu ato configuraria uma violação ao princípio da boa-fé objetiva. Tal princípio, nas relações de consumo, está relacionado ao dever das partes de agir com base em valores éticos e morais da sociedade. A boa-fé objetiva parte da própria lei e o legislador entende que uma pessoa que estabelece uma relação jurídica deve agir com lealdade, probidade, honestidade. 
Com base nos ensinamentos de Miguel Reale, pode-se afirmar que:
“A boa-fé objetiva apresenta-se como uma exigência de lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a própria conduta a esse arquétipo, obrando como obraria uma pessoa honesta, proba e leal. Tal conduta impõe diretrizes ao agir no tráfico negocial, devendo-se ter em conta, como lembra Judith Martins Costa, ‘a consideração para com os interesses do alter, visto como membro do conjunto social que é juridicamente tutelado’. Desse ponto de vista, podemos afirmar que a boa-fé objetiva, é assim entendida como noção sinônima de ‘honestidade pública.” (REALE, 2003, p. 4).
Para resolver este caso, também importante traçar a diferença entre vício redibitório, evicção e fraude contra credores, sendo assim, será feito um breve resumo sobre tais matérias.
O vício redibitório, tem previsão legal nos artigos 441 a 446 do CC e é um vício ou defeito oculto que torna a coisa imprópria ao uso ou diminui o seu valor, podendo o contratante rejeitá-la, exigir reparação ou abatimento no preço. Já a evicção, encontra previsão legal nos artigos 447 a 457 do CC e ocorre quando adquirente perde a posse ou a propriedade de um bem que se adquiriu, por determinação judicial, movida por outras partes, tornando-se evicto. Por fim, a fraude contra credores, prevista nos artigos 158 a 165 do CC, é a manobra maliciosa do devedor que aliena (diminui) o seu patrimônio, com o objetivo de não pagar o credor.
3. RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
Após analisar o problema e os aspectos gerais pertinentes ao tema, pode-se concluir que ao propor ação de indenização, Antônio deverá fundamentá-la na evicção, já que a apreensão e a perda do bem ocorreram em razão de uma decisão judicial, portanto, nesse caso, a lei garante ao adquirente a possibilidade de recobrar de quem lhe transferiu o domínio da coisa. 
Seguindo essa linha de raciocínio, o professor Flávio Tarturce tráz uma importante definição sobre este instituto:
A evicção pode ser conceituada como sendo a perda da coisa diante de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a atribui a um terceiro. Quanto aos efeitos da perda, a evicção pode ser total ou parcial. A matéria está tratada entre os arts. 447 a 457 do atual Código Civil.
De toda a sorte, é interessante deixar claro que o conceito clássico de evicção é que ela decorre de uma sentença judicial. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a evicção pode estar presente em casos de apreensão administrativa. (TARTUCE, 2013)
Nas palavras de Clóvis Beviláqua (p. 281), “evicção é a perda total ou parcial de uma coisa, em virtude de sentença que a atribui a outrem, por direito anterior ao contrato, de onde nascera a pretensão do evicto”.
Portanto, a evicção acontece quando o adquirente de um bem perde, total ou parcialmente a sua posse ou propriedade, em decorrência de decisão judicial fundada em motivo jurídico anterior à aquisição da coisa.
Nesse sentido, o art. 447 do CC dispõe que o alienante responde pela evicção, nos contratos onerosos. Portanto, com base nos dispositivos que tratam sobre a evicção, é possível responder a primeira pergunta, sendo assim, pode-se afirmar que ao propor ação de indenização para receber o valor pago pelo carro, Antônio deverá ajuizá-la apenas contra Benedito, uma vez que a financeira não teve culpa pelo ocorrido, já que estava amparada em ação de busca e apreensão ajuizada por ela contra o vendedor do veículo, sendo assim, a responsabilidade de indenizar Antônio será do alienante.
Vale ressaltar também, que o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou, também tem direito “à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído”, conforme prevê o art. 450 do CC.
4. JURISPRUDÊNCIA
