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Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de História HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância CED Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. Elaborado Por: dr. Elton Berth Beirão, dra. Albertina Carlos Franco e dra Augusta Filomena Assumane Licenciados em Ensino de História pela UP. Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância-CED Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa· Moçambique-Beira Telefone: 23 32 64 05 Cel: 82 50 18 44 0 Fax: 23 32 64 06 E-mail: ced @ ucm.ac.mz Website: www. ucm.ac.mz Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e os autores do presente manual, dr. Elton Berth Beirão, dra. Albertina Carlos Franco e dra. Augusta Filomena Assumane, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela maquetização dra. Augusta Filomena Assumane Pela Revisão Final Pela Coordenação e Edição dr. Edmar Barreto dra. Georgina Nicolau HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... i Índice Visão geral 1 Benvindo a História das Instituições Políticas III. .......................................................... 1 Objectivos da cadeira .................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1 Como está estruturado este módulo................................................................................ 2 Ícones de actividade ...................................................................................................... 2 Habilidades de estudo .................................................................................................... 3 Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5 Avaliação ...................................................................................................................... 5 Unidade I 7 As Instituições Políticas Pré-coloniais ...................................................................... 7 Introdução ............................................................................................................ 7 1.1. Sistemas Políticos não Centralizados .......................................................... 7 1.2. Evolução dos sistemas não centralizados para os sistemas centralizados ........ 9 1.3. Sistemas Políticos Pré-industriais centralizados .......................................... 10 1.4. Alguns Conceitos Políticos ......................................................................... 11 1.4.1. O Estado e a Nação ................................................................................... 11 Sumário ....................................................................................................................... 12 Exercícios.................................................................................................................... 13 Unidade II 14 Enquadramento da tipologia do poder .......................................................................... 14 Introdução .......................................................................................................... 14 2.1. O Poder ....................................................................................................... 15 2.2. A Dominação e Autoridade ......................................................................... 16 2.3. O Campo Político e a Desigualdade Social .................................................. 16 2.4. Tipos de Dominação .................................................................................... 17 2.4.1. Dominação Tradicional ............................................................................. 17 2.4.2. Dominação Carismática ............................................................................ 18 2.4.3. Dominação Legal, Racional ou Burocrática .............................................. 18 Sumário ....................................................................................................................... 19 Exercícios.................................................................................................................... 19 Unidade III 21 Tipologias de Estados antigos em Moçambique ........................................................... 21 Introdução .......................................................................................................... 21 3.1. Estado descentralizado ................................................................................. 21 HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... ii Sumário ....................................................................................................................... 24 Exercícios.................................................................................................................... 25 Unidade IV 26 A Partilha de Africa ..................................................................................................... 26 Introdução .......................................................................................................... 26 4.1. A Conferência de Congo-Berlim .................................................................. 26 Sumário ....................................................................................................................... 33 Exercícios.................................................................................................................... 34 Unidade V 35 Instalação do Britânicos em África .............................................................................. 35 Introdução .......................................................................................................... 35 5.1. Império Britânico......................................................................................... 35 5.2 Fases do imperialismo Britânico ................................................................... 36 5.2.1 Fase solitária .............................................................................................. 36 5.2.2. A Fase das Rivalidades ............................................................................. 39 Sumário ....................................................................................................................... 40 Exercícios.................................................................................................................... 41 Unidade VI 42 A Instalação dos Fraceses em África ........................................................................... 42 Introdução .......................................................................................................... 42 Sumário ....................................................................................................................... 45 Exercícios....................................................................................................................46 Unidade VII 47 Resistencias Africanas ................................................................................................. 47 Introdução .......................................................................................................... 47 7.1. As Resistências Africanas ............................................................................ 47 . A Ideologia da Resistência ...................................................... 49 Sumário ....................................................................................................................... 50 Exercícios.................................................................................................................... 50 Unidade VIII 52 A Resistência no BaKongo .......................................................................................... 52 Introdução .......................................................................................................... 52 8.1. A Resistência no BaKongo .......................................................................... 52 Sumário ....................................................................................................................... 54 Exercícios.................................................................................................................... 54 Unidade IX 56 A Resistência na Namíbia ............................................................................................ 56 Introdução .......................................................................................................... 56 9.2. Os Namas .................................................................................................... 57 HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... iii Sumário ....................................................................................................................... 