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Figuras de Linguagem: Construção e Harmonia

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INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 85PROENEM.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS 
DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA09
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO 
OU DE SINTAXE
As figuras de sintaxe caracterizam-se por alterarem de alguma 
maneira as regras tradicionais da Gramática, isto é, a coesão 
normativa é substituída por uma coesão significativa, condicionada 
pelo contexto geral e pela situação, em busca de maior 
expressividade. Com isso, encontraremos repetições de termos, 
inversão de elementos, discordância entre outras modificações.
Podemos classificá-las em grupos:
1. por repetição
2. por omissão
3. transposição
4. discordância
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR REPETIÇÃO
Anáfora - é a repetição de um termo ao início de versos ou 
frases.
“Tudo é silêncio, tudo (é) calma, tudo (é) mudez”
Olavo Bilac
Pleonasmo - repetição desnecessária de um termo já expresso, 
com valor enfático. Note que tal repetição tem de apresentar valor 
estilístico, do contrário será considerado vicioso. Podemos ainda 
dividir o pleonasmo em sintático e semântico.
1. Pleonasmo sintático - É a repetição de um termo da 
oração, normalmente por referência pronominal.
“A mim, não me agradam tais comentários”
2. Pleonasmo semântico - Consiste na repetição das ideias 
presentes nos termos.
“Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado”
Martinho da Vila
Polissíndeto - emprego reiterado de conectivos entre elemen-
tos coordenados.
“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua”
Olavo Bilac
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR OMISSÃO
Assíndeto - omissão do conectivo entre termos coordenados.
“A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos.”
Machado de Assis
Elipse - omissão de um termo da oração, facilmente percebido 
pelo contexto.
Um cavalheiro. Até na miséria, um cavalheiro.
Faltei à prova.
Zeugma - tipo de elipse em que um termo participa de duas ou 
mais orações, porém só aparece em uma única vez.
Eu fiz uma parte, Antônio fez outra e Sueli fez a última.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO 
POR TRANSPOSIÇÃO
Hipérbato - inversão da ordem natural das palavras na oração 
ou da ordem das orações no período. Existe, então, a introdução de 
uma expressão no interior de outro sintagma. Também é chamada 
de “inversão”.
“A casa, torno a ver, em que moramos”
Prolepse (ou Antecipação) - deslocamento de um termo do 
interior de uma oração para o início do período.
“Os pastores parece que vivem no fim do mundo.”
(Parece que os pastores vivem no fim do mundo)
“Prima Justina creio que se levantou.”
(Creio que prima Justina se levantou)
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO 
POR DISCORDÂNCIA
Anacoluto - introdução aleatória de um termo sem qualquer 
função sintática dentro da oração.
“Bom! Bom! Eu parece-me que ainda não ofendi ninguém!”
José Régio
Hipálage - transposição de uma virtude própria de determinado 
termo para outro integrante da oração.
“As lojas loquazes dos barbeiros”
(Loquazes, que tem o sentido de “falantes”, refere-se aos 
barbeiros, não às lojas.)
Silepse - concordância estabelecida ideologicamente, contra-
riando a norma gramatical. São de três tipos:
1. Silepse de gênero - concordância ideológica com a pessoa 
referida e não com a exigência do termo.
“Senhor Presidente, Vossa Excelência parece cansado.”
2. Silepse de número - concordância ideológica com o 
número (singular ou plural), contrariando o número do 
termo referido.
“A multidão ouvia com atenção. Ao final, aplaudiram.”
1. Silepse de pessoa - concordância ideológica com uma 
pessoa diferente da expressa na oração.
“Todos entramos imediatamente”
“no fundo a gente se consolava, pensávamos em nós 
mesmos.”
Autran Dourado
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR86
INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
FIGURAS DE HARMONIA
Aliteração - é a incidência expressiva de fonemas consonantais 
idênticos.
“Me deixa ser teu escracho capacho, teu cacho, riacho de amor...”
Chico Buarque
Assonância - é a repetição de sílabas ou vogais idênticas.
“Duma nuança mansa que não cansa”
E. Perneta
Onomatopeia - quando o vocábulo busca reproduzir o próprio 
som ou ruído de objeto representado.
“Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.”
Manuel Bandeira
Paronomásia - consiste no emprego, ao final ou no interior dos 
versos, de vocábulos parônimos.
