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LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 2022

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1 
Interceptação Telefônica 
Lei nº 9.296/96 
ATUALIZADO em 09/02/20221. 
 
Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Interceptação Telefônica. O 
presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver 
questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre 
o tema objeto de estudo, novidades legislativas, a legislação (lei seca), Já Caiu CESPE, questões já 
cobradas em concurso público pelas diversas bancas, alterações promovidas pelo PAC, 
jurisprudência em teses, e, por fim, os informativos. 
A Lei de Interceptação Telefônica também foi objeto de modificação pelo Pacote Anticrime, 
analisaremos as alterações que incidiram na mesma. Feita as devidas considerações iniciais, vamos ao 
conteúdo. 
Bons estudos, #TmJuntos! 
 
1. Objeto da Lei 
 
Segundo preleciona o professor Gabriel Habib (Leis Penais Especiais – Vol. Único, pág. 509, 
2018): 
A presente lei trata da autorização, regulamentação e limites para a realização da 
interceptação telefônica como meio de prova no curso da persecução penal. Em 
poucos artigos, o legislador tratou da regulamentação do tema, da competência para 
a autorização da sua realização, das hipóteses de incidência e de não incidência deste 
meio de prova, dos requisitos a serem demonstrados para que a interceptação seja 
autorizada, do tempo de sua duração, do procedimento a ser seguido na 
interceptação, do destino do objeto dessa prova, e, por fim, puniu como crime a 
conduta de realizar a interceptação telefônica fora dos moldes previstos na lei. 
 
2. Introdução 
 
A Lei de Interceptação Telefônica traz um dilema em sua essência, a violação de um grande 
direito fundamental protegido pela Constituição Federal de 1988. Vejamos: 
 
 
1 Revisto, atualizado e editado em 09/02/2022. O manual caseiro é constantemente atualizado e aperfeiçoado. Caso o 
aluno identifique algum ponto que demande atualização, entre em contato através do nosso e-mail: 
manualcaseir@outlook.com. Nossa Equipe encontra-se à disposição para juntos sempre melhorarmos o material. 
 
 
 
 
 
 
2 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação. 
 Observe que a Constituição Federal traz claramente a inviolabilidade a intimidade e a vida 
privada, e uma interceptação telefônica faz essa violação de forma muito incisiva, tendo em vista que 
as autoridades competentes têm acesso direto as conversas em tempo real dos indivíduos envolvidos. 
No decorrer das investigações as autoridades colherão provas de fatos criminosos importantes, mas 
também terão acesso a conversas com esposas, amantes, colegas de trabalho, mãe etc. 
 Apesar da violação da intimidade, há um interesse muito maior envolvido, que pesa mais na 
balança do Direito, prevalecendo o interesse público em detrimento do interesse privado, havendo uma 
relativização do direito privado. 
 Desta forma, a própria Constituição Federal que garante a inviolabilidade do direito a 
intimidade e a vida privada (direito fundamental), também prevê e dá respaldo a interceptação 
telefônica em seu Art. 5º (igualmente, direito fundamental): 
 
CF, Art. 5º (...) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal. 
 O Art. 5º, XII da Constituição Federal trata-se de uma normal constitucional de eficácia jurídica 
limitada2, sendo necessário que uma Lei posterior traga as hipóteses devidas. Em suma o sigilo é 
inviolável, salvo, no último caso, por ordem judicial e na forma que a lei estabelecer. A Lei que traz, 
portanto, o respaldo para a interceptação, é exatamente a Lei 9.296/1996. 
Requisitos Constitucionais 
Observância da Lei 
-Lei 9.296/96 
(Hipótese e forma) 
Finalidade criminal 
-Fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal 
Ordem Jurídica 
-Necessidade ou não de 
autorização judicial. 
 
 
2 As normas constitucionais de eficácia limitada são normas cuja aplicabilidade é mediata, indireta e reduzida. Dependem 
da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador, integrando-lhes a eficácia mediante lei, dê-lhes capacidade 
de execução dos interesses visados. 
 
 
 
 
 
 
3 
 Candidato, as provas obtidas mediante interceptação telefônica antes do advento da Lei 
9.296/96 foram consideradas válidas? Não, todas as provas obtidas antes da Lei 9.296/96 foram 
consideradas ilícitas, mesmo estas contendo decisão judicial que autorizasse, sendo para fins criminais 
e ainda baseadas em Lei (Código Brasileiro de Telecomunicações). Segundo o STF, apesar de 
preencher os requisitos e ser baseada em Lei, o Código Brasileiro de Telecomunicações não traz as 
hipóteses de interceptação, tão pouco as formas de interceptação, tornando as provas obtidas antes da 
Lei 9.296/96 ilícitas. 
Deste modo, temos que as interceptações que foram realizadas ANTES DA EDIÇÃO da Lei 
9.296/96 são consideradas como provas ilícitas segundo o entendimento do STF. 
 
“Interceptação telefônica. Prova ilícita. Autorização judicial deferida 
anteriormente à Lei 9.296/1996, que regulamentou o inciso XII do art. 5º da CF. 
Nulidade da ação penal, por fundar-se exclusivamente em conversas obtidas mediante 
quebra dos sigilos telefônicos dos pacientes”. (HC 81.154, rel. min. Maurício Corrêa, 
julgamento em 2-10-2001, Segunda Turma, DJ de 19-12-2001). No mesmo sentido: 
HC 74.116, rel. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-11-1996, Segunda 
Turma, DJ de 14-3-1997. 
 
 Observação. Admite-se a interceptação da comunicação de dados, comunicação telegráfica ou 
de correspondência, não apenas da forma telefônica, tendo em vista que estes não são direitos 
absolutos, podendo o juiz afastar o sigilo diante da supremacia do interesse público sobre o individual. 
Exemplo: o Diretor do presídio pode ter acesso ao conteúdo da correspondência do preso (desde que 
fundamentadamente) quando suspeitar que o mesmo está utilizando essa liberdade como forma de 
praticar atividades ilícitas. Art. 41, parágrafo único, da LEP. Vejamos: 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a 
recreação; 
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; 
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e 
de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. 
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou 
restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
O STF já decidiu desta forma ao entender válida a regra disposta no art. 41, parágrafo único, 
da Lei de Execução Penal (Lei n.º 7.210/84), que prevê que a autoridade administrativa responsável 
pela gestão do presídio pode interceptar correspondência de presos que se destinem ao exterior do 
presídio. A Suprema Corte assim decidiu por entender que o direito à privacidade e à intimidade do 
preso deve ceder espaço aos ditames de segurança pública, disciplina prisional e a própria preservação 
da ordem jurídica, uma vez que “a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode 
constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas” (HC. 70.814-5/SP).3. Conceitos relevantes 
 
3.1 Requisito constitucional: Observância da Lei 
Interceptação Telefônica Escuta Telefônica Gravação Telefônica 
Interceptação telefônica em 
sentido estrito – Trata-se de 
captação da conversa telefônica 
feita por um terceiro SEM o 
conhecimento dos 
interlocutores. Exemplo. 
Polícia, com autorização 
judicial, intercepta os telefones 
dos membros de uma 
associação criminosa, gravando 
os diálogos mantidos entre eles. 
 
 
Dois Interlocutores + 
Interceptador 
Escuta telefônica – É a captação 
da conversa telefônica feita por 
um terceiro COM o 
conhecimento de um dos 
interlocutores e sem o 
conhecimento do outro. 
Exemplo: Polícia intercepta a 
conversa telefônica que Fulano 
mantém com o sequestrador de 
seu filho. Esse monitoramento é 
realizado com o conhecimento 
do pai da vítima. 
Dois Interlocutores (um deles 
sabe que há um terceiro 
interceptando) + 
Interceptador. 
Gravação telefônica ou 
gravação clandestina – É a 
captação da conversa telefônica 
por um dos interlocutores sem o 
conhecimento do outro. 
Exemplo. Mulher grava a 
conversa telefônica no qual o 
ex-marido ameaça matá-la 
 
 
Dois Interlocutores. 
 
