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Raízes Históricas da Psicologia Contemporânea

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INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA
Raízes Históricas da 
Psicologia Contemporânea
●Num primeiro momento, a psicologia esteve ligada diretamente à filosofia, depois buscando inspirações nas Ciências Biológicas.
●Finalmente temos a grande arrancada no sentido de tornar a psicologia uma ciência experimental com objeto próprio de estudo, mas ainda muito ligada aos modelos teóricos da física (mecânica newtoniana).
●Atualmente, existe um esforço no sentido de encontrar um modelo próprio para a psicologia como ciência do comportamento, mas os resultados positivos dessas tentativas ainda são modestos.
→ A Tradição Filosófica
● Alguns autores começam sua apresentação com filósofos gregos (Sócrates, Platão, Aristóteles), porém eles contribuíram mais para a chamada Psicologia Racional do que para a Psicologia Científica.
● Entre as muitas contribuições dos gregos para o mundo das ciências, podemos citar a crença na eficácia da razão como instrumento de aquisição de poder, com eles, pela primeira vez na história, o homem e o mundo passaram a ser objetos de investigação cientifica. E a concepção determinista do universo.
● Mas, ao mesmo tempo em que declara a possibilidade de compreensão lógica e racional do universo, nega a possibilidade do verdadeiro conhecimento através dos sentidos (empirismo).
 ↳ Francis Bacon (1561-1626)
 → Principal contribuição para a ciência moderna foi a sua reação contra o princípio de autoridade, como forma de evidência científica. Não podemos aceitar como fato cientifico a mera opinião pessoal de quem quer que seja. (magister dixit).
 → Reagiu contra a crença absoluta em sistemas lógicos que ensinavam que a observação empírica ou experimental não era necessária.
 → Bacon propõe o método indutivo como instrumento por excelência da investigação cientifica.
 → O método indutivo consiste na observação sistemática de eventos naturais e na formulação de leis gerais baseadas na observação.
 → Advogou a necessidade bem como a possibilidade de estudar-se experimentalmente a influência do hábito na determinação do comportamento humano.
 ↳ René Descartes (1596-1650)
 → Recusou-se a confiar na evidencia dos sentidos como garantia de que o mundo físico tivesse existência real inquestionável, e duvidou de todas as coisas como ponto fundamental para o conhecimento da realidade.
 → Usava da dúvida metódica na qual questiona tudo, exceto o inescapável fato de sua própria existência.
 → Descarte pertence à linha de racionalista e não à linha empirista do pensamento
 → No entanto, o pensamento cartesiano tem implicações empíricas.
 → Dualismo interacionista - Conceito dualista do homem distinguia duas substâncias autônomas e heterogêneas: res cogitans (alma ou mente) e res extensa (corpo material).
 → Para ele, alma e corpo, apesar de serem constituídos de substancias diferentes, apresentam uma misteriosa interação (corpo e alma influenciam-se mutualmente).
 → A medicina da época dizia que esse ponto de interação era o cérebro, mas Descartes rejeitou essa hipótese porque o cérebro funcionava em pares simétricos.
 → Optou pela glândula pineal (hipófise ou pituitária) como sede da alma.
 → As ciências psicológicas modernas têm do homem uma concepção unitária. Ele é um organismo e age como um todo unificado.
 → Descartes era mais racionalista do que empirista e acreditava em ideias inatas. Sabe-se hoje que, com exceção dos reflexos todo comportamento é aprendido.