“Por todo o dia
um certo verde
um inseto verde
o incerto ver-te”
Ramos Filho
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Conceitue as três figuras de construção por omissão.
02. Cite duas figuras de construção por repetição.
03. Identifique os grupos pertencentes às figuras de construção 
ou sintaxe.
04. Conceitue duas figuras de harmonia.
05. Identifique quantos e quais são os grupos de silepse.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (IBMEC-RJ) Joaquim Maria Machado de Assis é cronista, 
contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, 
crítico e ensaísta.
Em 2008, comemora-se o centenário de sua morte, ocorrida 
em setembro de 1908. Machado de Assis é considerado o mais 
canônico escritor da Literatura Brasileira e deixou uma rica 
produção literária composta de textos dos mais variados gêneros, 
em que se destacam o conto e o romance.
Segue o texto desse autor, em poesia.
À Carolina
Querida! Ao pé do leito derradeiro, 
em que descansas desta longa vida, 
aqui venho e virei, pobre querida, 
trazer-te o coração de companheiro. 
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro 
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro...
Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos.
“E num recanto pôs um mundo inteiro.” (verso 8). Observamos no 
verso destacado as seguintes figuras de linguagem: 
a) Metonímia e hipérbato.
b) Hipérbato e hipérbole.
c) Hipérbole e pleonasmo.
d) Pleonasmo e anáfora.
e) Personificação e pleonasmo.
02. (ENEM)
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
Na estruturação do texto, destaca-se
a) a construção de oposições semânticas.
b) a apresentação de ideias de forma objetiva.
c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o 
eufemismo.
d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
e) a inversão da ordem sintática das palavras.
03. (UECE)
A Fita Métrica do Amor
Martha Medeiros
Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme 
o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do 
que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando 
olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só 
pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco 
gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que 
demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a 
amizade.
Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua 
vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando 
sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, 
quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo 
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
87
INTERPRETAÇÃO
com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de 
si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por 
comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza 
dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num 
espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor 
é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuiro 
tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode 
aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se 
agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é 
feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, 
de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender 
a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O 
egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma 
pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.
Como figura de linguagem, a anáfora é caracterizada pela repetição 
de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos. 
Na crônica, a autora recorre à anáfora, nos três primeiros parágrafos 
do texto, pela repetição da conjunção “quando”, com o objetivo de
a) ampliar a expressividade do conteúdo da mensagem, 
enfatizando o sentido do termo repetido consecutivamente.
b) empregar a anáfora como um recurso estilístico indispensável 
a qualquer texto de cunho literário.
c) respeitar as características da crônica, já que a anáfora é um 
recurso linguístico próprio deste tipo de gênero textual.
d) fazer referência a uma informação previamente mencionada.
04. (UFG) Leia o poema a seguir.
br
um ônibus
na estrada
é só uma faixa
contínua
que puxa
& piche
& placas & postes
& mais & mais
asfalto
& pastos
& bois
& soja & cana
ao longo da estrada
interminável
& monótona
& sem fim
PEREIRA, Luís Araujo. Minigrafias. Goiânia: Cânone Editorial, 2009. p. 75.
A anáfora é um recurso de linguagem cuja função é de organização 
textual, de retomada referencial ou de repetição da mesma palavra 
ou construção. No poema apresentado, emprega-se “&” por meio 
dessa figura de linguagem, fazendo a anáfora produzir efeito de 
sentido equivalente ao
a) movimento acelerado do ônibus, evidente na imagem “um 
ônibus/ na estrada/ é só uma faixa/ contínua/ que puxa”.
b) tipo de vida monótono dos motoristas de ônibus implicado na 
anáfora e na repetição de consoantes e de vogais.
c) som do ônibus na estrada, sugerido pelo emprego de 
aliterações e assonâncias ao longo do poema.
d) panorama econômico da rodovia, reiterado nas palavras “piche”, 
“placas”, “postes”, “asfalto”, “pasto”, “bois”, “soja” e “cana”.
e) cenário da rodovia, igual a todas as estradas, presente na 
imagem “interminável/ & monótona/ & sem fim”.
05. (UEG) Leia o trecho abaixo:
– Desde que estou retirando 
só a morte vejo ativa, 
só a morte deparei 
e às vezes até festiva; 
só morte tem encontrado 
quem pensava encontrar vida, 
e o pouco que não foi morte 
foi de vida severina 
(aquela vida que é menos 
vivida que defendida, 
e é ainda mais severina 
para o homem que retira).