58 Exercícios.................................................................................................................... 58 Unidade X 60 Resistência na África do Sul ........................................................................................ 60 Introdução .......................................................................................................... 60 10.1. A resistencia na Africa do Sul .................................................................... 60 10.2. Zulus e Tshosas ......................................................................................... 61 Sumário ....................................................................................................................... 65 Exercícios.................................................................................................................... 65 Unidade XI 67 Resistência em Moçambique: O Estado de Barue ........................................................ 67 Introdução .......................................................................................................... 67 11.1. Estado de Barue ......................................................................................... 67 11.2. Crise de sucessões no Barue entre 1892 à 1901 .......................................... 69 11.3. Preparação para a rebelião ......................................................................... 69 Sumário ....................................................................................................................... 70 Exercícios.................................................................................................................... 71 Unidade XII 72 Resistência em Moçambique: O Estado de Gaza .......................................................... 72 Introdução .......................................................................................................... 72 12.1. O Estado de Gaza ...................................................................................... 72 Sumário ....................................................................................................................... 73 Exercícios.................................................................................................................... 73 Unidade XIII 75 A Colonização Europeia em África.............................................................................. 75 Introdução .......................................................................................................... 75 13.1. Os Sistemas coloniais Europeus: Situação colonial ................................... 75 Sumário ....................................................................................................................... 77 Exercícios.................................................................................................................... 77 Unidade XIV 78 Administração Colonial ............................................................................................... 78 Introdução .......................................................................................................... 78 14.1. A Administração colonial .......................................................................... 78 Sumário ....................................................................................................................... 80 Exercícios.................................................................................................................... 81 Unidade XV 82 O Processo de Descolonização .................................................................................... 82 Introdução .......................................................................................................... 82 HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... iv 15.1. Os sistemas coloniais e o processo de descolonização: Impérios coloniais, declínio .............................................................................................................. 82 Sumário ....................................................................................................................... 84 Exercícios.................................................................................................................... 84 África e a Democracia ................................................................................................. 86 Introdução .......................................................................................................... 86 16.1. Estabilidade politica em alguns paises africanos ........................................ 86 Sumário ....................................................................................................................... 92 Exercícios.................................................................................................................... 92 Unidade XVII 93 Problemas da Democracia em África ........................................................................... 93 Introdução .......................................................................................................... 93 17.1. O Fracasso da democratização nalguns paises africanos ............................. 93 Sumário ....................................................................................................................... 94 Exercícios.................................................................................................................... 94 A Primeira Guerra Mundial ......................................................................................... 95 Introdução .......................................................................................................... 95 18.1. A Exercerbação politica nos primodios do século XX e 1ª Guerra Mundial 95 Sumário ..................................................................................................................... 101 Exercícios..................................................................................................................101 Unidade XIX 103 O Papel da SDN nas relações ..................................................................................... 103 Introdução ........................................................................................................ 103 19.1. A Conferencia de paz ............................................................................... 103 Sumário ..................................................................................................................... 106 Exercícios.................................................................................................................. 107 Unidade XX 108 A Segunda Guerra Mundial ....................................................................................... 108 Introdução ........................................................................................................ 108 20.1. Segunda Guerra Mundial ......................................................................... 108 20.2. Causas da segunda Guerra Mundial ......................................................... 109 20.3. A Derrota do Eixo.................................................................................... 111 20.4. O Fim da Guerra: Hirochima e Nagasaki ................................................. 113 Sumário ..................................................................................................................... 113 Exercícios.................................................................................................................. 114 Unidade XXI 115 Os planos de recuperação economica para europa ...................................................... 115 Introdução ........................................................................................................ 115 21.1. Plano Marshal .......................................................................................... 115 HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... v Sumário ..................................................................................................................... 116 Exercícios.................................................................................................................. 117 Unidade XXII 118 Os planos de recuperação do pôs guerra na Asia ....................................................... 118 Introdução ........................................................................................................ 118 22.1. A recuperação pôs segunda guerra mundial na Asia: Japao. ..................... 119 Sumário ..................................................................................................................... 