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Objetivos 1. Caracterizar as síndromes Geriátricas (gigantes da geriatria - 7’is). 2. Relacionar independência e autonomia ao funcionamento integrado dos sistemas principais: cognição, humor, mobilidade e comunicação (funcionalidade global). 3. Classificar as AVD’s segundo o grau de complexidade, identificando as atividades relacionadas a cada uma. 4. Identificar as doenças prevalentes no idoso. 5. Caracterizar a pneumonia no idoso (classificação, epidemiologia, patogenia, fatores predisponentes). 6. Identificar as alterações nos sentidos (paladar, tato, olfato, visão e audição) decorrentes do envelhecimento. 7. Identificar as vacinas disponíveis para a população idosa pelo SUS (incluindo as campanhas vacinais). ______________________________________________________________________________________________ 1. Síndromes Geriátricas. REFERÊNCIA: Principais síndromes geriátricas – Edgar Nunes de Moraes – 2010 – Rev. Med. MG. Incapacidade Cognitiva: Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de prejudicar a funcionalidade da pessoa. As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade cognitiva. Essas alterações constituem o transtorno cognitivo leve. Para o estabelecimento do diagnóstico de incapacidade cognitiva. é fundamental a constatação do prejuízo na funcionalidade do indivíduo ou perda de AVDs. (Figura 3) As principais etiologias da incapacidade cognitiva são: demência, depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia, oligofrenia e parafrenia. É recomendado o uso de normas padronizadas para detectar as alterações na funcionalidade dos idosos pelo desempenho em suas atividades básicas ou instrumentais de vida diária, por intermédio das escalas de Katz e de Lawton-Brody, respectivamente. (Figura 4) O miniexame do estado mental (MEEM), descrito por Folstein, representa o principal teste de triagem das funções encefálicas superiores. Todos os testes de triagem cognitiva são influenciados pelo nível de escolaridade (instrução) dos pacientes. O indicador de escolaridade possibilita a correção dos escores dos testes. No MEEM utiliza-se como ponto de corte o escore 18 para indivíduos analfabetos e 26 para aqueles com escolaridade superior a oito anos. A Figura 5 mostra um fluxograma para a triagem de déficit cognitivo. O diagnóstico etiológico nem sempre é fácil, já que as causas de incapacidade podem coexistir no mesmo paciente. O delirium (estado confusional agudo) também pode simular ou associar-se à demência ou depressão. A história pregressa constitui-se em elemento dos mais importantes para a distinção entre a demência e as doenças psiquiátricas. O critério mais utilizado para o diagnóstico da demência encontra-se no Manual Estatístico e Diagnóstico de Desordens Mentais (DSM-IV), definido pela Associação Americana de Psiquiatria, em que o diagnóstico de demência é definido pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos. É necessário estabelecer a etiologia da síndrome demencial após o estabelecimento do seu diagnóstico sindrômico. Devem ser excluídas, inicialmente, as causas de demência potencialmente reversíveis, que representam menos de 5% de todas elas. É recomendada, para isso, a realização de alguns exames complementares, como: hemograma, dosagem de TSH, de vitamina b12, de ácido fólico e a análise da função renal, que podem ser expandidos para a avaliação das provas de função hepática, pesquisa de antiVIH, VDRL e a realização de algum exame de imagem com especificidade para o diagnóstico aventado. Espera-se que a avaliação clínica e complementar do paciente seja capaz de afastar as seguintes causas de demência (agrupadas mnemonicamente pela palavra TIME): 1. tóxicas: uso de drogas, álcool, metais pesados, drogas psicoativas; 2. infecciosas: neurossífilis, infecção pelo VIH; 3. metabólicas: deficiência de vitamina B12 e de ácido fólico, hipotireoidismo, hiponatremia, insuficiência renal e hepática; 4. estruturais: hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural e tumores. O diagnóstico de demência, depois de afastadas as causas potencialmente reversíveis, são decorrentes de processos degenerativos primários, entre as quais 50-60% associam-se à demência de Alzheimer (dA). Os demais grupos são constituídos, basicamente, pela demência: por corpos de Lewy, fronto-temporal, vascular e mista. É fundamental promover o diagnóstico diferencial entre elas, pois o tratamento e o prognóstico são diferentes. As manifestações clínicas da DA aparecem, em geral, após os 65 anos de idade. Caracterizam-se, em seu primórdio, pela redução na produtividade funcional associada à realização de tarefas complexas, assim como desorientação espacial, alteração no comportamento, perda da memória recente e dificuldade para aprender novas informações. A sua evolução caracteriza-se pela progressiva redução do rendimento funcional e da capacidade cognitiva. Sua fase moderada comumente associa-se a insônia, confusão mental, agitação, afasia e apraxia. Em seu estágio avançado, surgem distúrbios motores, dificuldade para deglutir e incontinência urinária. O estágio terminal caracteriza- se por mutismo e/ou intensa disfagia. O óbito ocorre, na maioria dos casos, por infecções, em geral, após 10-15 anos do início da doença. O tratamento farmacológico baseia-se em drogas ditas antidemenciais, como: inibidores da acetilcolinesterase (donepezil 5-10 mg/dia, rivastigmina 6-12 mg/dia e galantamina 16-24 mg/dia); e nos antagonistas dos receptores do glutamato (memantina 20 mg/dia). A alteração neurobiológica mais marcante da DA é a disfunção colinérgica, por isto o tratamento farmacológico visa a aumentar o tônus colinérgico, por intermédio da inibição da acetilcolinesterase. Essas drogas constituem a principal intervenção farmacológica na DA, podendo contribuir para melhorar a cognição ou estabilizar temporariamente a doença. O tratamento farmacológico da DA é constituído também pelo controle das alterações comportamentais, por intermédio da administração de antidepressivos e de antipsicóticos. Os benzodiazepínicos devem ser evitados devido a seus efeitos colaterais, especialmente sua capacidade de provocar quedas em idosos. Para o controle da agitação, o tratamento farmacológico é indicado somente quando a sintomatologia apresentada pelo paciente representa perigo para ele ou para as pessoas com quem convive ou, ainda, quando interfere na ação do cuidador ou causa prejuízo funcional significativo. O delirium (estado confusional agudo) é uma síndrome neurocomportamental causada por comprometimento transitório da atividade cerebral, secundário a uma causa orgânica. É definido como distúrbio de início súbito que envolve a consciência, a atenção, a cognição e a percepção e que tende a variar (flutuar) ao longo do dia. Pode ser comparado à insuficiência cerebral aguda e, portanto, não deve ser confundido com delírio. Os critérios indicados para o estabelecimento do diagnóstico de delirium estão descritos no DSM-IV. Os idosos, devido à redução de sua reserva cerebral, são muito vulneráveis ao aparecimento de delirium, que pode se manifestar nas formas de delirium hiperativo, hipoativo e misto. Apenas o tipo hiperativo é frequentemente diagnosticado na prática clínica, apesar de corresponder a aproximadamente um terço dos casos. As principais causas de delirium são: infecções, medicamentos, intercorrências clínicas e hospitalizações. Sua prevalência em pacientes com síndrome demencial é muito elevada. O tratamento do delirium inclui as medidas gerais que visam a: corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, promover a nutrição adequada, retirar a contenção, estimular a mobilidade e a mudança de decúbito, proteger a via aérea e promovera reorientação espacial e temporal do paciente. O tratamento específico inclui a remoção da causa básica ou fator precipitante, além do controle da sintomatologia. A depressão é entidade clínica subdimensionada quanto ao diagnóstico e tratamento nos idosos. Os critérios diagnósticos para depressão (DSM-IV) devem levar em conta a seguinte sintomatologia: humor deprimido; diminuição do interesse e do prazer na maioria das atividades (anedonia); insônia ou hipersonia; ganho ou perda de peso acima de 5%; redução da capacidade de concentração; agitação ou lentificação psicomotora; fadiga; ideia inapropriada de menos valia ou de culpa; pensamento recorrente de morte ou de ideação suicida. A sintomatologia deve persistir por mais de duas semanas, com perturbação ou alteração da capacidade funcional e não relacionada ao abuso de alguma substância, condição médica ou luto. O diagnóstico de depressão maior requer a presença de cinco desses sintomas, incluindo, obrigatoriamente, humor deprimido ou anedonia. Recomenda-se que todos os idosos sejam avaliados, em busca do diagnóstico de depressão, tendo em vista a sua alta prevalência e a significativa repercussão dela decorrente. O principal instrumento de avaliação empregado é a escala de depressão geriátrica (GDS). O tratamento da depressão inclui o uso de medicamento, associado ou não à psicoterapia. A eletroconvulsoterapia (ECT) está indicada nos casos urgentes, refratários ou quando o tratamento farmacológico não é seguro. A escolha da droga a ser utilizada baseia-se, principalmente, na análise das comorbidades clínicas e, sobretudo, nos seus efeitos colaterais e na susceptibilidade dos pacientes. Incapacidade cognitiva: A cognição é o conjunto de funções cerebrais formadas pela memória (capacidade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuo-espacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). O funcionamento integrado destas funções nos permite