↳ Gottfried W. Leibniz (1645-1716)
→ Rejeitou a teoria do dualismo cartesiano e sugeriu a hipótese de um paralelismo psicofísico, baseando-se na concepção filosófica da harmonia preestabelecida, que pode ser interpretada como finalismo ou concepção teleológica do universo;
→ Conforme esse paralelismo psicofísico, o homem é também composto de duas substâncias heterogêneas. A diferença é que essas duas substâncias independentes agem paralelamente e são completamente autônomas.;
→ Cada unidade da realidade age independentemente, mas é criada por Deus para agir em harmonia preestabelecida com as outras unidades da realidades;
→ Essas unidades parecem interagir, mas não interagem, funcionam paralela e independentemente;
→ TEORIA DAS MÔNADAS
 - Mônadas são unidades individuais de toda a substância do universo, elas existem em número infinito na natureza; 
 - São dotadas da capacidade de percepção, mas nem todas de modo consciente;
 - São eternas e formam uma escala hierárquica ascendente e contínua, mas não tem relações recíprocas;
a) Mônadas nuas (reino mineral e as plantas; representação inconsciente)
b) Mônadas sensíveis (almas dos animais inferiores; representação consciente ou de apercepção)
c) Mônadas racionais (almas humanas; enriquecidas pelo conhecimento científico e pela consciência reflexiva)
d) Mônada suprema (Deus; absolutamente perfeita e causa eficiente de todas as mônadas)
- São capazes de ação e se assemelham à percepção e à consciência, em diferentes graus;
- O consciente é muito relativo e o inconsciente tem possibilidade de tornar-se consciente;
↳ Jhon Locke (1632-1704)
→ Um dor fundadores do empirismo britânico;
→ Locke rejeitou a teoria de Descartes quanto à existência de ideias inatas;
→ Advogou que os sentidos são os únicos meios pelo qual obtemos conhecimento;
→ Toso conhecimento resulta da experiência, através dos órgãos dos sentidos;
→ Ao nascer, a mente humana é como uma tábula rasa em que se gravarão informações, na medida em que elas chegam através dos sentidos;
→ Ninguém nasce com qualquer tipo de informação ou conhecimento, a não ser reflexos básicos;
→ Nosso conhecimento do mundo exterior é comporto por vários elementos, ideias. Essas ideias são conceitos e combinam-se formando então as chamadas associações de ideias, que constituem a base de todo aprendizagem.
↳ George Berkley (1685-1753)
→ Parte de um ponte de vista radicalmente diferente;
→ Para ele, o problema é saber como a mente gera a matéria;
→ Sua teoria recebe a resignação geral da psicomonismo (negar a existência da matéria como tal e afirmação da mente como realidade imediata);
→ Berkley foi ao extremo e negou a realidade da matéria, advogando a tese do psicomonismo, segundo o qual o espírito é a única realidade.
→ A tradição das Ciências Naturais
● Sec. XIX houve muitas e importantes descobertas acerca das funções do cérebro e do sistema nervoso em geral.;
● Essas descobertas estimularam a pesquisa sobre as bases fisiológicas do comportamento humano em áreas como o pensamento, a sensação e a percepção;
↳ Johannes Muller (1801-1858)
→ Ele demonstrou, por exemplo, que o tipo de sensação que experimentados depende da natureza do material sensorial que a produz, e não da natureza do estímulo (TEORIA DA ESPECIFICIDADE DA ENERGIA NERVOSA)
→ Há uma energia nervosa específica para cada forma de senso-percepção
→ A sensação, portanto, não depende da fonte do estímulo, mas da natureza do mecanismo sensorial que codifica seu significado.
↳ Max Von Frey (1852-1932)
→ Identificou as terminações nervosas associadas com as sensações da pele;
→ Muito importante para o estudo de fenômenos sensoriais como pressão, dor, frio.