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008. p. 82. 
Verifica-se, em termos estruturais, uma
a) aliteração no penúltimo verso.
b) anáfora no segundo e terceiro versos.
c) comparação no quinto verso.
d) metáfora no terceiro e quarto versos.
06. (UFU-MG)
Dionisos Dendrites
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, 
em Dionisos Dendrites,
a) a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” 
indica um som reproduzido como o dos tambores do verso 
subsequente.
b) a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros 
versos da 3ª estrofe, aponta para a opulência do ritual. 
c) a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas 
acesas” revela o embate estabelecido entre a vida e a morte.
d) a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma 
nas taças incendiadas”, denota o sentimento de enfado dos 
presentes em relação ao ritual.
07. (FUVEST) Desde pequeno, tive tendência para personificar 
as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre 
gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o 
mormaço com M maiúsculo.
Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra 
dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido 
pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, 
magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com 
um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento 
da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia 
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, 
a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR88
INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo 
e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do 
meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os 
demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento 
de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas 
e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos 
encantos de uma coletividade democrática.
Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em 
meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me 
estremunhado* e olhei atônito para um tipo de chiru*, ali parado, 
de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. 
Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com 
a devida calma:
– Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
*Glossário: 
estremunhado: mal acordado. 
chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do Brasil).
Considerando que “silepse é a concordância que se faz não com a 
forma gramatical das palavras, mas com seu sentido, com a ideia 
que elas representam”, indique o fragmento em que essa figura de 
linguagem se manifesta.
a) “olha o mormaço”.
b) “pois devia contar uns trinta anos”.
c) “fomos alojados os do meu grupo”.
d) “com os demais jornalistas do Brasil”.
e) “pala pendente e chapéu descido sobre os olhos”.
08. (UNESP) Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, 
poeta e cidadão
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor 
tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e 
paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprandoe com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta 
exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-
marinhas.
(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: 
José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)
(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito 
de ser o último a jogar.”
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, 
mestre.”
(Dicionário Eletrônico Houaiss)
Marque a alternativa cujo verso contém um pleonasmo, ou seja, 
uma redundância de termos com bom efeito estilístico.
a) De repente não tinha pai.
b) Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
c) Se curvavam como ao peso da enorme poesia
d) Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
e) Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
09. (UNESP) Para chegar ao soberbo resultado de transformar a 
banha em fibra, aí vem o futebol.
Mas por que o futebol?
Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em 
jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, 
a faca de ponta, por exemplo?
Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre 
nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.
No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, 
fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá 
em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos 
sertanejos e dos matutos. Ora, parece- -me que o futebol não se 
adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, 
que não nos serve.
Para que um costume intruso possa estabelecer-se 
definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize 
com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar 
não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É 
preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.
O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a 
muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores 
mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais 
experimentado sportman britânico de queixo caído.
Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que 
fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das 
Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. 
Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro 
de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em 
que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-
se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
89
INTERPRETAÇÃO
Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho 
em coisas estrangeiras?
O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento 
de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não 
confundamos.
As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é 
sertão.
As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende 
ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com 
laivos de sangue cabinda e galego.
Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, 
a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba².
1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição. 
2 liamba: cânhamo, maconha.
(Linhas tortas, 1971.)
Na oração “O do futebol não preenche coisa nenhuma” (7o parágrafo) 
é omitida, por elipse, uma palavra empregada anteriormente:
a) país.
b) povo.
c) lugar.
d) costume.
e) chavão.
10. (CISMETRO-SP – VETERINÁRIO) Observe o trecho do hino 
nacional apresentado a seguir, e responda à questão.
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante”
Assinale a alternativa que corresponde à figura de linguagem 
empregada no trecho.
a) Hipérbole.
b) Eufemismo.
c) Hipérbato.
d) Zeugma.
11. (FEI) Assinalar a alternativa correta, correspondente à figuras 
de linguagem, presentes nos fragmentos abaixo:
I. “Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus 
tão puro viste.”
II. “A moral legisla para o homem; o direito para o cidadão.”
III. “A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores 
porém, discordavam.”
IV. “Isaac a vinte passos, divisando o vulto de um, para, ergues a 
mão em viseira, firma os olhos.”
a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo;
b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto;
c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato;
d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo;
e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma.