123 Exercícios.................................................................................................................. 124 Unidade XXIII 125 Impacto da II Guerra em Africa. ............................................................................ 125 Introdução ........................................................................................................ 125 23.1 Cenario dos paises africanos pos segunda guerra mundial ......................... 125 Sumário ..................................................................................................................... 130 Exercícios.................................................................................................................. 131 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 132 HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 1 Visão geral Benvindo a História das Instituições Políticas III. Objectivos da cadeira Quando terminar o estudo da História das Instituições Políticas III; o cursante será capaz de: Objectivos Compremder as Instituições Políticas Pré-coloniais; Conhecer as Instituições políticas da viragem do século XIX até a primeira metade do século XX; Caracterizar o Monopartidarismo; Caracterizar o Multipartidarismo; Descrever os Sistemas de Governo; Descrever os grandes conflitos mundiais. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser professores da disciplina de História, que estão a frequentar o curso de Licenciatura em Ensino de História, do Centro de Ensino a Distancia. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre a História das sociedades. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 2 Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos por Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do modulo. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 3 Habilidades de estudo Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que possa maximizar o tempo dedicado aos estudos: Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem interrupção? É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes. Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente,decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 4 colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado desconhece; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacteo pessoalmente. Os tutores tem por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. Todos os tutores tem por obrigação facilitar a interacção, em caso de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 5 O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências. Tarefas (avaliação e auto- avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período presencial. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a realização dos trabalhos. Avaliação Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 6 Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos, 2 (dois) teste e 1 (um) exame. Não estão previstas quaisquer avaliação oral. Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulte-os. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 7 Unidade I As Instituições Políticas Pré-coloniais Introdução A antropologia moderna reconhece que a política é um fenómeno universal. Não há sociedades humanas em que não se dê a organização e distribuição do poder em ordens ao funcionamento da comunidade. A política não só se limita aos povos que tem uma determinada fórmula de governo com poder central. Existem povos onde não se encontra uma autoridade central e a coisa política é bem conduzido. Nesta unidade, além de o cursista ter uma visão geral sobre as instituições políticas. Irá familiarizar-se com os conceitos gerais da ciência política. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de : Objectivos Explicar o significado de Instituições Politicas; Descrever o contexto das Instituições pré-coloniais em África; Caracterizar o sistema centralizado e nao centralizado do poder; Definir conceitos relacionados com ciência politica. 1.1. Sistemas Políticos não Centralizados Admite-se que, originalmente, os homens viveram durante muito tempo em pequenos grupos nómadas e pequenas aldeias e que pouco a pouco, os grupos começaram a ligar-se entre si para constituir tribos, depois federações tribais e, em algumas localidades, reinos e Impérios fortemente centralizados. Na medida em que o tempo foi passando houve a necessidade dos povos montar um aparelho administrativo, que se caracteriza-se com a HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 8 ideologia politica da sociedade em causa, sendo este conjunto de situações que vão gerar os diferentes sistemas políticos vigentes. Segundo dicionario da lingua portuguesa (1999:1186), “politica são princípios que orientam a atitude administrativa de um governo”. A organização política aparece em todas as sociedades e nelas são organizadas as relações entre os grupos que se integram e entre sociedades diferentes, partilham o mesmo valor, os padrões de comportamento e os objectivos comunitários numa cultura com e tem os mecanismos necessários para que a sociedade funcione e consiga os seus interesses comuns da sociedade constituem os interesses políticos. Existem sociedades se Estado. Aqui não existe uma autoridade central que exerce autoridade sobre a sociedade. (MARTINEZ, 1999: 124) Sendo assim os sistemas políticos seriam os tipos de administração que cada território possui tendo em conta as suas convecções políticas. Desta feita no que tange aos sistemas políticos é preciso referenciar que estes vão variar de sociedade por sociedade onde o sistema politico não centralizado como o próprio nome já diz será a discetralização do poder a nível central. Na governação existem também organizações não directamente políticas, mas de alguma maneira tem responsabilidade no exercício do poder, na governação da sociedade. Estas organizações exercem papéis importantes e podem determinar uma certa solução das questões políticas. Este tipo de organizações existem tanto nas sociedades de pequena escala como nas sociedades de grande escala, tanto nos tempos antigos como na actualidade. (Idem, 127) Entre os contributos mais significativos da Antropologia no domínio da ciência política, cite-se o conhecimento das sociedades sem Estado, também chamadas acéfalas, ou não centralizadas, ouainda anarquias ordenadas. Em África, sobretudo nas sociedades sem Estados, os sistemas mais característicos pré-industriais foram: a) O bando ou horda – ordenamento político próprio dos caçadores e recolectores (Namíbia e algumas regiões do Congo) com campos de acção bem determinado com fronteiras conhecidas por interessados. Todos os membros têm o direito de exprimir a sua opinião nos conselhos e nas assembleias comuns. Mas há personalidades com grau de chefe que toma a última decisão, nomeadamente sobre a mudança do território. A sua autoridade vem da eficácia das suas acções. b) Outros sistemas políticos são os de linhagem fundados na organização do parentesco1. O exemplo encontra-se em 1 PARENTESCO é o “ vínculo que une duas pessoas, em consequência de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um mesmo progenitor. O seu sistema está intimamente ligado às relações económicas, religiosas e políticas. O termo parentesco pode significar HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 9 muitos países africanos se não todos. O território também é limitado e coincide com a etnia ou tribo. c) Sistemas das classes etárias. (BERNARDI, 1989:102). 1.2. Evolução dos sistemas não centralizados para os sistemas centralizados O homem é por natureza um ser gregário. Desde os primórdios da história que se anexou ao seu semelhante para a satisfação de interesses comuns. Estabeleceu por diversos vínculos sociais, através da convivência com os homens, primeiro, os vínculos de parentesco e de residência, depois, vínculos de afinidade religiosa, de profissão e política. Estes vínculos sociais deram origem a diversas formas de sociedades: a família, a comunidade de residência (aldeia, vila, cidade), a igreja, as associações profissionais, a sociedade política ou o Estado. (Fernandes, 1995:75). Estas formas aparecem em diferentes graus da vida social. O parentesco, a vizinhança, resultam de elementos de sociabilidade. São, por isso, consideradas sociedades primárias2 pois integram grupos restritos de fins determinados e tendências exclusivistas. As regras disciplinares que nelas se formam aplicam-se exclusivamente aos seus membros, e poder social que suporta e mantêm essas regras é um poder particularista, preocupado apenas com os interesses restritos que o grupo prossegue. Todavia, os interesses de uma família, de uma comunidade de resistência e de uma associação profissional opunham-se aos interesses de outras sociedades do mesmo género e, muitas vezes, tornaram-se rivais, sendo fontes de conflitos de interesses permanentes. A necessidade de superar os conflitos de interesses levou os homens a conceberem sociedades mais complexas, que englobam as sociedades primárias e criam entre elas possibilidades de colaboração pela subordinação obrigatória e deveres comuns e pelo reconhecimento de direitos recíprocos, garantidos por autoridades dotadas de poder coercivo. relações de sangue ou laço de afinidade ou casamento. Existem três laços de parentesco: laços de sangue ou descendência, laços de afinidade ou casamento e laço fictícios – adopção. 