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Direito Processual Penal I - Aulas do Aury Lopes Jr.

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Punir é necessário é uma recusa à barbárie
 O que punir? Crise do próprio bem jurídico, pois o direito penal está se ocupando de condutas irrelevantes. 
 Quem punir? Quem define quem deve ser punido é a criminologia, que é interdisciplinar por excelência. Há uma seletividade contra pobres e negros. 
 Como punir? A pena privativa de liberdade não cumpre com sua ideia. Sistema carcerário dominado por facções. Barbárie tornada normal. A violência ilegítima do Estado retroalimenta o ciclo da violência urbana. 
O princípio da necessidade diz que não há pena sem prévio processo. O processo é um caminho necessário para poder aplicar uma pena. 
Exceção:
 Ter uma pena sem prévio processo. A chamada “justiça negocial”. “Plea Barganing” é o modelo mais radical de todos. Não há no Brasil. É a livre negociação sobre a pena. A pessoa confessa o crime e se negocia uma pena menor. Esse modelo é um dos pilares da crise do processo penal norte-americano. Os EUA têm o maior sistema carcerário do mundo por conta da negociação. Lá, 90% das acusações não viram processo, pois são negociadas. Assim, não há produção de prova, defesa e processo. No Brasil, iniciou em 1995 com a Lei 9.099, com transação penal e suspensão condicional do processo. Além disso, a delação premiada entra dentro do gênero da justiça negocial, mas pode ter processo. O problema da delação no Brasil é que ela foi feita de forma ilegal por muito tempo (delações que deram origem à Lava Jato, por exemplo, homologadas por Sérgio Moro). Há, hoje, algo novo: o acordo de não persecução penal (Art. 28-A). Entrou pelo Pacote Anticrime. Por fim, a justiça negocial é um instrumento importante, porém, é importante reconhecer seus limites. A negociação pode ajudar a desafogar a justiça (argumento utilitarista), no entanto é preciso cautela. 
Processo Civil X Processo Penal
 O Direito Civil todos os dias se realiza sem o Processo Civil. O Processo Civil só entra quando há lide. 
 O Direito Penal não se realiza sem o Processo Penal, pois não é autossuficiente. “As Misérias do Processo Penal”, de Carnelutti, diz que a maior miséria do processo penal é que para saber se no final se deve punir alguém, infelizmente já se vai punir. O simples fato de acusar já é uma punição (a pessoa fica com o estigma da criminalidade). A absolvição não traz a dignidade e as oportunidades perdidas. Por isso as regras do jogo no Processo Penal adquirem uma magnitude muito maior que no Processo Civil. 
Estrutura Dialética do Processo
Juiz (imparcial)
Ministério Público (carga da prova)
Defesa (presunção de inocência)
O princípio supremo do processo é a imparcialidade do juiz. 
Sistemas Processuais – Tipologia Processual Penal
“Sistema” é um conjunto de elementos acessórios que se unem em torno de um núcleo fundante. No Processo Penal há:
 Sistema Inquisitório: ocorre até o séc. XII. De início, o processo começa com separação de funções, contraditório, juiz que não atua de ofício, etc. Começa, a certa altura, a ser criticado, pois não seria eficiente, não estaria punindo suficientemente e a criminalidade estaria aumentando. Cobrança por um sistema mais punitivista. Grande crise da Igreja Católica (crise de poder), que perde força para outras religiões e começa a se fundir com Estado. O que era para ser laico, deixa de ser. Controle de massas, mito da heresia, da bruxa... Conjunto de fatores que geram, em 1215, Concílio de Latrão (para definir regras, a verdade sagrada). Ocorre uma mudança que desagua numa grande codificação: O Manual dos Inquisidores (1376), que codificava a inquisição. Existiram várias inquisições (Alemanha, Itália, Portugal, Brasil, etc), porém a mais importante é a Inquisição da Igreja Católica Espanhola, que depois é exportada para os países latino-americanos colonizados pela Espanha. Funcionou para enriquecer os reis católicos, que estavam quebrados, e para dar mais poder à Igreja. “O Martelo das Feiticeiras” foi o livro mais importante para entender a questão do “feminino”, tão demonizado pela Igreja. Necessidade de castrar o feminino, queimando as mulheres na fogueira. Filmes para ver: “O Nome da Rosa” e “As Sombras de Goya”. A denúncia anônima surge na inquisição da Espanha, pois as pessoas eram incitadas a denunciar as heresias. A calúnia seria punida, mas era difícil de ser provada. O papel era passado ao inquisidor, que chamava o herege para o Santo Ofício e o ouvia. A partir daí, já poderia prendê-lo cautelarmente. Dispondo do corpo do herege, poderia torturá-lo. A tortura (que tinha 5 níveis) nasceu não para matar, mas para fazer confessar. A confissão é a rainha das provas. A lógica perfeita aconteceu: a inquisição se tornou o maior engenho da humanidade (Jacinto Coutinho). Tanto é verdade que a lógica inquisitória permanece até os dias de hoje. A característica base do sistema inquisitório é a aglutinação de funções nas mãos da mesma pessoa.
Características do Processo Inquisitório:
 Aglutinação numa mesma pessoa os poderes de produzir e valorar a prova;
 Gestão da prova na mão do juiz (juiz de ofício vai atrás da prova, juiz-ator);
 Ausência de imparcialidade do julgador, decorrente da mistura das funções;
 Inexistência de igualdade processual;
 Procedimento escrito (o processo penal brasileiro adotou essa nuance inquisitória). 
 Segredo. A antítese seria o processo oral, público. A estrutura inquisitória gosta de processo sigiloso.
 Ausência de contraditório e defesa limitada;
 Tarifa probatória (confissão é a rainha das provas. Algumas provas valem mais que as outras e a confissão vale mais que todas);
 Inexistência de coisa julgada. O condenado nunca fica livre, podendo a inquisição sempre ser reaberta caso não se encontre provas suficientes para condenar.
 Prisão cautelar é regra. No Brasil se adora a prisão cautelar com vistas a promover a confissão. O sistema carcerário é análogo à tortura da época inquisitorial. Ambos visam a confissão.
 Mito da verdade real.
 O núcleo fundante de um sistema inquisitório são os três primeiros itens.
 O sistema inquisitório perdura até o séc. XVII, XVIII. 
 Sistema Acusatório: antítese do inquisitório. 
 Aqui, há uma clara distinção entre as atividades de acusar e julgar. 
 A iniciativa probatória é das partes (juiz-espectador). O juiz é um terceiro alheio.
 Juiz como terceiro imparcial, alheio da tarefa de investigar, passivo no que se refere à coleta da prova (ele é o destinatário da prova). O dever de provar no processo penal é o acusador. O JUIZ QUE, DE OFÍCIO, PEDE PROVA DIRETAMENTE PARA O DELEGADO DE POLÍCIA rompe com a imparcialidade. Art. 209 e Art. 212.
 Tratamento igualitário das partes (gestão da prova na mão das partes) – ne procedat iudex ex officio (o juiz não pode atuar de ofício);
 Procedimento é, em regra, oral;
 Publicidade de todo procedimento;
 Contraditorio e ampla defesa;
 Sem tarifa probatória (confissão não é mais a rainha das provas);
 Instituição, atendendo a critérios de segurança jurídica (e social), da coisa julgada;
 Prisão cautelar é exceção;
 Abandono do mito da verdade real (convencimento motivado).
Importante: há quem diga que não há mais sistemas puramente inquisitórios e acusatórios, sendo todos mistos. 
O que é o sistema misto?
Essa ideia nasce no Código Napoleônico de 1808 França (1800) começa a ter influência forte de movimentos humanistas, libertários, iluministas. Em suma, uma luta pelo abandono do inquisitório. Napoleão (tirano), diante dessa pressão consente numa elaboração de novo código. Se desenha a mando dele o Processo Bifásico pré- processual – investigação – que poderia ser inquisitório (como ocorria na França até a década de 80) Parquet para formular a acusação – fase acusatória assim, o juiz investiga e o MP com base nisso formula a acusação assim começaria o processo penal seria, por isso um modelo misto era uma concepção reducionista, a separação de funções era insuficiente não há um princípio misto, somente sistema misto basta a mera separação inicial das funções? Ok, o sistema pode ser misto, mas ele tem um núcleo: o princípio unificador(ou formador). Não há um princípio misto, o princípio é puro. Se o núcleo fundante for juiz-ator, é um sistema misto inquisitório. Se o núcleo for juiz-espectador, é um sistema misto acusatório. 
E hoje, no Brasil?
A CF de 88 desenha um sistema acusatório Art.5º, LV: contraditório e ampla defesa contraditório só existe em sistema acusatório Art.129, I: função privativa do MP é promover a ação penal nos crimes de ação penal pública também concerne ao sistema acusatório no entanto, o CPP (1941) adota uma estrutura inquisitória Art.156: a prova da alegação incumbirá a quem a fizer. NÃO É BEM ASSIM. É exclusiva do MP. “Sendo porém facultado ao juiz de ofício...” isso concerne ao sistema inquisitório mesma coisa o Art. 2019 mesma coisa o Art. 127 mesma coisa o Art.242 o Art.385 é o ápice da inquisição, viola, inclusive, o princípio da correlação quem impera? A CONSTITUIÇÃO! A Constituição é que tem que constitucionalizar o processo. veio o Pacote Anticrime, modificando o Art.3º-A do CPP: o processo penal terá estrutura acusatória suspenso pelo Ministro Fux no entanto o sistema acusatório não impede que o juiz seja parcial o grande problema do Brasil nessa mistura de sistemas: o mesmo juiz que no início recebe o pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal, etc, vai prorrogando essa situações (de 15 em 15 dias). Depois, aceita o pedido de busca e apreensão, de prisão e aceita a denúncia... pois o juiz já tem uma mentalidade formada. Assim, o juiz brasileiro já entra CONTAMINADO a isso dá-se o nome de “juiz prevento” o juiz contaminado é o que irá julgar tentou-se acabar com isso a partir do modelo do “juiz das garantias”, que foi mal interpretado pelos leigos como “garantismo” e “impunidade”.
