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MANUAL DE CONDUTAS MÉDICAS

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Temas da Área de Medicina 
 
Apresentação 
 
O Brasil de hoje é, sem dúvida, diferente do país de apenas duas décadas atrás. Mudanças internas, 
associadas à globalização que envolve todos os países do mundo, criaram uma nova realidade 
política e econômica, que se refletem nas condições de vida de nossa população. Paralelamente, 
observa-se uma maior consciência quanto aos valores sociais e entende-se que mudanças 
expressivas só ocorrerão com um forte engajamento do governo e da sociedade civil na construção 
de uma democracia onde se combata, de maneira vigorosa, as intensas desigualdades sociais que 
ainda persistem e dificultam uma considerável parcela dos brasileiros a ter acesso a instrumentos 
sociais que lhes permita viver com dignidade. 
 
Na área da saúde, pode-se afirmar que muito se avançou com o preceito constitucional de que 
saúde é um dever do Estado e um direito do cidadão. Com a criação do Sistema Único de Saúde 
(SUS), deu-se um importante passo na modernização das ações de saúde em nosso país. O SUS, 
entretanto, não tem conseguido atingir plenamente seus objetivos de equidade e universalidade, 
devido a uma conjuntura de fatores, que inclui ingredientes de difícil manipulação, dentre eles a 
limitação de recursos financeiros, as amarras administrativas e gerenciais do setor público e o 
preparo técnico, científico e até mesmo humanitário de parte dos profissionais de saúde, sem deixar 
de mencionar constantes desavenças políticas, que não raro dificultam sua implantação. 
 
Ao longo dos últimos anos, tornou-se evidente que o atendimento primário, base de entrada para o 
sistema público de saúde, necessitava uma nova abordagem, uma vez que a estrutura clássica de 
unidades básicas de saúde vinha apresentando, em diversos locais do país, uma baixa 
resolubilidade. Assim, a partir de experiências na região Norte-Nordeste, criou-se o Programa Saúde 
da Família (PSF), baseado em equipes de saúde da família, que são constituídas por médicos, 
enfermeiras, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde que atendem populações 
geograficamente definidas e com número definido de famílias. Essa estratégia vem não só 
melhorando o acesso da população ao sistema, como tem proporcionado considerável melhora na 
qualidade do atendimento oferecido, o que traz um admirável grau de satisfação da população e das 
próprias equipes de saúde. 
 
A experiência destes primeiros anos de PSF mostrou, entretanto, que existe uma dificuldade de se 
arregimentar médicos adequadamente treinados para exercer a função de generalistas e 
enfermeiras com o devido preparo para as abrangentes funções por elas desempenhadas no PSF. 
Embora pólos de capacitação estejam sendo instalados em todo o país para treinar os profissionais 
que atuam no PSF, ressente-se da falta de material instrucional para auxiliá-los no processo 
decisório do dia-a-dia. Por esse motivo, criou-se uma importante parceria, envolvendo diferentes 
setores da sociedade: o Instituto para o Desenvolvimento da Saúde (IDS), uma organização não 
governamental voltada para a melhoria das atenções de saúde no país, a Universidade de São Paulo 
(USP), que cumpre assim seu papel de centro divulgador de conhecimentos, a Fundação Telefônica 
(FT), que se sensibiliza com as necessidades sociais, e o Ministério da Saúde (MS), que acreditou na 
proposta e se propôs a divulgar o material instrucional que aqui é apresentado para todas as 
equipes do PSF. 
 
 
 
 
 
 
Os temas abordados foram basicamente os recomendados pelo MS, em função de sua freqüência e 
importância, além de alguns outros sugeridos por professores da Faculdade de Medicina e da Escola 
de Enfermagem da USP. O tratamento dado aos textos foi o mais conciso e objetivo possível, de 
modo a auxiliar os médicos a tomarem decisões quanto ao diagnóstico e tratamento das 
enfermidades selecionadas, além de, quando pertinente, tomar medidas relacionadas com a 
prevenção das doenças e suas complicações. Um enfoque complementar é o de tentar definir os 
limites de atenção no PSF e de quando encaminhar o paciente para um especialista ou centro de 
referência. Já os textos de enfermagem, além de procurar normatizar as ações desses profissionais, 
procuram trazer informações complementares que auxiliam as enfermeiras na consecução dos 
objetivos do PSF. 
 
Acreditamos que o projeto "Material Instrucional para o PSF" preenche uma necessidade atual para 
se poder melhorar a qualidade das atenções básicas de saúde de nosso país. Sua concretização 
reforça o conceito de que os problemas do setor saúde não devem ser entendidos como exclusivos 
do governo, cabendo um envolvimento ativo da sociedade civil na busca de diagnósticos e soluções 
para um Brasil melhor e mais justo. 
 
Prof. Dr. Raul Cutait 
Presidente do Instituto para o Desenvolvimento da Saúde 
 
 
 
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>> Teste de Auto-Avaliação 
>> Fórum de Discussão 
>> Envie para um amigo 
 
 
 
Definição e Quadro Clínico|Bibliografia 
 
Autores: Dulce Maria Senna1 
Eleonora Haddad 
Antunes2 
Última Atualização: 12/4/2001 11:15:32 AM 
 
1 Médica sanitarista, psicoterapeuta, doutora em Medicina Preventiva, médica assistente do Programa de 
Saúde Mental do Centro de Saúde-Escola "Samuel B. Pessoa" do Departamento de Medicina Preventiva da 
Faculdade de Medicina da USP 
2 Médica psiquiatra, mestre em Medicina Preventiva, supervisora do Programa de Saúde Mental do Centro de 
Saúde-Escola "Samuel B. Pessoa" do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP 
 
 
Quadro clínico e Epidemiologia 
 
A abordagem do contexto familiar, dentro das ações previstas para uma equipe de Saúde da 
Família, torna-se necessária, tanto do ponto de vista do entendimento da situação-problema 
trazida como demanda de atendimento, como num contexto de estratégia de promoção à 
saúde, em nível comunitário. Nesse sentido, são necessárias algumas considerações. 
 
Um grupo de tarefas que se organiza na direção da sobrevivência, cujos membros dividem 
atribuições e papéis. Um grupo interativo no qual intensasrelações afetivas se manifestam. 
Um grupo que é produto: a) das heranças culturais trazidas por seus antepassados, b) do 
seu próprio ciclo de vida familiar, c) da sua articulação dentro dos fatores econômicos e 
 
 
 
 
 
culturais da sociedade a que pertence. 
 
A demanda trazida pelos indivíduos para atenção à saúde pode ser compreendida como uma 
linguagem que expressa conflitos de seu ambiente familiar. 
 
Assim, as questões de saúde da criança, do adolescente, da mulher, do homem e 
do idoso devem ser compreendidas à luz da estruturação e da história particular 
de cada família, dentro do pano de fundo da realidade social que a constitui. 
 
 
A composição das famílias brasileiras, do ponto de vista demográfico, vem passando por 
várias alterações nas últimas três décadas. Apesar de estas ocorrerem de forma diferenciada 
para as diversas regiões do país, alguns movimentos acontecem de forma geral, como a 
redução da natalidade e o aumento no número de anos vividos pelas pessoas. As famílias 
vêm se tornando menores e com um número maior de idosos em sua composição, com 
aumento da prevalência de doenças crônicas e de problemas decorrentes do processo de 
envelhecimento. 
 
As famílias, no Brasil, principalmente nas camadas mais pobres da população, constituem 
grupos voltados para a formação de uma renda que possibilite a sobrevivência de todos e 
favoreça o estabelecimento de planos para o futuro. O modelo de família vivendo 
isoladamente num domicílio, no qual o pai tem o papel de provedor dos bens materiais, a 
mãe deve cuidar dos afazeres domésticos e aos filhos cabe a responsabilidade de estudar, 
não predomina nos núcleos familiares mais empobrecidos. 
 
Nas últimas décadas, buscando melhores condições de vida, as famílias migraram para 
regiões urbanizadas e se confrontaram com valores culturais diferentes; sua composição 
também passou por alterações. Elevou-se o número de núcleos familiares compostos apenas 
por mulheres e seus filhos menores, principalmente nos grupos migrantes de baixa renda. 
Mais recentemente, a perspectiva de globalização econômica, de desemprego estrutural e de 
restrição aos investimentos de projetos sociais repercutiu na estrutura familiar, com prejuízo 
aos projetos de vida, levando, inclusive, ao aumento do número de indivíduos e famílias 
moradores de rua. 
 
Estudos clássicos sobre famílias caracterizam o ciclo de vida familiar em três estágios: uma 
primeira fase, de maiores dificuldades, constituída pelo casal ou um dos pais com filhos 
pequenos; uma segunda de maior prosperidade, com os filhos dentro da família e com idade 
para trabalhar e uma terceira fase, também mais difícil, com os filhos fora do primeiro 
núcleo familiar e o casal ou um dos pais em idade mais avançada. 
 
Entretanto, nas regiões urbanas brasileiras, observa-se que o núcleo familiar tende a ser 
composto por várias gerações como forma de enfrentar dificuldades financeiras. Os filhos 
que formam um novo ramo familiar continuam a habitar o núcleo original como forma de 
somar rendimentos, barateando os custos habitacionais e garantindo os cuidados às crianças 
e a outros dependentes, que são aqueles que não estão inseridos ativamente no mercado de 
trabalho, como os adolescentes, os idosos e os desempregados. 
 
As mulheres ocupam um papel importante na manutenção da vida diária do grupo familiar, 
exercendo o trabalho doméstico, o preparo e manutenção dos alimentos, a confecção do 
vestuário, a procura de preços mais baixos nas compras, o que contribui para diminuir os 
gastos domésticos e para manter o orçamento familiar. A sua participação com trabalho 
remunerado na geração da renda familiar, realizada dentro ou fora do ambiente doméstico, 
soma-se às outras atividades, potencializando sobrecarga física e emocional e conseqüentes 
agravos à saúde. 
 