2 Nas sociedades simples ou de pequenas escalas a organização política é feita com base em idade social, sabedoria, experiência em que os velhos merecem maior respeito, por estarem mais próximos de Deus e dos antepassados. A passagem de uma idade para outra faz-se submetendo a um ritual cultural. Todo o sistema está intimamente ligado as relações económicas, religiosas e políticas. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 10 A esta sociedade complexa, que permite a convivência social e política entre os membros de muitas sociedades primárias e coloca o interesse geral acima dos interesses particulares ou restritos dos grupos sociais primários, chama-se sociedade política ou Estado. (Fernandes, 1995: 75). 1.3. Sistemas Políticos Pré-industriais centralizados A questão de saber quando, porquê e como apareceu o sistema centralizado enquanto instituição política levanta ainda uma certa controvérsia. As diferentes posições teóricas e ideológicas relativas à origem e formação dos sistemas centralizados, embora bem fundamentadas, não oferecem uma base explicativa segura, na medida em que são mais contraditórias do que complementares. A discussão que ao longo do tempo se tem travado sobre a origem dos sistemas centralizados, permitiu distinguir dois processos da sua formação: um exógeno à sociedade, o outro endógeno. O processo exógeno assenta nos fenómenos de conquista de uma sociedade por outra e na instauração de uma dominação estável das populações conquistadas. O processo endógeno concerne à instituição progressiva de formas de dominação de uma parte da sociedade pelo resto dos seus membros. (Fernandes, 1995:75). Contudo, nem o processo exógeno, nem o endógeno é interpretado de uma forma linear para justificar o aparecimento de sociedades centralizadas. A anarquia primitiva não deu subitamente ao aparecimento ao aparecimento do sistema centralizado que reivindica uma soberania absoluta sobre o seu próprio território e exerce numerosas funções destinadas a realizar os interesses comuns da colectividade. Os trabalhos realizados durante a primeira metade do século XX no domínio da Antropologia política permitiram estudar cientificamente as condições históricas, ou antes, pré-históricas, que presidiram à formação do sistema centralizado, e nos quais os sociólogos e politicólogos baseiam as suas teses sobre a origem do sistema centralizado. A presença de dois ou mais partidos dá lugar a tensões e a conflitos a nível de grupo transformando a actividade política numa espécie da luta e de competição com estratégias e tácticas, genericamente expressas pelos programas e pelos estatutos. Os políticos apoiam-se em dois tipos de comportamento, um público e outro privado. Não há homem político que não afirme agir com honestidade e o de bem comum. (BERNARDINI, 198:115). Contudo nas sociedades centralizadas o poder acenta-se nas massas, isto é, são sociedades em que o governo é o povo. Onde o seu sistema politico acenta-se nos partidos únicos, não havendo desta forma espaço para uma possível oposição, nestas sociedades apesar da sua bandeira constar o governo do povo é de constatar HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 11 que não existe liberdade de expressão, o povo apenas compre segamente as linhas de orientação do poder central. 1.4. Alguns Conceitos Políticos 1.4.1. O Estado e a Nação As teorias filosóficas sobre a origem do Estado consideram que ele nasceu da ampliação familiar (teoria da origem familiar); que o estado surgiu do contrato convencional entre os membros da sociedade humana (teoria da origem contratual); que o estado nasceu da violência e da força dos mais fortes na luta pela vida, a sobrevivência dos mais aptos (teoria da origem violenta) e que o estado como conjunto de três elementos que o compõem: território, população e governo – é uma necessidade útil que se forma naturalmente (origem natural do Estado). Por outro lado há teorias históricas da origem do Estado que em geral consideram importantes e determinantes as condições e circunstâncias que lhes rodeiam o nascimento, resumindo-se em três: modos originários em que a formação é nova sem derivar de um estado preexistente; modos secundários, quando vários estados se unem para formar um novo ou quando se dividem para formar novos e modos derivados quando a formação se produz por influências exteriores. (AZAMBUJA, 2005:101). Quando uma comunidade humana é caracterizada pela posse exclusiva de um território, pela intensidade dos vínculos de solidariedade, de facto e de direito, que unem os seus membros e pela existência no seu seiode uma diferenciação entre governantes e governados, pode dizer-se que estão reunidas as condições essenciais que permitem afirmar a existência de um estado. Todavia existem numerosas definições, algumas das quais se prestam a grandes equívocos. Para alguns autores, o Estado é o conjunto dos órgãos que, numa sociedade, aparecem a exercer o poder político. Mas esse conceito confunde o governo com o próprio Estado. Referir que nem sempre que se adquire o poder governamental se adquire o poder do Estado. Segundo o dicionário de língua portuguesa (1999:789), “governo é o poder executivo ou o conjunto de indivíduos que administram superiormente um estado”. O Estado é uma instituição social equipada e destinada a manter a organização política de um povo, interna e externamente. Garante, contra os perigos internos e externos, a sua própria segurança, bem como a dos seus súbditos. Segundo os marxistas, o Estado é uma instituição comunitária onde existe uma diferenciação entre os fortes e fracos (exploradores e explorados) de modo que os primeiros mandam e os outros obedecem. O estado destina-se deste modo a preservar a exploração dos ricos pelos pobres. (Fernandes, 1995:71). HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 12 De acordo com com as citações supracitadas existe uma relação de interdependência entre o governo e o estado na medida em que a existência de um pressupõe a existência do outro. Nação O conceito de nação aplica-se em princípio, ao menos a três categorias de grupos humanos; em primeiro lugar, ele pode aplicar-se a uma comunidade estável e historicamente evoluída de pessoas tendo em comum um território, uma vida económica, uma cultura que os distingue e uma língua. Em segundo lugar ele pode designar as pessoas, habitantes de um território unificado sob a autoridade de um governo único, um pais e ainda um estado. Em terceiro lugar pode ser um povo ou uma tribo. GURALNIR (2010:946), citada pela História Geral de África, Volume VIII É uma forma de sociedade caracterizada por um passado comum, um desejo de viver em comum e aquelas aspirações comuns. Não é apenas o presente mas também as gerações passadas e vindouras, uma corrente ininterrupta que une os destinos cumpridos aos destinos a cumprir. FERNANDES (1995:84). O processo decorre porque a entrada de um sistema político elimina certas exigências e deixa penetrar outras. O numero e a diversidade dos membros da sociedade global que desempenham o papel de filtragem varia segundo os sistemas. A resistência dos sistemas políticos em não permitir que todas as exigências que não foram afastadas pela filtragem inicial prossigam até ao órgão de decisão reduz as exigências põe meio de três operações: selecção, classificação, e combinação sintética. FERNANDES (1995:171) De acordo com os conceitos acima apresentados, conclui-se que a nação caracteriza-se pela existência de uma sociedade que comungam a mesma cultura dentro de um espaço geográfico delimitado, isto é, a existência de nação pressupõe existência de fronteiras. A diferença que pode-se estabelecer entre o estado e a nação é seguinte enquanto que a crise da nação consiste na queda de uma identidade coletiva insuficiente. A crise do Estado diz respeito a instabilidade da autoridade. Sumário São muitas e variadas formas de Estado que encontramos em África nas diversas épocas pre-coloniais. Antes da presença europeia. Estados eram as sociedades em que se podia fazer uma clara distinção de funções e em havia uma autoridade centralizada. De onde a presença de chefes HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 13 traduzidos em reis. Imperadores. Soberanos. Califas e outros que exerciam autoridade política mesmo ao nível de linhagens ou clãs eram indispensáveis. Com sistemas administrativos e instituições que aplicavam uma justiça consuetudinária formalizada. Exercícios 1. Leia a unidade e GENTILI.1998. 