interagir com as pessoas e com o mundo, com o objetivo de resolvermos as dificuldades do cotidiano, é responsável pela nossa capacidade de decidir, que, juntamente com o humor (motivação), é fundamental para a manutenção da autonomia. A individualidade é resultante do acúmulo de conhecimentos da nossa história e da cultura que herdamos. A perda da cognição ou incapacidade cognitiva é, portanto, o “desmoronamento” ou o “apagamento” da identidade que nos define como ser pensante. O envelhecimento fisiológico não afeta a cognição de forma significativa. Ocorre uma atrofia do sistema nervoso central, o que pode ser percebido em toda tomografia computadorizada de crânio. O lobo frontal parece ser a região mais acometida, de forma irregular. As únicas consequências são maior lentificação no processamento cognitivo, redução da atenção (déficit atentivo), maior dificuldade no resgate das informações aprendidas (memória de trabalho), redução da memória prospectiva (“lembrar-se de lembrar”) e memória contextual (dificuldades com detalhes). Estas alterações não trazem nenhum prejuízo significativo na execução das tarefas do cotidiano. As alterações dos órgãos dos sentidos (visão, audição, entre outros) dificultam o acesso às informações e ao aprendizado. Como se suspeita de demência? Demência significa a perda do funcionamento harmonioso das funções cognitivas e comportamentais, comprometendo a autonomia e a independência do indivíduo. A prevalência de demência é estimada em cerca de 5% da população idosa em geral e aumenta com a idade, dobrando a cada cinco anos, aproximadamente, após os 65 anos de idade. Segundo o DSM IV-TR, Manual de Classificação de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (2002), o diagnóstico de demência deve ser dado na presença de múltiplos déficits cognitivos, que incluem o comprometimento da memória e outra função cognitiva (linguagem, função executiva, gnosia e praxia). A repercussão deve ser grave o suficiente para comprometer o funcionamento social e ocupacional (atividades de vida diária) e representar um declínio em relação a um nível anteriormente avaliado. O diagnóstico não pode ser dado exclusivamente durante o curso de um delirium (confusão mental aguda), nem ser explicado por doença psiquiátrica, como depressão maior e esquizofrenia. As queixas relacionadas à memória seguem, normalmente, uma hierarquia cronológica. Inicialmente, o déficit é secundário ao comprometimento da memória e é descrito como esquecimento para fatos recentes, perda de objetos, acidentes domésticos, desorientação temporal e espacial, e repetição de fatos, respeitando o gradiente temporal (memória episódica recente, intermediária e remota). Com a evolução da doença, há maior comprometimento da memória, com empobrecimento do conhecimento do mundo, nomeação inadequada, discurso pobre e dificuldade de compreensão de conceitos. Em fases mais avançadas da doença, o paciente apresenta, inclusive, dificuldades de repetir instruções simples (memória de curto prazo). → Afasia – alterações da linguagem representadas pela presença de: • Anomia (dificuldade de nomeação de objetos ou de achar a palavra apropriada); • Circunlóquios explicativos (invenção de histórias para justificar a dificuldade cognitiva, rodeio de palavras); • Parafasias (substituição de palavras); • Logorréia (fala incessante), discurso pobre, termos vagos (coisa, troço), neologismos, erros gramaticais e frases inacabadas. → Disfunção executiva – percebida pela presença de: • Desatenção, distração; • Dificuldade na realização de atividades que exigem sequenciamento, planejamento e mudança de estratégias (fazer a barba, fazer compras, sair de casa); • Perseveração motoras ou verbais (rituais); • Dificuldade na resolução de problemas do cotidiano ou de tomar decisões; • Inadequação no julgamento de situações ou problemas do cotidiano. O comprometimento do lobo frontal também está associado à desregulação do comportamento social e controle das emoções, com desinibição, inquietação motora, perambulação, jocosidade inadequada, hipersexualidade, hiperfagia, agressividade, comportamento antissocial, labilidade emocional, apatia sem o colorido negativista do deprimido e sem ideação suicida, perda de iniciativa ou motivação, desinteresse por atividades ou passatempos e irritabilidade. → Apraxia – é a incapacidade de executar atividades motoras, apesar do funcionamento motor intacto. Caracteriza-se pela dificuldade para vestir-se, amarrar os sapatos, pentear o cabelo, andar, cozinhar, acender o cigarro, usar a chave, entre outros. → Agnosia – é a incapacidade de reconhecer ou identificar objetos, apesar do funcionamento sensorial intacto. O paciente ou familiar menciona dificuldade de decodificação ou reconhecimento do estímulo, na ausência de comprometimento dos órgãos do sentido. Nas fases avançadas ocorre agnosia de objetos, cores e faces (prosopagnosia). Quais são os critérios diagnósticos para depressão, delirium e doença mental? O envelhecimento está associado a diversas perdas, desde familiares queridos, cônjuges, filhos, perda do prestígio social e do nível socioeconômico e, finalmente, da própria independência física. Entretanto, estas perdas são superáveis e podem permitir uma vida psíquica normal. A depressão maior é, atualmente, a principal causa de incapacidade no mundo moderno e constitui-se em verdadeira “epidemia silenciosa”, cuja importância na morbimortalidade geral se aproxima aos observados nas doenças crônico-degenerativas. No idoso, a depressão maior está associada a vários sintomas somáticos, que dificultamo diagnóstico. A prevalência de depressão maior varia de 10%, nos idosos residentes na comunidade, até 30%, nos idosos institucionalizados. Os critérios diagnósticos de depressão maior, segundo o DSM-IV, incluem a presença de cinco ou mais sintomas durante o período de duas semanas (todos os dias ou quase todos os dias) e que representaram uma alteração do seu funcionamento anterior. Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda do interesse ou prazer (anedonia): → Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos: o idoso deixa de sentir prazer com atividades que anteriormente eram agradáveis, tendendo ao isolamento social e familiar; → Humor deprimido indicado por relato subjetivo (sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa) ou observação feita por outros: o idoso menciona sensação de vida vazia, demonstra fácil irritabilidade (“rabugento”) ou considera-se um peso para a família, afirmando ser a morte a única solução. Tendência à emotividade excessiva, com crises de choro frequentes; → Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta, ou diminuição ou aumento do apetite: a inapetência é o sintoma mais comum e importante causa de emagrecimento no idoso. Pode predominar e mascarar sintomas como baixa do humor e anedonia, dificultando o diagnóstico de depressão (depressão mascarada); → Insônia ou hipersonia: habitualmente a insônia é terminal (matinal, despertar cedo e piora matinal da sintomatologia depressiva) ou sono entrecortado e dificuldade para dormir novamente. Portanto, a queixa de insônia, tão comum no consultório, deve sugerir prontamente o diagnóstico de depressão; → Agitação ou retardo psicomotor; → Fadiga ou perda de energia: por vezes simulando doenças consumptivas, insuficiência cardíaca congestiva, hipotireoidismo, parkinsonismo (bradicinesia), polimialgia reumática, entre outros; → Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada; → Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se: lentificação do pensamento com déficit atencional significativo, por vezes simulando síndrome demencial (“pseudodemência”); → Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente. O delirium é uma causa de incapacidade cognitiva aguda e flutuante, caracterizada: - Pela presença de alterações do nível de consciência (redução da capacidade de focalizar, sustentar e desviar a atenção); - Pelo comprometimento global das funções cognitivas (memória, percepção, linguagem, entre outros). Deve ser diferenciado do sintoma delírio ou delusão, que se caracteriza pela presença de convicções falsas, impróprias para o nível de inteligência, cultura e educação do paciente. Representa, portanto, um sintoma de doença psiquiátrica que pode, inclusive, estar presente no delirium. O diagnóstico de incapacidade cognitiva deve ser seguido pela diferenciação entre depressão, delirium, demência e doença mental (esquizofrenia, parafrenia, oligofrenia, entre outros). Este diagnóstico diferencial pode trazer dificuldades, particularmente, quando a história pregressa do idoso é desconhecida. Além disso, não é rara a coexistência entre elas. Iatrogênia (iatros: médico, gignesthai: nascer, derivado de palavra gênesis: produzir): Significa qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica. É fundamental evitar iatrogenia em idosos devido à sua natural vulnerabilidade mais acentuada às reações adversas associadas às drogas, às intervenções não-medicamentosas, decorrentes da senescência, do risco de polipatogenia e de polifarmácia, além de incapacidades. A iatrogenia resulta da presença de uma ou mais das seguintes situações: 1. Iatrofarmacogenia: decorrente do uso de medicamentos, de polifarmácia, da interação medicamentosa e do desconhecimento das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento; 2. Internação hospitalar: que pode potencializar os riscos decorrentes do declínio funcional, da subnutrição, da imobilidade, da úlcera de pressão e da infecção hospitalar; 3. Iatrogenia da palavra: associada ao desconhecimento de técnicas de comunicação de más notícias; 4. Iatrogenia do silêncio: que decorre da