12. (PUC – SP) Nos trechos: “…nem um dos autores nacionais ou 
nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major” e 
“…o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja” 
encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:
a) prosopopeia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e prosopopeia.
13. (UM-SP) Indique a alternativa em que haja uma concordância 
realizada por silepse:
a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós, habitantes desta 
pacata região, precisaremos de muita força para sobreviver.
b) Poderão existir inúmeros problemas conosco devido às 
opiniões dadas neste relatório.
c) Os adultos somos bem mais prudentes que os jovens no 
combate às dificuldades.
d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho para que você 
obtenha resultados mais satisfatórios.
e) Haveremos de conseguir os medicamentos necessários para a 
cura desse vírus insubordinável a qualquer tratamento.
14. (CESGRANRIO) Na frase “O fio da ideia cresceu, engrossou e 
partiu-se” ocorre processo de gradação. Não há gradação em:
a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.
b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.
15. (UNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse 
ontem um camelô", encontramos a figura de linguagem chamada:
a) silepse de pessoa
b) elipse
c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número
16. (UDESC) O nome de Emir quase nunca era mencionado nas 
horas das refeições ou nas conversas animadas por baforadas de 
narguilé, goles de 1áraque e lances de gamão. 2Os filhos de Emilie 
éramos proibidos de participar dessas reuniões que varavam a 
noite e terminavam no pátio da fonte, aclarado por uma luz azulada. 
Era um momento em que os assuntos, já peneirados, esgotados e 
fartos de serem repetidos, 3davam lugar a 4confidências e 5lamúrias, 
6abafadas às vezes pela linguagem dos pássaros, e entremeadas 
por exclamações e vozes que pronunciavam o nome de Deus. 
Era como se a manhã– 7como uma intrusa que silencia as vozes 
calorosas da noite – 8dispersasse o ambiente festivo, 9arrefecendo 
os gestos dos mais exaltados, chamando-os ao ofício 10que se 
inicia com a aurora. 11Mas, em algumas reuniões de sextas-feiras, o 
12prenúncio da manhã não os dispersava. Eu acordava com berros 
dilacerantes, gemidos terríveis, ruídos de trote e 13uma algazarra 
de alimárias que 14assistiam à agonia dos carneiros que possuíam 
nomes e 15eram alimentados pelas mãos de Emilie.
HATOUM, Milton. Relato de um certo Oriente. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 50 e 51. 
Assinale a alternativa correta em relação à obra Relato de um certo 
Oriente, Milton Hatoum, e ao texto.
a) O uso do sinal gráfico da crase é opcional em “abafadas 
às vezes” (referência 6), assim como em “davam lugar a 
confidências” (referência 3).
b) Em “Os filhos de Emilie éramos proibidos de participar dessas 
reuniões” (referência 2) há a figura de linguagem chamada 
silepse de pessoa.
c) As palavras “áraque” (referência 1), “confidências” (referência 
4), “lamúrias” (referência 5) e “prenúncio” (referência 12) são 
acentuadas por serem paroxítonas terminadas em ditongo.
d) Infere-se da leitura da obra, que o nome de Emir, filho mais novo 
de Emilie, quase nunca era mencionado nos encontros familiares 
porque há muito abandonara a família, causando mágoa.
e) Infere-se da leitura da obra, que os empregados, principalmente 
as mulheres, eram tratados com muita regalia, pois participa-
vam de todos os encontros e de todas as atividades festivas da 
família de Emilie.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR90
INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
17. (CPS) Leia o texto e o poema para responder à questão a seguir.
A ondomotriz é uma forma de energia renovável que se aproveita 
da energia das ondas oceânicas. Além de poder fornecer energia, 
as ondas também serviram de inspiração para Manuel Bandeira 
compor o poema “A onda”.
A onda
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda 
Assinale a alternativa que apresenta uma figura de linguagem 
utilizada no poema.
a) Antítese, associação de ideias contrárias por meio de palavras 
de sentidos opostos.
b) Catacrese, emprego de uma palavra no sentido figurado por 
falta de um termo apropriado.
c) Eufemismo, atenuação de ideias consideradas desagradáveis, 
ofensivas ou cruéis.
d) Onomatopeia, palavras especiais criadas para representar 
sons específicos.
e) Paranomásia, semelhança sonora e gráfica entre palavras de 
significados distintos.
18. (FAAP)
Soneto de Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais)
"Silencioso e branco como a bruma".