Princípios do Processo Penal
1. Jurisdicionalidade: “nulla poena, nulla culpa sine iudicio (iudicio = processo/julgador)” “não há pena sem juiz” só existe processo se houver juiz, e só existe juiz se este for imparcial o devido processo é um conjunto de princípios (contraditório, defesa, jurisdicionalidade, etc.) “jurisdição” é um poder. Chiovenda diz que jurisdição vem de “dizer o direito” aplicável ao caso concreto. No entanto, no processo penal a jurisdição não é somente um poder, mas uma garantia de que a pessoa não será punida sem um juiz imparcial competente que assegure o devido processo jurisdição exige uma investidura (pessoa aprovada em concurso de provas e títulos), sendo a competência o limite da jurisdição. Todo juiz devidamente investido tem jurisdição. Alguns terão competência em razão da matéria, do lugar e das partes “juiz natural” é um subprincípio e é a garantia de ser julgado por um juiz devidamente investido, competente em razão da matéria, pessoa e lugar e com a competência preestabelecida por lei (preestabelecida em razão do CRIME) não deve existir “juízes pos factum”, pois isso pode gerar um juízo de exceção somente a União pode legislar sobre competência! não basta ser um juiz natural, ele deve ser imparcial “imparcial” significa “não ser parte” imparcialidade não tem a ver com neutralidade não há juiz neutro neutralidade é uma construção positivista que justificava uma estrutura autoritária imaginando um ser afastado de qualquer pré-compreensão ao julgar, o juiz traz um conjunto psicológico de processos básicos de identificação (psicanálise), assim como um conjunto de preconceitos e prejulgamentos (em relação a raça, classe social, crença, orientação...). Sempre há uma carga de subjetividade, no entanto não pode imperar o DECISIONISMO as regras processuais servem para limitar o espaço de discricionariedade do juiz (que sempre vai existir, mas deve ser limitada) ao assumir que o juiz não é neutro, o que protegerá o réu é a LEGALIDADE a “bondade” não protege ninguém. O que protege é a legalidade. “terzietá”, de origem italiana, significa “alheiamento” ou “estranhamento” do juiz, sendo ele um terceiro que tem compromisso com a legalidade problema dos poderes instrutórios juiz imparcial precisa ter originalidade cognitiva, ou seja, o juiz deve ser ontologicamente concebido para ser um ignorante. Leia-se: não deve saber nada, não conhecer os fatos, para poder então ouvir as partes e conhecer da prova produzida no processo e não da prova produzida na fase de investigação o problema da dissonância cognitiva: o problema que decorre dos pré-juízos. imparcialidade subjetiva: ausência de uma inclinação pessoal do juiz para com as partes. O problema: a prova. TEDH imparcialidade objetiva (ou estrutural): só há imparcialidade se o juiz estiver no seu devido lugar na estrutura do processo (em cima, não ao lado das partes). É fácil de provar: quando o juiz vai para a arena das partes (produzindo prova de ofício, prender de oficio). aparência ou estética de imparcialidade: não basta só o juiz ser imparcial, é preciso que ele aparente imparcialidade, que exista uma estética no seu agir com imparcialidade em relação ao caso que está em julgamento (ex: não comentando publicamente os processos). A própria estética da sala de audiência/tribunal do júri coloca o MP ao lado do juiz, não havendo uma “estética de afastamento” de acusador e julgador, ficando a defesa “abaixo”. Somente no Brasil a estética do tribunal do júri é assim. há uma crise de identidade na jurisdição brasileira: tem juízes que ainda não entenderam seu papel no sistema. A que expectativas deve corresponder o juiz criminal? Ministro Néfi Cordeiro diz que a cautelar é dissipadora de riscos, não antecipação de pena. Não se pode prender alguém como resposta a desejos sociais. teoria da dissonância cognitiva explicada no texto do alemão Bernd Schunemann – “O Juiz como um Terceiro Manipulado no Processo Penal o autor vai na psicologia social e na psicologia cognitiva e comportamental, trazendo estes estudos para a área do direito para dizer que quando alguém é colocado diante de uma situação na qual deve tomar uma decisão importante, naturalmente irá sofrer para tomar a decisão, passando por um grande estresse cognitivo. Mesma coisa ocorre com o juiz: o MP dizendo, de um lado, que a conduta é crime, e a defesa dizendo, de outro, que não. Quando a pessoa toma a decisão, como ela passa a agir dali pra frente diante do problema? O juiz é chamado a tomar algumas decisões antes do julgamento. Ex: recebo ou não a acusação? Depois do recebimento, como ele passa a agir? Há alguma contaminação, algum prejuízo...? O autor analisa 58 juízes, submetendo um caso a esses juízes. Ele identificou que após decidir, inconscientemente busca-se a autoconfirmação das hipóteses tidas como verdadeiras, superestimando-as. Além disso, faz uma busca seletiva por informações que confirmem a hipótese tida como verdadeira (escolhida pelo ego). Efeito confirmador-tranquilizador (eu fiz e acho que é justo). frente a isso, é possível tomar medidas de redução de danos do prejuízo da contaminação (pré-julgamento): 1. vedação da atuação do juiz de ofício; 2. Não pode ser o mesmo juiz que receberá a denúncia e proferirá a decisão; 3. A prevenção como critério de exclusão; 4. Imprescindibilidade do juiz das garantias; 5. Exclusão física dos autos do inquérito. “ne procedat iudex ex officio” além da imparcialidade, o juiz precisa julgar dentro de um prazo razoável Art. 5º, LXXVIII, da CF é o mais jovem direito fundamental da CF caso Damião Ximenes Lopes X Brasil, da Corte Interamericana de Direitos Humanos primeira condenação do Brasil na Corte mas o que é julgar em prazo razoável? No Brasil não há duração máxima do processo na lei, nem da prisão preventiva. Não bastaria somente prever um prazo, mas também sanções. Os prazos do CPP em regra não têm sanção. Art. 316, parágrafo único do CPP veio com muito atraso. O STF, no caso “André do RAP” acabou com o artigo, lendo-o como “poderá revisar a casa 90 dias, sob pena de nada” logo, qual é a duração razoável no Brasil? o TEDH construiu durante muito tempo a chamada teoria dos três critérios a ser adotada por países que não tem prazo máximo estabelecido em lei. 1. Complexidadedo caso: a complexidade do caso justificada ter durado 7 anos para ser julgado? 2. Atividade Processual do Interessado: se o réu procrastinar o processo, não pode-se reclamar da demora, pois ninguém pode alegar como causa a própria torpeza. 3. Atividade Processual das Autoridades: na maioria dos casos a maior demora advém do Estado. Geralmente as coisas param na estrutura cartorária, ou seja, no cartório. Não é nos TJ’s, nem no TRF (que tem média de 2 anos). O STJ é o grande gargalo da jurisdição, onde os processos ficam mais tempo parados. 4. Razoabilidade: todos estes itens serão pensados a partir do princípio da razoabilidade. soluções em caso de violação do prazo razoável: 1. Compensatória (civil/penal): não funciona a ação civil na prática porque seria mais um processo para demorar na justiça. Na compensatória penal, equivaleria a compensar o réu pelo emprego perdido em decorrência do processo, a estigmatização social, etc. Ser processado é uma pena. Há, portanto uma pena processual. Se o réu é condenado, ele pode abataer um pouco desse tempo da pena cominada. Art. 66 do CP. A pena será atenuada. 2. Processual: se está preso, solta. Se está sendo processado e demorou demais, extingue o processo. Porém, não há essas possibilidades no Brasil. 3. Sancionatória: punir o servidor público responsável pela demora (juiz/promotor...).
2. Princípio Acusatório: está diretamente relacionado ao sistema acusatório. Funda o sistema acusatório separação de funções e gestão da prova na mão das partes quem traz a prova são as partes, o juiz avalia a antítese seria o princípio inquisitivo assegura a imparcialidade do julgador insuficiência da mera separação inicial das funções núcleo fundante: gestão da prova ne procedat iudex ex officio Art. 3-A do CPP problemas Art. 156 do CPP HC 188.888 do STF, relator Celso de Mello: juiz não pode converter prisão em fragrante em prisão de preventiva de oficio Art. 127 do CPP Art. 242 do CPP Art. 209 do CPP Art. 385 do CPP releitura do Art. 212.
3. Presunção de Inocência: fruto da evolução civilizatória na dúvida, não deve haver condenação a presunção de não culpabilidade é uma pré-presunção de inocência até o trânsito em julgado ninguém deve ser considerado culpado (ainda); já a presunção de inocência é a forma como a pessoa deve ser tratada: como inocente Art. 5º, LVII Art 8º do Pacto de San Jose da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos) a presunção pode ser pensada numa tríplice dimensão: 1. Norma de Tratamento: exige que se trate a pessoa como inocente até o trânsito ao julgado, dentro e fora do processo. Ex: se o acusado é presumidamente inocente, ele precisa ser assim tratado pelo juiz, que não deve banalizar a prisão cautelar. Externamente, a presunção de inocência é banalizada na mídia, estigmatizando o réu. 2. Norma Probatória: afeta a questão da prova. Não pode haver distribuição de carga probatória no processo penal. O réu não tem a obrigação de provar nada. A carga da prova é do acusador. Não se pode inverter carga probatória. Julgamento com base em “prova”, não em meros dados da fase de investigação. Prova o que é feito no processo, lícita, portanto, pois tem base no contraditório judicial (Art. 155 do CPP). 3. Norma de Julgamento: é uma regra para o juiz. O juiz não pode proceder de ofício, nem substituir a atuação probatória do acusador (Art. 3º-A do CPP). Além disso, in dubio, pro reo. Como ocorre o standard probatório? Deve-se superar a dúvida razoável para condenar. É um padrão mínimo de prova necessário para condenar alguém. É um critério para aferir a suficiência probatória. É o quantum de prova um sistema exige para poder condenar (cada país tem um standard). É o grau de confirmação da hipótese acusatória. É uma perspectiva qualitativa-quantitativa de valoração feito pelo juiz. É um juízo subjetivo, portanto. outro problema, além do standard probatório, é a banalização da prisão cautelar degeneração continental da prisão cautelar: ilusão de justiça instantânea, encurtamento entre fato-punição, vitória do populismo, etc. execução antecipada da pena (Art. 492, I, alínea e, incluído pela Lei. 13.964 de 2019) viola a presunção de inocência também.