dificuldade de ouvir adequadamente o paciente e sua família; 5. Subdiagnóstico: pela tendência a atribuir todas as queixas apresentadas pelo idoso ao fenômeno “da idade”, o que pode resultar grave erro; 6. Cascata propedêutica: em que a solicitação de exames é feita de forma desnecessária, extensiva, sem indicação precisa; 7. Distanásia: caracterizada pelo prolonga mento artificial da vida sem perspectiva de reversibilidade, com sofrimento para o paciente e sua família; 8. Prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica: que impõem ao paciente risco desnecessário; 9. Iatrogenia do excesso de intervenções reabilitadoras: o excesso de “equipe interdisciplinar” pode trazer consequências desfavoráveis ao paciente, assim como o faz a polifarmácia A maior parte da iatrogenia resulta do desconhecimento das alterações fisiológicas do envelhecimento e das peculiaridades da abordagem ao idoso. Trata-se de síndrome geriátrica potencialmente reversível ou até curável, enfatizada pelos idosos comporem aproximadamente 13% da população dos Estados Unidos da América (EUA) e consumirem 32% de todos os medicamentos prescritos. Os idosos nos EUA fazem, em média, seis visitas médicas/ano e usam dois medicamentos novos prescritos por consulta, totalizando a média anual de 12 prescrições/idosos/ano. A iatrogenia é a quinta causa de morte nos EUA. O Tabela 6 apresenta alguns eventos adversos às drogas mais comuns nos idosos. Iatrogenia: Reações adversas a medicamentos (RAM): A Organização Mundial da Saúde (MERLE et al., 2005) definiu RAM como qualquer efeito nocivo, não intencional e não desejado de uma droga, ocorrendo em doses usadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento. A incidência de reações adversas pode aumentar em até sete vezes nos idosos, sendo que entre as causas mais comuns de RAM estão as interações medicamentosas. Interações medicamentosas: Quando dois ou mais medicamentos são administrados, pode ocorrer uma indiferença farmacológica, ou seja, cada um acarreta os efeitos desejados, sem qualquer interação entre ambos. Por outro lado, quando eles interagem, a ação de um interfere com os efeitos do outro, podendo haver sinergismo, caso em que há potencialização, ou antagonismo quando um prejudica a ação do outro. Isto ocorre nas seguintes situações: - Competição de dois fármacos pelo mesmo receptor; - Um provoca retardo na absorção do outro (exemplo: anticolinérgicos retardam a absorção de outros medicamentos quando administrados simultaneamente); - Um pode acarretar deslocamento do outro em sua ligação com a albumina; - Interferência com a biotransformação (por indução ou inibição enzimática). Polifarmácia: Outro problema de saúde pública é a polifarmácia. Como não há ainda um consenso para definir tal condição, esta será aqui considerada como o uso de cinco ou mais fármacos ao mesmo tempo. Há uma associação inequívoca entre polifarmácia, RAM e menor qualidade de vida dos idosos. Entre os principais fatores de risco para o uso excessivo de fármacos estão os seguintes: - Desejo dos pacientes de receber uma prescrição médica sempre que comparecem a uma consulta; - Não relato de sintomas que podem ser reações adversas de outros fármacos, ocasionando a prescrição de um medicamento para tratar aqueles sintomas; - Consultas com múltiplos médicos. Ainda devemos levar em conta a adesão ao tratamento, significativamente reduzida na vigência de polifarmácia. Adesão: A adesão ao tratamento refere-se à extensão em que o comportamento do paciente coincide com a orientação do médico, aqui interessando o uso dos fármacos na posologia prescrita. Problemas de adesão não se restringem aos idosos, massabe-se que de 30% a 50% deles não tomam seus medicamentos corretamente. O principal fator de risco para a não adesão é a polifarmácia, descrita anteriormente. Mas os seguintes fatores também devem ser considerados: - Regimes complexos, com várias doses ao longo do dia; - Não compreensão ou negação da doença; - Comunicação pobre entre médico e paciente; - Insatisfação com o médico; - Tratamentos prolongados; - Embalagens difíceis de abrir; - Custo elevado da medicação. Por outro lado, a adesão ao tratamento pode aumentar quando se provê orientação clara sobre a doença e seu tratamento, de forma verbal e escrita, ou quando se reduz o número de medicamentos, usando-se esquemas simplificados. Subutilização de fármacos potencialmente benéficos: O envelhecimento populacional propiciou o aumento da prevalência de doenças crônicas e, com elas, a necessidade de uso prolongado de diferentes fármacos. Percebe-se a ocorrência de subutilização de fármacos potencialmente benéficos em pacientes com múltiplas doenças crônicas não relacionadas entre si, quando uma delas é considerada menos importante do que a outra. A subutilização de fármacos potencialmente benéficos já foi evidenciada nas seguintes situações: - Asma - Hipertensão arterial - Dislipidemia - Prevenção de AVC - Prevenção de osteoporose - Depressão - Controle da dor Certamente, as razões principais para os médicos prescreverem menos fármacos do que o necessário decorre do medo de provocarem RAM ou de uma tentativa de evitar a polifarmácia. Drogas potencialmente impróprias para idosos (DPI): A tentativa de se reduzir os problemas com a prescrição para idosos levou à criação de um consenso baseado em um painel de especialistas, em 1997, o qual tem sido usado nas unidades de formação de recursos humanos em geriatria e também na regulamentação de instituições geriátricas. Incontinência Urinária: A incontinência urinária (IU) é definida como a queixa de qualquer perda involuntária de urina. A sua prevalência aumenta com a idade, variando de 12,2 para 20,9% em mulheres entre 60 e 64 anos e com pelo menos 85 anos de idade, respectivamente. Atinge 15 a 30% e pelo menos 50% dos idosos que vivem em domicílio ou em instituições asilares, respectivamente, sendo de aproximadamente 1:3 mulheres e 1:5 homens acima de 60 anos de idade. A prevalência de seus tipos específicos é difícil de ser estimada devido à grande variação nas definições. Em 50% das mulheres com IU observa-se incontinência de estresse, a seguir, mista e, por último, de urgência. O avançar da idade torna a IU de urgência a forma mais comum. A estimativa nos homens é mais difícil de ser realizada porque a sua história natural é afetada pelo tratamento das doenças prostáticas. A IU pode ser: 1. De estresse: caracterizada pela perda involuntária de urina sincrônica ao esforço, espirro ou tosse. Pode ser causada, em mulheres, pela fraqueza do assoalho pélvico e, em homens, após prostatectomia radical; 2. De urgência: caracterizada pela perda involuntária de urina, associada ou imediatamente precedida de urgência miccional. Há, em geral, queixa associada de polaciúria e noctúria. Corresponde, frequentemente, à queixa de diminuição da complacência vesical ou de bexiga hipersensível; 3. Mista: caracterizada pela perda involuntária de urina concomitante à urgência miccional e ao esforço; 4. Por transbordamento (bexiga hiperativa, síndrome de urgência, síndrome de urgência frequência): caracterizada pelo gotejamento e/ou perda contínua de urina associados ao esvaziamento vesical incompleto, devido à contração deficiente do detrusor e/ou obstrução na via de saída vesical. Essa sintomatologia combinada é sugestiva de hiperatividade do músculo detrusor da bexiga e definida por meio da urodinâmica, pela demonstração de contrações vesicais involuntárias. A anamnese pode revelar situações que induzem perda de urina, como história obstétrica ou cirúrgica, doenças pregressas e uso de medicamentos. O exame físico deve ser geral, associado ao exame genital, incluindo ginecológico e prostático. Devem ser observadas as condições gerais do paciente, sua capacidade de locomoção e, ainda, se existem condições clínicas que predispõem ou agravam a IU. Nas mulheres, deve ser avaliada a existência de prolapso, mobilidade do colo vesical, trofismo das mucosas e contração da musculatura do assoalho pélvico. A propedêutica inicial requer a realização de exame de urina de rotina e urocultura, já que a infecção do trato urinário pode simular toda a sintomatologia. A urodinâmica só será realizada após a exclusão de infecção urinária. Pode ser necessária a realização de urodinâmica em todos os pacientes, devido ao fato de a anamnese e o exame físico detalhados não permitirem o diagnóstico preciso da disfunção vesical. O diagnóstico incerto é permitido se a opção de tratamento for o conservador, devido ao baixo custo e morbidade deste. O estudo urodinâmico permite caracterizar, de forma objetiva, o verdadeiro distúrbio urinário. A IU requer abordagem multifatorial para a obtenção de conhecimentos que permitam o diagnóstico correto e a definição de terapêutica mais apropriada. A identificação da doença do trato urinário baixo responsável pela IU é de suma importância. É fundamental a correção dos fatores associados à exacerbação da sintomatologia. A eficácia do tratamento é medida, usualmente, pela redução dos episódios de IU. A cura é definida, em geral, pela ausência completa de IU. Essas medidas, entretanto, nem sempre são percebidas como melhora pelo paciente. É preferível medir o sucesso do tratamento por intermédio de questionários relativos à qualidade de vida. A qualidade de vida dos pacientes pode ser melhorada pela aquisição de alguns hábitos gerais, como: ingerir quantidade adequada, mas não excessiva, de líquidos; evitar o consumo de álcool e de cafeína; reduzir a ingestão hídrica noturna; interromper o hábito do tabagismo; tratar a constipação e as pneumopatias quando a IU é exacerbada pela tosse. As medidas comportamentais têm sido utilizadas