Para enriquecer este estudo, é extremamente relevante apresentar uma jurisprudência que tenha relação com o caso aqui apresentado.
Na Apelação n° 0014940-74.2011.8.26.0554, que decorreu do julgamento feito pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em 2013, tendo como relatora o Desembargador Edgard Rosa, se discutia um caso parecido com o que está sendo estudado no presente trabalho. No caso em questão, o autor da ação, comprou da ré um veículo pelo preço de R$ 38.359, que foi pago e registrado em seu nome, sem constar qualquer gravame sobre o bem. 
O automóvel foi utilizado por quase dois anos sem qualquer problema, entretanto, no dia 1° de setembro de 2010, foi penhorado por oficial de justiça em cumprimento à determinação judicial expedida nos autos da execução movida por Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Socorro em face de Carlos Antônio Domingues, caracterizando a evicção total do veículo, conforme decidido pelo Magistrado de 1° Grau, nascendo assim, o correspondente dever de a alienante arcar com a indenização correspondente, conforme o art. 447 do CC. 
Indignada com a decisão, a ré apelou para postular a reforma da sentença, arguindo sua ilegitimidade passiva para a causa e requerendo a denunciação da lide do ex-proprietário do veículo. Alegou também que a restrição judicial do veículo somente ocorreu após a conclusão do contrato de compra e venda, por isso, não possuía o dever de indenizar. Alternativamente, requereu também, a minoração do quantum indenizatório. 
O recurso foi provido em parte e o Tribunal argumentou que no caso, não se verificou qualquer prova a respeito de exclusão de responsabilidade por evicção. Ademais, a ré não apresentou qualquer documento nesse sentido. Em relação ao valor do dano material, entenderam que a sentença merecia um pequeno reparo. 
5. CONCLUSÃO
Em virtude dos fatos apresentados, pode-se concluir que Benedito deverá responder pelos vícios da evicção, ainda que tenha agido de boa-fé, tendo em vista que era seu dever, garantira plenitude do uso e do gozo, protegendo o adquirente contra os defeitos ocultos. Sendo assim, conforme foi explicitado anteriormente, Antônio deverá mover a ação de indenização contra Benedito, fundamentando-a na evicção, já que a perda e apreensão do bem ocorreram por determinação da justiça. 
6. REFERÊNCIA
BEVILÁQUA, Clóvis. Comentários ao Código Civil. v. 4º, p. 281.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.
JUSBRASIL. Apelação n° 0014940-74.2011.8.26.0554. Disponível em: <https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113877608/apelacao-apl-149407420118260554-sp-0014940-7420118260554/inteiro-teor-113877617?ref=amp>. Acesso em: 23 de nov. de 2021.
JUSBRASIL. Vício redibitório e evicção: saiba a diferença. Disponível em: <https://lucasmarinho1991.jusbrasil.com.br/artigos/582480557/vicio-redibitorio-e-eviccao-saiba-a-diferenca#:~:text=O%20v%C3%ADcio%20redibit%C3%B3rio%20se%20trata,v%C3%ADcio%20na%20propriedade%20da%20coisa&text=No%20caso%20de%20v%C3%ADcio%20redibit%C3%B3rio,ou%20pedir%20abatimento%20no%20pre%C3%A7o>. Acesso em: 23 de nov. de 2021.
JUSBRASIL. Você sabe o que é a evicção?. Disponível em: 23 de nov. de 2021. Disponível em: <https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/406729781/voce-sabe-o-que-e-a-eviccao>. Acesso em: 23 de nov. de 2021. 
REALE, Miguel. A Boa-fé́ no Código Civil. p. 4, 2003. Disponível em: http://www.miguelreale.com.br/artigos/boafe.htm. Acesso em: 23 de nov. de 2021.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 3 - Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie. 8ª Ed. São Paulo: Método, 2013.
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
 
CURSO DE DIREITO
 
 
 
 
 
Leticia dos Reis de Miranda
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade individual avaliativa de Direito 
Con
tratual
 
(A2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
–
 
RJ
 
202
1
 
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
Leticia dos Reis de Miranda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade individual avaliativa de Direito Contratual (A2) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro – RJ 
2021

Continue navegando