Por outro lado, a experiência acumulada durante a existência das mulheres no manejo do 
cotidiano da vida familiar lhes proporciona, quando idosas, um papel mais definido no grupo, 
o que pode não ocorrer no gênero masculino. Nesse sentido, ao se abordar o idoso no grupo 
familiar, deve-se levar em conta o gênero e a sua relação com os demais membros. 
 
A contribuição masculina na provisão do sustento e na defesa dos princípios morais é 
fundamental, principalmente nas famílias de baixa renda. Nesses grupos, as expectativas 
colocadas expressam: que a presença do homem é que dá respeito à casa, o homem é o 
chefe da família e sua condição de trabalhador lhe dá o reconhecimento na sua comunidade. 
A dificuldade de desempenho destas funções, quando o homem tem remuneração inferior, 
está desempregado ou aposentado, pode ser fonte de estresse e de danos à saúde. No 
idoso, a inadequação ao projeto familiar e a perda dos papéis masculinos anteriormente 
exercidos têm impacto na auto-estima, fator de proteção considerado importante na 
manutenção da saúde. 
 
Na arquitetura familiar, as crianças, como membros que não têm autonomia e capacidade 
plena de defesa, geram uma tensão no sentido do cuidado e estão mais expostas e 
vulneráveis às situações de conflito no grupo. Na adolescência, esta situação, em parte, 
permanece. Em acréscimo, os adolescentes, muitas vezes depositários das expectativas de 
transformação e mobilidade social do grupo, sofrem com a frustração dessas expectativas, 
seja pelo contexto familiar de sobrevivência, seja pelo contexto de possibilidades de 
inserção social. 
 
As possibilidades de agravos à saúde se estabelecem de forma diferenciada. 
Mulheres, adolescentes e crianças estão mais expostos ao contexto da violência 
doméstica. Os efeitos da dupla jornada feminina, acrescidos das alterações 
corporais advindas da maternidade propiciam um perfil específico de problemas de 
saúde. Homens têm aumentado o risco de depressão e alcoolismo quando suas 
funções no grupo se reduzem, no desemprego ou aposentadoria. Os idosos podem 
também ter problemas de adaptação ao projeto familiar, quando seus papéis são 
ocupados por uma nova geração. 
 
 
No interior da família, a ocorrência de outros eventos de vida potencialmente estressantes 
também deve ser observada: a morte de um dos pais ou de indivíduo provedor de cuidados 
ou renda; a gravidez e os nascimentos trazendo um novo arranjo ao grupo; a manifestação 
de uma doença grave ou envelhecimento que interfiram na capacidade de autonomia de um 
dos membros da família; o início da vida escolar das crianças; a prisão, hospitalização ou 
migração de um dos familiares. 
 
Ou seja, acontecimentos que, além de trazerem angústias individuais, possam desestabilizar 
a composição anterior do grupo. A observação dessas mudanças pode auxiliar no manejo do 
cuidado à saúde, seja individualmente, seja como apoio ao núcleo familiar. 
 
A problemática familiar é complexa e necessita uma compreensão que leve em 
conta sua inserção no contexto sócio-econômico e o momento do ciclo vivido. 
Investigar a situação evolutiva de uma família pode esclarecer situações de 
conflito que possam estar afetando as condições de saúde. 
 
 
Frente às adversidades, como forma de proteção, a família não se entende somente a partir 
dos laços de sangue, mas sim como uma rede de solidariedade que favorece a 
sobrevivência. Assim, família são aqueles com quem se pode contar. E os grupos se 
estabelecem a partir de laços, afetivos e morais, de parentesco e vizinhança, que 
possibilitam a solidariedade, a troca de favores e a manutenção dos hábitos, linguagem e 
valores culturais. 
 
O projeto de sobrevivência das famílias empobrecidas ocorre dentro de grupos de 
solidariedade, nos quais os laços morais determinam papéis e obrigações para os 
seus membros. 
 
 
Na direção do suporte às famílias, alguns conceitos têm sido estudados. Observa-se, por 
vezes dentro da mesma faixa de renda, que indivíduos ou sistemas - famílias, grupos e 
comunidades - têm maior capacidade de enfrentar com sucesso adversidades ou riscos 
significativos. Ou seja, uma melhor capacidade de recuperaçãodiante de eventos adversos. 
 
A esta característica se chamou resiliência, que é um termo advindo da Física, que 
poderia ser traduzido como elasticidade e entendido como capacidade de retomar 
a forma original, após uma tensão sofrida. 
 
 
Algumas investigações buscam identificar características de resiliência, para formular e 
implementar programas e práticas visando reforçar propriedades já existentes, com o 
objetivo de alcançar mais saúde e qualidade de vida. Ou então, minimizar o impacto de risco 
em populações vulneráveis, como, por exemplo, crianças e adolescentes em contexto de 
violência, em uso de drogas ou moradores de rua. 
 
Uma das características que potencializam a capacidade de enfrentar adversidades é a 
possibilidade de se contar com suporte social. 
 
Suporte social pode ser qualquer informação, auxílio material ou afetivo, 
oferecidos por grupos ou pessoas. Nesse sentido, define-se como relação humana 
na qual trocam-se recursos sócio-emocionais, instrumentais ou recreativos. As 
redes de suporte social são as pessoas, grupos ou instituições concretamente 
organizadas e que potencialmente podem exercer esse apoio. 
 
 
Ações que levem em conta a possibilidade, no domicílio, de detectar necessidades de 
suporte e incrementar estratégias comunitárias, no sentido de ampliar redes de apoio social 
podem ter impacto positivo na saúde dos indivíduos e do grupo familiar. Nesse sentido, a 
equipe de saúde da família e, particularmente, o agente comunitário de saúde têm um papel 
primordial. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Bibliografia 
 
Autores: Ana Sílvia Whitaker 
Dalmaso1 
Alexandre Nemes Filho2 
Última Atualização: 12/4/2001 11:15:40 AM 
 
1 médico assistente Centro de Saúde-Escola Samuel B. Pessoa, Departamento de Medicina Preventiva, 
Faculdade de Medicina USP 
2 médico assistente Centro de Saúde-Escola Samuel B. Pessoa, Departamento de Medicina Preventiva, 
Faculdade de Medicina USP 
 
 
Introdução 
 
O tema da Promoção da Saúde tem se tornando cada vez mais presente na prática dos 
profissionais de saúde pois, na atualidade, se inclui como componente de destaque na 
organização de novos modelos de prestação de serviços no campo da saúde pública, como é 
o caso do Programa de Saúde da Família. 
 
Alem disso, o debate em torno da noção de promoção da saúde vem favorecendo a 
constituição de um movimento daqueles que entendem que as políticas públicas, em 
particular aquelas que ocorrem nos municípios, devem estar direcionadas para capacitar as 
comunidades para atuar na melhoria da qualidade de vida e saúde. Incluem-se nesta 
proposta o movimento de alcance internacional conhecido como "Cidades-Municípios-
 
 
 
 
 
Saudáveis". 
 
Pode-se observar também que, nas últimas décadas, tem havido um interesse maior das 
pessoas e das comunidades para iniciativas e habilidades que buscam expandir o potencial 
de vida, uma visão positiva da saúde. Sinteticamente isto pode ser explicado face ao 
aumento da expectativa de vida na modernidade com a redução da mortalidade nas idades 
mais jovens e a diminuição dos danos causadas pelas doenças. 
 
Nas perspectivas apontadas acima, o que está em questão é o reconhecimento de que a 
Saúde não está simplesmente relacionada à ausência de doenças ou ao tratamento de 
doenças, mas tem seu conteúdo ligado à qualidade de vida e ao bem-estar das populações. 
Desta forma, a saúde é promovida quando são fornecidas melhores condições de trabalho, 
moradia, educação, atividade física, repouso e lazer, alimentação e nutrição. 
 
Neste artigo, procuramos definir o conceito de Promoção da Saúde, incluindo uma breve 
recuperação histórica e assinalar as possíveis estratégias orientadas pelo conceito. 
 
O Conceito de Promoção à Saúde 
 
A noção de promoção à saúde mais difundida na área médica, foi introduzida por Leavell e 
Clark, em 1976, no desenvolvimento do modelo denominado "história natural da doença". 
Neste modelo, aplicado a partir do grau de conhecimento do curso de cada uma das 
doenças, definem-se três níveis de prevenção: primário, secundário e terciário. A prevenção 
primária, foco do nosso interesse, tem por objetivo evitar que as pessoas adoeçam; para 
tanto, lança mão de medidas voltadas para as condições do meio ambiente e social, não só 
para promoção geral da saúde, como para dar proteção específica a algumas doenças, como 
é o caso das vacinas. 
 
Este modelo repercutiu de forma positiva em dois aspectos. Permitiu uma ordenação e 
organização das ações no âmbito da vigilância epidemiológica, em particular nas atividades 
institucionais ligadas ao controle das doenças de notificação compulsória, e reforçou a noção 
de que a educação é um fator tão importante quanto a assistência clínica na melhoria da 
saúde. Obteve, porém, pouca repercussão no tocante a aspectos de mobilização das 
comunidades. 
 
A partir de 1980, esta última característica apareceu nas novas versões da promoção da 
saúde. 
 
Um entendimento muito freqüente refere-se à promoção como a busca de um ambiente 
saudável, que as pessoas tenham uma boa qualidade de vida e gozem de bem estar. 
 