 
Cumpre destacar, que há uma exceção para a gravação telefônica se tornar ilícita sem 
autorização judicial, seria o caso em que a conversa está amparada por sigilo. Exemplo: a conversa 
entre advogados e clientes (neste caso, por se tratar de gravação telefônica uma das partes grava). Bem 
como a conversa entre padres e fiéis. 
Candidato, a interceptação telefônica, a escuta telefônica e a gravação telefônica precisam 
de autorização judicial? De acordo com o STF a autorização judicial só será necessária para a 
interceptação e a escuta telefônica. Vejamos; 
“De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, a Lei 9.296/96 se aplica tão somente 
à interceptação telefônica e à escuta telefônica, pois apenas nestas hipóteses há 
 
 
 
 
 
 
5 
comunicação telefônica e a figura do terceiro interceptador. Assim, a gravação 
telefônica é válida mesmo que tenha sido realizada SEM autorização judicial. STF, 
2ª Turma, RE-AgR 453.562/SP, julgado em 23.09.2008.” 
Corroborando ainda com os conceitos acima expostos, o Informativo 510 do STJ trabalhou 
bem essas definições. Vejamos: 
 
Informativo nº 0510/STJ – Quinta Turma. Não é válida a interceptação 
telefônica realizada sem prévia autorização judicial, ainda que haja 
posterior consentimento de um dos interlocutores para ser tratada como 
escuta telefônica e utilizada como prova em processo penal. A 
interceptação telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, 
sem o conhecimento dos interlocutores, que depende de ordem judicial, 
nos termos do inciso XII do artigo 5º da CF, regulamentado pela Lei n. 
9.296/1996. A ausência de autorização judicial para captação da conversa 
macula a validade do material como prova para processo penal. A escuta 
telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, com o 
conhecimento de apenas um dos interlocutores. A gravação telefônica é 
feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou a 
ciência do outro. A escuta e a gravação telefônicas, por não constituírem 
interceptação telefônica em sentido estrito, não estão sujeitas à Lei 
9.296/1996, podendo ser utilizadas, a depender do caso concreto, como 
prova no processo. O fato de um dos interlocutores dos diálogos gravados 
de forma clandestina ter consentido posteriormente com a divulgação dos 
seus conteúdos não tem o condão de legitimar o ato, pois no momento da 
gravação não tinha ciência do artifício que foi implementado pelo 
responsável pela interceptação, não se podendo afirmar, portanto, que, 
caso soubesse, manteria tais conversas pelo telefone interceptado. Não 
existindo prévia autorização judicial, tampouco configurada a hipótese 
de gravação de comunicação telefônica, já que nenhum dos interlocutores 
tinha ciência de tal artifício no momento dos diálogos interceptados, se 
faz imperiosa a declaração de nulidade da prova, para que não surta 
efeitos na ação penal. Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe 
17/5/2010. HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
27/11/2012. 
 
Candidato, sabendo que a conversa entre advogados e clientes é sigilosa, é válida a 
interceptação telefônica desse tipo de conversa? Segundo o STJ, Edição 117: A garantia do sigilo 
das comunicações entre advogado e cliente não confere imunidade para a prática de crimes no exercício 
da advocacia, sendo lícita a colheita de provas em interceptação telefônica devidamente autorizada e 
motivada pela autoridade judicial. 
 
 
 
 
 
 
6 
Quanto a interceptação telefônica ilegal, seria aquela realizada sem autorização judicial, ou com 
objetivo não autorizado em Lei, incorrendo nas penas do Art. 10. Vejamos: 
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de 
informática ou telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, 
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela 
Lei nº 13.869 de 2019) 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na 
mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista no 
caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. 
 Vamos esquematizar? 
Interceptação Telefônica Ilegal 
Interceptação Telefônica realizada sem 
autorização legal. 
Interceptação Telefônica realizada com objetivo 
não previsto em lei. 
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista no caput 
deste artigo com objetivo não autorizado em lei. 
 
 
Cuidado. A interceptação telefônica é a interceptação da conversa realizada em tempo real, 
enquanto que os dados telefônicos é apenas a relação das ligações efetuadas e recebidas (data, horário, 
duração, números), sem acesso ao conteúdo das conversas. 
Neste aspecto, o acesso a DADOS telefônicos, necessita de autorização judicial? Existem duas 
correntes acerca desse tema; 
A primeira corrente diz que a CF/88, no artigo 5º, inciso XII, por conferir reserva de jurisdição 
para a quebra de sigilo das comunicações telefônicas sem mencionar especificamente o acesso a dados 
pessoais por parte das autoridades de investigação, permitiria que esse acesso fosse realizado sem a 
necessidade de autorização judicial. Além disso, os dados são estáticos e não revelam o teor de qualquer 
comunicação. Ressalta-se que essa corrente encontra amparo na doutrina e era adotada pelas bancas de 
concurso. 
A segunda corrente afirma que existe uma confusão na busca pela cláusula de reserva expressa 
no texto constitucional, o que acaba transformando o inciso X da CF/88, do qual é primário em relação 
ao XII, em letra morta. Eventuais lacunas no texto constitucional não necessariamente conferem tom 
permissivo a práticas estatais que atingem os direitos fundamentais. Assim, se é devida a proteção legal 
 
 
 
 
 
 
7 
à quebra das comunicações telefônicas por representar violação à intimidade, também é devida a 
proteção àquelas medidas que, no mesmo sentido, ainda que em outros objetos de tutela, violam a 
intimidade das pessoas em igual ou até em maior grau. 
Em resumo essa corrente afirma que não é porque a CF não traz uma cláusula expressa de 
reserva de jurisdição, que nesse caso não necessitaria de uma autorização judicial para acessar os 
DADOS, porque ainda assim há uma violação da intimidade e da vida privada. É uma corrente 
minoritária na doutrina, mas foi acolhida pelo Supremo em 2019. Vejamos: 
“O Plenário do STF, no informativo 945 (junho 2019), ao analisar a validade das provas 
coligidas no âmbito da Operação Métis, deflagrada em 2016 pela Polícia Federal em 
face de policiais legislativos que, em tese, estariam embaraçando investigações da Lava 
Jato, assentou o entendimento de que exibição de extratos telefônicos dospoliciais 
legislativos investigados é diligência sujeita ao prévio crivo do Estado-Juiz. ” 
 
INTERCEPTAÇÃO 
TELEFÔNICA 
QUEBRA DE DADOS 
TELEFÔNICOS 
QUEBRA DE DADOS 
CADASTRAIS 
- Autorização Judicial. 
-Fundamento Lei 9.296/96. 
-Fundamento Art. 5º, XII, 
CF/88. 
- 1º Corrente: Não precisa de 
Aut. Judicial (Doutrina + STJ). 
-2º Corrente: Precisa de Aut. 
Judicial (STF). 
- Não precisa de Aut. Judicial. 
-Entendimento pacífico (Não 
viola intimidade ou vida 
privada). 
 
Candidato, comete crime a empresa de telefonia que se recusa a fornecer dados cadastrais 
requisitados pelo Delegado de Polícia ou membro do MP? Sim, no entanto para este caso deverão 
ser analisadas duas situações: 
- Investigação ou processo que envolve crime praticado por organização criminosa: Será crime 
se a empresa não fornecer esses dados, com base no Art. 21 da Lei 12.850/13 (LOC). 
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações 
requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de 
investigação ou do processo: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 - Investigação ou processo não envolve crime praticado por organizações criminosas: Será 
crime de desobediência do CP; 
 
 
 
 
 
 
8 
Código Penal Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - 
detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 Observação. Para se obter os dados pretéritos de uma Estação Rádio Base – ERB, não será 
necessária autorização judicial. 
No entanto se esses dados forem online, instantâneos, com a alteração legislativa promovida no 
art. 13-B do CPP, conclui-se que a requisição de dados de localização em tempo real (ERBs) exige 
ordem judicial (se os fatos envolverem o crime de tráfico de pessoas ou a ele relacionados, o juiz deve 
decidir em 12h. Ultrapassado esse prazo sem decisão, passa-se para a esfera do poder requisitório do 
Delegado). 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico 
de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão 
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de 
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos 
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima 
ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 
2016) (Vigência) 
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade 
competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou 
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como 
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos 
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) (Vigência) 
 
3.2 Requisito constitucional: Finalidade criminal 
Art. 5º (...) XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal. 
 