para o tratamento da IU por décadas e devem sempre ser a sua primeira forma de tratamento específico. O tratamento é iniciado pela realização do diário miccional. A seguir, é feita a integração das queixas com as peculiaridades clínicas de cada paciente, para a execução de melhor abordagem terapêutica. O objetivo da abordagem não-farmacológica é melhorar o controle vesical do paciente incontinente, mudando-lhe os hábitos urinários e ensinando-lhe técnicas para evitar a perda de urina. Os métodos comportamentais incluem o treinamento vesical, os exercícios para fortalecimento da musculatura pélvica e o biofeedback. O treinamento vesical consiste na micção com hora marcada, com aumento de 15 a 30 minutos por semana, à medida que não haja a ocorrência de episódios de IU. O treinamento vesical pode também ser útil com a aplicação do biofeedback. Os exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica parecem ser efetivos no tratamento de mulheres com IU de estresse e mista. Os exercícios podem reduzir a IU e aumentar a pressão vaginal. Esses exercícios exigem instruções cuidadosas, acompanhamento por profissional que entenda dessa prática e da motivação do paciente. O biofeedback é instrumento que amplifica as respostas fisiológicas e as converte em informações visuais e/ou auditivas com o objetivo de facilitar a percepção e o trabalho da musculatura do assoalho pélvico. O método é empregado para ensinar a contrair os músculos pélvicos seletivamente, especialmente em mulheres, enquanto mantém outros grupos musculares relaxados, como os abdominais, nádegas e coxa. Os pacientes que conseguem desenvolver a percepção dos diferentes grupos musculares a partir do biofeedback passam a obter o controle voluntário dessas estruturas. A prescrição farmacológica para o tratamento da IU é baseada no mecanismo presumidopara cada uma das suas formas de apresentação. O tratamento farmacológico, entretanto, não é o mais comumente usado na IU de estresse. Na IU de urgência e mista, os medicamentos podem ser associados às medidas comportamentais. As drogas, em geral, não eliminam a hiperatividade detrusora, entretanto, melhoram a IU. As drogas anticolinérgicas constituem o tratamento mais utilizado para a IU, apesar dos seus efeitos colaterais. A cirurgia é indicada para o tratamento da IU de estresse quando o tratamento conservador falha em aliviar os sintomas. Pode ser tentado na IU de estresse ou por transbordamento. A cirurgia na IU por transbordamento está voltada para a correção da obstrução, como a causada pela hipertrofia prostática. A cirurgia oferece altas taxas de cura, apesar de ser invasiva e poder gerar complicações. Incontinência Urinária: Vale lembrar que o idoso urina mais à noite do que uma pessoa mais jovem. Nos mais jovens, o volume urinário é excretado 2/3 de dia e 1/3 à noite; já no idoso a relação é de metade durante o dia e metade à noite. Agora veremos as mudanças estruturais. As alterações comuns aos dois sexos são: redução da contratilidade e da capacidade de armazenamento vesical, diminuição da habilidade para retardar a micção, aumento do volume residual para 50ml a 100ml (quantidade de urina na bexiga após a micção) e surgimento de contrações não inibidas do detrusor (o músculo apresenta contrações espontâneas que antes eram inibidas pelo centro inibitório da micção). No homem, o aumento do volume da próstata é o principal fator de alteração da micção (a próstata é uma esfera que “abraça” a uretra e seu aumento leva a um “estrangulamento” da uretra). Já nas mulheres, a redução de pressão de fechamento uretral é a principal alteração. Isso é consequência da atrofia do epitélio (mucosa) uretral e dos tecidos que envolvem a bexiga e a vagina. A atrofia se dá pela diminuição da vascularização e diminuição hormonal (estrogênio) após o climatério. Este hipoestrogenismo (baixos níveis de estrogênio) diminui a produção de muco pela uretra, o que facilita a infecção urinária, que também é causa de incontinência. Também pode haver estreitamento da luz uretral, o que causa desconforto à micção (disúria). → Incontinência de urgência e bexiga hiperativa: A bexiga hiperativa é uma síndrome de urgência urinária, que pode estar associada à incontinência ou não. Geralmente é acompanhada de frequência aumentada e noctúria (duas ou mais micções durante o sono – Sociedade Internacional de Continência). Ela se caracteriza pela presença de contrações involuntárias do detrusor. Se houver distúrbio neurológico associado, é chamada hiperreflexia; se não houver, é chamada instabilidade do detrusor. Essas contrações deveriam ser inibidas pelo centro inibitório da micção e todas as outras estruturas envolvidas no controle miccional deveriam prover um bom funcionamento da micção. As doenças neurológicas mais comumente ligadas à urgeincontinência são: Acidente Vascular Cerebral (AVC), demência e Parkinson. Há uma terceira condição: hiperatividade do detrusor com redução da contratilidade. Há um aumento na frequência, porém com uma diminuição da força de contração muscular, podendo haver aumento do volume residual. → Incontinência de esforço: É a perda involuntária de urina quando há aumento da pressão intra-abdominal, como acontece durante a tosse, o espirro, o riso ou o exercício. Surge por duas alterações: hipermobilidade uretral ou deficiência esfincteriana intrínseca. Na hipermobilidade a função esfincteriana está preservada, mas há um deslocamento da uretra e do colo vesical. Isso é decorrente do enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico, ocasionado pelo envelhecimento, multiparidade (vários partos) ou trauma de uma cirurgia. Na deficiência esfincteriana o posicionamento uretral está correto, mas a função está alterada por trauma cirúrgico ou doença neurológica da medula. A incontinência de esforço é o tipo mais comum em mulheres jovens e o segundo, em idosas. Porém pode acometer homens, se houver dano no esfíncter após uma cirurgia transuretral, prostatectomia radical (retirada total da próstata) ou radioterapia. O uso de certos medicamentos que afetam a inervação do esfíncter, que é adrenérgica (receptores alfa estimulam a contração esfincteriana e beta relaxam o esfíncter), pode alterar a função esfincteriana. Como exemplo, temos os anti-hipertensivos, bloqueadores alfa adrenérgicos que podem relaxar o esfíncter e estimuladores dos receptores beta que podem aumentar o relaxamento mediado por estes receptores. → Incontinência por transbordamento: É a perda involuntária de urina associada à hiperdistensão da bexiga. Após um aumento importante do volume e, consequentemente, da pressão intravesical (dentro da bexiga), o esfíncter torna- se incompetente e deixa extravasar urina até a pressão retornar a um patamar no qual ele possa voltar a funcionar e não ser sobrepujado pela pressão. É causada por: • Obstrução anatômica, como aumento do volume da próstata ou impactação fecal; • Fatores neurogênicos, como diabetes, arreflexia do detrusor ou esclerose múltipla, que resultam em bexiga hipoativa ou arreflexa; • Medicamentos, como: • anticolinérgicos – diminuem a força do músculo detrusor. Exemplo: antidepressivo tricíclico, antipsicóticos, anti-histamínicos (antialérgicos) e antiespasmódicos; • Anti-hipertensivos – bloqueadores do canal de cálcio que relaxam a musculatura e diminuem a força do detrusor. • Anti-inflamatórios não hormonais que, ao bloquearem os receptores de prostaglandinas, diminuem a força de contração muscular. • Estimuladores dos receptores-alfa que aumentam seu funcionamento, causando retenção e bloqueadores beta adrenérgicos que bloqueiam a oposição ao fechamento do esfíncter que este receptor faz, facilitando a oclusão esfincteriana. Há, assim, uma desregulação do funcionamento esfincteriano. → Incontinência funcional: Perda involuntária de urina, secundária a fatores que não são do trato urinário, como problemas músculo-esqueléticos, problemas psicológicos e fatores ambientais (acesso difícil ao banheiro). É um diagnóstico de exclusão, ou seja, as outras causas foram descartadas após a investigação. → Incontinência mista: É a presença simultânea da incontinência por esforço e de urgência. Diagnóstico feito por critérios clínicos e urodinâmica (exame realizado com colocação de cateter intravesical com medição de várias pressões). Instabilidade Postural: A mobilidade é das principais funções corporais e o seu comprometimento, além de afetar diretamente a independência do indivíduo, pode acarretar consequências gravíssimas, principalmente nos idosos. A instabilidade postural, por exemplo, leva o idoso à queda, o que representa um dos maiores temores em geriatria. É fundamental conhecer as condições que a predispuseram, como ocorreu, quais os sinais e sintomas que a antecederam, a existência de comorbidades, se o idoso conseguiu se levantar sozinho e se houve fraturas. A incidência anual de quedas varia com a idade, sendo de 28 a 35% e de 32 a 42% entre pessoas com mais de 65 e de 75 anos de idade, respectivamente, chegando a 50% dos idosos em instituições de longa permanência. Entre os idosos que sofreram queda, dois terços terão nova queda no ano subsequente. As quedas constituem a sexta causa mortis de idosos e são responsáveis por 40% das suas internações. As quedas provocam, em 40 a 60% das vezes, algum tipo de lesão, sendo de 30 a 50%, 5 a 6% e aproximadamente de 5% dos casos, respectivamente, relacionadas com escoriações e contusões menores, hematoma subdural e contusões maiores e fraturas. A fratura de fêmur destaca-se pela elevada morbimortalidade entre os idosos, ocorrendo em 1% dos casos. A complicação mais frequente da queda é o medo de cair novamente, o que, muitas vezes, impede