BRESLOW (1999), entretanto, chama a atenção para o fato de que medidas como a 
restrição ao fumo, o controle do uso do álcool, a redução do peso nos obesos e diminuição 
da ingestão de gorduras saturadas e colesterol, embora devam ser alcançadas, constituem-
se em medidas tipicamente de prevenção para lidar com fatores de risco (de doença 
coronariana, câncer de pulmão e alcoolismo) não se caracterizando propriamente como 
medidas de promoção da saúde. 
 
BUSS (2000) salienta que este tipo de enfoque mantém-se centrado apenas nas mudanças 
de comportamentos danosos dos indivíduos ou restritos a questões culturais de algumas 
comunidades. Considera que o conceito moderno de promoção da saúde deve implicar em 
atividades voltadas tanto a grupos sociais como a indivíduos por meio de políticas públicas 
abrangentes (em relação ao ambiente físico, social, político, econômico e cultural) e do 
esforço comunitário, na busca de melhores condições de saúde. 
 
Nesta última perspectiva, têm se ancorado as resoluções das "Conferências Internacionais 
de Promoção da Saúde", procurando estabelecer consensos e diretrizes para a promoção da 
saúde. 
 
Estratégias de Promoção à Saúde 
 
Se já está explicado o que é promoção à saúde e entendido como ela é importante para 
melhorar a qualidade de vida das pessoas e diminuir a quantidade e gravidade das doenças, 
vamos agora indicar formas concretas de se fazer promoção à saúde. Destacamos, neste 
texto, duas formas que são complementares, isto é, uma se soma à outra. Elas não só 
trazem bons resultados, mas também fazem os recursos empregados produzirem mais 
benefícios. São elas a ação intersetorial (integração de tipos diferentes de atuação) e o 
suporte social. Vamos estar privilegiando neste texto o suporte social porque o 
consideramos um instrumento muito útil para o trabalho dos profissionais de saúde do 
Programa de Saúde da Família (PSF) para alcançar seus propósitos em termos de qualidade 
de saúde e vida das pessoas e dos grupos sociais. 
 
Ações intersetoriais: integração de esforços visando alcançar mais e melhores resultados e 
racionalizar recursos. Como diz o ditado: "a união faz a força". Portanto, somar ações é mais 
inteligente do que fazer tudo em separado. É proveitoso, por exemplo, juntar trabalho nas 
creches e escolas e ações de saúde; juntar atividades de esporte e cultura e as áreas de 
saúde e educação ou ainda transformar o local de trabalho ou o município em um ambiente 
saudável. Apesar de a intersetorialidade ser uma estratégia já conhecida faz tempo, há, 
freqüentemente, dificuldades para colocá-la em prática. O segredo é estar disposto a 
conversar e articular.Para os governos municipais, é muito importante fazer planejamento 
integrando as diversas áreas de atuação e discutindo com a população as prioridades e 
como realizar os planos. 
 
Suporte social: instrumento de trabalho na atenção básica à saúde, visando melhorar a 
qualidade de vida e o domínio do grupo e do indivíduo sobre as situações. A idéia é que uma 
pessoa que tenha mais conhecimentos, mais habilidades e maior confiança em si pode 
proteger sua saúde e viver melhor. 
 
O suporte social representa um conjunto de ações que podem ser realizadas por diferentes 
tipos de pessoas: os membros da equipe de saúde da família, parentes, amigos, voluntários. 
Faz-se suporte quando se fornece informação: com ela as pessoas e os grupos podem se 
proteger e se defender melhor, saber onde procurar ajuda para um problema e aprender a 
se cuidar. Outro tipo de suporte é o apoio emocional: fazer companhia, conversar, 
aconselhar, encorajar, mostrar que se está do lado da pessoa ou do grupo nas suas 
decisões. Este tipo de suporte faz com que as pessoas e os grupos ganhem mais confiança, 
mais força e possam decidir e lutar pelo que desejam. Um terceiro tipo de suporte é 
chamado de instrumental, significando fornecer recursos técnicos e/ou materiais para ajudar 
a pessoa a se protegerem e cuidar melhor. Pode ser desenvolver habilidades para, por 
exemplo, amamentar, fazer dieta ou fazer uma fossa, ou fornecer recursos materiais para 
cuidado da saúde ou manutenção da qualidade de vida (como, por exemplo, renda mínima, 
cesta básica, material para construção, medicação). 
 
Como já dissemos, o suporte pode ser leigo (parentes, amigos, voluntários) ou profissional. 
A vantagem do leigo é que muitas vezes quem faz o suporte está mais perto e conhece mais 
quem vai receber o apoio. Mas, onde o suporte leigo não é suficiente, pode-se contar com o 
apoio profissional. E de quem? Por exemplo: na equipe de saúde da família, quem deve 
fazer o suporte social? Todos, cada um com a sua função, todos buscando ouvir e acolher as 
necessidades dos usuários. E um trabalho articulado com o do outro, como uma verdadeira 
equipe. 
 
Onde fazer o suporte? Um entendimento mais restrito é considerar o suporte como ação 
comunitária, a ser realizado mais no domicílio e na comunidade do que na unidade de 
saúde. Uma outra forma de pensar, mais abrangente, é incluir o suporte social entre as 
ações básicas de saúde, realizadas em todos os espaços: na visita domiciliar, no contato 
com agrupamentos, locais de reunião, nos atendimentos individuais, nas atividades 
educativas. 
 
Quem decide qual é o suporte necessário? Não pode ser uma decisão só da equipe, mas da 
conversa dos profissionais com a população e as pessoas, definindo juntos os problemas a 
serem enfrentados e como fazer. Se a decisão é unilateral, corre-se o risco de o profissional 
pensar que está fazendo um apoio e de quem o recebe considerar que o apoio é 
desnecessário ou que até atrapalha mais do que ajuda. Por isso, a conversa, a integração e 
a combinação do suporte é tão importante. 
 
Como a área da promoção à saúde é relativamente nova, cabe, de um lado, experimentar 
diversas formas de atuação, ou seja, ser criativo. De outro lado, como o suporte profissional 
é um investimento de recursos (profissionais, tempo de trabalho, recursos materiais), é 
necessário pensar e colocar em prática formas de avaliação. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Bibliografia 
 
Autores: Marta Heloisa 
Lopes1 
Última Atualização: 12/4/2001 11:15:46 AM 
 
1 Professora Doutora do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da FMUSP 
 
Nota do editor: o calendário de vacinação apresenta peculiariedades de acordo com Estado 
e região do país, além de estar sofrendo atualização com grande freqüência devido ao 
avanço tecnológico. Recomendam-se consultas periódicas ao sítio do Ministério da Saúde: 
http://www.funasa.gov.br/imu/imu00.htm 
 
 
Esquema de Vacinação na Criança 
 
Esquema de Vacinação no Adulto 
 
Eventos adversos 
 · BCG 
 · DPT 
 · Febre Amarela 
 · Hemófilos 
 · Hepatite B 
 
 
 
 
 
 · Poliomielite 
 · Sarampo 
 · Tríplice viral 
 
Situações Específicas 
 
 
 
Vacinação na criança 
 
A vacinação de rotina tanto da criança quanto do adulto visa a prevenção das doenças mais 
graves e mais freqüentes. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) preconiza o seguinte 
esquema de vacinação para crianças, no Brasil. 
 
Esquema de Vacinação para Crianças 
 
IDADE VACINA DOSES DOENÇAS EVITADAS
Ao nascer BCG dose única Formas graves de 
tuberculose 
Vacina contra hepatite B 1ª. dose Hepatite B 
1 mês Vacina contra hepatite B 2ª. dose Hepatite B 
2 meses Vacina oral contra 
poliomielite (Sabin)
1ª. dose Poliomielite ou paralisia 
infantil 
DTP (tríplice bacteriana) 1ª. dose Difteria, tétano e 
coqueluche 
Hib (contra Haemophilus 
influenzae tipo b)
1ª. dose Meningite e outras 
infecções, causadas pelo 
Haemophilus influenzae 
tipo b 
4 meses Vacina oral contra 
poliomielite (Sabin) 
2ª. dose Poliomielite ou paralisia 
infantil 
DTP (tríplice bacteriana) 2ª. dose Difteria, tétano e 
coqueluche 
Hib (contra Haemophilus 
influenzae tipo b) 
2ª. dose Meningite e outras 
infecções, causadas pelo 
Haemophilus influenzae 
tipo b 
6 meses Vacina oral contra 
poliomielite (Sabin) 
3ª. dose Poliomielite ou paralisia 
infantil 
DTP (tríplice bacteriana) 3ª. dose Difteria, tétano e 
coqueluche 
Hib (contra Haemophilus 
influenzae tipo b) 
3ª. dose Meningite e outras 
infecções, causadas pelo 
Haemophilus influenzae 
tipo b 
Vacina contra hepatite B 3ª. dose Hepatite B 
9 meses Vacina contra sarampo dose única Sarampo 
Vacina contra febre 
amarela 
dose única Febre amarela 
15 meses Vacina oral contra 
poliomielite (Sabin) 
reforço Poliomielite ou paralisia 
infantil 
DTP (tríplice bacteriana) reforço Difteria, tétano e 
coqueluche 
Vacina tríplice viral ou dose única (reforço 
sarampo) 
Sarampo, rubéola, síndr.
rubéola congênita e 
caxumba 
vacina dupla viral ou Sarampo, rubéola e síndr. 
rubéola congênita 
vacina contra sarampo Sarampo 
6 a 10 anos BCG reforço Formas graves de 
tuberculose 
10 a 11 
anos 
dT (dupla adulto) reforço Difteria e tétano 
Vacina contra febre 
amarela
reforço Febre amarela 
 