Conforme prevê o texto constitucional, a interceptação telefônica será decretada para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. 
Candidato, considerando que a finalidade para a interceptação terá de ser criminal, a prova 
adquirida no Âmbito penal pode ser utilizada como prova emprestada em processos não criminais? 
Sim. De acordo com a Súmula 591, STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo 
 
 
 
 
 
 
9 
disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a 
ampla defesa. 
Nesse mesmo sentido, já decidiu o STF. Vejamos: 
A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de investigação ou processo 
criminal pode ser utilizada para instruir procedimento administrativo punitivo. Assim, 
é possível que as provas provenientes de interceptações telefônicas autorizadas 
judicialmente em processo criminal sejam emprestadas para o processo 
administrativo disciplinar. STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834). 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 591-STJ. Buscador Dizer o Direito, 
Manaus. Disponível em: < 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1d98edfd003bcd59
e957739802965f19 >. Acesso em: 10/06/2020 
 
3.3 Requisito constitucional: Ordem judicial 
Art. 5º (...) XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal. 
Art. 1º. A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer 
natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual 
penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz 
competente da ação principal, sob segredo de justiça. 
 
A interceptação telefônica constitui-se em verdadeira restrição ao direito fundamental da 
intimidade e ao sigilo das comunicações telefônicas assegurados pela Constituição Federal. Nessa 
esteira, por constituir-se em valor tão supremo, a sua restrição somente pode ocorrer após intervenção 
judicial prévia, o que significa dizer, após autorização judicial. 
Dessa forma, temos que a decretação de interceptação telefônica deve observar a chamada 
CLÁUSULA DE RESERVA DE JURISDIÇÃO, que significa dizer que sua decretação depende de 
autorização do magistrado. 
 
 
 
 
 
 
10 
A ausência de autorização judicial para captação da conversa macula a validade do material 
como prova para o processo penal. 
Observe que não será qualquer juiz que autorizará a interceptação telefônica, mas sim o juiz 
competente da ação principal, um juiz criminal. 
 Cuidado. O PAC traz a novidade do juiz de garantias, (que está suspenso por decisão do Min. 
Luiz Fux) que se entrar de fato em vigor, a interceptação telefônica deverá ser representada pelo 
delegado ou MP ao juiz de garantias e este será o juiz competente no âmbito das investigações 
criminais, deferindo ou não interceptação. Destacamos, mais uma vez, a figura do juiz das garantias 
encontra-se no presente momento com sua eficácia suspensa 3. 
 Candidato, se um juiz estadual autoriza a interceptação por tráfico local, mas no curso da 
investigação, descobre-se que o tráfico é transnacional e o processo é remetido para a Justiça 
Federal. A prova produzida na Justiça Estadual é válida ou deve ser considerada nula? Será 
considerada válida, segundo os Tribunais Superiores, havendo modificação de competência a 
interceptação autorizada pelo juiz anterior é válida perante o novo juízo ou tribunal. STF, 2ª Turma, 
HC 110.496/RJ, julgado em 09/04/2013. Bem como a Tese do STJ, edição 117 - A alteração da 
competência não torna inválida a decisão acerca da interceptação telefônica determinada por juízo 
inicialmente competente para o processamento do feito. 
 Modificação superveniente de competência e suas consequências 
Os Tribunais Superiores têm entendido que caso haja posteriormente a modificação da 
competência para processar e julgar o delito, a interceptação telefônica já realizada não se torna prova 
ilícita. Vejamos: 
Determinado juiz decreta a interceptação telefônica dos investigados e, 
posteriormente, chega-se à conclusão de que o juízo competente para a medida era o 
Tribunal. Esta prova colhida é ilícita? Não necessariamente. A prova obtida poderá ser 
ratificada se ficar demonstrado que a interceptação foi decretada pelo juízo 
aparentemente competente. Não é ilícita a interceptação telefônica autorizada por3 O ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu por tempo indeterminado a eficácia 
das regras do Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019) que instituem a figura do juiz das garantias. A decisão cautelar, proferida 
nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 6298, 6299, 6300 e 6305, será submetida a referendo do Plenário. O 
ministro Fux, que assumiu o plantão judiciário no STF no domingo (19), é o relator das quatro ações. 
Em sua decisão, o ministro Fux afirma que a implementação do juiz das garantias é uma questão complexa que exige a 
reunião de melhores subsídios que indiquem, “acima de qualquer dúvida razoável”, os reais impactos para os diversos 
interesses tutelados pela Constituição Federal, entre eles o devido processo legal, a duração razoável do processo e a 
eficiência da justiça criminal. 
 
Disponível em < https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=435253&ori=1> Acesso em 
10.06.2020. 
 
 
 
 
 
 
11 
magistrado aparentemente competente ao tempo da decisão e que, posteriormente, 
venha a ser declarado incompetente. Trata-se da aplicação da chamada “teoria do juízo 
aparente”. STF. 2ª Turma. HC 110496/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
9/4/2013 (Info 701). 
 
Vislumbra-se do presente caso, que o Supremo tem adotado a TEORIA DO JUÍZO 
APARENTE, de modo que o posterior conhecimento da incompetência do juízo que deferiu a 
diligência não implica, necessariamente, a invalidação da prova legalmente produzida. 
 
Art. 1º (...) Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de 
comunicações em sistemas de informática e telemática. 
 O parágrafo único traz a possibilidade de serem analisadas as conversas realizadas via Skype e 
WhatsApp por exemplo. 
 Cuidado. Se em uma situação hipotética o Delegado efetua uma prisão em flagrante de um 
traficante de drogas e com ele foi apreendido um smartphone, a autoridade policial só poderá verificar 
as mensagens trocadas no WhatsApp se possuir autorização judicial, conforme Tese do STJ. Vejamos: 
Tese STJ, edição 111. É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados 
no aparelho celular, relativos a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de 
aplicativos (WhatsApp), e obtida diretamente pela polícia, sem prévia autorização 
judicial. 
 Essa interpretação do STJ está em sintonia com a Lei n. 12.965/14 (Marco Civil da Internet). 
Vejamos: 
Lei 12.965/14 Art. 7º. O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao 
usuário são assegurados os seguintes direitos: 
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação; 
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem 
judicial, na forma da lei; 
 III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por 
ordem judicial; 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 Candidato, se a apreensão do aparelho smartphone se der em função de cumprimento de 
mandado de busca e apreensão, pode ser aberta conversas de WhatsApp, por exemplo, sem 
autorização judicial? O STJ entende possível o acesso imediato às mensagens pela polícia, tendo em 
vista que o próprio mandado judicial de busca e apreensão já serviria como autorização judicial para 
tal acesso. 
 Este tema envolve diretamente os direitos probatórios de terceira geração, que são aquelas 
provas invasivas, altamente tecnológicas, que permitem alcançar conhecimentos e resultados 
inatingíveis pelos sentidos e técnicas tradicionais. Ou seja, são as provas voltadas a tecnologia, 
Smartphone, por exemplo, hoje tem informações de toda a vida, dados bancários, conversas, etc. 
 Adentrando no campo da tecnologia temos uma decisão interessante do STJ, acerca de uma 
apreensão de um indivíduo e seu celular no qual foi solicitada uma autorização judicial para averiguar 
mensagens existentes no aplicativo, a autorização foi concedida e antes que o aparelho fosse entregue 
de volta, a autoridade policial usou o QR e acessou via computador, passando a acompanhar via 
WhatsApp Web. 
No entanto o STJ afirmou que será nula a decisão judicial que autoriza o espelhamento via 
Código QR para acesso no WhatsApp Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela 
diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas eventuais fontes independentes. Não é 
possível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do 
WhatsApp Web, das conversas realizadas pelo WhatsApp. STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (Info 640). 
 O entendimento não é válido porque o agente não se torna apenas um mero observador, tendo 
em vista que com WhatsApp web pode-se enviar mensagens, apagar mensagens, etc. 
 Em outro caso peculiar o STJ entendeu que o Delegado de Polícia pode acessar conversas de 
WhatsApp de vítima morta. Vejamos a situação caso-concreto: 
“Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia 
autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário – a vítima – foi morto, tendo 
o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. (STJ. 6ª Turma. 
RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617) ”. 
JÁ CAIU CESPE: De acordo com a CF, prescinde de prévia decisão judicial a interceptação 
de comunicações telefônicas para prova em investigação criminal e em instrução processual penal. 
 