o idoso de deambular normalmente,deixando-o restrito ao leito ou à cadeira, aumentando o seu descondicionamento físico. A manutenção do equilíbrio corporal em posição bípede representa capacidade fundamental para a manutenção da estabilidade postural. O equilíbrio corporal é mantido pela integração entre informações sensoriais captadas pela visão, sistema vestibular e propriorreceptores. O equilíbrio corporal permite corrigir mudanças de posição do corpo em relação à base de sustentação. As informações visuais que corroboram o equilíbrio são: a localização e a distância de objetos no ambiente, o tipo de superfície onde se dará o movimento e a posição das partes corporais, uma em relação à outra e ao ambiente. Os componentes do sistema visual considerados críticos para o equilíbrio são a: acuidade estática e dinâmica, sensibilidade ao contraste, percepção de profundidade e visão periférica. O sistema vestibular, por sua vez, é constituído pelos canais semicirculares e pelo vestíbulo (utrículo e sáculo). Os canais semicirculares estão separados por um ângulo de 90º. Em seu interior, há células ciliadas capazes de detectar os movimentos de rotação da cabeça, bem como a velocidade de rotação. As alterações músculo-esqueléticas comuns nos idosos podem prejudicar significativamente o equilíbrio e favorecer o aparecimento de quedas. Sabe-se que uma das alterações relacionadas ao envelhecimento é o declínio da força muscular. A fraqueza é muito comum nas extremidades inferiores do idoso, especialmente nos tornozelos. Os músculos efetores destinados à ação de se equilibrar podem perder a capacidade para responder apropriadamente aos distúrbios na estabilidade postural, devido ao tempo mais longo de reação. Para o restabelecimento da posição são necessários também bons níveis de amplitude articular, principalmente das articulações distais, como dar um passo largo ou ajudar os membros superiores na aquisição de equilíbrio. No entanto, essa função torna-se menos eficaz em idosos devido ao enrijecimento do tecido conjuntivo e, com isso, há diminuição na amplitude do movimento. O idoso que apresentar imobilidade extrema no pé terá dificuldade para executar reações normais de equilíbrio. A responsabilização pelas quedas nos idosos decorre, especialmente, da falta de condições clínicas ou de ambiente inseguro. O envelhecimento por si só não é causa de quedas, apesar das alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento favorecerem o seu aparecimento. A avaliação da marcha e do risco de quedas deve ser realizada em todos os idosos As alterações de marcha podem ser divididas em três grupos, de acordo com o nível sensório-motor inferior, médio e superior. As doenças que ocasionam marcha anormal por afetarem o nível sensório-motor inferior são as disfunções dos sistemas sensoriais aferentes (visão, disfunção vestibular e propriocepção) ou as doenças osteomusculares. As condições que afetam o nível sensório-motor médio são principalmente a hemiparesia espástica, a mielopatia cervical, o parkinsonismo e a ataxia cerebelar. A disfunção do nível sensório-motor superior se deve, principalmente, à apraxia de marcha de origem vascular (múltiplos infartos lacunares, isquemia crônica subcortical – Binswanger), à hidrocefalia de pressão normal e a tumores cerebrais. O medo de queda e a depressão compõem também esse grupo, pois o paciente, classicamente, apresenta a marcha cautelosa. As drogas podem gerar ou agravar a instabilidade postural, como: antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes, anti-inflamatórios, anti- hipertensivos (diuréticos, beta-bloqueadores, alfa-bloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores dos canais de cálcio), antiarrítmicos (amiodarona, verapamil, disopiramida), antibióticos (eritromicina, rifampicina, isoniazida, aminoglicosídeos, cloroquina), hipoglicemiantes orais e corticosteroides. REFERÊNCIA: Quedas em idosos no Sul do Brasil: prevalência e determinantes – Rev. Saúde Pública – 2017. Epidemiologia das Quedas: Estudo realizado em 2017 em Pelotas. A prevalência de quedas no último ano foi de 28,1%. Com relação ao número de quedas, 51,5% dos idosos sofreram uma única queda, 25,2% caíram duas vezes e 23,3% caíram três ou mais vezes no último ano. A maioria dos idosos que caíram teve a queda na própria casa (56,4%) ou na rua (46,6%). Como consequência da queda, 12,1% dos idosos referiram ter fraturado algum osso (dados não mostrados), e os locais mais acometidos foram os membros inferiores (4,9%) e os membros superiores (3,9%). Autorrelato de dependência de álcool e o uso de medicamentos não estiveram significativamente associados ao desfecho na análise bruta. As mulheres apresentaram uma prevalência de quedas quase 1,5 vezes maior quando comparadas aos homens. Com relação à idade, observou-se tendência linear, e a maior prevalência de quedas foi entre aqueles com 80 anos ou mais, ao comparar com aqueles de 60 a 69 anos. Os idosos pertencentes às classes C e D/E apresentaram maior prevalência de quedas quando comparados com idosos com classe econômica A/B, com uma tendência linear. Para a escolaridade, também foi observada tendência linear, e os idosos sem escolaridade apresentaram uma prevalência 47,0% maior de quedas quando comparados com idosos com alta escolaridade. A prevalência de quedas foi 50,0% menor entre os idosos com uma doença crônica quando comparados aqueles sem doença crônica. Entretanto, a proteção diminuiu com o aumento do número de doenças crônicas. Idosos que não estavam trabalhando tiveram prevalência 30,0% maior de quedas comparados àqueles que estavam trabalhando. Idosos dependentes para as atividades instrumentais da vida diária (Lawton) também apresentaram maior prevalência de quedas em relação aos idosos independentes. Um em cada três idosos sofreu ao menos uma queda no último ano e 12,0% desses idosos fraturaram algum osso como consequência dessa queda. O agravo ocorreu principalmente na própria residência dos idosos. A prevalência de quedas foi maior em mulheres, indivíduos com idade mais avançada, de menor escolaridade e classe econômica, que não estavam trabalhando e que apresentavam incapacidade funcional para atividades instrumentais. A prevalência de quedas também foi maior em portadores de diabetes, doença cardíaca, artrite e naqueles idosos que referiram ter sofrido AVC. Imobilidade: O conceito de imobilidade é variável, associando-se intrinsecamente ao movimento ou deslocamento no espaço, possibilitando a independência do indivíduo. Por imobilidade entende-se qualquer limitação do movimento. Representa causa importante de comprometimento da qualidade de vida. O espectro de gravidade é variável e, frequentemente, progressivo. No grau máximo de imobilidade, conhecido como síndrome de imobilização ou da imobilidade completa, o idoso é dependente completo: apresenta déficit cognitivo avançado, rigidez e contraturas generalizadas e múltiplas, afasia, disfagia, incontinência urinária e fecal, úlceras de pressão. Necessita de cuidador em tempo integral. Esse quadro deve ser evitado a todo custo. Todos os sistemas fisiológicos, de fato, perdem progressivamente as suas funções, com a imobilidade constituindo a etapa final da história natural de inúmeras doenças que acometem os idosos. As principais consequências da imobilidade em cada sistema são: 1. Sistema cardiovascular: hiporresponsividade barorreceptora (hipotensão ortostática); intolerância ortostática (taquicardia, náusea, sudorese e síncope após repouso prolongado); redistribuição do volume circulante dos membros inferiores para a circulação central (11% ou 500 mL), especialmente para o pulmão; redução da capacidade aeróbica, com diminuição da tolerância ao exercício; alto risco de trombose venosa profunda; 2. Sistema respiratório: redução do volume corrente e da capacidade vital; hipersecreção brônquica; tosse ineficaz; atelectasia;pneumonia; retenção de secreção; embolia pulmonar; insuficiência respiratória; 3. Sistema digestório: anorexia secundária a restrição dietética, doença de base, efeito de medicamentos, alterações psíquicas; desidratação por redução da ingestão hídrica; alto risco de aspiração pulmonar por engasgo, tosse ou refluxo associados a posicionamento inadequado; doença do refluxo gastroesofágico; constipação intestinal e fecaloma; 4. Sistema geniturinário: aumento do volume residual da bexiga e alto risco de retenção urinária (“bexigoma”); alto risco de incontinência urinária de urgência, transbordamento e/ou funcional; alto risco de infecção urinária aguda ou recorrente e bacteriúria assintomática; nefrolitíase (hipercalciúria da imobilidade e pouca ingestão de água); 5. Pele: intertrigo nas regiões de dobras cutâneas, particularmente nas regiões inframamária e interglútea; dermatite amoniacal da “fralda”; escoriações, lacerações e equimoses, frequentemente causadas por manipulação inadequada do idoso; xerodermia; prurido cutâneo; úlcera de pressão por compressão prolongada da pele, levando a comprometimento da circulação local; redução do tônus e da força muscular (3 a 5% ao dia), encurtamento e atrofia muscular; redução da elasticidade das fibras colágenas com hipertonia, encurtamento muscular e tendinoso e contraturas. A imobilidade pode associar-se a todos os gigantes da geriatria, inclusive a própria imobilidade agrava ainda mais o grau de imobilidade prévia. Síndrome da Imobilidade: Implica a incapacidade de deslocamento sem o auxílio de terceiros para os cuidados necessários à vida diária, podendo o paciente estar restrito a uma cadeira ou ao leito. Caracteriza-se por um conjunto de alterações que podem ocorrer após período de imobilização prolongada, os quais