4. Contraditório e Ampla Defesa: dois princípios distintos que se relacionam intimamente. Art. 5º, LV da CF contraditório é polissêmico, mas pode ser sintetizado como o tratamento igualitário das partes, igualdade de armas processuais, igualdade cognitiva (igualdade de audição e oportunidade às partes). Há um autor italiano chamado Hélio Fazzalari “Instituições de Direito Processual” que diz que o contraditório tem dois momentos: o direito de informação (saber o que está acontecendo no processo – dar vista à outra parte – súmula vinculante 14 do STF). O segundo momento é o direito de participação (ir à audiência, participar do ato processual). a defesa pode ser dividida em pessoal e técnica defesa técnica: no Brasil ninguém pode ser processado ou julgado sem um defensor (direito fundamental indisponível), Art. 261 do CPP. O defensor pode ser constituído ou nomeado/dativo (defensoria pública ou advogado) defesa pessoal: aquela que o réu faz por ele mesmo. Ex: o investigado pode falar ou não falar. Se ele quiser falar, ele pode justificar. Isso é autodefesa. Mesma coisa quando o réu aceita fazer uma acareação (oferecer material genético, etc.). Essa autodefesa pode ser positiva (quando o réu se defende) ou negativa, que é quando o réu não faz: “nemo tenetur se detegere” – “nada a temer por não fazer”. Isso é a base do direito de autodefesa negativo, ou seja, o direito de não-autoincriminação, Art. 186 do CPP. o que vale para condenar é o conjunto probatório, não uma prova em isolado. Ex: só o exame de DNA não serve.
5. Motivação/Fundamentação das Decisões Judiciais: todas as decisões precisam ser motivadas, sejam sentença, acórdão ou interlocutórias controle de poder – racionalidade da decisão Art. 93, IX da CF Art. 315, §2º do CPP impõe um novo standard de qualidade superação do paradigma cartesiano há mais de um século (preponderância do racionalismo) juiz não pode ser boca de lei desvelando a subjetividade: juiz no mundo caso phineas gage ler “o juiz e a emoção”, “aspectos psicológicos na prática judiciária” e “o que é isto, decido conforme minha consciência?” e “decisão judicial nos crimes sexuais: o julgador e o réu interior”.
Lei Processual Penal no Espaço - CPP
 Art. 1º o processo penal é regido pelo princípio da territorialidade o inc. V é inconstitucional se um outro país pede cooperação para o Brasil ouvir uma testemunha no Brasil, o juiz reger-se-á pelas regras do Brasil. O mesmo no caso contrário os EUA só escutam testemunhas do interesse do juiz brasileiro ou do MP brasileiro, nunca da defesa não confundir as regras penas com as processuais penais: a processual penal é o princípio da territorialidade, já o penal (Art. 7º) é o princípio da extraterritorialidade. caso Fátima e Bonner: aplica-se a lei penal brasileira (extraterritorialidade), mas a lei processual brasileira, não. caso do aborto: o aborto deve ser crime no país em que houve o aborto e no Brasil também. 
Lei Processual Penal no Tempo – CPP
 Art. 2º princípio da imediatidade: a lei processual aplicar-se-á desde logo a lei entrou em vigor, será aplicada, mesmo num processo que já estava tramitando. É aplicada daquele momento em diante, NÃO RETROAGINDO.
Leis Penais Puras disciplinam o poder punitivo estatal, que diz respeito à tipificação dos delitos, penas, regimes, etc. Podem retroagir para beneficiar e não para prejudicar. 
Leis Processuais Penais Puras regulam o início, o desenvolvimento e o fim do processo seguem o princípio da imediatidade, não retroagindo no entanto, isso não dá conta e, por este motivo, criou-se as leis mistas.
Leis Processuais Penais Mistas criadas pela doutrina e pela jurisprudência misturam caracteres de direito penal e processo penal (O MAIS COBRADO EM PROVAS DE CONCURSOS) afeta o processo, mas afeta também o poder de punir do Estadoex: normas que regulam a ação penal (previstas no CP e no CPP), representação, perdão, renúncia, perempção e causas de extinção da punibilidade. Ex: comete um crime hoje de estelionato - antigamente de ação penal pública incondicionada - que foi alterado pelo pacote anticrime e passou a ser de ação penal pública condicionada a representação. Se mexeu na ação penal, é lei processual penal mista. Neste caso, o processo para e a vítima tem 30 dias para dizer se quer representar ou não. Se não representar, extingue o processo que já estava em curso. Logo, é mais benéfico para o réu e deve retroagir aplica-se, portanto, a retroatividade da lei mais benigna importante: o acordo de não persecução penal parece ser uma lei processual, mas não é. É, na verdade, uma lei mista que amplia as garantias do réu. Na prática, processos que estão andando e que podem comportar o acordo estão sendo parados, sendo intimados o réu e o MP e, posteriormente, o MP oferece o acordo – podendo o réu aceitá-lo ou não – e, no caso de aceitar, extingue-se o processo e a punibilidade. É uma norma que afeta direito material e direito processual. Há, porém, divergência jurisprudencial: uma turma do STJ entende que deve retroagir e outra turma entende que não. Uma saída para essa divergência seria a RELEITURA CONSTITUCIONAL DO PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE, consistente na leitura do Art. 2º do CPP à luz do Art. 5º, XL da CF. Neste diapasão, não poder-se-ia pensar o direito penal desconectado do processo penal e vice-versa, devendo ser feita uma análise à luz do sistema penal. Em suma, sob o prisma constitucional a lei mais benéfica deveria retroagir, ao passo que a mais maléfica, não. AGORA, O STJ ADOTOU A POSIÇÃO DA 5ª TURMA PARA PACIFICAR O ENTENDIMENTO de que a ação penal no estelionato não irá retroagir. Destarte, os casos nos quais já havia denúncia não irão retroagir. 
Investigação Preliminar
É gênero, do qual são espécies o inquérito policial, inquérito policial militar, sindicâncias, CPI’s. 
Carnelutti usa três categorias para definir as fases da investigação preliminar:
Possibilidade: o inquérito ou a investigação nascem no campo da possibilidade, que exige muito pouco em termos de elementos. 
Probabilidade: a ideia é sair do campo do possível para chegar à ideia do provável. Apurar o fumus comissi delicti. Probabilidade é verossimilhança. Sendo provável o crime e provável o autor, é possível acusar alguém. O inquérito serve também de filtro para evitar acusações infundadas. O problema do inquérito, porém, consiste em sua estrutura normativa. 
Certeza jurídica: não falou sobre.
Há 3 grandes sistemas de investigação no mundo:
- Juiz investigador/inquisidor: Espanha, França, (o Uruguai até pouco tempo também era).
- Promotor investigador: adotado pela Alemanha na grande reforma de 1974, por Portugal em 1989, Itália, Chile, Uruguai, Argentina, Paraguai. 
- Investigação policial: Brasil – modelo até híbrido – a regra é inquérito e quem investiga é a polícia judiciária (civil e federal – entra depois de ocorrido o crime). A polícia ostensiva é polícia militar (prevenção e repressão do crime). O MP pode ou não investigar? O STF já disse que sim (controle externo), mas não definiu como seria a investigação. Livro: Investigação Preliminar no Processo Penal – Aury. 
Inquérito Policial – Art. 4º ao Art. 23
Rito Ordinário
Crime (investigar o crime – investigação preliminar/inquérito policial) investigação remetida para o foro remete ao MP (destinatário final da investigação) o MP decide se pede mais diligências (perícia, reconstituição), aí o inquérito volta à policia ou o MP oferece a denúncia nasce o processo o MP pode ainda arquivar ou pedir o arquivamento (problema do Art. 28 – pacote anticrime estabelece nova sistemática de arquivamento – arquivamento sem intervenção do juiz – arquivamento revisto por instância superior do MP – a aplicação deste artigo está suspensa pelo Min. Fux - hoje se aplica o Art. 28 velho, em que pese a redação seja a nova) denunciando, a denúncia vai ao juiz, que pode recebe-la ou rejeitá-la rejeição: Art. 396 em diante recebendo, inicia o processo 1º ato: citação do réu para este apresentar resposta à acusação a resposta volta ao juiz que, à luz da resposta (Art. 396), pode se convencer que é caso de absolvição sumária (processo é extinto) não sendo o caso, o processo continua e é marcada audiência de instrução e julgamento (Art. 400) pela lei, deveria ser uma só audiência, mas, na prática, não é assim na audiência ouvir-se-á a vítima, testemunhas arroladas pela acusação e defesa, fazer acareações se for o caso e se for pedido, ouvir os peritos, se for o caso e se for pedido, far-se-á o interrogatório (o réu é o último a falar), virão os debates orais ou memoriais escritos (o mais comum, embora não devesse ser). Finalizaria com a sentença, mas não é o que ocorre. Geralmente acontecem 3, 4, 5, 10 audiências até a prolação da sentença.
Dissecando os Artigos sobre Inquérito
Art. 4º o inquérito é feito pela polícia judiciária (polícias civil, militar e federal) e serve para apurar (probabilidade) a ocorrência de crime e autoria é um procedimento administrativo pré-processual é tipicamente policial (civil ou federal), dependendo de intervenção judicial apenas para adoção de medidas restritivas de direitos parágrafo único: CPI’s e MP investigando. 
Art. 5º o MP pode requerer a abertura de um inquérito, acompanhar sua realização e fazer, ainda, o controle externo da atividade policial. O STF definiu como constitucional a investigação direta pelo MP (admite a figura promotor-investigador, em que pese o modelo brasileiro seja investigador-policial). 
Art. 3º-B (SUSPENSO PELA LIMINAR DO FUX) juiz das garantias a posição do juiz no inquérito é o de garantidor dos direitos fundamentais e da legalidade o juiz das garantias é um sistema duplo-juiz inciso XV: inquérito tem defesa e contraditório (conquanto não seja uma ampla defesa e pleno contraditório) Súmula Vinculante 14 Lei 8.906, Art. 7º, XIV - direitos do advogado e Art. 7º, XI – assistir aos clientes investigados – SOB PENA DE NULIDADE ABSOLUTA o “assistente técnico” previsto no inc. XVI se refere aos peritos particulares Lei 12.850 (ler esta lei – Lei da Delação Premiada) é o juiz das garantias quem recebe a denúncia, cita o réu, recebe a resposta à acusação e decide pela absolvição sumária ou não. Em não absolvendo e o processo continuando, cessa a atividade dele e entra o juiz da instrução e julgamento.