↳ Paul Broca (1824-1880)
→ Identificou a área do cérebro, chamada de área de Broca, que acreditou ser o centro de controle da fala (localizada na base da terceira circunvolução frontal do hemisfério cerebral);
→ Broca confirmou sua hipótese, tomando por base o exame post mortem de vários pacientes que, por causas mecânicas ou química, haviam sofrido danos ou traumas nesta área do cérebro;
→ Sabe-se hoje que a área Broca coordena os músculos da boca, da língua e da laringe quando falamos, e outra região ao lado do hemisfério esquerdo do cérebro (área de Wernicke) responde pela estruturação e pelo sentido da linguagem;
→ Suas descobertas não podem ser confundidas com a frenologia (pretendia determinar o tipo de personalidade de qualquer indivíduo através de curioso mapeamento de elevações e depressões de sua conformação craniana – sem base científica);
↳ Francis Galton (1822-1911)
→ Vários indivíduos começavam a revelarinteresse no estudo científico dos fundamentos biológicos do comportamento humano, Francis Galton ocupa um importante lugar nesse contexto;
→ Ele foi o primeiro cientista a estudar por métodos quantitativos as diferenças individuais (PSICOLOGIA DIFERENCIAL);
→ Por muitos séculos as diferenças individuais foram tratadas como erros ou aberrações da natureza;
→ Galton chegou a feliz conclusão de que, para estudar as diferenças individuais tão facilmente notadas, era necessário tomar medidas objetivas da capacidade humanados indivíduos;
→ Ele fundou o Instituto de Antropometria, cujo propósito era desenvolver técnicas para melhorar a avaliação das diferenças individuais;
→ Como resultado, ele contribuiu significativamente para o desenvolvimento dos testes de inteligência, o aparecimento de técnicas estatísticas aplicadas ao estudo científico do comportamento humano;
→ Tinha vívido interesse em Genética e no aperfeiçoamento genético da raça humana;
→ Acreditava na transmissão hereditária das característica psicológicas do indivíduo;
→ Chegou a conclusão de que o gene é geneticamente determinado;
→ A tese de Galton levantou o problema teórico da relação entre hereditariedade e meio ambiente, problema para o qual nenhuma solução adequada foi encontrada até o presente;
→ Como sugere Anne Anastasi, discute-se apenas o modus operandi, como um influencia e de certo modo limita e condiciona o outro;
→ Na psicologia contemporânea, parece prevalecer uma teoria interacionista, que ensina que o comportamento humano resulta do processo de interação dos dois tipos de fatores e ambos são importantes e devem ser considerados nessa análise.
→ Hoje se diz que, a rigor, não se herda nenhuma forma de comportamento, o que se herda é uma norma de reação, um potencial genótipo que se tornará fenótipo se as circunstâncias do meio favorecerem seu aparecimento.
↳ Charles Darwin (1809-1882)
→ Estabeleceu a tese da continuidade entre o homem e os outros animais;
→ Segundo a teoria da evolução das espécies, existe continuidade entre o comportamento humano e o comportamento dos animais inferiores;
→ Ele tirou o homem da sua esfera ultraterrena em que, por sua própria imaginação, e talvez por vaidade, se havia colocado como espécie sui generis, e o colocou sobre a terra como objeto de investigação científica;
→ Outra grande contribuição de Darwin é a tese de que a vida psicológica está sujeita as mesmas leis gerais da evolução das espécies;
→ Partindo do conceito geral de adaptação do organismo às demandas do meio (teoria da evolução), Drawin lançou as raízes históricas do Funcionalismo que baseia-se no princípio da necessidade de ajustamento psicológico do indivíduo.
→ A Tradição Experimental
● Como tentativa de encontrar lugar no contexto das ciências experimentais, a psicologia tem história bastante recente.
↳ Hermann von Helmholt (1821-1894)
→ Mediu experimentalmente a velocidade do impulso nervoso (cerca de 30m/s);
→ Muito relevante para a Psicologia Fisiológica, visto que uma compreensão adequada do funcionamento nervoso é fundamental para o estudo do comportamento humano;
→ Ele estimulava um ponto do nervo, perto do músculo, e em outros, um ponto distante do musculo. A diferença entre o intervalo de tempo do estímulo à contração muscular era o tempo de condução do primeiro para o segundo;
→ outra contribuição foi sua teoria sobre a percepção de tons musicais;
→ Estabeleceu uma teoria sobre a percepção das cores, que se tornou bastante fértil para as pesquisas experimentais nesse campo do conhecimento humano;
↳ Gustav Fechner (1801-1887)
→ Representando tanto a preocupação empírica como a filosófica, ele tentou estabelecer uma lei geral capaz de relacionar os fatos mentais com os eventos físicos que os produziam;
→ Principal originador da Psicofísica (ciência exata das relações funcionais de dependência entre corpo e mente, propósito de determinara relação entre característica físicas dos estímulos e as reações que eles produzem por parte do organismo)
↳ Hermann von Ebbinhaus (1850-1909)
→ Publicou um livro contendo o relato de suas pesquisas experimentais sobre a memória;
→ o autor utilizou-se de sua própria experiencia, usou-se a si mesmo como sujeito experimental;
→ Primeira tentativa de estudar quantativamente o fenômeno memória;
→ Representa o começo do estudo experimental dos altos processos mentais.

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