 
 
 
 
 
13 
ERRADO. Prescindir significa dispensar. No caso, a autorização judicial é imprescindível para a 
decretação da interceptação telefônica no âmbito da investigação criminal e da instrução processual 
penal. 
JÁ CAIU CESPE: O juiz competente para determinar a interceptação é o competente para 
processar e julgar o crime de cuja prática se suspeita. No entanto, a verificação posterior de que se trata 
de crime para o qual o juiz seria incompetente não deve acarretar a nulidade absoluta da prova colhida. 
CERTO. 
 
4. Requisitos Legais 
 
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses: 
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III – o fato investigado constituir infração penal, punida, no máximo, com pena de 
detenção. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da 
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo 
impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
 
Da análise do dispositivo legal acima, contemplamos que o legislador optou pelo emprego de 
uma técnica negativa, ou seja, elencou as hipóteses em que não caberá a interceptação telefônica. 
Corroborando ao exposto, Gabriel Habib (Leis Penais Especiais – Vol. Único, pág. 519, 
2018): 
 
Pode parecer estranho que o legislador tenha tratado dos casos em que não cabe a interceptação 
telefônica. Normalmente, o legislador trata das hipóteses de cabimento. Contudo, é compreensível a 
forma pela qual o legislador tratou o tema. Com efeito, ao que parece, o legislador quis que o cabimento 
desse meio de obtenção de prova fosse a regra e, o seu não cabimento, a exceção. Assim, não seria 
possível ao legislador prever todas as hipóteses de cabimento, simplesmente porque quis fazer dele a 
regra geral. Portanto, ele optou por trazer as hipóteses excepcionais, ou seja, de não cabimento. 
 
Dessa forma, para melhor compreensão do tema, vamos fazer nesse momento uma leitura 
inversa, de modo a constatarmos os reais requisitos necessários para a decretação da interceptação 
telefônica. 
Somente será admitido a interceptação telefônica: 
 
 
 
 
 
 
14 
• Se houver indícios suficientes de autoria ou participação da infraçãopenal; 
• O crime investigado for punido com pena de reclusão; 
• Não houver outro meio disponível para a prova ser produzida (caráter subsidiário). 
 
Inc. I: Indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal – por indícios 
razoáveis entendam-se indícios suficientes de autoria ou participação. A medida de interceptação 
telefônica depende de indícios pré-existentes de autoria ou participação do agente no delito a ser 
investigado. Em outras palavras, já deve haver algum elemento de prova que traga, no mínimo, indícios 
da concorrência do agente. 
 
Lei 9.296/96 Art. 2°. Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas 
quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
 A interceptação acontece após o delito (pós-delitual), não pode se admitir uma interceptação 
antes de que aconteça alguma infração penal (interceptação de prospecção). 
A intitulada “interceptação de prospecção” é a interceptação que acontece sem que tenhamos 
indícios de autoria, realizada para a descoberta eventual de um delito. Não se admite em nosso 
Ordenamento Jurídico Brasileiro a interceptação de prospecção, que é aquela realizada por meras 
conjecturas para descobrir se uma pessoa qualquer está envolvida em alguma infração penal. A 
interceptação telefônica é um procedimento caracteristicamente “pós-delitual” e não “pré-delitual”. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
(TRF - 3ª REGIÃO - TRF - 3ª REGIÃO - TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto). 
Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação 
criminal e em instrução processual penal, assinale a alternativa que contém uma afirmação CORRETA: 
a) Somente pode ser deferida a requerimento do Ministério Público, em qualquer fase da investigação policial ou na 
instrução processual penal. 
b) É admissível para a investigação de qualquer tipo de infração penal. 
c) Não poderá ser deferida se não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal. 
d) Será deferida, ainda que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Gab. C. De fato, conforme o art. 2º, inciso I, da Lei de Interceptação Telefônica, não será admitida a interceptação caso não 
existam indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal. A razão de ser dessa exigência é que a interceptação 
telefônica possui natureza cautelar e a sua admissibilidade está condicionada à presença dos elementos das cautelares, quais 
sejam: o fumus comissi delicti e do periculum in mora - que correspondem respectivamente à comprovação da existência 
de um crime e de indícios suficientes de autoria, e ao risco que o criminoso em liberdade pode criar para a ordem pública, 
a ordem econômica, a instrução criminal e para a aplicação da lei penal. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
(NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil). Sabe-se que a interceptação de 
comunicações telefônicas é, atualmente, prova bastante utilizada em investigação criminal, inclusive, para a própria 
instrução processual penal. Sobre o tema, marque a alternativa CORRETA. 
a) A ordem da interceptação de comunicações telefônicas depende da ordem da autoridade policial e, em seguida, para 
instrução processual, submete ao juiz competente para validação. 
b) A interceptação de comunicações telefônicas tem, mesmo que seja possível outros meios disponíveis, o objetivo de 
corroborar com os demais meios de prova. 
c) Não é permitida a interceptação de comunicações telefônicas quando não houver indícios razoáveis da autoria ou 
participação em infração penal. 
d) É permitida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado constituir infração penal punida 
com pena de detenção 
e) Mesmo que estejam presentes os pressupostos que autorizam a interceptação de comunicações telefônicas, é 
inadmissível que o pedido seja formulado verbalmente, nem que seja excepcionalmente. 
 
Gab. C. Trata-se de um dos requisitos previsto na Lei de Interceptação Telefônica. Nesse sentido, a questão correta é a letra 
C em conformidade com o art. Art. 2°. Vejamos: 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I 
- não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal. 
 
Inc. II: Caráter subsidiário da medida – conforme já foi destacado, a medida de 
interceptação telefônica viola o direito fundamental à intimidade e ao sigilo das comunicações 
telegráficas de dados e das comunicações telefônicas, em virtude disto é que a decretação da medida 
somente deve ocorrer de forma subsidiária e excepcional, ou seja, somente no casos de outras medidas 
não se mostrarem suficientes. 
O legislador, ao prever que a medida não será decretada quando a prova puder ser feita por 
outros meios disponíveis, conferiu a essa medida o caráter subsidiário, de forma que ela tem que ser o 
único meio de prova disponível para a investigação de determinado delito, só assim poderá ser 
decretada de forma válida, ou seja, obedecendo os requisitos legais. 
 
 
 
 
 
 
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 II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
 A interceptação deverá de ser imprescindível, só será cabível se for o único meio de obter a 
prova. Ressalta-se que se recebida denúncia anônima, não poderá ser realizada de imediato uma 
interceptação, diante de uma situação como essa, o caminho correto deverá ser a determinação de 
diligências para confirmação da denúncia (verificação preliminar de informações). 
“Tese – STJ, Edição 117 É possível a determinação de interceptações telefônicas com 
base em denúncia anônima, desde que corroborada por outros elementos que confirmem 
a necessidade da medida excepcional. ” 
 
Nessa linha, vejamos o entendimento dos Tribunais sobre o tema: 
 
A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser 
determinada quando não houver outro meio para se apurar os fatos tidos 
por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei nº 9.296/1996. Desse 
modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada APENAS 
com base em “denúncia anônima”. STF. Segunda Turma. HC 
108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012. 
 