 
É importante ressaltar que, nos últimos dez anos, ocorreram modificações importantes no 
esquema rotineiro de vacinação das crianças. Foram introduzidas, aos 15 meses de idade, 
as vacinas contra rubéola e caxumba. São dadas junto com a segunda dose da vacina contra 
sarampo e constituem a chamada tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). 
Posteriormente, foi introduzida, em todo o Brasil, a vacina contra hepatite B. A primeira 
dose deve ser aplicada o mais precocemente possível, de preferência no primeiro dia de 
vida, ainda na maternidade. Este esquema de vacinação universal na criança é preconizado 
para prevenir a transmissão materno- infantil do vírus da hepatite B. Em muitas regiões do 
Brasil ainda não se faz sorologia para hepatite B durante o pré-natal. Por isso não são 
identificadas as mães portadoras do vírus da hepatite B. A vacinação da criança nas 
primeiras horas de vida diminuiu em até 90% o risco de transmissão do vírus para ao filho, 
no caso da mãe ser portadora. O esquema completo de vacinação contra hepatite B 
compreende três doses. A segunda é dada com um mês de vida a terceira e última, aos 
nove meses de idade. Mais recentemente, foi introduzida no calendário vacinal de rotina, a 
vacina conjugada contra doença invasiva causada pela bactéria capsulada 
Haemophilus influenzae tipo b. Esta bactéria é importante causa de infecções graves em 
crianças menores de cinco anos de idade, salientando-se a meningite. O esquema de rotina 
para crianças menoresde um ano de idade é de três doses, sendo a primeira aos dois 
meses, a segunda aos quatro e a terceira aos seis meses de vida. A outra mudança ocorrida 
nos últimos dez anos refere-se a introdução de uma dose de reforço da vacina contra 
tuberculose (BCG intradérmico). O Programa Nacional de Imunizações (PNI) recomenda 
um reforço, sem teste tuberculínico (PPD) prévio, para crianças entre cinco e seis anos de 
idade. Embora haja controvérsia sobre a eficácia da vacina BCG, o PNI adotou esta medida 
em decorrência da grave situação epidemiológica da tuberculose o Brasil. O assunto, 
entretanto, é polêmico. O Estado de São Paulo, baseando-se nos dados controversos sobre a 
eficácia da revacinação com BCG, não a recomenda. Em toda essa polêmica, dois aspectos 
devem ser ressaltados: (1) a vacina BCG é útil e eficaz na prevenção das formas graves da 
tuberculose (miliar, de sistema nervoso central) e deve continuar sendo empregada para 
todas as crianças no primeiro mês de vida, até mesmo para aquelas nascidas de mães HIV 
positivas. (2º) estão sendo conduzidos estudos para elaboração de vacina de fragmentos de 
DNA do Mycobacterium tuberculosis, com perspectivas de serem mais seguras e mais 
eficazes que as vacinas atualmente disponíveis. Podem haver variações nas indicações de 
algumas vacinas, dependendo das condições epidemiológicas da região onde elas estão 
sendo usadas. Por este motivo, crianças que vivem ou viajam para áreas endêmicas de 
febre amarela, devem ser vacinadas contra essa doença que pode ser fatal. A vacinação não 
está indicada para crianças que vivem em áreas não-endêmicas. São áreas endêmicas 
brasileiras: Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amapá, Pará, 
Maranhão, Distrito Federal, Rondônia, Goiás e Roraima. O aparecimento de casos 
importados de febre amarela na região oeste do Estado de São Paulo determinou a 
introdução dessa vacina, desde o ano de 1992, no calendário de rotina dessa região. A 
vacina da febre amarela é aplicada em dose única a partir dos seis meses de idade, com 
reforço a cada dez anos. Por facilidade operacional, essa vacina pode se administrada aos 
nove meses de idade, simultaneamente com a vacina contra sarampo e a 3ª dose da 
Hepatite B. 
 
 
 
Vacinação no Adulto 
 
A importância e necessidade de vacinação na infância são bem conhecidas. A prática da 
vacinação do adulto ainda é um desafio. As seguintes situações devem ser consideradas em 
relação à vacinação de adultos: 
 
Primo-vacinação no adulto 
 
Esta situação é comum em indivíduos acima de 30 anos, uma vez que a vacinação rotineira 
da criança, em termos de saúde pública, só foi amplamente estabelecida no Brasil a partir 
da década de 1970. 
 
Esquema de vacinação para pessoas com sete ou mais anos de idade 
 
VACINA ESQUEMA
1ª visita dT(dupla tipo adulto: difteria e 
tétano) 
Hepatite B* 
Sarampo/caxumba/rubéola** 
Influenza (gripe)***
1ª dose 
1ª dose 
dose única 
dose única
1 a 2 meses após a 1ª visita dT 
Hepatite B 
2ª dose 
2ª dose 
6 meses após a 1ª visita dT 
Hepatite B
3ª dose 
3ª dose
a cada 10 anos e por toda a 
vida
dT uma dose de reforço
* desde janeiro de 2001, está disponível, no Estado de São Paulo, para todos os indivíduos até 19 anos de 
idade. Acima desta idade é indicada para grupos específicos (ver adiante) 
** desde janeiro de 2001, está disponível, no Estado de São Paulo, para indivíduos até 39 anos idade. 
*** indicada para todas as pessoas a partir de 60 anos de idade e pacientes HIV positivos de qualquer faixa 
etária acima de 6 meses de vida. É administrada anualmente, no outono. 
 
Manutenção durante a vida da imunização adquirida na infância: Os adultos 
vacinados na infância contra o tétano e a difteria devem receber uma dose de reforço da 
vacina dT a cada dez anos. Em caso de gravidez e na profilaxia do tétano após alguns tipos 
de ferimento, deve-se reduzir este intervalo para cinco anos. 
 
 
 
Eventos Adversos: As vacinas relacionadas abaixo, administradas na infância, são 
seguras. Os benefícios da vacinação superam largamente os eventuais danos causados pelas 
vacinas. Os eventos adversos relacionados a cada uma delas são os seguintes: 
 
 
BCG: locais: (1) úlcera maior que 1 cm.; (2) abcesso subcutâneo; (3) linfadenopatia 
regional supurada; ou sistêmica que podem acometer a pele, articulações, ossos, linfonodos, 
fígado, baço; são raras e mais prováveis em indivíduos imunocomprometidos. 
 
 
DPT: locais como dor, edema e vermelhidão e sistêmicos como febre, sonolência, 
irritabilidade, vômitos, anorexia. Mais raramente choro persistente (por três ou mais horas); 
episódio hipotônico hiporresponsivo e convulsão (associada ou não a febre). Encefalopatia e 
reação anafilática são extremamente raras. Nas crianças em que ocorrerem convulsões ou 
síndrome hipotônica hiporresponsiva a vacina DPT, nas próximas doses, deve ser substituída 
pela tríplice com componente acelular (DPaT), disponível nos centros de referência para 
Imunobiológicos Especiais (CRIES). Quando ocorrer encefalopatia, o esquema deve ser 
completado com a dupla infantil (DT, Difteria e Tétano). Nos casos de anafilaxia, estão 
contra-indicados todos os componentes da vacina tríplice. Nestes casos, portanto, estão 
contra-indicadas as vacinas. DPT, DPaT, DT e TT (tóxoide tetânico). 
 
 
Febre Amarela: reações locais, como dor, edema e vermelhidão e sistêmicas: febre, 
mialgia, cefaléia após uma semana da vacinação, com duração de um a dois dias. Há relatos 
de erupção cutânea, urticária e/ou asma e até choque em anafilático, em 1 caso para cada 
1.000.000 de doses aplicadas, após a vacinação. Os vírus vivos atenuados que constituem a 
vacina contra a febre amarela são cultivados em ovos embrionados de galinha. Por este 
motivo, a vacinação contra a febre amarela está contra-indicada em pessoas com grave 
hipersensibilidade a ovo. Por ser vacina de vírus vivo, está contra-indicada também para 
indivíduos imunodeprimidos. Recentemente, foram constatados, no Brasil, dois casos de 
disseminação do vírus vacinal, causando encefalite e óbito em uma criança e um adulto, 
sem documentação prévia de imunodepressão. 
 
O PNI se destaca no quadro da saúde pública brasileira. Graças ao sucesso alcançado por 
este programa, muitas doenças já não causam temor na população. Doenças como a 
poliomielite não ocorrem mais; e outras, atualmente, são muito raras, como coqueluche, 
difteria, sarampo, tétano. Esta situação paradoxalmente leva a uma diminuição do interesse 
pela vacinação. De fundamental importância é o papel do médico de família incentivando a 
vacinação e explicando a necessidade de altos índices de cobertura vacinal para manutenção 
de baixos índices de incidência destas doenças; o incentivo à vacinação deve levar em 
consideração que as oportunidades de vacinar não devem ser perdidas. Assim sendo, a 
vacinação não deve ser contra-indicada nas seguintes situações: (1) doença leve - febre 
baixa - infecção leve de trato respiratório superior - otite média - diarréia leve; (2) uso de 
antibioticoterapia; (3) no período de convalescença de uma doença; (4) em crianças que 
nasceram prematuras; (5) em casos de alergia a produtos que não os contidos na vacina; 
(6) crianças cujas mães estão grávidas podem e devem receber quaisquer vacinas, incluindo 
as de sarampo, caxumba, rubéola, pólio e febre amarela. 
 
 
Hemófilos B: reações locais como dor, vermelhidão e enduração e sistêmicas como febre. 
Tanto as reações locais quanto as sistêmicas podem ocorrer nas primeiras 48 horas após a 
vacinação. 
 