À repetição das mesmas consoantes em BRANCO e BRUMA em 
busca da sonoridade, dá-se o nome:
a) assonância
b) aliteração
c) eco
d) trocadilho
e) pleonasmo
19. (UFRN) Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha 
tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e O 
RIO-RIO-RIO - O RIO - PONDO PERPÉTUO [grifo nosso]. Eu sofria já 
o começo da velhice - esta vida era só o demoramento. Eu mesmo 
tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de 
reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais.
De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, 
deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na 
levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no 
tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o 
coração. Ele estava lá, sem a minha tranquilidade. Sou o culpado 
do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse - se as 
coisas fossem outras. E fui tomando ideia.
(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.)
Pode-se afirmar que, na expressão em destaque no fragmento 
textual, a manifestação da função poética da linguagem evidencia 
o dinamismo do tempo.
Esse dinamismo é representado por
a) ritmo cadente e neologismo.
b) assonância e reiteração de vocábulo.
c) onomatopeia e uso de metáfora.
d) efeitos de eco e uso de metonímia.
20. (FATEC)
As Cousas do Mundo
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra, Seleção de Obras Poéticas)
Em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", pode-se constatar que 
o poeta teve grande cuidado com a seleção e disposição das 
palavras que compõem a sonoridade do verso, para salientar 
certos fonemas que se repetem (principalmente os "pês" e os 
"tês"), utilizando, ao mesmo tempo, palavras que se diferenciam 
por mudanças fonéticas mínimas (tropa/trapo/tripa).
Os recursos estilísticos empregados aí foram
a) personificação e alusão.
b) paralelismo e comparação.
c) aliteração e paronomásia.
d) assonância e preterição.
e) metáfora e metonímia.
05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UNESP) Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para 
responder à questão a seguir.
Poema só para Jaime Ovalle1
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
91
INTERPRETAÇÃO
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
– Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
(Estrela da vida inteira, 1993.)
1 Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista. Aproximou-se do meio 
intelectual carioca e se tornou amigo íntimo de Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque 
de Hollanda e Manuel Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em parceria com o 
poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira) 
Pleonasmo (do grego pleonasmós, superabundância): 
emprego de palavras redundantes, de igual sentido; redundância. 
Há o pleonasmo vicioso, decorrente da ignorância da língua e que 
deve ser evitado, e o pleonasmo estilístico, usado intencionalmente 
para comunicar à expressão mais vigor ou intensidade.
(Domingos Paschoal Cegalla. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, 2009. 
Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de um 
pleonasmo. Justifique sua resposta. 
Identifique ainda duas características do poema, uma formal e outra 
temática, que o vinculam ao movimento modernista brasileiro.
02. (FGV)
Meu amigo Marcos 
O generoso e divertido companheiro de crônicas
Conheci Marcos Rey há mais de vinte anos, quando sonhava 
tornar-me escritor. Certa vez confessei esse desejo à atriz Célia 
Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois, ela 
me convidou para tentar adaptar um livro para teatro. Era O RAPTO 
DO GAROTO DE OURO, de Marcos. Passei noites me torturando 
sobre as teclas. Célia marcou um encontro entre mim e ele, pois a 
montagem dependia da aprovação do autor. Quando adolescente, 
eu ficara fascinado com MEMÓRIAS DE UM GIGOLÔ, seu livro mais 
conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma 
figura pomposa, em cima de um pedestal. Meu coraçãoquase saiu 
pela boca quando apertei a campainha. Fui recebido por Palma, 
sua mulher. Um homem gordinho e simpático entrou na sala. Na 
época, já sofria de uma doença que lhe dificultava o movimento das 
mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso 
que nem consegui dizer “boa-tarde”. Gaguejei. Mas ele me tratou 
com o respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no 
texto. Orientou-me. Principalmente, acreditou em mim. A peça 
permaneceu em cartaz dois anos. Muito do que sou hoje devo ao 
carinho com que me recebeu naquele dia.
(WALCYR CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999.)
Em português, expressões como SAIR PARA FORA ou SUBIR PARA 
CIMA são criticáveis por serem redundantes, isto é, conterem 
repetição desnecessária da mesma ideia. Trata-se de um defeito de 
estilo denominado PLEONASMO.
Na frase a seguir, é possível perceber a presença de DOIS 
pleonasmos:
Na reunião, houve uma inesperada surpresa: todos os membros do 
Conselho foram unânimes em reconhecer os méritos do escritor.