Art. 3º-C o §3º é de extrema importância: o inquérito não vai para o juiz da instrução e julgamento – exclusão física dos autos do inquérito a figura da prevenção é, hoje, uma causa de fixação da competência. COM A ENTRADA EM VIGOR DO JUIZ DAS GARANTIAS, a prevenção será uma causa de EXCLUSÃO DE COMPETÊNCIA.
Objeto do Inquérito e sua Limitação
 O inquérito busca investigar o fato aparentemente criminoso;
 É sumário (apurar a fumaça de um crime), sendo sumário também na duração. Existe limitação temporal e possibilidade de prorrogação. Destarte, em caso de o investigado estar preso, dependerá de autorização do juiz (juiz das garantias) para que o inquérito seja prorrogado (prazo: 15 dias – passando o prazo e não sendo concluído o inquérito, a prisão será relaxada).
Forma dos Atos do Inquérito – forma correta de ler o Art. 5º
Início o nascimento do inquérito varia conforme o tipo de ação penal (que varia conforme o crime) §5º: nos crimes de ação penal privada a autoridade policial só poderá iniciar o inquérito mediante requerimento §4º: em crimes de ação penal pública condicionada a representação, o inquérito somente poderá ser iniciado quando houver a representação Art. 5º, caput: nos crimes de ação penal pública incondicionada o inquérito poderá ser iniciada pela autoridade policial, de ofício pelo juiz (?), pelo MP, pela vítima ou qualquer pessoa do povo (pois a própria notícia-crime ensejará a instauração do inquérito).
Após instaurado - Art. 6º e seguintes a polícia deverá dirigir-se ao local do fato, não deixandoque se altere o estado e conservação das coisas até a chegada dos peritos (ISOLAMENTO DO LOCAL DO CRIME); apreenderá os objetos que têm relação com o fato ouvir o ofendido; ouvirá o SUSPEITO – indiciado (?), devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que tenham ouvido a leitura; fará o reconhecimento de pessoas e coisas e acareações; determinará, se for o caso, exame de corpo de delito ou quaisquer outras perícias (perícia de carro, perícia de engenharia, perícia contábil, etc.); procederá à identificação do SUSPEITO – indiciado (?) pelo processo datiloscópico (digitais – Lei 12.037/09, Arts. 1º e 3º - regra: o civilmente identificado, que tenha documento válido, não precisará ter colhidas suas digitais ou fotos, exceto nos casos previstos no Art. 3º) e, se possível, juntará as folhas de antecedentes Lei 12.654 altera a Lei 12.037 para dizer que pode ser coletado material biológico (ex:DNA) como identificação criminal. PROBLEMA: o material biológico pode ser coletado, logo na fase investigativa, de forma compulsória, violando o direito ao silêncio? 
Art. 7º reprodução simulada dos fatos é a reconstituição do crime. É aquela clássica: a polícia vai até o local, simula os fatos para colher melhor os elementos, etc. Existe a possibilidade de ser simulada também, feita pelo IGP e a polícia. Nada impede que o próprio suspeito faça sua reconstituição simulada, por seus peritos particulares. 
Final - Art. 10º o inquérito termina com um relatório da autoridade policial, indiciando alguém por algum crime (quando um conjunto de indícios aponta a alguém), ou sem indiciamento (porque a conduta é atípica, o fato não existiu ou não se descobriu o autor). Vai para o fórum e de lá para o MP (isso nos crimes de ação pública). Sendo o crime de ação penal privada, PODE haver inquérito (a regra é que seja feito um “Termo Circunstanciado” pelos Juizados Criminais, não inquérito - Art. 19), remetendo-se os autos ao fórum, onde aguardarão a iniciativa da vítima, que pode fazer ou não a queixa-crime. 
§1º: a opinião do delegado não é vinculante, é opinativa. Ex: pode ele indiciar o investigado e o promotor pedir o arquivamento. O contrário ocorre também. 
Art. 16 chegando ao promotor, este pode oferecer a denúncia; pedir diligências imprescindíveis à polícia; ou, ainda, arquivar ou pedir o arquivamento (Art. 28).
Art. 17 a autoridade policial não pode arquivar inquérito. Quem arquiva é o MP (sistemática nova) ou o MP pedindo para o juiz (sistemática velha).
Art. 18 uma vez arquivado o inquérito, este só poderá ser reaberto caso surja uma prova nova. Ler este artigo c/c a Súmula 424 do STF: arquivado o inquérito por despacho do juiz (problema: na nova sistemática é despacho do MP), não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas. Não há prazo para desarquivamento, desde que não tenha ocorrido ainda a prescrição da pena em abstrato. 
Art. 11 instrumentos do crime que interessarem acompanharão o inquérito. Ex: documento falsificado, nota falsa, arma, faca, e ficarão arquivados no cartório, em lugar próprio, até o fim da ação penal (no júri pode-se requisitar os objetos para usar no convencimento dos jurados).
Art. 12 o inquérito não é obrigatório. Há casos em que o MP pode oferecer a denúncia sem inquérito (ex: crimes econômicos). No entanto, se houver inquérito, este acompanhará a denúncia. 
Art. 13 o MP ou a polícia poderão requisitar dados cadastrais e informações de vítimas suspeitas em determinados casos.
Art. 15 está revogado. Se for menor de 18 anos, entra no ECA, não sendo abrangido pelo CP e CPP. Desde o advento do novo CC , a menoridade relativa não existe mais, alterando também o CPP, portanto. Assim, sempre que houver as palavras “menor”, “pessoa entre 18 e 21” e “curador” no CPP, a atenção deve ser redobrada, pois provavelmente trata-se de artigo revogado.
Art. 20 deve ser lido c/c o Art. 3º-B, XV e c/c a Súmula Vinculante 14. Não pode ser sigiloso para a defesa. 
 
Art. 21 é inconstitucional. Não existe mais a incomunicabilidade do indiciado, pois a própria CF prevê que só pode haver incomunicabilidade em caso de estado de sítio.
Art. 22 e 23 nada relevantes.
Valor Probatório dos Atos do Inquérito
Os atos do inquérito têm valor limitado. Não se destina ao juiz e não servem para condenar/absolver alguém Art. 155.
 Atos de Investigação (elementos informativos): são hipóteses apuradas no inquérito (fumus comissi delicti – fumaça de crime). Os atos de investigação estão a serviço da própria investigação e não exigem estrita observância da publicidade (Art. 20 – a regra é ser sigiloso). Também não exigem ampla defesa ou pleno contraditório (estão presentes, sim, no inquérito, mas são parciais), servindo essencialmente para formar a opinio delicti (opinião sobre o crime) do acusador. Não está destinado à sentença, mas apenas a mostrar o fumus comissi delicti e formar a opinio delicti. Tem função endoprocedimental (interno ao procedimento, para legitimar os atos da investigação), pode ser feito pelo MP ou pela polícia judiciária.
 Atos de prova: a prova gira em torno de uma afirmação no processo. É feito na frente do juiz, em contraditório, com vistas a convencer o juiz da veracidade da afirmação, formando a plena convicção. Exige estrita observância de publicidade e contraditório. Destina-se à sentença. A garantia de jurisdicionalidade garante que a pessoa seja julgada com base em prova. Excepcionalmente, as provas técnicas e irrepetíveis feitas em fase de inquérito serão submetidas a contraditório posterior, já que não podem ser repetidas por absoluta impossibilidade (ex de provas irrepetíveis e técnicas: necrópsia e exame de corpo de delito). 
Do Indiciamento
O indiciamento é um ato formal e fundamentado. Porém não há previsão de quando deverá ocorrer. Sendo o indiciamento feito no final da investigação, constará do relatório, podendo ser feito também tão logo surjam elementos que apontem concretamente para alguém.
Arquivamento do Inquérito – Art. 28 – suspenso pela liminar do Fux
Sendo concluído, vai para o fórum e, após, para o MP. O MP pode denunciar, pedir diligências ou pedir o arquivamento/arquivar (muda se for o artigo velho ou novo). Ordenado o arquivamento, o MP comunica a vítima, o acusado e à polícia, encaminhando os autos à instância de revisão ministerial para fins de homologação. Não homologando, o MP deverá denunciar. Se a vítima ou o representante legal não concordar com o arquivamento, a vítima ou o representante poderão, em 30 dias, submeter a matéria a revisão da instância competente do MP (uma espécie de recurso – isso no artigo novo). Porém, o que vigora hoje no Brasil é o Art. 28 antigo, que não dava direito de a vítima reclamar o arquivamento. No Art. 28 antigo, se o Juiz não concordar, remeter-se-á o inquérito ao Procurador Geral, o qual oferecerá a denúncia ou designará outro órgão do MP para oferecer.
Acordo de Não-Persecução Penal - Art. 28-A
Mecanismo de negociação entre acusador e defesa ocorre antes do processo, mas pode se desenvolver no meio do processo a pessoa deve confessar, o crime não pode ser com violência ou grave ameaça e a pena mínima deve ser inferior a 4 (pena de 4 a 10 não cabe o acordo, mas se for de 3 a 6, cabe) por ser norma penal mista, a 6º Turma entende que deve retroagir e a 5º Turma entende que não cumprido o acordo, este não gerará reincidência ou maus antecedentes, mas ficará registrado nos sistemas, pois a pessoa não pode se beneficiar do acordo nos próximos 5 anos.
Natureza Jurídica da Ação: poder (ou direito) público, autônomo (a ação existe, ainda que no final o réu seja absolvido) e abstrato. 
Natureza Jurídica da Ação para o Aury: Direito potestativo, público, autônomo, abstrato, mas conexo instrumentalmente ao caso penal (deve haver um fumaça do crime).