JÁ CAIU CESPE: É possível a autorização judicial de interceptação de comunicações 
telefônicas, mesmo quando possível a comprovação, por outros meios, dos fatos a elas relacionados. 
ERRADO. A interceptação telefônica tem caráter subsidiário, assim, se há outros meios de se provar 
os fatos, a sua decretação não será possível, dever de observância do art. 2º, Inc. II, da Lei nº 9.296/96. 
JÁ CAIU CESPE: A violação do sigilo telefônico é admitida pela norma constitucional, para 
fins de investigação criminal ou instrução processual penal, desde que a decisão judicial que a 
determine esteja devidamente fundamentada e que tenham sido esgotados todos os outros meios 
disponíveis de obtenção de prova. 
CERTO. 
Obs.: não se inicia investigação criminal com a decretação direta da interceptação telefônica, posto seu 
caráter subsidiário. A denúncia anônima, nesse contexto deve servir de base tão somente para as 
investigações iniciais, não fundamentando a decretação da medida extrema da interceptação telefônica. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
(INSTITUTO AOCP - ITEP - RN - INSTITUTO AOCP - 2018 - ITEP - RN - Perito Criminal - Químico). A respeito 
da interceptação telefônica, assinale a alternativa correta. 
 
 
 
 
 
 
17 
a) Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas, dentre outras hipóteses, quando a prova puder ser feita 
por outros meios disponíveis. 
b) Será admitida a interceptação para investigar crimes punidos com detenção ou reclusão. 
c) A interceptação das comunicações telefônicassomente poderá ser determinada pelo juiz a requerimento do Ministério 
Público. 
d) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Delegado e ao Ministério 
Público, que poderão acompanhar a sua realização. 
e) Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem autorização judicial. 
Gab. A. Segundo o art. 2°, inciso II da Lei 9.296/96, não será admitida a interceptação telefônica quando a prova puder ser 
produzida por outros meios, já que a interceptação telefônica é uma forma muito invasiva de investigação. 
 
Inc. III: Infração penal punida com reclusão – conforme dispõe o art. 2, III, da Lei, a 
interceptação telefônica não pode ser decretada para fins de investigação de crime punido com pena de 
detenção, ou seja, a interceptação telefônica somente é cabível nas infrações penais punidas com 
reclusão. 
 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de 
detenção. 
 O crime deverá de ser apenado com reclusão para que a interceptação possa entrar em cena. 
Atente para o fato de que aqui temos requisitos cumulativos. Terá de haver situações presentes nos três 
incisos para que seja admitida a interceptação. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-
SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 1. A partir das disposições do ordenamento processual 
penal em vigor, julgue o próximo item. 
Com exceção das contravenções penais, a interceptação telefônica é cabível em qualquer tipo de crime, 
seja ele punido com reclusão ou com detenção, desde que haja indícios robustos do envolvimento dos 
requeridos no crime e a informação pretendida não possa ser alcançada por meio investigativo menos 
gravoso. 
Gabarito ERRADO, a interceptação telefônica somente é cabível nas infrações penais punidas com 
reclusão. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
 
 
 
 
 
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(CESPE / CEBRASPE - TJ-AM - CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista Judiciário – Direito). Hugo é investigado pela 
prática de lesão corporal seguida de morte contra Márcia, crime esse cometido em Manaus. A autoridade policial 
realizou interceptação telefônica e tomou conhecimento de que Hugo havia confessado ser o autor do crime ao irmão 
da vítima, Miguel. Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no que dispõe a legislação de 
regência. 
Por se tratar de crime de lesão corporal seguida de morte, não se admite o emprego de interceptação telefônica nas 
investigações. 
( ) Certo 
( ) Errado 
Gab. Errado. O crime de lesão corporal seguida de morte está previsto no artigo 129, § 3º do Código 
Penal. A pena cominada para a infração penal ora tratada é a de quatro a doze anos de reclusão. Assim, 
diante das normas dos incisos do artigo 2º da Lei nº 9.296 de 1996, que trata das hipóteses em que é 
cabível a interceptação das comunicações telefônicas, não há impedimento legal à utilização desse 
método investigativo, pois o referido crime não é apenado com detenção e sim reclusão 
 Em suma temos como requisitos constitucionais e requisitos legais para a interceptação 
telefônica: 
Requisitos constitucionais Requisitos legais 
Lei autorizadora Indícios de autoria e participação em infração penal 
Ordem judicial Único meio de prova 
Finalidade criminal Crime punível com reclusão 
 
Por fim, e não menos importante, o parágrafo único, do art. 2º exigiu que “em qualquer 
hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e 
qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada”. Vejamos: 
Art. 2º. (...). Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a 
situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos 
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
 Quando se vai representar por uma Interceptação, deverá estar descrito o crime, as informações 
de esgotamento dos meios de provas, os indícios de autoria e participação, etc. 
 
 4.1 Teoria da Serendipidade 
 
 
 
 
 
 
19 
O fenômeno da serendipidade consiste na descoberta fortuita de delitos que não são objeto da 
investigação. A serendipidade (tradução literal da palavra inglesa serendipity), também é conhecida 
como “descoberta casual” ou “encontro fortuito”. 
Para Luiz Flávio Gomes, “serendipidade é o ato de fazer descobertas relevantes ao acaso, em 
forma de aparentes coincidências. De acordo com o dicionário Houaiss, a palavra vem do inglês 
serendipity: descobrir coisas por acaso.” (http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2586994/artigos-do-
prof-lfginterceptacao-telefonica-serendipidade-e-aceita-pelo-stj). 
Essa teoria trata da descoberta fortuita de crimes ou criminosos que não são objeto da 
investigação inicial. 
Vejamos: 
• Serendipidade objetiva: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da 
prática de outro crime que não estava sendo investigado. 
• Serendipidade subjetiva: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios do 
envolvimento criminoso de outra pessoa que inicialmente não estava sendo investigada. 
• Serendipidade de 1º grau: É o encontro fortuito de provas quando houver conexão ou 
continência com o fato que se apurava. Nessa linha, a serendipidade de 1º grau 
consiste na descoberta de provas de outra infração penal que tenha conexão ou 
continência entre a infração penal investigada. Em razão da conexão ou da continência, 
é possível que os elementos encontrados sejam utilizados como meios de prova. Não se 
trata de prova ilícita. 
• Serendipidade de 2º grau: É o encontro fortuito de provas quando não houver conexão 
ou continência com o fato que se apurava. A serendipidade de 2º grau dá-se quando 
não há relação de conexão ou continência entre a infração investigada e a infração 
encontrada. Nesses casos, os elementos de prova encontrados não podem ser utilizados 
como meio de prova, embora possam servir de notitia criminis. 
Candidato, o juiz autoriza interceptação para apurar um tráfico ilícito de drogas 
praticado por A e B. Durante as interceptações a polícia descobre também um crime de ameaça 
e uma contravenção penal de jogo do bicho. Indaga-se: Pode a interceptação ser utilizada como 
prova do crime de ameaça e da contravenção do jogo do bicho? Temos duas correntes para essa 
resposta, a primeira dirá que sim, desde que o crime apenado com detenção seja conexo; “Tese STJ, 
Edição 117: É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apuração de delito 
 
 
 
 
 
 
20 
punido com detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão”. A segunda corrente afirma 
que a prova é lícita. Teoria da visão aberta, o Estado não pode fechar os olhos para condutas ilícitas. 
(STF RHC 120.739/RO; HC 129678/SP). 
Observação. Não é cabível interceptação para apurar crime punido com detenção e tampouco 
contravenção penal (art. 2º, inciso III, Lei 9.296/96). Entretanto, é possível que no curso de uma 
interceptação telefônica para apurar delito apenado com reclusão, surjam provas de crime punido com 
detenção (ex.: ameaça) e contravenção penal (jogo do bicho). 
Para o STF: temos precedentes admitindo como válida essa prova obtida fortuitamente em 
função da aplicação da teoria da serendipidade, independente de conexão entre os fatos. 
Para o STJ, Tese STJ, Edição 117: É legítima a prova obtida por meio de interceptação 
telefônica para apuração de delito punido com detenção, se conexo com outro crime apenado com 
reclusão. 
5. Procedimento da Interceptação Telefônica 
 
- Legitimados: 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, 
de ofício ou a requerimento: 
 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
 II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal ena instrução 
processual penal. 
Da análise do dispositivo legal, contemplamos que são três as formas de se decretar a 
interceptação telefônica, sendo elas: 
• Determinação de ofício pelo juiz; 
• Representação da autoridade policial; 
• Requerimento do Ministério Público. 
Determinação de ofício pelo juiz: a determinação de ofício pelo juiz na fase da investigação 
criminal é questionada pelos doutrinadores, pois nesse caso haveria patente violação ao sistema 
acusatório. Inobstante a questão doutrina, sugiro em provas objetivas observar a literalidade do texto 
legal. 
 