comprometem a qualidade de vida e a independência. No estágio mais avançado ocorre a supressão de todos os movimentos articulares, acarretando incapacidade para mudança postural, à qual se sucedem complicações perpetuadoras da dependência. Sua prevalência é de 25% a 50% após hospitalização prolongada, ao passo que na comunidade e em instituições ocorre em 25% e 75%, respectivamente. O fato de um paciente estar acamado não implica por si só a existência de SI. Em geral, há déficit cognitivo, contraturas musculares e mais duas das seguintes condições: úlcera por pressão, incontinência urinária e fecal, algum grau de disfagia e de afasia. A imobilidade prolongada leva a um declínio funcional progressivo de vários sistemas que, somados às alterações proporcionadas pelo próprio envelhecimento, acabam por desencadear a SI, como podemos verificar no quadro a seguir. Incapacidade comunicativa: Problemas de comunicação podem resultar em perda de independência e sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes aspectos dos problemas causados pela idade. A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do indivíduo. Aproximadamente um quinto da população com mais de 65 anos apresenta problemas de comunicação. O geriatra, sendo tipicamente o primeiro clínico a ter contato com esses pacientes, necessita saber como reconhecer esses problemas. As habilidades comunicativas compreendem quatro áreas distintas: linguagem, audição, motricidade oral e voz (fala). A visão pode ser incluída como a quinta função comunicativa, atuando como função compensatória, na ausência das outras habilidades da comunicação oral-verbal. Insuficiência familiar: A dimensão sociofamiliar é fundamental na avaliação multidimensional do idoso. A família constitui-se na principal instituição cuidadora dos idosos frágeis, devendo ser privilegiada nessa sua função. A transição demográfica, entretanto, atinge diretamente essa “entidade”, reduzindo drasticamente a sua capacidade de prestar apoio a seus membros idosos. A redução da taxa de fecundidade trouxe profundas modificações na estrutura familiar. O número de filhos está cada vez menor e as demandas familiares são crescentes, limitando a disponibilidade dos pais de cuidarem de seus filhos quanto dos filhos de cuidarem de seus pais. Por sua vez, o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, a valorização do individualismo e os conflitos intergeracionais contribuem para as modificações nos arranjos domiciliares. Essas mudanças sociodemográficas e culturais têm repercussões importantes na capacidade de acolhimento às pessoas com incapacidades, que historicamente dependiam de apoio e cuidado familiar. A própria modificação nas dimensões das habitações limita as possibilidades de cuidado adequado às pessoas com grandes síndromes geriátricas, como a incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e incontinência esfincteriana. Essa fragilização do suporte familiar deu origem a outra grande síndrome geriátrica, a insuficiência familiar, cuja abordagem é extremamente complexa. ______________________________________________________________________________________________ 2. Independência, autonomia e funcionamento integrado dos sistemas principais: cognição, humor, mobilidade e comunicação (funcionalidade global). REFERÊNCIA: Tratado de Geriatria e Gerontologia AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA: Define-se autonomia como a capacidade de decisão, de comando; e independência como a capacidade de realizar algo com seus próprios meios. Vários significados são encontrados na literatura, além dos dois citados, e que podem tornar mais fácil a compreensão e a importância do tema. Evans (1984) chama de autonomia o estado de ser capaz de estabelecer e seguir suas próprias regras, e diz que, para um idoso, a autonomia é mais útil que a independência como um objetivo global, pois pode ser restaurada por completo, mesmo quando o indivíduo continua dependente. Assim, uma senhora com fratura do colo do fêmur, que ficou restrita a uma cadeira de rodas, poderá exercer sua autonomia, apesar de não ser totalmente independente. Independência e dependência são conceitos ou estados que só podem existir em relação a alguma outra coisa. Na mesma pessoa é possível identificar, por exemplo, independência financeira e dependência afetiva. Uma pessoa pode ser completamente independente do ponto de vista intelectual e, fisicamente, estar paralisada. Em termos afetivos, alguém pode ser independente em relação a uma pessoa e dependente em relação a outras. Wilkin (1990) conceitua dependência como sendo um estado no qual um indivíduo confia em outro (ou em outros) para ajudá-lo a alcançar necessidades previamente reconhecidas. Essas definições e tantas outras transmitem a impressão de que a dependência sempre se refere a uma relação social. Ela, portanto, não é um atributo individual, mas sim de um indivíduo em relação a outros. O que se procura obter é a manutenção da autonomia e o máximo de independência possível, em última análise, a melhora da qualidade de vida. Isso só poderá ser obtido por meio de uma avaliação gerontológica abrangente, que tem a finalidade de atuar sobre o desempenho físico, psíquico (cognitivo e afetivo) e social. PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO E MANUTENÇÃO DA AUTONOMIA E DA INDEPENDÊNCIA O termo “dependência” ligase a um conceito fundamental na prática geriátrica: a fragilidade. A fragilidade é definida por Hazzard et al. (2003), como uma vulnerabilidade que o indivíduo apresenta aos desafios do próprio ambiente. Essa condição é observada em pessoas com mais de 85 anos ou naquelas mais jovens que apresentam uma combinação de doenças ou limitações funcionais que reduzam sua capacidade de adaptar-se ao estresse causado por doenças agudas, hospitalização ou outras situações de risco. É importante destacar que, embora não apresentem uma doença orgânica ou alteraçãode parâmetros fisiológicos em repouso, indivíduos muito idosos podem apresentar deterioração sob circunstâncias causadoras de estresse orgânico. Portanto, muitos idosos que vivem com independência na comunidade podem, subitamente, se tornar dependentes ao precisarem internar-se por uma pneumonia, por exemplo. Ao assumir seu autocuidado, o idoso poderá ser educado com o objetivo de reconhecer e evitar os fatores de risco para a síndrome da fragilidade. Para Parissopoulos e Kozabassaki (2004), responsabilidade e autocuidado são conceitos intrinsecamente conectados. Autocuidado é uma atividade ligada à saúde e ao bem-estar, que é autoiniciada deliberadamente e com objetivo. O autocuidado não é instintivo, nem é fruto de reflexão. É uma atividade que se dá racionalmente em resposta a uma necessidade conhecida, que é aprendida por intermédio das relações interpessoais. Enquanto um “comportamento aprendido”, o autocuidado é estabelecido como uma meta, ou seja, como um objetivo na mente do indivíduo. No entanto, uma pessoa pode ter o conhecimento da ação e saber que esta se relaciona à continuidade da vida, da saúde ou do bem-estar. O nível educacional do indivíduo influencia este conhecimento. Ao se definir o objeto “envelhecimento com dependência”, destaca-se a questão da prevalência de doenças crônicas nesse grupo etário. Essa cronicidade, observada na maioria dos idosos, necessita de uma abordagem abrangente para ser bem avaliada, já que as doenças crônicas podem ser incapacitantes, ou não. Portanto, faz-se necessário classificar a incapacidade em graus de dependência: leve, parcial ou total. É exatamente o grau de dependência que determina os tipos de cuidados que vão ser necessários. No entanto, é preciso destacar que a dependência é um processo dinâmico. Seu curso pode ser modificado, revertido ou diminuído se houver a participação do paciente dentro de uma lógica de autocuidado, pois a pessoa já estará imbuída do compromisso de manter a autodeterminação, a autonomia e a independência. Para se avaliar o grau de dependência, utiliza-se o método de avaliação funcional. Esse método, bastante conhecido e aplicado na prática geriátrica, tem se mostrado um indicador sensível e relevante para avaliar necessidades e determinar a utilização de recursos. A “função” é definida como a capacidade de um indivíduo adaptarse aos problemas cotidianos, ou seja, aquelas atividades que lhe são requeridas por seu entorno imediato, incluindo a sua participação como indivíduo na sociedade, ainda que apresente alguma limitação física, mental ou social. É, portanto, um fenômeno complexo, influenciado por múltiplos fatores. REFERÊNCIA: Principais síndromes geriátricas – Edgar Nunes Essa capacidade de funcionar sozinho é avaliada por meio da análise das atividades de vida diária (AVDs), que são tarefas do cotidiano realizadas pelo paciente. As AVDs avaliam o grau de autonomia e independência do indivíduo. A autonomia é a capacidade individual de decisão e comando sobre as suas ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras. Significa capacidade para decidir e depende diretamente da cognição e do humor. A independência refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios. Significa execução e depende diretamente de mobilidade e comunicação. Portanto, a saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Tais domínios devem ser rotineiramente avaliados na consulta geriátrica. A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. É constituída por um conjunto de funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). O humor é a motivação necessária para os processos mentais. A mobilidade é a capacidade de deslocamento do indivíduo. Depende da postura/marcha, da capacidade aeróbica e da