8-22 e resumo as paginas lidas 2. O que significa para si Instituições politica? Dê dois exemplos concretos. 3. Será que a política em África é um fenómeno trazido pela colonialização? Justifique a sua resposta. 4. Diferencie sistema centralizado e não centralizado do poder 5. Define os seguintes conceitos: Etnia, Tribo, Nação, poder, Autoridade, Estado, governo. Entregar 1 Auto-avaliação São muitas e variadas formas de Estado que encontramos em África nas diversas épocas pre-coloniais. Antes da presença europeia. Estados eram as sociedades em que se podia fazer uma clara distinção de funções e em havia uma autoridade centralizada. De onde a presença de chefes traduzidos em reis. Imperadores. Soberanos. Califas e outros que exerciam autoridade política mesmo ao nível de linhagens ou clãs eram indispensáveis. Com sistemas administrativos e instituições que aplicavam uma justiça consuetudinária formalizada. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 14 Unidade II Enquadramento da tipologia do poder Introdução Muita das vezes dicute-se a questão do poder, autoridade e dominacao, nesta unidade pretende-se desenvolver essa questão, principalmente a questão das tipologias dedominacao sem perder de vista a questão do campo político e a desigualidade social. O poder não é mais do que o excesso de poderio de um homem sobre outro homem. A manipulação da dependência que mantém os homens sob o controlo de um poder político impedindo de desenvolvimento do seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas, isto é, ter possibilidade influência ou força. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Conceitualizar o poder; Diferenciar a dominaçãao e autoridade; Descrever o campo político e a desigualidade social. Conhecer os diferentes tipos de dominacao; Diferenciar a dominacao tradicional, carismática, legal, Racional ou burocrática. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 15 2.1. O Poder Desde os tempos remotos existe grandes discuções acerca do poder tendo como exemplo de a questão levantada por Xenofonte não é tanto a de autoridade em si como a do chefe, pois que o poder é o modo dos mais capazes. Nem todo aquele que governa é necessariamente um chefe. “Os chefes” diz ele - “não são o que usam ceptro, nem os que foram escolhidos pela multidão, nem os que são designados a sorte, nem os que se apoderaram poder por meio de violência ou astúcia. Os chefes são os que sabem mandar”. Por conseguinte, é chefe, seja qual for a sua situação de direito, aquele que possui superioridade. Nas democracias o poder é a vontade da maioria para realizar o bem público. Nas democracias clássicas essa vontade é a que os governantes, escolhidos pelo povo, realizam, de acordo com a constituição o que eles próprios entendem por bem público. Nas democracias contemporâneas é a de que os governantes, eleitos pelo povo, realizam o que o próprio povo entende ser o bem público e, finalmente, nas monocracias ou ditaduras é a vontade dos governantes, sem a obtenção de qualquer constituição ou lei elaborada pelo povo através dos seus representantes. O poder ser difuso e instituído. Por poder difuso se entende que nas sociedades há sempre uma pressão externa sobre o indivíduo, e que se manifesta sob vários aspectos, desde a força material até a persuasão psicológica. Esta pressão, nas chamadas comunidades primitivas é que constitui poder e, em geral, não há nenhum órgão especializado para exerce- la. É a tradição. O poder é uma força a serviço de uma ideia. É uma nascida da vontade social, destinada a conduzir o povo na obtenção do bem comum, e capaz, sendo necessário, de impor aos indivíduos atitude que ela determinar. (AZAMBUJA, 2005:47/8). O poder é”um fenómeno, relação desigual relativamente estabelecida em que termo na relação mais elevada comanda. Nele, o significadode força esta desviada a fim de incluir na definição formas muito diferentes de poder. É a capacidade de um ser (individuo, instituição) produzir um efeito. É muitas vezes proporcional á força empregue, a uma quantidade de energia. (COLAS, 1978:104) O indivíduo quase não existe e é uma simples célula do tecido social: seus pensamentos, seus sentimentos, suas crenças, seu conhecimento, não são dele mas da sociedade que o observam inteiramente. O poder é fundado nos costumes e na tradição. Os homens adultos são um grupo dominante pois se carregam dos alimentos e da defesa contra os inimigos, deixando de lado as crianças, as mulheres e os velhos inválidos. (AZAMBUJA, 2005:52/8). HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 16 De acordo com as citações acima mencionadas o poder não é mais do que o excesso de poderio de um homem sobre outro homem. A manipulação da dependência que mantém os homens sob o controlo de um poder político impedindo de desenvolvimento do seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas, isto é, ter possibilidade influência ou força. 2.2. A Dominação e Autoridade Os conceitos de dominação e autoridade estão intimamntes ligados ao poder. A dominação produz e alimenta-se numa submissão imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados. O mundo social imprime ao corpo um programa que funciona como a natureza com violência imperiosa e cega do instinto. O princípio de dominação é o que a lei arbitrária funciona como uma natureza, por adição das relações sociais de dominação, manifestando-se nos hábitos, conduta incorporada e naturalizada. O inconsciente dos dominados está estruturado em conformidade com as relações de dominação. Como resultado, o corpo biológico socialmente talhado transforma- se em corpo politizado o que implica que a experiência da sexualidade possa ser ela própria orientada politicamente. Onde segundo o dicionário de língua portuguesa (1999:545), “dominação é a soberania que um determinado individuo possui”. Segundo o dicionário de língua portuguesa (1999:185), “autoridade é o poder legal, isto é, autoridade é o poder reconhecido”. Pierre Bourdieu acentua a legitimação da dominação no seio das sociedades divididas em classes. A dominação é eficaz e dissimula, porque uma vez conseguida para no silêncio. A legitimação produz obediência onde as ordens não foram editadas e onde não provocam protesto. As relações de ordem interpretam as desigualdades sociais e os mecanismo de dominação nunca resultam tão bem como quando opera sem que os dominantes e os dominados tenham que se comportar de modo que faça aparecer a relação de dominação. Esta define menos estrutura de obediência. (COLAS, 1978:137). Deta feita é de constatar que existe uma relação bastante complexa entre os conceitos de poder, dominação e autoridade. Na medida em que o poder é a influência ou força que um individo possui a dominação será a soberania e autoriadade será o reconhecimento desta soberania tanto como deste poder. 2.3. O Campo Político e a Desigualdade Social Segundo COLAS (1978;144), “Um campo é um espaço caracterizado por um tipo de jogo que funciona como um mercado HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 17 onde os indivíduos e ou grupos estão em competição e cada um de entre eles produz efeitos específicos de desconhecimento”. Desta feita é de referenciar que o campo politico é composto por todas camadas da sociedade porque directa ou indirectamente elas influência para aquelas que seram as decisões politicas, visto que estas decisões em muitos dos casos tem haver com a própria população. Segundo Weber, a qualidade de dominante é menos a do senhor cuja ordem tem uma oportunidade de ser obedecida, do que a posse de uma posição social mais elevada. O sistema de posições que os indivíduos tomam em face da política constitui campo político. Existe, um problema de energia social, da sua natural e da sua distribuição. Os quadros do sector público têm um capital equivalente ao dos artesãos mas a composição desse capital é diferente porque eles têm um património menos elevado mas um nível de diplomas mais elevado. Os professores primários têm um nível de rendimento que se situa nas mesmas zonas que o do operário, mas dispõem de um capital cultural mais elevado. Assim, é preciso compreender os grupos uns a partir dos outros, em função da sua distribuição. A dominação não é apenas política, mas se estende a outras esferas da vida social. Entre as sociedades ou mesmo dentro de uma existe a ideia de desigualdade social. São vítimas dessas desigualdades os pobres, as mulheres, colonizados, etnias estigmatizadas. Há um mal que precipita a humanidade no desejo de dominar. A origem da violência está no Homem social. O dominado não pode deixar de concordar com o dominante quando só dispõe de instrumentos de conhecimento que tem em comum entre ambos e que não são mais do que a forma incorporada de dominação. (Ibidem, p. 146) De acordo a citação supracitada é de referir que a dominação em muitos casos é que origina a disigualdade social visto que os indivíduos que tem domínio geralmente encontran-se nas classes dominantes, gerando assim a disigualdade social. 