Ocorreu o crime olhar o fato natural e fazer a adequação típica correta (ver no Código Penal se não disser nada, a ação penal é pública incondicionada. Problema: Art. 168 do CP ou Art. 180 do CP, por exemplo, não dizem que tipo de ação é. Contudo,é preciso ir até o final do TÍTULO: logo, o crime de apropriação indébita praticado contra o tio se procede mediante representação (Art. 182 do CP) o juiz, ao receber ou rejeitar a denúncia/queixa, analisará as condições da ação (os que caem na OAB): legitimidade, interesse (no processo civil é utilidade e necessidade do processo: mostrar que já se esgotaram as tentativas de cobrar uma dívida, por exemplo. No processo penal “seria” que não pode estar prescrito/caducado. No entanto, falar “interesse” é errado, pois o processo penal exige NECESSIDADE) e possibilidade jurídica do pedido (no processo civil significa que o pedido deve ser juridicamente possível, não estando vedado pela lei. Porém, no processo civil, para cada ação corresponde um pedido. No processo penal, todavia, o pedido é um só: condenação. Tentam “salvar” essa categoria dizendo que no processo penal isso significa que, para pedir a condenação, deve haver um suporte probatório mínimo. Ocorre que isso não entra no conceito “possibilidade jurídica do pedido”). Condições de admissibilidade para o Aury (estavam no revogado Art. 43): o fato deve ser aparentemente criminoso (fumus commissi delicti), punibilidade concreta ou em potencial (o fato deve ser aparentemente punível, ou seja, não prescrito e não caduco), legitimidade (ativa e passiva – ativa: quem acusa deve ter legitimidade para acusar (ex: MP não pode acusar se o crime for de ação penal privada). – passiva: a pessoa que sofre a acusação deve ser aparentemente legítima, ou seja, aparentemente cumprido o crime e ter mais de 18 anos), justa causa (deve haver uma causa que justifique o nascimento do processo penal, leia-se: indícios razoáveis de autoria e materialidade. Além disso, a justa causa é um instrumento de controle processual do caráter fragmentário do direito penal (direito penal é a ultima ratio), procuração com poderes especiais (há crimes que exigem) rejeição da denúncia/queixa: Art. 395 – denúncia manifestamente inepta (quando a denúncia ou queixa não observa os requisitos do Art. 41 do CPP – exposição do fato com todas as circunstâncias e qualificação do acusado, classificação do crime), faltar pressuposto processual (existência, validade, etc) ou faltar condição para o exercício da ação penal (legitimidade, etc), faltar justa causa para o exercício dependendo do fundamento da rejeição, pode-se fazer uma nova acusação ou fazer o recurso em sentido estrito (Art. 581, I). 
Princípios que Orientam a Ação Penal de Iniciativa Pública (condicionada e incondicionada)
 Oficialidade ou Investidura: o titular da ação é o MP.
 Obrigatoriedade: presentes as condições da ação, o MP é obrigado a acusar. A antítese da obrigatoriedade seria o princípio da disponibilidade (aplicável à ação penal de iniciativa privada – o particular acusa se quiser). Nas últimas décadas a obrigatoriedade começou a ser mitigada a partir da ampliação dos espaços de negociação (transação penal, suspensão condicional do processo e ANPP) “obrigatoriedade mitigada”. 
 Indisponibilidade: o MP não pode desistir de acusar, como regra geral. Também foi flexibilizado por conta dos mecanismos de acordo (ex: MP está acusando e negocia uma delação premiada ou um ANPP, ambos no meio do processo).
 Indivisibilidade: a doutrina majoritária sustenta que a ação penal pública deve ser, logicamente, indivisível. Ou seja, se há três aparentes autores de um crime, o MP é obrigado (obrigatoriedade) a acusar todos (indisponibilidade) sem dividir (ex: o MP não pode querer acusar só um, mas todos em conjunto). Contudo, em contrário senso, o STF vem entendendo há muito que a indivisibilidade não se aplica à ação penal pública (logo, o MP pode acusar um e acusar os outros depois, etc). 
 Intranscendência: assim como a pena não pode passar da pessoa do condenado, a acusação não pode passar da pessoa do acusado. 
Princípios da Ação Penal de Iniciativa Privada
 Oportunidade e Conveniência: a vítima acusa alguém se quiser, se for conveniente a ela e quando quiser, desde que dentro do prazo decadencial. 
 Disponibilidade: o querelante pode dispor da acusação, renunciando, desistindo, negociando, perdoando, etc.
 Indivisível: jurisprudência e doutrina concordam. O Art. 48 do CPP diz exatamente isso. Se a vítima resolver fazer a queixa-crime, deve fazer contra todos os que praticaram o crime, sob pena de renúncia tácita em relação aos não acusados (porém, a renúncia, em relação a um, a todos se estenderá). Ex: A, B e C cometem um crime. 
 Instranscendência: assim como a pena não pode passar da pessoa do condenado, a acusação não pode passar da pessoa do acusado. 
Espécies de Ação Penal
Pública Art. 46 seja incondicionada ou condicionada, será exercida pelo MP (Art. 120, I da CF), através de denúncia oferecida no prazo de 05 dias em caso de réu preso, ou 15 dias, caso solto, a contar da data que o MP receber o inquérito é um prazo sem sanção, logo, é possível que o MP ofereça a denúncia após estes prazos. Até mesmo estando o réu preso? Sim, o MP poderá denunciar após o último dia do prazo, e faz-se importante salientar que a soltura do réu, estando ele preso, não é automática! Óbvio que o advogado pode impetrar habeas corpus pedir sua liberação, mas fato é que a prisão não será relaxada automaticamente até quando pode acusar? Até a prescrição pela pena em abstrato. Em razão disso, às vezes a denúncia só é oferecida 01 ou 02 anos depois.
 Condicionada: condicionada à representação ou requisição do Ministro da Justiça quando a lei assim exigir representação é uma condição de procedibilidade, ou seja, é uma espécie de autorização que a vítima ou seu representante legal dá para que o Estado possa proceder à acusação Art. 24, §1º e Art. 39 objeto da representação: autorização. Basta narrar o fato aparentemente criminoso e manifestar a intenção de que o estado investigue. Não é preciso necessariamente apontar o autor, pois este pode ser desconhecido a representação é feita pessoalmente ou por procurador com poderes especiais. Sendo feita oralmente, será reduzida a termo (escrita). Pode ser feita perante o juiz (menos comum), polícia ou o titular da ação (MP) a representação não tem forma rígida, é facultativa e a simples notícia crime (boletim de ocorrência) já pode ser considerado como uma representação. Hoje o sistema já permite que a vítima faça a ocorrência e não represente, caso não queira. Art. 38: o prazo para representar é, salvo disposição em contrário, é de 06 meses (prazo decadencial – mesma regra em relação à queixa), contados do dia do fato ou do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. Prazo decadencial: crime cometido em 22/04/2021 – o fim do prazo será 21/10/2021 até meia noite – segue a regra de contagem de prazos materiais, não prorrogando e não suspendendo. Se o último dia cair em sábado, domingo ou feriado, o prazo não será prorrogado, pois prazo DECADENCIAL NÃO É PROCESSUAL, É PRAZO DE DIREITO MATERIAL. a representação é facultativa, mas a pergunta é: se procede-se à representação, é possível retratar-se depois? O Art. 25 diz que a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia, logo, é retratável até o oferecimento da denúncia. é possível a retratação da retratação? Sim. A retratação da retratação é feita através de uma nova representação, com um detalhe: só é possível se ainda tiver prazo para isso (o prazo não parou de correr pelo fato de eu ter representado). Logo, o prazo decadencial continuou correndo. quanto à requisição do Ministro da Justiça, é ele quem faz o pedido. Mesmo prazo, mesmos lugares para fazer a representação, etc. menores de 18 anos, quem representa é o representante. Maiores de 18, a própria vítima.
 Incondicionada: regra geral. 
Privada a queixa é feita no fórum, não na polícia. Na polícia é a notícia-crime e a representação Art. 30, Art. 30, Art. 32, Art. 33, Art. 34 (revogado pelo CC) Art. 38: o prazo para fazer a queixa-crime é também de 06 meses e decadencial. Se o prazo acabar no sábado ou domingo, pode-se entrar na sexta ou no plantão judiciáriono fim de semana (JAMAIS PRORROGAR-SE-Á PARA A SEGUNDA-FEIRA, CASO O PRAZO ACABE NO FIM DE SEMANA) Art. 44: procuração. A queixa poderá ser feita somente por procurador com poderes especiais (advogado), devendo constar o nome do querelado (pois o nome do querelante sempre estará na procuração, já que ela será o outorgante). Deve-se mencionar também o fato criminoso (duas correntes). 1. Mera indicação dos tipos penais. 2. Não basta indicar o tipo penal, é a descrição do FATO criminoso, ou seja, deve-se contar toda a história na própria procuração (em face de fulano de tal que fez isso e isso e aquilo em tal dia e tal data). Na prova da OAB o aconselhável é usar essa posição de contar a historinha (fato + tipo penal) ver Súmula 594 do STF.
Quanto à Queixa-Crime
Toda petição inicial de queixa-crime tem 3 partes: I. DOS FATOS (mesmo que já tenha contado na procuração). II. DOS CRIMES (não é “do direito”, como no processo civil. Aqui deve-se dizer que aquelas condutas correspondem a tais crimes. Ex: injúria). III. DOS PEDIDOS (recebimento da queixa; citação do querelado; condenação do querelado; nas sanções do artigo tal; condenação ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios – exceto se tiver pedido AJG; valor da causa – é sobre este valor que vai se calcular as custas. Termina com “termos em que pede deferimento”. Se o fato aconteceu hoje, dia 26/04/2021, a data de interposição será 25/10/2021. 
Espécies de Queixa-Crime (Ação Penal Privada)
 Originária ou Comum: queixa através de advogado, prazo decadencial de 06 meses, tudo normal.
 Personalíssima: só há um exemplo no CP – Art. 236 (crime de contrair casamento induzindo o outro contraente em erro). A ação penal depende do contraente do casamento que se sentir enganado. Pode cair na OAB: alguém que se case nos moldes deste artigo e tenha 16 anos, só poderá intentar com a queixa-crime quando tiver 18 anos. O prazo decadencial não será contado em relação a uma pessoa que não pode exercer o direito, como é o caso da menoridade. Ao fazer 18 anos, automaticamente no dia seguinte começa a correr o prazo de 06 meses e ele poderá ajuizar a queixa-crime.