 
 
 
 
 
21 
Representação da autoridade policial: a autoridade policial é quem detém a atribuição para as 
investigações criminais, por excelência. Logo, ela tem condições de avaliar os meios de obtenção de 
provas para a investigação de determinada infração penal. A representação da autoridade policial é 
dirigida diretamente ao juiz. 
Requerimento do Ministério Público: na condição de titular da ação penal, o MP tem legitimidade 
para requerer ao Juiz a decretação da interceptação telefônica e poderá fazê-lo tanto na fase da 
investigação criminal, quanto na fase da instrução processual penal. 
JÁ CAIU CESPE: A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo 
juiz a requerimento: 
A) do assistente de acusação, durante a investigação criminal. 
B) do ministro da Fazenda, quando da investigação de crimes contra a ordem tributária. 
C) da autoridade policial, durante a investigação criminal. 
D) o MP, somente após o recebimento da denúncia. 
E) do ministro da Justiça, se o crime praticado envolver a violação de direitos humanos. 
JÁ CAIU CESPE: De acordo com a Lei n.º 9.296/1996, a intercepção das comunicações 
telefônicas poderá ser determinada a requerimento da autoridade policial, na fase de investigação 
criminal, ou a requerimento do MP, somente na fase de instrução criminal. 
ERRADO, o Ministério Público poderá proceder com o requerimento tanto na fase da investigação 
criminal, quanto na fase da instrução criminal. Dessa forma, é equivocado dizer que poderá ser somente 
na fase de instrução criminal. 
 
Pelo exposto, no que tange ao procedimento, tanto o juiz de ofício ou a requerimento do 
Delegado de Polícia ou do Ministério Público, pode iniciar o procedimento de instauração de 
interceptação telefônica. 
 Cuidado. O PGR propôs a ADI 3450 pedindo a inconstitucionalidade do art. 3º, no ponto em 
que o juiz está autorizado a decretar a interceptação telefônica de ofício na fase das investigações. Seria 
inconstitucional tendo em vista que viola a imparcialidade do juiz, a inércia da jurisdição, o devido 
processo legal e o sistema acusatório. 
 Corroborando esse mesmo entendimento o Pacote Anticrime (Lei 13.964/19), velando pelo 
sistema acusatório, obstou decretação de medida cautelar de ofício pelo magistrado. 
 
 
 
 
 
 
22 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a 
demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração 
penal, com indicação dos meios a serem empregados. 
 § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja 
formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que 
autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à 
sua redução a termo. 
 Atente para o fato de ser possível o pedido de interceptação telefônica ser realizado 
verbalmente. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
Ano: 2021. Banca: VUNESP Órgão: TJ-GO Prova: VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de 
Notas e de Registros – Provimento. No que concerne à interceptação telefônica (Lei nº 9.296/96), é 
correto afirmar que: 
A. ao juiz não cabe decidir qual a forma de execução da diligência, cabendo à autoridade policial tal 
decisão técnica. 
B. excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente. 
C. é legalmente admitida ainda que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis. 
D. o juiz não pode determiná-la de ofício. 
Gabarito B. 
 § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o 
pedido. 
 
Candidato, é possível que o pedido seja feito de forma verbal? Excepcionalmente, o juiz poderá 
admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que 
autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada a sua redução a termo. Dessa 
forma, contemplamos que ainda de forma excepcional, é possível sim que o pedido seja feito de forma 
verbal. Nesse caso, a concessão da medida ficará condicionada a sua redução a termo. 
Candidato, qual o prazo fixado em lei para que o juiz decida sobre o pedido da interceptação? Nos 
termos do art. 4º, §2º da Lei nº 9.296/96 o prazo é de no MÁXIMO 24 horas. Assim, temos que uma 
 
 
 
 
 
 
23 
vez protocolado o pedido de interceptação telefônica, o Juiz tem o prazo de 24 horas para decidir sobre 
a sua concessão ou não. A lei não estabelece nenhuma sanção a ser aplicada ao Juiz caso ele não 
respeite esse prazo. Contudo, o atraso na decisão pode comprometer as investigações, sobretudo por 
ser a interceptação telefônica o único meio de prova viável para investigar a infração penal. 
JÁ CAIU: Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido de interceptação telefônica 
seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a 
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. 
CERTO. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
(VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia). Diante do previsto na Lei n° 9.296/96 – Lei 
de Interceptação Telefônica, assinale a alternativa correta. 
a) A interceptação telefônica será admitida mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis. 
b) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo representante do Ministério Público, de ofício, mediante idônea 
fundamentação durante a instrução criminal. 
c) O juiz deverá decidir, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o pedido de interceptação. 
d) Somente será admitido o pedido de interceptação telefônica feito por escrito. 
e) Não é necessária a presença de indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal para que seja 
determinada a interceptação telefônica. 
Gab. C. Conforme literal disposição do art. 4°, §2° da Lei n° 9.296/96. Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação 
telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos 
meios a serem empregados. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. 
 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os 
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, 
que poderá acompanhar a sua realização. 
 Praticamente, o que acontece muitas vezes é a Polícia Militar conduzindo uma interceptação 
telefônica e não o Delegado de Polícia, apesar de ser um procedimento típico de polícia judiciária de 
investigação. O STJ em virtude de ser um procedimento já se manifestou acerca do tema, autorizando 
de fato a PM a conduzir a interceptação nos casos em que requerida pelo MP. Vejamos: 
Tese STJ, edição 117: O art. 6º da Lei n. 9.296/1996 não restringe à 
polícia civil a atribuição para a execução de interceptação telefônica 
ordenada judicialmente. 
 
 
 
 
 
 
24 
 
5.1 Aspectos práticos 
Candidato, é necessária a degravação integral das conversas interceptadas? 
Muitas das vezes nem todo o teor da conversa é necessário para investigação, apenas alguns 
pontos determinados. Desta forma o STJ entende que; 
Tese STJ, edição 117: Não há necessidade de degravação dos diálogos objeto de 
interceptação telefônica, em sua integralidade, visto que a Lei n. 9.296/1996 não faz 
qualquer exigência nesse sentido. 
 É necessária realização de perícia para identificaçãoda voz? Em regra, não, o STJ também já 
se pronuncia acerca do tema. Vejamos: 
Tese STJ, edição 117: É desnecessária a realização de perícia para a identificação de 
voz captada nas interceptações telefônicas, salvo quando houver dúvida plausível que 
justifique a medida. 
A degravação precisa ser realizada por peritos oficiais? A lei não prevê essa condição, e na 
prática sequer é o perito que faz, mas sim os próprios investigadores e agentes. 
Vejamos: 
Tese STJ, edição 117: Em razão da ausência de previsão na Lei n. 9.296/1996, é 
desnecessário que as degravações das escutas sejam feitas por peritos oficiais. 
 
Art. 6° § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da 
interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o 
resumo das operações realizadas. 
 O resultado da interceptação será encaminhado para o juiz contendo o resumo (análise das 
conversas) e a gravação que não interessar, será inutilizada por decisão judicial: é realizado um 
incidente de inutilização que é assistido pelo MP e facultado a presença do investigado ou de 
representante conforme descrito no art. 9º desta lei. 
 