 
Hepatite B: reações locais, como dor e enduração, e sistêmicas como febre nas primeiras 
48 horas após a vacinação. É uma vacina pouco reatogênica. Reações de hipersensibilidade 
são excepcionais: urticária, sibilos, laringoespasmo, hipotensão e choque. Em casos de 
hipersensibilidade as doses subseqüentes estão contra indicadas. 
 
 
Poliomielite: poliomielite associada à vacina: paralisia flácida, assimétrica, aguda, com 
início 4 a 40 diasapós a vacinação ou contacto com vacinados. É evento extremamente 
raro, sendo mais susceptíveis os indivíduos imunodeprimidos. Estima-se que, entre 
vacinados, ocorra um caso a cada 4,4 a 6,7 milhões de todas as doses administradas. Entre 
os comunicantes, é mais rara ainda; um caso a cada 6,7 a 15,5 milhões de doses 
administradas. 
 
 
Sarampo: locais: dor, rubor e calor, muito raramente. 
 
Sistêmicos: do 5º ao 12º dia após a vacinação podem ocorrer febre menor ou igual a 39ºC 
com duração de até 2 dias, e menos freqüentemente (em cerca de 5% dos casos) 
exantema. 
 
Mais raramente podem ocorrer cefaléia, púrpura trombocitopênica e reação anafilática. 
 
 
Tríplice viral (sarampo/caxumba/rubéola): locais como eritema, enduração e 
linfadenopatia regional e sistêmicas: em até 5% dos vacinados, entre 5 e 12 dias após a 
vacinação, febre baixa, cefaléia, conjuntivite e exantema, em alguma região do corpo ou em 
todo o corpo, com duração de 1 a 2 dias. Cerca de 25% das mulheres vacinadas podem 
apresentar dor nas pequenas articulações 7 a 21 dias após a vacinação. Meningite, embora 
rara tem sido associada à vacina contra caxumba; ocorre em geral duas a três semanas 
após a vacinação. Este quadro é relativamente mais freqüente com a cepa vacinal URABE; 
sua evolução, em geral, é benigna. Encefalite é muito rara (1: 2.500.000 vacinados) Outras 
manifestações neurológicas relatadas como ataxia, síndrome de Guillain Barré, síndrome de 
Reye são consideradas associações temporais com a vacina. 
 
 
 
Situações Específicas 
 
A vacina contra Hepatite B tem indicação de uso universal, isto é, está indicada para todas 
as pessoas. No Brasil, só é disponível na rede pública para indivíduos maiores de 19 anos, 
nos seguintes casos: (1)comunicantes sexuais e domiciliares de portadores crônicos do VHB; 
(2) comunicantes sexuais de casos agudos de Hepatite B; (3) profissionais que atuam em 
áreas da saúde com risco para a aquisição do VHB; (4) alunos de cursos técnicos e 
universitários da área da saúde; (5) pacientes HIV positivos*; (6) pacientes renais 
crônicos*; (7) pacientes submetidos a politransfusões sangüíneas (ex.: hemofílicos, 
portadores de anemias hemolíticas); (8) bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários 
envolvidos em atividade de resgate; (9) carcereiros; (10) população penitenciária; (11)
menores institucionalizados; (12) prostitutas, homossexuais masculinos; (13) pacientes 
psiquiátricos, institucionalizados. 
 
* estes pacientes recebem o dobro da dose habitual 
 
A vacina de polissacarídeos contra o pneumococo está disponível nos CRIES para 
pessoas maiores de dois anos de idade com anemia hemolítica; doença pulmonar obstrutiva 
crônica, insuficiência cardíaca, esplenectomia, diabetes, imunodepressão: HIV positivos, com 
neoplásicos e transplantados. 
 
Nos casos de esplenectomia eletiva a vacina contra pneumococo deve ser administrada no 
mínimo dez dias antes do procedimento. 
 
Os CRIES dispõem ainda de vacinas contra varicela, hepatite A, contra raiva (cultivada 
em células diplóides) e de imunoglobulinas específicas contra tétano, hepatite B, 
varicela e raiva cuja dispensação segue regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde para 
situações especiais. Em casos de dúvida quanto à indicação deste imunógenos, os CRIES 
devem ser consultados. 
 
 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Toshio 
Chiba1 
Última Atualização: 12/4/2001 11:15:04 AM 
 
1 Médico assistente da Disciplina da Clínica Geral e Propedêutica do Hospital das Clínicas da Faculdade de 
Medicina da USP 
 
 
Quadro Clínico e Epidemiologia 
 
Todas as mortes, excetuando-se aquelas causadas pela violência, pelo quadro clínico de 
morte súbita decorrente do infarto agudo do miocárdio, do acidente vascular cerebral e do 
tromboembolismo pulmonar ou pela meningococemia serão precedidas de uma fase 
considerada como fora de possibilidades terapêuticas de cura, ou seja, de reversão ou de 
estabilização da história natural da doença. Há uma idéia errônea de que, para se chamar 
um paciente de "terminal", ele teria que possuir o diagnóstico de câncer na forma neoplasia 
avançada. 
 
Este fato implica na utilização de "cuidados paliativos", que consiste em "assistência ativa e 
integral a pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. Controle da dor, 
de outros sintomas e solução de problema psicológico, social e espiritual é soberano. A meta 
do cuidado paliativo é de proporcionar a melhor qualidade de vida ao paciente e seus 
familiares." - OMS, 1990. 
 
 
 
 
 
 
Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva classe funcional IV sob controle 
medicamentoso, pneumopatas graves crônicos e oxigênio dependentes, demenciados 
avançados com vários episódios de pneumonias ou de acidentes vasculares e portadores de 
esclerose lateral amiotrófica em último estágio da doença, devem ser considerados como 
elegíveis para cuidados paliativos. 
 
A dor está presente em mais de dois terços de pacientes na fase terminal de câncer. É o 
sintoma que norteia a qualidade de vida destes pacientes. Mesmo em pacientes não-
portadores de neoplasia, dor é um dos sintomas mais freqüentes. Um erro muito comum é o 
tratamento inadequado da dor, quase sempre com menos medicamentos e em doses 
menores do que as preconizadas para uma eficiente analgesia. Um dos motivos é o 
preconceito com relação ao uso de medicamentos como os opióides, uma restrição que está 
presente entre os médicos, os pacientes e familiares e na própria estrutura de assistência 
médico-farmacêutica. 
 
Médicos têm falta de conhecimento do controle da dor, têm preconceito sobre o controle da 
mesma e, muitas vezes, alegam obstáculos regulamentares para prescrição que são 
impostos pela autoridade local. Pacientes que se encontram em tal situação de dor, têm 
relutância em reportá-la e com freqüência, por quererem ser um "bons" pacientes e não 
incomodar o médico e também por terem medo de que a dor signifique piora da doença. A 
sociedade, devido a preconceito, apresenta falha em distinguir entre uso legal e ilegal de 
analgésicos opióides, tem medo de criar vício (efeito de adição) e exerce pressão cultural 
para não se prescreverem opióides mais por prática habitual do que por princípios 
farmacológicos bem estabelecidos, levando a uma prática irracional e detrimental de 
reservar opióides até a iminência da morte. Além disso, outros sintomas como astenia, 
náusea, vômito, inapetência, constipação, diarréia, dispnéia, insônia, edema, xerostomia, 
ansiedade, delirium, úlcera de decúbito, figuram como quadros clínicos freqüentes. Junto 
com a analgesia, o controle destes sintomas determinariam menor grau de sofrimento nesta 
fase final da vida para garantir melhor qualidade de vida. Neste capítulo, vamos nos deter 
sobre o controle da dor, sem dúvida o fator limitante nos cuidados paliativos. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Bibliografia 
 
Autores: Rubens Kon1 
Yara Maria de 
Carvalho2 
Última Atualização: 12/4/2001 11:16:18 AM 
 
1 Médico assistente do Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa - Faculdade de Medicina da USP 
2 Professora Doutora da Escola de Educação Física e Esportes da USP 
 
 
As relações entre saúde e atividade física têm recebido grande atenção dos profissionais de 
saúde, da comunidade científica e, mesmo, de parte da população. Entretanto, a 
compreensão dos efeitos da prática de atividade física para os níveis de saúde dos indivíduos 
e das populações é, por vezes, dificultada por alguns mitos e preconceitos.Este texto 
procura oferecer, a quem atua na atenção básica em saúde, as informações essenciais para 
que possa incorporar essa discussão aos diferentes momentos de sua intervenção. 
 
A idéia de Promoção da Saúde, nas mais recentes formulações, tem levado em conta a 
complexidade dos fenômenos que interagem neste campo e propõe a mobilização de 
diferentes recursos sociais para propiciar à população maior controle sobre sua saúde e 
condições de vida, no plano individual e no coletivo. 
 
Nessa perspectiva, o papel dos serviços de saúde, com relação à prática de atividade física, 
 
 
 
 
 
deve ser pôr à disposição da comunidade as informações, o conhecimento e os meios 
necessários para que a atividade física possa ser incorporada ao cotidiano das pessoas, 
considerando suas diferentes condições, interesses e possibilidades. 
 
Uma tendência que se observa nos veículos de comunicação e entre formadores de opinião é 
a ênfase na prática de atividade física visando a "aquisição" de um corpo nos moldes de 
certos padrões de ou ainda a glorificação da competição e, ao mesmo tempo, a 
responsabilização exclusiva do indivíduo por mudanças de comportamento, de hábitos e 
estilos de vida. 
 
O que se pretende, ao contrário, é chamar a atenção para a atividade física como um 
elemento adicional, que os indivíduos e as comunidades podem incorporar em suas 
estratégias de melhoria da qualidade de vida, com base nas idéias de autonomia, 
solidariedade, prazer e bem-estar. 
 