 Subsidiária da Pública/substitutiva da pública/queixa-crime subsidiária/queixa-crime substitutiva: Art. 29 do CPP quando a ação pública não é intentada no prazo legal (Art. 46 – 5 dias réu preso e 15 dias réu solto), podendo o MP intervir. Quem acusar no lugar do MP neste caso não precisará pagar as custas processuais. Se o MP pedir diligências para a polícia, não há falar-se em queixa subsidiária. No caso de arquivamento também não feita a queixa subsidiária, será dada vista ao MP. a ação penal continua sendo pública – porém o nome será “queixa” ainda e não “denúncia”, pois esta é privativa do MP Súmula 714 do STF – crimes praticados contra honra de servidor público (propter officium) em razão de suas funções há legitimidade concorrente do ofendido e do MP (por meio de representação).
Extinção dado Processo e da Punibilidade na Ação Penal Privada – renúncia, perdão e perempção
 Renúncia: Art. 49, Art. 50 (o parágrafo primeiro está revogado) do CPP ato unilateral abrir mão de uma queixa para acusar ou não alguém. Pode ser necessário para a vítima no caso de alguém a ofender a honra e, ao invés de ela intentar a ação, pede uma retratação ou indenização ao agressor. Neste caso a renúncia serve como uma garantia ao agressor de que não será acusado a renúncia se estende a todos os outros acusados Art. 104 do CP: exemplos de renúncia tácita – convidar o ofensor para ser padrinho de casamento. Quanto a indenização, é essencial assinar a renúncia expressa, pois a simples indenização não significa renúncia.
 Perdão: ocorre depois de exercida a queixa ato bilateral pode ser expresso ou tácito o perdão só pode acontecer após o recebimento da queixa e até que momento pode haver perdão? O Art. 106, §2º do CP diz que o oferecimento do perdão aproveita a todos os querelados e o Art. 51 do CPP diz que o perdão concedido a um a todos aproveitará. Ex: ofereço perdão ao “A” (se estende a todos), mas só produzirá efeitos a quem ACEITAR o perdão. “B” e “C” aceitam o perdão, mas o “D” não aceita Art. 52 E Art. 54 do CPP estão revogados não podem ser impostas condições para o perdão. Ex: vou te perdoar SE você fizer tal coisa não é admissível o perdão após o trânsito em julgado (QUE PODE SER O TRÂNSITO DO ACÓRDÃO DE 2º GRAU, DE RECURSO ESPECIAL...), Art. 106, §2º do CP a aceitação do perdão deve ser feita em até 03 dias.
 Perempção: Art. 60 do CPP espécie de punição processual para o querelante negligente que não agiu quando deveria extingue o processo e a punibilidade ocorre quando o querelante deixar de promover o andamento do processo por mais de 30 dias. Ex: é intimado para fornecer o endereço de uma testemunha não encontrada e não faz demais incisos do Art. 60
Importante: o Art. 26 do CPP está revogado pela CF, pois o processo só pode iniciar pelo exercício de uma ação penal pública (denúncia) ou privada (queixa), jamais por prisão em flagrante ou portaria.
VER AULA DE QUINTA-FEIRA
Art. 67 do CPP
3. Absolvição: Art. 386 hipóteses de absolvição.
a) provado que o fato não existiu: não pode demandar no cível. O fato não pode não existir no crime e existir no cível.
b) não há prova da existência do fato: é possível demandar no cível pedindo indenização, porque o nível de exigência probatória (standard probatório) no processo criminal é muito maior que no processo civil, e a mesma prova não suficiente para condenar no crime pode condenar no cível. 
c) o fato não constitui crime: é possível demandar no cível pedindo indenização, pois não quer dizer que não seja um ilícito civil.
d) provado que o réu não concorreu para a infração penal: aqui está provado categoricamente que ele não participou, impedindo a demanda cível.
e) não há prova de que o réu tenha concorrido para a infração penal: aqui não impede a demanda cível, pela mesma questão anterior do standard probatório. Uma prova pode ser ilícita na esfera penal e não na cível. 
f) existem circunstâncias que excluem o crime ou isentam o réu de pena: causas de exclusão da ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade e demais causas). Impede a ação de indenização. Ler em conjunto com o Art. 65.
g) não existe prova suficiente para condenar: é possível demandar no cível (standard probatório). A hipótese mais comum de absolvição nos processos criminais é esse inciso. 
Jurisdição e Competência – Art. 69
Jurisdição: poder-dever de dizer o direito no caso concreto. Todos os juízes tem jurisdição, mas cada um terá uma competência.
Competência: limite da jurisdição. É a circunscrição em razão de matéria, pessoa e lugar. Ex: vara do júri.
Art. 69: determinará a competência jurisdicional ESSE ARTIGO NÃO TEM ORDEM CORRETA.
Princípios da Jurisdição
a) Inércia: jurisdição só atua mediante invocação ne procedat iudex ex officio é a inércia que garante a imparcialidade.
b) Imparcialidade: juiz imparcial não vai atrás da prova e não age de ofício.
c) Juiz natural: competência pré-fixada por lei 
d) Indeclinabilidade: o juiz não pode declinar, deixar de exercer seu poder-dever jurisdicional. 
Competência em Matéria Penal
Categoria importada do processo civil e, portanto, errada, ratificada pela decisão atual do STF sobre o caso de incompetência dos processos da Lava Jato. A competência em razão de matéria e pessoa é absoluta. Se entendia até o momento que a competência em razão do lugar deve ser arguida no primeiro momento que se fala no processo, pelo réu, sob pena de preclusão e prorrogação da competência. Ainda é a corrente predominante. 
Entendimento do Aury: todas as competências são absolutas Art. 109 do CPP.
Competência em razão de:
 Matéria: o tipo de crime pode ser um critério definidor de competência. Ex: crimes contra a vida competência do tribunal do júri. Ex: crimes que afetam interesses da União, empresa pública ou entidade autárquica competência da justiça federal.
 Pessoa: entra a chamada “prerrogativa de função”.Determinadas pessoas em razão do cargo, ofício ou função, podem ser julgadas originariamente por algum órgão. Ex: senador, desembargador, ministro, etc. 
 Lugar: e os cybercrimes?
Perguntas para entender a Competência 1) Qual é a justiça competente para julgar? E qual o Órgão? 2) Qual é o foro lugar)? 3) Qual é a vara (juízo)?
Qual é a justiça competente para julgar? comum, estadual, federal, etc. Dentro da justiça, qual é o órgão? STF, STJ, STM, TJ... 
 Justiça Especial: 
Militar:
Eleitoral – Agravo Regimental 4435/STF: crime federal conexo com crime eleitoral faz com que tudo seja julgado pela justiça eleitoral (alguns casos da Lava Jato). Assim como a justiça federal julga todos os crimes conexos ao crime de competência federal.
 Justiça Comum: 
Federal (Art. 109 da CF) e Súmula 147 do STJ. E assalto ao Banco do Brasil? Competência Estadual (Súmula 42 do STJ). Súmula 522 do STF: salvo a ocorrência de tráfico para o exterior (competência da justiça federal), compete à justiça dos Estados o julgamento do tráfico de drogas. Conflito de Competência 143.400 – 3ª Seção do STJ Súmula 140 do STJ: crime praticado por índio ou contra índio é julgado pela justiça comum estadual. Contudo, se a conduta for em razão da natureza de índio, do Art. 231 da CF depreende-se que é competente a justiça federal. em relação aos crimes ambientais, a regra geral é competência comum estadual, exceto se presente alguma das situações do Art. 109 da CF, como áreas de proteção ambiental da União. Ex: Reserva do Taim, Parque Nacional da Lagoa do Peixe de Mostardas. Art. 225 da CF, §4º: competência federal. 
Estadual: a competência se define por exclusão (é residual). 
Qual é o órgão? 
 Prerrogativa de Função – se destina a membros dos 3 poderes
A prerrogativa de função ocorre em razão do cargo. Ver ação penal n. 937 do STF, que restringiu os casos de prerrogativa de função, sendo especialmente para deputados e senadores (a ideia é atingir membros do legislativo e do executivo, não do judiciário). Essa ação se destina a agentes políticos, não se aplicando a membros do poder judiciário e ao MP. 
 A prerrogativa de função somente se aplica (conforme a ação penal 937 do STF):
1. Somente se aplica aos crimes praticados durante o exercício do cargo e quando estiver relacionado ao exercício das funções (propter officium). Se cometido antes da posse, continua na justiça de 1º grau;
2. Uma vez encerrada a instrução, o caso continua no tribunal, ocorrendo a perpetuação da jurisdição;
3. Se o processo se inicia e desenvolve perante um juiz incompetente, ele deve ser anulado desde o início;
4. Se ele se inicia no juízo competente e depois vem uma causa superveniente que muda a competência, os atos praticados são válidos até ali;
5. Para membros do poder judiciário e membros do MP o crime não precisa ter relação com o cargo nem ser em razão do cargo;
6. Aposentados também não têm prerrogativa (ex-deputados, ex-juízes, ex-promotores, etc).
 Julgados Originariamente no STF: Art. 102, I, alíneas “b” e “c” da CF.
 Julgados Originariamente pelo STF: Art. 105, I, alínea “a” da CF.
 Julgados Originariamente pelos TJ’s: Art. 96, III da CF.
 Julgados Originariamente pelos TRF’s: Art. 108, I da CF.
Importante: prefeito e deputado estadual são julgadas pelo 2º grau estadual (TJ). Contudo, se o crime for federal (ex: desvio de verba federal), ambos serão julgados no 2º grau da justiça federal (TRF’s) Súmula 702 vereador não tem prerrogativa, somente inviolabilidade por suas palavras, opiniões e votos (Art. 29, VIII da CF).
 Prerrogativa de Função X Tribunal do Juri
A prerrogativa deve estar prevista na CONSTITUIÇÃO. Será julgada no tribunal competente. Logo, se um deputado estadual cometer um crime doloso contra a vida durante o exercício do mandato, em razão das funções (ação 937), será julgado no Tribunal de Justiça, ou no STF, se for deputado federal. Se ele contratar alguém para matar, esse particular, que não tem prerrogativa, deverá ser julgado no Tribunal do Júri, conforme entendimento do STF no HC 69325-3-GO (a matéria é controvertida ainda – Súmula 704, é anterior ao referido HC) ver também Súmula 721 do STF e Súmula 208 do STJ.