2.4. Tipos de Dominação O Estado só existe se os dominados se submetem à autoridade reivindicada pelos dominadores. Para Weber há três tipos de dominação que correspondem a legitimidade: tradicional, carismática e burocrática. (COLAS, 1978:110). 2.4.1. Dominação Tradicional Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas. O domínio patriarcal do pai da família, do chefe do clã e o despotismo real representam apenas o tipo mais puro de HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 18 dominação tradicional. A dominação tradicional repousa na crença quotidiana na santidade das tradições válidas desde sempre e na crença na legitimidade daqueles que são chamados e exercer a autoridade pelos seus meios. (COLAS, 1978:111). O poder tradicional pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador. Toda mudança social implica rompimento mais ou menos violento das tradições. A legitimação do poder na dominação tradicional provém da crença no passado eterno, na justiça e na maneira tradicional de agir. O líder tradicional é o senhor que comanda em virtude do seu Status de herdeiro ou sucessor. Suas ordens são pessoais e arbitrárias, seus limites são fixados pelos costumes e hábitos e os seus súbitos obedecem-no o respeito ao seu status tradicional. 2.4.2. Dominação Carismática É quando os subordinados aceitam as ordens do superior como justificadas por causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam. Carisma é um termo usado anteriormente com sentido religioso significando o dom gratuito de Deus, Weber e outros usaram termo com o sentido de uma qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa. É aplicável a líderes políticos como Gandhi, Stalin, Kennedy e mais, capitão da indústra. Contudo, o poder carismático é um poder sem base racional, é instável e facilmente adquire características revolucionárias. Não pode ser delegado nem recebido em herança, como o tradicional. Tudo repousa na submissão extraordinária, na virtude heróica ou exemplar de uma pessoa ou em ordens reveladas ou emitidas por ela. (COLAS, 1978:113). A legitimação de dominação carismática provém das características pessoais carismáticas do líder e da devolução e arrebatamento que impõe os seguidores. 2.4.3. Dominação Legal, Racional ou Burocrática Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É o tipo de dominação técnica, meritocrática e administrada. Baseia- se na promulgação. A dominaçãoracional repousa na crença na legalidade das regras decretadas e no direito que aqueles que são chamados a exercer a dominação através desses meios têm de dar directivas. A figura típica disso é o funcionamento, um agente que obedece a uma regra porque ela é uma legal e que procura faze-la aplicar. (Ibidem, p. 123) HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 19 A ideia básica fundamenta-se no facto de que as leis podem ser promulgadas e regulamentadas livremente por procedimentos formais e correctos. O conjunto governante é eleito e exerce o comando de autoridade sobre seus comandos, seguindo certas normas e leis. A legitimidade do poder racional e legal se baseia em normas legais racionalmente definidas. Na dominação legal, a crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação. O povo obedece às leis porque acredita que elas são decretadas por um procedimento escolhido pelos governados e pelos governantes. A constituição ou os estatutos de um partido político são regras, mesmo que não tenham o mesmo valor jurídico nem a mesma função que as da administração pública. Enquanto que a repartição é a instituição chefe da dominação legal que se pode chamar de burocrática. A burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das grandes empresas e existe na moderna estrutura do estado, nas organizações não estatais e nas grandes empresas. Sumário o poder não é mais do que o excesso de poderio de um homem sobre outro homem. A manipulação da dependência que mantém os homens sob o controlo de um poder político impedindo de desenvolvimento do seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas, isto é, ter possibilidade influência ou força. Os conceitos de dominação e autoridade estão intimamntes ligados ao poder. A dominação produz e alimenta-se numa submissão imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados Existem 4 tipos de dominacao que são: dominacao tradicional carismática, legal, racional ou burocratica Exercícios 1. Leia a unidade e resuma em poucas palavras as páginas lidas. 2. Que relacao existe entre poder, autoridade e dominacao? 3. Qual a diferença entre a dominacao tradicional e carismatica HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 20 Auto-avaliação fazer em tres paginas um brecve resumo da unidade em estudo Entregar os exercicios 2 e 3 HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 21 Unidade III Tipologias de Estados antigos em Moçambique Introdução A historia de estado em moçambique tem-se divido em estados pré- coloniais, estsdo colonial e estado pos colonial. Importa nesta unidade estudar as tipologias de estados existentes na era pré-colonial os tidos como estados antigos. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Descrever os Estados descentralizados em Moçambique; Caracterizar os grupos étnicos. 3.1. Estado descentralizado É portanto, necessário reflectir sobre as representações de populações que foram constantemente marcadas pela diversidade racial e, no aspecto da sua organização política, definidas como etnias tribais e nas quais a forma nação foi considerado como não sendo uma construção endógena mas sim uma imitação de formas e ideologias importadas do exterior através de imposições de formas de estado coloniais. Na divulgação sobre Moçambique, tanto pré- colonial, como colonial ou contemporâneo, a questão étnica nos sistemas de estados é parte essencial das análises das sociedades. A partir do século XIX e paralelamente ao desenvolvimento da nova fase de conquista colonial em Moçambique, os termos etnia e tribo, usados para definir e classificar os povos que, conforme se afirma, não tinham elaborado formas de civilização política avançadas. No sul de Moçambique, a identidade étnica primária passou a ser a do grupo político a que pertenciam os moçambicanos: se não se HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 22 pode falar de nação zulu, pode-se certamente sublinhar que o sucesso das guerras de conquista do clã zulu que culminou com a criação de Estado de Gaza nos anos vinte do século XIX, desencadeou um processo de absorção de diferentes entidades sociais e políticas na identidade moçambicana, numa época identificável e que continua a ser importante. São várias as formas de Estado que encontramos no espaço que hoje constitui Moçambique. Nem todas as tribos identificadas genericamente como tal por viajantes, missionários ou, mais tarde, administrador colonial, são traduzíveis em Estados pois, em muitos caso, não eram dotados de sistemas centralizados e o poder permanecia segmentário dos sistemas de descendência de cada um dos sistemas que as compunha. Grande parte da história de regiões moçambicanas, é a história da formação dissolução de estados e principados, mesmo sendo notável o número e a extensão das populações, às vezes com uma importância económica e demográfica de realce, que atravessaram séculos, sem que tenham tido organizações de Estado ou sido incorporadas em estruturas baseadas no pagamento do tributo. Assim, no norte de Moçambique, encontramos diversos estados que por convenção europeia se dizem “sem estado” ou acéfalas, descentralizadas, em que o poder e autoridade são geridos por sistemas de descendência ou de alianças territoriais. (GENTILI, 1998:10) Para muitas formações em que o poder se encontrava prevalescentemente nas mãos de um soberano seja por herança, chefe de um aparelho de governo e administrativo articulado e importante, cuja autoridade podia ser exercida sobre sociedade de dimensões muito diferentes que tinham desde poucas e muitos milhares de indivíduos, podemos distinguir algumas vastas regiões de difusão cultural. No seio de cada zona cultural, as instituições políticas apresentam elementos de um padrão comum, nos rituais de realeza, nos sistemas dos títulos nobiliárquicos e religiosos. Existia a constituição e consolidação de um núcleo central do qual parte a expansão ou a conquista sobre populações, principados ou estados vizinhos, com uma adaptação das formas de governo e mesmo das expressões, culturais homogéneas às populações que eram submetidas. 