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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTO AGOSTINHO-UNIFSA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: OBRAS DE TERRA PROF:ENG.ESP.ANNAMARIA LOUREIRO REDES DE FLUXO • Às vezes o engenheiro se defronta com situações em que é necessário controlar o movimento de água através do solo e, evidentemente, proporcionar uma proteção contra os efeitos nocivos deste movimento. • Do ponto de vista prático, a água pode ser considerada incompressível e sem nenhuma resistência ao cisalhamento, o que lhe permite, sob a ação de altas pressões, penetrar em micro fissuras e poros, e exercer pressões elevadas que levam enormes maciços ao colapso. • Um aspecto importante em qualquer projeto em que se tenha a presença de água é a necessidade do reconhecimento do papel que os pequenos detalhes da natureza desempenham. • Assim, não basta apenas realizar verificações matemáticas, mas também recorrer a julgamentos criteriosos dessas particularidades, pois que elas nem sempre podem ser suficientemente quantificadas. Ocorrência de água subterrânea • o interior da Terra, composto de diferentes rochas, funciona como um vasto reservatório subterrâneo para a acumulação e circulação das águas que nele se infiltram. • As rochas que formam o subsolo da Terra, raras vezes, são totalmente sólidas e maciças. • Elas contêm numerosos vazios (poros e fraturas) denominados também de interstícios, que variam dentro de uma larga faixa de dimensões e formas, dando origem aos aqüíferos. • Apesar desses interstícios poderem atingir dimensões de uma caverna em algumas rochas, deve-se notar que a maioria tem dimensões muito pequenas. São geralmente, interligados, permitindo o deslocamento das águas infiltradas. • A água subterrânea é originada predominantemente da infiltração das águas das chuvas, sendo este processo de infiltração de grande importância na recarga da água no subsolo. • A recarga depende do tipo de rocha, cobertura vegetal, topografia, precipitação e da ocupação do solo. • A utilização desta água é feita através de poços caseiros e profundos, conforme a profundidade alcançada. Formação de lençol subterrâneo • Problemas relativos às águas subterrâneas são encontrados em um grande número de obras de Engenharia. • A ação e a influência dessas águas têm causado numerosos imprevistos e acidentes, sendo os casos mais comuns verificados em cortes de estradas, escavações de valas e canais, fundações para barragens, pontes, edifícios, etc. • As obras que necessitam de escavações abaixo do lençol freático, como por exemplo, a construção de edifícios, barragens, túneis, etc; pode ser executado um tipo de drenagem ou rebaixamento do lençol freático. A água existente no subsolo pode ser eliminada por vários os métodos. Fenômenos capilares • A posição do lençol freático no subsolo não é, entretanto, estável, mas bastante variável. Isso representa dizer que, em determinada região, a profundidade do lençol freático varia segundo as estações do ano. Essa variação depende do clima da região, e dessa maneira, nos períodos de estiagem, a posição do lençol freático sofre normalmente um abaixamento, ao contrário do período das cheias, quando essa posição se eleva. • A ocorrência de leitos impermeáveis (argila, por exemplo) ocasiona aprimoramento localizado de certas porções de água, formando um lençol freático ou nível d’água suspenso, que não corresponde ao nível d’água principal. • Em conseqüência da infiltração, a água precipitada sobre a superfície da terra penetra no subsolo e através da ação da gravidade sofre um movimento descendente até atingir uma zona onde os vazios, poros e fraturas se encontram totalmente preenchidos d’água. • Esta zona é chamada zona saturada ou freática. Essa zona é separada por uma linha conhecida como nível freático ou lençol freático, abaixo da qual estará o solo na condição de submersão (se em condição de água livre), e acima estará o solo saturado até uma determinada altura. • Nos solos, por capilaridade, a água se eleva por entre os interstícios de pequenas dimensões deixados pelas partículas sólidas, além do nível do lençol freático. A altura alcançada depende da natureza do solo. Fluxo de água nos solos • O estudo de fluxo de água nos solos é de vital importância para o engenheiro, pois a água ao se mover no interior de um maciço de solo exerce em suas partículas sólidas forças que influenciam o estado de tensão do maciço. • Os valores de pressão neutra e como isso os valores de tensão efetiva em cada ponto do maciço são alterados em decorrência de alterações de regime de fluxo. De uma forma geral, os conceitos de fluxo de água nos solos são aplicados nos seguintes problemas: • Estimativa da vazão de água (perda de água do reservatório da barragem), através da zona de fluxo; • Instalação de poços de bombeamento e rebaixamento do lençol freático; • Problemas de colapso e expansão em solos não saturados; • Dimensionamento de sistemas de drenagem; • Previsão de recalques diferidos no tempo (adensamento de solos moles – baixa permeabilidade); • Análise da influência do fluxo de água sobre a estabilidade geral da massa de solo (estabilidade de taludes); • Análise da possibilidade da água de infiltração produzir erosão, arraste de material sólido no interior