 Prerrogativa “da vítima”
Art. 85 do CPP pessoa que tem prerrogativa de função (ex: promotor de justiça, que é julgado pelo TJ) é vítima de crime contra a honra, em razão de suas funções, e faz uma queixa-crime contra o autor que o difamou ou caluniou (únicos crimes contra a honra que admitem exceção da verdade). Para a VÍTIMA, em regra, NÃO HÁ PRERROGATIVA, EXCETO NO CASO DO ART. 85 DO CPP, em que ele entrará com a queixa-crime e o querelado poderá entrar com a exceção da verdade (diz que não cometeu crime, pois o que falou é verdade e pretende provar isso). Quando o querelado entra com a exceção da verdade, ocorre uma inversão nos polos (tipo uma reconvenção no processo civil), e aí, neste caso, a exceção da verdade será julgada no TJ, pois o promotor virou “réu” neste caso. Caso não acolhida, o processo é devolvido ao 1º grau para que o juiz continue o julgamento em primeiro grau. Se a veracidade foi provada pelo particular, nos termos do Art. 40 do CPP, o Tribunal mandará para o Procurador-Geral para que este ofereça uma acusação contra o promotor. 
Qual é o foro? lugar Art. 70, 71, 72, 88 do CPP crime continuado ou permanente: o critério é da prevenção (o primeiro juiz que tocar no processo) crime praticado fora do território brasileiro: o local será o último lugar em que o acusado residiu crimes plurilocais (aqueles em que a ação acontece numa cidade e o resultado acontece em outra – ex: atropelo alguém em São Lourenço, a pessoa é resgatada e é transportada para Poa, vindo a falecer nesta cidade em decorrência das lesões): Art. 70 diz que é em Poa, mas a jurisprudência entende que nos crimes plurilocais o local do crime não é o da consumação, mas o local em que se esgotou o potencial ofensivo lesivo da ação, pois É LÁ ONDE ESTÁ TODA A PROVA, ou seja, em São Lourenço (adotar esse entendimento para a OAB) Art. 77: único caso de eleição de foro.
Qual é a vara? juízo Art. 83 concorrendo dois ou mais juízes, IGUALMENTE COMPETENTES, a competência será fixada por prevenção. Isso hoje. Caindo a liminar do Fux (entrando em vigor o juiz das garantias), o prevento é o que não poderá julgar. Se nenhum é prevento, o Art. 75 diz que se nenhum é prevento, a competência é fixada por distribuição (sorteio).
Causas de Modificação da Competência 
A consequência é reunir tudo num mesmo processo.
Conexão – Art. 76 conexão exige dois ou mais crimes
I – 
1. Conexão Intersubjetiva Ocasional: dois ou mais crimes praticados ao mesmo tempo por várias pessoas reunidas. Ex: reunião de pessoas que nem se conhecem para protestar. Um se exalta e comete um crime de dano. Outro comete um crime de invasão de área privada. Outro resolve furtar. 
2. Conexão Intersubjetiva Concursal: se, ocorrendo duas ou mais infrações, por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar. Dica: sempre que uma questão começar com tício, caio e mévio, previamente reunidos, previamente ajustados, em conluio e com prévia divisão de tarefas, significa “concurso de pessoas”. Ex: os três, em quadrilha, cometeram vários crimes, em várias cidades diferentes e em vários dias. Mas reúne em qual cidade? 
3. Conexão Intersubjetiva por Reciprocidade: se, ocorrendo duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas por várias pessoas, umas contra as outras. Parece um caso de “rixa”, mas a “rixa” não é conexão, pois a rixa é um crime só. Em rixa, todos os rixosos responderão pelo crime mais grave (um crime só). Logo, rixa não é caso de conexão. Ex: torcidas organizadas de dois times de futebol que saem de um jogo, se encontram na rua e brigam. Haverá lesão leve, lesão grave, lesão gravíssima e até tentativa de homicídio. Outro ex: brigas de facções (porém deve haver mais de um crime).
II – Conexão Objetiva ou Teleológica: se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou conseguirimpunidade ou vantagem em relação a qualquer delas. Ex: mato alguém e oculto cadáver (dois crimes). Ex: quadrilha que mata alguém e depois mata alguém que ameaçava delatar. 
III – Conexão Probatória: depende de interpretação. É quando a prova de um crime influir na prova de uma outra infração. Ex: crime que gera um ganho e aí se comete uma lavagem de dinheiro (que exige o crime antecedente). Este caso pode ser tratado aqui ou no inciso II (ocultar vantagem em relação ao crime anterior).
Continência – Art. 77 um só crime
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (um crime). Ex: 4 pessoas cometem um crime de homicídio. Ex2: há um mandante e dois executores de um homicídio. 
II – “no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts...” Esse artigo está errado, pois essa parte do CP foi alterada em 1984. O CPP é de 1941. Aqui devem estar os arts. 70 (concurso formal), 73 (erro na execução) e 74 (resultado diverso). Ex: venho dirigindo um carro em alta velocidade e atropelo 4 pessoas. Uma sofre lesão leve, outra grave, outra gravíssima e outro morre. Foram 4 crimes diferentes, mas só uma ação. Logo, será uma unidade delitiva. Todos estes crimes serão reunidos no mesmo processo por continência.
Regras que valem para conexão e continência - Art. 78 (o artigo não está em ordem)
Como ler este artigo:
IV – entre justiça especial e comum, ganha a especial. Ex: eleitoral.
III – justiça de diversas categorias ganha a mais graduada. Ex: tribunal ganha de 1º grau. Entre federal e estadual, ganha a federal. 
I – juiz X juiz.
II – a, b e c.
Casos de Cisão - Art. 79
Primeiro é preciso reunir os processos para depois fazer a cisão.
I – No concurso entre jurisdição comum e militar, separa. Este entendimento está defasado.
II – Concurso entre jurisdição comum e vara da infância e da juventude. O maior de idade vai para a justiça comum e o menor de idade vai para a vara da infância e da juventude.
Cisão dos Processos - Art. 80
Artigo muito importante - Art. 82 – a “sentença definitiva” aqui não é a transitada em julgado, é apenas a sentença (sem o trânsito mesmo) Súmula 235 do STJ.
Incompetência
Art. 567 hoje em dia já há muitas decisões do STJ e STF dizendo que anula TUDO, e não somente os atos decisórios. Decisão do Fachin anulando processos do Lula por incompetência em razão de lugar (ele entendeu ser absoluta), determinando a retirada de Curitiba para Brasília, ANULANDO TUDO. Neste caso, o Art. 567 foi lido à luz da Constituição. Em suma, não é recomendável que este artigo seja lido literalmente, mas sim à luz da CF.
Art. 109
Suspeição – Art. 96
 Casos de Suspeição: Art. 252 e Art. 254.
Conflito de Jurisdição – Art. 113
Pode ser arguida por uma exceção de incompetência.
Da Prova Penal
Teoria Geral da Prova
Para que serve a prova no processo penal? O que é evidente não necessariamente corresponde ao que ocorreu. “Evidente” não é igual a “verdadeiro”. As provas servem para reconstruir o fato passado. O processo penal é um instrumento de reconstrução aproximativa de um fato histórico. O juiz desempenha, através da prova, uma função recognitiva, no sentido de “reconstruir” um passado. O que é reconstruído, no entanto, nunca é fiel ao fato. Depois, a prova desempenha uma função persuasiva, através da captura psíquica do juiz. Tudo gira em torno da prova. Os módulos de construção do convencimento do juiz variam de acordo com o sistema processual adotado.
1. Função recognitiva “pequena história do delito”, nas palavras de Carnellutti. 
2. Função persuasiva convencer o juiz, formando sua convicção. 
Principiologia da Prova
 Garantia da Jurisdição: direito de ser julgado com base na prova produzida no processo (pois prova SÓ PODE SER PRODUZIDA NO PROCESSO - antes disso são atos investigatórios), em contraditório, perante o juiz natural, com todas as garantias. 
 Presunção de Inocência: Art. 5º, LVII da CF. Três regras: regra de tratamento, regra probatória e regra de julgamento. In dubio pro reo.
 In Dubio Pro Reo: não há distribuição de carga probatória (o réu não deve provar nada – a carga de provar é do acusador). Para condenar, a culpabilidade deve restar provada. A inocência não deve ser provada: é a acusação quem deve provar que o réu é culpado. Se a defesa trouxer uma causa de exclusão da ilicitude, de culpabilidade ou até mesmo de atipicidade, a rigor ela não precisa provar isto, se não que o acusador que deve provar que o réu não está em legítima defesa, por exemplo. 
 Contraditório e momento da prova: é o direito de participar de todos os atos da instrução, de poder mostrar seu lado, produzindo prova em sentido contrário, etc. É igualdade de armas e oportunidades probatórias. Se o MP pode arrolar 8 testemunhas, a defesa também pode (rito ordinário). O contraditório tem que se manifestar nos 4 momentos da prova (CAI EM PROVA DA OAB): 
1. Postulação: as partes podem pedir (postular) uma prova. É necessária a igualdade na possibilidade de pedir a produção da prova.
2. Admissão: o juiz decide se admite ou não a prova. Este momento é importante, pois deve ser fundamentado e oportunizar que a outra parte se manifesta (vista à outra prova). Ex: MP pede determinada perícia. O juiz dá vista à outra parte e decide se admite ou não aquela prova, fundamentando o por quê. Aqui já há um filtro das provas ilícitas, que não podem ser admitidas. Há a possibilidade de a outra parte recorrer contra a admissão de uma prova ou a parte que pediu a produção recorrer caso a prova seja negado (ex: MP entra com mandado de segurança e correição parcial. A Defesa entra com habeas corpus – essas são formas de recorrer de uma possível não admissão da prova). 
3. Produção: o contraditório entra no direito de as partes participarem da produção da prova. Ex: audiência de oitiva de testemunha. 
4. Valoração: aqui o juiz avalia se acolhe ou não as conclusões da prova e se condena ou não. Só pode valorar o que foi produzido em contraditório e DEVE FUNDAMENTAR. Dessa decisão cabe recurso para ambas as partes. 