continência esfincteriana. E, finalmente, a comunicação é a capacidade de estabelecer relacionamento produtivo com o meio (habilidade de se comunicar). Depende de visão, audição e fala. A perda dessas funções resulta nas grandes síndromes geriátricas: incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e incapacidade comunicativa. O desconhecimento das particularidades do processo de envelhecimento pode gerar intervenções capazes de piorar o estado de saúde da pessoa idosa - a iatrogenia, que representa todo o malefício causado pelos profissionais da área de saúde. A incontinência urinária também é reconhecida como uma das grandes síndromes geriátricas. Ela afeta a independência do indivíduo, comprometendo, indiretamente, a função mobilidade. O idoso com incontinência esfincteriana sofre limitação de sua participação social, em virtude da insegurança gerada pela perda do controle miccional. A família, por sua vez, é outro elemento fundamental para o bem-estar biopsicossocial e sua ausência é capaz de desencadear ou perpetuar a perda de autonomia e independência do idoso (insuficiência familiar). Segundo José et al. (2002) a dependência pode ser classificada em três grandes grupos: Idosos com baixa dependência necessitam apenas de supervisão ou vigilância, na medida que possuem ainda alguma autonomia, quer ao nível da mobilidade, quer ao nível da realização de determinadas atividades da vida diária (ex: higiene pessoal, vestir/ despir, comer…); Idosos com média dependência encontram-se numa situação em que necessitam não só de supervisão, mas também de ajuda efetiva de terceiros no desempenho de algumas atividades especificas como, por exemplo, tomar banho, controlar a toma dos medicamentos, entre outras. Idosos com elevada dependência necessitam, diariamente, de ajuda extensiva e intensiva. Isto quer dizer que não têm capacidade para desempenhar um determinado conjunto de tarefas “básicas”: São pessoas que se encontram acamadas ou que têm fortes restrições ao nível da mobilidade, tendo algumas delas outras incapacidades associadas como, por exemplo, a diminuição das aptidões cognitivas e do controlo esfincteriano (bexiga e intestinos). REFERÊNCIA: Avaliação Multidimensional do Idoso – Secretaria de Saúde do Paraná – 2018. O rápido envelhecimento da população brasileira, aliado ao aumento da longevidade dos idosos traz profundas consequências na estruturação das redes de atenção à saúde, com maior carga de doenças crônicas e incapacidades funcionais. Consequentemente, constata-se o surgimento de novas demandas e o uso mais intensivo dos serviços de saúde. Todavia, ainda que as doenças sejam mais frequentes nesta faixa etária, nem sempre estão associadas à dependência funcional. Assim, o envelhecimento do indivíduo não é sinônimo de incapacidades e dependência, mas sim, de maior vulnerabilidade. O conceito de saúde deve estar claro no idoso. Não se deve confundir presença de doenças ou idade avançada com ausência de saúde. Define-se saúde como uma medida da capacidade individual de realização de aspirações e da satisfação das necessidades, independentemente da idade ou da presença de doenças. Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais uma exceção do que a regra (Veras, 2012). A maioria dos idosos é portadora de doenças ou disfunções orgânicas que, na maioria das vezes, não estão associadas à limitação das atividades ou à restrição de sua participação social. Assim, mesmo com doenças, o idoso pode continuar desempenhando seus papéis sociais. Deste modo, esta é uma informação que não agrega possibilidadesde mudanças e é por este motivo que introduzimos um novo indicador de saúde, a CAPACIDADE FUNCIONAL. O foco da saúde está estritamente relacionado à funcionalidade global do indivíduo, definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. A pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha, de forma plena, mesmo que seja muito idosa ou portadora de doenças (Moraes, 2012). A capacidade funcional ainda não é um conceito claramente definido. Indivíduos com o mesmo diagnóstico clínico podem ter a capacidade funcional absolutamente distinta um do outro, o que faz com que essa população seja extremamente heterogênea. Com efeito, a heterogeneidade entre os indivíduos idosos é marcante e progressiva ao longo do processo de envelhecimento. Assim, a fronteira entre os conceitos de saúde, doenças, dependência e incapacidades deve estar bem definida. Bem-estar e funcionalidade são complementares. Representam a presença de autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as ações, estabelecendo e seguindo as próprias convicções) e independência (capacidade de realizar algo com os próprios meios), permitindo que o indivíduo cuide de si e de sua vida. Cabe ressaltar que a independência e a autonomia estão intimamente relacionadas, mas são conceitos diferentes. Existem pessoas com dependência física, mas capazes de decidir as atividades de seu interesse. Por outro lado, há pessoas que têm condições físicas para realizar determinadas tarefas do cotidiano, mas não têm condições de decidir e escolher com segurança sobre como, quando e onde se envolver nestas atividades. A perda da independência nem sempre vem associada com a perda de autonomia: um idoso com perda da capacidade de deambular, pode perfeitamente gerenciar sua vida com autonomia e participação social. Segundo a Classificação Internacional da Funcionalidade - CIF (Organização Mundial da Saúde, 2003), declínio funcional é a perda da autonomia e/ou da independência, pois restringe a participação social do indivíduo. Por sua vez, a independência e autonomia estão intimamente relacionadas ao funcionamento integrado e harmonioso dos seguintes domínios funcionais: • Cognição: é a capacidade mental de compreender e resolver adequadamente os problemas do cotidiano; • Humor/Comportamento: é a motivação necessária para a realização das atividades e/ ou participação social. Inclui também o comportamento do indivíduo, que é afetado pelas outras funções mentais, como senso-percepção, pensamento e consciência. • Mobilidade: é a capacidade individual de deslocamento e de manipulação do meio. Por sua vez, a mobilidade depende de quatro subsistemas funcionais: a capacidade aeróbica e muscular (massa e função), o alcance/preensão/pinça (membros superiores) e a marcha/ postura/transferência. A continência esfincteriana é também considerada um subdomínio da mobilidade, pois a sua ausência (incontinência esfincteriana) é capaz de interferir na mobilidade e restringir a participação social do indivíduo. • Comunicação: é a capacidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar desejos, ideias e sentimentos. Depende de três subsistemas funcionais: visão, audição e produção/motricidade orofacial. Esta última é representada pela voz, fala e mastigação/deglutição. A perda da independência e/ou autonomia é causada pelas principais síndromes associadas ao envelhecimento, conhecidas como as “Grandes Síndromes Geriátricas” ou “Gigantes da Geriatria”: a INCAPACIDADE COGNITIVA, INSTABILIDADE POSTURAL, INCONTINÊNCIA ESFINCTERIANA, IMOBILIDADE e a INCAPACIDADE COMUNICATIVA. A presença destas condições crônicas de saúde aumenta a complexidade do manejo clínico e o risco de IATROGENIA. Além disso, estão associadas a maior demanda de cuidados de longa duração, usualmente realizados pela família, que, na maioria das vezes, não se encontra preparada para esta nova função, quando se apresenta a INSUFICIÊNCIA FAMILIAR. ______________________________________________________________________________________________ 3. AVD’s segundo o grau de complexidade. REFERÊNCIA: Tratado de Geriatria e Gerontologia A capacidade de se auto cuidar é elemento básico na avaliação da capacidade funcional, pois a função é avaliada com base na capacidade de execução das atividades da vida diária (AVD), que por sua vez dividem-se em: • Atividades básicas da vida diária – tarefas próprias do autocuidado, como alimentar-se, vestir-se, controlar os esfíncteres, banhar-se, locomover-se etc.; • Atividades instrumentais da vida diária – indicam a capacidade para levar uma vida independente na comunidade, como realizar as tarefas domésticas, compras, administrar as próprias medicações, manusear dinheiro etc.; • Atividades avançadas da vida diária – são marcadoras de atos mais complexos, e em grande parte ligados à automotivação, como trabalho, atividades de lazer, contatos sociais, exercício etc. Reuben e Solomon (1989) propuseram três níveis de atividades: atividades básicas da vida diária (ABVD), atividades intermediárias da vida diária (AIVD) e atividades avançadas da vida diária (AAVD). As AAVD relacionam-se a uma avaliação cognitiva com especificidades e manutenção de excelente qualidade de vida – mesmo que não estivessem diretamente relacionadas com a manutenção de uma vida independente. Elas compreendem tarefas relacionadas com a prática de funções sociais como: atividades sociais, físicas, de lazer, comunitárias, religiosas e de trabalho (Dias et al.,2014). A ausência dessas atividades pode promover doenças e isolamento social (Dias et al., 2011). Portanto, o aprofundamento dessas avaliações oportuniza condições de intervenções que contribuem com a diminuição da dependência. A dependência se traduz por uma ajuda indispensável para a realização dos atos elementares da vida. As atividades de vida diária (AVD) podem ser hierarquizadas em básicas (ABVD), instrumentais (AIVD) e avançadas (AAVD). As primeiras incluem capacidade para realizar higiene pessoal, alimentação e controle esfincteriano e são importantes para o autocuidado. As instrumentais são mais complexas e incluem a capacidade para