Reescreva essa frase, eliminando os pleonasmos.
Justifique as alterações feitas. 
03. (UNESP) As questões de números seguintes tomam por base 
um fragmento da Poética, do filósofo grego Aristóteles (384-
322 a.C.), um fragmento de Corte na Aldeia, do poeta clássico 
português Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), e um fragmento 
de uma crônica do escritor realista brasileiro Machado de Assis 
(1839-1908).
Poética
Pelas precedentes considerações se manifesta que não é 
ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar 
o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo 
a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o 
historiador e o poeta, por escreverem verso ou prosa (pois que bem 
poderiam ser postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso 
deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram em prosa), 
- diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as 
que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico 
e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o 
universal, e esta o particular. Por “referir-se ao universal” entendo 
eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos 
e ações que, por liame de necessidade e verossimilhança, convêm 
a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda 
que dê nomes aos seus personagens; particular, pelo contrário, é o 
que fez Alcibíades ou o que lhe aconteceu.
(Aristóteles, Poética)
Corte na Aldeia
— A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de 
todos os que estão presentes é bem conhecida; somente poderei 
dar agora de novo a razão dela. Sou particularmente afeiçoado a 
livros de história verdadeira, e, mais que às outras, às do Reino em 
que vivo e da terra onde nasci; dos Reis e Príncipes que teve; das 
mudanças que nele fez o tempo e a fortuna; das guerras, batalhas e 
ocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelo discurso 
dos anos, floresceram; das nobrezas e brasões que por armas, 
letras, ou privança se adquiriram. [...]
[...]
— Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossos 
cartapácios; mas eu ainda estou contumaz. Primeiramente, nas 
histórias a que chamam verdadeiras, cada um mente segundo lhe 
convém, ou a quem o informou, ou favoreceu para mentir; porque 
se não forem estas tintas, é tudo tão misturado que não há pano 
sem nódoa, nem légua sem mau caminho. No livro fingido contam-
se as cousas como era bem que fossem e não como sucederam, 
e assim são mais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era 
bem que os houvesse, as damas quão castas, os Reis quão justos, 
os amores quão verdadeiros, os extremos quão grandes, as leis, 
as cortesias, o trato tão conforme com a razão. E assim não lereis 
livro em o qual se não destruam soberbos, favoreçam humildes, 
amparem fracos, sirvam donzelas, se cumpram palavras, guardem 
juramentos e satisfaçam boas obras. [...]
Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu o Doutor:
— Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecem mais 
louvor que as verdadeiras; mas há poucas que o sejam; que a fábula 
bem escrita (como diz Santo Ambrósio), ainda que não tenha força 
de verdade, tem uma ordem de razão, em que se podem manifestar 
as cousas verdadeiras.
(Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia)
Crônica (15.03.1877)
Mais dia menos dia, demito-me deste lugar. Um historiador 
de quinzena, que passa os dias no fundo de um gabinete escuro e 
solitário, que não vai às touradas, às câmaras, à rua do Ouvidor, um 
historiador assim é um puro contador de histórias.
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um 
contador de histórias é justamente o contrário de historiador, não 
sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador 
de histórias. Por que essa diferença? Simples, leitor, nada mais 
simples. O historiador foi inventado por ti, homem culto, letrado, 
humanista; o contador de histórias foi inventado pelo povo, que 
nunca leu Tito Lívio, e entende que contar o que se passou é só 
fantasiar.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR92
INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
O certo é que se eu quiser dar uma descrição verídica da 
tourada de domingo passado, não poderei, porque não a vi.
[...]
(Joaquim Maria Machado de Assis, História de Quinze Dias. In: Crônicas)
A leitura do último período do fragmento de Rodrigues Lobo revela 
que o escritor valeu-se com elegância do recurso à elipse para 
evitar a repetição desnecessária de elementos. Com base nesta 
observação,
a) aponte, na série enumerativa que começa com a oração “se 
não destruam soberbos”, os vocábulos que são omitidos, por 
elipse, nas outras orações da série;
b) considerando que as sete orações da série enumerativa se 
encontram na chamada “voz passiva sintética”, indique o 
sujeito da primeira oração e as características de flexão e 
concordância que permitem identificá-lo. 
04. (UERJ)
Ao 1valimento que tem o mentir
Mau ofício é mentir, mas proveitoso... 
Tanta mentira, tanta utilidade 
Traz consigo o mentir nesta cidade 
Como o diz o mais triste mentiroso.