do maciço, etc. • O estudo dos fenômenos de fluxo de água em solos se apóia em três pilares: conservação da energia (Bernoulli), permeabilidade dos solos (Lei de Darcy) e conservação da massa. • Equação de Bernoulli De acordo com a equação de Bernoulli, a energia mecânica total por unidade do peso do fluido h (também designada por carga hidráulica ou carga total). • onde: • H – carga hidráulica total (m); • p – pressão (Pa); • ϒ – peso específico da água (N/m3 ); • p/ϒ– carga piezométrica; • V – velocidade do fluxo (m/s); • g – aceleração da gravidade (9,8 m/s2 ); • V²/2g – carga cinética (m); • Z – carga altimétrica ou energia de posição (m). • simplificação da Equação de Bernoulli: • Como se afirmou anteriormente, a velocidade de percolação da água no solo é muito pequena ao ponto de ser válido admitir que a carga cinética ou carga dinâmica (V²/2g) é nula; • Do exposto resulta que a equação de Bernoulli que representa a carga hidráulica total (H) em qualquer ponto no interior do solo será: Conservação da energia • A água ocupa a maior parte ou a totalidade dos vazios do solo e quando submetidas a diferenças de potenciais, ela se desloca no seu interior. A água pode atuar sobre elementos de contenção, obras de terra, estruturas hidráulicas e pavimentos, gerando condições desfavoráveis à segurança e à performance destes elementos. • O conceito de energia total de um fluido, formulado por Bernoulli, é apresentado nas disciplinas de Fenômenos dos Transportes e Mecânica dos Fluidos. Sua equação apresenta a proposta para representar a energia total ou carga total em um ponto do fluido, expressa em termos de energia/peso. • A análise é feita recorrendo-se à representação de linhas de fluxo (percursos das partículas da água) e a respectiva perda de carga (dissipação da energia ao longo do percurso). O conjunto das linhas de fluxo recebe a designação de rede de fluxo. • Assim como a curva de nível é o lugar geométrico dos pontos que ocupam a mesma cota, união de pontos com a mesma carga hidráulica (definida pela equação de Bernoulli) recebe a designação de linha equipotencial (i.e. de igual potencial hidráulico). Rede de fluxo (fluxo bidimensional) • Se as partículas da água seguem trajetórias curvas contidas em planos paralelos o fluxo é bidimensional (ex. percolação na fundação da barragem). • A análise é feita recorrendo-se à representação de linhas de fluxo (percursos das partículas da água) e a respectiva perda de carga (dissipação da energia ao longo do percurso). O conjunto das linhas de fluxo recebe a designação de rede de fluxo • Assim como a curva de nível é o lugar geométrico dos pontos que ocupam a mesma cota, união de pontos com a mesma carga hidráulica (definida pela equaçãode Bernoulli) recebe a designação de linha equipotencial (i.e. de igual potencial hidráulico). • É um procedimento gráfico que consiste, basicamente, em traçar na região que ocorre o fluxo, dois conjuntos de curvas conhecidas como linhas de escoamento ou de fluxo, que são as trajetórias das partículas do líquido e por linhas equipotenciais ou linhas de igual carga total. • O trecho compreendido entre duas linhas de fluxo consecutivas quaisquer é denominado canal de fluxo. • A vazão em cada canal de fluxo é constante e igual para todos os canais. • As linhas de fluxo devem proporcionar canais de fluxo (i.e. faixas limitadas por linhas de fluxo) que tarnsportam a mesma vazão visto que todos possuem a mesma largura. • As linhas equipotenciais devem ser desenhadas em faixas (ou intervalos) de perda de potencial de igual valor. Propriedades básicas de uma rede de fluxo • As linhas de fluxo e as linhas equipotenciais são perpendiculares entre si, isto é, sua interseção ocorre a 90º; • A vazão em cada canal de fluxo é constante e igual para todos os canais; • As linhas de fluxo não se interceptam, pois não é possível ocorrerem duas velocidades diferentes para a mesma partícula de água em escoamento; • As linhas equipotenciais não se interceptam, pois não é possível se ter duas cargas totais para um mesmo ponto; • A perda de carga entre duas equipotenciais consecutivas quaisquer é constante. • Se a razão entre as dimensões médias das malhas de uma rede de fluxo é constante, a perda de carga entre duas equipotenciais quaisquer, desta rede, também o será. • Se a vazão entre as dimensões médias das malhas de uma rede de fluxo for constante, a vazão que ocorre nos vários canais de fluxo deta rede também será constante. Relevância para Engenharia • As redes de fluxo permitem determinar facilmente a vazão percolada • Permitem calcular a pressão da água dos poros (pressão neutra) e, logo, a tensão efetiva em cada ponto do maciço • Permitem avaliar o risco de ocorrência de acidentes resultantes de quick condition (anulação da resistência, passando o solo a comportar-se como líquido denso) • Permitem adotar medidas de prevenção contra o piping (erosão interna) e o “levantamento hidráulico”. A colocação de filtros é uma boa medida de prevenção. Exemplo • Para a cortina, com 100 m de comprimento, representada na figura ao lado, calcular: a) A quantidade de água que percola, por mês, através do maciço permeável, b) A pressão neutra no ponto A. OBRIGADA!! https://www.youtube.com/watch?v=gp-WToivDsU
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