 
 
 
 
 
 
25 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma 
de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável 
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. 
A exigência da fundamentação tem por base o disposto no art. 93, IX da Constituição Federal, 
segundo o qual “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade...” 
Desse modo, como decorrência do princípio constitucional da motivação das decisões 
judiciais, a decisão que determina a interceptação telefônica deverá ser FUNDAMENTADA. Para além 
da fundamentação, indicará ainda a forma da execução da diligência. 
Esse prazo de 15 dias na maior parte das vezes não é suficiente, no entanto é permitido sua 
renovação, por igual tempo, quantas vezes se mostrar necessário para aquisição de provas. 
Desse modo, temos que o legislador estabeleceu o prazo máximo de 15 dias. Quanto a este, 
importante faz destacarmos que o termo inicial desse prazo é o dia em que a interceptação é 
efetivada, e não o dia da autorização judicial, devendo, pois, os 15 dias serem contabilizados a partir 
do dia efetivo da interceptação. 
Nesse sentido, vejamos o entendimento da Jurisprudência: 
 
Em relação às interceptações telefônicas, o prazo de 15 dias, previsto na Lei nº 
9.296/96, é contado a partir do dia em que se iniciou a escuta telefônica e não da data 
da decisão judicial. STJ. 6ª Turma. HC 113477-DF, Rel. Min. Maria Thereza. 
JÁ CAIU CESPE: Segundo a jurisprudência do STJ. são impossíveis sucessivas prorrogações 
de interceptações telefônicas, ainda que o pedido de quebra sigilo telefônico seja devidamente 
fundamentado, em razão da previsão legal de prazo máximo de quinze dias para tal medida, renovável 
por igual período. 
ERRADO, o entendimento da Jurisprudência é no sentido de serem admitidas as prorrogações 
sucessivas. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
(FCC - DPE-AP - FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor Público). A interceptação de comunicações telefônicas pode ser 
realizada: 
a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis. 
b) por ato fundamentado de Delegado de Polícia no curso do inquérito policial em caso de crime hediondo ou equiparado. 
c) pelo prazo de quinze dias, que só pode ser prorrogado por igual prazo em caso de indispensabilidade do meio de prova. 
 
 
 
 
 
 
26 
d) pela autoridade policial em caso de prisão em flagrante apenas para acesso de dados de aplicativos como Whatsapp e 
Facebook, independentemente de ordem judicial. 
e) para apurar crime de ameaça quando esta estiver sendo cometida por meio de ligação telefônica. 
Gab. C. É o dizer do art. 5º da Lei, que prevê os 15 dias mencionados e sua renovação quando for indispensável. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia. 
Sobre a Lei nº 9.296/1996, assinale a alternativa correta. 
A. A interceptação telefônica, preenchidos os demais requisitos legais, pode ser determinada 
quando o fato investigado isoladamente constituir infração penal punida com detenção ou reclusão, 
não sendo admitida nas hipóteses de prisão simples. 
B. De acordo com o entendimento do STF, a interceptação telefônica poderá ser decretada pelo 
prazo de 15 dias, podendo serrenovada por uma única vez, por igual prazo. 
C. Deferido o pedido de interceptação telefônica, a autoridade policial conduzirá os procedimentos 
de forma sigilosa, não sendo prevista nessa fase a participação do Juízo ou do Ministério Público. 
D. De acordo com o STJ, é admissível a utilização da técnica de fundamentação per relationem 
para a prorrogação de interceptação telefônica quando mantidos os pressupostos que autorizaram a 
decretação da medida originária. 
E. As quebras de sigilo tanto de estação de rádio base (ERB) quanto de mensagens trocadas por e-
mails ou por aplicativos de mensagens não dependem de prévia autorização judicial. 
Gabarito C. Tese do STJ sobre Interceptação Telefônica. 2) É admissível a utilização da técnica de 
fundamentação per relationem para a prorrogação de interceptação telefônica quando mantidos 
os pressupostos que autorizaram a decretação da medida originária. 
 
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em 
autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, 
preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. 
 A interceptação ocorrerá em autos apartados por ser um procedimento sigiloso. 
Conforme prevê o art. 8º, o legislador determinou que o conteúdo da interceptação telefônica 
seja objeto de autos apartados, ou seja, diversos dos autos principais do inquérito ou do processo. 
Inclusive, a interceptação telefônica possui autuação e numeração próprias. Além disso, os autos da 
 
 
 
 
 
 
27 
interceptação devem ficar apensados aos autos principais, o que significa dizer que eles ficam anexados 
aos autos principais. 
Candidato, haverá nulidade caso a interceptação não seja formalizada em autos apartados? 
Excelência, não haverá nulidade no caso de a interceptação não ter sido formalizado em autos 
apartados, configurando-se em mera irregularidade. Assim, uma vez preenchidas as exigências 
previstas na Lei nº 9.296/96 (ex: autorização judicial, prazo etc.), não deve ser considerada ilícita a 
interceptação telefônica pela simples ausência de autuação. 
 
A ausência de autos apartados configura mera irregularidade que não 
viola os elementos essenciais à validade da interceptação. STF. 1ª Turma. 
HC 128102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 
811). 
 
6. Captação Ambiental 
 
INTERCEPTAÇÃO 
AMBIENTAL 
ESCUTA AMBIENTAL GRAVAÇÃO AMBIENTAL 
Interceptação ambiental - É a 
captação da conversa ambiente 
por um terceiro sem o 
conhecimento dos 
interlocutores. Exemplo. Dois 
traficantes no meio da rua 
conversando, a polícia de longe 
no carro disfarçada, fazendo a 
captação da imagem e do áudio. 
Dois Interlocutores + 
Interceptador. 
Escuta ambiental - É a captação 
da conversa ambiente por um 
terceiro com o conhecimento de 
um dos interlocutores e sem o 
conhecimento do outro. 
 
 
Dois Interlocutores (um deles 
sabe que há um terceiro 
interceptando) + 
Interceptador. 
Gravação ambiental - É a 
captação da conversa ambiente 
por um dos interlocutores sem 
o conhecimento do outro. 
Exemplo. Conversa com um 
amigo e ele tem um relógio que 
grava. 
 
 
Dois Interlocutores. 
 
 
6.1 Requisitos para captação ambiental 
 
Lei 9.296/96 Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizadapelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação 
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e 
 
 II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações 
criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações 
penais conexas. 
Portanto temos como requisitos para a captação ambiental: 
• Autorização judicial; 
• Indispensabilidade do meio de prova; 
• Crimes com pena máxima superior a 4 anos. 
 
6.2 Procedimentos 
Art. 8º-A (...) § 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a 
forma de instalação do dispositivo de captação ambiental. 
 § 2º (VETADO). 
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando 
necessária, por meio de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na 
casa, nos termos do inciso XI do caput do art. 5º da Constituição Federal. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Após a derrubada de vetos do Pacote Anticrime pelo Congresso Nacional, os §§ 2º e 4º do artigo 
8-A retornaram para Lei n° 9.296. A redação §2º do referido dispositivo deixa claro que a instalação 
de dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada por meio de operação policial disfarçada, 
não ostensiva, visando dessa forma garantir a efetividade da medida. 
Em relação ao período do dia para instalação do dispositivo, não há dúvidas em relação a 
possibilidade de instalação no período diurno em locais considerados casa ou equiparados a casa, desde 
que respeitados os requisitos legais. Entretanto, em determinados contextos se faz necessário que a 
instalação se dê no período noturno para que seja efetiva. Corroborando esse sentido, jurisprudência 
do Superior Tribunal Federal, em seu informativo 529, reconheceu a licitude da instalação de 
dispositivos de captação ambiental em escritório de advocacia durante o período noturno. 
 
 
 
 
 
 
29 
Portanto, sugere-se ao candidato que em provas objetivas leve em consideração a literalidade 
do dispositivo. 
 
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável 
por decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio 
de prova e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 
 Diferentemente da interceptação telefônica para prorrogação da captação, terá de provar que o 
crime é permanente, habitual ou continuado, requisito esse, que não possui na interceptação telefônica. 
§ 4º (VETADO). 
§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento 
da autoridade policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de 
defesa, quando demonstrada a integridade da gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
 
O parágrafo quarto trata-se de um dispositivo que visa limitar a utilização de gravações 
ambientais feita por um dos interlocutores sem o conhecimento da autoridade policial ou do Ministério 
Público como meio de prova da acusação. Admitindo-se, contudo, em matéria de defesa. Todavia, tal 
dispositivo se demonstra inócuo, visto que a ciência da medida por parte da autoridade policial ou 
Ministério Público não é requisito de validade da gravação ambiental. Embora exista essa crítica, deve-
se levar em consideração a literalidade da lei para fins de provas objetivas. 
 