Eu, como um ignorante e um baboso, 
Me pus a verdadeiro, por vaidade; 
Todo o meu 2cabedal meti em verdade 
E saí do negócio 3perdidoso. 
Perdi o principal, que eram verdades, 
Perdi os interesses de estimar-me, 
Perdi-me a mim em tanta 4soledade; 
Deram os meus amigos em deixar-me, 
5Cobrei ódios e inimizades... 
Eu me meto a mentir e a aproveitar-me.
GREGÓRIO DE MATOS 
PIRES, M. L. G. (org.). Poetas do período barroco. Lisboa: Comunicação, 1985.
1valimento − validade 
2cabedal − conhecimento 
3perdidoso − prejudicado 
4soledade − solidão 
5cobrar − receber 
A primeira estrofe do poema apresenta inversões da ordem direta 
das orações. Esse recurso expressivo, chamado hipérbato, é 
frequente na estética barroca.
Reescreva os versos 2 e 3 da primeira estrofe na ordem direta, 
desfazendo o hipérbato. Em seguida, explique o efeito do hipérbato 
para a camada sonora dessa estrofe. 
05. (UNESP) A questão a seguir tomam por base um texto do poeta 
simbolista brasileiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).
Eras a Sombra do Poente
Eras a sombra do poente
Em calmarias bem calmas;
E no ermo agreste, silente,
Palmeira cheia de palmas.
Eras a canção de outrora,
Por entre nuvens de prece;
Palidez que ao longe cora
E beijo que aos lábios desce.
Eras a harmonia esparsa
Em violas e violoncelos:
E como um voo de garça
Em solitários castelos.
Eras tudo, tudo quanto
De suave esperança existe;
Manto dos pobres e manto
Com que as chagas me cobriste.
Eras o Cordeiro, a Pomba,
A crença que o amor renova...
És agora a cruz que tomba
À beira da tua cova.
(“Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte”, 1923. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. 
POESIAS - I. Rio de Janeiro: Org. Simões, 1955, p. 284.) 
A reiteração é um procedimento que, aplicado a diferentes níveis do 
discurso, permite ao poeta obter efeitos de musicalidade e ênfase 
semântica. Para tanto,o escritor pode reiterar fonemas (aliterações, 
assonâncias, rimas), vocábulos, versos, estrofes, ou, pelo processo 
denominado “paralelismo”, retomar mesmas estruturas sintáticas 
de frases, repetindo alguns elementos e fazendo variar outros. 
Tendo em vista estas observações,
a) identifique no poema de Alphonsus um desses procedimentos.
b) servindo-se de uma passagem do texto, demonstre o processo 
de reiteração que você identificou no item a. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B
02. D
03. A
04. D
05. B
06. A
07. C
08. E
09. D
10. C
11. A
12. E
13. C
14. E
15. E
16. B
17. E
18. B
19. B
20. C
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. Há pleonasmo no quarto verso: “Chovia uma triste chuva de resignação”. Aqui o autor 
procura enfatizar a ideia de chuva, pois poderia substituir o verbo “chover” pelo verbo “cair” 
(“Caía uma triste chuva de resignação”). Trata-se, portanto, de um pleonasmo estilístico.
No aspecto formal, o poema se vincula ao movimento modernista brasileiro por 
apresentar versos livres. Quanto à temática, demonstra características modernistas por 
discorrer sobre o cotidiano.
02. Na reunião, houve uma surpresa: todos os membros do Conselho reconheceram os 
méritos do escritor.
Há redundância em “surpresa inesperada” (toda surpresa é inesperada); e todos 
“unânimes”.
03. a) O que se encontra elíptico (por zeugma) no trecho mencionado é “se não”. O 
pronome apassivador seguido do advérbio de negação.
b) O sujeito da primeira oração é “soberbos”, com o qual concorda o verbo “destruam”, 
apassivado pelo “se”. O que assegura a identificação do sujeito é a flexão do verbo no 
plural.
04. Uma das respostas:
- O mentir traz consigo tanta mentira, tanta utilidade nesta cidade.
- O mentir nesta cidade traz consigo tanta mentira, tanta utilidade.
O hipérbato produz a rima. 
05. a) O uso da anáfora.
b) A anáfora gradativamente vai relevando os atributos da amada morta chegando à 
sublimação mística da mulher relacionando-a com o “Cordeiro” e a “Pomba”.
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