3.2. Grupos étnicos Moçambicanos As unidades e atribuições étnicas que conhecemos hoje são resultados de um longo processo de transformações e assimilações que foram se observando desde os primeiros Bantu que emigram no nosso território. Bem antes do século XIX, o vale do Zambeze e as regiões vizinhas conheceram uma grande revolução política. Por ondas sucessivas, grupos de imigrados Shona e Lunda tinham estabelecido sua HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 23 preeminência sobre a maior parte do território, anteriormente ocupado por sociedades rurais de dimensões relativamente reduzidas. Enquanto, em zonas periféricas, os Tonga, no Sul de Moçambique, ou os Tumbuka e os Tonga ribeirinhos do Lago Niassa (actual Lago Malaui) tinham conseguido manter sua autonomia, a maioria das sociedades autóctones haviam caído sob a influência dos Estados Shona ou Lunda. É provável que a formação dos primeiros Estados tenha se iniciado na região situada no Sul do Zambeze. No início do século XVI, os imigrados de línguas Shona vindos do atual Zimbábue impuseram sua dominação sobre a regiao que se estendia rumo ao Sul, das margens do Zambeze até o Rio Sabi. A frente deste poderoso reino encontrava-se o Mwene Mutapa (Monomotapa); dele o Império dos Shona extraiu o seu nome. Ainda que as guerras civis que se seguiram tenham reduzido o poder do Mwene Mutapa e oferecido a vários chefes provinciais a possibilidade de fazer secessao e de criar reinos autónomos, a hegemonia Shona se manteve em toda a região. Os mais potentes desses Estados Shona independentes – Bárue, Manica, Uteve e Changamire. Continuaram a dominar efectivamente a parte meridional do Moçambique Central,até o século XIX. No interior dessa zona, a única incursao estrangeira se produziu na margem sul do Zambeze, onde os portugueses, bem como colonos e mercadores de Goa, estabeleceram os prazos da coroa (domínios garantidos para a coroa) que foram nominalmente ligados ao império colonial de Lisboa. A expansao dos povos do Catanga, parentes dos lunda, começou um pouco mais tarde e, nos primeiros decenios do século XIX, ainda nao se tinha findado. Dois séculos mais cedo, os lozi, primeiros emigrados lunda, tinham se estabelecido nas férteis planícies de inundaçao do Zambeze. Depois deles, logo se instalaram colonos que criaram os reinos de Kalonga e de Undi, situados no atual Malaui e, a Oeste, os ancestrais dos Estados Fala, Senga e Bemba. Por volta de 1740, os últimos dos principais imigrantes lunda, os mwata kazembe, fixaram-se na regiao do Luapula. Durante o resto do século, os lunda consolidaram sua autoridade sobre os territórios adquiridos e estenderam suas fronteiras, graças as suas atividades diplomáticas e militares. Aproximadamente em 1800, alguns Estados ligados aos lunda, como Undi, Kalonga e Lozi, tinham atingido o apogeu, ao passo que outros, como o Bemba, ainda se encontravam em curso de expansão. Com algumas pequenas diferenças, a estrutura dos Estados shona e lunda estava fundada em princípios similares. No cume, encontrava-se um rei, tido como possuidor de qualidades sagradas, sejam inerentes a realeza, sejam adquiridas pelos ritos de investidura. AJAYI (1880:211) A estreita relação mantida pelo soberano com o sobrenatural, santificada pelos sacerdotes do culto e pelos médiuns, assegurava a saúde e o bem-estar dos seus súditos, bem como a fertilidade da terra. A inter-relaçao entre a instituiçao real e a fertilidade HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 24 reforçava a posiçao do soberano como proprietário simbólico e guardiao espiritual da terra. Portanto, o direito de distribuir a terra cabia somente a ele, direito que constituía o fundamento da autoridade exercida pelo rei sobre seus vassalos e seus outros súditos, sustentando, assim, um ciclo de trocas recíprocas. Para cumprir as obrigaçoes para com o rei, resultantes da dívida contraída por eles ao utilizarem sua terra, e para poder aproveitar de suas qualidades reais, os súditos deviam fornecer certos impostos, bem como serviços e tributos fixados anteriormente, os quais variavam de um reino ao outro. Ademais, nos dois reinos, a maior presa de um elefante morto ia sistematicamente para o monarca, na qualidade de proprietário da terra. Em algumas sociedades, como as de Manica, dos lunda de Kazembe e de Undi, ao monarca se reservava também, em princípio, o monopólio do comércio, ao passo que, no reino de Changamire, em última instância, ele era o proprietário de quase todo o gado5. Estes tributos e diversas ordenaçoes alicerçavam o poder e a riqueza do monarca, que redistribuía uma parte dessa última com seus principais tenentes, a fim de garantir a lealdade deles. Nesse sentido, os Estados pré-coloniais da África Central organizavam a circulaçao dos magros recursos existentes, os quais passavam das classes dominadas a classe dominante. Apesar destes rituais e destas instituições unificadoras, um certo número de factores opôs-se ao desenvolvimento de reinos muito centralizados. Dentre os principais factores de instabilidade figuraram as crises de sucessao crônicas na capital real; a repugnância dos dignitários distanciados da capital para subordinar seus interesses económicos e políticos aos da autoridade central; as revoltas contra chefes opressores que violavam “o reinado da lei”; a falta de homogeneidade étnica e cultural e a ausência de um exército permanente para controlar as vastas extensões do reino. Tal situaçao caracterizou-se por conflitos e sucessões de carácter ao mesmo tempo irregular e crónico. Assim, os Estados Shona de Bárue, Manica, Uteve e Changamire apenas afirmaram sua independencia frente ao Mwene Mutapa para experimentar os mesmos problemas em seus próprios territórios. Sumário As unidades e atribuições étnicas que conhecemos hoje são resultados de um longo processo de transformações e assimilações que foram se observando desde os primeiros Bantu que emigram no nosso território. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 25 Os rituais eram o factores de coesão social e politica nestas unidades politicas. Apesar destes rituais e destas instituições unificadoras, um certo número de factores opôs-se ao desenvolvimento de reinos muito centralizados. Dentre os principais factores de instabilidade figuraram as crises de sucessao crônicas na capital real; a repugnância dos dignitários distanciados da capital para subordinar seus interesses económicos e políticos aos da autoridade central; as revoltas contra chefes opressores que violavam “o reinado da lei”; a falta de homogeneidade étnica e cultural e a ausência de um exército permanente para controlar as vastas extensões do reino. Tal situaçao caracterizou-se por conflitos e sucessões de carácter ao mesmo tempo irregular e crónico. Assim, os Estados Shona de Bárue, Manica, Uteve e Changamire apenas afirmaram sua independencia frente ao Mwene Mutapa para experimentar os mesmos problemas em seus próprios territórios Exercícios 1. Caracterize os estados antigos em Moçambique? 2. Identifique os grupos étnicos existentes em Moçambique? Auto-avaliação Fazer um resumo de duas paginas sobre a unidade em estudo HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 26 Unidade IV A Partilha de Africa Introdução No final do terceiro quartel do século XIX. As potências francesas. Inglesa, portuguesa e Alemanha exerciam considerável influência, bem como detinham os interesses comerciais em diferentes regiões de África, mas o seu controle político era muito reduzido. A Alemanha e sobretudo o Reino unido exerciam sua influência como queriam, sem necessariamente ter que anexar formalmente o território, podendo extrair as mesma vantagens num controle indirecto Nessa altura as potências europeias não pretendiam anexar os seus territórios de influência formalmente, o que não significaria dizer que não exerciam o domínio. Essa conduta porém, começa a mudar depois de três acontecimentos importantes verificarem-se entre 1876 e 1880. Nesta unidade pretende-se que o estudante esteja em condições de compreender a partilha de África como uma componente política que desenhou os actuais estados africanos. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Descrever o processo de partilha de África; Mencionar as potências europeias que estiveram na corrida para África; Explicar as motivações políticas que estiveram na base da partilha de África. 