É difícil imaginar, nesse sentido, receitas uniformes e padronizadas de comportamento 
relativo ao cuidado com o corpo e à prática de atividade física. É fundamental que as 
diferenças de história e situações de vida sejam reconhecidas e que se procure ampliar as 
possibilidades de escolha das pessoas, o que melhora suas chances de viver melhor. 
 
Os serviços de saúde são lugares onde a prática da atividade física pode ser tornada 
possível, tanto ao orientar e esclarecer seus usuários, como ao identificar e divulgar os 
recursos acessíveis à comunidade. Além disso, os grupos de caminhada para idosos, as 
sessões de ginástica para gestantes, as atividades recreativas para crianças, as aulas de 
capoeira para jovens, entre outros exemplos, têm sido incorporados, com êxito, à rotina de 
muitas unidades de saúde em todo o país. 
 
O fortalecimento dos laços de solidariedade na comunidade que resulta desse tipo de 
iniciativa tem tanta importância, como estratégia de promoção da saúde, quanto os 
resultados mais imediatos de incremento da atividade física na prevenção e no controle de 
problemas de saúde. 
 
 
Atividade Física, Prevenção e Controle de Problemas de Saúde 
 
Além dos benefícios de natureza mais ampla para saúde e a melhoria da qualidade de vida, 
vários estudos têm demonstrado que a atividade física é um fator importante na prevenção 
e no controle de alguns problemas de saúde, quando analisada a partir da perspectiva 
populacional: 
 
● A prática regular de atividade física está associada a menores índices de mortalidade em 
geral. Diminui, em especial, o risco de morte por doenças cardiovasculares e, 
particularmente, por doenças coronarianas. Também impede ou retarda o aparecimento da 
hipertensão arterial e facilita a redução dos níveis de pressão arterial nos hipertensos.
 
 
● O risco de desenvolvimento do diabetes mellitus não-insulino-dependente está diminuído 
entre os que praticam regularmente atividade física.
 
 
● A atividade física contribui para a manutenção da força muscular, da estrutura e função 
das articulações e para o desenvolvimento ósseo adequado na infância e na juventude, o 
que lhe confere um papel importante na prevenção e no controle de problemas articulares e 
de desenvolvimento de osteoporose. Adicionalmente, o risco de quedas diminui e aumentam 
as possibilidades de manter uma vida autônoma e independente.
 
 
● Embora os estudos relacionando atividade física e aparecimento de diferentes tipos de 
câncer ainda sejam pouco conclusivos, observa-se uma associação com a diminuição do 
risco para o câncer de cólon.
 
 
● A prática de atividade física parece aliviar sintomas de depressão e ansiedade e melhorar 
o humor.
 
 
 
O Que, Quanto e Como Fazer 
 
Optar pelo exercício e definir a freqüência apropriada para que ele seja praticado dependerá, 
basicamente, das características do indivíduo para o qual está sendo indicado e das 
motivações que possa ter para a prática de atividade física. 
 
Desse modo, o programa de atividades para uma pessoa jovem, que aspira atingir 
desempenho destacado em determinada modalidade esportiva será, evidentemente, muito 
diferente do proposto para o indivíduo de meia-idade que se recupera de um infarto do 
miocárdio, ou do idoso que pretende manter-se ativo porque isso o faz sentir-se bem. 
 
Se os dois primeiros exemplos se referem a situações particulares, que exigirão, por vezes, 
a intervenção de profissionais especializados, a última situação representa a maior parte das 
demandas por orientação para a atividade física encontradas no âmbito da atenção básica: 
indivíduos saudáveis ou, eventualmente, portadores de condições crônicas - como 
hipertensão, diabetes, dislipidemias, etc. - que têm na atividade física uma oportunidade de 
incrementar seu bem-estar, prevenir problemas de saúde e melhorar as possibilidades de 
controle de certos agravos. 
 
Trata-se, portanto, de compreender a atividade física como elemento importante na busca 
da melhoria da qualidade de vida. O termo atividade física geralmente é utilizado quando há 
gasto de energia. Assim, andar até o ponto de ônibus, lavar roupa, caminhar no parque, 
subir escada, etc., é fazer atividade física. Entretanto, há diferenças de outra dimensão 
entre andar no parque apreciando a natureza e caminhar apressadamente até o ponto de 
ônibus distante, ainda que os gastos de energia sejam equivalentes. 
 
Sendo assim, qual seria, então, uma recomendação adequada à prática de atividade física? 
 
Atualmente, a orientação que predomina é para a prática de atividade física moderada, 
totalizando em torno de trinta minutos diários - mesmo que distribuídos em vários períodos 
do dia - e em todos, ou na maioria dos dias da semana. 
 
Vamos compreender melhor este tipo de recomendação: 
 
A atividade física moderada é definida como aquela em que há consumo de cerca de 4 a 
7 calorias por minuto (em torno de 200 calorias por dia) ou, como tem sido preferido, 
aquela em que se atinge entre 3 a 6 equivalentes metabólicos (que seria a quantidade de 
oxigênio que o organismo em repouso consome, por minuto, para produzir energia). Esta 
definição técnica precisa, no entanto, ser traduzida em alguma forma mais prática de 
orientação. 
 
É possível dizer que, para a maior parte das pessoas, caminhar rapidamente, mantendo a 
capacidade de conversar, andar de bicicleta, dançar e fazer ginástica, sem sentir dores, mal-
estar ou dificuldade respiratória, são exercícios que se enquadram nesta definição. 
 
Mas, uma vez que o consumo de energia é diferente para pessoas com características 
diversas de sexo, idade, peso, condicionamento físico, etc., podem ser utilizados parâmetros 
personalizados. Uma boa aproximação é a utilização da freqüência cardíaca máxima, 
calculada subtraindo-se a idade de 220. A atividade física deveria, então, manter a 
freqüência cardíaca entre 65% e 80% da freqüência cardíaca máxima calculada. 
 
Exemplificando: para um indivíduo de 60 anos, a freqüência cardíaca máxima [220 - idade] 
é 160 e a atividade física deveria manter entre 104 e 128 batimentos cardíacos por minuto. 
 
Note que a atividade física intermitente, distribuída ao longo do dia e incluindo 
modalidades diferentes de exercício e recreação, que totalize os cerca de 30 minutos 
preconizados, é aceitável quando se tem em mente o objetivo de manter um 
condicionamento físico que preserve a saúde e mantenha o bem estar. Uma sessão diária, 
de atividade física concentrada, também atendea esse objetivo. 
 
Cabe destacar que, nessa recomendação, a freqüência semanal, abrangendo todos, ou 
quase todos os dias da semana, é fundamental. A prática de atividade física, ainda que mais 
intensa, em poucos dias da semana, tem menores benefícios e aumenta o risco de 
resultados indesejáveis. 
 
E quais seriam os cuidados preliminares para que uma pessoa sedentária inicie a prática de 
atividade física? 
 
Quando se trata de atividade moderada, como a que se está propondo, a maior parte das 
pessoas pode fazê-lo, de forma gradual e atentando para o aparecimento de sinais ou 
sintomas não-usuais, sem a necessidade de exames complementares e, mesmo, de 
consultas médicas. O risco de eventos adversos graves e mesmo da morte súbita, nos 
indivíduos sem doenças conhecidas, é bastante baixo e a melhoria do padrão de saúde 
obtida com a massificação da prática de atividade física o supera amplamente. 
 
Uma avaliação médica mais aprofundada (que pode incluir exames complementares como o 
teste de esforço) deve ser reservada para aqueles com alto risco para doença coronariana, 
com sintomas sugestivos de problemas cardíacos, pulmonares ou metabólicos e no caso de 
idosos ou portadores de condições crônicas que pretendam se dedicar a exercícios mais 
vigorosos. 
 
É bom lembrar que cabe também ao serviço de saúde facilitar o acesso à informação relativa 
à forma adequada para a prática do exercício: horários, locais, roupas, calçados, acessórios 
de proteção, quando for o caso, alimentação e hidratação, que garantam uma experiência 
prazerosa e saudável. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Prof Dr Paulo Andrade 
Lotufo1 
Última Atualização: 9/20/2001 6:02:52 AM 
 
1 Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Hospital 
Universitário da USP 
 
 
Quadro clínico e Epidemiologia 
 
O aumento do peso médio da população brasileira registrado nas últimas décadas é um fato 
da maior importância para a saúde pública e para a atenção médica. A obesidade associa-se 
de forma direta ao diabetes, como também à hipertensão arterial e ao colesterol elevado, 
fatores de risco para a doença coronária. O impacto da obesidade na mortalidade 
cardiovascular, no aumento de doenças como por exemplo, a litíase biliar, a osteoartrose, a 
insuficiência vascular periférica é imenso com repercussões sociais e econômicas relevantes. 
Apesar dos bolsões de desnutrição no país houve aumento da prevalência da obesidade em 
ambos os sexos, nas zonas urbana e rural, em todas as macroregiões e em todas as 
categorias de renda. No último estudo, realizado em 1996, detectou-se que a prevalência da 
obesidade é cada vez maior entre as pessoas com menor escolaridade, ao contrário do 
senso comum que a considera como decorrente da afluência. 
 
A importância do aumento da obesidade no Brasil é de tamanha relevância que é possível 
 
 
 
 
 
prever que a queda da mortalidade por doença coronária que se iniciou na década de 80 
será lentificada pelo aumento da freqüência dos fatores de risco cardiovascular devido ao 
aumento da prevalência da obesidade. 
 