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação 
específica para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019). 
 
 Cuidado. A interceptação ambiental e escuta ambiental como regra terão que ter autorização 
judicial, no entanto não será necessária autorização quando se tratar de um lugar público, sem 
expectativa de publicidade. 
 - Local público sem expectativa de privacidade: A via pública, uma instituição financeira, etc. 
Não necessita de autorização judicial. 
 
 
 
 
 
 
30 
 -Local público com expectativa de privacidade: Gabinete do Delegado de polícia, conversa com 
padre, etc. Será necessária autorização judicial. 
- Local privado: Exemplo casa. A casa possui proteção constitucional específica, neste caso 
necessitando de autorização judicial. Art. 8º- A. 
 A gravação ambiental segunda a própria jurisprudência, dispensa autorização judicial. 
Questão de Ordem no RE 583.937/RJ. Bem como dispõe a própria Lei; 
Art. 10-A (...) § 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 Candidato, A gravação clandestina de conversa mantida entre policiais e o investigado 
(interrogatório subreptício) é considerada lícita? Essa prova é ilícita por ferir o princípio 
constitucional e convencional da não autoincriminação (nemo tenetur se detegere) – STF, HC 80.949. 
 
 6.3 Captação ambiental ilegal 
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos 
para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for 
exigida: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019). 
 A captação ambiental ilegal será punida pelo novo Art. 10 – A, e não pelo Art. 10 caput. 
 
Relembrando! 
• Interceptação telefônica ilícita. 
Crime Art. 10, Lei 9.296/96 
• Captação ambiental ilícita 
Crime Art. 10 –A, Lei 9.296/96 
• Divulgar trecho de interceptação telefônica lícita 
 
 
 
 
 
 
31 
Crime de abuso de autoridade Art. 28 da Lei 13.869/19 
• Divulgar trecho de interceptação ambiental lícita 
Crime do Art. 10 –A § 2º da Lei 9.296/96. 
 
7. Pacote Anticrime 
O que fez o Pacote Anticrime em relação a Lei de Interceptações Telefônicas? 
Acrescentou os arts. 8º-A e 10-A, que passou a regulamentar a captação ambiental e a tipificar 
um novo tipo penal, respectivamente. 
Dessa forma, temos que a Lei n. 13.964/2019 trouxe a regulamentação da captação ambiental 
e tipificou como crime a seguinte conduta: “captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos 
ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for 
exigida”, exceto se a conduta for realizada por um dos interlocutores. 
Nesse sentido, vejamos a redação acrescida ao dispositivo legal: 
Lei n. 13.964/2019, Art. 8-A da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar acrescida 
dos seguintes arts. 8º-A e 10-A. 
 
“Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz4, 
a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental 
de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: 
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e 
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações 
criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações 
penais conexas. 
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de 
instalação do dispositivo de captação ambiental. 
 
4 Cláusula de Reserva de Jurisdição: Segundo o Min. Celso de Mello no julgamento do MS 23452/RJ , o postulado de reserva 
constitucional de jurisdição importa em submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja 
realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política , somente pode emanar do juiz, e não de 
terceiros, inclusive daqueles a quem haja eventualmente atribuído o exercício de poderes de investigação próprios das autoridades 
judiciais. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando 
necessária, por meio de operação policial disfarçadaou no período noturno, exceto na 
casa, nos termos do inciso XI do caput do art. 5º da Constituição 
Federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) – acrescido após a Derrubada 
dos Vetos. 
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável 
por decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio 
de prova e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 
§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento 
da autoridade policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de 
defesa, quando demonstrada a integridade da gravação. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência) – acrescido após a Derrubada dos Vetos. 
 
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na 
legislação específica para a interceptação telefônica e telemática.” 
“Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou 
acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta 
for exigida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. 
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir 
determinação de sigilo das investigações que envolvam a captação ambiental ou 
revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial.” 
 
Com as alterações ocasionadas pelo Pacote Anticrime, a Lei de Interceptações Telefônicas 
passou a regulamentar a captação ambiental expressamente, bem como, criminalizar a conduta de 
realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou 
instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida, salvo quando a captação for 
realizada por um dos interlocutores. 
 
 
 
 
 
 
33 
O art. 8-A passou a regulamentar a captação ambiental. De início, reforçou o seu caráter 
subsidiário ao dispor que a prova somente será realizada quando não puder ser feita por outros meios 
disponíveis e igualmente eficazes. Além disso, fez exigência expressa da existência de elementos 
probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas, para a decretação da medida. 
Denota-se que os requisitos se assemelham aos da interceptação telefônica 5. 
O requerimento da medida deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de 
instalação do dispositivo de captação ambiental. 
A instalação de dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada por meio de operação 
policial disfarçada e poderá ser realizada no período noturno, SALVO se o local da instalação for 
considerado casa conforme o inciso XI do artigo 5º da Constituição Federal. 
No que se refere ao prazo, não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por 
decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando 
presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 
Em relação a utilização de gravação ambiental feita por um dos interlocutores sem o 
conhecimento por parte da autoridade de polícia e do Ministério Público, o Pacote Anticrime restringiu 
seu uso unicamente à defesa. Muitos alegam que tal disposição é inconstitucional e fere o princípio da 
paridade de armas do Processo Penal. Deve-se considerar, entretanto, a nova redação em sua 
literalidade para fins de provas objetivas enquanto os tribunais superiores não se manifestam sobre o 
tema. 
Por fim, dispôs sobre a aplicação subsidiária das regras referente a interceptação telefônica. 
Dessa forma, naquilo que foi silente, aplicar-se-á as regras previstas para o procedimento da 
interceptação telefônica a captação ambiental. 
Insta reforçarmos que a medida deverá ser decretada para fins de investigação ou instrução 
criminal. 
 
5 Lei n. 9.296/96. 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a 
indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
 
 
 
 
 
 
 
34 
O art. 10-A passou a prevê uma nova figura criminosa, consistente na conduta de realizar 
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução 
criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida. 
O tipo penal prevê uma pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além da multa. Incabível a suspensão 
condicional do processo, pois a pena mínima cominada ultrapassa 1 ano (art. 89 da Lei n. 9.099/95). 
O §1º disciplina que “não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores”. 
O § 2º, por sua vez, trouxe uma causa de aumento de pena. Conforme dispositivo legal, a pena 
será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das 
investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto 
mantido o sigilo judicial. 
Constitui causa especial de aumento de pena que deverá incidir na terceira fase do critério 
trifásico da dosimetria da pena disposto no art. 68 do Código Penal. 
Cumpre destacarmos ainda que a alteração produzida na Lei de Interceptações Telefônicas 
trata-se de novatio legis in pejus6, ou seja, refere-se a norma penal que prejudica a situação do 
acusado/réu, isto porque criou uma nova figura criminosa (art. 10-A), a conduta de realizar 
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução 
criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida, salvo quando a captação for realizada por 
um dos interlocutores. Em se tratando de novatio legis in pejus, deve respeitar a regra constitucional-
penal da irretroatividade da lei penal prejudicial. 
Nessa perspectiva, a regra da retroatividade benéfica ou irretroatividade prejudicial trata-se de 
uma garantia fundamental, albergada na Constituição de 1988, no inciso XL do art. 5°, o qual dispõe 
que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Esse é também o conceito que se contém 
no âmbito normativo internacional, valendo registrar, nesse sentido, que a Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), em seu art. 9. Vejamos: 
Artigo 9° - Princípio da legalidade e da retroatividade 
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não 
constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- se-á impor pena mais grave do 
que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular 
a imposição de pena mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se. 
 
 
6 O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da 
retroatividade da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
 
 
 
 
 
 
35 
Por fim, e não menos importante, destaca-se que a Lei n. 13.964/2019 trouxe um prazo de 
vocatio legis de 30 dias. 
 
 
Análise Pontual – Alterações na Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
 
Art. 8-A e Art. 10-A, da Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo 
correspondente. 
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser 
autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do 
Ministério Público, a

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