preparar refeições, realizar trabalhos domésticos, usar transportes, fazer compras, administrar finanças, as próprias medicações, entre outras. As últimas são atividades físicas, cognitivas, sociais, de lazer e produtivas, que proporcionam ao idoso contato com a vida social. O National Health Interview Survey, referente a 2009, estima que 3,1% dos indivíduos com idade entre 65 e 74 anos tenham limitações para realizar as suas atividades de vida diária (AVD), enquanto para aqueles com 75 anos ou mais esses valores chegam a 10,3%. Em relação às atividades instrumentais de vida diária (AIVD), esses percentuais correspondem, respectivamente, a 6,4 e 20,3%. Essas limitações constituem maior risco de institucionalização. As limitações funcionais são preditoras das restrições nas AVD e nas AIVD, sendo, portanto, de fundamental importância a adoção de medidas preventivas, como, por exemplo, por meio dos exercícios, que podem retardar o início dessas restrições, prolongando, assim, o tempo de vida ativa e independente. É preciso definir se essas limitações encontradas constituem descondicionamento físico, efeito do envelhecimento propriamente dito ou doença incipiente. Muitos autores realizaram trabalhos e apresentaram seus resultados, definindo o estado funcional com base na escala de AVD e AIVD. As limitações funcionais são restritas à dificuldade de realização de certas atividades, como subir escadas e agachar-se, por exemplo. Outrossim, a incapacidade engloba limitações funcionais inseridas em contexto social, geradas pelas restrições às AVD. A atividade física atua reduzindo tanto as limitações funcionais como as restrições às AVD. ______________________________________________________________________________________________4. Doenças prevalentes em idosos. REFERÊNCIA: Tratado de Geriatria e Gerontologia Mortalidade proporcional por causas: Em 2013, 1/3 de todas as mortes de idosos jovens foram causadas por doenças do sistema circulatório e quase 1/4 por neoplasias. 60 a 69 anos 80 anos ou mais As doenças do sistema respiratório representaram a 3ª principal causa de morte (10% do total) e as mortes por causas mal definidas (SSAAECL), apenas 5%. Já dentre os octogenários, a proporção de óbitos por doenças respiratórias ocupou a 2ª posição, com quase 1/5 de todos os óbitos, enquanto as neoplasias representaram apenas a metade da proporção observada dentre os idosos jovens. Dentre as principais tendências da mortalidade por causas de idosos observadas nos últimos anos no Brasil destaca-se a continuidade da queda da proporção de mortes por doenças por causas circulatórias (10% entre 1997 e 2013). Esta reflete o aumento da cobertura e qualidade do controle de fatores de risco como hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes, resultando em redução da incidência das suas complicações letais: acidente encefálico, infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca. Em virtude do progresso da assistência a estes pacientes, a própria letalidade destas doenças vem se reduzindo. No mesmo período as mortes por causas mal definidas (principalmente morte sem assistência médica e outras causas mal definidas e não especificadas) caíram aproximadamente 65%, refletindo a expansão e a melhora da assistência à saúde, atestando a crescente confiabilidade dos registros. A tendência foi mais significativa dentre os idosos mais velhos (queda de 68 vs. 62% dentre os mais jovens). Por se tratar de números proporcionais, a redução das mortes por causas mal definidas resultou em aumento da proporção de todas as outras causas. Além do motivo descrito anteriormente, o aumento da proporção de mortes por neoplasias e doenças respiratórias se deveu também ao aumento da sobrevida dos pacientes tabagistas que deixaram de morrer por causas circulatórias. No caso das mortes por neoplasias, se deveu ainda ao aumento da prevalência de obesidade, um conhecido fator de risco para diversos cânceres. O aumento da proporção de mortes por doenças respiratórias entre octogenários (24%) foi maior do que entre idosos jovens (7%) porque este primeiro grupo tem incluído uma proporção cada vez maior de idosos muito velhos (90+ anos), nos quais a letalidade das pneumonias é maior. Embora representem menor parcela dos óbitos, ocorreu aumento significativo da proporção de mortes por doenças endócrinas (35% entre idosos jovens; 59% entre octogenários) e causas externas (20% entre idosos jovens; 57% entre octogenários). No caso das doenças endócrinas, as tendências refletem não só o aumento da prevalência de obesidade e diabetes, mas também a redução da mortalidade precoce de pacientes com estas condições e consequente sobrevida de pacientes com diabetes avançado. No caso das causas externas, refletem o envelhecimento da própria população de octogenários e o consequente aumento da incidência e letalidade das quedas e suas complicações. Taxas de mortalidades específicas por causas: A análise das taxas de mortalidade específicas por causas (número de óbitos por determinada causa para cada 100.000 habitantes) permite comparar a importância de cada causa de óbito para homens e mulheres, e para faixas etárias diferentes. Além disso, ao contrário da análise da mortalidade proporcional por causas, as taxas específicas de mortalidade não são artificialmente influenciadas pela variação de outros grupos. • Mortalidade de idosos jovens: As principais causas de morte de idosos jovens (60 a 69 anos) no Brasil em 2013 foram doenças isquêmicas do coração (165/100.000; 81% delas por infarto agudo do miocárdio) e doenças cerebrovasculares (122/100.000; a maioria registrada como “acidente vascular encefálico” e “sequelas”), correspondendo a 56,2 mil óbitos. Estas causas representaram, respectivamente, 12 e 9% de todos os óbitos. Outras doenças cardíacas (insuficiência cardíaca, cardiomiopatias e doença cardíaca hipertensiva), hipertensão arterial, embolia pulmonar e arritmias (como fibrilação atrial), somadas, provocaram mais de 15,4 mil óbitos (106/100.000). As taxas de mortalidade dos homens superaram amplamente as taxas das mulheres. O diabetes melito ocupou a 3a posição (90/100.000; 7% do total), tendo provocado 13,1 mil óbitos. Embora as taxas sejam semelhantes entre os sexos, o diabetes representou a 3ª principal causa de morte em mulheres nesta faixa etária e apenas a 5ª em homens. As doenças diretamente relacionadas ao tabagismo, somadas, causaram 18 mil óbitos neste grupo, correspondendo à taxa de 123/100.000 (neoplasias do trato respiratório: 70/100.000; doença pulmonar obstrutiva crônica [DPOC]: 53/100.000). Neste caso, as mortes por neoplasias ocorridas em homens representaram mais do que o dobro das ocorridas dentre as mulheres; as mortes por DPOC, mais da metade. Em 2013 foram registrados ainda 10,8 mil óbitos por causas mal definidas (SSAAECL) e desnutrição (provavelmente representando um diagnóstico mal definido). Isto correspondeu a 6% de todos os óbitos de homens, e 5% de todos os óbitos de mulheres. Metade deles foram registrados como “restante de SSAAECL” (que inclui, por exemplo, “tosse”, e “glicosúria”); 1/4 adicional foram mortes sem assistência médica. As neoplasias de esôfago e estômago (40/100.000) e colorretal (25/100.000) provocaram 9,4 mil óbitos nesta faixa etária. A taxa de mortalidade por neoplasia do esôfago e estômago de homens (64/100.000) foi maior do que o triplo da observada em mulheres da mesma idade (19/100.000). Mortes por pneumonia somaram quase oito mil (54/100.000), tendo sido quase duas vezes mais frequente em homens. Já as mortes por pneumonia de aspiração foram infrequentes nesta faixa etária (3/100.000). As neoplasias da mama e de órgãos genitais femininos, somadas, representaram a 4ª principal causa de morte das mulheres, sendo mais de 3,1 mil destes óbitos por neoplasia da mama. Já dentre os homens, a taxa de mortalidade por neoplasia da próstata (35/100.000) superou a da neoplasia colorretal (29/100.000). Acidentes de transporte (incluindo atropelamentos e acidentes de trânsito) provocaram a morte de 3,5 mil idosos em 2013, sendo 78% deles homens (41/100.000). Mortes por agressão somaram 1,3 mil óbitos, sendo 87% dos casos óbitos de homens. Outras neoplasias, como as do pâncreas (2,3 mil), fígado (2,3 mil), bexiga (761) e as registradas como “Restante de neoplasias malignas” (principalmente as de localização mal definida) representariam, somadas, 7% de todos os óbitos. A taxa de mortalidade das neoplasias de pâncreas e bexiga em homens correspondeu ao dobro da observada em mulheres (22 × 11/100.000 e 8 × 3/100.000). Dentre as mortes relacionadas ao uso abusivo de álcool nesta faixa etária, 83% ocorreram em homens, sendo 3,4 mil por cirrose ou doença alcoólica do fígado. Por fim, doenças que provocam e/ou se manifestam com quadros de abdome agudo ocasionaram a morte de 4,5 mil idosos (31/100.000) e septicemia 2,2 mil óbitos (16/100.000). • Mortalidade em Idosos mais velhos: As doenças circulatórias, como no caso dos idosos jovens, também representaram a principal causa de morte entre os octogenários. Entretanto, as doenças cerebrovasculares (12% do total) superaram as doenças isquêmicas do coração (9%); e a insuficiência cardíaca representou uma parcela mais significativa dos óbitos (7% contra 5% entre idosos jovens). Também ao contrário do que ocorreu entre os idosos jovens, as taxas de mortalidade por doenças circulatórias de mulheres foram bastante próximas às dos homens. Outras doenças circulatórias (hipertensão arterial, embolia pulmonar e arritmias), somadas, provocaram 15,2 mil óbitos (420/100.000) e, nestes casos, as taxas foram mais elevadas entre as mulheres.
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