Ao contrário do senso comum há dois fatos provenientes de estudos epidemiológicos 
recentes que podem ser aplicados à prática médica. Primeiro, a idéia da existência de um 
"gordo saudável" não encontra apoio no conhecimento científico porque todos os indivíduos 
com aumento de peso apresentam risco maior de algum tipo de doença entre as acima 
listadas. Segundo, não há valores de peso reduzido que causariam, per se, risco maior de 
morte em indivíduos bem emagrecidos, porque há um conjunto de doenças ainda sem 
expressão clínica exuberante como depressão, câncer, tuberculose, doença pulmonar 
obstrutiva e insuficiência cardíaca que serão de fato a causa do agravo ou da morte futuros. 
 
Estes aspectos são importantes para o médico não trivializar o problema obesidade, ou 
restringi-lo somente a uma questão estética ou de auto-estima. O fato de o tratamento ser 
muito difícil, trazendo uma sensação de impotência ao médico, não significa que o problema 
não deva ser considerado como relevante. 
 
Uma das formas de vencer o preconceito no atendimento ao obeso é a de entender que a 
atual epidemia de obesidade é decorrente de um condicionamento social "obesogênico", que 
privilegia o consumo excessivo de alimentos calóricos e inibe a atividade física. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Bruno 
Caramelli1 
Última Atualização: 12/4/2001 11:16:44 AM 
 
1 Médico Assistente do Instituto do Coração do HCFMUSP 
 
 
 
Quadro clínico e Epidemiologia 
 
As doenças do aparelho circulatório estão em primeiro lugar entre as causas de morte no 
Brasil, com quase um terço de todas as causas. Afetadas por doenças circulatórias, mais de 
um milhão de pessoas são internadas anualmente no país, afastadas de suas famílias e de 
suas profissões. Dentro do grupo das doenças circulatórias, o infarto do miocárdio e as 
doenças cerebrovasculares são aquelas com maiores índices de mortalidade. 
 
Uma característica comum ao infarto do miocárdio e às doenças cerebrovasculares é a sua 
instalação abrupta. Ao contrário de outras doenças, onde há um período subclínico mais 
extenso, o infarto do miocárdio não apresenta sintomas prévios em mais de 60% dos 
pacientes. Além disto, 20% dos pacientes com infarto do miocárdio morrerão antes de 
chegar ao hospital, correspondendo a mais da metade dos óbitos causados por esta doença. 
Estas duas características do infarto do miocárdio limitam as expectativas de sucesso da 
assistência médica e favorecem a perspectiva de controle dos fatores de risco para as 
 
 
 
 
 
doenças cardiovasculares. Quanto maior a intensidade e o tempo de exposição ao fator de 
risco, maior a possibilidade de se ter a doença e, por outro lado, o controle ou a eliminação 
do fator de risco reduz a probabilidade do surgimento de novos casos. No caso do infarto do 
miocárdio e das doenças cerebrovasculares, os fatores de risco cardiovascular são 
classificados em modificáveis ou não segundo a possibilidade de intervenção preventiva e 
maiores ou menores conforme a sua importância. Os principais são a hipertensão, o 
tabagismo, o colesterol elevado e o diabetes. 
 
Hipertensão arterial: é o principal fator de risco cardiovascular no Brasil, porque os 
coeficientes de mortalidade por doença cerebrovascular são maiores do que os pelo infarto 
do miocárdio. A prevalência da hipertensão é estimada em cerca de 15% a 20% da 
população adulta, sendo responsável, além do excesso de óbitos, por cerca de 40% dos 
casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho. 
 
Tabagismo: associa-se a risco maior de doença coronária. Este risco está associado 
positivamente ao número de cigarros por dia e ao tempo de existência do hábito de fumar 
cigarros, cachimbo, charuto, cigarro de palha ou os indivíduos que não "tragam". A 
interrupção do fumo é a intervenção com maior impacto na redução do risco cardiovascular. 
Já no dia seguinte à suspensão, o risco será menor e, após dois anos, reduzido pela metade. 
O fumo tem ainda um efeito multiplicador sobre os outros fatores de risco. Neste aspecto, 
cabe lembrar que o uso de anticoncepcionais entre mulheres fumantes deve ser evitado pois 
aumenta em muito o risco de complicações circulatórias, incluindo tromboses venosas. 
 
Colesterol elevado: há uma relação direta entre dislipidemias e aterosclerose, 
especialmente com relaçãoa níveis elevados de colesterol total, triglicérides, LDL (low 
density lipoprotein)-colesterol ou valores reduzidos de HDL (high density lipoprotein)-
colesterol. O Consenso Brasileiro de Dislipidemias recomenda que todos os adultos com 
idade superior a 20 anos conheçam seu perfil lipídico (colesterol total, triglicérides, HDL-
colesterol e LDL-colesterol). Obtendo-se um perfil desejável (ver tabela abaixo) e na 
ausência de outros fatores de risco, as determinações laboratoriais devem ser repetidas a 
cada cinco anos. 
 
Diabetes: principalmente o tipo 2, associado diretamente a obesidade e ganho de peso. O 
risco de infarto do miocárdio em diabéticos isoladamente é maior do que em hipertensos 
isolados ou tabagistas ou indivíduos com colesterol elevado. No diabético, os critérios de 
controle da pressão arterial e do colesterol são mais rigorosos do que no resto da população 
sem diabetes. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Montezuma Pimenta 
Ferreira1 
Última Atualização: 8/16/2001 8:52:28 AM 
 
1 Médico assistente do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP 
 
 
Epidemiologia e Quadro Clínico 
 
Trinta por cento dos brasileiros maiores de dezesseis anos fumam. Isto representa trinta 
milhões de pessoas. Metade dos fumantes morre de doenças diretamente causadas pelo 
tabaco. A diminuição da expectativa de vida é de 8 a 10 anos, mas um quarto dos fumantes 
perde 23 anos de vida, em média! Os principais riscos à saúde dos fumantes são as doenças 
cardiovasculares, os cânceres de pulmão, outras doenças pulmonares, como a bronquite e o 
enfisema, e outros tipos de câncer (da boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, rins, bexiga 
e colo de útero). Úlceras pépticas e osteoporose também são mais freqüentes entre 
tabagistas. 
 
A maioria dos tabagistas começa a fumar antes dos 18 anos. Noventa por cento dos 
fumantes têm dificuldade de fumar menos do que 12 cigarros por dia. A droga que causa a 
dependência do tabaco é a nicotina. Fumada de um cigarro, é absorvida através dos 
pulmões e atinge o cérebro em oito segundos. Seus efeitos estimulantes reforçam o seu 
uso. O desenvolvimento de tolerância ocorre rapidamente, levando ao aumento da dose e ao 
 
 
 
 
 
estabelecimento do uso regular. 
 
Mais da metade dos fumantes apresenta sintomas de abstinência. Esta síndrome se instala 
nas primeiras horas sem cigarros, aumenta nos primeiros dias e regride lentamente em 
algumas semanas. É caracterizada por inquietação, irritabilidade, ansiedade, sintomas 
depressivos, dificuldade de manter o alerta e a concentração, sonolência diurna, insônia, 
aumento de apetite e do peso. Fumar mais de um maço por dia e fumar o primeiro cigarro 
menos de trinta minutos depois de acordar indicam risco de síndrome de abstinência 
intensa. 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Dr. Danilo Antonio Baltieri1 
Prof. Dr. Arthur Guerra de 
Andrade2 
Última Atualização: 12/4/2001 11:17:02 AM 
 
1 Médico psiquiatra pós-graduando do departamento de psiquiatria do Instituto de Psiquiatria do Hospital das 
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 
2 Professor Livre-Docente do departamento de psiquiatria do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 
 
 
Quadro clínico e Epidemiologia 
 
O consumo de substâncias psicoativas é importante problema de saúde pública em todo 
mundo, sendo o álcool a mais utilizada. Em função da alta freqüência do uso do álcool e dos 
inúmeros riscos à saúde advindos deste consumo, uma compreensão adequada do quadro 
clínico e tratamento do alcoolismo se faz necessária. Estima-se que cerca de 10 a 14% da 
população seja dependente do álcool. Existe um nítido predomínio do alcoolismo em 
homens. 
 
O álcool etílico é um produto da fermentação de carboidratos presentes em vegetais. Suas 
atividades intoxicantes e euforizantes são conhecidas desde tempos pré-históricos. 
Farmacologicamente, o álcool é um depressor do sistema nervoso central, provocando uma 
 
 
 
 
 
desorganização geral dos impulsos nervosos. A primeira experiência com o álcool costuma 
ocorrer na adolescência, sendo que a tolerância aos seus efeitos é muito marcante. 
 
O consumo recente e excessivo de álcool pode causar desde euforia, diminuição da atenção, 
prejuízo do julgamento, irritabilidade, depressão, labilidade emocional, lentificação 
psicomotora, sonolência, redução do nível da consciência e, eventualmente, coma. A este 
quadro dá-se o nome de intoxicação por álcool. 
 
O quadro de abuso de álcool é caracterizado por um padrão mal-adaptativo de uso do 
álcool, levando a sério prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por um 
ou mais dos seguintes critérios, dentro de um período de 12 meses: (1) uso recorrente do 
álcool, resultando em fracasso em cumprir obrigações importantes relativas a seu papel no 
trabalho, na escola ou em casa; (2) uso recorrente do álcool em situações onde há perigo 
físico; (3) problemas legais relacionados ao uso do álcool; (4) uso do álcool, apesar dos 
problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados 
pelos efeitos do álcool; (5) os critérios nunca satisfizeram os critérios de síndrome de 
dependência ao álcool. 
 