4.1. A Conferência de Congo-Berlim Antecedentes Antes frisar que são apresentados várias versões sobre à periodização do colonialismo. Alguns autores propuseram 1870 como data do iniciou do colonialismo em África enquanto outros propõem a década de 1880, pela intensificação das viagens de exploração como veremos. O colonialismo trouxe uma nova HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 27 relação na qual os africanos viam as suas terras apropriadas a favor de estranhos europeus. A dominação levaria perto de um século, ate a derrocada do colonialismo, nas décadas de 1960 e 1970. BOAHEN (1985:39-40). Três são os períodos proposto do colonialismo em África a saber: 1880 – 1919 (conquista e ocupação) em que os africanos defendiam a soberania e independência pela estratégia de confronto, aliança ou submissão temporária; 1919 – 1935 (período de adaptação) em que os africanos protestavam e resistiam; 1935 em diante, período de movimentos de independência (idem:40). Assim no decorrer do período de 1880-1914 assistiu-se em África, umcontinente com cerca de 30 milhões da km² se viu retalhada, subjugada efectivamente ocupada pelas nações industrializadas da Europa. O que é mais interessante neste assunto é a facilidade e rapidez com que as nações europeias uma Vaz unidas, conquistaram e submeteram um continente. Para explicar o facto, os europeus formularam teorias e posturas resumidas em: Teorias económicas; Teorias psicológicas; Teorias diplomáticas; Teorias da dimensão africana. (Idem:43) Teorias económicas – defende que a África foi ocupada por razoes económicas, pois, devia servir de alimento industrial da Europa em desenvolvimento uma vez que existia o impulso profundo que conduz todos os capitalistas a uma política de pilhagem, a qual leva o capitalismo europeu e o americano a instalarem-se no mundo inteiro. As teorias psicológicas – estas teorias comummente se classificam como darwinismo social, cristianismo Evangélico e Atavismo social, porque seus adeptos acreditam na supremacia da raça branca. Darwinismo social os darwinismos iam justificar a conquista dos que eles chamam de raças sujeitas ou raças não evoluídas, pela raça superior, invocando o processo inelutável da selecção natural em que, na luta pela existência, o forte domina o fraco. Pregando que a forca prima sobre o direito, eles achavam que a partilha de África punha em relevo esse processo natural e inevitável. Cristianismo evangélico as conotações raciais do cristianismo evangélico, eram moderados, todavia, por uma boa dose de zelo humanitário e filantrópico sentimento muito dissimulado entre os estadistas europeus durante a conquista de África e que, em certas regiões, dela participaram activamente esse factor, pois, so não se HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 28 sustenta como uma teoria geral do imperialismo em razão do seu carácter limitado. Atavismo social – foi Josephy Schumpeter, explicou que imperialismo seria a consequência de certos elementos psicológicos imponderáveis e não de pressão económica. Seu raciocínio funda- se no que ele considera ser um desejo natural do homem: dominar o próximo pelo prazer de dominar. O imperialismo seria um egoísmo nacional colectivo: a disposição, desprovida de objectivos, que um estado manifesta de expandir-se ilimitadamente pela forca. Novo imperialismo seria primitivismo de carácter atávico, quer dizer, manifestaria uma agressão dos instintos políticos e sociais primitivos do homem, que talvez justificassem em tempos antigos mais certamente e não no mundo moderno. 4.4.1. Teorias diplomáticas a) Prestígio nacional O autor Karlton Hayes defendia a tese que diz que o novo imperialismo era um fenómeno nacionalista reflectindo uma sede ardente de prestígio nacional. Os dirigentes europeus eram compelidos por uma forca obscura atávica que se exprima por uma reacção psicológica, um desejo ardente de restaurar o prestígio nacional. Põe exemplo, a França, com a partilha procurava uma compensação nas suas perdas na Europa (Arsalsia e Lorena) a favor da Alemanha, adquirindo ganhos no ultramar e, o Reino unido aspirava compensar o seu isolamento na Europa (por ser uma ilha) engrandecendo e exaltando o império britânico, a Rússia bloqueada nos Balcãs procurava uma compensação na Ásia, a Alemanha e a Itália recentemente unificada (1879 -1871) queriam mostrar ao mundo que tinham direito mais pequenas que não tivessem qualquer prestigio a defender podiam muito bem continuar a viver sem se lançarem na aventura imperialista. Portanto, a partilha de África não foi um fenómeno económico. b) Equilíbrio de força F.H. Hisley disse que a causa principal da partilha de África foi o desejo de paz de estabilidade dos países europeus. Segundo o autor a data mais apropriada e decisiva a era extra europeu foi o ano de 1878 porque, foi a partir dai que no congresso de Berlim a rivalidade russo – britânico no Balcãs e no império otomano havia levado a expansão europeia a um conflito generalizado pelo que os estadistas europeus souberam evitar esta crise através da sua corrida para África. HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 29 Quando os conflitos de interesse de África ameaçava a paz na Europa, as potências europeias não tiveram outra opção senão retalhar a África. Era o preço para salvaguardar o equilíbrio diplomático europeu estabilizado nos anos de 1880. c) Estratégia global Tem como precursores seguintes: Ronald Robson e Jonh Gallegher. Afirmam que a partilha de África é o fruto de movimentos atávicos proto-nacionalista de África que ameaçaram os interesses estratégicos globais das nações europeias. As lutas levadas a cabo pelos africanos teriam compelidos os estadistasd europeus, ate então satisfeitos com o exercício de uma discreta hegemonia, a partilha e conquista de África contra a vontade. Não tinham sido as riquezas materiais de África que levaram a ocupação pois ate então ela não tinha qualquer valor do ponto de vista económico mas porque ela ameaça os interesses dos europeus noutros lugares. Teoria de dimensão africana – embora notável de patition of África, assinalava com muita argúcia que a corrida dos anos de 1880 foi consequência lógica da roedura progressiva do continente, iniciada há 300 anos antes. Admitia, de passagem, os motivos económicos da partilha, mas que eles não eram francesa mostrou a importância dos factores africanos locais da partilha, tratando a África como uma unidade histórica. Keltie, afirmava que embora a causa imediata da partilha fossem as rivalidades determinante na relação de longa data entre a Europa e África. Hardy julgava que a resistência africana ã crescente influencia europeia, precipitou a conquista efectiva tal como as rivalidades comerciais cada vez mais exacerbadas das nações industrializadas levaram à partilha. No final do terceiro quartel do século XIX, as potências francesa, inglesa, portuguesa e alemã possuíam interesses comerciais em diferentes regiões de África, mas o seu controle político directo era muito reduzido. A Alemanha e, sobretudo o reino unido exerciam sua influência como queriam, e nenhum estadista em sua consciência optaria espontaneamente por incorrer em gastos e se expor aos riscos imprevistos de anexar o formal, podendo extrair as mesmas vantagens de um controle indirecto. Essa conduta começa mudar depois de três importantes acontecimentos verificados entre 1876 e 1880. O primeiro foi o novo interesse do duque de barbante, coroado rei dos belgas em 1865 (sob o nome de Leopoldo I), demonstrava pela África, o que se expressou na chamada geográfica de Bruxelas, põe HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 30 ele convocada em 1876, a qual redundou na criação de associação internacional africana e no recrutamento de Henry Morton Stanley em 1879, para explorar o Congo, cujo reconhecimento por todas nações europeias Leopoldo, obteve antes do término das deliberações da conferência de Berlim sobre a África ocidental. Causas da Conferencia de Berlim As razoes que subentendem a partilha colonial e a razão pelo qual ocorre tão rapidamente são objecto de um intenso debate historiográfico. São várias as posições que se tomam sobre o assunto, entre as quais podemos destacar os extremos que opõem historiadores europeus e africanos. Para os europeus trata-se de uma tentativa de manter uma superioridade fictícia defendida por opiniões racistas de historiadores como Hegel, para os africanos trata-se de uma tentativa de resgatar uma identidade negada ao longo dos tempos. Apontamos como causa da conferência: A disputa pela bacia do Congo. A questão de Congo teve um papel crucial na determinação das modalidades dos tempos da partilha. a expansão francesa não era perigosa só na África ocidental mas tinha-se estendido a área congolesa a partir de 1875 com missões de exploração diplomática de Pierre Savorgnan de Brazza, que tinham produzido os tratados
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