 Direito de Defesa e Nemo Tenetur Se Detegere (não produzir prova contra si mesmo): a defesa também deve aparecer nos 04 momentos da prova. Ex: Pazuello entra com HC preventivo no STF para assegurar seu direito ao silêncio.
 Livre Convencimento Motivado
1. Sistema de Íntima Convicção: tribunal do júri (não precisa fundamentar).
2. Princípio do Livre Convencimento Motivado – Art. 155 e Art. 315, §2º do CPP: o juiz formará sua convicção a partir da livre apreciação da prova, que deverá ser produzida em contraditório judicial. 
 Princípio da Identidade Física do Juiz - Art. 399, §2º: as exceções à regra são tantas que ela praticamente perdeu o sentido. 
A Verdade no Processo Penal 
O que se entende por verdade? Verdade correspondente à Aristóteles? Verdade como verossimilhança? Verdade como consenso? Verdade como linguagem?
O processo se apropriou da concepção de “verdade” para justificar a inquisição. Por isso a “verdade real” nasce no processo inquisitório. 
A “verdade” é, portanto, contingencial, não pode jamais ser um elemento fundante. 
 Art. 156: este artigo estará tacitamente revogado se cair a liminar do Fux. 
 Art. 157: são inadmissíveis as provas ilícitas (obtidas com violação às normas constitucionais ou legais – Art. 5º, LVI). Normas legais: regras constantes em leis ordinárias. 
Admissibilidade ou Não da Prova Ilícita
No passado se fazia distinção entre prova ilícita e ilegítima. Hoje, isso não existe mais (Art. 157 equiparou as duas). No mundo processual há 3 teorias possíveis que debatem a admissibilidade ou não da prova ilícita:
1. Inadmissibilidade Absoluta da Prova Ilícita – Art. 5º, LVI da CF e Art. 157 do CPP: o STF decide neste sentido (seguro para a prova da OAB). 
2. Teoria da Admissibilidade da Prova Ilícita em Nome do Princípio da Proporcionalidade: teoria perigosa. Num primeiro momento parece sedutora. A acusação pegaria uma prova ilícita e invocaria a desproporcionalidade da desconsideração daquela prova ilícita, invocando um princípio de ponderação (interesse individualx interesse coletivo). A proporcionalidade, porém, é um critério manipulável e vago. Direito fundamental (individual) é público e, portanto, coletivo também.
3. Teoria da Amissibilidade da Prova Ilícita A Partir da Proporcionalidade Pro-Reo: tem um argumento jurídico válido. O STF entende admissível a prova ilícita para se defender (suspeição de Moro), pois não haveria injustiça maior do que condenar alguém para não usar uma prova ilícita (ex: quebra de sigilo telefônico, de WhatsApp, etc). Seria um estado de necessidade (excludente de ilicitude), logo, a prova passaria a ser lícita. 
Na OAB: nas provas anteriores queriam a inadmissibilidade absoluta. Entretanto, a partir das últimas decisões do STF, a exigência pode variar. 
Prova Ilícita por Derivação – Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada – Art. 157
Art. 157, §1º: é preciso haver nexo causal entre a prova ilícita e da que dela derivou. Não há contaminação também quando a prova puder ser obtida por fonte independente daquela contaminada ou quando o nexo de causalidade não puder ser evidenciado.
Art. 573: a nulidade de um ato declarada causará a nulidade dos atos que dele dependam, por consequência. 
Importante: o §5º está suspenso pela liminar do Fux.
Teorias que relativizam a dos frutos da árvore envenenada 
1. Teoria da Fonte Independente 
Importação do sistema norteamericano (Caso United States x Murray): se a prova puder ser obtida por outra fonte independente daquela contaminada, ela será uma fonte independente. Logo, não há nexo causal. 
2. Teoria da Descoberta Inevitável - Art. 157, §2º (confusão de conceitos nesse artigo, que trata muito mais da descoberta inevitável do que da fonte independente)
Nasce com o caso Nix x Williams.
Consequência da Prova Ilícita
A prova deverá ser desentranhada do processo e não poderá ser usada/valorada.
Cadeia de Custódia da Prova - Art. 158-A até a alínea “f” (introduzido pelo Pacote Anticrime)
A cadeia de custódia é um conjunto de todos os procedimentos concatenados (elos de uma corrente) que unem dois pontos: a coleta e a produção da prova no processo. Cada tipo de prova tem uma cadeia de custódia.
Ordem da Cadeia de Custódia - Art. 158-B
1. Reconhecimento: o policial selecionará o que deve ser coletado e o que deve ser dispensado.
2. Isolamento: o policial deverá prezar pela não alteração do resultado das coisas.
3. Fixação: descrição detalhada do vestígio conforte ele se contra no local ou no exame de corpo de delito. 
4. Coleta: ato de recolher o vestígio.
5. Acondicionamento: a forma que será acondicionada a prova, com data, hora e nome de quem realizou a coleta e a acondicionou. A famosa “etiquetinha” do IGP.
6. Transporte: a forma que será transportado o vestígio de um local para outro.
Consequências da Quebra da Cadeia de Custódia (essa pergunta cai em concursos e na OAB)
1. Ilicitude da Prova (Jacinto Coutinho, Aury Lopes Jr., Alexandre Morais da Rosa, Geraldo Prado): a prova não poderá ser usada. Também não é admissível (sequer pode entrar no processo). A prova ilícita atinge o segundo momento da prova (produção).
2. Afeta a Credibilidade da Prova (Gustavo Badaró): a prova poderia ser admitida e produzida e o juiz, na sentença, deveria valorar e considerar se a prova precisa ser desentranhada ou continuar. 
E se a quebra da cadeia for por uma coisa pequena (ex: uma etiqueta)? Não há quebra da cadeia de custódia, pois é um ato irrelevante. 
Provas em Espécie – Art. 158
1. Exame de Corpo de Delito e Perícias em Geral – Art. 158: é uma espécie do gênero “perícias”, com um detalhe: é aquela perícia feita no corpo sobre o qual recaiu o crime ou a representação material do crime. É a concretude de um crime. Não é só cadáver, é também a droga, no tráfico; o documento falso no crime de falsidade material; a arma ilegal no crime de porte ilegal de arma, os vestígios materiais de um crime de incêndio, de trânsito, etc. O exame de corpo de delito é indispensável quando o crime deixar vestígios materiais. Ver também o Art. 168. 
É possível condenar alguém por homicídio sem corpo (a pergunta já caiu na OAB)? Sim, principalmente quando há ocultação de cadáver. Entretanto, a prova indireta deve ser suficientemente robusta para comprovar a ocorrência do homicídio. Ou seja, desde que o conjunto probatório seja forte. Ex: caso goleiro Bruno.
1.1 Direto: quando há o objeto (Arma, corpo, etc) e o exame é feito diretamente sobre ele. 
1.2 Indireto: consta no Art. 167 que não sendo possível o exame de corpo de delito, porque não há mais vestígios, a prova testemunhal poderá indiretamente comprovar a materialidade. Contudo, não é somente a prova testemunhal, mas sim qualquer outro meio de prova válido (filmagem, gravação, gravação telefônica, WhatsApp, e-mail, foto, prontuário médico, etc).
1.3 Perícias em Geral - Art. 159: um perito oficial poderá fazer a perícia. Não havendo perito oficial, o exame ou qualquer perícia será realizada por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, de preferência na área específica, dentre as quais tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do crime. Ex: perícia de engenharia civil. poderão ser formuladas perguntas ao perito e as partes poderão indicar assistente técnico (perito particular) para acompanhar a perícia oficial. O assistente técnico só poderá atuar após concluído o exame de perícia oficial. 
1.4 Autópsia – Art. 162 e seguintes
Importante: Art. 182 o juiz ou os jurados poderão decidir de forma contrária ao laudo pericial, precisando haver, para isso, um contexto probatório robusto. 
2. Do Interrogatório do Acusado – Art. 185: meio de defesa pessoal por excelência. É o direito que o acusado tem de apresentar a sua versão frente ao juiz. Tem valor probatório, podendo ser usado a favor ou contra o réu. Art. 186, parágrafo único: o silêncio não será usado contra o réu. O silêncio pode ser total ou parcial. O direito de silêncio pode ser usado em relação aos outros também no interrogatório, o juiz pergunta, depois o MP, depois a Defesa. Art. 190: confissão. SEMPRE DESCONFIAR DA CONFISSÃO! As pessoas confessam o que não fizeram por medo, por benefícios que podem receber e porque não compreendem a gravidade e as consequências do que estão “confessando” e, às vezes, porque são doentes mentais, como é exposto no livro “O CASO THOMAS QUICK”. Ver “PROJETO INOCÊNCIA”. Art. 196: o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou por requerimento dos partes. “Poderá”, ou seja, é uma faculdade. o “delator” é uma testemunha qualificada da acusação, devendo ser ouvido antes das testemunhas de defesa. Deve ser ouvido lá no início, junto com as testemunhas de acusação. Ver “Caso Bendine”. Lei 12.850 disciplina também a colaboração (delação) premiada
3. Da Confissão – Art. 197 e seguintes: o valor da confissão é relativo, devendo ser avaliado no conjunto probatório. 
4. Depoimento do Ofendido – Art. 201: vítima não tem direito ao silêncio, não pode se recusar a depor, não presta compromisso de dizer a verdade. Qual o valor probatório da palavra da vítima? 
1. Regra Geral: olhar para a palavra da vítima com cautela, pois ela não presta compromisso de falar a verdade (não responde pelo crime de falso testemunho). 
2. Exceção: a jurisprudência tem dado uma excessiva valoração à palavra da vítima em alguns tipos de crime: crimes contra o patrimônio mediante violência ou grave ameaça (extorsão ou roubo); crimes contra a dignidade sexual; violência de gênero; violência doméstica.
5. Das Testemunhas – Art. 202 e seguintes: a testemunha promete prestar a verdade. Art. 207: exemplo do padre, terapeuta, psicólogo, etc. Art. 26 do Código de Ética e Disciplina da OAB: o advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial. Nem mesmo se o cliente pedir ele pode expor o que sabe, em razão de sua atuação. Art. 212 as perguntas serão formuladas pelas partes às testemunhas. O juiz só intervém se faltou algo. Art. 213: princípio da objetividade do depoimento. O juiz não deve permitir que a testemunha manifeste seus juízos de valores,

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