Já o quadro de síndrome de dependência ao álcool é diagnosticado a partir de um padrão 
mal-adaptativo de uso do álcool, levando a sérios prejuízos ou sofrimento clinicamente 
significativo, manifestado por pelo menos três dos seguintes fatores: (1) evidência de 
tolerância (necessidade de doses cada vez maiores da droga para obter os mesmos efeitos 
das doses iniciais); (2) síndrome de abstinência (sintomas psicológicos e físicos advindos da 
parada ou redução abrupta do consumo do álcool); (3) o álcool é usado em maiores 
quantidades ou por um período mais longo do que o desejado; (4) existe um desejo 
persistente ou esforço malsucedido no sentido de reduzir ou controlar o uso do álcool; (5) 
muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância, na sua 
utilização ou na recuperação dos seus efeitos; (6) importantes atividades sociais, 
ocupacionais ou recreativas são abandonadas em função do uso do álcool; (6) uso do álcool 
continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou 
recorrente. 
 
Várias são as complicações clínicas e psiquiátricas surgidas em função do uso do álcool, 
sendo raro o órgão humano que não seja afetado por esta substância. Como complicações 
clínicas, podemos citar: gastrites, lesão da parede do esôfago, dificuldades na absorção de 
nutrientes, hepatite alcoólica, cirrose hepática, insuficiência hepática, pancreatite, alteração 
do funcionamento cardíaco, arritmias cardíacas, neuropatia periférica (dor e parestesia em 
membros), lesões no sistema nervoso central com conseqüentes disfunções motoras, 
sensitivas e cognitivas, dores musculares, osteoporose precoce, anemias. Em mulheres 
grávidas, sabe-se que o álcool atravessa a "barreira placentária" e pode provocar desde 
abortamentos espontâneos, natimortos e crianças com baixo peso ao nascer, além da 
temida síndrome do alcoolismo fetal (deficiência do crescimento pondero-estatural da 
criança, danos ao sistema nervoso central, danos faciais, alterações cardíacas, alterações 
em outras regiões como articulações, genitais e pele). 
 
Como complicações psiquiátricas, podemos citar: a intoxicação alcoólicaidiossincrática 
(caracterizada por um comportamento desadaptativo e atípico após a ingestão de pequenas 
quantidades de álcool, freqüentemente seguido por amnésia para o período de intoxicação), 
a alucinose alcoólica (presença de alucinações vívidas e persistentes, principalmente visuais 
e auditivas, sem alteração do nível da consciência, após a cessação ou redução do consumo 
do álcool, podendo ser acompanhadas por idéias delirantes), o ´delirium tremens` 
(caracterizado por confusão mental, hiperatividade autonômica, alucinações vívidas, delírios, 
tremor, agitação, febre, convulsões, que ocorrem após interrupção ou redução abrupta do 
uso crônico e intenso do álcool, em pacientes clinicamente comprometidos). É quadro de 
emergência clínica. O transtorno amnéstico (caracterizado por episódios transitórios de 
amnésia que acompanham variados graus de intoxicação ao álcool. O nível de consciência 
do indivíduo parece normal para terceiros no momento da intoxicação). 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Arthur Guerra de 
Andrade1 
Edson Henry Takei2 
Última Atualização: 10/31/2001 12:06:50 PM 
 
1 Professor associado da Faculdade de Medicina da USP 
2 Pós-graduando em medicina pela Faculdade de Medicina da USP 
 
 
Quadro clínico e Epidemiologia 
 
Droga é o termo utilizado para designar substâncias de efeito psicotrópico (principalmente 
as de caráter ilícito), que podem levar o usuário à dependência física e/ou psíquica. Neste 
capítulo, daremos enfoque à maconha, à cocaína (inalada, fumada ou injetada), às 
medicações de uso médico que possuem potencial de abuso (benzodiazepínicos, 
estimulantes, opióides e anticolinérgicos), aos solventes orgânicos e a outras drogas de uso 
menos freqüente em nosso meio como o LSD, o "Ecstasy" e a Heroína. 
 
Segundo dados de uma pesquisa domiciliar realizada nas 24 maiores cidades de São Paulo 
em 1999 pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas, o uso na vida de qualquer 
droga psicotrópica, exceto álcool e tabaco, foi de 11,6%. A maconha foi, dentre as drogas 
ilícitas, a que teve maior uso na vida (5,6%). A prevalência do uso na vida de cocaína foi de 
 
 
 
 
 
1,7%. Pesquisas anteriores realizadas pelo mesmo grupo em 1987, 1991 e 1993 em 10 
capitais brasileiras com estudantes de segundo grau mostraram que as drogas de maior uso 
na vida são os solventes, seguidos pelos ansiolíticos e anfetamínicos. 
 
Substância: Maconha/Haxixe 
 
Uso habitual: Ilícito, como relaxante, ansiolítico ou alucinógeno 
Intoxicação: Percepção do tempo mais lenta, aumento do apetite e da sede, 
euforia, alterações sensoriais, sensação de relaxamento, hiperemia conjuntival, 
pupilas dilatadas, taquicardia, boca seca, tosse, piora do rendimento psicomotor 
Abstinência: Mal caracterizada, às vezes sintomas ansiosos, irritabilidade e 
humor depressivo 
Quadros associados: Quadros psiquiátricos em geral, câncer de vias aéreas 
Conseqüências do uso prolongado: Piora do rendimento na escola e trabalho; 
muitas vezes leva ao consumo de drogas mais pesadas; prejuízo de funções como 
memória, atenção e vontade de realizar tarefas 
 
 
Substância: Cocaína/crack 
 
Uso habitual: Ilícito, como estimulante 
Intoxicação: Euforia, desinibição, estado de hipervigilância, sensação de prazer 
ou ansiedade intensos, agitação psicomotora, sinais de liberação adrenérgica, 
alucinações e delírios transitórios 
Abstinência: Depressão, letargia, falta de prazer e vontade de realizar 
atividades, insônia, ansiedade, irritabilidade, desejo intenso pela droga 
Quadros associados: Acidentes vasculares cerebrais, infartos do miocárdio, 
convulsões, quadros delirantes breves, casos de morte após uso excessivo; 
infecções no uso endovenoso, problemas pulmonares no crack 
Conseqüências do uso prolongado: Podem ocorrer quadros psicóticos 
prolongados que necessitam do auxílio do especialista; crack tem associação com 
envolvimento criminal; forte indução de dependência 
 
 
Substância: Alucinógenos (LSD, chá de cogumelo, mescalina) 
 
Uso habitual: Ilícito, como modificador sensorial 
Intoxicação: Alucinações visuais agradáveis ou extremamente desagradáveis, 
euforia, sensação de relaxamento 
Abstinência: Não existe síndrome de abstinência característica 
Quadros associados: Quadros psicóticos ou ansiosos 
Conseqüências do uso prolongado: Lembranças vívidas das alterações 
sensoriais mesmo muito tempo após consumo ("flashbacks") 
 
 
Substância: Anfetaminas (Hipofagin, Moderex, Dualid, Inibex, Desobesi, 
Reactivan, Pervetin, Preludin, fórmulas para emagrecer, Privina e Aturgil) 
 
Uso habitual: Medicações para emagrecimento, estimulantes 
Intoxicação: Ansiedade, aumento da energia psicomotora, redução da fome e do 
sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, convulsões 
Abstinência: Aumento do sono e da fome, depressão, desânimo, irritabilidade 
Quadros associados: Quadros ansiosos, delirantes e de humor importantes 
Conseqüências do uso prolongado: Desenvolvimento de forte dependência 
pela substância 
 
 
 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Bibliografia 
 
Autores: Ana Cristina Fortes 
Alves1 
Última Atualização: 12/4/2001 11:18:26 AM 
 
1 Médica preceptora do departamento de dermatologia da FMUSP 
 
 
 Dermatite Seborréica 
 
 Dermatofitoses 
 
 Eczema Atópico ou Dermatite Atópica 
 
 Eczema de Contato ou Dermatite de Contato 
 
 Escabiose (sarna) 
 
 Furúnculo 
 
 Impetigo 
 
 Larva migrans 
 
 
 
 
 
 
 Bicho geográfico (ver larva migrans) 
 
 Molusco contagioso 
 
 Pediculose (piolho) 
 
 Piolho (ver pediculose) 
 
 Sarna (ver escabiose) 
 
 Urticária 
 
 Verruga 
 
 
 
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Definição e Quadro Clínico|Diagnóstico|Tratamento|Encaminhamento|Bibliografia 
 
Autores: Alberto R. Ferraz1 
Marcos Roberto 
Tavares2 
Última Atualização: 7/11/2001 11:41:36 AM 
 
1 Professor Titular da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia da Faculdade de 
Medicina da USP 
2 Médico Assistente Doutor da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia da 
Faculdade de Medicina da USP 
 
 
Quadro clínico e Epidemiologia 
 
A cavidade oral é sede de várias doenças que podem se manifestar por alteração da 
pigmentação (mancha), nódulo, úlcera, dor, boca seca (xerostomia), halitose e nódulos 
cervicais. 
 
Câncer da Cavidade Oral 
 
Embora seja facilmente visível, estima-se que o câncer da cavidade oral ainda seja 
responsável por cerca de 2000 mortes anuais no Brasil. É tratado com facilidade quando 
diagnosticado precocemente, o que pode ser feito com a inspeção e palpação da boca. Casos 
detectados mais tardiamente têm tratamento altamente complexo e prognóstico mais 
 
 
 
 
 
reservado. O tipo histológico mais comum é o carcinoma espinocelular. O câncer se 
apresenta como uma úlcera de bordas elevadas, irregulares, com caráter infiltrativo, 
geralmente doloroso. As localizações mais comuns são a língua e o assoalho de boca. Pode 
estar acompanhado ou suceder leucoplasia e eritroplasia. Tabagismo e etilismo são hábitos 
presentes na maioria dos doentes. 
 
 
 
 
 
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